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PONTO III Planos do Mundo Jurídico

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Material de Apoio da Disciplina de Direito Civil II 
Câmpus Frederico Westphalen/RS 
Profª. Bárbara De Cezaro 
 
 
 
 
 
PONTO III (MUNDO JURÍDICO) 
 
 
 
1. Considerações iniciais 
 
O mundo jurídico constitui uma parte do mundo dos fatos. No mundo jurídico ingressam 
somente os fatos previstos na norma jurídica (fatos jurídicos). 
 
O mundo jurídico trata-se de uma abstração (teoria, ideia), criada pelo ser humano, com o 
objetivo de disciplinar as relações intersubjetivas (entre os sujeitos) e bem “distribuir os bens 
da vida”. 
A fim de facilitar o entendimento do mundo jurídico, PONTES DE MIRANDA criou a sua 
famosa divisão em três planos: 
(a) Plano da existência; 
(b) Plano da validade; 
(c) Plano da eficácia. 
 
É o mesmo que distinguir os conceitos: “ser” , “valer” e “ter efeito” 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA: 
GONÇALVES, Carlos Alberto, Direito Civil Brasileiro, Vol. I; 
MELO, Marcos Bernardes de, Plano da Existência. Vol. I; 
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil brasileiro, Vol. I 
RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, Vol. 1 e 2; 
 
PLANOS DO MUNDO JURÍDICO 
Mundo Jurídico 
 
 
Plano da 
existência 
Plano da 
validade 
Plano da 
eficácia 
 
 
No plano da existência inicia-se a caminhada do fato jurídico, sua entrada para o mundo jurídico, 
deixando de ser suporte fático, para existir como fato jurídico. 
 
No plano da existência confere-se a presença dos requisitos mínimos indispensáveis à 
incidência da norma jurídica. O fato deve estar previsto na norma. 
 
Comprovada a presença dos elementos de existência, o fato (denominado suporte fático) 
passa a ser um fato jurídico. 
 
Todos os fatos jurídicos (naturais e humanos) nascem no PLANO DA EXISTÊNCIA. 
 
O fato jurídico humano lícito (negócios bilaterais e unilaterais), logo que nascem, terão que ser 
avaliados quanto à sua validade. Isso será feito no PLANO DA VALIDADE. Seguem, logo, do 
PLANO DA EXISTÊNCIA para o PLANO DA EFICÁCIA e passam, imediatamente, a 
produzir seus efeitos. 
 
 
 
Para existir como fato jurídico humano lícito (negócio jurídico) deverá estar presente a vontade 
(o sujeito) e o objeto. No PLANO DA EXISTÊNCIA é que se examina se está presente a 
vontade declarada, acerca de um determinado objeto. 
 
Exemplo.: duas pessoas assinam um contrato (declaração da vontade) de compra e venda 
de um bem (veículo), ou de prestar um serviço (construir uma casa ou matar alguém). 
 
No PLANO DA VALIDADE será examinada se a vontade declarada está perfeita ou se 
apresenta algum defeito. A vontade pode ser defeituosa por diversos motivos. 
Exemplos: 
- um dos sujeitos declarantes pode ser incapaz; 
- um dos sujeitos declarou a vontade sob coação ou por engano (vícios da vontade). 
 
Se a emissão da vontade ou sua declaração apresenta defeito, o negócio jurídico será inválido. 
Se o objeto apresentar algum defeito (ilícito ou impossível), também o negócio será 
considerado inválido. 
 
 
Passando pelo crivo do PLANO DA VALIDADE o negócio jurídico seguirá para o PLANO 
DE EFICÁCIA, onde serão produzidos os seus efeitos (consequências jurídicas) 
 
 
 
É de Marcos Bernardes de Mello
1
, a seguinte lição: 
 
“O plano da eficácia pressupõe a passagem do fato jurídico pelo PLANO DA 
EXISTÊNCIA, não, todavia, essencialmente, pelo PLANO DA VALIDADE. 
 
(a) Quanto aos fatos jurídicos stricto sensu e os atos ilícitos, basta que existam.No 
momento em que existem, eles ingressam, diretamente, no plano da eficácia e irradiam, 
instantaneamente, a sua eficácia (produzem seus efeitos) 
(b) Quanto aos negócios jurídicos (bilaterais e unilaterais) há que se distinguir três 
situações: 
 
b1) os atos jurídicos válidos tem entrada imediata no plano da eficácia, mesmo quando 
pendentes termos ou condições suspensivos; 
 
b2) os atos anuláveis entram, logo, no plano da eficácia e irradiam seus efeitos, mas 
interinamente, (provisoriamente), pois poderão ser desconstituídos caso sobrevenha à 
decretação de sua anulabilidade. 
 
b3) os atos nulos, de regra, não produzem efeitos jurídicos (não tem eficácia) 
 
A validade ou invalidade (valer ou não valer) pressupõe a existência do fato jurídico (ser). 
Nunca se poderia questionar sobre a validade de um negócio jurídico, sem que antes verificar se 
ele existe. 
Também não se poderia falar de eficácia (ser eficaz = produzir efeitos) sem que o fato jurídico 
exista. A recíproca, porém, não é verdadeira. O fato pode existir e não ser válido e eficaz. 
 
O existir (= ser fato jurídico) constitui pressuposto essencial da validade, ou invalidade, e da 
eficácia, ou ineficácia, do fato jurídico. 
 
 
Não se pode perguntar se um negócio inexistente é nulo ou ineficaz. Ato inexistente é um nada
2
. 
Somente o que existe pode ser qualificado. 
Em resumo, na vida do fato jurídico, pode ocorrer o seguinte. Somente o que existe pode ser 
qualificado. 
 
Em resumo, na vida do fato jurídico, pode ocorrer o seguinte: 
a) O fato existe e é eficaz (fatos da natureza e atos lícitos); 
b) O fato existe e é válido e eficaz (negócio realizado por de capazes); 
c) O fato existe e é válido e ineficaz (testamento, enquanto vivo o testador); 
d) O fato existe e é nulo e ineficaz (negócio realizado por pessoa incapaz). 
 
 
1
 MELLO, Marcos Bernardes, Ob.cit., p. 86. 
2
 Carlos Alberto Gonçalves, in Direito Civil Brasileiro, Saraiva, Vol. I, p. 304 
 
2. Elementos do fato jurídico 
 
É comum na doutrina falar-se em: 
 
(a) Elementos da existência 
(b) Requisitos da validade 
(c) Fatores da eficácia 
 
 
 
 
 
 
 de validade (complementares) -subjetivos 
 -objetivos 
 -formais 
Integrativos 
Acidentais 
 
 
 
 
 
1. Considerações gerais 
 
No plano da existência não se questiona a invalidade ou ineficácia do negócio jurídico, importando 
apenas a realidade de existência
3
. Aliás, é comum a confusão entre os vocábulos existência, validade 
e eficácia dos negócios jurídicos, como se fosse sinônimos. 
 
Assim que um fato qualquer interessar ao direito, passará a assumir a condição de suporte fático. 
Então qualquer fato relevante para o direito, denomina-se suporte fático. 
 
Ex.: “A” ocupa uma área de terras de “B”, durante oito anos, de forma contínua e sem oposição de parte de 
“B”, nele morando com a sua família. 
 
A posse do imóvel trata-se de um fato juridicamente relevante. Se alguém perturbar a posse 
(ameaçando invadir), essa turbação da posse será considerada suporte fático suficiente, fazendo 
incidir a norma de proteção possessória (CC, 1.210) 
 
3
 Carlos Alberto Gonçalves, Ob. Cit., p. 304 
 
essenciais 
Elementos 
(negócio jurídico) 
 
De existência (nucleares) - cerne do núcleo 
 - completantes 
O PLANO DA EXISTÊNCIA (elementos essenciais de existência) 
 
 
Neste caso, “A” terá o direito de ser mantido na sua posse. Porém, com apenas oito anos de posse, 
“A” ainda não terá o direito de usucapião. A posse ainda não teria gerado o direito de usucapião. O 
suporte fático posse ainda não é suficiente para receber a incidência da norma de usucapião. 
 
De acordo com a lei (CC, 1238) “aquele que por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, 
possuir como seu num imóvel, adquirirá a propriedade” (dono). 
 
Logo, quando “A” completar o tempo de posse (quinze anos), preenchendo os demais requisitos, será 
dono por usucapião. 
 
 
2. O suporte fático 
 
Ao preencher todos os requisitos danorma, o suporte fático diz-se suficiente e receberá 
imediatamente a incidência da norma jurídica, tornando-se fato jurídico. 
 
Então, o fato previsto na norma jurídica, apto a sofrer a sua ação e a receber a sua incidência, 
denomina-se suporte fático suficiente. 
 
A expressão “suporte fático” é amplamente difundido e de aplicação universal na Ciência Jurídica, 
embora apareça, às vezes, disfarçada por outras denominações, como tipo penal, fato gerador, ato 
de comércio, etc. 
 
O mesmo fato pode entrar várias vezes no mundo jurídico, compondo diferentes suportes fáticos, com 
consequências jurídicas diversas. 
 
Assim, a posse exercida um imóvel poderia constituir suporte fático suficiente para: 
a) Usucapião; 
b) Defesa da posse; 
c) Transmissão da posse. 
 
O fato jurídico passa a existir com a incidência de uma norma jurídica sobre o seu suporte fático 
composto de todos os seus elementos (suporte fático suficiente) 
 
 
 
 
2.1 Os elementos do suporte fático (essenciais de existência) 
 
Em regra, o suporte fático é complexo, ou seja, exige a presença de diversos elementos na sua 
composição. A norma jurídica pode impor uma série de elementos, todos considerados essenciais 
 
a sua incidência e à consequente formação do fato jurídico (existência), denominados elementos 
nucleares. 
 
Ao ajuizar uma ação, a parte deverá expor os fatos e os fundamentos jurídicos do seu pedido 
(suporte fático). E caberá ao juiz a tarefa de analisar se os fatos descritos na petição inicial são 
previstos pelo Direito, ou seja, se estão previstos na norma jurídica (suporte fático suficiente) 
 
 
Os elementos nucleares (ou essenciais de existência) compõe-se de duas partes: 
(a) Cerne do núcleo 
(b) Elementos completantes. 
 
Logo, além do cerne do núcleo, a incidência da norma jurídica que dá existência ao fato jurídico, 
exige, também, a presença de elementos que o completam e que, por isso, são denominados 
elementos completantes. 
 
 Cerne do núcleo 
Elementos nucleares (essenciais de existência) 
 Completantes 
 
 
2.1.1 Cerne do núcleo 
 
Nos fatos jurídicos humanos (negócios jurídicos unilaterais e bilaterais), a vontade 
consciente e exteriorizada constitui o cerne do núcleo do suporte fático. Logo, a 
ausência da vontade ou de sua exteriorização, implica na existência do fato jurídico. 
 
A exteriorização da vontade poderá ser representada por uma simples manifestação ou de 
declaração. Logo, a vontade terá que ser exteriorizada (expressa) 
 
A declaração da vontade poderá ser de forma expressa, tácita e presumida: 
 
(a) A declaração expressa poderá na forma escrita ou verbal. 
(b) A forma tácita, decorre do silêncio (CC, 111), pois “quem casa consente”. 
(c) A declaração presumida, decorre de lei (CC, 322, 323, 324). 
Ex.: a pessoa, sem nada a declarar, lança um objeto no lixo, com o que deixará 
evidente a intenção de abandoná-lo. 
A vontade exteriorizada deve ser consciente. É comum o exemplo da votação, num 
assembleia, em que a pessoa, adormecida, permanece imóvel, o que significaria uma forma 
de exteriorização inconsciente. 
 
 
O sujeito precisa ter a perfeita consciência do que está manifestando ou declarando. A 
consciência situa-se no plano da existência do fato jurídico, ao passo que o vício do 
consentimento integra o plano da validade. 
 
 
 
2.1.2 Elementos completantes 
 
Além da vontade exteriorizada, a existência do negócio jurídico exige a presença de 
objeto (dar ou fazer), denominado elemento completante. 
 
A vontade do sujeito, conscientemente exteriorizada (cerne do núcleo) e o objeto 
(completante), constituem os elementos nucleares do suporte fático, como pressupostos 
de existência do fato jurídico humano (elementos essenciais de existência). 
 
A falta de objeto acarreta a inexistência do ato jurídico, por absoluta insuficiência do 
suporte fático. 
 
Sempre que revestido dos elementos nucleares, o suporte fático denomina-se suporte 
fático suficiente e passa, logo, automaticamente, a receber a incidência automática da 
norma jurídica. E, com a incidência, o fato ingressa no mundo jurídico e passa a existir. 
 
Assim, o suporte fático estará apto a receber a incidência da norma jurídica, assim que 
preencher os requisitos essenciais e impostos pela própria norma. 
 
Os elementos nucleares (cerne do núcleo e elementos completantes), são considerados 
essências a existência do fato jurídico. 
 
Nos negócios de compra e venda, por exemplo, além do acordo de vontades exteriorizado 
(cerne do núcleo) e o objeto, exige-se preço (também como elemento completante), para que 
a norma jurídica possa incidir e dar existência ao fato jurídico. 
 
Em alguns casos como nos negócios gratuitos (doação, casamento, etc) exige-se apenas a 
vontade exteriorizada (declarada) e o objeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2 Atuação da norma jurídica (ou incidência = fenômeno da juridicização) 
 
 
Assim que estiver suficientemente composto o seu suporte fático, a norma incide, 
automaticamente, decorrendo, daí, a sua juridicização. É o que se denomina processo de 
juridicização. 
 
A incidência é o efeito da norma jurídica de transformar em fato jurídico a parte do suporte fático 
que o direito considerou relevante para ingressar no mundo jurídico. 
 
Seria possível fazer-se a seguinte comparação: incidência = cópula. 
 
No estudo da reprodução animal, aprende-se que o óvulo, reunindo as condições biológicas 
necessárias, poderá ser fecundado, gerando a uma nova vida. 
É apenas uma questão de substituir a ideia de fecundação pela figura da juridicização. 
 
A fecundação dá origem a uma nova vida, enquanto que a jurisdicização dá origem ao fato 
jurídico, que significa o poder de irradiar consequências jurídicas. 
 
Assim, ao sofrer a incidência da norma juridicizante, uma parte do suporte fático, por interessar 
ao direito, ingressa no mundo jurídico, torna-se fato jurídico, passando a gerar efeitos jurídicos. 
 
Numa tentativa de visualizar o processo de juridicização --- criação do fato jurídico ---, podemos 
imaginar a seguinte figura: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Logo, entende-se juridicização o fenômeno da incidência da norma jurídica sobre o suporte fático 
suficientemente formado. 
Este processo de transformação, denominado juridicização, constitui a finalidade de toda e qualquer 
norma jurídica. Não fosse a possibilidade de incidir, a norma jurídica não teria finalidade e deixaria de 
existir, por faltar-lhe a dimensão sociológica da teoria tridimensional. 
 
 
 
Norma jurídica 
 = fato jurídico efeitos jurídicos 
Suporte fático suficiente 
 
2.3 Modalidades de suportes fáticos 
 
O suporte fático dos fatos jurídicos (naturais ou humanos) pode ser: 
 
(a) Simples: quando a suficiência do suporte fático dá-se como consequência de um único fato. 
Ex.: - a sucessão hereditária dá-se pela simples morte de alguém (CC, 1784) 
- a presunção de insolvência dá-se pelo simples protesto cambial 
 
(b) complexos: a suficiência do suporte fático dá-se como consequência de um conjunto de fatos. 
Ex.: - decurso de tempo + inércia do sujeito = perda do direito 
- decurso de tempo + contribuição ao INSS = direito da aposentadoria 
- declaração da vontade + objeto + preço = negócio jurídico 
 
 
Marcos Bernardes de Mello
4
 faz um alerta muito importante 
“Suporte fático é um conceito do mundo dos fatos e não do mundo jurídico porque somente 
depois que se concretizam no mundo os seus elementos é que, pela incidência da norma, 
surgirá o fato jurídico e, portanto, poder-se-á falarem conceitos jurídicos”. 
 
A norma jurídica incide sobre o fato, ainda no mundo dos fatos¸ transformando-o em fato jurídico. 
A norma não juridiciza fatos. Juridiciza-se, isso sim, suportes fáticos --- simples ou compostos -
--, transformando-os em fato jurídico. 
 
PONTES DE MIRANDA
5
, em sua admirável sabedoria, ensina: 
“É incalculável o número de fatos do mundo, que a regra jurídica pode fazer entrar no 
mundo jurídico, --- que o mesmo é dizer-se pode tornar-se fatos jurídicos. Já aí começa a 
função classificadora da regra jurídica: distribui os fatos do mundo em fatos relevantes e 
fatos irrelevantes para o direito, em fatos jurídicos e fatos simples”. 
 
Logo, a finalidade da norma jurídica é a sua atuação no mundo dos fatos incidindo sobre os suportes 
fáticos, transformando-os em fatos jurídicos, os quais, no mundo jurídico, poderão produzir seus 
efeitos. 
 
 
 
4
 MELLO, Marcos Bernardes. Teoria do Fato Jurídico-Plano da existência, Saraiva, 11ª. Edição, p.36 
5
 PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado, Tomo I, 3ª edição, Borsoi, p.20. 
 
 
2.4 Características da incidência 
 
 
A incidência constitui a diferença específica que distingue a norma jurídica das demais regras de 
comportamento, como a moral e a religião, que não dispõem de coerção, nem geram 
consequências jurídicas. 
 
A incidência da norma jurídica, transformando o que é fático em jurídico, dá-se no mundo dos 
fatos e é revestida de duas características básicas: 
 
(a) Incondicionalidade: 
Toda vez que ocorrer seu pressuposto de incidência --- suporte fático suficiente ---, a norma 
incide trazendo o fato para o mundo jurídico. 
 
(b) Inesgotabilidade 
A incidência e a eficácia de uma norma não se esgotam pelo fato de haver incidido. A norma 
jurídica incidirá, reiteradamente, sempre que o suporte fático se formar e se tornar 
suficiente. A norma não reincidirá, enquanto não se tornar a ocorrer a suficiente composição 
do seu suporte fático (constante da própria norma). 
 
Na hipótese de uma norma feita para um único caso, não ocorrerá a reincidência, justamente 
pela ausência de formação suficiente do suporte fático. 
 
 
 
3. A norma jurídica 
 
Pela sua importância no contexto da matéria, tornam-se oportunas algumas considerações adicionais 
acerca da norma jurídica. 
 
O fato jurídico resulta da incidência da norma jurídica sobre o suporte fático suficientemente formado. 
 
 
A par de todos os demais instrumentos de controle social (moral, religião, etiqueta, etc.), somente 
as normas jurídicas se revestem de obrigatoriedade, com coercibilidade. 
 
O direito objetivo, por conceito, consiste num conjunto de preceitos impostos coercitivamente, 
sob pena de sanção, a fim de regular a vida em sociedade. 
 
Somente a norma jurídica se reveste do poder de incidência sobre o suporte fático, criando o fato 
jurídico (criando, modificando e extinguindo direitos). 
 
 
A norma incide, deve incidir e deve ser obrigatoriamente aplicada, sob pena de violação da ordem 
jurídica. 
 
O direito tem a característica de regular a criação de suas próprias normas. 
 
 
 
A partir disso, surgem as seguintes hipóteses: 
 
(a) Existência, simplesmente 
Existir é estar no mundo, com o poder de dar-se forma, sem levar em conta a vigência e 
eficácia. A norma existe, sem vigência e sem eficácia (vacatio legis); 
 
(b) Existência com vigência e eficácia 
A norma com existência e vigência será eficaz, desde que se constitua o suporte fático 
suficiente. Se os fatos previstos pela norma não se efetivarem, inteiramente, a norma jamais 
será eficaz. 
 
A eficácia da norma jurídica (= poder de incidir e gerar efeitos) tem como pressuposto 
essencial a sua existência e vigência, com a concreção de todos os elementos descritos como 
suporte fático (suporte fático suficiente) 
 
A expressão “norma jurídica” deve ser entendida em seu sentido mais amplo, a começar pela 
própria Constituição, seguindo-se as normas infraconstitucionais. 
 
 
O processo legislativo (CF, art. 39), compreende a elaboração de: 
(a) Emendas à Constituição; 
(b) Leis complementares; 
(c) Leis ordinárias; 
(d) Leis delegadas; 
(e) Medidas provisórias; 
(f) Decretos legislativos 
(g) Resoluções, portarias, instruções, etc. 
 
Além disso, aparecem outras normas legais, como decretos, portarias, instruções, regulamentos, 
regimentos, etc. 
 
Logo, todas essas normas jurídicas poderão incidir, desde que esteja presente o seu respectivo 
suporte fático, suficientemente formado. 
 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS PONTO III 
 
Atenção: Entrega na próxima aula 
 
NOME _____________________________________________ 
 
1. Quais são os planos do mundo jurídico? 
................................................................................................................................................................. 
2. O que se entende por plano da existência? 
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
3. Cite os elementos nucleares do negócio jurídico 
................................................................................................................................................................. 
4. Cite os elementos essenciais da existência do negócio jurídico 
................................................................................................................................................................. 
5. Nos negócios jurídicos, qual é a cerne do núcleo? 
................................................................................................................................................................. 
6. O que se entende por suporte fático? 
................................................................................................................................................................. 
7. O que se entende por suporte fático completo? 
................................................................................................................................................................. 
8. O que se entende por suporte fático suficiente? 
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................ 
9. O menor “A” com apenas 2 (dois) anos de idade, efetuou a venda de sua bicicleta para “B”, que 
conta apenas 3 (três) anos de idade. 
Em relação ao fato acima, responda: 
(a) Existiu negócio jurídico, sim ou não? .................... 
(b) Se existiu negócio jurídico, identifique os seus elementos essenciais de existência 
...........................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................... 
10. Se o fato acima existiu, quais são as suas consequências jurídicas? 
..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
11. O ato de matar alguém constitui um fato jurídico? 
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
12. Os atos de matar ou furtar são considerados negócios jurídicos? 
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
13. No homicídio, a declaração consciente da vontade constitui cerne do núcleo? Justifique. 
 
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
14. Em que momento o suporte fático ingressa no mundo jurídico? 
................................................................................................................................................................. 
 
15. No mundo jurídico, como passará a se denominar o suporte fático suficiente? 
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
16. Quanto aos efeitos, qual a diferença entre suporte fático e fato jurídico? 
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................. 
17. O suporte fático, diz-se suficiente no momento em que o suporte fático: 
( ) nasce e ingressa no mundo dos fatos; 
( )ingressa no plano da validade; 
( ) reveste-se dos elementos nucleares; 
( ) começa a produzir os efeitos jurídicos; 
( ) reúne-se os elementos essenciais de validade; 
( ) ingressa no plano da eficácia. 
18. Nos negócios jurídicos, considera-se cerne do núcleo do suporte fático: 
( ) a vontade dos contratantes; 
( ) a vontade consciente dos contratantes; 
( ) a vontade declarada; 
( ) a vontade consciente declarada; 
( ) os elementos nucleares; 
( ) os elementos essenciais de existência. 
19. Considere as expressões abaixo: 
1. O mundo jurídico constitui uma parte do mundo dos fatos, onde ingressam somente os fatos 
previstos na norma jurídica; 
2. O mundo jurídico compreende o plano da existência, plano da validade e o plano da eficácia; 
3. No plano da existência o suporte fático insuficiente ingressa no mundo jurídico, para existir 
como fato jurídico; 
4. Os fatos da natureza e os atos ilícitos, desde que sejam válidos, passam, desde logo, a produzir 
efeitos jurídicos; 
5. O plano da eficácia pressupõe a passagem do fato jurídico pelo plano da existência, mas não é 
necessária a sua passagem pelo plano da validade; 
6. No plano da existência, verifica-se os efeitos produzidos pelo fato jurídico; 
7. O fato previsto na norma jurídica, apto a sofrer a sua ação e a receber a sua incidência, 
denomina-se suporte fático suficiente. 
Assinale os grupos formados somente das alternativas falsa, se houver: 
a) ( ) 1, 3, 6 
b) ( )3, 4, 5 
c) ( ) 2, 3, 5 
d) ( ) 3, 4, 6 
 
e) ( ) 1, 3, 5 
f) ( ) 4, 5, 6 
 
20. Considere as expressões abaixo: 
I. O suporte fático é complexo quando exige a presença de diversos elementos na sua 
composição; 
II. Os fatos jurídicos stricto sensu e atos ilícitos, basta que existam para ingressarem nos planos 
da validade e da eficácia e produzem, imediatamente, os seus efeitos jurídicos; 
III. A validade ou invalidade do negócio jurídico pressupõe a sua existência; 
IV. O fato jurídico humano será sempre válido e eficaz; 
V. O fato nulo não existe e não produz efeitos jurídicos; 
VI. O cerne do núcleo é um dos elementos nucleares ou essenciais de existência do fato jurídico; 
VII. A vontade declarada constitui o cerne do núcleo do suporte fático dos fatos da natureza. 
Assinale os grupos formados somente de alternativas falsas, se houver: 
a ( ) A alternativa “I” é verdadeira; 
b ( ) As alternativas “II”, “IV”, “V” e “VII” são falsas; 
c ( ) As alternativas “I”, “III” e “VI” são verdadeiras; 
d ( ) As alternativas “IV” e “VIII” são falsas; 
e ( ) Cinco alternativas são falsas e três são verdadeiras; 
f ( ) Todas as alternativas são falsas.

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