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Santo Agostinho - (354-430 A.D.) E Direito Crer para compreender • Período patrístico • Desaparecimento da vida urbana. • Projeto de uma cidade universal sob o domínio de Jesus. • Padres militantes e ardorosos defensores da igreja. Mestre da subjetividade Sua filosofia insiste na importância do homem interior, do voltar-se para si mesmo - na aposta de que a felicidade não pode ser encontrada no âmbito da exterioridade, e sim na esfera da intimidade. Noli foras ire, in teipsum redi: in interiore homine habitat veritas (Não vás fora, entra em ti mesmo: no homem interior habita a verdade - Santo Agostinho A interioridade em Santo Agostinho Ou seja, ao inspecionar o seu próprio espírito, o homem transitaria do exterior para o interior onde descobriria - na profundidade do Eu - o Absoluto, ou seja, Deus, verdade íntima em cada indivíduo. , Deus só poderia ser realmente encontrado por meio de um itinerário introspectivo. Para Agostinho, Deus é verdade íntima que habita em nós, fundamento primeiro e último do ser. Experiência de Fé. O que há, portanto em Santo Agostinho é a ideia de que o ser humano tende a retornar para aquilo que lhe deu origem. “Oh, Senhor, tu criastes meu coração para ti e inquieto está enquanto em ti não descansar”. Santo Agostinho Ama et fac quod vis “Ama, e faze o que quiseres” Se Deus é amor e este amor é perfeito, não pode querer o mal. Se Deus está no mais íntimo do nosso ser, como condição absoluta de nossa felicidade, uma vez encontrado pela experiência da Fé, o amor se impõe como dever ético situacional. Se agirmos a partir desse dever, não poderemos errar, posto que é um bem em si mesmo. • A lei e a justiça são por natureza divinas. Santo Agostinho, cidade de Deus. • Pensamento de Agostinho: Natureza é o conjunto daquilo que foi criado por Deus . • Natureza é o estado do homem antes do pecado. Estado do homem depois do pecado é a destruição e a morte. • Na origem, Deus fez a natureza do homem boa, isenta de qualquer maldade. • Tudo que Deus criou é bom é justo, é de acordo com a sua razão e vontade. • Há duas espécies de leis: lei eterna e a lei natural. • A lei eterna se inscreve no coração dos homens e se transforma em lei natural. Assim o homem é a imagem de Deus (Imago Dei) • Porém, em razão do pecado, que destruiu a condição natural do homem, necessita-se de leis temporais. • A lei eterna é o fundamento da lei humana, naquilo que tem de bom e justo. • Deste modo, o mal não tem origem em Deus. • Para Santo Agostinho, o mal é apenas a ausência do bem e não uma força pré-existente duelando contra o bem. • Visão antimaniqueísta. Santo Tomás de Aquino - (1226– 1274 d.C.) Compreender para crer • Escolástica e o direito • Entre o século V e o XI, reina o mais profundo silêncio sobre o Direito. Fundador da Escolástica: Santo Anselmo. Tomás de Aquino, obra principal: “Summa Theologiae”. • Santo Tomás de Aquino não foi diferente. Se Santo Agostinho bebeu das águas do pensamentos de Platão para elaborar as suas sínteses, Santo Tomás de Aquino fez isso buscando em Aristóteles o fundamento da Ética e do Direito. • Partindo-se da concepção de que o universo é ordenado por uma Razão divina, sob à qual todas as coisas estão submetidas, Santo Tomás de Aquino admitia uma lei natural. • Trata-se do princípio “participatio legis aeternae in rationali creatura” (ação da lei eterna na natureza racional do homem). Essa lei foi codificada no decálogo (Dez mandamentos), sendo válida como referência básica da ação humana, independentemente das condições temporais e espaciais. • Daí decorre a concepção ética traduzida na seguinte fórmula: “recta ratio agibilium” (agir de acordo com a reta razão). A reta razão é a própria razão natural intuída pelo exercício do livre- arbítrio como condição essencial da consciência humana. • À consciência, cabe a liberdade de decidir sobre o agir moral. Esse agir deve ser a expressão histórica de uma ordem moral instaurada a partir da determinação da razão divina. O imperativo dessa ordem moral é sempre “fazer o bem, evitando-se o mal”. • A moral é essencialmente intelectual, ou seja, racional, tendo como instrumento a lei e, como condição de seu livre arbítrio, a disposição humana de cumpri-la. Tomás de Aquino condiciona a moral à razão. • A ação moral é também ação racional. Como para Tomás de Aquino, Deus é verdade evidente, naturalmente revelada pela razão, a ordem da moral é também plena manifestação da “inteligência de Deus” que governa todas as coisas da natureza. • A ordem moral é a própria verdade do bem como expressão inequívoca da razão divina. • Deste modo, qualquer código legal que não fosse concebido a partir desse princípio, além de incorrer em injustiça, não impunha obrigação ao seu cumprimento. • Noutras palavras, a base era a própria razão natural, como expressão da razão divina, como fator de ordenamento dos princípios éticos e legais. Para ele, o direito natural era a premissa maior, donde as premissas menores devem buscar o seu fundamento. • Portanto, Aquino defendia que o direito positivo é apenas um meio para se alcançar a justiça, que consiste em dar a cada um o que lhe é devido. A ordem justa é aquela que está em harmonia com a vontade divina revelada nos dez mandamentos, conforme texto de Êxodo, 20. • Na verdade, Tomás de Aquino tentou, teoricamente, estabelecer um equilíbrio entre Fé e Razão. O mistério da Fé à luz da razão deixa de ser irracional. A razão à luz da fé deixa de ser absurda. • A justiça é uma virtude que ordena o homem, em tudo que se refere aos demais. Justo é equilíbrio, que é o próprio Direito. • O Direito Natural não é algo subjetivo pessoal nem se confunde com as convenções humanas. • Ele se encontra na boa proporção das relações sociais, sujeito às mudanças e instabilidades. A Natureza Humana é mutável. • Neste sentido, o Direito Natural, em Santo Tomás de Aquino, nada tem a ver com o concebido pelos estoicos, que acreditavam que este é imutável e não brota das relações sociais. • Direito Natural, próprio da natureza das relações humanas em um certo lugar e certo tempo: Mutável. Direito Legal ou Positivo é convencionado: contrato e Lei Púbica. Direito Natural e Direito Posto na tradição Católica e Protestante • Neste ponto, no Ocidente, cabe uma distinção entre teologia católica e teologia protestante. • Na teologia católica, a destruição da Imago Dei não foi total. • A partir do conceito “relationes naturalis”, o homem ainda se preserva como imagem de Deus por meio de alguns atributos relativos, tais como, a capacidade, de amar, de perdoar, de exercer a bondade. • A partir desta conceituação, na teologia católica, o homem ainda é, por si mesmo, capaz de boas obras e de ser regenerado por atos de caridade. • É neste sentido que deve ser entendia a máxima agostiniana diz, “Ama et fac quod vis” (ama e faze o que quiseres). • Coloca-se como a tônica máxima da ética cristã. Não há outra lei senão a do amor divino no homem como expressão de uma ordem perfeita e completa • Na teologia protestante, em consonância com o pensamento do apóstolo Paulo, a destruição da Imago Dei foi total. • Assim sendo, nada no homem é bom. O pecado original destruiu a bondade e sua salvaçãodepende tão somente da infinita graça de Deus, manifestada na pessoa do Cristo da Fé. Nenhuma obra humana é capaz de, por si mesma, ser suficiente para a regeneração. • A capacidade de amar, de perdoar, de exercer a bondade só é possível mediante a Fé. Ademais fazer o bem não é um ato de Razão, antes de tudo, de Fé. • Esse bem deriva do novo nascimento, não da a carne, mas por meio da ação do Espírito Santo, pessoa da Trindade, responsável pela atualização do ato redentor de Deus, por meio de Jesus Cristo, no homem.
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