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Terceiro setor e seus desafios
Third sector and its challenges
Lorena Brito FERNANDES 1; Carlos Cesar Garcia FREITAS 2; Flaviane Pelloso Molina FREITAS 3
Recibido: 21/03/16 • Aprobado: 30/03/2016
Conteúdo
1. Introdução
2. Referencial Teórico
3. Procedimentos metodológicos
4. Análise de Dados
5. Conclusão
Referências
RESUMO:
O presente artigo apresenta os resultados de umestudo que teve como objetivo analisar osdesafios enfrentados pelas organizações doterceiro setor. Para tanto, foi desenvolvida umapesquisa de caráter descritiva com emprego daestratégia análise bibliográfica. Entre osprincipais desafios analisados destaca-se: acaptação de recursos financeiros e humanos, amanutenção de sua estrutura, a qualidade dagestão, a participação efetiva de seus membros, eo efetivo exercício do seu compromisso social.Palavras chave: Terceiro Setor, Efetividade,Desafios, Tecnologia Social.
ABSTRACT:
This article presents the results of a study thataimed to analyze the challenges faced by thirdsector organizations. Therefore, a descriptivestudy with a use of bibliographical analysisstrategy was developed. Among the mainchallenges analyzed stands out: the capture offinancial and human resources, the maintenanceof its structure, the quality of management, theeffective participation of its members, and theeffective exercise of social commitment.Keywords: Third Sector, Effectiveness,Challenges, Social Technology.
1. Introdução
Recentemente vem se discutindo com mais frequência as práticas do Terceiro Setor no ramo dasCiências Sociais; "vários atores contribuíram para trazer à tona este [tema] e formar um retratopositivo do seu papel, como um setor capaz de fazer frente aos problemas sociais mais prementesdo país" (FALCONER, 1999, p. 3).
Para suprir as necessidades que o primeiro setor não consegue atender, de modo satisfatório, e osegundo, na maioria das vezes, não demonstra interesse, o terceiro setor tem se mostrado comouma alternativa promissora, refletindo às mudanças sociais e tecnológicas de uma época de"emancipação política". Por sua característica social, o Terceiro Setor está melhor capacitado paraatender essas demandas, em sua maioria, as organizações que compõem o terceiro setor têm umaorientação mais fortemente baseada nos valores e crenças de seus membros do que asorganizações dos outros dois setores (FALCONER, 1999).
O termo Terceiro Setor engloba várias subcategorias tais como as instituições filantrópicas,fundações privadas, associações, projetos sociais associados às empresas, além também daprópria ONG (Organização Não Governamental). "Parece ser característico do Terceiro Setor, emtodas as épocas, a espontaneidade e a diversidade; mas a multiplicação de iniciativas privadascom sentido, interesse ou caráter público, na forma como hoje as reconhecemos é,
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definitivamente, um fenômeno recente e global" (MENDES, 1999, p. 76). Percebe-se que estesetor possui um longo caminho a ser percorrido para sua maturação, o que tem fomentadodiversos questionamentos acerca da sustentabilidade deste fenômeno, em especial, destaca-se, aseguinte questão: quais os desafios atuais enfrentados pelas organizações do terceiro setor?
Motivado por este questionamento foi realizado um estudo com o objetivo de analisar osprincipais desafios enfrentados, internamente e externamente, pelas organizações do terceirosetor, validados academicamente. Este trabalho se apresenta didáticamente divido em tópicossendo: a) o referencial teórico, contendo a caracterização do fenômeno estudo, assim como osprincipais conceitos envolvidos no estudo; b) os procedimentos metodológicos, abordando ametodologia empregada na pesquisa; c) análise de dados, com análise e descrição do fenômeno aluz da problemática levantada; d) conclusão, contendo uma síntese dos principais aspectosevidenciados na pesquisa; e e) referencial teórico, com a relação das obras utilizadas.
2. Referencial Teórico
2.1. O Terceiro Setor
O mundo mudou e continua a mudar em um processo constante de mudanças: cultural, territorial,civil, social, tecnológico, entre outras. Em nenhum outro momento da história houve tantasmudanças a nível global como nos tempos atuais. Apesar de todo avanço científico e tecnológico,diversas demandas básicas, como: saúde, educação, moradia e, até mesmo, trabalho ainda nãoforam satisfatoriamente atendidas e em muitos países tem aumentado. Desde paísesdesenvolvidos, como Estados Unidos, até os emergentes, no caso do Brasil, apresentam umaevidente discrepância social, caracterizada por uma lacuna entre a ineficiência das ações dogoverno e a atuação, particular, da iniciativa privada, que segue sua ótica utilitarista. Ocupandoesta lacuna encontra-se parte da sociedade, marginalizada por um desenvolvimento insipiente.
Salamon (1998) conclui que em decorrência desta realidade histórica surgiram iniciativas porparte da sociedade organizada que deram origem ao chamado terceiro setor; para tentar suprirsuas necessidades, a própria sociedade civil iniciou, em todo o mundo, projetos sociais quebuscaram intervir e modificar sua realidade, na busca de soluções dos problemas ambientais,econômicas e sociais. Com o decorrer da história, as ações foram aperfeiçoadas, surgindodiversas maneiras de atuação, por meio de: institutos, cooperativas, entidades filantrópicas,organizações sem fins lucrativos, entre outras. Essas organizações compõem o chamado terceirosetor.
Criadas pela sociedade e para a sociedade, as organizações do terceiro setor "concentram-seprincipalmente em ações voltadas para as áreas de educação, saúde, cultura, serviço social,religião, defesa de direitos, meio ambiente" (PEREIRA et al., 2013, p.170). O Terceiro Setor,como iniciativa inovadora "[...] surge como portador de uma nova e grande promessa: arenovação do espaço público, o resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização docapitalismo e, se possível, a superação da pobreza" (FALCONER, 1999, p. 2).
É conceituado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2001,p.5) como "uma esfera de atuação pública, não-estatal, formada a partir de iniciativas privadasvoluntárias, sem fins lucrativos, no sentido do bem comum", ou seja, constitui-se em umfenômeno concreto que decorre da ação da coletividade no intuito de buscar fazer mais e melhoras políticas públicas sendo que disso se concretiza o terceiro setor. Neste sentido, "pesquisadoresamericanos e europeus avaliam que o termo expressa uma alternativa para as desvantagens tantodo mercado, associadas à maximização do lucro, quanto do governo, com sua burocraciainoperante", destaca Coelho (2000) citado por Silva e Aguiar (2001, p.3).
Segundo Salamon (1998, p.5) "o Terceiro Setor [em sentido] global é uma imponente rede deorganizações privadas autônomas, não voltadas à distribuição de lucros para acionistas ou
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diretores, atendendo propósitos públicos, embora localizada à margem do aparelho formal doEstado".
Cabe destacar que "a existência de um terceiro setor relaciona-se com a de outros dois: a doprimeiro setor, representado pelas atividades estatais que são realizadas visando fins públicos, e ado segundo setor, representado pelas atividades da iniciativa privada que atendem a finsparticulares" (FERNANDES, 1994 apud SILVA, 2010, p. 1302). Dá-se então o terceiro setor,sobre uma junção de iniciativas privadas, oriundas da sociedade organizada, com a finalidade deproduzir bens e serviços públicos, ou seja, um setor público não-estatal.
Ressalta-se que:
[...] terceiro setor, entre todas as expressões em uso (não-governamental, sociedadecivil, sem fins lucrativos, filantrópicas, sociais, solidárias, independentes,caridosas, debase, associativas etc.), é o termo que vem encontrando maior aceitação para designaro conjuntode iniciativas provenientes da sociedade (FERNANDES,1994 apudFALCONER, 1999, p.1).
De acordo com Fernandes (1997, p. 26) "a expressão foi traduzida do inglês - third sector — e fazparte do vocabulário sociológico corrente nos Estados Unidos. No Brasil, começa a ser usadacom naturalidade por alguns círculos ainda restritos". Dias (2010) afirma que as organizaçõessem fins-lucrativos sempre estiveram presentes no cenário social. Elas estiveram dentro dacomunidade desde que o sistema econômico capitalista vigorou, porém por questões culturais eaté mesmo sua insipiência, relativa à forma de atuação, seu papel social não era reconhecido.
Muito embora as organizações da sociedade civil de caráter público existam desde há muitotempo, estas, curiosamente, não eram reconhecidas como pertencentes a um setor específico daeconomia. Somente a partir do início da década de 90 é que estas organizações passaram a serconceituadas e mensuradas como um setor específico da economia, sendo reconhecida suaimportância tanto social como econômica (MADEIRA, BIANCARDI, 2003; DIAS, 2010).
No âmbito jurídico brasileiro, algumas legislações gerais e específicas, buscam normatizar aatuação das organizações do setor. A Lei 91 de 1935 (BRASIL, 1935), que garantiu as sociedadescivis, as associações e as fundações, constituídas com o fim exclusivo de servirdesinteressadamente a coletividade, o direito a declaração de utilidade pública.
A Lei 5.764 de 1971(BRASIL, 1971), como iniciativa precursora, definiu a Política Nacional deCooperativismo e instituiu o regime jurídico das Cooperativas. Em seu artigo primeiro define"[...] como Política Nacional de Cooperativismo a atividade decorrente das iniciativas ligadas aosistema cooperativo, originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre si,desde que reconhecido seu interesse público".
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), como legislação abrangente, conferiu aoscidadãos o direito a plena liberdade de associação:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dodireito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termosseguintes: XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a decaráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem deautorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suasatividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito emjulgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado(BRASIL, 1988).
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Por sua vez, a Lei 9.532 de 1997 (BRASIL, 1997), trouxe a definição de entidades sem finslucrativos, como a entidade que destina eventual superávit, integralmente, à manutenção e aodesenvolvimento dos seus objetivos sociais. Ainda em seu artigo décimo segundo, assegurou odireito a imunidade onde "[...] a instituição de educação ou de assistência social que preste osserviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, emcaráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos".
A Lei 9.637 de 1998 (BRASIL, 1998) dispos a qualificação de entidades como organizaçõesSociais (OSs) sendo: as "pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividadessejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção epreservação do meio ambiente, à cultura e à saúde". Criadas para prestar serviços sociais decaráter públicos e podem receber recursos do Estado para exercer suas atividades.
Avançando, ainda mais, a Lei 9.790 de 1999 (BRASIL, 1999), instituiu juridicamente asOrganizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) que são pessoas jurídicas dedireito privado sem fins lucrativos, porém não podem receber repasse do Estado, e com o PoderPúblico, instituiu o termo de parceria: "considerado o instrumento passível de ser firmado entre oPoder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de InteressePúblico destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e aexecução das atividades de interesse público previstas".
E, mais recentemente o Código Civil (BRASIL, 2002) caracterizou como pessoas jurídicas dedireito privado, as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, ospartidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
O reconhecimento social e legal do terceiro setor é um elemento importante para o seudesenvolvimento, não apenas pelo maior envolvimento das pessoas, que remete a uma postura deemancipação dos cidadãos, como também pelos avanços obtidos em termos de tratamentojurídico. Com a possibilidade das organizações do terceiro setor serem reconhecidas como semfins lucrativos abre caminho para um conjunto de benefícios fiscais, como imunidade fiscal eisenção de contribuições, a incentivos governamentais, recebimento de doações, que podem serpleiteados em nome de ações e projetos de interesse público desenvolvidos por essasorganizações (MENDES, 1999).
Como exemplo, a Constituição Federal (BRASIL, 1988), determina na alínea c do inciso VI deseu artigo 150 que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituirimpostos sobre patrimônio, renda ou serviços das instituições de educação e de assistência social,sem fins lucrativos. Ainda, o parágrafo 7°do artigo 195 trata da isenção de contribuição para aseguridade social das entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigênciasestabelecidas em lei.
 2.2. Caracterização do Terceiro Setor
Como já destacado, Terceiro Setor é o termo que vem sendo utilizado mais formalmente, aocontrário da denominação ONG. "A origem da expressão [...] está na nomenclatura do sistema derepresentações das Nações Unidas. Chamou-se assim às organizações internacionais que, emboranão representassem governos, pareciam significativas o bastante para justificar uma presençaformal" (FERNANDES, 1997, p.27). Fernandes (1997), ainda, diz que hoje se fala das"organizações da sociedade civil" (OSC) como um conjunto que, por suas características,distingue-se não apenas do Estado, mas também do mercado.
Como características básicas as organizações componentes do terceiro setor, conforme Salamon(1998) apresentam cinco aspectos básicos: a) são organizações estruturadas; b) estão localizadasfora do aparato formal do Estado; c) que não são destinadas a distribuir lucros auferidos com suasatividades entre os seus diretores ou entre um conjunto de acionistas; d) são autogovernadas; e)por natureza envolvem os indivíduos em um significativo esforço voluntário.
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A característica estruturação organizacional é atribuída "a expansão geográfica de suas áreas deatuação, assim como, a busca por recursos financeiros, capacitação de pessoal, gestão derecursos, articulações com outros setores da sociedade [...] [que] impulsionaram essas entidadesna direção de uma gestão mais organizada e estruturada" (CUNHA; ALBUQUERQUE;CABRAL, 2011, p.387).
Quanto a estar localizada fora do aparo formal do Estado, Salamon (1998) explica que talcaracterística decorre das razões de seu surgimento, resultante do esforço de superação da própriasociedade em relação às várias crises e reformas da sociedade. O primeiro impulso para ocrescimento da ação voluntária foi a política do welfare state e sua crise, que gerou:
[...] pressões para expandir os serviços governamentais, com seus gastos superando adisposição dos contribuintes em pagar por tais serviços. Mais do que simplesmenteproteger os cidadãosdos riscos, o welfare state estava, na opinião de vários políticos eanalistas, reprimindo a iniciativa, absolvendo as pessoas da responsabilidadeindividual e estimulando a dependência da população em relação ao Estado(SALAMON, 1998, p. 8).
 Devido ao aumento populacional e a crescente marginalização da população menos favorecida,levando muitos a fazer parte da pobreza extrema, iniciativas populares começaram a buscar aauto-ajuda em um desenvolvimento comunitário. "O resultado é um crescente consenso arespeito das limitações do Estado como agente de desenvolvimento e das vantagens dodesenvolvimento das instituições do Terceiro Setor para superar essa deficiência" (SALAMON,1998, p.8).
Em relação à terceira característica, não são destinadas a distribuir lucros auferidos com suasatividades entre os seus diretores ou entre acionistas, esta diz respeito a uma lógica inversa acapitalista. O lucro não é o resultado final da instituição, mas sim, a necessidade atendida. Opressuposto, sem fim lucrativo, é um elemento essencial e importante do terceiro setor, levado ao"[...] 'ao pé da letra' [...] para que não haja dúvidas entre possíveis fraudes, os diretores nãopodem sequer receber remuneração por meio de salário. Quando uma organização desaparece,seus bens devem ser doados para outra organização do mesmo gênero" (MURARO; LIMA, 2003,p. 83).
Ainda, são organizações que se autogovernam, porque nem o Estado e nem o Mercado participamativamente de suas lutas. Quem fica a frente dos movimentos e de suas iniciativas são as pessoasque estão presentes no dia-a-dia da fundação ou sociedade, ou seja, seus gestores, diretores emembros aderentes à causa (SALAMON, 1998). 
Como última característica, o Terceiro Setor se evidencia pelo engajamento voluntário daspessoas em torno de um ou mais propósito ou princípios, consistindo em um espaço deemancipação e cidadania. Entre seus envolvidos, estão os agentes voluntários, que sedisponibilizam em prestar assistência, por meio do seu trabalho voluntário, estimulando ofuncionamento diário deste setor independente. "O voluntário precisa ter consonância com amissão institucional, preparo psicológico, disposição, um mínimo de competência nas áreas emque irá atuar e comprometimento necessário e constante" (PEREIRA, et al., p.175, 2013). Ainda,constituem um espaço propício para a aplicação e o desenvolvimento de Tecnologias Sociais.
Cabe destacar que as organizações do Terceiro Setor serão sempre, em termos jurídicos, umaassociação ou uma fundação. As associações são entidades que constituem um grupo de pessoascom uma finalidade em comum, perseguindo fins não lucrativos. Já as fundações são reserva depatrimônios para fins humanos desejados (PRO BONO, 2005, p. 8). De acordo com a Lei nº
10.406/2002, do Código Civil o parágrafo único do artigo 62 a diante sobre as fundaçõesdestaca-se, que "A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturaisou de assistência" (BRASIL, 2015d).Contudo, é comum a utilização de outras terminologias queconfiguram desdobramentos dos termos jurídicos, como destaca Muraro e Lima (2003, p.82-83)em sua categorização:
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Associação: representa organizações que exercem atividades comuns ou defendeminteresses comuns ou mútuos. É uma organização voltada aos interesses dos própriosparticipantes, compreendendo uma grande variedade de objetivos e atividadesrecreativas, esportivas, culturais, artísticas, comunitárias e profissionais.
Organizações filantrópicas, beneficentes e de caridade: são organizações voltadas àfilantropia: (assistencialismo no auxílio a pobres, desvalidos, desfavorecidos,miseráveis, excluídos e enfermos). [...] O que caracteriza estas organizações são a boavontade, solidariedade, espírito fraterno e serviço à comunidade. Estas são asorganizações mais freqüentes do terceiro setor e apresentam um alto índice deconfiabilidade.
Organizações não governamentais: [...] a rigor, a ONG difere das organizaçõesfilantrópicas por não exercer nenhum tipo de caridade, chegando até a se posicionarcontra esta atitude. A ONG luta pelo direito e pela igualdade de todos.
Fundações privadas: [...] é uma categoria de conotação essencialmente jurídica. Acriação de uma fundação se dá, segundo o Código Civil, pelo instituidor, que atravésde uma escritura ou testamento, destina bens livres, especificando o fim a seralcançado."
Independente da terminologia utilizada, diversos autores como: Muraro e Lima (2003), Fernandes(1997), Salamon (1998), Falconer (1999) e Mendes (1999), concordam que o Terceiro Setorvisam igualdade de direitos, valor ao próximo, exercício de cidadania e democracia, além deajudar o Estado em seus objetivos. Em sua função social passa a acolher uma minoria em prol dabeneficência, por meio da vivência de princípios e valores morais. O papel do Terceiro Setor emmeio à sociedade é garantir que todos busquem, juntos, um melhor convívio comunitário.Contribuem para o surgimento de uma concepção mais integrada entre direitos e políticaspúblicas
Por fim, evidencia-se o potencial da "[...] proliferação desses grupos [que] pode alterarpermanentemente a relação entre os Estados e seus cidadãos, com impacto muito maior do que osresultados dos serviços para os quais foram criados [...] unificando ainda mais a relação e osinteresses entre Estado e a população" (SALAMON, 1998, p.5).
3. Procedimentos metodológicos
São apresentados aqui os procedimentos que foram utilizados na realização da pesquisa quederam origem ao conteúdo deste artigo. Para tanto, são delineados mediante as seguintesclassificações: objetivo, tipo de pesquisa e estratégia.
Quanto a problematização e objetivo, buscou-se por meio da pesquisa, responder a seguintepergunta: quais os desafios enfrentados pelas organizações componentes do terceiro setor? Eassim identificar os desafios enfrentados por essas organizações. Neste sentido a pesquisacaracteriza-se como aplicada, devido ao cunho prático de sua orientação.
Quanto ao tipo da pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois para o atendimento de seuobjetivo, foi necessário descrever e analisar as situações que se apresentam como desafios ourestritivas a ação do fenômeno, enquadrando-se das definições dadas por Richardson (1999) eTrivinõs (2010) a respeito da aplicação da pesquisa descritiva.
Como estratégia foi empregada a análise bibliográfica, uma vez que as fontes de dados utilizadasconstituíram-se de literatura de referências, como livros e artigos científicos (LAKATOS,MARCONI, 2003), considerado a necessidade da legitimação acadêmica das informações. Osautores pesquisados foram Dias (2010), Falconer (1999), Mendes (1999), Salamon (1998), entreoutros.
Ainda, cabe destacar, a título de agradecimento, que a pesquisa foi financiada com recursos daFundação Araucária, órgão de fomento ligado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino
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Superior do Paraná, mediante Programa de Iniciação Científica, vinculado a UniversidadeEstadual do Norte do Paraná (UENP).
4. Análise de Dados
Apresentadas as análises de dados realizadas no estudo. A priori, mediante uma abordagemqualitativa, são enfatizados aspectos singulares de cada desafio, e a posteriori, por meio de umaabordagem quantitativa, é elencando um rol de diversos desafios, identificados na literatura, e suavinculação com as obras utilizadas.
Como já destacado, o conjunto de organizações sem fins lucrativos, enquanto setor econômico éum fenômeno recente, assim como, os estudos que buscam compreender as característicassignificativas que o distingue em relação aos demais.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012) em parceria com o Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (IPEA) constatou que no ano de 2010, existiam oficialmente 290,7mil Fundações Privadas e Associaçõessem Fins Lucrativos no Brasil, registrando, assim, umaparticipação expressiva desse conjunto na economia do país. Ainda, foi constatado que a maiorparte, 46,5%, foram criadas no período de 1981 a 2000 e 40,8% entre 2001 a 2010. A considerara brevidade do fenômeno é evidente a necessidade de compreender suas dificuldades e desafios.
Salamon (1998, p. 9) afirma que, apesar de ser um setor crescente com maior visibilidade a cadadécada , este
[...] ainda não está claro quão efetivamente ele é capaz de reagir às oportunidadespresentes. Mesmo com o seu recente dinamismo, esse setor permanece vulnerável avárias tensões internas e repressões externas. Além disso, várias percepções errôneas aseu respeito limitam sua capacidade de lidar efetivamente com os seus verdadeirosdesafios (SALAMON, 1998).
Neste sentido, destaca-se os seguintes enfrentamentos: captação de recursos, manutenção de suaestrutura, compromisso social, prestação de contas à sociedade, gestão efetiva, participação dosmembros, entre outros.
Por serem organizações que não visam lucros, isso não quer dizer que não tenham que sepreocupar com receitas, sejam elas: doações, contribuições ou subvenções (CALEGARE,PEREIRA, 2012). Como toda organização, existem custos de manutenção de funcionamento quedevem ser liquidados periodicamente e para tanto requer a existência de receitas, sejam elasdecorrentes de uma atividade econômica, como no caso de associações e cooperativas ligadas aatividades produtivas, como de doações oriundas dos próprios elementos da organização ou deparcerias com o Segundo Setor e as vezes com ajuda financeira do Estado.
O que se observa é que a "[...] captação de recursos para as organizações do Terceiro Setor [...] éuma das exigências mais complexas e um dos maiores desafios" (SOARES, MELO, 2010, p.5)que seus responsáveis enfrentam; "[...] é, portanto, uma tarefa altamente complexa e demandantede uma variedade de técnicas e conhecimentos. Ganhar dinheiro, para as organizações sem finslucrativos, é subsidiário ao propósito de prover algum bem ou serviço" (O' NEILL, 1998 apudFALCONER, 1999, p. 14) e não pode ser negligenciada.
O recurso financeiro, além de estar ligado ao desafio da captação, diz respeito diretamente aoproblema da manutenção da organização. Uma boa causa não se sustenta apenas com boavontade, mas, também, com recursos financeiros, transformados em uma infra-estrutura de apoioa causa, além das pessoas. Neste sentido, as organizações podem lançar mão de algumasalternativas, respeitando suas características, como: doações de materiais e equipamentos, [...]"obtenção de incentivos fiscais, doações mediante renúncia fiscal de empresas, realização deprestação de serviços, acesso a programas governamentais, comercialização de produtos,obtenção de linhas institucionais de financiamento e obtenção de recursos através de parceriasempresariais" (DIAS, 2010, p. 70). Ainda, como alternativa, o recebimento de produtos
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aprendidos pela Receita Federal e sua posterior comercialização tem sido uma opção eficiente deobtenção de recursos financeiro.
Por outro lado, o emprego da parceria público-privada aplicada ao terceiro setor permitiria, alémda manutenção da organização, a redução do ineficiente papel do Estado na execução daspolíticas sociais. "Sob essa ótica, prevalece o entendimento de que, por um lado, sendocompetitivos esses serviços serão mais eficientes do que os prestados pelas agências estatais; poroutro, sendo públicos [...] mais confiáveis do que os das empresas privadas na prestação deserviços, sobre os quais a informação é limitada" (PERONI, OLIVEIRA, FERNANDES, 2009, p.767).
Para que haja o desenvolvimento de uma organização não lucrativa, esta dependerá de comoconsegue equilibrar seu compromisso social em relação às demais instituições, sejam elas doprimeiro, segundo ou terceiro setor propriamente. "Para que as emergentes organizações doTerceiro Setor sejam levadas a sério pelos outros, no entanto, elas devem primeiro levar-se asério" (SALAMON, 1998, p.10-11), ou seja, por ser um setor onde o voluntarismo e oprofissionalismo se faz presente no mesmo campo, as organizações devem dar importânciatambém aos limites de sua informalidade, além da institucionalização necessária para transformarum projeto com pouca visão em realizações concretas.
Apesar de seu compromisso social surgir de iniciativas voluntárias, isso não quer dizer que "asentidades [sem fins-lucrativos] são desobrigadas a prestar contas de seu desempenho, de suasações desenvolvidas, de seus serviços oferecidos e a forma como seus recursos estão sendoutilizados [...] aos vários envolvidos: membros, voluntários, clientela, fontes financiadoras"(ALMEIDA, FERREIRA, 2006, p. 5). Quanto maior a prestação de conta de suas ações, maisreconhecimento e credibilidade a organização terá diante de seus públicos, assegurando sualegitimidade, destaca Almeida e Ferreira (2006).
Outro desafio, além dos destacados, diz respeito ao papel da liderança na organização do terceirosetor, que de modo geral é fraco; "[...] isto ocorre porque muitos daqueles que criam asorganizações não se identificam com os conceitos e práticas tradicionais de managementadministração [...] elas tendem a ter uma atitude anti-management, e isto ocasiona [sérios]problemas" (THEUNIS, 1992 apud FALCONER, 1999, p.10) em relação à efetividade das açõesempreendidas.
Conforme Soares e Melo (2010, p. 4) "o Terceiro Setor está exigindo [...] de seus gestores, parasua efetividade e consolidação, a configuração de seu campo gerencial como uma prática social, oque implica dizer que a gestão deve ter uma concepção mais realista, flexível e integrada darealidade". Sendo esta a razão de muitas fracassarem, já que seus gestores não se empenham emorganizar e estruturar as atividades da instituição.
Além da gestão, outro desafio diz respeito a atuação das pessoas que formam a organização: "noterceiro setor, uma parcela do trabalho é realizada por voluntários não-remunerados. O tipo deatividade realizada, o nível de qualificação dos trabalhadores e a forma de remuneração diferemno terceiro setor da realidade do Mercado e do Estado" (O'NEILL, 1998 apud FALCONER,1999, p.14), pois "muitos desses voluntários, encaram o trabalho nessas organizações como umacarreira paralela às suas atividades remuneradas" (DRUCKER, 1988 apud CERVILA;DRAGONE, 1999, p. 12). O ideal é que independente da situação do participante, voluntário ounão, deve haver comprometimento dos altruístas com a instituição e, também, solidariedadecomunitária, para receber melhor as pessoas e ter maior adesão no objetivo do projeto.
Embora, o Terceiro Setor "[...] não se caracterizar, evidentemente, por investimentos intensivosde capital" (FERNANDES, 1997, p. 30), suas organizações requerem grandes investimentoshumanos, de seus participantes, em prol de sua causa, sendo necessário canalizar seus esforçospara superar suas restrições de capacitação profissional. Acerca disto, Salamon (1998) destacaque "[...] com sua pequena escala, flexibilidade e capacidade de canalizar a participação popular,as organizações privadas sem fins lucrativos estão melhor capacitadas para preencher o espaço"
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(SALAMON, 1998, p.5) no atendimento de demandas sociais que o primeiro e o segundo setornão podem.
Complementando a análise dos desafios foram identificadas 20 obras que abordam o tema eclassificadas em relação ao foco dado: problemas internos (tabela 2) e problemas externos (tabela3). A tabela 1 apresenta a relação dos autores, precedido do ano de sua obra, e seu código dereferência (vínculo) em relação às tabelas 2 e 3.
Tabela 1 - Autores identificados que trabalharam a temática desafio do terceiro setor
Autores Ref. Autores Ref.
Fernandes, 1997 1 Carvalho, et AL., 2007 11
Salamon, 19982 Soares e Melo, 2010 12
Falconer, 1999 3 Dias, 2010 13
Bndes, 2001 4 Silva, 2010 14
Madeira e Biancardi, 2003 5 Thibes e Neto, 2011 15
Muraro e Lima, 2003 6 Cunha, Albuquerque e Cabral, 2011 16
Teodósio, 2004 7 Carvalho e Fadul, 2012 17
Liberman e Carrion, 2006 8 Assis, Viegas e Ckagnazaroff, 2012 18
Assumpção e Campos, 2011 9 Pereira, et al., 2013 19
Costa e Santos, 2007 10 Oliveira e Borges, 2013 20
Fonte: Pesquisa, 2015
Em relação aos problemas internos (tabela 2), os desafios mais destacados na literatura foram osrelacionados aos problemas de: gestão administrativa, envolvimento dos membros eprodutividade dos projetos e ações, que diz respeito a efetividade da organização. Essesproblemas, além da sua maioria quantitativa, tem se destacado pela sua periodicidade naliteratura, reforçando a importância de seu enfrentamento.
Tabela 2 – Desafios Internos enfrentados pelas organizações do Terceiro Setor
Desafios Internos Código de Referência Total1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Gestão
Administrativa X X X X X X X X X X X X X X X 15
Envolvimento
dos membros X X X X X X X X X X X 11
Projetos/ações/
produtividade X X X X X X X X X X X 11
Falta de
informações X X X X X 5
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sistematizadas
Restrições
estruturais X X X X 4
Adequação de
conformações
jurídicas X X X X X X X 7
Combate ao
auto-interesse X X 2
Conflitos
hierárquicos X X 2
Redefinição de
suas funções
tradicionais X X X 3
Sustentabilidade X X X X X X X 7
Falta de
profissionalização X X X X X 5
Perda do foco
principal X X 2
Fonte: Pesquisa, 2015
Quanto aos desafios externos (tabela 3), captação de recursos e formação de parcerias, foram osmais mencionados na literatura, seguidos de: reconhecimento e legitimidade e conflito dequestões sociais.
Tabela 3 – Desafios Externos enfrentados pelas organizações do Terceiro Setor
Desafios Externos
Código de Referência Total1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Captação de
recursos X X X X X X X X X X X X X X X 15
Reconhecimento
e legitimidade X X X X X X X 7
Articulações com
outros setores X X X X 4
Formação com
parcerias X X X X X X X X X X X X 12
Conflito de
questões sociais X X X X X 5
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Recrutamento de
novos membros X X X X 4
Concorrência por
recursos X X X 3
Fonte: Pesquisa, 2015
Por fim, "todas as organizações têm valores próprios, mas em nenhum setor os valores são tãocentrais ao propósito quanto no terceiro setor" (O'NEILL apud FALCONER, 1999), o que denotaum grande potencial de intervenção social por parte dessas organizações. Por ora, "[...] como seráa evolução do setor dependerá, em grande parte, de quão bem compreendidos serão os mitos aseu respeito, como equilibrará os compromissos com que se depara e como reagirão outrasinstituições" (SALAMON, 1998, p. 9).
5. Conclusão
Percebe-se que diante de um novo cenário, que as pressões "postas" em cima do Terceiro Setor,brasileiro, tem sido cada vez maiores, porém ainda há um rompimento intenso entre a políticapública das instituições e sua eficiência. Apesar das prestações de conta de algumas organizações,o Terceiro Setor ainda é um setor de grande promessa.
Sabe-se que a "expansão geográfica de suas áreas de atuação, assim como a busca por recursosfinanceiros, capacitação de pessoal, gestão de recursos, articulações com outros setores dasociedade, somados a outros desafios, impulsionaram essas entidades na direção de uma gestãomais organizada e estruturada" (CUNHA, ALBUQUERQUE JR, CABRAL, 2011, p.387).
Em uma boa gestão de organizações sem fins lucrativos os administradores precisam "encontrarsoluções para os problemas públicos através da gestão de relacionamentos colaborativoscomplexos que se estabelecem entre os setores e que tendem a se tornar mais comuns em todo omundo" (SALAMON, 1998apudFALCONER, 1999).
Considerando os dados analisados é possível concluir que se por um lado muitos são os desafiosenfrentados pelas organizações do Terceiro Setor, por outro eles existem e são percebidos comotal em função do crescimento e desenvolvimento deste fenômeno, que se torna imprescindível detal modo ao atendimento de demandas marginalizadas, a ser considerado como alternativa deintervenção social e tratada, não raras vezes, como política pública.
Por fim, espera-se contribuir, com o presente conteúdo, no debate sobre o fenômeno TerceiroSetor, no que diz respeito a sua realidade e potencialidade no cenário brasileiro. 
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