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TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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Curso de Direito Processual Civil (Novo CPC) 
Prof. Ney Alves Veras 
 
 
 
Atualizado em 11 de Novembro de 2015. 
E-mail para contato: neyalvesveras@hotmail.com 
 
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: 
PROPOSTA METODOLÓGICA, PRINCÍPIOS, PARTES, COMPETÊNCIA, 
TÍTULO EXECUTIVO E RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL 
 
Ney Alves Veras 
Mestre em Direito pela Universidade Gama Filho (UGF-RJ), Especialista em Direito Processual Civil pelo Centro 
Universitário de Campo Grande, Graduado em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco. Advogado, Professor de 
Direito Processual Civil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, aprovado em 1º Lugar em Concurso Público de 
Provas e Títulos. Pesquisador da UFMS e Membro da Comissão de Estágio do Curso de Direito. Professor da Escola 
Superior de Advocacia (OAB/MS), co-autor do livro "Novo Código de Processo Civil Comparado" (2015) pela Editora 
Contemplar, e do "Manual de Direito Processual Civil" (2ª Edição) pela Editora Saraiva (2014). Secretário Geral da 
Comissão de Estudos do Novo CPC e Membro da Comissão de Assuntos Tributários (CATRI) da OAB-MS. Membro do 
Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP) e da Instituição Brasileira de Direito Público (IBDPub). Professor da Escola 
de Direito Processual Civil de Mato Grosso do Sul. Parecerista da Revista de Informação Legislativa do Senado Federal 
(Qualis A2 na área do Direito). E-mail: neyalvesveras@hotmail.com 
 
 
SUMÁRIO 
I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA EXECUÇÃO CIVIL NO NOVO CPC (PROPOSTA METODOLÓGICA). 1. 
Considerações preliminares. 2. Conceito de execução. 3. Processo (autônomo) de execução e fase procedimental executiva. 4. 
Técnicas de execução: execução por sub-rogação (direta) e por coerção (indireta). 4.1. Execução por sub-rogação ou direta. 
4.2. Execução por coerção ou indireta. 5. Atos executivos. 6. As várias espécies de execução. 
 
II - PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO CIVIL NO NOVO CPC. 1. Princípio de que “não há execução sem 
título” ( ou “nulla executio sine titulo”). 2. Princípio da tipicidade dos títulos executivos. 3. Princípio da patrimonialidade. 4. 
Princípio do exato adimplemento. 5. Princípio do desfecho único. 6. Princípio da disponibilidade da execução. 7. Princípio da 
utilidade. 8. Princípio do menor onerosidade. 9. Princípio da lealdade e boa-fé processual. 10. Princípio do contraditório. 11. 
Princípio do respeito à dignidade humana. 
 
III - PARTES NA EXECUÇÃO. 1. Terminologia. 1.1. Partes. 1.2. Legitimidade. 2. Legitimidade ordinária e extraordinária. 
2.1. Legitimidade ordinária. 2.1.1. Primária, originária ou direta. 2.1.2. Secundária, superveniente ou independente. 2.2. 
Legitimidade extraordinária. 3. Legitimidade ativa. 3.1. Credor a quem a lei confere título executivo. 3.2. Ministério Público. 
3.3. Espólio, herdeiros e sucessores. 3.4. Cessionário e o sub-rogado. 3.4.1. Cessionário. 3.4.2. Sub-rogado. 4. Legitimidade 
passiva. 4.1. Sujeito que figura no título como devedor. 4.2. Espólio, herdeiros e sucessores. 4.3. Novo devedor. 4.4. Fiador 
judicial. 4.5. Responsável tributário. 5. Litisconsórcio na execução. 
 
IV - COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO. 1. Considerações iniciais. 2. Competência para cumprimento de sentença (NCPC, 
art. 516). 2.1. Competência executiva originária dos tribunais (NCPC, art. 516, I). 2.2. Competência do juízo que processou a 
causa no primeiro grau de jurisdição (NCPC, art. 516, II). 2.3. Competência para execução de sentença penal condenatória, 
sentença arbitral e sentença estrangeira (NCPC, art. 516, III). 2.3.1. Sentença penal condenatória transitada em julgado. 2.3.2. 
Sentença arbitral. 2.3.3. Sentença estrangeira. 3. Competência para o processo de execução autônomo de título executivo 
extrajudicial (NCPC, art. 781). 
 
V - TÍTULO EXECUTIVO. 1. Considerações iniciais. 2. Requisitos da obrigação contida no título executivo (NCPC, art. 
783). 2.1. Certeza. 2.2. Liquidez. 2.3. Exigibilidade. 3. Títulos executivos judiciais (NCPC, art. 515). 3.1. As decisões 
proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de 
entregar coisa. 3.2. A decisão homologatória de autocomposição judicial. 3.3. A decisão homologatória de autocomposição 
extrajudicial de qualquer natureza. 3.4. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos 
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. 3.5. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos 
ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial. 3.6. A sentença penal condenatória transitada em julgado. 3.7. A 
sentença arbitral. 3.8. A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. 3.9. A decisão interlocutória 
estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça. 4. Títulos executivos 
extrajudiciais (NCPC, art. 784). 4.1. A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. 4.1.1. Letra 
de câmbio. 4.1.2. Nota promissória. 4.1.3. Duplicata. 4.1.4. Debênture. 4.1.5. Cheque. 4.2. A escritura pública ou outro 
documento público assinado pelo devedor. 4.3. O documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas. 
4.4. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos 
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advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal. 4.5. O contrato garantido por hipoteca, 
penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução. 4.6. O contrato de seguro de vida em caso de 
morte. 4.7. O crédito decorrente de foro e laudêmio. 4.8. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de 
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio. 4.9. A certidão de dívida ativa da 
Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma 
da lei. 4.10. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva 
convenção ou aprovadas em assembléia geral, desde que documentalmente comprovadas. 4.11. A certidão expedida por 
serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, 
fixados nas tabelas estabelecidas em lei. 4.12. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força 
executiva. 
 
VI - RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL. 1. Obrigação e responsabilidade patrimonial. 2. Responsabilidade 
patrimonial primária (NCPC, art. 789). 3. Responsabilidade patrimonial secundária (CPC, art. 790). 3.1. Do sucessor a título 
singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória. 3.1.1. Execução fundada em direito 
real. 3.1.2. Execução fundada em obrigação reipersecutória. 3.2. Do sócio, nos termos da lei. 3.3. Do devedor, ainda que em 
poder de terceiros. 3.4. Do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela 
dívida. 3.5. Alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução. 3.6. Cuja alienação ou gravação com ônus real tenha 
sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores. 3.7. Do responsável, nos casos de 
desconsideração da personalidade jurídica. 3.7.1. Considerações iniciais. 3.7.2. Desconsideração inversa. REFERÊNCIAS 
 
 
 
I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA EXECUÇÃO CIVIL NO NOVO CPC 
(PROPOSTA METODOLÓGICA) 
 
1. Considerações preliminares 
O processo de execução é disciplinado no Novo Código de Processo Civil 
(NCPC,Lei 13.105/2015), nos artigos 771 a 925, do Livro II da Parte Especial. Este livro 
divide-se em três títulos: a) Título I - Da execução em geral (NCPC, art. 771 a 796); b) Título 
II - Das diversas espécies de execução (NCPC, art. 797 a 913); c) Título III - Dos embargos à 
execução (NCPC, art. 914 a 920); d) Título IV - Da suspensão e da extinção do processo de 
execução (NCPC, art. 921 a 925). 
O livro II da Parte Especial do NCPC regula o procedimento da execução fundada 
em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos 
procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de 
cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei 
atribuir força executiva, conforme disposto no NCPC, Art. 771, destacando-se que aplicam-se 
subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial. Cumpre destacar que 
"a atividade jurisdicional nele exercida é exclusivamente voltada à satisfação de um direito 
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substancial enunciado em um específico documento designado pela lei de título executivo 
extrajudicial"1. 
Especificamente o Título I do Livro II do NCPC, traz a disciplina das "disposições 
gerais (Capítulo I), para as partes (capítulo II), para a competência (capítulo III), para os 
requisitos necessários para realizar qualquer execução (capítulo IV) e para a responsabilidade 
patrimonial (capítulo V). Novidade que merece ser destacada está regulada nos §§3º e 4º do 
art. 782, que permite ao magistrado, a pedido do exequente, incluir o nome do executado em 
cadastros de inadimplentes, providência expressamente aplicável ao cumprimento de títulos 
judiciais (art. 782, §5º)"2 (grifo nosso). 
Cabe salientar que, após o advento das leis 11.232/2005 e 11.382/2006, 
modificou-se o panorama da Execução no Código de Processo Civil. Isto porque antes da 
edição de tais leis, a execução era disciplinada apenas pelo Livro II do CPC/73, 
indistintamente para títulos executivos judiciais e extrajudiciais. Antes, da propositura da ação 
até a satisfação do credor, eram necessários às vezes 3 (três) processos distintos: o de 
conhecimento, o de liquidação (quando necessário), e o de execução, cada qual constituindo 
um processo autônomo e independente (o devedor era citado três vezes). 
Ocorre que, com a reforma na execução promovida pelas referidas leis, a 
execução de título executivo judicial passou a ser uma fase (executiva) de um processo de 
conhecimento já em curso, sem nova citação do devedor, o que foi seguido pelo Novo Código 
de Processo Civil, Lei 13.105/2005. 
Ou seja, hoje não existe mais processo (autônomo) de execução de títulos 
judiciais (exceto em se tratando de sentença arbitral, estrangeira ou penal condenatória). Tal 
fase executiva, posterior à sentença, chama-se cumprimento de sentença. 
O Novo CPC disciplina o cumprimento de sentença nos art. 513 a 538, e o 
processo de execução nos art. 771 a 925. Apenas a execução de títulos executivos 
extrajudiciais exige processo novo e autônomo. Já a execução de títulos executivos judiciais 
(cumprimento de sentença) é processada nos mesmos autos do processo principal, sem nova 
citação do devedor. Mas cumpre destacar neste momento que "tanto o processo de 
 
1
 CARVALHO, Fabiano. In WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR, Fredie; TALAMINI, Eduardo; 
DANTAS, Bruno (coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 
2015, p. 1.770. 
2
 BUENO, Cássio Scarpinella. Novo código de processo civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 33. 
4 
 
 
 
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conhecimento quanto o de execução têm seus fundamentos próprios em razão da forma 
distinta de provimentos jurisdicionais que, através deles, são postulados"3. 
E agora, como estudar a execução? O Novo CPC manteve a mesma estrutura 
imposta pelas leis 11.232/2005 e 11.382/2006, o que “(...) obriga a uma opção: continuar 
tratando da execução de título judicial juntamente com a de título extrajudicial, ou passar a 
tratá-la no processo de conhecimento como fase de cumprimento de sentença? Preferiu-se a 
primeira solução, pois continua existindo uma execução de título judicial, com um 
procedimento próprio. Só que ela não é mais processo autônomo, mas fase. Ainda assim, o 
tipo de ato que nela se pratica e o seu procedimento fazem com que ela guarde muito mais 
proximidade com o processo de execução de título extrajudicial do que com o processo de 
conhecimento”4. 
Sabe-se que no processo de conhecimento, o juiz cria uma norma para o caso 
concreto que lhe foi submetido (sentença), que pode gerar um comando que deve ser 
obedecido pelo réu (“A” deve pagar “x” a “B”). Ou o réu satisfaz voluntariamente a este 
comando (daí não há o que executar), ou permanece inerte e inadimplente, o que faz com que 
o credor tenha interesse na adoção de providências para a efetivação do seu direito constituído 
pela referida sentença (ou Acórdão), que é a execução, onde o juiz deve determinar medidas 
que alcancem o resultado prático mais aproximado daquele que ocorreria se a obrigação fosse 
satisfeita voluntariamente. 
 
2. Conceito de execução 
Execução é um conjunto de meios materiais disciplinados em lei e à disposição da 
Justiça objetivando a satisfação do direito material comprovado por título executivo, e 
"consiste na prática de atos jurisdicionais tendentes à realização material do direito atual ou 
 
3
 NERY JÚNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Comentários ao código de processo civil. São 
Paulo: RT, 2015, p. 1.619. 
4
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo 
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 18. Segundo o autor, “no processo de conhecimento, a 
atividade é essencialmente intelectiva: o juiz ouve os argumentos do autor e do réu, colhe as provas, pondera 
as informações trazidas e emite um comando, declarando se o autor tem ou não o direito postulado e se faz 
jus à tutela jurisdicional. Já no de execução, a atividade do juiz é desenvolvida para tornar efetivo o direito do 
exequente, que o executado resiste em satisfazer ‘sponte própria’. A atividade já não é intelectiva, mas de 
alteração da realidade material, na busca da satisfação do direito, que não foi voluntariamente observado. No 
processo de conhecimento e na execução (seja ela processo ou mera fase) há um conflito de interesses, que 
deve ser solucionado pelo Judiciário (daí a natureza jurisdicional de ambos). Mas o tipo de conflito é distinto: 
no primeiro, recai sobre a existência do direito alegado pelo autor em face do réu. Na execução, o conflito é 
de inadimplemento. O direito do autor está reconhecido, mas o réu recusa-se a satisfazê-lo espontaneamente, 
sendo necessária a intervenção do Judiciário para torná-lo efetivo”. 
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potencialmente violado"5. Execução “descreve a atividade jurisdicional voltada à satisfação 
do direito tal qual reconhecido, a prestação concreta da tutela jurisdicional executiva”6. Trata-
se de um conjunto de atos estatais com os quais invade-se o patrimônio do executado, para 
que, às suas custas, realize-se o resultado prático desejado concretamente pelo direito 
material.A execução forçada objetiva “permitir a realização prática do comando concreto 
derivado do direito objetivo. Esta realização se dá, com ou sem a vontade do devedor (e, 
mesmo, contra tal vontade), através da invasão de seu patrimônio. Assim sendo, poderíamos 
definir a execução forçada como atividade jurisdicional que tem por fim a satisfação concreta 
de um direito de crédito, através da invasão do patrimônio do executado (que, como se verá, 
pode ser o próprio devedor, ou outro responsável, como um fiador, por exemplo)”7. 
A execução difere-se do processo de conhecimento tradicionalmente considerado. 
No processo de conhecimento até a constituição do título executivo: 
a) Atividade intelectiva onde o juiz houve os argumentos do autor e do réu, colhe 
as provas, pondera as informações e emite um comando, declarando se o autor tem ou não o 
direito postulado e se faz jus à tutela jurisdicional. 
b) O conflito de interesses recai sobre a existência do direito alegado pelo autor 
em face do réu. 
c) Nele o juiz cria uma norma para o caso concreto por aplicação da lei geral 
abstrata ao caso específico que lhe é submetido. Da sentença poderá emergir um comando que 
deve ser cumprido pelo réu. 
Já no cumprimento de sentença / execução civil: 
a) A atividade do juiz é desenvolvida para tornar efetivo o direito do exeqüente, 
que o executado resiste em satisfazer por vontade própria. A atividade já não é mais 
intelectiva, mas de alteração da realidade material, na busca da satisfação do direito que não 
foi voluntariamente observado. 
b) O conflito é de inadimplemento. O direito já está reconhecido, mas o réu se 
recusa a satisfazê-lo espontaneamente, sendo necessário a intervenção do Poder Judiciário 
para torná-lo efetivo. 
 
5
 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 1.011. 
6
 BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil – tutela jurisdicional 
executiva. V.3. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 32. 
7
 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direto Processual Civil. V.2. 12ª ed., Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 
2006, p. 150. 
6 
 
 
 
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c) Se o réu não cumprir o comando criado pelo juiz, e permanecer inadimplente, 
haverá a necessidade de execução, para a tomada de providências concretas para a efetivação 
do direito. 
Existem várias espécies de execução que adotam como critério a natureza da 
obrigação exeqüenda (fazer e não fazer, entrega de coisa, alimentos, etc). 
Na execução civil exige-se título executivo, pois “para desencadear a sanção 
executiva é preciso que o direito do credor esteja dotado de determinado grau de certeza, que 
lhe pode ser assegurado por um prévio processo de conhecimento, ou por um documento ao 
qual a lei atribua a qualidade de título executivo” 8. 
Mas é importante considerar inicialmente que “é no tocante à execução do título 
executivo judicial que o direito brasileiro ingressou recentemente em uma nova era, que 
demanda breves explicações históricas para determinar de onde viemos, aonde chegamos e 
por que aí chegamos”9. 
 
3. Processo (autônomo) de execução e fase procedimental executiva 
Enquanto na execução de títulos executivos extrajudiciais (que surge em regra 
pelo acordo de vontades) o Novo CPC exige processo autônomo, no cumprimento de sentença 
(que surge com o trânsito em julgado de sentença ou acórdão, ou mesmo com a concessão de 
tutela provisória) ocorre o chamado sincretismo processual (junção das fases de conhecimento 
e execução num mesmo processo). 
O legislador verificou que a autonomia do processo de execução fazia com que tal 
processo se arrastasse por muito tempo, e em nome da efetividade do processo colocou a 
técnica de lado ao prever de forma genérica a idéia de ação sincrética, limitando a utilização 
do processo autônomo de execução para os títulos extrajudiciais ou títulos judiciais 
incompatíveis com a adoção do cumprimento de sentença (sentença arbitral, estrangeira e 
penal condenatória). 
Vê-se que o termo cumprimento de sentença busca a distinção, inclusive 
terminológica, com o processo de execução autônomo, objetivando evitar confusões indevidas 
entre as duas formas de execução. 
 
8
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 
2009, p. 3. 
9
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, 
p. 750. 
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4. Técnicas de execução: execução por sub-rogação (direta) e por coerção (indireta) 
Tanto no processo de execução, como no cumprimento de sentença, a sanção 
executiva pode fazer uso de dois instrumentos: a sub-rogação e a coerção. 
 
4.1. Execução por sub-rogação ou direta 
Na execução por sub-rogação, também chamada de execução direta, o Estado 
vence a resistência do executado substituindo sua vontade, satisfazendo o direito do 
exeqüente, mesmo que o executado não concorde com tal satisfação. Ou seja, o Estado 
substitui a vontade do executado, por meio de meios materiais executivos que geram a 
satisfação do exeqüente. 
O Poder Judiciário substitui-se ao devedor, no cumprimento da obrigação. O 
Estado, sem a participação do devedor, satisfaz o direito no seu lugar. Se o devedor não paga, 
o Estado toma os seus bens, e os vende em hasta pública, pagando com o produto o credor. Se 
o devedor não entrega voluntariamente a coisa, o Estado-juiz determina que um oficial de 
justiça a tome, e a entregue ao credor. Mas a sub-rogação só alcançará o mesmo resultado que 
o adimplemento espontâneo da obrigação se não tiver caráter personalíssimo (hipótese em que 
cabe a coerção). 
Em síntese, na execução por sub-rogação, o Estado-juiz substitui-se ao devedor no 
cumprimento da prestação, satisfazendo o credor em seu lugar. Ou seja, se o devedor não 
paga, o Estado toma seu patrimônio, e o vende em hasta pública, e paga o credor com o 
dinheiro que conseguir. Se o devedor não entrega a coisa voluntariamente, o oficial de justiça 
a toma, e a entrega ao credor da obrigação. 
Mas tal técnica de execução só funciona quando a obrigação não é personalíssima, 
como no caso do devedor ter que “escrever um livro” ou “pintar um quadro”, uma vez que 
tais obrigações são contraídas em função da pessoa do devedor (neste caso a técnica da sub-
rogação não será eficaz). 
Exemplos de sub-rogação: penhora/expropriação, depósito/entrega de coisa, busca 
e apreensão ou imissão na posse, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva. 
 
 
 
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4.2. Execução por coerção ou indireta 
Na execução por coerção, também chamada de execução indireta, o Estado não 
substitui a vontade do executado, pelo contrário, atua de forma a convencê-lo a cumprir sua 
obrigação, pressionando-o psicologicamente. 
Aplica-se no caso de obrigação de caráter personalíssimo: pintar um quadro, 
escrever um livro, participar de um concerto, apresentação de determinado artista num show. 
Nelas, o Estado não substituirá o devedor no cumprimento da obrigação, mas imporá multas 
ou fará uso de outros instrumentos, cuja finalidade será exercer pressão sobre a vontade dele, 
para que as cumpra. Ou seja,a satisfação do direito será voluntária, decorrente da vontade da 
parte, mas não será espontânea, considerando-se que só ocorreu porque foi exercida pelo 
Poder Judiciário uma pressão psicológica sobre o devedor. Esta execução ocorre de duas 
formas: 
a) ameaça de piorar a situação da parte caso não cumpra a obrigação (multa diária 
/ astreintes, ou prisão civil no caso de alimentos). 
b) oferta de uma melhora na situação da parte caso ela cumpra a obrigação (ex: 
NCPC, art. 827, §1º10, proporcionando desconto de 50% nos honorários advocatícios. 
Em síntese, havendo execução específica das obrigações de fazer de cunho 
personalíssimo, não deve ocorrer sub-rogação, mas coerção, na forma de imposição de multas 
ou da utilização de outros instrumentos (ex: prisão civil do devedor de alimentos), para que o 
executado a cumpra. 
 
5. Atos executivos 
Enquanto no processo de conhecimento o juiz impõe regras de conduta entre as 
partes, na execução o estado-juiz torna efetivo o direito do credor. Os atos cognitivos visam 
revestir de certeza o direito, para que não reste dúvida de “quem deve o que para quem”, e 
impõe uma regra de conduta, pois a sentença faz lei entre as partes envolvidas. Ocorre que em 
regra tal comando não é cumprido espontaneamente, motivo pelo qual o Poder Judiciário deve 
 
10
 NCPC, Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a 
serem pagos pelo executado. 
§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido 
pela metade. 
§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, 
podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se 
em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente. 
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intervir novamente na vida das partes para tornar efetivo o que foi determinado na sentença, 
uma vez que a Constituição Federal atribui ao Estado o dever de realizar concretamente o 
direito da parte. 
Os atos executivos são aqueles que objetivam a alteração do mundo exterior, com 
invasão da esfera jurídica do executado, e o emprego de medidas necessárias para tornar 
efetivo o direito do exequente ou credor. 
Ou seja, imagine-se um título executivo obrigando à entrega da coisa, e o devedor 
não cumpre, será determinada a busca e apreensão do bem, ou a imissão do autor na posse, 
conforme ela seja móvel ou imóvel. Se a obrigação foi de pagamento de determinada quantia, 
o juiz determinará a penhora e avaliação do bem, com a subsequente alienação em leilão para 
pagamento do credor. Os atos executivos são sempre determinados pelo juiz, mas o seu 
cumprimento é atribuído aos seus auxiliares, os oficiais de justiça. Quando se verificar que há 
resistência ao cumprimento da ordem judicial, que não pode ser vencida pelos auxiliares da 
justiça, o juiz requisitará a força policial, valendo-se das prerrogativas que lhe asseguram o 
NCPC nos arts. 782, §2º11 e 846, §2º12. 
 
6. As várias espécies de execução 
A execução civil é o gênero que se desdobra nas espécies da execução por quantia 
certa (contra devedor solvente e contra devedor insolvente), execução para entrega de coisa 
(certa e incerta), execução das obrigações de fazer e de não fazer. 
 
11
 NCPC, Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de 
justiça os cumprirá. 
§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas comarcas 
contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana. 
§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará. 
§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de 
inadimplentes. 
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a 
execução for extinta por qualquer outro motivo. 
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial. 
12
 NCPC, Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de 
justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento. 
§ 1º Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que 
se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas) 
testemunhas presentes à diligência. 
§ 2º Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora 
dos bens. 
§ 3º Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência, entregando uma via ao escrivão ou ao 
chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a apuração 
criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência. 
§ 4º Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação. 
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Na espécie de execução por quantia certa, temos as subespécies da execução de 
alimentos, da execução contra a Fazenda Pública e da execução fiscal. A diferença que existe 
entre as espécies está centrada no objeto da execução, definindo a prestação a ser adimplida 
pelo devedor (pagar, entregar coisa, fazer ou não fazer). 
Nas subespécies de execução, temos regras específicas, regidas pela preocupação 
de tutela dos interesses de uma das partes do processo, diante da necessidade de uma 
prestação jurisdicional mais célere e efetiva (execução de alimentos), do interesse público 
revelado na lide (execução fiscal) ou da impossibilidade de penhora dos bens da parte 
devedora (execução contra a Fazenda Pública). 
 
Espécies / Subespécies Objeto 
(prestação a ser adimplida pelo devedor) 
Execução por quantia certa 
(contra devedor solvente e 
contra devedor insolvente) 
Execução de alimentos 
(Necessidade de execução 
mais célere e efetiva) 
 
 
 
Pagar ($) Execução contra a Fazenda 
Pública 
(Impossibilidade de penhora) 
Execução fiscal 
(Interesse público revelado na 
lide) 
Execução para entrega de coisa (certa ou incerta) Entregar coisa Tutela específica 
Execução das obrigações de fazer e de não fazer Fazer e não fazer 
 
As execuções de título extrajudicial devem ser instruídas com o “original do 
título”, sob pena de indeferimento da petição inicial. A propositura da ação interrompe a 
prescrição13. 
Salienta-se que, tanto no cumprimento de sentença quanto no processo de 
execução, o exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do 
ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de 
averbação no registro de imóveis, registro de veículos (DETRAN) ou registro de outros bens 
sujeitos à penhora ou arresto (IAGRO, etc), nos termos do NCPC, art. 82814. 
 
13
 Súmula 106 do STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos 
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição e decadência. 
14
 NCPC, Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com 
identificação das partes e do valor da causa,para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de 
outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. 
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações 
efetivadas. 
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no 
prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados. 
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II - PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO CIVIL NO NOVO CPC 
A idéia de princípio está ligada à de começo, origem, ponto de partida, pedra 
angular de qualquer sistema. Tem o sentido de direção, de fundamento. A palavra 
“fundamento”, é originária da linguagem técnica da engenharia, onde se emprega para 
designar “base”, “alicerce”, “fundação”. O termo foi transplantado metaforicamente para as 
ciências sociais. 
O princípio jurídico é um enunciado que ocupa uma posição de supremacia que 
vincula o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele estão interligados, e 
corresponde ao alicerce do sistema jurídico. 
Os princípios jurídicos exprimem sentido mais relevante que o da própria regra 
jurídica. Princípios apresentam a acepção de começo, de início. São ordenações que se 
irradiam e imantam os sistemas de normas. São a síntese dos valores principais da ordem 
jurídica. Aliás, é comum que, na ausência de lei, as legislações remetem o intérprete aos 
princípios gerais do direito, equiparados aos princípios de justiça. 
Araken de Assis adverte que “identificam-se os princípios sem maiores 
dificuldades. Não têm eles, todavia, idêntica importância em todos os processos, nem se 
aplicam de modo rígido, linear e inflexível. Falta, ainda, tanto uniformidade doutrinária, 
quanto critério para organizá-los”15. 
O princípio corresponde a uma estruturação de um sistema de idéias, tanto de 
pensamentos ou normas ligadas por uma idéia mestra, por um pensamento que corresponde à 
chave para a interpretação, uma baliza normativa, um pensamento diretivo , uma razão 
informadora das outras. 
Aliás, os princípios são utilizados pela jurisprudência na fundamentação das 
decisões, passando a transformar-se em princípios positivados. Num primeiro momento tais 
princípios são resgatados do direito natural. Num segundo momento, a positivação é 
conseqüência do descobrimento destes princípios no direito positivo. 
 
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça 
no prazo. 
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação. 
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos 
do § 2º indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados. 
15
 ASSIS, Araken. Manual da execução. 13ª ed., São Paulo: RT, 2010, p. 106-107. 
12 
 
 
 
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O processo de execução é baseado em certos princípios que devem ser observados 
durante a fase de constrição dos bens do devedor. 
 
1. Princípio de que “não há execução sem título” ( ou “nulla executio sine titulo”) 
Não se permite a invasão do patrimônio do executado por atos de constrição 
judicial como a penhora, busca e apreensão ou imissão na posse, sem um profundo grau de 
certeza em relação ao direito da parte ativa, pois o executado é colocado numa situação 
processual desvantajosa em relação ao exeqüente. 
O título demonstra certeza (ou ao menos uma grande probabilidade) de que o 
crédito representado nele efetivamente exista para justificar essas desvantagens que serão 
suportadas pelo executado. 
 
2. Princípio da tipicidade dos títulos executivos 
Significa dizer que o elenco de títulos executivos deve constar da lei, ou seja, 
restringindo-se aos títulos aos quais a lei dá eficácia executiva: NCPC, 51516 e NCPC, art. 
78417. 
 
16
 NCPC, Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste Título: 
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de 
fazer, de não fazer ou de entregar coisa; 
II – a decisão homologatória de autocomposição judicial; 
III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; 
IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos 
sucessores a título singular ou universal; 
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por 
decisão judicial; 
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
VII – a sentença arbitral; 
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal 
de Justiça; 
X – Vetado. 
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para 
a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que 
não tenha sido deduzida em juízo. 
17
 NCPC, Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; 
II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 
III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; 
IV – o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia 
Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 
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Cabe destacar que "uma das conotações do princípio da tipicidade dos atos 
executivos, diretamente decorrente do princípio do devido processo legal, traduz a ideia de 
que os atos executivos são "típicos", ou seja, são aqueles previstos pelo legislador"18. 
 
3. Princípio da patrimonialidade 
De acordo com o NCPC, art. 78919, o devedor responde com todos os seus bens 
presentes e futuros para o cumprimento das suas obrigações perante o credor. Com seus bens, 
não com sua pessoa ou com sua dignidade ou integridade física. 
A execução não pode consistir em métodos de constrição sobre a pessoa do 
devedor, mas sempre sobre o seu patrimônio. Não pode ocorrer, por exemplo, tortura ou 
coação do devedor para que se possa obrigá-lo a pagar seu débito. Porém, medidas de pressão 
psicológica do devedor são possíveis (multas). 
A execução é sempre real (recai sobre uma coisa, uma “res”), e nunca pessoal, 
pois são os bens do executado que respondem por suas dívidas, e não seu próprio corpo, por 
exemplo, como o previsto na Lei das XII tábuas, que possibilitava que em certas situações era 
possível ... “dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores”. 
 
V – o contrato garantido por hipoteca, penhor,anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por 
caução; 
VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte; 
VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio; 
VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos 
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; 
IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; 
X – o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na 
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; 
XI – a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais 
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; 
XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de 
promover-lhe a execução. 
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem 
executados. 
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei 
do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. 
 
18
 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva. 
Primeiros comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 1.115. 
19
 NCPC, Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas 
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. 
14 
 
 
 
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Mesmo a prisão por inadimplemento de obrigação alimentar não é por si só forma 
de satisfação do direito material do alimentando, mas mera medida de pressão psicológica do 
executado (execução por coerção ou indireta). 
Aliás, a execução pessoal (sobre a pessoa) não condiz com um dos próprios 
fundamentos do Estado Democrático de Direito, que é a “dignidade da pessoa humana” 
previsto na CF, art. 1º, III. Trata-se de verdadeira medida de humanização que o processo de 
execução adquiriu durante seu desenvolvimento histórico, abandonando gradativamente a 
utilização da vingança privada do credor como meio executivo. 
 
4. Princípio do exato adimplemento 
Uma vez que o objetivo da execução ou do cumprimento de sentença é o de 
atribuir ao credor a mesma vantagem ou utilidade que ele iria obter se o devedor tivesse 
cumprido espontaneamente sua obrigação, a atividade jurisdicional não pode se exceder a tal 
objetivo. 
Isto significa que a execução não pode se estender para além do suficiente para se 
cumprir a obrigação. Conforme estabelece o NCPC, art. 831, a penhora deverá recair sobre 
tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e 
dos honorários advocatícios. Sendo assim, não se justifica ampliação da penhora para além do 
valor previsto na execução (principal mais juros, correção, honorários, custas e despesas, etc). 
 
Nas tutelas de obrigação de fazer e não fazer, por exemplo, conforme NCPC, art. 
49720 e 53621, o juiz pode utilizar-se dos instrumentos para que seja assegurado ao credor 
 
20
 NCPC, Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o 
pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo 
resultado prático equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação 
de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa 
ou dolo. 
21
 NCPC, Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não 
fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela 
pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. 
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a 
busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade 
nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. 
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, 
observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento. 
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem 
judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. 
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sempre o resultado prático equivalente ao do adimplemento, sendo que a obrigação somente 
se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se for impossível a tutela específica 
ou a obtenção do resultado prático correspondente. 
A propósito, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado 
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas 
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção 
de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário 
com requisição de força policial. 
 
5. Princípio do desfecho único 
Como em todos os processos, o de execução pode ter um final normal ou 
anômalo. O final “normal” da execução ocorre quando a execução é bem sucedida, quando o 
direito do exeqüente fica satisfeito. No fim normal da execução o processo é extinto pela 
sentença prevista no NCPC, art. 92422. Tal sentença não é de mérito, mas declaratória de 
encerramento, e não produzirá coisa julgada material, mas apenas formal. 
O final “anormal” da execução, assim como ocorre com o processo de 
conhecimento, ocorrerá por um dos motivos previstos no NCPC, art. 48523, ou com o 
 
§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se 
o art. 525, no que couber. 
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de 
fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. 
22
 NCPC, Art. 924. Extingue-se a execução quando: 
I – a petição inicial for indeferida; 
II – a obrigação for satisfeita; 
III – o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida; 
IV – o exequente renunciar ao crédito; 
V – ocorrer a prescrição intercorrente. 
23
 NCPC, Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I – indeferir a petição inicial; 
II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; 
III – por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 
(trinta) dias; 
IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; 
V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesseprocessual; 
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua 
competência; 
VIII – homologar a desistência da ação; 
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e 
X – nos demais casos prescritos neste Código. 
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 
5 (cinco) dias. 
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acolhimento integral dos embargos à execução, cujo fundamento seja a inexistência do direito 
material exeqüendo. 
O único objetivo da execução é satisfazer o direito do exeqüente. A única forma 
de prestação que pode ser obtida em tal processo é a satisfação do direito do exeqüente e 
nunca do executado. “O executado, na melhor das hipóteses, verá impedida a satisfação do 
direito com a extinção do processo sem a resolução do mérito, mas jamais terá a possibilidade 
de obter uma decisão de mérito favorável a ele. Na execução, não se discute mérito, busca-se 
apenas a satisfação do direito, sendo, portanto, impossível uma improcedência do pedido do 
exeqüente”24. 
 
6. Princípio da disponibilidade da execução. 
Em razão do próprio desfecho único da execução, que não tem como tutelar o 
direito material do executado, é permitido ao exeqüente a qualquer momento “desistir do 
processo”, sendo dispensada a concordância do executado para que tal desistência gere efeitos 
jurídicos. A lei presume a aceitação do executado. O credo não está obrigado a executar, ao 
contrário, possui livre disponibilidade do processo de execução. Além disso, o credor não está 
compelido a prosseguir na execução até o fim, muito menos está afastado do direito de 
solucionar a execução mediante autocomposição endoprocessual (acordo). 
Desistência não se confunde com a renúncia, pois o exeqüente desiste de executar 
naquele momento, naquele processo específico, podendo, entretanto, ingressar posteriormente 
com ação idêntica, desde que comprove o pagamento das custas da primeira ação. 
 
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o 
autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado. 
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de 
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. 
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento 
do réu. 
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias 
para retratar-se. 
24
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, 
p. 760. 
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A desistência pode ser feita pelo Exequente, a qualquer momento, mesmo sem o 
consentimento do devedor, exceto se a execução estiver Embargada, com critérios 
estabelecidos pelo NCPC, art. 77525. 
 
7. Princípio da utilidade 
Não se justifica o processo de execução apenas para prejudicar o devedor, sem 
que isso traga proveito prático para o credor. Um exemplo deste princípio ocorre quando a 
penhora não será realizada quando restar evidente que o produto da execução dos bens 
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. 
Também por esse princípio impede-se a aplicação das astreintes (multa para 
compelir o devedor ao cumprimento forçado da prestação devida) quando o juiz se convence 
e que a obrigação se tornou materialmente impossível de ser cumprida, e somente prejudicaria 
o executado, sem nenhum proveito ao exeqüente. Neste caso, a pressão psicológica (execução 
por coerção ou indireta) é inútil, pois não depende mais da vontade do executado o 
cumprimento da obrigação, a exemplo da obrigação de fazer quando o artista pintor quebra os 
dois braços e não pode executar a obra de arte. 
A propósito, execução não é vingança privada, mas mecanismo judicial para 
satisfação do direito do credor, e sempre que se entender que esse direito não pode ser 
satisfeito não haverá razão plausível para a admissão da execução ou dos meios executivos 
inúteis para a satisfação do direito. 
 
8. Princípio do menor onerosidade 
Não se justifica que o executado sofra mais do que o estritamente necessário para 
a satisfação do direito do exeqüente, pois execução não é vingança privada. O próprio NCPC, 
art. 80526 autoriza o juiz a fazer a execução de forma menos gravosa para o executado. O que 
 
25
 NCPC, Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida 
executiva. 
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: 
I – serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o 
exequente as custas processuais e os honorários advocatícios; 
II – nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante. 
 
26
 NCPC, Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se 
faça pelo modo menos gravoso para o executado. 
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios 
mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinad 
18 
 
 
 
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não pode ocorrer é o exagero dos gravames impostos ao executado. “O estrito respeito ao 
princípio da menor onerosidade não pode sacrificar a efetividade da tutela executiva. 
Tratando-se de princípios conflitantes, cada qual voltado à proteção de uma das partes da 
execução, caberá ao juiz no caso concreto, em aplicação das regras da razoabilidade e 
proporcionalidade, encontrar um ‘meio-termo’ que evite sacrifícios exagerados tanto ao 
exeqüente como ao executado”27. 
É claro que o executado irá criar embaraço para a satisfação do exeqüente, e é por 
isso que seu patrimônio deve ser constrito, mas sem exageros. Um exemplo da aplicação deste 
princípio é o de permitir que um bem seja alienado em hasta pública por preço vil. 
 
9. Princípio da lealdade e boa-fé processual 
Como ocorre nos outros processos, na execução também é exigido das partes o 
respeito ao dever de lealdade e boa-fé. 
 
10. Princípio do contraditório 
O princípio do contraditório é garantido constitucionalmente na CF, art. 5º, LV28, 
sendo indispensável num Estado Democrático de Direito, mas na execução ele é menos amplo 
que no processo de conhecimento. Mas isto não significa que ele não exista. 
O princípio do contraditório tem aplicação na execução, sendo claro também que 
num processo de execução não se discute a princípio sobre o mérito do direito material do 
exequente, pois este já está constituído em título executivo. 
 
11. Princípio do respeito à dignidade humana 
Prevalece na jurisprudência o entendimento de que ‘a execução não deve levaro 
executado a uma situação incompatível com a dignidade humana’ (STJ, 1ª Turma, REsp 
48.900-3/SP e STJ, 4ª Turma, REsp 97.466/RJ). “Não pode a execução ser utilizada como 
instrumento para causar a ruína, a fome e o desabrigo do devedor e sua família, gerando 
situações incompatíveis com a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, institui o Código 
 
27
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, 
p. 763. 
28
 CF, Art. 5º, LV: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
19 
 
 
 
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a impenhorabilidade de certos bens como provisões de alimentos, salários, instrumentos de 
trabalho, pensões, seguro de vida, etc”29. 
 
 
III - PARTES NA EXECUÇÃO 
 
1. Terminologia 
 
1.1. Partes 
Partes são as pessoas que pedem ou em face das quais se pede a tutela 
jurisdicional Estatal. Na execução forçada, as partes ativas e passivas são chamadas 
tradicionalmente de exeqüente e executado, credor e devedor. 
 
1.2. Legitimidade 
Legitimidade (ou “legitimatio ad causam”) é a "pertinência subjetiva da ação, pois 
esta só pode ser proposta por quem tiver a titularidade do interesse subordinante, ou 
prevalecente, da pretensão, em face daquele cujo interesse, de conseqüência, esteja 
subordinado ao do autor. É, no plano material, a titularidade ativa ou passiva na relação 
jurídica litigiosa, e, no plano processual, a capacidade processual de estar em juízo"30. 
Legitimidade é a pertinência subjetiva entre o que é levado a juízo e a qualidade 
para se litigar a respeito dele, existindo tanto no polo ativo quanto no polo passivo. 
Importante salientar que, não existe diferença entre a legitimidade no cumprimento de 
sentença e na execução autônoma de título executivo extrajudicial, e o que será tratado 
adiante vale para os dois. 
 
2. Legitimidade ordinária e extraordinária 
As partes na execução são os sujeitos que figuram nos pólos ativo e passivo do 
processo autônomo ou do cumprimento de sentença. Trata-se de legitimidade ordinária pois o 
credor visa satisfazer interesse próprio, e o devedor também como titular desta mesma relação 
 
29
 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil – processo de execução e 
cumprimento de sentença – processo cautelar e tutela de urgência. 47ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2012, 
p. 131. 
30
 VERAS, Ney Alves (Coord). Dicionário jurídico: expressões correntes do uso cotidiano - de acordo com o 
Novo CPC/2015. Campo Grande-MS: Editora Contemplar, 2015, p. 291. 
20 
 
 
 
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jurídica. Já na legitimidade extraordinária, o sujeito litigará em nome próprio na defesa de 
interesse alheio. 
 
 
POLO 
ATIVO 
 
Legitimação 
ordinária 
Primária, originária ou direta. 
Ex: credor descrito no título executivo. 
Secundária, superveniente ou independente. 
Ex: sucessão causa mortis (espólio, herdeiros e 
sucessores) ou inter vivos (cessão, sub-rogação). 
Legitimação 
Extraordinária 
Ex.: Ministério público. 
 
POLO 
PASSIVO 
 
Legitimação 
ordinária 
Primária, originária ou direta. 
Ex: credor descrito no título executivo. 
Secundária, superveniente ou independente. 
Ex: sucessão causa mortis (espólio, herdeiros e 
sucessores) ou inter vivos (cessão de débito ou assunção 
de dívida). 
Legitimação 
Extraordinária 
Ex.: Fiador judicial, responsável tributário. 
 
 
2.1. Legitimidade ordinária 
 
2.1.1. Primária, originária ou direta 
Chama-se de “legitimação ordinária primária”, “originária”, ou “direta” 
(Dinamarco) quando o sujeito legitimado a propor o processo de execução ou a dar início ao 
cumprimento de sentença estiver indicado como credor no próprio título executivo. Neste 
caso, exige-se a “pertinência subjetiva com a relação jurídica obrigacional subjacente e a 
figuração no título”31. Exemplos: são credores ou devedores os que estão descritos no título 
executivo. 
 
2.1.2. Secundária, superveniente ou independente. 
Trata-se de “legitimação ordinária secundária”, “superveniente”, ou 
“independente” (Dinamarco) quando o sujeito que demanda, apesar de fazê-lo em nome 
próprio e em defesa de interesse próprio, só ganha legitimação para propor execução ou nela 
prosseguir por um ato ou fato superveniente ao surgimento do título executivo. 
 
31
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo 
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 42. 
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Nesta hipótese, não basta o título executivo judicial para conferir ao exeqüente a 
sua legitimação, sendo que para isto ele deve juntar à execução a prova de que o ato ou fato 
que lhe dá legitimidade realmente ocorreu. Exemplos: 
a) sucessor causa mortis (espólio, herdeiros e sucessores) ou inter vivos (cessão, 
sub-rogação), 
b) o lesado individual, nas ações civis públicas para defesa de interesses 
individuais homogêneos, e 
c) a vítima de crime, que queira executar civilmente a sentença penal condenatória 
transitada em julgado, proferida contra o ofensor. 
Nas hipóteses descritas acima, a execução será promovida por aquele sujeito que 
se diz titular da obrigação, ou em face daquele a quem incumbe o seu cumprimento, embora 
nenhum deles figure no título executivo. 
 
2.2. Legitimidade extraordinária 
Polo ativo: na “legitimação extraordinária”, o sujeito litigará em nome próprio na 
defesa de interesse alheio, como é o caso do Ministério Público nas ações civis públicas. 
Polo passivo: são os casos de fiador judicial (que presta caução) e responsável 
tributário. 
 
3. Legitimidade ativa 
 
3.1. Credor a quem a lei confere título executivo 
Trata-se se da forma mais comum de legitimidade ativa na execução, tanto para o 
processo autônomo quanto para o cumprimento de sentença. Aconselha-se na execução o uso 
das expressões exeqüente e executado, e não credor e devedor, pois nem sempre o exeqüente 
é o credor, e nem sempre o executado é o devedor, como adiante se verá. 
Ocorre excepcionalmente do título executivo judicial ter como credor a quem a 
própria lei, e não o próprio título, atribuir legitimidade ordinária para a execução, como é o 
22 
 
 
 
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exemplo da legitimidade do advogado para executar a sentença que fixa seus honorários 
advocatícios (Lei 8.906/94, art. 2332, Súmula 306 do STJ33). 
 
3.2. Ministério Público 
Sabe-se que a legitimidade do ministério Público poderá ser ordinária ou 
extraordinária. 
A legitimação ordinária ocorre quando o próprio Ministério Público é credor no 
título constituído, quando defende em nome próprio um interesse próprio (apesar de não ter 
personalidade jurídica, tem capacidade de ser parte). Trata-se de hipótese rara. 
A legitimação extraordinária existe quando o Ministério Público ajuíza demanda 
em nome próprio defendendointeresse de terceiros. Não era o titular do direito material, mas 
é o legitimado ativo para exigir o cumprimento de sentença. Poderá também fazer parte do 
título executivo extrajudicial e ter legitimação extraordinária para executá-lo, como ocorre no 
exemplo de “termo de ajustamento de conduta” (TAC). 
São exemplos práticos de legitimidade do Ministério Público e que decorrem de 
expressa previsão legal: 
a) a legitimidade para executar a sentença condenatória proferida em ação civil 
pública que tenha como objeto direito difuso ou coletivo (Lei 7,347/85, art. 3º); 
b) para executar a sentença de ação de improbidade administrativa, em situações 
de enriquecimento ilícito no exercício do mandato, cargo, emprego ou função na 
administração pública (Lei 8.429/92, art. 17); 
c) execução da sentença penal condenatória quando for credor pessoa pobre (CPP, 
art. 68); 
d) nas ações coletivas para as quais o Ministério Público tem legitimidade ativa, 
sua legitimidade para executar não depende de sua participação como autor, pois tem dever 
funcional de executar a sentença na hipótese do outro autor legitimado não o fizer no prazo 
legal; 
 
32
 Lei 8.906/94, art. 23: Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem 
ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o 
precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor. 
33
 Súmula 306 do STJ: Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência 
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da 
própria parte. 
23 
 
 
 
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e) em caso de ação civil pública fundada em direito individual homogêneo com 
relevância social somente poderá executar a sentença se no prazo de um ano do trânsito em 
julgado não se habilitarem interessados a executar a sentença individualmente em número 
compatível com a gravidade do dano (CDC, art. 100: legitimação extraordinária condicionada 
a evento futuro e incerto, que é o desinteresse de grande parte dos titulares do direito). 
f) executar sentença proferida em ação popular, caso o autor ou qualquer outro 
cidadão não o faça em 60 dias da decisão de segundo grau de jurisdição (Lei 4.717/65, art. 
16). 
 
3.3. Espólio, herdeiros e sucessores 
Trata-se de legitimação ordinária superveniente em virtude de sucessão causa 
mortis, atribuindo legitimidade ao espólio, herdeiros e sucessores para iniciar a execução ou 
assumir o pólo ativo (sucessão processual) no lugar do falecido. Os requisitos para esta 
legitimação diferem em relação ao momento em que se dá a sucessão: 
a) antes de iniciada a execução, basta a demonstração por provas da legitimidade; 
b) depois de iniciada a execução, deve ser instaurado processo de habilitação 
incidente, com a conseqüente suspensão do processo principal. 
Atenção: em relação à letra “b”, ressalta-se que na onda sincrética que vem 
dominando o processo civil, somado ao princípio da instrumentalidade das formas, desde que 
o pretendente a assumir o pólo ativo prove suficientemente sua legitimidade, é possível e 
adequada a dispensa do processo incidental de habilitação, para que seja evitada uma demora 
contraproducente na execução. 
O Espólio tem capacidade processual para demandar e ser demandado, embora 
não tenha personalidade jurídica, e consiste em uma massa patrimonial deixada pelo de cujus. 
A legitimidade do espólio dura até a partilha de bens, ao final do inventário ou do 
procedimento extrajudicial cabível. Após a partilha, com a distribuição dos bens da herança, 
será legitimado somente aquele que receber em seu quinhão o crédito representado pela 
execução, considerando-se inclusive a extinção do espólio. 
Se o inventariante se negar a promover a execução ou a suceder o falecido, 
qualquer herdeiro legitimado poderá fazê-lo, sendo necessária a intimação do inventariante da 
existência da demanda ou da sucessão patrimonial. 
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Interessante diferenciar a sucessão a título universal e a sucessão a título singular. 
“Essa distinção é importante porque, enquanto na sucessão universal o herdeiro – legítimo ou 
testamentário – recebe toda a herança ou parte ideal dela, na sucessão singular o legatário é 
contemplado apenas com determinado bem da herança, devendo primeiro obter dos herdeiros 
a transferência do bem para ser considerado legitimado à execução”34. 
Sucessor a título universal é o herdeiro com direito à totalidade da herança ou à 
parte ideal que conserve sua indivisibilidade até a partilha (Exemplo: 1/3 da herança na 
sucessão legítima ou testamentária). Ocorre simples instituição de herdeiro. 
Sucessão a título singular é o que, em razão do testamento, proporciona a 
instituição do legatário, que é o sucessor testamentário de coisa certa e individualizada. 
 
3.4. Cessionário e o sub-rogado 
 
3.4.1. Cessionário 
Em relação à cessão de crédito, verifica-se que quando a sucessão do credor 
ocorrer por ato inter vivos, o polo ativo na execução passará a ser ocupado pelo cessionário, e 
não existe necessidade do consentimento do devedor para que a cessão se aperfeiçoe, nos 
termos do CC, art. 28635 (plano de validade). Mas o devedor deve ser notificado para que 
saiba agora para quem pagar (plano de eficácia). Ou seja, é válido o pagamento feito pelo 
devedor não notificado ao credor primitivo. Neste sentido o art. 290 do Código Civil 
determina que a cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a 
este notificada. 
Os direitos podem ser objeto de cessão, exceto os “personalíssimos” e verbas 
relativas a benefícios da previdência social, e sendo devido o crédito pelo credor originário o 
sujeito passa a ter legitimidade superveniente para executar o título. Para tanto, o cessionário 
deve juntar o instrumento de cessão de crédito. 
Cabe salientar que “a sucessão aqui decorre de ato negocial, como, por exemplo, o 
endosso dos títulos cambiais e a cessão civil, previstos nos art. 286 e seguintes do CC. A 
 
34
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, 
p. 775. 
35
 CC, Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a 
convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se 
não constar do instrumento da obrigação. 
25 
 
 
 
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cessão do direito litigioso no curso da execução permite ao cessionário prosseguir na 
execução independentemente da aquiescência do devedor, não se aplicando, portanto, o art. 
42, §1º”36. 
 
3.4.2. Sub-rogado 
Sub-rogado é aquela pessoa que paga uma dívida alheia, assumindo daí todos os 
direitos, ações e privilégios que antes eram atribuídos ao credor primitivo. 
Em relação à sub-rogação, haverá também legitimidade superveniente na hipótese 
de sub-rogação legal (CC, art. 34637) e convencional (CC, art. 34738), sendo necessário que o 
sub-rogado prove esse fenômeno como condição para ser admitido como legitimado a propor 
ou a continuar no pólo ativo da execução. 
Cabe salientar que “haverá sub-rogação legal do credorque paga dívida do 
devedor comum; do adquirente do imóvel hipotecado que paga o credor hipotecário, bem 
como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; do 
terceiro interessado que paga dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. 
E haverá sub-rogação convencional quando o credor recebe o pagamento de terceiro e 
expressamente lhe transfere todos os seus direitos, ou quando terceira pessoa empresta ao 
devedor a quantia precisa para obter a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante 
sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. A sub-rogação presta-se apenas para conceder 
legitimidade ativa àquele que paga; não há sub-rogação no polo passivo da execução. A 
legitimidade é ordinária, porque com a sub-rogação o novo credor assume a qualidade jurídica 
do anterior”39. 
Sobre o assunto, “registre-se que tanto na hipótese de cessão de crédito como de 
sub-rogação os novos credores não são obrigados a assumir o pólo ativo da demanda judicial 
já em trâmite. Sendo-lhes permitido aguardar o desfecho da demanda para cobrar do antigo 
 
36
 NUNES, Elpídio Donizetti. Curso didático de direito processual civil. 14ª ed., São Paulo: Atlas, 2010, p. 
887. 
37
 CC, Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a 
reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. 
38
 CC, Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem 
possa alienar o objeto em que ele consistiu. 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, 
a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 
39
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo 
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 43-44. 
26 
 
 
 
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credor. Nesse caso, o demandante continua no processo, mas a partir da cessão de crédito ou 
da sub-rogação sua legitimidade passará a ser extraordinária, considerando-se que estará em 
nome próprio litigando por um direito que não mais lhe pertence.” 40. 
Destaca-se uma hipótese de sub-rogação decorrente da fiança, pois o fiador pode 
ser obrigado, no todo ou em parte, pelo pagamento da dívida. E se pagar de maneira forçada 
ou voluntária, sub-rogar-se-á no direito do credor, e poderá prosseguir nos mesmos autos 
contra o afiançado. 
 
4. Legitimidade passiva 
 
4.1. Sujeito que figura no título como devedor 
Trata-se de legitimidade ordinária primária ou originária, bastando que o título 
aponte o legitimado passivo para que sobre ele possa recair a execução. Não significa que 
quem figure no título seja o devedor, o obrigado a solver a obrigação, ainda que possa afirmar 
não ser o devedor por não ter participado como parte na relação de direito material que 
originou a dívida. 
Ou seja, além do condenado na sentença judicial ou o emitente do título executivo 
extrajudicial, também são devedores para fins de legitimidade passiva na execução o avalista, 
o fiador convencional, o endossante, sendo que entre eles existe típica hipótese de 
litisconsórcio passivo facultativo que somente ocorrerá por opção do exeqüente. 
 
4.2. Espólio, herdeiros e sucessores 
Trata-se de legitimação ordinária superveniente, encontrando paralelo em relação 
às observações sobre espólio, herdeiros e sucessores comentado em relação ao polo ativo. 
Salienta-se que “quando o espólio ou herdeiros figurarem no polo passivo, deve-se cuidar 
para que a execução não ultrapasse as forças da herança. 
Os herdeiros e sucessores respondem por dívidas do falecido apenas nos limites 
da herança, de maneira que os bens do seu patrimônio que não foram adquiridos com a 
herança jamais poderão ser atingidos pelas dívidas contraídas originariamente pelo falecido 
 
40
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2ª Ed., São Paulo: Método, 2010, 
p. 775. 
27 
 
 
 
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(benefício do inventário, CC, art. 179241). Essa regra nada tem a ver com a legitimidade 
passiva, tratando-se de regra de direito material que exclui a responsabilidade civil do espólio, 
herdeiro, que incidirem sobre dívidas superiores à herança. 
 
4.3. Novo devedor 
Trata-se da assunção de dívidas ou cessão de débito, que consiste na transferência 
da dívida a um novo sujeito que não o devedor originário e exige concordância expressa do 
credor (CC, art. 29942), porque a partir do momento em que se modifica o devedor, 
automaticamente modifica-se o patrimônio que responderá pela dívida. 
Ou seja, o credor deve anuir na cessão de débito, diferente do que ocorre na 
cessão de crédito, uma vez que na assunção de dívida tal cessão pode privá-lo da garantia de 
recebimento de seu crédito, a exemplo de quando o novo devedor tem pouco patrimônio. 
O exeqüente deve demonstrar em sua petição que dá início ao cumprimento de 
sentença, ou na petição inicial de processo autônomo de execução extrajudicial, que houve um 
negócio jurídico de cessão de débito que contou com sua expressa concordância. 
Salienta-se também que se houver anuência do credor, na assunção do débito, será 
desnecessário que ele seja ouvido no processo de execução, a respeito da alteração do polo 
passivo, pois ao anuir com a cessão de débito pelo cessionário, está evidente que o credor está 
concordando com que o devedor originário seja substituído no polo passivo. 
Cumpre salientar ainda que “quando exequente ou executado foi pessoa jurídica 
que venha a desaparecer, será preciso verificar se o patrimônio foi transferido a outra pessoa, 
ou se houve apenas dissolução. No primeiro caso, a nova pessoa jurídica assumirá o ativo e o 
passivo da anterior, passando a responder pela dívida da antiga; no segundo, a 
responsabilidade será dos sócios da empresa que desapareceu deixando dívidas”43. 
 
 
 
41
 CC, Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a 
prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. 
42
 CC, Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do 
credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o 
credor o ignorava. 
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, 
interpretando-se o seu silêncio como recusa. 
43
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de direito processual civil – execução e processo 
cautelar. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 43. 
28 
 
 
 
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4.4. Fiador judicial 
Fiança é uma garantia prestada por terceiro. Pode ser: 
a) convencional: decorre do acordo de vontades. 
b) legal: decorre de disposição de lei, a exemplo dos art. 140044 e 174545, 
parágrafo único do Código Civil. 
c) judicial: determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes, 
funcionando com caução. 
Fiador judicial é um terceiro no processo judicial que presta garantia real ou 
fidejussória

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