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Livro Gama Resumo

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LEITURA INTERPRETATIVA DO LIVRO QUARTO DA METAFÍSICA
METAFÍSICA – LIVRO Г
Uma leitura interpretativa da obra de Aristóteles
1. [Definição da metafísica como ciência do ser enquanto ser]
	Aristóteles dá início ao livro gama afirmando a existência de uma ciência responsável pelo estudo do ser enquanto ser e as propriedades que desta sucedem. Essa ciência se difere de todas as outras por não estudar somente uma parte do ser, mas sim sua universalidade. Na busca pelas causas e princípios supremos, deve ser concentrada a pesquisa em uma realidade que é por si só, ou seja, proprietária de todos os elementos contidos nos seres acidentais existentes.
2. [Os significados do ser, as relações entre uno e o ser e as várias noções que entram no âmbito da ciência do ser]
	Segundo Aristóteles o Ser possui uma pluralidade de significados, porém todos eles remetem à uma referência unitária (Uno) e primordial do significado, que é o de substância, substância esta suprassensível. Cabe, dessa forma, ao filósofo estudar todos os significados do ser, dando ênfase à investigação das causas e princípios da substância.
	Como o Ser aponta para algo unitário, logo o Ser e o Uno se pressupõem mutuamente e que, dessa forma, cabe ao filósofo que investiga a filosofia primeira analisar também o Um (Uno) e as inúmeras noções derivadas de Uno e referente a ele, como por exemplo o Idêntico, o Semelhante, o Diverso, os Contrários.
	O Filósofo continua discorrendo acerca da Substância e aponta que há diferentes substâncias (Substâncias Suprassensíveis e sensíveis) e, de tal modo, há diferentes filosofias. Ele divide a filosofia em dois graus: uma Filosofia Primeira, que estuda as substâncias primeiras, imóveis (Metafísica), e uma Filosofia Segunda, que estuda as substâncias segundas, móveis (Física).
	Por fim Aristóteles disserta sobre os contrários, pois se contrapondo ao Uno existe o Múltiplo, e, como tal, cabe ao filósofo também estudar o múltiplo e as várias formas e noções relativas a ele, como por exemplo o Diverso, o Dessemelhante.
3. À ciência do ser compete também o estudo dos axiomas e em primeiro lugar do princípio de não-contradição.
A ciência do filósofo, ou filosofia primeira, deve, além de estudar o ser e o uno e todas as coisas derivadas destes, compreender os axiomas ou princípios da demonstração.
Os axiomas são válidos para todos os seres e não para algum gênero particular de ser. Portanto, quem estuda o ser enquanto o ser, estuda também os axiomas. Por isso, as ciências particulares não se preocupam em dizer algo sobre os axiomas, mas simplesmente se utilizam deles. É correto dizer que alguns filósofos (físicos) discorreram acerca dos axiomas, porém eles acreditavam serem os únicos que investigavam toda a realidade e o ser, visto que consideravam que a natureza esgotava todo o ser. Porém a natureza é um gênero do ser, logo o estudo dos axiomas competirá a quem estuda todo o ser, ou seja, o metafísico (vale ressaltar que o termo metafísico não é utilizado por Aristóteles).
Segundo Aristóteles, o primeiro dos axiomas é o principio da não-contradição, sendo este o princípio mais seguro de todos. De acordo com o filósofo, esse princípio é impossível de enganar-se, visto que “é impossível que a mesma coisa, ao mesmo tempo, pertença e não pertença a uma mesma coisa, segundo o mesmo aspecto” (ARISTÓTELES, 2002, p. 143), e “é impossível a quem quer que seja acreditar que uma mesma coisa seja e não seja” (ARISTÓTELES, 2002, p. 145). Enfim, Aristóteles aponta que este é o principio fundamental de todos os outros axiomas e ao qual todos se voltam quando demonstram alguma coisa.
4. Demonstração do princípio de não-contradição por via de refutação.
Esta seção do livro gama é o inicio da “defesa refutatória” do principio de não-contradição. Demonstrar tal princípio, segundo Aristóteles, é impossível visto que os primeiros princípios jamais podem ser demonstrados estruturalmente (pois se fosse possível demonstrar conduziria ao infinito).
Porém o filósofo expõe a possiblidade de uma “refutação” daquele que nega o princípio de não-contradição e, dessa forma, uma prova indireta do princípio (demonstração por via de refutação).
Aquele que rejeita o princípio deverá almejar não assumir que algo seja ou não seja (visto que é exatamente este o ponto que se deve alcançar), mas sim dizer algo que possua sentido para ele e para os outros. Caso o adversário não faça isso, ele não poderá falar consigo e com os outros, mas se fizer o contrário, a refutação será possível: com efeito, terá admitido algo determinado e alguma coisa como verdadeira mesmo que não tenha sido demonstrada.
5. Refutação do relativismo protagoriano enquanto negador do princípio de não contradição
Falando da doutrina de Protágoras, concorda-se que se todas as opiniões e todas as aparências sensoriais são verdadeiras, todas elas deverão, necessariamente, ser verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. Pois se as pessoas têm opiniões opostas e cada um acredita estar na verdade, parece que todas as opiniões são verdadeiras.
No entanto, não dá para discutir com todos do mesmo modo, alguns são persuadidos, outros forçados. Mas o importante é que a refutação do discurso de outrem seja fundamentada com verdadeiros raciocínios. 
Nesta perspectiva, Aristóteles, sobre o ser diz: 
o ser se diz em dois sentidos; portanto, num sentido é possível que algo derive do não-ser, enquanto noutro sentido não é possível; e também é possível que a mesma coisa seja e não seja, mas não na mesma acepção. (ARISTÓTELES, 2002, p. 165). 
Mas há também outra substância, não sujeita ao movimento e à corrupção.
Alguns filósofos afirmaram que tudo que parece é verdadeiro. Pontualmente:
Consideram que a verdade não pode ser avaliada pela maioria nem pela minoria das opiniões.
Na linha do que diz Demócrito, dizem eles que ou não existe nada de verdadeiro, ou a verdade está escondida. Pois os indivíduos tem impressões sensoriais diferentes e contrárias entre si.
Afirma estes filósofos que o que aparece aos sentidos é verdadeiro, pois a inteligência para eles é sensação. Empédocles chega a dizer que mudando o estado físico, muda-se também o pensamento. Parmênides também segue essa linha: 
Como ocorre sempre a mistura nos membros dos múltiplos movimentos, assim nos homens se dispõe a mente. De fato é sempre o mesmo o que os homens pensam a natureza dos membros, em todos, em cada um. O pleno, com efeito, é o pensamento. (ARISTÓTELES, p. 167). 
Anaxágoras chegou a afirmar que os seres são como consideram ser.
Deste modo, Aristóteles questiona se até os que mais investigaram a verdade tem opiniões como estas, como não se desanimarão o que começam a filosofar? “Buscar a verdades seria como correr atrás de um pássaro voando” (ARISTÓTELES, p. 167). Esses pensadores formaram essa opinião, segundo Aristóteles, pois buscavam a verdade sobre os seres acreditando que só as coisas sensíveis fossem seres.
Vendo que toda a realidade sensível está em movimento e que do muda não se pode dizer nada de verdadeiro, eles concluíram que não é possível dizer a verdade sobre o que muda, pelo menos que não é possível dizer a verdade sobre o que muda em todos os sentidos e de todas as maneiras. (ARISTÓTELES, p. 169).
	Aristóteles questiona tal raciocínio. Para ele o que muda conserva sempre elementos do que vai perdendo. Mesmo o que está em corrupção deverá ter uma certa realidade. A mudança segundo a quantidade e qualidade não são a mesma coisa.
	O filósofo grego mostra que existe uma realidade imóvel, e os demais filósofos devem se convencer disso. No entanto, quanto à questão da verdade, sabe-se que nem tudo o que aparece é verdadeiro. Por isso é preciso estar atento a quem tem certa autoridade em alguns assuntos. 
Quando se trata de fazer previsões, como também diz Platão, não têm absolutamente a mesma autoridade a opinião de um médio e a do ignorante, por exemplo, quando se trata de prever se alguém se curará ou se não se curará. (ARISTÓTELES, p. 171). 
Também quanto às sensaçõese aos sentidos, o seu testemunho não possui valor igual segundo esteja se referindo à um objeto que não os é próprio, ou que é próprio. Exemplo: sobre o olfato julga as narinas, não o tato.
	O problema das doutrinas citadas, segundo o filósofo, é que elas negam que possam existir a substâncias das coisas, e assim negam que exista algo necessariamente. No entanto, algo que é necessário não pode ser de um modo e também de outro. Exemplo: a sensação não é sensação de si mesma, existe algo fora da sensação e anterior a ela. O que move é anterior ao que é movido. 
	Assim, vê-se que a quinta parte do livro gama da metafísica de Aristóteles, ajuda na reflexão daquilo que é fundamental e que não muda na realidade das coisas, isto ele apresenta no contexto de uma refutação do relativismo de algumas correntes filosóficas. O filósofo discorre afirmando o princípio da não contradição. Tal reflexão anima a busca pela verdade a partir da filosofia primeira. 
6. [Continuação da refutação das doutrinas protagorianas]
	Seguimos com a critica ao relativismo protagoriano e seus seguidores, que levantam a dificuldade acerca de que exista uma razão para tudo. “Estes buscam um princípio, e pretendem que também deste princípio haja demonstração” (ARISTÓTELES, 2002, p. 175). Quanto a essa problemática, Aristóteles aponta que o erro neste pensamento consiste em buscar uma razão para aquilo que não possui, pois “um princípio de demonstração não pode ser objeto de demonstração” (ARISTÓTELES, 2002, p. 175).
	Por isso, muitos não convencidos exigem que argumentem sobre o principio, coisas que se apresentam contraditórias, apontando que muitas dificuldades que se resolvem simplesmente com base na evidência.
	O principio, enquanto tal é por si evidente, e, portanto não postula nenhuma demonstração. Portanto, fica suficientemente esclarecido que a noção mais sólida é a de que as afirmações contraditórias não podem ser verdadeiras simultaneamente e como é impossível que os contraditórios, referidos à mesma coisa, sejam verdadeiros juntos, é evidente que também os contrários não podem subsistir juntos no mesmo objeto.
7. [Demonstração do princípio do terceiro excluído por via de refutação]
Neste capítulo a reflexão é dada com enfoque na defesa do terceiro excluído. É perceptível o movimento do raciocínio de Aristóteles, que analisando e apresentando a sua defesa, faz uma estreita ligação com o princípio da não contradição.
Assim, evidencia a não possibilidade de haver um termo médio entre dois termos contraditórios. Sua análise abrange o pensamento de que ao apresentar tal termo médio, na verdade são apresentados raciocínios falsos, o que não gera conhecimento e proximidade com a verdade que é buscada:
Alguns filósofos aceitaram esta convicção do mesmo modo que aceitaram outros absurdos: não sabendo resolver certas argumentações erísticas, acabam cedendo às próprias argumentações e concedem que seja verdadeiro o que se concluiu. (ARISTÓTELES, 2002, p. 181)
8. [Refutação da opinião dos que sustentam que tudo é verdadeiro e tudo é falso]
Aristóteles, nesse capítulo, afirma que não são sustentáveis as afirmações de alguns que dizem que nada é verdadeiro e as de outros de que tudo é verdadeiro. Ele diz que esses raciocínios equivalem aos de Heráclito, pelo fato de que, quem afirma que tudo é verdadeiro ou tudo é falso, afirma da mesma forma cada uma dessas doutrinas separadamente, visto que, se são absurdas as doutrinas de Heráclito, são também absurdas as outras apresentadas.
No entanto, ele afirma que existem proposições contraditórias que, de certa forma, não podem ser verdadeiras juntas e, em contrapartida, outras não podem ser todas falsas, mesmo que para ele essa última pareça ser a mais provável. Para que ele possa refutar essas doutrinas, é preciso que não se espere que o adversário admita que algo “é ou não é”, mas que este possa dar significado a essas palavras, entre numa discussão e comece a definir o que é verdadeiro e o que é falso. Se a verdade afirmada não seja nada mais do que a falsidade negada, é impossível concluir que tudo seja falso, visto que é necessário que um lado, dentre os dois membros, seja verdadeiro. Se há a necessidade de negar ou a necessidade de afirmar, não é possível que a afirmação e a negação sejam falsas, ou seja, apenas uma delas é falsa.
Essas doutrinas tendem a se destruírem. Quem está afirmando que tudo é verdadeiro, afirma que a tese contrária a sua, seja também verdadeira e, se alguém afirmar que tudo é falso, afirma que a sua proposição também é falsa. Neste caso, não é possível encaixar exceções, pois, se isto ocorrer, haverá uma cadeia de proposições verdadeiras e falsas. 
Evidencia-se aqui que, não diz a verdade nem quem afirma que tudo está em repouso e nem os que afirmam que tudo está em movimento. Se ocorrer a afirmação da primeira, as coisas serão sempre verdadeiras e falsas e, se ocorrer a da segunda, a mesma pessoa que sustenta essa tese, segundo Aristóteles, não existia em um determinado período e nem existirá. No entanto, se tudo está em movimento, nada será verdadeiro e tudo será falso, mas para ele, foi demonstrado que isso é possível. O que muda aqui é um ser, e a mudança surge a partir de alguma coisa. 
Portanto, não é verdade que tudo esteja às vezes em repouso e às vezes em movimento e que não haja nada eterno, mas existe algo que sempre move o que está em movimento e esse primeiro movente, é imóvel.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
REALE, Giovanni. Metafísica Sumário e Comentários. São Paulo: Edições Loyola, 2002. v. 3, p. 149-197

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