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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI- ÁRIDO Departamento Ciências Ambientais e Tecnológica Disciplina – Mecânica dos Solos. Professor: Francisco Alves da Silva JúniorProfessor: Francisco Alves da Silva Júnior Tensões nos solos Mossoró, 27 de Abril de 2011 Tensões nos solos � 1.0 Tensões em um meio particulado O efeito cargas aplicadas aos solos, assim como, os efeitos de carregamento devido ao seu peso próprio e de camadas superiores, gera tensões. Estas tensões são transmitidas no interior do maciço de pelos contatos entre os grãos, pois os solos são constituídos de partículas e vazios, além das suportadas pela eventual água presente nos vazios entre os grãos. Transmissão de cargas Partículas maiores com as três dimensões são proporcionais como (Pedregulho, areias e siltes) Transmissão de cargas Contato direto grão a grão Partículas menores (argilominerais), grande número de partículas, forças de contato são pequenas Contato entre a camada dupla Ambos a transmissão ocorre entre os contatos (áreas muito reduzidas em relação a área total envolvida). Tensões nos solos � 1.0 Tensões em um meio particulado Corte plano (P) – intercepta grãos e vazios, e eventualmente uns poucos contatos, o que difere do plano Q (entre os contatos) Considerando uma placa no interior do solo (Figura) – representação simplificada, pois o plano do papel não possui condições de representar todos os contatos, assim como um plano secionaria vários grãos e não nos pontos de contatos. PlacaDiversos grãos transmitirão forças (F) as placas Forças Tangenciais (T) e Normais (N) a placa Tensões nos solos � 1.0 Tensões em um meio particulado Pela impossibilidade de desenvolver modelos matemáticos com base nestes inúmeros contatos (forças), a ação é substituída pelo conceito de tensões Tensão Normal (σσσσ) Tensão cisalhante (ττττ) Como a área da seção transversal do solo é muito maior que a área real de contato Como a área da seção transversal do solo é muito maior que a área real de contato entre os grãos (Figura) --- restringe-se que as tensões reais de contato são muito maiores que as tensões calculadas. Estas, raramente na Engenharia chegarem a valores da ordem 1MPa e as tensões reais podem atingir valores de 700MPa. Tensões nos solos � 2.0 Tensões devido ao peso próprio do solo Nos solos ocorrem tensões devido ao seu peso próprio e carregamentos aplicados. Na análise do comportamento dos solos, as tensões devido ao peso do solo têm valores consideráveis. Considerando a superfície do terreno como horizontal, aceita-se que a tensão atuante num plano horizontal qualquer, a uma certa profundidade, seja normal ao plano, não havendo tensão de cisalhamento neste plano. As resultantes das forças tangenciais emhavendo tensão de cisalhamento neste plano. As resultantes das forças tangenciais em cada contato tendem a se contrapor, anulando a resultante. Tensões nos solos � 2.0 Tensões devido ao peso próprio do solo Considerando uma camada de solos acima no nível da água, tem-se que as tensões são expressas em termos totais ou tensão total, sem a parcela da pressão da água. Ou seja, nestes casos, a água não afeta o estado de tensões. Onde: h representa a espessura da camada de solo correspondente ao peso específico γγγγn. Tensões nos solos � 2.0 Tensões devido ao peso próprio do solo Considere o esquema abaixo e calcule a tensão total vertical para o solo com γγγγn = 16 kN/m3. Areia fofa γγγγn = 16 kN/m3. σσσσ (kPa). 16 32 48 1 2 h (m) 2 3 Profundidade (m) Peso específico do solos (KN/m3) Tensão vertical (Kpa) 1 16 16 = 1x16 2 16 32 = 2x16 3 16 48 = 3x16 Tensões nos solos � 2.0 Tensões devido ao peso próprio do solo Quando o solo é constituído de camadas horizontais, a tensão vertical resulta da somatória do efeito de cada uma delas. Veja o diagrama abaixo: Areia fofa γγγγn = 16 kN/m3. σσσσ (kPa).48 9016 32 69 1 2 Pedregulho γγγγn = 21 kN/m3. Profundidade (m) Peso específico do solos (KN/m3) Tensão vertical (Kpa) 1 16 16 2 16 32 3 16 48 4 21 69 = 48+(1x21) 5 21 90 = 48 + (2x21) h (m) 3 4 5 Tensões nos solos � 3.0 Pressão neutra e tensão efetiva A tensão devida apenas ao peso próprio, em que não há carregamento externo é denominada de tensão GEOSTÁTICA. Em perfis de solos acima do NA, não tem-se o efeito da pressão da água. Todavia, em horizontes submersos (abaixo do NA), a água no interior dos vazios estará sob uma pressão que independe da porosidade, e sim da profundidade em relação ao NA. O contato entre os grãos diminui e tem-se parte da carga suportadarelação ao NA. O contato entre os grãos diminui e tem-se parte da carga suportada pela água. Assim, surgem tensões aplicadas apenas nos grãos (efetivas) e no conjunto solo+água (totais). Neste plano a pressão da água é chamada de poro- pressão ou pressão neutra (u). Tensões nos solos � 3.0 Pressão neutra e tensão efetiva Terzaghi observou que a tensão normal total num plano qualquer deve ser considerada como a soma de duas parcelas: 1 – A tensão transmitida pelos contatos entre as partículas - tensão efetiva (σσσσ’); 2 – Pressão da água – poro-pressão ou pressão neutra (u); A partir desta constatação, Terzaghi estabeleceu o PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS: 1. A tensão total efetiva, para solos saturados, pode ser expressa por: 2. Todos os efeitos mensuráveis resultantes de variação de tensões nos solos, como compressão, distorções e resistência ao cisalhamento são devidos a variação de tensões efetivas. Tensões nos solos � 3.0 Pressão neutra e tensão efetiva Considere o esquema abaixo: Ocorre aumento de tensão total (σσσσ) com igual aumento de poro- pressão (u) - solo não se deforma (partículas incompressíveis a nível de engenharia); Ocorre aumento de tensão total (σσσσ) sem igual aumento de poro- pressão (u) – solo se deforma (efeito efetivo – aumento de tensão efetiva - σσσσ’. Ocorre expulsão da água nos vazios); Ao se elevar o NA, sem variar á superfície do solo, a tensão total (σσσσ) será aumentada do valor de acréscimo de poro-pressão (u). A pressão nos vazios seriam majoradas neste mesmo valor e o solos não se deformam – o acréscimo de pressão foi neutro. Tensões nos solos � 3.0 Pressão neutra e tensão efetiva Efeito da poro-pressão: Se um carregamento é feito na superfície do terreno, as tensões efetivas aumentam, o solo se comprime e a água é expulsa dos vazios. Todavia, se o NA numa lagoa se eleva, o aumento da tensão total provocado pela elevação é igual ao aumento da pressão neutra nos vazios e o solo não se comprime. Uma porção de solo submerso no mar estará sob o mesmo efeito de tensão efetiva, a qualquer profundidade, estando a 10 m ou 4 km de profundidade. Quando uma arraia ou tubarão passa próximo a superfície do terreno, no fundo dos oceanos, pode-se notar a elevação de partículas de areia. Comprovando que as areias podem estar fofas (não comprimidas) sob grandes camadas de água – efeito neutro. Tensões nos solos � 3.0 Pressão neutra e tensão efetiva Considere o perfil abaixo: σσσσ(kPa). σσσσ NA γγγγn = 19 kN/m3. 0 -1 -2 -3 h (m) σσσσu σσσσ’ γγγγn = 16 kN/m3. γγγγn = 21 kN/m3. -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10 Tensões nos solos � 3.0 Pressão neutra e tensão efetiva Tabela de cálculo Solo Peso específic o (kN/m3) Profundid ade (m) h (m) NA Cálculos Tensão total, σσσσ (kPa) Poro- pressão, u (kPa) Tensão efetiva, σσσσ’ (kPa) 19 1 1 0 19 x 1 19 0 19 19 2 2 1 19 x 2 38 10 28 Areia fina 19 2 2 1 19 x 2 38 10 28 19 3 3 2 19 x 3 57 20 37 Argila mole 16 4 1 3 57 = 1 x 16 73 30 43 16 5 2 4 57 = 2 x 16 89 40 49 16 6 3 557 = 3 x 16 105 50 55 16 7 4 6 57 = 4 x 16 121 60 61 Pedregulho 16 8 1 7 121 = 1 x 21 142 70 72 21 9 2 8 121 = 2 x 21 163 80 83 21 10 3 9 121 = 3 x 21 184 90 94 Sugestão de atividade – fazer a memória de cálculo da tabela Tensões nos solos � 3.0 Tensão efetiva – peso específico submerso (γγγγsub) γγγγsub = γγγγsat- γγγγw Solo Peso específico (kN/m3) Profundidade (m) NA Peso específico submerso (kN/m3) Cálculos Tensão efetiva, σσσσ’ (kPa) Areia fina 19 1 0 19 1 x 19 19 19 2 1 9 19 + 1x(19-10) 28Areia fina 19 2 1 9 19 + 1x(19-10) 28 19 3 2 9 19 + 2x(19-10) 37 Argila mole 16 4 3 6 37 + 1x(16-10) 43 16 5 4 6 37 + 2x(16-10) 49 16 6 5 6 37 + 3x(16-10) 55 16 7 6 6 37 + 4x(16-10) 61 Pedregulho 21 8 7 11 61 + 1x(21-10) 72 21 9 8 11 61 + 2x(21-10) 83 21 10 9 11 61 + 3x(21-10) 94 Sugestão de atividade – fazer a memória de cálculo da tabela Tensões nos solos � 4.0 Ação da água capilar no solo Capilaridade Fenômeno que ocorre em tubos de pequeno diâmetro onde a água se movimenta no sentido contrário ao da gravidade até atingir uma altura hc (altura capilar). Tensões nos solos � 4.0 Ação da água capilar no solo Teoria capilar: a água apresenta comportamento diferenciado na superfície em contato com o ar, em virtude da orientação das moléculas, ao contrário do que ocorre no interior do maciço (moléculas envoltas por outras moléculas). Tensão superficial – Tensão de membrana. Tensão superficial (T) É um efeito que ocorre na camada superficial de um líquido que leva a sua superfície a se comportar como uma membrana elástica. As moléculas situadas no interior de um líquido são atraídas em todas as direções pelas moléculas vizinhas e, por isso, a resultante das forças que atuam sobre Tensões nos solos � 4.0 Ação da água capilar no solo e, por isso, a resultante das forças que atuam sobre cada molécula é praticamente nula. As moléculas da superfície do líquido, entretanto, sofrem apenas atração lateral. Esta força para o lado e para baixo cria a tensão na superfície, que faz a mesma comportar-se como uma película elástica Tubo capilar No contato com outras superfícies as forças resultantes de adesão geram uma curvatura na superfície da água. Superfície curva diferença de pressão. Tensões nos solos � 4.0 Ação da água capilar no solo Superfície água-ar Curvatura em função Pressão interna maior que externa Ascensão capilar (hc) Tensão superficial Tipo de material e limpeza. Altura capilar (hc) T – tensão superficial – água = 0,073N/m 2; r – raio do tubo capilar ≠ raio dos grãos; γγγγw – peso específico da água = 10 kN/m3 Exemplos: Diâmetro dos tubos (mm) Altura capilar – hc 1 3,0 cm 0,1 30,0 cm 0,01 3,0 m Tensões nos solos � 4.0 Ação da água capilar no solo Nos solos a ascensão capilar segue o mesmo. Para melhor compreensão do fenômeno da capilaridade é possível partir da idéia de que poros, entre os grãos dos solos, formam canalículos capilares verticais – Poros (vazios) tubos capilares; – hc depende raio dos vazios (r): ↓↓↓↓ R hc ↑↑↑↑ A pressão da água (pressão neutra – u) na superfície é a pressão atmosférica (referência zero). A profundidades crescentes, a pressão Tensões nos solos � 4.0 Ação da água capilar no solo neutra cresce com o produto entre esta altura (h) e o peso específico da água (h.γγγγw). Logo, a pressão neutra acima do nível livre da água é negativa de valor igual ao produto entre o peso específico da água e altura capilar (hc.γγγγw) . � 4.1 Pressão na água em meniscos capilares Acima do nível livre da água a pressão da água é de tração (negativa). Tensão efetiva σσσσ’ = tensão total (σσσσ) – pressão neutra (u), ou seja, Tensões nos solos (σσσσ) – pressão neutra (u), ou seja, σσσσ’ = σσσσ – u. A pressão neutra negativa (hc.γγγγw) ↑↑↑↑ Força de contato entre os grãos ↑↑↑↑ Tensão efetiva σσσσ’ --------- σσσσ’ = σσσσ - (- u’). σσσσ = h.γγγγh σσσσ’ = σσσσ + u’ h – profundidade do solo γγγγh – peso específico natural. � 4.2 Coesão aparente • A água em contato com o solo também tenderá a formar meniscos. Nos pontos de contato dos meniscos com os grãos evidentemente agirão pressões de contato, tendendo a comprimir os grãos. Estas pressões de contato (pressões neutras negativas) somam-se as tensões totais, fazendo com que a tensão efetiva realmente atuante seja maior que a total. Tensões nos solos Esse acréscimo de tensão proporciona um acréscimo de resistência conhecido como coesão aparente , responsável, por exemplo, pela estabilidade de taludes em areia úmida. APARENTE Saturação ou secagem do solo Efeito eliminado � 4.3 Pressão pelo efeito capilar A pressão neutra negativa (hc.γγγγw) ↑↑↑↑ Força de contato entre os grãos ↑↑↑↑ Tensão efetiva σσσσ’ --------- σσσσ’ = σσσσ - (- u). σσσσ’ = σσσσ + u Nível do solo (hc = 1,0 m): u = 10 . (-1) = - 10 kPa σ = 19 . 0 = 0 kPa σσσσ’ = 0 – (-10) = 10 kPa Nível da água (solo com profundidade Tensões nos solos Nível da água (solo com profundidade = 1,0 m): u = 10 . 0 = 0 kPa σ = 19 . 1 = 19 kPa σσσσ’ = 19 – 0 = 19 kPa Nível do solo à 3,0 m (água - h = 2,0 m): u = 10 . 2 = 20 kPa σ = 19 . 3 = 57 kPa σσσσ’ = 57 – 20 = 37 kPa � 4.4 Aplicação do conhecimento - capilaridade • Importância do conhecimento do efeito capilar: Na construção de pavimentos e aterros rodoviários: �Afeta estabilidade e durabilidade dos pavimentos. Neste caso, deve-se empregar materiais granulares de menor ascensão capilar. Tensões nos solos capilar. Sinfonamento capilar: �Percolação sobre uma barreira impermeável caso a altura capilar ultrapasse a crista dessa barreira; � Desestabilização.
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