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Aula 2. A APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

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Aula 2. A APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
DISCIPLINA: PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO VI
(p.1)capa
(p.2) Objetivo desta aula
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o significado da problematização a ser elaborada sobre o tema; 
2. analisar os critérios para a definição de problemas de pesquisa e conhecer as características textuais e formais dos itens “Apresentação do tema” e “Definição do problema”; 
3. fazer uma análise do Memorial Descritivo elaborado em PPEV. Você também será orientado a realizar uma focalização progressiva do tema até a delimitação de um problema de pesquisa e elaborar o item Apresentação do Tema, especificando os motivos pessoais para a escolha do tema; 
4. avaliar o item Situação-problema, apresentando a origem (antecedentes) do problema, bem como o quadro de referência conceitual e o contexto que explica o problema de pesquisa, mostrando familiaridade com a literatura (teoria e/ou estudos anteriores).
(p.3) O PROJETO MONOGRÁFICO
Maria Regina Bortolini
No período passado, vimos que toda pesquisa envolve a problematização de um tema e a delimitação de um objeto de estudo.
Vimos também que a pesquisa exploratória é etapa importante porque nos coloca em contato com pesquisadores da área que vão nos dar orientações para a pesquisa, envolve uma observação mais cuidadosa da realidade e o levantamento das produções no campo de estudos em que nos situamos, permitindo o amadurecimento de nossas opções teórico-metodológicas e a progressiva delimitação de um objeto de investigação.
(p.4) Vimos como esse processo é importante para ampliar a abordagem do tema e desenvolver uma visão menos ingênua dos fenômenos estudados. Primeiro porque as escolhas teóricas passam a ser resultado do confronto de diferentes abordagens e teorias que, muitas vezes, têm pontos de partida e opõe explicações distintas para os mesmos fenômenos. Segundo porque, dessa forma, “enxergamos” elementos, contradições, situações que antes não considerávamos.
(p.5) A problematização do tema é o caminho necessário para a progressiva focalização e delimitação mais precisa de um problema de investigação. Mas nem todo problema pode ser objeto de estudo científico, ou seja, nem todo tipo de indagação que formulamos sobre a realidade são “problemas de conhecimento”, passíveis de observação e análise à luz dos instrumentos próprios da ciência.
“Um problema de pesquisa é um problema que se pode ‘resolver’ com conhecimentos e dados já disponíveis ou com aqueles factíveis de serem produzidos”. (LAVILLE E DIONNE, 1999)
(p.6) Dessa forma, segundo Gil (1991), problemas do tipo “Como aumentar a autoestima dos professores?”
“Como alfabetizar as crianças?” ou “O que precisa ser feito para reduzir os índices de analfabetismo?”
Não são problemas científicos,  pois embora a pesquisa e o conhecimento científico possam fornecer dados e indicar pistas que favoreçam a elaboração de planos de ação, esses problemas não indagam sobre as causas e características de fenômenos, mas sobre como fazer alguma coisa.
Assim como inquietações do tipo “Qual o melhor jogo para ensinar matemática?”, “De que maneira os professores devem tratar seus alunos?” não são problemas científicos porque remetem a juízos de valor, a posicionar-se diante de situações considerando o que é bom ou ruim, certo ou errado, questões de natureza ética. Não que eles não sejam problemas importantes para educação. Apenas não são problemas cuja resposta possa ser alcançada pelos métodos de pesquisa científica.
(p.7) Os problemas científicos, portanto, são aqueles voltados para a compreensão dos processos e elementos constituintes e das características dos fenômenos e cuja solução possa ser encontrada a partir da coleta e análise sistemática de dados, e da produção de conhecimentos.
Formular um problema consiste em “dizer, de maneira explícita, clara compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver”. (RUDIO, 1986) Deve ser formulado como pergunta, pois essa é a forma mais direta e fácil de torná-lo compreensível.
Quando dizemos... “As teorias sobre aprendizagem”, quem nos ouve não tem como saber quais são nossas dúvidas, inquietações, acerca desse tema. A frase em caráter afirmativo indica uma certeza e não uma dificuldade. Ao contrário, se formulamos como pergunta “Quais as várias teorias de aprendizagem que orientam as práticas dos professores na escola?”, imediatamente somos remetidos à necessidade de investigar, de pesquisar para poder encontrar respostas e solucionar a questão.
(p.8) O rigor necessário à geração de resultados confiáveis exige a delimitação de um objeto específico e de um campo de observação (universo). Por exemplo:
“O que pensam os professores”? é um problema cuja formulação não está clara e precisa.
O que definimos por “pensar”?
Queremos saber sobre processos fisiológicos ou cognitivos?
Queremos saber o que pensam os  professores, mas em relação a quê?
Ou seja, o objeto não está precisamente definido. Os termos usados na sua formulação não se referem a conceitos, mas a expressões de linguagem cotidiana, são ambíguos, passíveis de múltiplas interpretações.  Os problemas de pesquisa devem ser formulados  de forma clara, precisa e interrogativa, evidenciando uma dúvida teórica ou empírica. Se não temos clareza do que estamos querendo saber, não será possível decidir sobre os fundamentos teóricos e os instrumentos para coletar e analisar os dados.
Além disso... De que professores estamos falando? De ensino fundamental ou médio?  De Recife, São Paulo ou de Buenos Aires?  O problema precisa estar delimitado a uma dimensão viável, ou seja, a um campo de observação, um universo de estudo, compatíveis com os meios de investigação. Quantos pesquisadores estão envolvidos no estudo, quais os recursos e tempo disponíveis?
(p.9) Estudos que trabalham com um universo muito amplo exigem equipes numerosas e muitos recursos.  Estudos documentais ou experimentais podem requerer instrumentos que exigem conhecimentos técnicos mais elaborados.
A elaboração de um problema de pesquisa não se encerra na delimitação de um objeto e de um universo. A partir de um quadro teórico de referência, vamos assumir uma determinada abordagem para o problema. Não é preciso dizer que a escolha desse quadro de referência e da abordagem do tema/problema deve ser expressão dos desejos e interesses do pesquisador, mas também deve levar em conta as condições para o desenvolvimento da pesquisa.
(p.10) Assim, a primeira questão que se coloca ao aluno(a) em processo de elaboração de seu projeto de monografia diz respeito ao desejo. Todo projeto monográfico deve partir de uma inquietação que de fato mobiliza o estudante. A monografia, como trabalho que encerra um ciclo de formação, é oportunidade para a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso na análise e reflexão de problemas que se colocam na prática pedagógica.
A problematização da experiência vivida no estágio ou na prática docente geralmente resulta em processo estimulante porque ressignifica a formação e a prática docente.
O que me chamou a atenção no estágio?
Quais as dificuldades que enfrento na minha prática?  
O que mais me interessa?
O que quero conhecer melhor?
O que posso conhecer através da pesquisa?
Meu tema de interesse tem origem em que experiência vivida?
Meus valores orientaram minha escolha do tema/problema?  
Quais são minhas motivações para esse estudo?
(p.11) Sobre a segunda questão é preciso considerar que, em nosso caso, a pesquisa monográfica é um empreendimento sem muitos recursos e que se dá dentro de um campo específico de formação/pesquisa. Assim, uma consideração importante é a que se refere à abordagem de seu tema de interesse.
Antes de tudo, é preciso ultrapassar a abordagem meramente pessoal e buscar dar a amplitude e profundidade necessária ao tema/problema de modo que ele tenha relevância social. Não se faz pesquisa apenas para atender aos nossos desejos, mas para contribuirpara o avanço do conhecimento e do enfrentamento de problemas realmente significativos, importantes para o campo.
(p.12) Para além do meu interesse pessoal, é um problema relevante para os profissionais e estudiosos no campo educacional?
Sua solução daria contribuições importantes?   Quais?
Além disso, frequentemente os temas/problemas eminentemente educacionais podem ser tomados a partir da perspectiva de outras ciências, de um olhar que se afina com outros campos de estudo que não a Pedagogia. No entanto, é preciso ter clareza de que não é razoável que um(a)  estudante de Pedagogia assuma uma abordagem médica ou psicológica, por exemplo, na formulação de seu problema de monografia, pois, obviamente, ele não tem a formação adequada ao tratamento do problema nesses termos.
A  maior ou menor afinidade e domínio do estudante-pesquisador a uma teoria ou metodologia também devem ser considerados nesse processo.  Nada impede que em outro momento de sua trajetória acadêmica ele faça um investimento de estudo que permita isso, mas, nesse momento, considerando os outros compromissos a que geralmente está  comprometido(a) é mais prudente  restringir as dimensões do estudo para poder desenvolver o trabalho sem apuro e com qualidade.
(p.14) Quais são, dentre os conhecimentos que possuo, os que se relacionam com meu tema de interesse e que podem me ajudar a delimitar o meu problema?
Com quais linhas de pesquisa e teorias, concepções e autores que trabalham com esse tema me afino e como elas podem contribuir para delimitar melhor meu objeto e universo de estudo?
(p.15) Outra questão é a das condições efetivas em que se desenvolve a pesquisa. A realização da monografia é um empreendimento quase sempre solitário, sem recursos que apoiem a sua realização, onde o aluno-pesquisador tem que conciliar tempo de estudo e trabalho, desenvolver novas competências, entre outros desafios.
Por isso, também é preferível trabalhar com uma delimitação mais restrita do universo que permita o aprofundamento no tratamento dos dados, a buscar ampliar sobremaneira o campo de observação e comprometer a adequação dos instrumentos e o rigor metodológico.
(p.16) Ainda que o problema seja interessante,  são adequadas as minhas competências e condições reais para sua investigação?
Os recursos e tempo que tenho disponíveis são compatíveis para realizar a investigação?
Ao longo dessa aula, discutimos critérios para a formulação de problemas de pesquisa. Em qualquer pesquisa, a definição do problema de investigação é processo fundamental, sem o qual a pesquisa não existe. Assim, num projeto de pesquisa, é preciso apresentar o tema e a formulação do problema.
(p.17) Agora, então, você deve começar a construir seu projeto de pesquisa monográfica. Levando em conta o Memorial Descritivo elaborado em PPEV, reveja a abordagem que deu ao tema, avalie se desenvolveu uma focalização progressiva do mesmo até a delimitação de um problema para a sua pesquisa monográfica. Verifique se  ele foi formulado adequadamente.
Lembre-se: na “Apresentação do tema”, deve-se procurar contextualizar/situar o objeto de estudo na realidade educacional e no campo de conhecimento onde se insere. O texto da apresentação deve ser iniciado por um panorama geral sobre o assunto e progressivamente focar o objeto de estudo. É importante mostrar diferentes ângulos da questão, pois é o confronto de diferentes perspectivas que vai permitir a sua problematização. Em um outro item, o problema será colocado.
(p.18) A  “Definição do problema” deve ser iniciada com a exposição da inquietação, dúvida teórica ou da dificuldade prática que fomentou a busca pela compreensão do fenômeno e culminar com a formulação de uma pergunta central que irá orientar todo o estudo.
Algumas perguntas podem ajudar sua revisão e, se necessário, a reformulação do texto iniciado em PPEV:
A apresentação do tema se inicia por uma exposição mais geral sobre o assunto situando-o na realidade (nacional, regional, local)?
Essa contextualização do objeto, na realidade, é seguida de discussão teórica que situe o objeto no campo de estudo?
Há referência às principais teorias explicativas do objeto, suas aproximações e divergências?
A definição do problema é iniciada pela exposição das inquietações e dúvidas que motivaram a busca pela compreensão do fenômeno através da pesquisa?
O problema está formulado como pergunta? Está claro e preciso quanto ao que se refere? Os termos utilizados são adequados?
Conduz a julgamento de valor? Exige a implementação de uma ação para sua solução? Pode ser observado e analisado com os instrumentos da pesquisa científica? Sua abordagem é pertinente ao campo dos estudos pedagógicos? Está limitado a uma dimensão viável? O universo delimitado está ao meu alcance?
O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA
Definição e tipos de hipóteses; 
conceito e tipos de variáveis; 
a operacionalização de hipóteses; 
enunciação de hipóteses ou questões?; 
características textuais e formais do item “Hipóteses/questões de estudo” do TCC. 
 
SÍNTESE DA AULA
Nessa aula você:
ComPreendeu o significado da problematização a ser elaborada sobre o tema; analisou os critérios para a definição de problemas de pesquisa e conheceu as características textuais e formais dos itens “Apresentação do tema” e “Definição do problema”. Levando em conta o Memorial Descritivo elaborado em PPEV, você também realizou a focalização progressiva do tema até a delimitação de um problema para a sua pesquisa monográfica. 
REGISTRO DE FREQUEN CIA
Respostas: 1-2, 2-4.

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