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2-1 2. CINÉTICA DAS PARTÍCULAS 2.1. Segunda Lei de Newton “Uma partícula submetida a uma força não nula adquire uma aceleração com módulo proporcional ao módulo da força e na mesma direção e sentido desta”. Ou seja: amF rr = . Como a massa da partícula m é um escalar, percebe-se que a aceleração da partícula deverá possuir a mesma direção e o mesmo sentido da força que atua sobre ela e módulo proporcional a esta força. E mais, se a força variar com o tempo, a aceleração variará na mesma proporção. Se a partícula estiver sob a ação de várias forças: amF r r =∑ . Deve-se notar que o sistema de referência no qual a aceleração ar é medida não é arbitrário. Seus eixos não devem ser móveis. Para um grande número de problemas de Engenharia, pode-se considerar um ponto da Terra como origem de um sistema fixo de referência e as equações acima podem ser utilizadas sem grande erro. Se a resultante das forças (∑F r ) for nula, a aceleração da partícula também será nula e, se a partícula estava em repouso em relação a um sistema de referência fixo, ela permanecerá em repouso; se estiver se movendo com uma determinada velocidade v, continuará a se mover com velocidade constante v numa mesma linha reta. Esta situação foi abordada pela 1ª Lei de Newton. 2.2. Quantidade de Movimento de uma Partícula Sabe-se que: dt vd a r r = . Substituindo na equação que representa a 2ª Lei de Newton: dt vd mF r r =∑ . Considerando que a massa m da partícula é constante: ( )vm dt dF r r =∑ . O vetor vmr é conhecido como quantidade de movimento da partícula. Ele tem a mesma direção e sentido da velocidade da partícula e seu módulo será o produto da massa m pelo módulo v da velocidade da partícula. A equação acima mostra como a 2ª Lei de Newton foi originalmente enunciada: a resultante das forças que atuam em uma partícula é igual à derivada temporal da quantidade de movimento desta partícula. Chamando de Q r a quantidade de movimento da partícula e de Q r & a sua derivada em relação ao tempo, tem-se: vmQ r r = e QF r & r =∑ . 2-2 Se a resultante das forças que atuam sobre a partícula for nula ( 0=∑F r ), a quantidade de movimento da partícula permanecerá constante, tanto em módulo como em direção e sentido. Obs.: Como está se supondo que a massa m da partícula é constante, as equações acima não podem ser utilizadas em problemas de movimento de corpos que ganham ou perdem massa, tais como foguetes. 2.3. Equações do Movimento 2.3.1. Componentes cartesianas Expressando a força e a aceleração em componentes cartesianas: ( ) ( )kajaiamkFjFiF zyxzyx rrrrrr ++=++∑ . Então, pode-se estudar, separadamente, o movimento da partícula segundo as três direções: xmFx &&=∑ , ymFy &&=∑ e zmFz &&=∑ . 2.3.2. Componentes normal e tangencial Expressando-se as forças e a aceleração em componentes nas direções tangencial (no sentido do movimento) e normal (no sentido do centro de curvatura) da trajetória: tt amF =∑ e nn amF =∑ . Como dt dv at = e ρ 2v an = , onde ρ é o raio de curvatura da trajetória no ponto considerado: dt dv mFt =∑ e ρ 2v mFn =∑ . 2.3.3. Componentes radial e transversal Considerando o movimento de uma partícula no plano e um sistema de coordenadas polares: rr amF =∑ e θθ amF =∑ . Como 2θ&&& rra r −= e θθθ &&&& rra 2+= : ( )2θ&&& rrmFr −=∑ e ( )θθθ &&&& rrmF 2+=∑ . Para o movimento no espaço, basta utilizar introduzir a equação na direção vertical considerando-se o sistema de coordenadas cilíndricas: zmamF zz &&==∑ . 2-3 2.4. Equilíbrio Dinâmico A 2ª Lei de Newton pode ser escrita na forma alternativa: 0=−∑ amF rr . Esta equação mostra que se o vetor amr− for adicionado à resultante das forças que atuam sobre a partícula, ela se encontrará em equilíbrio dinâmico e o problema pode ser resolvido utilizando-se os mesmos métodos da Estática. O vetor am r− é chamado de vetor de inércia ou forças de inércia. Alguns autores evitam utilizar a segunda nomenclatura, pois elas são apenas uma medida da resistência ao movimento de uma partícula, não tendo as mesmas características de uma força da gravidade ou de contato; outros, no entanto, consideram que as forças de inércia e forças reais como as gravitacionais afetam os nossos sentidos da mesma maneira. Por exemplo: um homem em um elevador em movimento acelerado para cima terá a sensação que seu peso aumentou e nenhuma medida realizada no interior do elevador pode estabelecer se o elevador está verdadeiramente acelerado ou se a força de atração exercida pela Terra aumentou. Exemplo: (ex. 12.23 do Beer & Johnston) Uma corrente, de massa m por unidade de comprimento, repousa sobre uma polia de massa desprezível. Abandona-se a corrente, na posição mostrada na figura (h > l/2). Desprezando o raio da polia, determinar: a) a velocidade v da corrente quando esta abandona a polia; b) o máximo valor possível de v quando h se aproxima de l/2. Para o trecho da corrente na trajetória descendente, a equação do movimento é: yymTygmF &&=−=∑ . Para o trecho ascendente: ( ) ( ) yylmylmgTF &&−=−−=∑ . Somando as duas equações: ylmlgmygm &&=−2 . Reescrevendo a equação: gy l gy −=− 2&& . A solução desta geral desta equação é: 221 l eCeCy tt ++= −λλ , onde l g2 =λ . h y 2-4 Derivando em relação a t, encontra-se a expressão da velocidade: tt eCeCy λλ λλ −−= 21& . As condições iniciais do problema são: ( ) hy =0 e ( ) 00 =y& . Aplicando-se estas condições, obtém-se: 2 2 21 lhCC −== . Substituindo as constantes nas expressões da posição e da velocidade da corrente: ( ) 22 l tcoshlhy + −= λ ( )tsenhlhy λλ −= 2 & . a) o instante em que a corrente deixa a polia (y = l) será: ( ) 22 l tcoshlhl + −= λ ∴ − = 2 21 l l h coshat λ . Substituindo na expressão da velocidade: − −= 2 21 2 l l h coshasenhlhy λλλ & 1 2 2 22 − − −= l l h coshacoshlhy λ& 1 2 2 2 2 − − −= l l h lhy λ& 2222 22 2 22 −− = −− = lhl l glhly λ& . b) se h for igual à metade do comprimento da corrente, a velocidade da mesma quando deixar a polia será: 22 glly == λ& . Outra forma de resolver o problema Uma maneira mais simples de se resolver o problema é substituir a aceleração por dy dv v , ou seja, dy ydyy &&&& = . Então a equação diferencial se torna gy l g dy ydy −=− 2&& . 2-5 Separando as variáveis fica: dygy l gydy −= 2 && ⇒ ∫∫ −= dygy l gydy 2&& . Integrando: Cgyy l gy +−= 2 2 2 & . Sabe-se que quando hy = , 0=y& . Substituindo acima, retira-se a constante 2h l gghC −= . Portanto: 222 2222 h l gghgyy l gy −+−=& . a) No momento que a corrente deixa a polia y = l, então: 22 hhl l gy −=& Esta expressão é a mesma obtida anteriormente para a velocidade da corrente, embora esteja escrita de outra maneira. b) Como h é a metade do comprimentol da corrente: 2 gly =& 2.5. Momento Angular de uma Partícula Considere uma partícula que se desloca em relação a um sistema de referência newtoniano Oxyz. Como visto anteriormente, a quantidade de movimento desta partícula é dada por vmQ r r = . O momento de Q r em relação a O é chamado de momento da quantidade de movimento ou momento angular e denominado de OH r . Então: vmrH O rrr ×= . y z x O P rr OH r v r 2-6 Observe que OH r é um vetor perpendicular ao plano que contém rr e vm r e tem módulo: ( )φsenvmrH O = , onde φ é o ângulo entre rr e vm r . O sentido de OH r é determinado pela regra da mão direita. A unidade do momento angular no SI (Sistema Internacional) é kg.m²/s. Utilizando a Análise Vetorial, OH r pode ser determinado por: zyx O mvmvmv zyx kji H rrr r = ∴ ( ) ( ) ( ) xyzO zxyO yzxO vyvxmH vxvzmH vzvymH ⋅−⋅= ⋅−⋅= ⋅−⋅= . No caso de uma partícula se movendo no plano xy, z = vz = 0 e, portanto, o momento angular se reduz à componente na direção z: ( )xyzOO vyvxmHHH ⋅−⋅===0r . Este momento pode ser positivo ou negativo conforme o sentido de movimento, em relação a O, da partícula. Considerando-se a quantidade de movimento de uma partícula expressa pelas componentes radial e transversal, pode-se escrever OH r em coordenadas cilíndricas: ( ) ( )kzerermkzervmrH rrO r & r&r& rrrrr ++×+=×= θθ kkzzmekzrmekzrmkezrmeermeerrmH rrrrrO rr & rr&r r & rr & rr&rr& r ×+×+×+×+×+×= θθ θθ2 ( ) krmezrzrmezrmH rO r &r&& r& r θθ θ 2+−+= . Se a partícula estiver se movendo no plano xy, z = z& = 0 e, portanto, krmH O r & r θ2= . Derivando a expressão do momento angular em relação ao tempo e recordando a regra para a derivada do produto vetorial: ( ) vmrvmrvmr dt dH O r & rrr & rr r & ×+×=×= amrvmvHO rrrr r & ×+×= . No primeiro termo, os vetores vr e vm r são paralelos, portanto o produto vetorial é nulo. Pela 2ª Lei de Newton, amF r r =∑ . Então: ∑×= FrHO rr r & . 2-7 O produto vetorial ∑× Fr rr representa o somatório de todos os momentos, em relação a O dessas forças e conclui-se que: OO HM r & r =∑ . Esta equação, obtida diretamente da 2ª Lei de Newton, afirma que o somatório dos momentos, em relação à origem O fixa, das forças que atuam sobre uma partícula é igual à variação do momento angular da partícula em relação a O, no tempo. 2.6. Movimento sob a Ação de uma Força Central Quando a única força que atua sobre uma partícula é uma força com a mesma direção do vetor posição rr cuja origem está em um sistema de referência newtoniano, mas de sentido contrário, diz- se que a partícula se move sob a ação de uma força central e a origem O é chamada de centro de força. Como a reta de ação da força passa pela origem, o somatório dos momentos será nulo em qualquer instante. Neste caso: 0=OH r & ∴ =OH r vetor constante. Conclui-se que o momento angular de uma partícula que se move sob a ação de uma força central é constante em módulo, direção e sentido. Como OH r é perpendicular ao vetor posição rr (lembre-se que vmrH O rrr ×= ), a partícula sob a ação de uma força central se move em um plano fixo perpendicular a OH r . O vetor OH r e o plano fixo são definidos pelo vetor posição inicial Or r e pela velocidade inicial Ov r da partícula. y z x O P F r v r O P0 v r 0v r P r 0r 0φ φ 2-8 Como o módulo de OH r é constante pode-se escrever: ( ) ( )000 φφ senvmrsenvmr = . Como a força gravitacional exercida pelo Sol sobre um planeta é uma força central, esta relação é fundamental no estudo do movimento planetário. É igualmente importante no estudo do movimento de veículos espaciais em órbita ao redor da Terra. Lembrando que para um movimento plano krmH O r & r θ2= , seu módulo será θ&2rmH O = = cte. Dividindo o momento angular pela massa: θ&2rh m H O == . Esta equação é interessante, pois observando-se a figura abaixo, nota-se que o raio vetor OP varre uma área infinitesimal θdrdA 221= (área de um setor circular) quando gira de θd e define a velocidade areolar como a razão dt dA . Conclui-se que θ&2r representa o dobro da velocidade areolar da partícula. Pode-se dizer, portanto, que uma partícula que se move sob a ação de uma força central possui velocidade areolar constante. 2.7. Lei da Gravitação Universal Newton estabeleceu em sua lei de gravitação universal que duas partículas distanciadas de r e com massas, respectivamente, M e m atraem-se com forças opostas F e –F situadas sobre a linha que os une. O módulo da força F é: 2 r MmGF = , onde G é uma constante chamada de constante de gravitação. Seu valor experimental é (6,673 ± 0,003) x 10-11 N.m²/kg². Embora forças gravitacionais existam entre qualquer par de corpos, seus efeitos são apreciáveis somente quando um dos corpos tem massa muito grande. Como a força exercida pela Terra sobre uma partícula de massa m, localizada sobre sua superfície ou próximo a ela, é definida como o peso P da partícula, pode-se substituir F por P = mg e r pelo raio R da Terra, obtém-se: 2R MmGmg = ou 2R MGg = , O F r P r dθ dA = ½ r ² dθ 2-9 onde M é a massa da Terra. Existem duas razões para a aceleração da gravidade terrestre não ser a mesma em qualquer ponto da superfície: i. a Terra não é uma esfera; ii. um referencial fixo na Terra não é um sistema de referência newtoniano. 2.8. Leis de Kepler do Movimento Planetário As equações que regem o movimento de um satélite da Terra podem ser usadas para descrever o movimento da Lua ao redor da Terra, mas como a massa da Lua não é desprezível comparada com a Terra, os resultados obtidos não são muito precisos. Também sua aplicação no estudo do movimento dos planetas ao redor do Sol produz resultados excelentes, apesar de se desprezar o efeito das interações gravitacionais dos planetas. As propriedades expressas nas equações do dobro da velocidade areolar θ&2rh = e da trajetória ( )θcosC h GM r += 2 1 (que é a equação de uma cônica – elipse, parábola ou hipérbole – em coordenadas polares – ver observação abaixo) foram descobertas pelo astrônomo alemão Johann Kepler (1571-1630) a partir de observações astronômicas do movimento dos planetas antes de Newton ter formulado sua teoria fundamental. As 3 leis do movimento planetário devidas a Kepler são: i. cada planeta descreve uma elipse com o Sol localizado em um dos focos; ii. o raio vetor traçado do Sol a um planeta varre áreas iguais em tempos iguais; iii. os quadrados dos períodos dos planetas são proporcionais aos cubos dos semi-eixos maiores de suas órbitas. Obs.: As cônicas e o movimento planetário As cônicas (ou seções cônicas) são curvas planas obtidas através da interseção de um plano com um cone circular. Dependendo de como o corte é realizado pode-se obter cônicas degeneradas (ponto, reta e par de retas) ou não degeneradas (círculo, elipse, parábola e hipérbole). A figura abaixo mostra estas cônicas e as correspondentes trajetórias de um corpo celeste em torno do Sol posicionado em um foco da cônica.Circunferência Circun- ferência Elipse Elipse Parábola Hipérbole Parábola Hipérbole 2-10 O movimento planetário é um movimento sob a ação de uma força central que é igual à força de atração entre dois corpos da Lei da Gravitação Universal de Newton. Então, a força de atração que o Sol exerce sobre um planeta será: 2 r MmGF = . Onde M é a massa do Sol, m é a massa do Planeta e r é a distância entre o Sol e o planeta. Considerando que o Sol está na origem dos eixos e utilizando as coordenadas radial e transversal, o vetor força que está agindo sobre o planeta pode ser escrito como: r e r MmGF r r 2−= . Como vimos, de acordo com a 2ª Lei de Newton amF r r = , então: r e r MmGam rr 2−= ∴ re r GM a rr 2−= . Mas, vimos também que ( ) ( ) θθθ θθθ errerreaeaa rrr r&&&&r&&&rrr 22 ++−=+= . Porém, a componente transversal deve ser nula, portanto: 02 =+ θθ &&&& rr r r& & && 2 −= θ θ ( ) ( ) r r dt d dt d 2 −= θ θ & & r drd 2 −= θ θ & & ( ) ( ) 12 Crlnln += −θ& hr =θ&2 ou 2 r h dt d == θθ& (onde 1Ceh = é o dobro da velocidade areolar). Vamos, agora, determinar r&& : ( ) θθ θ θ d dr dr dh d dr r h dt d d dr dt dr r r 1 2 −====& ∴ ( ) θd dhr r 1 −=& ( ) −=== θθ θ θ d dh d d r h dt d d rd dt rd r r 1 2 && && ∴ ( ) 2 12 2 2 θd d r h r r−=&& 2-11 Substituindo na expressão da aceleração radial 2θ&&& rra r −= : ( ) 2 2 22 12 2 2 r GM r h r d d r h a rr −= −−= θ ( ) 22 12 1 h GM rd d r =+ θ . Chamando r1 de u: 22 2 h GM u d ud =+ θ . A solução desta equação diferencial de 2ª ordem com coeficientes constantes é: ( )021 θθ −+== cosCh GM r u . Fazendo o eixo polar coincidir um eixo principal da cônica, 00 =θ e chamando GM Ch2 =ε : ( )θε cos h GM h GM r 22 1 += ∴ ( )θε cosr GM h + = 1 2 . A trajetória será uma: i. Circunferência se ε = 0. ii. Elipse se 0 < ε < 1. iii. Parábola se ε = 1. iv. Hipérbole se ε > 1. A equação da trajetória em coordenadas polares com origem em um foco para cada uma das cônicas pode ser obtida através da definição de cada uma delas. A circunferência é o lugar geométrico dos pontos de uma curva cuja distância ao foco é constante, ou seja, a equação da trajetória é Rr = , onde R é o raio da circunferência e igual a GMh2 . A elipse é o lugar geométrico dos pontos de uma curva cuja soma das distâncias aos focos é constante. A elipse possui dois focos e como a origem está posicionada em um dos focos, uma das distâncias será r e a outra será chamada de 1r , então =+ 1rr constante. Sejam a e b os semi-eixos da elipse onde o primeiro pertence ao eixo das abscissas x e a > b. Seja, também, c a semi-distância focal. c c b b a a θ r r 1 2-12 Para θ = 0, acaacrr 21 =−++=+ ∴ rar −= 21 . Utilizando a Lei dos Cossenos para o triângulo formado pelos lados r 1, r e 2c, temos: ( ) ( ) ( )θ−⋅⋅⋅−+= 180222 2221 coscrcrr . Substituindo 1r por ra −2 : ( ) ( )θcoscrcrra ⋅⋅++=− 442 222 ( )θcoscrcrrara ⋅⋅++=+− 4444 2222 ( )[ ]θcoscarca ⋅+=− 22 Mas, em uma elipse 222 bca =− . Dividindo a equação por a e retirando o valor de r : ( )θcos a c r a b − = 1 2 . Note que 0 < ε < 1, onde a c =ε , pois c < a e ambos são maiores que zero. Além disso, GMhab 22 = . A parábola é o lugar geométrico dos pontos de uma curva cuja distância ao foco é igual à distância à reta perpendicular ao eixo longitudinal da parábola, cuja distância ao vértice da parábola é igual à distância do vértice ao foco. Seja c a distância do vértice ao foco. Percebe-se que: ( ) crcosr 2=+θ ∴ ( )θcos c r + = 1 2 . Neste caso ε = 1 e GMhc 22 = . A hipérbole é o lugar geométrico dos pontos de uma curva cuja diferença das distâncias aos focos é constante. A elipse possui dois focos e como a origem está posicionada em um dos focos, uma das distâncias será r e a outra será chamada de 1r , então =− rr1 constante. Sejam a e c, respectivamente, a distância do vértice ao eixo de simetria das hipérboles e a distância do foco ao vértice. Seja, também, 222 bac =− . c c r a θ r 2-13 Resolvendo de modo análogo à elipse: para θ = 0, ( ) cacacrr 21 =−−+=− ∴ rar += 21 . Utilizando a Lei dos Cossenos para o triângulo formado pelos lados ρ 1, ρ e 2c, temos: ( ) ( ) ( )θcoscrcrr ⋅⋅⋅−+= 222 2221 . Substituindo 1r por ra +2 : ( ) ( )θcoscrcrra ⋅⋅−+=+ 442 222 ( )θρρρρ cosccaa ⋅⋅−+=++ 4444 2222 ( )[ ]θcoscarac ⋅+=− 22 Mas 222 bac =− . Dividindo a equação por a e retirando o valor de r : ( )θcos a c r a b + = 1 2 . Note que ε > 1, onde a c =ε , pois c > a e ambos são maiores que zero. Além disso, GMhab 22 = . c c a a r θ r 1 2-14 Exercícios: 1) (12.58 do Beer & Johnston) Considere-se uma mesa girante que suporta um bloquinho B. A mesa, partindo do repouso, adquire um movimento de rotação tal que o bloco B mantém-se com uma aceleração tangencial constante at = 1, 83 m/s². Considerando o coeficiente de atrito estático µ bloco-mesa igual a 0,6, determine: a) quanto tempo demora para o bloco começar a escorregar na mesa; b) a sua velocidade v no instante do deslizamento. Primeiramente devemos estabelecer um sistema fixo de referência: o centro da superfície da mesa será a origem dos eixos, x aponta para a direita, y entrando no papel e z para cima. Como se trata de um movimento circular, utilizaremos coordenadas tangencial e normal para resolver o problema. Pela 2ª Lei de Newton: amF r r =∑ , onde nntt eaeaa rrr += escrita em função de suas componentes tangencial e normal. Sabe-se que ρ 2v na = , onde o raio de curvatura ρ = R e, como a aceleração tangencial é constante, tav t= . Pelo diagrama de corpo livre, as forças que agem sobre o bloco são: peso (= mg), reação normal da mesa sobre o bloco (N) e força de atrito decomposta nas suas componentes normal e tangencial (Fat). ( ) kmgNeFeFF nn,attt,at rrrr −++=∑ . Portanto, têm-se 3 equações: R v mF n,at 2 = , tt,at maF = e 0=− mgN . Sabe-se que NFat µ= . Então, da 3ª equação tem-se que mgFat µ= . Como 22 t,atn,atat FFF += : ( )2 22 tmaR mv mg + =µ . b) Retirando a velocidade v, no instante do escorregamento, da expressão acima: ( ) 222 tagRv −= µ . Substituindo os valores R = 0,61 m, µ = 0,60, g = 9,81 m/s² e at = 1,83 m/s²: v = 1,85 m/s. a) Como v = at t, o tempo em que o bloco inicia o deslizamento em t = 1,01 s. R = 610 mm 2-15 2) (12.55 do Beer & Johnston) Um cursor C de 200 g pode deslizar em um aro semicircular em rotação em torno da vertical AB, a uma velocidade angular constante de 6 rad/s. Determinar o valor mínimo do coeficiente de atrito estático aro-cursor para não haver deslizamento de C, indicando o sentido do movimento iminente, quando: a) α = 90°; b) α = 75°; c) α = 45°.O vetor posição do cursor C, em coordenadas cilíndricas com origem em O (eixo x saindo do papel, eixo y para a direita e z para cima), para um ângulo α qualquer é dado por: ( ) ( ) kcosResenRr r rrr αα −= . Como, r = R é constante, significa que 0=r& e o vetor velocidade será: ( ) ( ) θθαα esenResenRrv r r&r&r&r === . Como θ& é constante, 0=θ&& . E como 0=r& , a aceleração é dada por: ( ) ( ) r esenResenRva r& r && r & r 2θαθα θ −=== . As forças que agem sobre o cursor são: peso ( P r ), normal do aro sobre o cursor ( N r ) e força de atrito entre o cursor e o aro ( atF r ) kmgP rr −= , ( ) ( ) kcosNesenNN r rrr αα +−= e ( ) ( ) ksenFecosFF atratat rrr αα += . Pela 2ª Lei de Newton amF r r =∑ . Então: ( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ] ( ) ratrat esenRmkmgcosNsenFesenNcosF r& rr 2θααααα −=−++− E tem-se que: ( ) ( ) ( ) 2θααα &senRmsenNcosFat −=− e ( ) ( ) 0=−+ mgcosNsenFat αα . R = 600 mm O C A B α 2-16 Transformando estas componentes para as direções tangencial e normal ao arco, respectivamente: ( ) ( ) ( )αθαα cossenRmsenmgFat 2&−=− e ( ) ( ) ( )αθαα sensenRmcosmgN 2&=− . Ou ( ) ( ) ( )ααθα cossenRmsenmgFat 2&−= e ( ) ( )αθα 22 senRmcosmgN &+= . No limite do deslizamento: ( ) ( ) ( )ααθαµ cossenRmsenmgNFat 2&−== . As parcelas correspondem, na ordem, às componentes do peso do cursor e da resultante das forças na direção normal do movimento circular do cursor, ambas na direção da força de atrito. O sentido da iminência do movimento será contrário à parcela do peso se esta for maior que a parcela da força de aceleração normal (tendência de descer se 0>atF ) e vice-versa (tendência de subir se 0<atF ). O valor mínimo do coeficiente de atrito estático será calculado pela expressão abaixo. Como o coeficiente de atrito deve ser maior ou igual a zero, ele será igual ao módulo da razão entre a força de atrito e a normal. ( ) ( ) 22 θααµ &senRmcosmg F N F atat + == ou ( ) ( ) ( ) ( ) ( )αθα ααθαµ 22 2 senRcosg cossenRseng & & + − = . O problema fornece os seguintes valores: θ& = 6 rad/s e m = 200 g = 0,2 kg e R = 600 mm = 0,6 m. Para a aceleração da gravidade será considerado o valor de 9,81 m/s². a) Para α = 90° atF = 1,96 – 0 = 1,96 N ( atF > 0 ⇒ sentido para cima, ou seja, impedindo o cursor de descer) 324 961 , , N Fat ==µ ∴ µ = 0,454 b) Para α = 75° atF = 1,895 – 1,080 = 0,895 N ( atF > 0 ⇒ para cima, ou seja, impedindo o cursor de descer) 684 8950 , , N Fat ==µ ∴ µ = 0,174 c) Para α = 45° atF = 1,387 – 2,160 = – 0,773 N ( atF < 0 ⇒ para baixo, ou seja, impedindo o cursor de subir) 444 7730 , , N Fat − ==µ ∴ µ = 0,174
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