
Manual de procedimentos de água em vigilância em saúde ambiental.
Pré-visualização50 páginas
da comporta a ser mantida aberta considere a melhor condição de qualidade da água (Figura 3.4). Figura 3.4 – Torre de tomada de água Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 48 Secretaria de Vigilância em Saúde e) Tomada de água flutuante Figura 3.5 – Tomada de água flutuante Fonte: Funasa (1999) Captação de águas subterrâneas a) Do lençol não confinado (freático) • Captação de fonte aflorante ou de encosta São caixas de tomada adequadamente protegidas que, instaladas no local do afloramento, recolhem diretamente a água do lençol ou indiretamente de uma ca- nalização simples ou com ramificações que penetram o lençol (Figura 3.6). Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 49 Secretaria de Vigilância em Saúde Figura 3.6 – Captação de fonte de encosta (minas) Fonte: Barros et al. (1995) • Captação de fonte emergente Geralmente são sistemas de drenagem subsuperficial denominados de ga- lerias de infiltração. A solução consiste de um sistema de drenos que termina em um coletor central, por meio do qual a água é encaminhada a um poço (Figura 3.7). Figura 3.7 – Galeria de infiltração Fonte: Barros et al. (1995) Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 50 Secretaria de Vigilância em Saúde • Captação em poço raso Escavação circular, geralmente de 0,80 a 2,00 metros de diâmetro e com profun- didade de acordo com o nível do lençol freático. • Captação em poço profundo Constituída pelo poço propriamente dito, cravado ou perfurado (manual ou mecanicamente), com revestimento interno para evitar desmoronamentos e para impedir a entrada de água com características indesejáveis; com filtro nas camadas geológicas que contêm água e com equipamento de recalque. Em geral, demanda mão-de-obra e equipamentos mais sofisticados. b) Do lençol confinado (artesiano) • Poço profundo artesiano Para atingir o lençol artesiano, os poços são usualmente perfurados utilizan- do-se percussão ou ar comprimido. As partes componentes são essencialmente as mesmas do poço profundo freático, entretanto sua execução é mais cara e exige mão-de-obra e equipamentos ainda mais sofisticados. ADUÇÃO Realizada por meio de um conjunto de canalizações, peças especiais e órgãos acessórios, dispostos entre: • captação e a estação de tratamento de água (ETA); • ETA e o sistema de distribuição (reservatórios e rede). A canalização que deriva de uma adutora, abastecendo um determinado setor, é chamada de subadutora. As adutoras podem ser classificadas de acordo com a natureza da água trans- portada, com a energia utilizada para o escoamento da água e com o regime de escoamento da água. a) De acordo com a natureza da água transportada • adutora de água bruta: transporta água da captação até a ETA; • adutora de água tratada: transporta água da ETA até o sistema de distribuição. Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 51 Secretaria de Vigilância em Saúde b) De acordo com a energia utilizada para o escoamento da água • adutora por gravidade: quando o ponto inicial da adução é mais alto que o final e se aproveita o desnível existente (energia hidráulica)(Figura 3.8); • adutora por recalque: quando se utiliza um sistema elevatório (conjunto moto-bomba e acessórios); • mista: parte por recalque e parte por gravidade. c) De acordo com o regime de escoamento • adutora em conduto livre: os condutos podem ser abertos (canal) ou fecha- dos. A água ocupa apenas parte da seção de escoamento e a superfície man- tém-se sob pressão atmosférica (Figura 3.9); • adutora em conduto forçado: a água ocupa a plena seção, mantendo a pres- são interna superior à pressão atmosférica. O escoamento pode se dar a par- tir da energia hidráulica disponível (adutoras por gravidade) ou de energia introduzida (adutoras por recalque)(Figura 3.10). Figura 3.8 – Adutora por gravidade em conduto forçado Fonte: Funasa (1999) Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 52 Secretaria de Vigilância em Saúde Figura 3.9 – Adutora por gravidade em conduto livre Fonte: Funasa (1999) Figura 3.10 – Adutora por recalque (conduto forçado) Fonte: Funasa (1999) TRATAMENTO O tratamento da água para consumo humano tem por finalidade primeira torná-la potável.1 Em síntese, procura-se tornar a água atrativa e segura para o consumo humano. Portanto, os principais objetivos do tratamento são de ordem sanitária (ex.: remoção de organismos patogênicos e das substâncias químicas que representam riscos à saúde) e estética/organoléptica (ex.: remoção de turbidez, cor, gosto e odor). Adicionalmente, por motivos de ordem econômica, pode-se buscar a redução de corrosividade, dureza, ferro, etc. 1 Na definição encontrada na Portaria MS no 518/2004, água potável é a água para consumo hu- mano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendem ao padrão de potabilidade e não oferecem riscos à saúde. Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 53 Secretaria de Vigilância em Saúde A qualidade da água para consumo humano deve: • atender ao padrão de potabilidade exigido pelo Ministério da Saúde refletido na Portaria MS no 518/2004: • prevenindo a veiculação de doenças, de origem microbiológica ou química; • estimulando a aceitação para consumo humano; • prevenir a cárie dentária por meio da fluoretação; • proteger o sistema de abastecimento dos efeitos da corrosão e das incrustações O conhecimento das características da água bruta permite uma avaliação de sua tratabilidade, ou seja, da escolha do processo de tratamento mais adequado e viável, do ponto de vista técnico-econômico, para torná-la potável. Por sua vez, o tipo de manancial, superficial ou subterrâneo, é um fator determinante das caracte- rísticas da água bruta. Na concepção das estações de tratamento de águas provenientes de mananciais superficiais, considera-se a combinação das seguintes etapas: • clarificação, com o objetivo de remover impurezas; • desinfecção, para a inativação e ou remoção de organismos pato- gênicos; • fluoretação, para a prevenção da cárie dentária; • controle de corrosão e de incrustações. A Portaria MS no 518/2004, que dispõe sobre o padrão de potabilidade da água no Brasil, estabelece que: • Toda água fornecida coletivamente deve ser submetida a processo de desinfecção, concebido e operado de forma a garantir o atendimento ao padrão microbiológico (Artigo 22). • Toda água para consumo humano suprida por manancial superficial e distribuída por meio de canalização deve incluir tratamento por filtra- ção (Artigo 23). Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano 54 Secretaria de Vigilância em Saúde A etapa de fluoretação é prevista objetivando atender à legislação federal, que determina esta etapa no tratamento da água (Portaria MS no 635/1975). Já o con- trole de corrosão e de incrustações é empregado com a preocupação econômica de preservar a integridade das instalações. Para as águas subterrâneas, especialmente as de lençol confinado, freqüente- mente é dispensada a etapa de clarificação, em função dos baixos níveis de turbi- dez encontrados. Entretanto, as águas subterrâneas podem conter concentrações mais elevadas de substâncias dissolvidas, em função das características geomor- fológicas do solo. Em linhas gerais, as alternativas de tratamento podem ser divididas em dois grupos: com ou sem coagulação química. No segundo caso, a técnica empregada é a filtração lenta, usualmente adequada às águas de boa qualida- de, por exemplo, com baixa turbidez, cor e densidade de algas. Águas brutas com presença de cor ou valores mais