
Economia Regional e Urbana
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políticas regionais e do pensamento regional no Brasil (Parte II: Formação e Evolução do Planejamento Regional no Brasil); e uma terceira, com metodologias para abordar a questão regional e urbana (Parte III: Métodos Aplicados à Análise Espacial). A primeira parte do livro se inicia com um texto de Jacques Thisse, que traz uma visão histórica da economia urbana e regional. Ele classifica três di- ferentes abordagens em economia urbana e regional: a primeira iniciada por Von Thünen, base para a economia urbana; a segunda seguindo a linha de Hotteling, sobre interação estratégica de firmas; e uma terceira, a concorrência monopolística no qual o grande expoente é Paul Krugman. Com esta visão pessoal, o professor Thisse nos oferece uma excelente revisão da produção na temática regional e urbana. O texto traz ainda uma discussão sobre caminhos futuros para a pesquisa na área, defendendo uma maior interação entre os diversos campos e abordagens. 12 Economia regional e urbana No capítulo 2, Luiz Ricardo Cavalcante e Leonardo Monasterio apresentam ao leitor os fundamentos do pensamento econômico regional, detalhando os traba- lhos dos autores clássicos que sedimentaram as bases para a construção teórica da economia regional e urbana.3 Duas linhas mestras conduzem o capítulo. De um lado aprofundam-se as propostas da chamada escola alemã (Thünen, Weber, Christäller e Lösch), sintetizada por Isard. De outro, analisam-se, sob a ótica regional, as teorias do desenvolvimento e aglomeração. Neste sentido, discutem-se polos de aglomera- ção, “mecanismos de causação circulação”, encadeamentos para frente e para trás e as noções de base exportadora, baseados nas contribuições de Perroux, Myrdal, Hirschman e North. A aplicação deste pensamento ao caso brasileiro é destacada nos capítulos 3 e 8. O capítulo 3, elaborado por Miguel Matteo, descreve as inter-relações da análise econômica com as noções de território, suas interfaces e influências mútuas. Deste modo, o texto debruça-se sobre a espacialidade da atividade econômica e como as localizações relativas interferem nas próprias atividades. Discute, portanto, o fordismo, suas crises e alternativas; a especialização flexível que se segue, detalhando os distritos industriais, as chamadas city-regions e os efeitos da governança nas relações territoriais. Em seguida explicita noções da fundamentação teórica da globalização e comenta o conceito de cidades mun- diais, as global cities, e o espaço de fluxos. A terceira parte conclui elencando críticas às conceituações analisadas. Na sequência, o capítulo 4, de Bruno Cruz, faz uma apresentação do que se convencionou denominar Nova Geografia Econômica, com um viés para ques- tões regionais na ampla produção deste campo de pesquisa. O texto explicita o que se entende por região e quais os conceitos que delimitariam a revisão proposta no capítulo. Após a descrição destes conceitos, utiliza-se a classifi- cação proposta por Ottaviano e Thisse (2002) para apresentar os modelos teóricos. Discutem-se também as evidências empíricas e os principais resultados, as suges- tões de políticas e as críticas à abordagem. Por seu turno, o capítulo 5, de Liana Carleial, discute a abordagem neosschumpeteriana aplicada à questão regional. Aborda-se a questão dos sis- temas nacionais de inovação e suas características, enfatizando a importância dos sistemas regionais de inovação para a questão regional. Após a exposição desta base teórica, discutem-se propostas de intervenção regional no Brasil, fazendo uma avaliação crítica de algumas políticas aplicadas no país, como a relacionada aos arranjos Produtivos Locais. No capítulo 6, Carlos Wagner Oliveira e Waldery Rodrigues, revisitam toda a discussão sobre crescimento e convergência de renda destinada à análise espacial e 3. Especificamente sobre economia urbana, ver o capítulo 7, neste livro. 13Prefácio territorial. Em seu texto, Oliveira e Rodrigues reveem quais os principais conceitos e resultados dos modelos mais usados na teoria de crescimento econômico, incluindo o modelo neoclássico e a nova teoria do crescimento. Passam, em seguida, para a discussão dos métodos de mensuração de convergência de renda, tratando tanto da abordagem por modelos de regressão como aquela feita com uso de funções probabilísticas. Neste ponto, o capítulo traz as qualificações feitas por Durlauf, Johnson e Temple (2005) sobre o tema de convergência de renda. São também apresentados e discutidos os resultados empíricos recentes desta literatura com ênfase no caso brasileiro. Por último, os autores analisam a interação entre efei- tos espaciais e a convergência, trazendo apontamentos sobre novas direções para explicações de resultados de convergência quando modelos de crescimento (Ra- msey-Cass-Koopmans, Solor-Romer, Crescimento Endógeno) são enriquecidos com considerações espaciais e locacionais. O capítulo 7, de Vanessa Nadalin, apresenta os autores seminais da economia urbana e do mercado de habitação, área com pouca tradição de análise na acade- mia brasileira, a despeito da sua relevância na composição das despesas (e ativos) familiares. A autora inicia o texto com o modelo fundamental de Alonso (1964) e suas subsequentes adaptações, descrevendo a chamada síntese Alonso-Muth-Mills. O texto detalha ainda os pressupostos de cidade monocêntrica e o modelo de análise policêntrica proposto por Fujita e Ogawa (1982). O mercado de habitação e suas especificidades também são analisados. São apresentados ainda: o modelo de filtragem de Sweeney, as falhas de mercado e críticas ao arcabouço teórico neo- clássico. Aplicações ao caso brasileiro e considerações sobre pobreza, mobilidade e forma urbana e suas interfaces com a questão habitacional encerram o texto. Na segunda parte, Constantino Mendes e Miguel Matteo enfocam, no capítulo 8, os pensadores e as políticas propostas para o país, tendo como base principal a produção de Celso Furtado e a experiência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e dos incentivos fiscais. A terceira parte apresenta diversas metodologias e modelos para abordar a questão regional e urbana. O capítulo 9, escrito em coautoria por Bernardo Fur- tado e Hedwig van Delden, busca explicitar a riqueza de literatura e experiências com modelos baseados em autômatos celulares (CA) e agentes (ABM), detalhan- do seus princípios teóricos orientadores, bem como as possibilidades efetivas de aplicação na análise urbana e regional. Às definições, seguem-se elenco de vanta- gens e críticas sistêmicas sobre a abordagem proposta e destacam-se as aplicações já realizadas no âmbito econômico e urbano-regional. Os modelos aplicados no Brasil e as possibilidades de uso em políticas públicas concluem o capítulo. O capítulo 10, de autoria de Leonardo Monasterio, apresenta os indicadores clássicos e novas abordagens para análise de dados espaciais. Dada a maior disponibi- lidade de informações em escala subnacional, em especial no Brasil, a disseminação 14 Economia regional e urbana dos conceitos dos indicadores, de seus limites e suas aplicações, propicia a formulação de diagnósticos e análises cada vez mais refinados e precisos. Alexandre Carvalho e Pedro Albuquerque, no capítulo 11, discutem a econometria em cross-section de dados espaciais. Associado a este capítulo, vale mencionar que a Dirur desenvolveu, no período 2009-2010, um software ge- orreferenciado com diversas ferramentas de estatística e econometria espacial. Com este software, denominado IpeaGEO, é possível fazer a implementação de vários indicadores e metodologias para tratamento e análise dos efeitos da dimensão espacial (e locacional) nas aplicações socioeconômicas. A ferra- menta está disponível gratuitamente no site www.ipea.gov.br/ipeageo, onde há também um fórum para discussões e suporte a dúvidas