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4-1 4. IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO 4.1. Princípio do Impulso e Quantidade de Movimento Este é um terceiro método para solução de problemas de movimento de partículas que envolvam força, massa, velocidade e tempo, sendo de particular interesse em movimentos impulsivos e choques. Considere uma partícula de massa m submetida a uma força F r . Foi visto que a 2ª lei de Newton pode ser expressa na forma ( )vm dt dF r r = , onde vmr é a quantidade de movimento da partícula. Passando dt para o lado da força e integrando a equação: ( )∫∫ = 2 1 2 1 v v t t vmddtF r r rr ou 12 2 1 vmvmdtF t t rrr −=∫ . Transpondo o último termo para o membro esquerdo da equação: 21 2 1 vmdtFvm t t rrr =+ ∫ . A integral da equação acima é um vetor conhecido como impulso linear ou simplesmente impulso da força F r , durante o intervalo de tempo considerado. Como vmQ rv = e denotando por I a variável impulso: ∫=→ 2 1 21 t t dtFI rr , ou seja, 2211 QIQ rrr =+ → . Nota-se que I r tem a mesma direção e sentido de F r . Se várias forças atuam sobre a partícula, a equação fica: 2211 vmIvm rrr =+∑ → . Interpretação da equação: a quantidade de movimento de uma partícula em um dado instante pode ser obtida adicionando-se vetorialmente à sua quantidade de movimento inicial o impulso das forças que atuam sobre a partícula no mesmo intervalo de tempo. 4.2. Conservação da Quantidade de Movimento Como já foi visto, se a resultante das forças que atuam sobre uma partícula for nula, a sua quantidade de movimento permanecerá inalterada, ou seja, será conservada. 0= dt vd m r ⇒ ctevm = r 1vm r + I r = 2vm r 4-2 Se duas (ou mais) partículas têm uma ação recíproca durante um intervalo de tempo ∆t, a quantidade de movimento do sistema será conservada, pois as forças de interação que agem no intervalo de tempo ∆t possuem a mesma direção, porém sinais contrários. Exemplo: BBAA vmvm rr +=0 4.3. Choque Dá-se o nome de choque a toda colisão entre duas partículas que ocorre em um intervalo de tempo muito curto, durante o qual as duas partículas exercem entre si forças relativamente grandes. A normal comum às superfícies em contato durante o choque é denominada normal de choque. Se os centros de massa das duas partículas estão localizados nessa normal, o choque é denominado central. Caso contrário ele é denominado excêntrico. Se as velocidades das duas partículas são dirigidas ao longo da normal de choque, este é chamado de direto. Caso contrário é chamado de oblíquo. Choque central direto Sejam Av r e Bv r as velocidades de duas partículas de massas mA e mB antes de se chocarem. Devido ao choque, as duas partículas se deformarão e no final do período de deformação terão a mesma velocidade ur . Um período de restituição ocorrerá e ao final deste os corpos possuirão velocidades Av ′ r e Bv ′ r . Considerando que não houve impulso de uma força externa (apenas uma força de interação recíproca) a quantidade de movimento total das partículas se conserva e pode-se escrever: BBAABBAA vmvmvmvm ′+′=+ rrrr . 0=AAvm r 0=BB vm r AAvm r BBvm r Av r Choque central direto Bv r normal de choque Choque central oblíquo Av r Bv r normal de choque u r Na máxima deformação Av r Antes do choque Bv r Av ′ r Depois do choque Bv ′ r 4-3 Como todas as velocidades são dirigidas segundo o mesmo eixo, podem-se substituir os vetores pelos seus componentes escalares: BBAABBAA vmvmvmvm ′+′=+ . Considere que a força impulsiva que atua sobre a partícula A durante a sua deformação seja DI r e durante a restituição seja RI r . Então, pode-se escrever que durante os períodos de deformação e restituição valem as seguintes igualdades: umIvm ADAA =− e AARA vmIum ′=− . A razão entre os o impulso de restituição e de deformação é denominada de coeficiente de restituição e: D R I I e = . O valor de e está sempre entre 0 e 1 e depende dos materiais envolvidos. Se e = 0, o choque é dito plástico e se e = 1 elástico. Substituindo os valores de IR e ID na expressão do coeficiente de restituição: ( ) ( ) uv vu uvm vum e A A AA AA − ′ − = − ′ − = . Analogamente, para a partícula B: B B vu uv e − − ′ = . Como o valor do coeficiente de restituição é o mesmo independente se obtido da partícula A ou da B, pode-se somar os numeradores e denominadores de ambas as expressões: BA AB vv vv e − ′ − ′ = ou ( )BAAB vvevv −⋅=′−′ . Como AB vv ′−′ representa a velocidade relativa entre as partículas depois do choque e BA vv − a velocidade relativa antes do choque, a expressão acima significa que a velocidade relativa das partículas após o choque pode ser obtida pela multiplicação de sua velocidade relativa antes do choque pelo coeficiente de restituição. A solução de problemas de movimento é obtida usando a conservação da quantidade de movimento e a expressão do coeficiente de restituição advinda do choque. BBAABBAA vmvmvmvm ′+′=+ e ( )BAAB vvevv −⋅=′−′ Choque perfeitamente plástico (e = 0): uvv BA =′=′ ⇒ ( ) ummvmvm BABBAA ⋅+=+ 4-4 Choque perfeitamente plástico (e = 1): BAAB vvvv −=′−′ ⇒ BBAA vvvv +′=+′ Da conservação da quantidade de movimento: BBAABBAA vmvmvmvm ′+′=+ ⇒ ( ) ( )BBBAAA vvmvvm −′=′− Multiplicando as duas últimas equações e multiplicando o resultado por ½: ( ) ( )2222 2 1 2 1 BBBAAA vvmvvm −′=′− ⇒ 2222 2 1 2 1 2 1 2 1 BBABBAAA vmvmvmvm ′+′=+ Isto significa que quando o choque é perfeitamente elástico, além da conservação da quantidade de movimento, existe a conservação de energia cinética do sistema. Choque central oblíquo Supondo que as partículas sejam perfeitamente lisas e sem atrito, observa-se que as únicas forças impulsivas que atuam sobre as partículas durante o choque são forças internas dirigidas ao longo da normal de choque (eixo n). Pode-se, portanto, afirmar que: i. a componente t da quantidade de movimento de cada partícula se conserva: ( ) ( )tAtA vv ′= e ( ) ( )tBtB vv ′= ii. a componente n da quantidade de movimento total das partículas se conserva: ( ) ( ) ( ) ( ) nBBnAAnBBnAA vmvmvmvm ′+′=+ iii. a componente n da velocidade relativa das duas partículas depois do choque pode ser obtida pela multiplicação do coeficiente de restituição pela velocidade relativa antes do choque: ( ) ( ) ( ) ( )[ ] nBnAnAnB vvevv −⋅=′−′ Assim, existem quatro equações independentes para se obter as quatro componentes das velocidades das partículas A e B após o choque. Considere, agora, que uma das partículas possui uma restrição ao movimento conforme mostra a figura. Av r Bv r Av ′ r Bv ′ r n t Av ′ r Av r n Bv ′ r Bv r 4-5 Supondo a ausência de atritos, nota-se que os impulsos exercidos no sistema são devidos a duas forças internas paralelas à normal de choque e uma externa exercida pela superfície horizontal sobre o bloco A. Como o bloco A só pode se moverna direção horizontal, já se sabe que a direção de sua velocidade após o choque será horizontal. As equações para resolver este problema são: i. a componente t da quantidade de movimento da partícula B se conserva: ( ) ( )tBtB vv ′= ii. a componente horizontal da quantidade de movimento total das partículas se conserva: ( ) ( )hBBAAhBBAA vmvmvmvm ′+′=+ iii. a componente n da velocidade relativa das duas partículas depois do choque pode ser obtida pela multiplicação do coeficiente de restituição pela velocidade relativa antes do choque: ( ) ( ) ( ) ( )[ ] nBnAnAnB vvevv −⋅=′−′ Exercícios 1) Ex. 13.153 do Beer & Johnston Uma bolinha A cai de uma altura h e atinge o ponto B de uma placa rígida e lisa. De B ela salta para C a mesma altura de B. Determine θ para o qual a distância d é máxima e, também, o correspondente valor de d. Supor que o coeficiente de restituição e entre a bola e a placa é: a) igual a 1,00; b) igual a 0,30. Usando a conservação da energia para a queda da bolinha A, a velocidade com que ela atinge o ponto B é ghv 2= . Por convenção, o sentido positivo da direção normal será para a direita e para cima e da direção transversal será para a direita e para baixo. AAvm r n BBvm r n BBvm ′ r tFext ∆⋅ r tF ∆⋅− r tF ∆⋅ r B C d h θ 4-6 Velocidade da bolinha antes de se chocar com a placa: − na direção normal de choque ( )θcosvvn ⋅−= − na direção transversal ao choque ( )θsenvvt ⋅= Equações para a resolução do problema de choque: a) a componente t da quantidade de movimento se conserva tt vv =′ ; b) a componente n da velocidade relativa depois do choque é igual à componente n da velocidade relativa antes do choque multiplicada pelo coeficiente de restituição e nn vev ⋅=′− ; c) como a massa do solo é infinita se comparada com a bolinha, a conservação da quantidade de movimento na direção normal não se aplica. As velocidades nas direções normal e transversal após o choque serão: ( )θcosvevn ⋅⋅=′ e ( )θsenvvt ⋅=′ As componentes horizontal e vertical da bolinha A após o choque serão: ( ) ( )θθ cosvsenvv tnx ⋅′+⋅′=′ e ( ) ( )θθ senvcosvv tny ⋅′−⋅′=′ ou seja, ( ) ( ) ( )1+⋅⋅⋅=′ ecossenvvx θθ e ( ) ( )[ ]θθ 22 sencosevvy −⋅⋅=′ Sabe-se que um projétil atinge a máxima distância se lançado em um ângulo de 45º com a horizontal. Isto significa que a componente horizontal da velocidade de lançamento é igual a sua componente vertical: yx vv ′=′ ⇒ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )θθθθ 221 sencoseecossen −⋅=+⋅⋅ Dividindo a equação por ( )θcos e rearranjando os termos: ( ) ( ) ( ) 012 =−⋅++ etanetan θθ . Resolvendo a equação do 2º grau: ( ) ( ) ( ) 2 411 2 eee tan ++±+− =θ O tempo que a bolinha A leva para atingir a altura máxima após o choque é g v t y ′ = . Como o ponto C está na mesma altura de B, o tempo que a bolinha levará para atingir o ponto C será 2 vezes o tempo que ela leva para atingir a altura máxima, ou seja, g vy′2 . A distância máxima será igual à componente da velocidade na direção horizontal multiplicada pelo tempo que a bolinha A leva de B para C: g v vd yx ′ ′= 2 4-7 Como yx vv ′=′ : g vd x 22 ′ = a) para e = 1,00: ( ) ( ) ( ) 21 2 141111 2 ±−= ⋅++±+− =θtan Como o valor negativo de θ não interessa, θ = 22,5º. As componentes da velocidade da bolinha A após o choque serão 2 2 vvv yx =′=′ . Como ghv 2= : ( ) h g gh g vd x 2 222 2 2 22 == ′ = b) para e = 0,30: θ = 11,31º`e 4 hd = 2) Ex. 13.119 do Beer & Johnston O trem de metrô, mostrado na figura, deslocando-se à velocidade de 72,4 km/h, sofre a ação dos freios das rodas dos carros A e B, de modo que as rodas destes carros derrapam. Sabendo-se que o coeficiente de atrito cinemático entre as rodas e os trilhos é de 0,30, determine: a) o tempo que o trem leva para parar; b) a força em cada engate. 27200=Am kg 40800=Bm kg 27200=Cm kg A velocidade do trem é v = 72,4 km/h = 20,1 m/s A quantidade de movimento do trem é ( ) ( ) 1202720040800272001 ,vmmmQ CBA ⋅++=⋅++= . Então 1Q = 1.914.000 kg.m/s. a) Pela equação do impulso: 2211 QIQ rrr =+ → . Como 02 =Q r e o impulso é na mesma direção do movimento: 211 →−= IQ , onde ∫−=→ t FdtI 021 Como F é constante: tFQ ⋅=1 A B C v 4-8 Porém NF ⋅= µ e ( ) gmmN BA ⋅+= . Então: ( ) ( ) 8194080027200300 19140001 ,,gmm Q t BA ⋅+⋅ = ⋅+⋅ = µ ∴ t = 9,56 s A força no engate dos vagões B e C será igual à força necessária para parar o vagão C: 569 120272001 , , t QF CBC ⋅ == ∴ 57200=BCF N A força no engate dos vagões A e B será igual à força necessária para parar os vagões B e C menos a força de atrito entre os trilhos e as rodas do vagão B: ( ) 81940800300 569 120272004080011 ,, , ,F t QQF B,atCBAB ⋅⋅− ⋅+ =− + = ∴ 229200=ABF N B C ABF B,atF
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