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ELIADE, Mircea. O sagrado e profano. [Tradução Rogério Fernandes], São Paulo: Martins Fontes,1992. Pela acadêmica : Janaine Moreira dos Santos Resumo O Sagrado e o Profano Introdução: O Sagrado é algo que vai manifestar-se sempre como uma realidade inteiramente diferente das realidades naturais, na obra de Eliade especificamente, o autor vai estudar o sagrado em sua totalidade; estabelecendo a oposição deste com o profano. Em primeiro momento o autor fala sobre a manifestação do sagrado por meio do termo hierofania, desde a mais simples forma profana transmutada em sagrado (pedra, árvore,etc.) até uma hierofania suprema evidenciada na crença do Deus encarnado em Jesus Cristo(homem). Para Eliade, o sagrado é algo que esta fora do alcance de qualquer ser humano, ele é o mistério. Contudo, muitas vezes o objeto que por alguns é considerado sagrado não passe de um algo profano para outros. Há uma certa irrelevância por parte do homem moderno em aceitar essas manifestações sagradas (elementos da natureza), porém a pedra considerada sagrada não será adorada como objeto pedra mas transmitira uma revelação de algo sagrado, visto que ela passa então é justamente uma hierofania. Embora o objeto em parte sagrado, seja a mesma coisa como por exemplo uma pedra no meio em que se insere, não significa que para aqueles cujo os olhos a pedra é algo sagrado este então não possa adorá-la pois para quem tem experiencia religiosa toda a natureza pode parecer ou ser sacralizada. O Sagrado e o profano são duas situações existenciais assumidas pelo homem, eles dependem das diferentes posições que homem conquistou no cosmo. Para compreender a estrutura do espaço sagrado precisamos demonstrar através de exemplos precisos de como se constrói esse espaço e o que o diferencia do espaço profano que o cerca. É de grande valia que nos demos conta das comparações entre fatos religiosos e diferentes culturas: pois ambos os assuntos estão ligados ao fato do “Homo Religiosus”, pois a situação do homem no mundo está completamente carregada de valores sagrados em oposição ao profano. Resumo da Obra No Primeiro capítulo Eliade argumenta que para o homem religioso o espaço não é homogêneo, ele apresenta quebras, roturas. Há portanto um espaço sagrado que se difere dos outros; Quando o sagrado se manifesta por uma hierofania qualquer não só uma rotura na homogeneidade como também uma revelação absoluta, a hierofania revela então um “ponto fixo”, a revelação do espaço sagrado tem valor existencial para o homem pois nada começa sem uma orientação(ponto fixo). Na experiência profana o espaço é homogêneo e neutro, tal existência não se encontra no espaço puro. Mas embora o homem faça opção por uma vida profana, ainda trará com ele traços do comportamento religioso que não podem ser abolidos completamente. Na diferenciação do espaço religioso para o espaço profano podemos dizer que: o espaço sagrado é aquele que permite elaborar um ponto fixo, possibilitando uma orientação em meio ao “caos”, já o espaço profano mantém sua homogeneidade, o “ponto fixo” não é único ele aparece e desaparece segundo as necessidades. Contudo, mesmo o homem não religioso apresentará uma qualidade única quando atribuir valores a certos locais – sítio dos amores – que são “lugares sagrados” do universo privado, veremos então uma apropriação mesmo que de forma oculta as manifestações sagradas. Para evidenciar a não homogeneidade do espaço, podemos apelar para qualquer religião; tomando como exemplo uma igreja numa cidade moderna onde a porta da igreja delimita a distância entre os dois modos: sagrado e profano. A porta mostra a continuidade do espaço que é um grande simbolo religioso, pois o interior do mundo sagrado (igreja) é transcendido, o templo é então uma “abertura” para o alto um meio de comunicar-se com os deuses. Todo o espaço sagrado implica uma hierofania que destacará um território do meio cósmico que será envolvido e se tornará diferente. Muitas vezes não será preciso uma teofania ou hierofania apenas um sinal qualquer pode indicar a sacralidade do lugar. Quando não se tem um sinal os homens praticam o que pode ser chamado de evocation (com animais) afim de encontraram o lugar suscetível para acolher o santuário, ou seja, pede-se um sinal. Em seguida Eliade estabelece a diferenciação entre o caos e o cosmos, o autor compreende que o momento religioso implica no “momento cosmogônico”: o sagrado que revela uma realidade absoluta tornando possível uma orientação, fixando assim limites e estabelecendo a ordem cósmica. O caos seria então o território desconhecido, estrangeiro e desocupado e será apenas a partir do momento em que o homem o transforma simbolicamente que ele poderá se erigir como cosmos. O cosmos terá uma relação íntima com a consagração, pois a partir do momento em que se estabelece o cosmos, será preciso instalar-se uma consagração um contato com o transcendente, ao instalar-se um território é equivalente que se tenha uma consagração deste, pois é preciso organizá- lo e habitá-lo bem como atribuir a este uma santidade. A Coluna Cósmica só pode situar-se no próprio centro do Universo, pois a totalidade do mundo habitável espalhe -se a sua volta, ou seja, o que entra em questão aqui é o simbolismo de cada religião ou manifestação religiosa, pois o centro do mundo seria aquele que estaria mais próximo a Deus, como por exemplo para a religião católica o Vaticano. Eliade continua falando que o “verdadeiro mundo” encontra-se sempre no meio – centro – pois trata-se de um cosmos e o homem religioso irá procurar viver o mais perto possível deste meio, pois o universo origina-se então a partir desse centro e este estabelecerá um ponto central que será como seu “umbigo”. Porém nosso mundo sendo o “cosmos” se sujeitará a ataques e poderá voltar ao “caos”, o homem religioso procurará um meio de defender sua civilização a fim de que esta não caia na desordem. Segundo Eliade, para o homem religioso instalar-se num território é algo vital, pois trata-se de assumir a criação do mundo uma vez que se escolheu – o para habitá-lo. Independente a sociedade que se constitua a estrutura desta será santificada visto que o mundo é criação divina. Para concluir o primeiro capítulo Eliade argumenta que o mundo deixa se perceber como mundo, como cosmos a medida que se revela sagrado. No segundo capítulo Mircea Eliade vai discorrer sobre o tempo sagrado. Como o espaço o tempo sagrado não é para o homem religioso homogêneo e continuo há intervalos de tempos sagrados em oposição aos tempos considerados profanos. O tempo sagrado é por sua própria natureza é reversível, pois toda a festa religiosa remete-se a um evento que teve lugar num passado mítico. O homem religioso vive então em dois tempos do qual o mais importante o tempo sagrado é circular, reversível e recuperável numa espécie de eterno presente mítico que é reintregado pela linguagem dos mitos. Para o homem religioso moderno o tempo também apresenta descontinuidades pois apresenta-se o tempo do trabalho e o tempo do lazer e ainda presenciando vários outros tempos. O mundo é santificado e inserido num tempo sagrado. O ano novo se apresenta como a reatualização da cosmogonia, a restauração do tempo primordial, o tempo “puro”. O homem religioso esforça-se para voltar a seu tempo de origem – tempo cosmogônico – que será modelo para o tempo sagrado onde se manifestam-se os Deuses e as coisas divinas como a criação do mundo. A reatualização dos atos divinos constitui o calendário sagrado, o conjunto de festas, assim a medida que o homem religioso torna-se contemporâneo de seus deuses reatualiza o tempo primordial e realiza obras divinas e são essas reatualizações periódicasdos gestos divinos as festas religiosas que voltam a ensinar aos homens a sacralidade dos modelos. O homem religioso sente a necessidade de mergulhar por vezes no tempo sagrado, pois na festa ele reencontra a dimensão sagrada da vida e a santidade da existência humana como criação divina. No simbolismo do centro o homem busca viver o mais próximo possível dos Deuses. Estabelecer o tempo de origem o que se revive nas festas religiosas significa então tornar-se contemporâneo dos Deuses – viver na presença deles – embora esta seja misteriosa e invisível. A aproximação do mito com o sagrado se sucede pela fato de que o mito conta uma história sagrada, um acontecimento primordial e essa história sagrada equivale a revelar um mistério, pois as personagens do mito não são humanas: são deuses ou heróis civilizados. O mito é pois uma história que passou e descreve inúmeras vezes as irrupções do sagrado no mundo. O homem religioso assume na humanidade um modelo trans humano, transcendente, ou seja, só se reconhece verdadeiramente homem quando imita os Deuses, heróis, antepassados míticos. O homem religioso faz a si próprio ao aproximar-se dos modelos divinos. Em síntese Eliade apresenta-nos uma serie de ferramentas para analisar a oposição entre sagrado e profano e entender como o sagrado se forma e se perpetua no mundo, desde as hierofanias até o tempo sagrado em sua suma diversificada, e suas várias formas de ser apresentado.
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