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LINGUÍSTICA II

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Prévia do material em texto

Autora
Angela Paiva Dionisio
Lingüística II
2009
linguística_II.indb 1 13/3/2009 11:07:05
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos 
direitos autorais.
D592 Dionisio, Angela Paiva. / Lingüística II. / Angela Paiva 
Dionisio. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009
192 p.
ISBN: 978-85-7638-863-0
1. Lingüística. 2. Atos da fala (Lingüística). 3. Conversação. 
I. Título. 
CDD 410
Todos os direitos reservados.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br
linguística_II.indb 2 13/3/2009 11:07:05
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Sumário
Morfologia: campos de ação e conceitos básicos | 7
Campo de ação da Morfologia | 9
Conceitos básicos da Morfologia: palavra e morfema | 10
Morfologia: formação de palavras | 21
Flexão e derivação: como se definem e se distinguem? | 23
Processos de formação de palavra | 26
Formação de palavra e os outros sistemas de linguagem | 29
Sintaxe: constituintes e estruturação da oração | 35
Alguns conceitos fundamentais | 37
A estrutura da oração | 38
Sintaxe: participantes, processos e usos | 47
A transitividade na Lingüística Sistêmica Funcional (LSF) | 50
Os tipos de processo e de participantes | 51
Transitividade em uso | 53
Semântica: relações semânticas entre as palavras | 61
Reflexões sobre a construção do sentido | 63
Tipos de relações semânticas: sinonímia, antonímia, homonímia e polissemia | 67
Pragmática: a dêixis e a anáfora | 75
De que trata a Pragmática? | 77
A dêixis e a anáfora | 80
Pragmática: atos de fala, implicaturas e máximas conversacionais | 89
A Teoria dos Atos de Fala | 92
Princípio de cooperação e máximas conversacionais | 95
Implicaturas conversacionais | 96
A pressuposição | 98
linguística_II.indb 3 13/3/2009 11:07:05
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Lingüística de texto: campo de atuação e conceitos básicos | 105
Afinal, o que é um texto? | 107
Intertextualidade: conceito e tipos | 119
Afinal, o que é intertextualidade? | 120
Psicolingüística: campo de atuação e conceitos básicos | 137
Teorias da aquisição da linguagem | 143
Sociolingüística: campo de atuação e conceitos básicos | 151
Variedades lingüísticas | 161
Afinal, o que são as mudanças lingüísticas? | 163
Variações lingüísticas: o que são e como se realizam | 165
Gabarito | 179
Referências | 185
Anotações | 191
linguística_II.indb 4 13/3/2009 11:07:05
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Apresentação
Um livro para chamar de meu...
Um livro para chamar de meu? Ou de seu? Um livro nosso, melhor 
dizer. Muitos são os autores que falam neste livro, muitos são os temas 
que se entrecruzam nestes capítulos, muitos são os questionamentos que 
espero que surjam. Muitas devem ser as respostas que devem ser também 
encontradas, mas jamais com a finalidade de dar por concluído o tema 
abordado em cada capítulo. 
Morfologia, Sintaxe, Semântica, Pragmática, Lingüística de Texto, 
Psicolingüística e Sociolingüística são os grandes temas que se desmem-
bram em tantos outros como, morfemas e palavras; estrutura e predicação 
da oração, relações semânticas, atos de fala e implicaturas conversacio-
nais; noção de texto e de gênero textual; intertextualidade; aquisição da 
linguagem e construção de sentido; competência lingüística e competên-
cia comunicativa; variedades e mudanças lingüísticas.
Os capítulos apresentam uma estrutura que visam auxiliar você, 
estudante, no processo de aprendizagem. Começam com a utilização de 
um texto que subsidiará a discussão inicial sobre o tema, sempre recor-
rendo à definição dos termos técnicos, objeto de estudo, com o emprego 
de exemplos oriundos das fontes mais diversas. Após essa discussão, há 
um momento de interação com um autor ou uma autora convidada. A 
seção “Leia o texto a seguir e reflita sobre as questões abordadas pela/
pelo autor/a” traz uma transcrição de um pequeno texto relacionado com 
o tema do capítulo que servirá como transição para a segunda parte do 
capítulo, como aprofundamento de algum conceito relevante para o ca-
pítulo, ou ainda como apresentação de um subtópico. A seguir, retoma-
se o assunto da aula, com o desenvolvimento dos itens que se fizerem ne-
cessários. Para finalizar a apresentação do conteúdo, surge a seção “Texto 
complementar” que, ao mesmo tempo em que retoma alguns aspectos 
discutidos anteriormente, contribui com novas informações sobre o tema 
em questão, ao utilizar-se de um texto também de autores convidados. 
Melhor esclarecer esta noção de autor convidado: são todos aqueles es-
pecialistas que tiveram transcritos fragmentos relativamente longos de 
capítulos de livros, de teses, de dissertações ou de artigos científicos. 
linguística_II.indb 5 13/3/2009 11:07:06
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O que os fazem diferentes das demais citações é o fato de eles não se-
rem comentados, não estarem inseridos no meu próprio texto, ou seja, 
eles têm autonomia, eles têm a própria voz. Voltando à estrutura do li-
vro, depois de tanto estudo, chegou a hora de checar a aprendizagem, 
ou seja, são propostos três exercícios para serem resolvidos. Com a cer-
teza de que você vai buscar mais leituras sobre o tema estudado, a últi-
ma parte do livro consiste na citação das referências. Bem, este é o perfil 
deste livro para chamar de nosso!
Uma palavra final, para que o livro se tornasse real, concreto, 
por razões físicas eu dependi totalmente de outras pessoas. Dentre 
elas, eu quero agradecer especialmente a Maria Cândida Paiva Dionisio, 
minha irmã, que parou a sua vida e veio ser as minhas mãos por me-
ses. Meus sobrinhos Rogério e Bianca também deram uma mãozinha! 
As minhas amigas e colegas Emília Ferreira, Fabíola Santana, Judith 
Hoffnagel, Medianeira de Souza, Normanda Beserra e Regina Dell’Isola 
também deixaram suas digitais! Por tudo isso, este é um livro realmen-
te para chamar de nosso livro de Lingüística! 
Angela
linguística_II.indb 6 13/3/2009 11:07:06
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Morfologia: campos 
de ação e conceitos básicos
Angela Paiva Dionisio*
Marcelo, personagem de Ruth Rocha, questiona o nome que as coisas têm; recebe do pai uma 
explicação, mas não fica satisfeito. Resolve, então, alterar a forma de nomear os objetos e as ações do 
seu dia-a-dia. Vejamos um fragmento do livro Marcelo, Marmelo, Martelo (ROCHA, 1999b, p. 13-14):
E Marcelo continuou pensando:
– Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E 
por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E bala? Eu acho que as coisas deviam 
ter nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer 
dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim.
Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:
– Mamãe, quer me passar o mexedor?
– Mexedor? Que é isso?
– Mexedorzinho, de mexer café.
– Ah... colherinha, você quer dizer.
– Papai, me dá o suco de vaca?
– Que é isso, menino!
– Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.
– Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino?
* Pós-doutora pela University of Califórnia– Santa Bárbara. Doutora e Mestre em Lingüística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 
Graduada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Autora de capítulos de livros e artigos publicados na área dos estudos do texto oral e 
escrito, bem como da teoria dos gêneros e ensino de língua materna. Nessas mesmas áreas, possui livros organizados em parceria.
linguística_II.indb 7 13/3/2009 11:07:07
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8 | Lingüística II
(R
O
CH
A
, 1
99
9b
, p
. 1
3-
14
)
Em quais aspectos se baseiam as preocupações de Marcelo? As palavras propostas por ele são 
possíveis de serem criadas na língua portuguesa? Se podem, por que seus pais reagem de forma tão 
espantada? Tomemos para análise alguns trechos:
1. “Cadeira, por exemplo. Deveria chamar sentador.”
2. “Mamãe, quer me passar o mexedor?”
3. “E travesseiro? Deveria chamar cabeceiro, lógico!”
4. “E por que será que a bola não é a mulher do bolo?” 
Em (1) e (2), ao formar as palavras sentador e mexedor, Marcelo usa uma das Regras de Formação 
de Palavras (RFP) bastante recorrente, que é substantivo formado a partir do verbo com o acréscimo do 
sufixo -dor (V  S -dor). Interessante que se destaque o fato de ambos os substantivos formados por 
Marcelo decorrerem de verbos cuja ação serve para nomear os objetos. Em outras palavras, a utilidade 
principal dos objetos é definida pelo sentido dos verbos.
A substituição de travesseiro por cabeceiro em (3) segue o mesmo princípio empregado em (1) e 
(2), ou seja, o objeto é nomeado pela função, no caso guardar a cabeça. Porém, nesse caso, é formado a 
partir do próprio substantivo com o acréscimo do sufixo -eiro (S S -eiro). 
Mas o que acontece em (4) “E por que será que a bola não é a mulher do bolo?” Bem, alguns fato-
res morfológicos estão aqui envolvidos: (I) a flexão de gênero em Português se dá por vários processos 
e não apenas pela substituição de -o ou morfema Ø por -a, como em gato–gata; (II) há palavras que 
não se flexionam em gênero, como em bolo e bola, em que o -o e -a finais indicam apenas a classe gra-
matical, isto é, são substantivos. O -a em bola é um morfema classificatório e não um morfema aditivo 
indicador de gênero. A indicação de gênero, nesse caso, dar-se-á pelo uso do artigo feminino a, que o 
acompanhará, inserindo, dessa forma, a palavra bola na classe de palavras femininas. Ah! Marcelo ainda 
precisa descobrir que não se pode confundir gêneros das palavras com sexo. 
Enfim, essa reflexão inicial serve para ilustrar algumas das áreas de atuação da Morfologia, ou 
seja, para situar o campo de estudo da Morfologia.
linguística_II.indb 8 13/3/2009 11:07:08
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9|Morfologia: campos de ação e conceitos básicos
Campo de ação da Morfologia
O que estuda a Morfologia? Vejamos o verbete Morfologia no Dicionário de Linguagem e Lingüís-
tica, de Trask (2004, p. 199-200):
Morfologia (morphology) – A estrutura da palavra, ou o ramo da Lingüística que estuda esse assunto. As palavras têm 
tipicamente uma estrutura interna e, em particular, são constituídas por unidades menores chamadas morfemas. Por 
exemplo, a forma verbal tomando comporta dois morfemas: o radical verbal tom- e a terminação gramatical -ando. 
Analogamente, o substantivo catavento comporta os morfemas cata e vento, e o advérbio vagarosamente consta dos 
morfemas vagar, -os, -a e -mente. Convencionalmente, a Morfologia divide-se em duas áreas principais: a flexão –isto 
é, a variação na forma para fins gramaticais de uma única palavra, como em tomo, tomas, tomava, tomei, tomando, 
tomar etc. – e a formação de palavras – a construção de palavras novas com base nas já existentes, como nos exemplos 
catavento e vagarosamente. Um tipo de formação de palavras particularmente importante é a derivação, como em 
reescrever, infelicidade e insolação.
Para alguns estudiosos, a Morfologia deve centralizar-se no estudo das formas das palavras, res-
tringindo-se ao nível do vocábulo. Já para outros, a análise das formas deve ocorrer no plano das sen-
tenças. Nesse nível, fala-se em Morfossintaxe. Passemos, agora, para algumas definições do campo de 
atuação da Morfologia:
Tradicionalmente, a Morfologia estuda a estrutura interna das palavras e suas relações com outras palavras dentro do 
paradigma. A Sintaxe, por sua vez, ocupa-se com as funções exteriores e com a relação com outras palavras no interior 
da sentença. [...] A Morfologia é o ramo da Lingüística que trata das formas das palavras em diferentes usos e constru-
ções (MATTHEWS, 1974, p. 33).
A gramática tradicional distinguia a Morfologia da Sintaxe, de acordo com o critério das dimensões relativas dos signi-
ficantes. Assim caberia à Sintaxe estudar as construções superiores à palavra (locuções, frases etc. nas quais a palavra 
fosse a unidade constituinte mínima), e caberia à Morfologia efetuar o estudo das construções cujos constituintes míni-
mos fossem palavras, ou partes de palavras (sufixos, raízes etc.). Os lingüistas da atualidade, e já desde Saussure – tanto 
os estruturalistas, como Hjelmslev e Pottier, quanto os gerativo-transformacionalistas, que não levam em conta a teoria 
dos níveis de descrição – apontam as sobreposições freqüentes entre os dois setores e recusam-se a distingui-los: a 
sintaxe, para eles, “começa a partir do encontro de dois morfemas” (parecer de Pottier), e seria mais apropriado falar-se, 
nesse caso, de Morfossintaxe (LOPES, 1977, p. 45).
Uma definição de Morfologia que a considere como um componente separado da Sintaxe e tendo como unidade 
mínima e máxima de seu objeto, respectivamente, o morfema e a palavra seria: parte da gramática que descreve as 
unidades mínimas de significado, sua distribuição, variantes e classificação conforme as estruturas onde ocorrem, a 
ordem que ocupam, os processos na formação de palavras e suas classes (SCLIAR-CABRAL, 1973, p. 129).
É uma disciplina lingüística que tem a palavra por objeto, e que estuda, por um lado, a sua estrutura interna, a organiza-
ção dos seus constituintes, por outro, o modo como essa estrutura reflete a relação com outras palavras, que parecem 
estar associadas a ela de maneira especial. Nesse estudo inclui-se a análise das unidades que são usadas nas alterações 
sofridas, como, por exemplo, afixos flexionais e derivacionais, bem como as regras que são postuladas para dar conta 
dessas alterações (AZUAGA, 1996, p. 216).
Pode ser observado que morfema e palavra perpassam as definições acima, demonstrando que 
esses são os dois conceitos essenciais para os estudos morfológicos. A morfologia dedica-se, portanto, 
ao estudo da palavra, da sua estrutura interna, das relações dos constituintes nos processos de forma-
ção e de conversão de palavras.
linguística_II.indb 9 13/3/2009 11:07:08
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10 | Lingüística II
Conceitos básicos da Morfologia: palavra e morfema
Afinal, o que é uma palavra?
Intuitivamente, nós, falantes nativos de uma língua, sabemos muito bem definir se determinada 
realização lingüística é uma palavra possível ou não, se aquela palavra é adequada a tal situação comu-
nicativa, se é possível brincar com as palavras naquele gênero, se alguém está dizendo um palavra por 
outra. Enfim, pedimos com segurança para não colocarem palavras na nossa boca, quando nos acusam 
de algo que não dissemos. Quando Marcelo pediu a mamãe para passar o “suco da vaca”, temos uma ou 
três palavras? E em “guarda-louça” e “casa de detenção”? Aliás, “suco da vaca” existe?
Leia o texto a seguir e reflita sobre as questões abordadas pelo autor.
Palavras, palavras, palavras
(PossentI,2001, p. 125-126)
Se você é professor de português (ou lingüista), certamente já ouviu uma das seguintes per-
guntas: a) A palavra “x” existe? Como se escreve a palavra “y”? Qual é a pronúncia correta da pala-
vra “z”? Qual o sentido da palavra “w”? Se você não é nem professor de português nem lingüista 
(e mesmo sendo), certamente também já fez alguma dessas perguntas, ou todas. A razão para sua 
ocorrência constante é que elas são as questões mais comuns que ocorrem aos falantes curiosos 
em relação às palavras ou às possíveis palavras de uma língua.
Em geral, espera-se que haja para essas perguntas uma resposta categórica, do tipo sim-não 
(tal palavra existe, tal palavra não existe) ou do tipo “a” ou “b” (a escrita correta é tal, a pronúncia 
correta é tal, o sentido da palavra é esse e não aquele). Essas respostas são certamente as espe-
radas, mas, invariavelmente, respostas categóricas como essas são problemáticas. Pelo menos, 
são freqüentemente problemáticas. Respostas mais adequadas são de natureza diferente, mais ou 
menos como as seguintes: a) Se tal palavra existe? Depende. Você não acabou de dizê-la? Ouviu 
de quem? Ou: Que eu sabia, não. Ou; é usada em tal região, e em tal profissão. Ou: existe, é uma 
palavra francesa (ou inglesa, ou da língua tal e tal). A pronúncia? No sul ou no norte? Neste século 
ou no passado? No Brasil ou em Portugal (na Inglaterra ou nos Estados Unidos)? Como se escreve? 
Veja no dicionário, mas saiba que sua grafia já foi outra. Você viu essa palavra escrita de forma 
estranha? Quer saber por que isso ocorre? Bem, uma grafia errada tem muitas vezes boas expli-
cações. O sentido da palavra? Ih, meu, agora ficou difícil. Em geral, as palavras significam tantas 
coisas! Você já olhou num dicionário? Já notou que é difícil encontrar palavras com um sentido só? 
Nunca olhou? Faça a experiência: comece bem no começo. Bem no começo mesmo, no “a”. Você 
verá que nem mesmo o “a” é uma coisa só. Descobrirá o óbvio: que o “a” pode ser uma letra, uma 
preposição, um artigo, uma conjunção, uma vogal.
linguística_II.indb 10 13/3/2009 11:07:08
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11|Morfologia: campos de ação e conceitos básicos
Estamos (ou estivemos) muito acostumados a uma idéia normativa de língua. Ela seria imóvel, 
imutável, fixa. Seria, ainda, um código perfeito. Por isso, cada pergunta deveria ter uma resposta 
só, e correta desde sempre e para sempre. Mas a realidade não é assim. Isso só poderia valer para 
uma língua inventada (e que não funcionaria de jeito nenhum). As línguas costumam ter alguns as-
pectos rigidamente organizados e outros muito móveis e variáveis. O princípio vale também para 
as palavras. Às vezes, é muito difícil decidir se uma palavra existe, ter certeza de sua pronúncia-
padrão, ou ter outras certezas, qualquer uma.
Faça testes com palavras como “obeso”, “bandeja”, “caranguejo” etc. E não esqueça de discu-
tir a pronúncia de “subsistir”, por favor. Para saber o sentido das palavras, freqüentemente temos 
que saber em que contexto foram usadas. Há muitas coisas interessantes sobre as palavras, além 
de sua impossível uniformidade e bom comportamento, que fomos acostumados a procurar des-
cobrir. Aliás, é muito mais interessante olhar para elas como se olha para outros fenômenos da 
natureza. É mais instigante querer saber como se comportam de fato no mundo (o mundo de uma 
língua é seu uso por muitos falantes bastante diferenciados em numerosos contextos), do que 
querer congelá-las numa redoma.
Se afirmar que tal palavra existe ou não já é difícil, conceituar palavra é mais complicado ainda, 
visto que há várias perspectivas para se fazer isso. Podemos sistematizar as seguintes noções de palavras: 
palavra ortográfica, palavra fonológica, lexema e palavra morfossintática (AZUAGA, 1996; TRASK, 2004).
Palavra ortográfica:::: – corresponde à unidade escrita delimitada por espaços em branco. Esse 
conceito, porém, apresenta algumas restrições, como: (I) palavras com o uso do hífen e do 
apóstrofo, como em suco-da-vaqueira, copo d’água, preenchem o espaço com sinais gráficos; 
(II) palavras homônimas devem ser contadas como uma ou duas? Na frase “Como bancas as 
bancas neste cassino?”, as repetições devem ser contadas por terem significados diferentes?
Palavra fonológica:::: – corresponde à unidade “resultante de um determinado tipo de seg-
mentação do contínuo sonoro” (AZUAGA, 1996, p. 221), como ocorre em “leste (verbo) – leste 
(substantivo)”; cavalo (substantivo) – cavá-lo (verbo).
Lexema:::: – “unidade lexical, abstrata, que reúne todas as flexões de uma mesma palavra. Em 
princípio, os lexemas são distintos uns dos outros, porque são portadores de sentidos dife-
rentes – PAI – MÃE” (AZUAGA, 1996, p. 221); unidade que o usuário espera que possua uma 
entrada própria no dicionário.
Forma gramatical da palavra:::: – unidades distintas por serem variantes flexionais da mesma 
unidade lexical: “sou” e “é” são flexões do lexema ser, “mudei” é flexão do lexema mudar.
Palavra morfossintática:::: – “termo que se deve utilizar quando pretendemos designar a es-
pecificação ou a descrição de uma das formas de um lexema, tal como ela ocorre no enun-
ciado.” (AZUAGA, 1996, p. 222). Em “Pintei um pires ontem” e “Pintei dois pires ontem”, o le-
xema pires é singular na primeira estrutura e plural na segunda. São, portanto, duas palavras 
morfossintáticas. 
Vejamos agora alguns exemplos elencados por Trask (2004, p. 218-219), traduzidos e adaptados 
por Rodolfo Ilari, que nos fazem pensar ainda mais sobre a complexidade do tema: 
linguística_II.indb 11 13/3/2009 11:07:08
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12 | Lingüística II
grana preta:::: : duas palavras ortográficas, uma palavra fonológica, um único item lexical e uma 
única forma gramatical (usa-se granas pretas?);
cão e cães:::: : duas palavras ortográficas, duas palavras fonológicas, duas palavras morfossintá-
ticas e um único lexema;
àqueles (para aqueles):::: : uma única palavra ortográfica, uma única palavra fonológica, duas 
palavras morfossintáticas e dois lexemas (preposição a + pronome aquele).
Enfim, Trask (2004, p. 219) sugere que, “quando estivermos falando de palavras, é essencial que 
especifiquemos exatamente que sentido temos em mente [...]”. Mas, finalmente, o que é uma palavra?
Uma definição concisa de palavra é dada por Sândalo (2001, p. 181): “unidade mínima que pode 
ocorrer livremente”. A autora lembra que alguns pronomes como os oblíquos de terceira pessoa (o, a) 
não se definem como uma palavra, uma vez que não são sujeito de uma sentença nem uma resposta 
a uma pergunta. Essa definição, apresentada por Bloomfield (1933) na década de 1930, decorre da 
clássica tipologia entre formas livres (aquelas que constituem um enunciado) e formas presas (aquelas 
que não são suficientes para constituírem um enunciado). As marcas de plural, as marcas de gênero, 
o sufixo -mente formador de advérbio exemplificam as formas presas, pois só se realizam agregadas, 
como as formas livres gato/gata – gata/gatas – livre/livremente. Nessa classificação de Bloomfield 
(1933) não entram os artigos, as preposições, os pronomes oblíquos átonos e tônicos, por exemplo. 
Mattoso Câmara Jr. (1970, p. 70) introduz um terceiro conceito – o de formas dependentes – isto é, uma 
forma que não é livre, porque não pode funcionar isoladamente como um enunciado, mas também 
não é presa porque é separável da forma livre a que se liga, admitindo intercalações e inversões. To-
memos um fragmento da música Palavras de Titãs (1997):
Palavras eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se use
Em casos de emergência, para ilustração. 
BRITO, Sérgio; FROMER, Marcelo. Palavras. In: Acústico. WEA, 1997.1 disco, faixa 10.
É possível se fazer uma intercalação no fragmento com urgência, alterando para com muita urgên-
cia, assim como se pode fazer uma inversão com urgência preciso. 
Como lembra o lingüista americano Lyons (1979, p. 211), “uma das características da palavra é 
que ela tende a ser estável internamente, quanto à ordem dos morfemas que a compõem, mas é móvel 
quanto à posição: pode trocar de posição com outras palavras na frase.” 
Em seu livro “Alice no país da linguagem”, Yaguello1 (1990, p. 57), no capítulo “Serrar as palavras” 
acrescenta:
“Dizer uma palavra por outra”, “enganar-se nas palavras”, “medir as palavras”, “a brincar com as palavras”, “a força das pala-
vras”, “palavras ao vento”, tudo isso são expressões que provam que, para os locutores, a unidade formal da linguagem é 
de facto a palavra, unidade móvel e autônoma. Entre as palavras, convém distinguir as palavras completas das palavras 
instrumentos, sendo as primeiras (substantivos, adjectivos, verbos, advérbios) capazes de, por si só, formar enunciados 
completos: “Anda!”, “Satisfeito?”, “Às vezes”, “Lamento”; as segundas (artigos, conjunções, preposições, partículas) nunca 
1 Foi mantida a ortografia original do livro escrito em Português de Portugal.
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13|Morfologia: campos de ação e conceitos básicos
aparecem sozinhas. Os pronomes podem pertencer às duas categorias, conforme apareçam na sua forma absoluta, o 
meu, ou relativa, meu. “O meu” é um enunciado, mas “meu” já não é2.
Será, então, o morfema uma invenção dos lingüistas? Umas vezes coincidindo com a palavra, sendo, na maioria dos 
casos, uma parte da palavra3, os seus contornos nem sempre estão claramente definidos para os locutores, e a sua de-
finição é de certa maneira negativa, visto que ele é “a mais pequena unidade de sentido”, para lá da qual não é possível 
continuar a segmentar, conservando, ainda, um sentido autónomo.
Afinal, o que é um morfema?
Retomemos a definição de morfema apresentada no interior do verbete morfologia, do Dicio-
nário de Linguagem e Lingüística, mencionado anteriormente:
As palavras têm tipicamente uma estrutura interna e, em particular, são constituídas por unidades menores chamadas 
morfemas. Por exemplo, a forma verbal tomando comporta dois morfemas: o radical verbal tom- e a terminação grama-
tical -ando. Analogamente, o substantivo catavento comporta os morfemas cata e vento, e o advérbio vagarosamente 
consta dos morfemas vagar, -os, -a e -mente. (TRASK, 2004, p. 199-200)
As três palavras tomando, catavento e vagarosamente foram segmentadas em unidades grama-
ticais mínimas. A análise morfológica deve realizar-se pelo princípio da comutação, que consiste numa 
operação contrastiva com a permuta de elementos em subconjuntos numa relação paradigmática. 
Vejamos:
•	 tomando
 toma
 -ndo
•	 catavento
 cata
 cata e vento
•	 vagarosamente
 vagarosa
 -mente
 vagarosa
 vagaros
 -a
vagaroso
vagar
 -oso
2 As palavras completas são menos redundantes do que as palavras instrumentos, uma vez que são estas últimas que os telegramas omitem.
3 Sem ser, no entanto, uma palavra composta, que é a adição de duas ou mais palavras, donde a questão que sempre se põe aos estudantes: 
“Escreve-se numa palavra ou em duas, com traço ou sem traço?
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14 | Lingüística II
Além da comutação, mais dois princípios fazem parte da análise morfológica, como salientam Sil-
va e Koch (1997): a alomorfia e a mudança morfofonêmica. O plural da seqüência professor-aluno-papel é 
professores-alunos-papéis. A marcação de plural ocorreu pelo uso do morfema -s, padrão em português, 
e das variações -es e -is. A esse princípio de variação se dá o nome de alomorfia, e a cada forma variante, 
alomorfe. Os blocos faz, fez, fiz, bem como saúde, saudável, salutar e insalubre apresentam alomorfes 
dos morfemas lexicais fazer e saúde. Já o morfema negativo -in, por exemplo, mantém seu significado, 
mas varia sua forma em -im, -ir, -i, dependendo do fonema da sílaba seguinte: insensível, impraticável, 
irreal, ilegal. Verifica-se, então, uma mudança morfofonêmica.
Petter (2003, p. 65-68), num artigo dedicado à Morfologia, cita os processos morfológicos que as 
diferentes línguas empregam para produzir um novo signo lingüístico. São eles: adição, reduplicação, al-
ternância e subtração. A adição se dá “quando um ou mais morfemas é acrescentado à base, que pode ser 
uma raiz ou radical primário, isto é, o elemento mínimo de significado lexical. Em aprofundar, temos os se-
guintes morfemas: a-profund-ar, onde a- e -ar são morfemas aditivos, que se acrescentam à raiz profund-. 
Aprofund- é a base de aprofundar.” [...] A reduplicação consiste na repetição de fonemas da base, com ou 
sem modificações. “Nas línguas clássicas – latim, grego e sânscrito – está associado à flexão verbal.”
Já a alternância ocorre “quando alguns segmentos da base são substituídos por outros, de forma 
não-arbitrária, porque são alguns traços que se alternam com outros; como em português; pus/pôs; fiz/
fez; fui/foi; ou em inglês, em alguns plurais como foot/feet; man/men.” (PETTER, 2003, p. 67). O último 
processo, a subtração, consiste na eliminação de segmentos da base “para expressar um valor gramati-
cal”, como em órfão/órfã, anão/anã.
Temos, até o momento, mencionado uma variedade de morfemas, tais como morfema zero, mor-
fema classificatório, morfema aditivo, morfema lexical. Isso se deve à diversidade dos tipos de morfema 
existentes na literatura especializada. 
Kehdi (1996), em Morfemas do Português, propõe que os morfemas sejam classificados segundo 
os aspectos formal e funcional. Do ponto de vista formal, os morfemas do português se agrupam em: 
radical, afixos, desinências, vogais temáticas, vogais e consoantes de ligação. Em relação à função, os 
morfemas são dos seguintes tipos: morfema aditivo, morfema subtrativo, morfema alternativo, morfe-
ma reduplicativo, morfema de posição e morfema zero. Silva e Koch (1997) os classificam, quanto ao 
significado, em lexicais e gramaticais. Os morfemas gramaticais dividem-se em classificatórios, flexio-
nais, derivacionais e relacionais. Trataremos neste capítulo dos dois primeiros tipos. 
Duas distinções merecem ser feitas antes de prosseguirmos: radical versus raiz; desinência versus 
sufixo. O radical corresponde à forma lingüística base para construir formas flexionadas, seguido da 
vogal, como cant em cantaremos (canta- + -re- + -mos); a raiz, por vez, é o elemento que forma a base de 
uma palavra (cant- + -aremos, cant- + -amos, cant- + -arei, cant- + -aras). Kehdi (1996, p. 27) sugere que 
ao se fazer um estudo sincrônico da língua, deve-se evitar o termo raiz, visto que “nem sempre há coin-
cidência entre os enfoques sincrônico e diacrônico: em comer, o radical é com- (cp. comida, comilão), ao 
passo que a raiz é ed-”. Em relação ao par desinência versus sufixo, registra-se a obrigatoriedade de uso 
sem a criação de novas palavras para a desinência, como se verifica em cantaremos, onde -re- (sufixo de 
tempo futuro do presente) + -mos (sufixo de concordância de pessoa), ao passo que o uso do sufixo gera 
uma nova palavra (caderno/caderneta, livre/livremente).
Os classificatórios recorrem às vogais temáticas nominais (-a, -e, -o) e verbais (-a, -e) para classi-
ficar os vocábulos como nomes (substantivos e adjetivos) e verbos. Localizam-se entre o radical e as 
desinências e os sufixos. 
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15|Morfologia: campos de ação e conceitos básicos
Os morfemas flexionais modificam os morfemas lexicais, atribuindo-lhes categorias gramaticais 
como gênero e número aos nomes e modo–tempo e número–pessoa aos verbos. Há os flexionais que 
se adicionam para indicar as noções de gênero e número, como em vendedor–vendedora (-a) e vende-
dor–vendedores (-es). A estes se atribui o nome de aditivos. Retomemos o exemplo cantaremos, para 
observarmos que os segmentos -re- e -mos acumulam mais de uma informação gramatical: -re (modo 
indicativo + tempo futuro do presente) e -mos (primeira pessoa plural – noções de número e pessoa). São 
denominados de morfemas flexionais aditivos cumulativos.
O segundo tipo – o subtrativo – indica a noção de gênero pela redução da forma masculina, como 
em cirurgião/cirurgiã. 
Em sogro–sogra e ovo–ovos, observa-se que as flexões de gênero (sogro–sogra) e de número 
(ovo–ovos) apresentam uma alternância vocálica /ô/ para o masculino e singular e /ó/ para o feminino e 
plural. Esse tipo de morfema se chama alternativo. Além da alternância vocálica, ainda são utilizados os 
aditivos -a, para o gênero em sogra, e -s, para o plural em ovos. Silva e Koch (1997, p. 23) enfatizam que 
“em português é mais adequado considerar-se tais alternâncias como morfemas redundantes, dada a 
sua função unicamente secundária, e enquadrá-los como uma subclasse dos alternativos [...]”. 
Anteriormente, usamos as estruturas “Pintei um pires ontem” e “Pintei dois pires ontem” e verifica-
mos que a idéia de singular e plural depende do contexto imediato, no caso do uso de numerais (1 (um) 
e 2 (dois)). A esse tipo denomina-se de morfema latente ou alomorfe Ø. A categoria de gênero muitas 
vezes é indicada em nossa língua por esse tipo de morfema: “o jornalista entrevistou o pianista” – “a 
jornalista entrevistou a pianista.” 
O último tipo de morfema flexional a ser discutido é o morfema zero (Ø), ou seja, a ausência de 
marca de pessoa e número para os verbos e plural e feminino para os nomes. Nos pares falava–falá-
vamos e fiel–fielmente, em qual deles temos a ocorrência do morfema Ø? Para Kehdi (1996, p. 24), um 
morfema Ø deve preencher três condições, que são: corresponder a um espaço vazio, esse espaço deve 
se opor a um ou mais segmentos e expressar uma noção inerente à classe gramatical do vocábulo exa-
minado. Portanto, é o par falava–falávamos que atende a tais critérios, pois o espaço vazio em falava 
Ø se opõe à noção de primeira pessoa plural, inerente à flexão dos verbos. Mas não há entre os autores 
consenso na conceituação desse morfema. Freitas (2007, p. 60-61), entre outros, considera a inexistên-
cia e não apenas a ausência de traço flexional como ocorrência do morfema Ø. Assim, para esse autor, 
pires é um exemplo de morfema Ø.
Texto complementar
Análise mórfica 
(CÂMARA JR., 1970, p. 72-75)
É a depreensão das formas mínimas, ou morfemas, constituindo o vocábulo formal unitário, que se chama a análise 
mórfica. Por meio dela procede-se à descrição rigorosa das formas de uma língua dada.
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16 | Lingüística II
O método dessa análise consiste na técnica da “comutação”. Por esse nome se entende a substituição de uma 
invariante por outra, de que resulta um novo vocábulo formal. Se a gramática tradicional transferiu às cegas as ca-
tegorias e os membros das categorias latinas para as línguas européias modernas [...], é porque ainda não se com-
preendia claramente a relevância do teste da comutação para o conteúdo lingüístico (HJELMSLEV, 1953, p. 47).
Talvez a melhor maneira de bem compreender o método assim definido seja a sua exempli-
ficação com uma forma verbal simples portuguesa, como falamos. As nossas gramáticas em regra 
não se preocuparam mais do que em separar o “radical” da “terminação” em nossos verbos. Assim 
lhes escaparam inteiramente as noções gramaticais, morfema por morfema, que neles podem 
entrar. Nessa análise temos de levar em conta o morfema gramatical zero (Ø), isto é, a ausência 
de um morfema, num dado vocábulo, que aparece noutro vocábulo e estabelece com o primeiro 
uma oposição significativa. É, por exemplo, o que se dá com o singular entre os nomes portugue-
ses, aí caracterizado apenas pela ausência do morfema /S/ de plural: lobo / lobos, ou seja, lobo + 
Ø / lobo + /S/.
No exemplo falamos notemos preliminarmente uma homonímia entre presente e pretérito, 
decorrente de não haver para um e outro um morfema específico e o morfema -mos, da 4.ª pessoa 
gramatical, ou 1.ª pessoa do plural, ser sempre o mesmo em todos os verbos e tempos portugue-
ses1. Aceitemos a homonímia e fixemo-nos no presente, partindo de um contexto como “Falamos 
aqui neste momento”.
A primeira comutação, que ocorre, é um zero (0), que nos dá o vocábulo fala. Como passa en-
tão a se tratar de outra pessoa gramatical (a 3.ª pessoa do singular), concluímos que -mos é que é o 
morfema da 1.ª pessoa plural, ou 4.ª pessoa gramatical. Por outro lado, a comparação de falamos, 
como falávamos, faláramos, falaremos e falaríamos, indica um presente e um pretérito com morfe-
ma zero e dois outros pretéritos, com morfemas -va- e -ra-, respectivamente, e com dois futuros, 
respectivamente, de morfemas -re- (tônico) e -ria- (com a tonicidade no /i/). Finalmente, a diferença 
de falamos com bebemos e partimos mostra que os verbos portugueses se distribuem em três clas-
ses mórficas (as tradicionais “configurações”), caracterizadas sucessivamente pelas vogais /a/, /e/, 
/i/. O primeiro elemento indivisível, comum a todas as formas de cada um dos verbos, é o morfema 
lexical, em que se concentra significação específica do ato que o verbo expressa: fal-, em falamos, 
referente a uma atividade vocal distinta da de cantamos (morfema lexical cant-), ou da de gritamos 
(morfema lexical grit-), ou da de choramos (morfema lexical chor-). Da mesma sorte bebemos, com 
beb-, se opõe a comemos, com com-, e partimos, com part-, se distingue de fugimos com fug- /fuz/.
Todas essas comutações nos levam a analisar o vocábulo verbal português, além do seu mor-
fema lexical, com um morfema classificatório de conjugação, um morfema de tempo verbal e um 
último de pessoa gramatical, referente ao sujeito.
Também a análise introduz um conceito novo, que é o da “cumulação”. Com efeito, em fa-
lamos, falávamos, faláramos, falaremos, falaríamos, vemos que -mos, indivisível, acumula em si, 
além da noção de 1.ª pessoa gramatical (o falante), a noção de plural. Analogamente, os morfemas 
de tempo verbal, ou temporais, incluem a intenção objetiva da comunicação, própria do modo 
indicativo, em face de uma atitude subjetiva de dúvida ou, ainda, suposição, que transparece em 
falemos, falássemos e falarmos, além da circunstância, talvez a mais relevante destes três últimos 
tempos só figurarem em padrões especiais de frase, dependentes de outro “principal”.
[...] 
1 Já rechaçamos, em capítulo precedente, a precária e inconsistente distinção entre falamos /â’/, no presente, e falámos /à/ no pretérito.
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17|Morfologia: campos de ação e conceitos básicos
Por outro lado, na depreensão da invariante que é o morfema, é preciso não esquecer a possibi-
lidade da sua variação, ou seja, seus alomorfos. No tempo futuro, a que pertence cantaremos, falare-
mos etc., há também a variante -rá-, que aparece em falará, cantará etc., ou em falarás, cantarás etc.
A alomorfia pode ser de natureza puramente mórfica, privativa da primeira articulação da 
linguagem, como na variação /rê’/ - /ra’/, ou pode depender da segunda articulação, como conse-
qüência das distribuiçõesimperativas que se verificam no plano fonológico. Assim, as vogais /ê/ e 
/i/, que caracterizam duas classes mórficas de verbos portugueses, em posição átona final sofrem 
a redução, que já conhecemos, a um débil alofone de /i/, que a escrita representa pela letra -e. Este 
/i/, escrito -e, é um alomorfe, condicionado pela posição átona final da vogal, tanto do morfema 
/ê/ (da 2.ª conjugação), como do morfema /i/ (da 3.ª conjugação).
Finalmente, pode-se dar a neutralização no plano mórfico, semelhante à que já conhecemos no 
plano fonológico entre fonemas. A neutralização torna indistinta a diferença, ou melhor dito, anula 
a oposição entre dois morfemas pelo aparecimento de um morfema único. Isso pode-se dar apenas 
dentro do plano formal como numa forma verbal falaram, que no plural da 3.ª pessoa tanto se refere ao 
singular falou, de um dos três pretéritos portugueses, como ao singular falara, correspondente a outro 
desses pretéritos. Mas também pode ser uma conseqüência de uma neutralização fonológica, previa-
mente operada na segunda articulação, com a eliminação da oposição entre dois fonemas. Assim, a 
neutralização mórfica, que torna indistintas entre si a 2.ª e a 3.ª conjugação em teme e parte, por exem-
plo, resulta da circunstância de que há neutralização entre os fonemas /ê/ e /i/ em posição átona final.
A neutralização morfológica é compensada de duas maneiras na estrutura gramatical da lín-
gua. Por outro lado, ela entra em regra num “paradigma”, isto é, num conjunto de formas conca-
tenadas entre si, como são as formas de cada verbo português. Se a oposição com outra forma se 
anula para uma dada forma, como em falaram, ela se recria alhures, como entre falou e falara. Por 
outro lado, o contexto da comunicação faz compreender a distinção que a neutralização tornou 
latente. Só se emprega em português falaram como contraparte de falara em certos tipos de frase, 
enquanto é em outros tipos que se emprega falaram como contraparte de falou.
A alomorfia pode-se verificar, evidentemente, entre elementos fonológicos de natureza diversa. 
É o que acontece, para certos verbos portugueses ditos “irregulares”, entre um fonema ou conjunto de 
fonemas, acrescentado ao radical do verbo, e uma alternância vocálica dentro do radical. Por exemplo 
fiz, do verbo fazer, corresponde ao -i final de temi, do verbo temer. Ambas as formas indicam a 1.ª pes-
soa gramatical de um determinado tempo passado português. Mas em temi houve acréscimo de um 
i- tônico ao radical, ao passo que em fiz houve no radical a mudança da sua vogal -a- (faz+er) para -i-.
Assim, em fiz temos um tipo de morfema que não é o do -i final de temi. Neste, houve o acréscimo 
de um segmento fônico ao radical. Naquele houve uma alternância da vogal do radical. Essa alternân-
cia, que em português é esporádica e só aparece num grupo mínimo de verbos, é em outras línguas um 
morfema geral e “regular”, ou ainda, em outras, como o inglês, uma alomorfia bastante generalizada 
(cf. – ing. sit “sentar”) I sat “sentei”, drive / draiv/ “dirigir”: O drove / drouv/ “dirigir”, e assim por diante2. 
2 Há aí, como sempre na língua, uma distribuição em padrões, de maior ou menor número de itens, que a gramática tradicional inglesa 
não se preocupa em depreender, enumerando todos esses verbos pela “ordem” alfabética, com a descrição gramatical deturpada numa 
espécie de lista telefônica.
linguística_II.indb 17 13/3/2009 11:07:09
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18 | Lingüística II
Estudos lingüísticos
1. Nos quatro primeiros versos da música Palavras de Titãs
“Palavras não são boas
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes”
temos:
a) 13 palavras ortográficas, 11 lexemas e 8 palavras morfossintáticas.
b) 8 palavras ortográficas, 7 lexemas e 8 palavras morfossintáticas.
c) 7 palavras ortográficas, 7 lexemas e 7 palavras morfossintáticas.
d) 13 palavras ortográficas, 7 lexemas e 8 palavras morfossintáticas.
2. Classifique os pares abaixo, quanto aos morfemas flexionais:
a) réu – ré
b) grosso – grossa
c) quebra – quebraremos
d) igual – iguais
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19|Morfologia: campos de ação e conceitos básicos
3. Indique os processos morfológicos empregados na formação de feminino em português:
a) bisavô – bisavó
b) comprador – compradora
c) cirurgião – cirurgiã
d) apto – apta
linguística_II.indb 19 13/3/2009 11:07:09
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20 | Lingüística II
linguística_II.indb 20 13/3/2009 11:07:09
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Morfologia: formação de 
palavras
Vamos ler o trecho abaixo e preencher os espaços em branco?
“Era uma vez u__ super-herói que tinha um punh_____ de hiperinimig__ que só pensav___ em 
eliminá-l__ e faziam tudo para conseguir realizar seu__ torpe__ objetivo___.”
Certamente não temos dificuldades para completar as palavras no enunciado acima, não é? A que 
se deve essa facilidade? Deve-se ao fato de as flexões exigidas serem previsíveis e obrigatórias sintati-
camente: um, punhado, hiperinimigos, pensavam, eliminá-lo, seus, torpes, objetivos. Já a construção 
hiperinimigos é uma opção do autor, que poderia ter usado a forma derivacional superinimigos, por 
exemplo. Temos nessas duas situações, respectivamente, os objetos de estudo da Morfologia Flexional 
e da Morfologia Lexical. Podemos dizer que a Morfologia Flexional está mais relacionada com a Sintaxe, 
uma vez que é responsável pelas relações entre as palavras na frase. Já a Morfologia Lexical dedica-se 
aos processos morfológicos de formação de palavras. Esse é o tema deste capítulo.
Antes, porém, vejamos o texto completo de onde foi retirado o fragmento acima: “Uma historinha 
sem 1 sentido”, de Ziraldo:
Uma historinha sem 1 sentido
(ZIRALDo, 1994)
Era uma vez um super-herói que tinha um punhado de hiperinimigos que só pensavam em 
eliminá-lo e faziam tudo para conseguir realizar seus torpes objetivos.
Por ter tantos amigos trans-perigosos, o herói se cuidava e ficava o tempo todo com os seus 
sentidos clip-ligados para não se peg-apanhado de surpresa.
Um dia – estava muito calor – o herói sentiu sede, foi até a sua bat-cozinha e pediu ao seu fiel 
escudeiro para lhe preparar uma uif-laranjada caprichada.
linguística_II.indb 21 13/3/2009 11:07:09
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22 | Lingüística II
Na laranjada do infiel escudeiro havia um argh-veneno mortal; mas, antes de bebê-la, o herói 
teve o cuidado de testá-la com uma chuip-provadinha e descobriu tudo.
Como sabia sentir o gosto das coisas, o herói não morreu. Abateu o inimigo e salvou-se porque 
era bom de paladar.
Certa vez, o herói vinha atravessando uma rush-avenida – com sinal verde – quando ouviu 
zipper-pneus cantarem no asfalto e alguém a gritar-lhe; “Cuidado, super-herói!”
No meio da rua vinha vindo o rabit-carro da perigosa Mulher-Coelho, mas o herói, visado, deu 
um vapt-pulinho esperto pra trás e o bólido assassino passou raspando.
Como o herói sabia ouvir os sons do perigo, mais uma vez salvou-se. Porque escutou os avisos 
providenciais.
De noite, tronch-cansado, o herói resolveu ir para o seu cav-apartamento a fim de dormir. En-
tão pagou a luz do quarto e logo, logo já estava zzz-ressonando.
No quarto escuro havia uma gretinha por onde começou a entrar, no meio da noite, um dân-
ger-fumacinha, e seu cheiro acordou o herói, que deu um vupt-salto na cama.Como o herói sabia sentir o cheiro das coisas, acordou para não morrer. Foi salvo porque tinha 
um bom olfato.
Acordado e de olhos bem abertos, só aí o herói constatou que estava numa darc-escuridão e 
precisava, com uma zip-zap-urgência, acender a luz para poder localizar-se.
Na parede do quarto havia, certamente, push-tomadas, pin-apliques, etc. O herói então foi pas-
sando a mão na parede, tateando aqui e acolá, até encontrar o clic-interruptor. Como o herói sabia 
usar a sensibilidade dos seus dedos, acendeu a luz salvadora. Porque, de fato, tinha tato.
O quarto ficou, então, todo flash-iluminado, e o herói pôde ver que o fogo crescia lá fora e ele 
precisava de uma top-saída que fosse uma garantia de salvação. No quarto havia muitas saídas: 
muitas plim-janelas e muitas open-portas libertadoras, e, com os olhos mais abertos ainda, o herói, 
bem rápido, enxergou todas elas. Como o herói sabia enxergar as coisas, ficou pronto para escapar. 
Porque ele tinha uma excelente visão.
Em seguida – o fogo crescendo! – o herói juntou todas as suas big-forças, tomou uma tchan-
distância, avançou para a porta escolhida e, como um raio, atravessou-a, veloz. Na porta que o herói 
escolheu para escapar, havia uma placa, onde estava escrito com letras bastante nítidas: “Em caso 
de incêndio, NÃO saia por esta porta”.
Como o herói não sabia ler, morreu tost-queimado. The End
Destaca-se nessa história o uso recorrente de novas palavras como recursos semântico-estilísticos 
empregados por Ziraldo. 
A listagem a seguir é ilustrativa:
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23|Morfologia: formação de palavras
1. super-herói
2. hiperinimigos
3. trans-perigosos
4. clip-ligados
5. peg-apanhado
6. bat-cozinha
7. uif-laranjada
8. argh-veneno mortal
9. chuip-provadinha
10. rush-avenida
11. zipper-pneus
12. rabit-carro 
13. Mulher-Coelho
14. vapt-pulinho
15. tronch-cansado
16. cav-apartamento
17. zzz-ressonando
18. dânger-fumacinha
19. vupt-salto 
20. darc-escuridão
21. zip-zap-urgência
22. push-tomadas
23. pin-apliques
24. clic-interruptor
25. flash-iluminado
26. top-saída
27. plim-janelas 
28. open-portas libertadoras
29. big-forças
30. tchan-distância
31. tost-queimado
Se observarmos as palavras mencionadas, percebemos que são exigidos do leitor/ouvinte outros 
conhecimentos para a explicação da formação de tais palavras e sua adequação ao contexto, além do 
conhecimento dos morfemas. Por ter como personagem central um super-herói, o autor: (I) usa ex-
pressões típicas da linguagem dos quadrinhos, como o uso de onomatopéias na formação de novas 
palavras em argh-veneno mortal, zip-zap-urgência, tchan-distância, clic-interruptor, vupt-salto, zipper-
pneus; (II) faz menção a alguns super-heróis indiretamente (Batman e Robin, Mulher-Gato), através do 
uso de termos como bat-cozinha, cav-apartamento, Mulher-Coelho, rabit-carro e (III) recorre a termos 
da língua inglesa nas construções rush-avenida, big-forças, open-portas libertadoras, top-saída, dânger-
fumacinha, darc-escuridão que assumem status de morfemas lexicais, justapondo-se a outras palavras, 
quer qualificando-as quer enfatizando-as pela repetição.
Flexão e derivação: como se definem e se distinguem?
Quais os processos de formação de palavras? Como uma palavra pode pertencer a uma e outra 
classe de palavras? Essas são as duas questões que nortearão o desenvolvimento deste capítulo. Antes 
porém, esclareçamos a diferença entre flexão e derivação.
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24 | Lingüística II
Como distingüir a expressão flexional da derivacional? Laroca (2005, p. 14-17) baseia-se nos critérios 
de Joan Bybee para fazer essa distinção. Vejamos:
Obrigatoriedade:::: (e conseqüente previsibilidade).
 Era uma vez u__ super-herói que tinha um punh_____ de hiperinimig __ que só pensav___ em 
eliminá-l__ [...]
 Era uma vez um super-herói que tinha um punhado de hiperinimigos que só pensavam em 
eliminá-lo [...]
Como já vimos, o uso das flexões são previsíveis e obrigatórios, mas não é o caso do uso de pu-
nhadão ou punhadinho, hiperinimiguinhos, por exemplo. É uma mera decisão do autor.
Generalidade:::: (produtividade versus semiprodutividade).
“A expressão flexional é geral quanto à aplicabilidade” (LAROCA, 2005, p. 15). A marca de plural 
é aplicada a nomes, adjetivos, artigos, possessivos, demonstrativos, à medida que os substantivos com 
os quais se relacionem estejam no plural, como em “Por ter tantos inimigos trans-perigosos”, “os seus 
sentidos clip-ligados”.
Já a derivação caracteriza-se como semiprodutiva, pois há restrições quanto à aplicabilidade. Po-
dem ocorrer problemas de extensão de sentido como nos pares abaixo, mencionados por Laroca (2005, 
p. 14): certo – certeza / certo – certidão em que a derivação com -idão, em certidão, formou uma palavra 
de sentido diferente do de certeza, isto é, certeza (substantivo abstrato): “a qualidade do que é certo” (In: 
DICIONáRIO AURÉLIO, 1986); certidão (substantivo concreto): “documento, certificado”. 
Estabilidade semântica:::: .
“A flexão possui estabilidade semântica: o plural, por exemplo, é sempre plural. ‘mais de um’: bois, 
flores, livros. Na derivação, como já vimos, podem ocorrer extensões de sentido. Vejamos alguns exem-
plos colhidos do Dicionário Aurélio: redigir / redação; correr / corredor” (LAROCA, 2005, p. 16).
Grau de relevância semântica:::: .
A flexão marca apenas o gênero, número, modo, tempo e pessoa; não interfere no sentido da 
palavra. Por outro lado, a derivação altera o significado da base. Laroca (2005) ilustra esse aspecto com 
os pares:
bravo – bravura (qualidade ou caráter de bravo)
bravo – braveza (ferocidade, coragem)
Mudança de classe gramatical:::: .
As mudanças flexionais não mudam a classe da palavra:
sentido (substantivo) – sentidos (substantivo)
procurar (verbo) – procurava (verbo)
As derivações podem mudar ou não a classe:
escudo (substantivo) – escudeiro (substantivo)
salvar (verbo) – salvação (substantivo)
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25|Morfologia: formação de palavras
Leia o texto a seguir e reflita sobre as questões abordadas pelo autor.
Divisão de palavras
(PossentI, 2001, p. 121-123)
Para um falante, muitos fatos de língua parecem óbvios e, por isso, muitos problemas só aca-
bam sendo percebidos com o olhar armado do especialista desconfiado. Por exemplo, para um fa-
lante, pode parecer evidente o que seja uma palavra, mas freqüentemente há problemas em sua 
definição. As crianças que ficam em dúvida sobre separar ou unir “a gente” (até porque “agente” é 
uma palavra) e outras seqüências sabem muito bem como é complexo esse problema.
Vou ilustrar a questão com exemplos de dois tipos. Há tempos, participei de um grupo que 
escreveu um trabalho sobre os advérbios do português falado, com ênfase em sua ordem na 
frase. A grande descoberta foi que não se pode falar da ordem dos advérbios em geral. Deve-se 
dividi-los em subclasses e descobrir as regras de ordenação para cada uma dessas subclasses. 
Por exemplo, os ditos advérbios sentenciais têm uma mobilidade bastante grande. Vejam-se as 
alternativas para “felizmente”, numa frase curta “Felizmente, ela voltou”, “Ela, felizmente, voltou” e 
“Ela voltou, felizmente”.
Compare-se esse fato com a fixidez de outra subclasse, a dos advérbios de intensificação. Com 
adjetivos e outros advérbios, eles só podem ocorrer na posição anterior. Veja-se: “Ele é muitobom” (e 
nunca “ele é bom muito”) e “Ele canta muito bem” (e nunca “ele canta bem muito”). Por outro lado, só 
podem vir depois dos verbos. Por exemplo: “Ele bebe muito” (e nunca “ele muito bebe”).
Quando a intensificação é expressa por uma locução adverbial, no entanto, sua posição é sem-
pre depois da palavra que modifica: “É bom de verdade, canta bem de verdade, viajou de verdade”.
Um problema surge com “pacas” (de que alguns podem não gostar, mas é um advérbio de 
intensidade). É uma palavra (pelo menos, parece ser), mas se comporta como se fosse uma locução. 
Uma explicação é que “pacas” vem de uma locução (pra caralho) e é muito recente na língua. Isto é, 
a palavra guarda em sua memória, por assim dizer, o tempo em que não era palavra, mas locução.
E “demais”? Quem duvidaria que “demais” é uma palavra? No entanto, ela também se com-
porta como se fosse uma locução. “Ele é bom demais, ele canta bem demais, ele bebe demais”. 
Será que “demais” ainda não “esqueceu” que foi uma locução (segundo dicionários, vem de “de 
+ mais”)?
Um segundo exemplo vem de um campo diferente, também um pouco obscuro. No portu-
guês, como se sabe, as marcas de plural ocorrem no final das palavras. Mas, “qualquer” tem plural 
no meio (quaisquer) – e eu nem quero saber por quê. Interessa-me é que o leitor se pergunte o 
que ocorre com “cãezinhos”, por exemplo. Essa palavra (?) tem dois plurais, um em “cães” ( o “s” 
cai, em contato com o “z”) e um em “zinhos”? Talvez sim, mas talvez “zinho” não seja de fato um 
sufixo, e sim uma palavra (um adjetivo) que nos acostumamos a escrever junto com outras, como 
se fosse um sufixo. Outra evidência faz pensar que “zinho” não é um sufixo: em português, as 
vogais “é” e “ó” só ocorrem em sílabas tônicas. Por isso, verbos como “morrer” só têm vogal aberta 
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26 | Lingüística II
(pronunciada ó) em certas formas, por exemplo, “morre, morres” (com a primeira sílaba tônica), 
nunca em outras (“morrer, morremos” – em que a sílaba tônica é “rre”). Ora, temos “pozinho”, 
“sozinho”, “cafezinho”, com “ó” aberto. Se tivéssemos uma só palavra, com certeza, diríamos que a 
sílaba tônica é “zi”. Então, como explicar “ó”e “é”? Uma explicação possível é que “zinho” funciona 
como se fosse outra palavra. Por isso temos, de fato, duas em cada um dos casos acima. Aceitan-
do essa análise, conclui-se que “ó” e “é” pertencem simplesmente à sílaba tônica da outra palavra 
(pó, só, café). 
Processos de formação de palavra
O que são processos de formação de palavras? São os mecanismos lingüísticos que permitem a 
criação de novas palavras? Se fizermos uma pesquisa nas gramáticas tradicionais não vamos encontrar 
uma harmonia na definição e classificação dos processos de formação. Neste item, vamos nos deter na 
sistematização das estruturas morfológicas mais recorrentes na língua portuguesa na criação de novas 
palavras, ou seja, nos padrões gerais para constituição do léxico. Os dois processos mais produtivos na 
formação de palavras são a derivação e a composição.
o processo derivacional
O processo derivacional, o mais usado na criação de novas palavras, caracteriza-se por apresentar 
um produto formado a partir de uma base. Em outras palavras, a base (raiz e radical) serve para afixação 
de prefixos e sufixos.
Base Produto
escudo escudeiro
suf -eiro
sensível sensibilidade
suf -idade
fiel infiel
pref -in
Rocha (1999a, p. 100) afirma que
os conceitos de base e produto estão relacionados com a intuição que o falante tem de palavra primitiva e derivada. 
[...] Pode-se dizer, portanto, que os conceitos de base e produto estão relacionados com o que se passa na cabeça das 
pessoas, ou melhor dizendo, com a competência lexical dos falantes.
Por exemplo, a identificação das bases das palavras derivadas escuridão, pulinho, laranjada para 
um falante nativo não é uma tarefa árdua: escuro, pulo, laranja.
É importante que se destaque o fato de as palavras serem “estruturadas em camadas”. Basílio 
(1987, p. 13-14) ilustra esse aspecto com a palavra “descentralização”: 
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27|Morfologia: formação de palavras
Descentralização
tem como base
descentralizar
que tem como base
centralizar
que tem como base
centro
Ou seja, a formação de uma nova palavra se dá em etapas. Rocha (1999a, p. 102) chama a atenção 
para a forma distinta com a qual o estruturalismo e o gerativismo analisam a estrutura de uma palavra. 
Segue o trecho transcrito:
O ponto de vista estruturalista preocupa-se em depreender e classificar os morfemas, o que pode ser demonstrado 
através do exemplo: 
MEXIC – AN – IZ – A – ÇÃO
MEXIC raiz
AN sufixo derivacional
IZ sufixo derivacional
A vogal temática
ÇÃO sufixo derivacional
Já com a postura gerativista, é possível representar, sucintamente, a estrutura da palavra da seguinte forma:
[[[[MÉXICO] s ano ] a izar ] v cão] s.
Os processos derivacionais prefixais e sufixais se diferenciam pela própria etimologia das palavras 
(prefixo antes da base; sufixo depois da base) e pela função. Sandmann (1992, p. 39) exemplifica a dife-
rença de funções com as palavras desatrelamento e suburbanice. 
[...] em desatrelar, o des- tem função apenas semântica: ele indica reversão, volta, em outros termos, é reversativo. Já 
em desatrelamento a função de -mento é sintática, isto é, faz do verbo um substantivo. Em suburbanice (Folha, 6/12/90, 
E-16), o sufixo -ice tem função sintática – transforma o adjetivo em substantivo – e semântica: o resultado da sufixação é 
o sentido depreciativo, que a base suburbano não tem necessariamente. Em marmeleiro, em que -eiro muda a subclasse 
da palavra (fruta= árvore que dá a fruta), a função é sintática e semântica. Já nos sufixos de grau a função não é mudar a 
classe nem a subclasse da palavra, sendo então simplesmente semântica (borrachinha “borracha pequena”, livrão “livro 
grande ou grosso”) ou semântica e discursiva, como em discursozinho, empregado no contexto “(...) os que adoram um 
discursozinho dos políticos e demais firulas ideológicas” (Folha, 7/11/90, p. A-2), em que a pejorativa está amarrada 
aos demais termos do contexto – note-se que discursozinho pode ser valorativo em outro contexto. Referindo-se a um 
discurso de formatura que agradou, alguém pode exclamar aprovadoramente: Que discursozinho!
A sufixação apresenta como regras de base para formação de palavras alguns padrões:
1. V S -suf (-mento, -ção, -nça, -agem, -ada)
Forma-se substantivo abstrato “sentido de ato, efeito, ação ou estado de X” (ROCHA, 1999a, p. 
125), como em: preparar – preparação; contar – contagem.
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28 | Lingüística II
2. V S -suf (-dor, -nte)
Forma-se “substantivo que designa um indivíduo ou um objeto que é o agente de uma ação” (RO-
CHA, 1999a, p. 126), como em: pescar – pescador; participar – participante; alvejar – alvejante.
3. V S -suf (-douro, -tório)
Forma-se substantivo que indica o lugar de realização de ação verbal: dormir – dormitório; beber 
– bebedouro.
4. V S -suf (-idade, -eza, -ura, -ice, -ismo, -idão, -ia)
Esses sufixos têm a função de realizar apenas mudança categorial: delicado (adjetivo) – delicadeza 
(substantivo).
Um processo especial de formação de palavra é a derivação siglada (chamada também acronímia 
ou sigla) que apresenta como base um substantivo composto e próprio e como produto um lexema 
simples e próprio. Vejamos:
Base Produto
Código de EndereçamentoPostal CEP
Cadastro de Pessoas Físicas CPF
Universidade Federal de Pernambuco UFPE
Parâmetros Curriculares Nacionais PCN
Em menor freqüência, estão as siglas formadas com base em substantivos comuns: CD (Compact 
Disc), PF (Prato Feito), S.A. (Sociedade Anônima).
As siglas são palavras da língua, pois:
podem gerar novas palavras (PT, petista), podendo apresentar flexões, como em PCNs, cuja ::::
marca de plural se faz com o emprego do apóstrofo e de -s;
apesar de o falante não conhecer a base de onde foi formada, ele a usa de forma autônoma: ::::
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia), PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do 
Servidor Público), ABRIC (Associação Brasileira de Iluminação Cênica), SEBRAE (Serviço Brasilei-
ro de Apoio à Pequena e Micro Empresa), será que sabemos de onde provêm?;
podem ser polissêmicas, sendo empregadas, portanto, em outros contextos (Vou instaurar ::::
uma CPI lá em casa); 
mantêm a existência, mesmo que a base de onde foram geradas seja alterada (CAPES = Co-::::
ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior: “A CAPES lançou novos editais”; 
MEC = Mistério da Educação: “O MEC avaliou a UFPE”);
ocupa “o mesmo lugar do substantivo na estrutura frasal” (R:::: OCHA, 1999a, p. 177).
De acordo com o processo de formação, as siglas podem ser: 
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29|Morfologia: formação de palavras
grafêmicas – formação em que são utilizados apenas os grafemas iniciais das bases (:::: Parâme-
tros Curriculares Nacionais (PCN), Código de Endereçamento Postal (CEP);
silábicas – formação em que são utilizadas as sílabas iniciais das bases (:::: Departamento de 
Trânsito = DETRAN); 
grafo-silábicas – formação em que são mescladas grafemas e sílabas iniciais das bases (:::: Banco 
do Estado de Minas Gerais = BEMGE; Banco do Estado do Rio de Janeiro = BANERJ);
fortuitas – formação em que são utilizados os mais variados critérios (AIDS, acrônimo inglês, ::::
Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida; SENAC, desprezo do r da primeira sílaba = Serviço 
Nacional do Comércio).
o processo composicional
O processo de formação de palavras por composição caracteriza-se por juntar duas bases preexis-
tentes na língua, com ou sem redução de morfemas, para formar a nova palavra. Quando há a conserva-
ção da individualidade dos termos, ocorre a composição por justaposição, quando há perda de algum 
elemento de uma das bases, dá-se a composição por aglutinação. Alguns termos empregados no nosso 
dia-a-dia são palavras compostas, tais como ortografia, democracia, paróquia, sarcófago, protocolo, mas 
não os reconhecemos como compostos. Possenti (2001, p. 121) já nos questionou no texto anterior: “E 
‘demais’? Quem duvidaria que ‘demais’ é uma palavra? No entanto, ela também se comporta como se 
fosse uma locução. ‘Ele é bom demais, ele canta bem demais, ele bebe demais’. Será que ‘demais’ ainda 
não ‘esqueceu’ que foi uma locução (segundo dicionários, vem de ‘de+mais’)?”
Kehdi (1992, p. 40-42), com base em Herculano de Carvalho, apresenta quatro propriedades cons-
titutivas dos termos compostos:
rigidez na ordem dos termos compostos, não permitindo introdução de termos: estrada de ::::
ferro (*estrada abandonada de ferro);
rigidez na ordem dos termos compostos, não permitindo substituição de termos: cachorro-::::
quente (*cão-quente);
freqüente construção de estruturas sintáticas anômalas: mestre-escola (*escola de mestre);::::
equivalência sintática a uma única palavra: Houve uma rebelião na casa de detenção (Houve ::::
uma rebelião no presídio).
Formação de palavra e os outros sistemas de linguagem
Na escrita atual, digital, fortemente favorecida pela tecnologia, a utilização simultânea de pala-
vras e imagens já é um traço constitutivo. Os emoticons servem de exemplo:
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30 | Lingüística II
Emoticons Significados
aborrecimento
simpatia
tentativa de tornar-se engraçado
beijo; tentativa de sedução
desprezo
alegria
desagrado
doido
assustado
aprovação
sedução
raiva
A presença do sistema lingüístico está fortemente visível quando os usuários da língua escrita 
recorrem aos sinais de pontuação para expressarem suas emoções, como demonstra o quadro abaixo:
Simbolos icônicos ou emoticons de teclado Sentido básico
:-) Prazer, humor etc.
:-( Tristeza, insatisfação etc.
;-) Paquera (entre outros sentidos possíveis)
;-( ou :~( Chorando
%-( ou %-) Confusão
:-0 ou 8-0 Chocado, surpreso
:-| ou :-] Sarcasmo
[:-) Usuário com walkman
8-) Usuário com óculos de sol
B:-) Usuário com óculos de sol sobre a cabeça
:-{) Usuário com bigode
:*) Usuário está bêbado
:-| Usuário vampiro
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31|Morfologia: formação de palavras
Simbolos icônicos ou emoticons de teclado Sentido básico
:-E Usuário com caninos de vampiro
:-F Usuário vampiro banguela
:~ Usuário friorento ou com frio
~:-@ Usuário está gritando
-:-) Usuário punk
-:-( Punk de verdade não sorri
Interessante ressaltar que o uso de onomatopéias é extremamente significativo e que a sua sig-
nificação dependerá do contexto de uso, pois uma mesma forma poderá significar frio ou rajada de 
metralhadora, “rrtrtrtrtrtrtrtrt”, por exemplo. Fora do contexto, muitas vezes, não fazem sentido.
Para Santos (2005, p. 168), o uso dessas onomatopéias, 
longe de agilizar a comunicação, objetiva sensibilizar o interlocutor, levando-o a:
compartilhar com o emissor uma determinada sensação – :::: bommm, dezzz; 
expressar um estado de espírito – :::: oiii, ichihh, uiuiui, hihi, simmm; 
desfazer um mal-entendido – :::: ncsigooo, voooooltooo;
fazer uma repreensão – :::: bestaaaa, ooooopa;
enfatizar uma determinada idéia – :::: yesss, passsseeeeeiiiii;
marcar prosodicamente uma expressão – :::: dezz, laaa, verr;
seduzir de forma delicada – :::: lindddooo;
manter o canal de comunicação aberto – :::: hihi, uiuiui, mmmm, oooww;
transmitir uma sensação física – :::: rrrtrtrtrtrtr (frio).”
Texto complementar
o estudo de classes de palavras: problemas e alternativas de abordagem
(DIAs, 2001, p. 126-129)
Há atualmente duas tendências no tratamento das classes gramaticais em livros didáticos. Al-
guns livros, de linha mais conservadora, especificam a temática das classes de palavras, mesmo que 
associada ao estudo de um texto. Outros, de linha inovadora1, não especificam os tópicos relativos 
às classes gramaticais. Nestes, a gramática só aparece nos exercícios, muitas vezes sem mesmo a in-
formação de que naquele momento uma palavra está sendo abordada no seu aspecto gramatical.
1 Ao aplicar o adjetivo “inovadora” a essa tendência, não estamos associando a ele nenhum julgamento de qualidade.
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32 | Lingüística II
Dois grandes problemas estão associados a essas tendências. O primeiro é o efeito de evidência 
do conceito, que afeta primordialmente a tendência conservadora. O segundo é o efeito de apaga-
mento do conceito, que afeta a tendência inovadora. Ambos os problemas concorrem para a carac-
terização de um quadro em que defensores e opositores do ensino de gramática na escola ainda 
não têm clareza sobre aquilo que defendem ou que atacam.
o problema do efeito de evidência do conceito: caracterização
O problema do efeito de evidência do conceito aparece principalmentequando observamos 
a diferença entre o estudo de uma classe de palavra numa gramática e o tópico referente a essa 
mesma classe num livro didático. Um breve exame no capítulo relativo aos pronomes demons-
trativos pode ilustrar esse problema. Primeiramente aparece a apresentação do conceito: “Os 
pronomes demonstrativos situam a pessoa ou a coisa designada relativamente às pessoas gra-
maticais. Podem situá-la no espaço ou no tempo” (CUNHA; CINTRA, 1985, p. 319). Logo a seguir, 
vem uma demonstração do conceito, através de um exemplo; “Este livro é o livro que está perto 
da pessoa que fala; esse livro é o que está longe da pessoa que fala ou perto da pessoa com 
quem se fala; aquele livro é o que se acha distante da 1.ª e 2.ª pessoa” (BECHARA, 1999, p. 167). 
Finalmente, são arroladas numerosas situações de uso do pronome demonstrativo que escapam 
a esse conceito, como essa: “Nessas observações, que há pouco lemos...” (LIMA, 1983, p. 294), em 
que o pronome “essa” não se refere às “observações” que estão perto da pessoa com quem se 
fala. Essa mesma estrutura é apresentada por todas as gramáticas tradicionais. E todos os gra-
máticos têm consciência dessa quebra de conceito. Vejamos: “estas distinções que nos oferece o 
sistema ternário dos demonstrativos em português não são, porém, rigorosamente obedecidas 
na prática” (CUNHA; CINTRA, p. 322); “Nem sempre se usam com este rigor gramatical os pro-
nomes demonstrativos; muitas vezes interferem situações especiais que escapam à disciplina 
da gramática”. (BECHARA, p. 167); “Esta é a norma geral. Veremos, mais tarde, que nem sempre 
os demonstrativos se usam com essa rigidez” (LIMA, 1983, p. 101). Essa estrutura é comum nas 
gramáticas tradicionais, em diferentes tópicos.
Se dentro do próprio corpo do texto, sob a forma de observações, ressalvas, comentários, seja 
nas notas de rodapé, há nas gramáticas a exposição de um saber sobre a língua que escapa ao con-
ceito (ou regra) e que no conjunto reflete a flexibilidade do saber gramatical frente às instabilidades 
constitutivas que envolvem o funcionamento da língua2. O fenômeno gramatical da “exceção” é 
uma das formas mais visíveis de manifestação dos usos que escapam à fixidez da regra. É preciso que 
compreendamos o seguinte: apesar de essas formas parecerem secundárias na gramática, elas são 
muito importantes para compreendermos o funcionamento da língua. Assim, quando o gramático 
afirma que existem dez classes de palavras e depois da análise de todas elas apresenta uma relação 
de “palavras sem classificação”, com comentários dispersos sobre os usos dessas palavras, ele está 
apontando para um tipo de “comportamento” de algumas palavras (inclusive, aliás, afinal etc.) que 
escapam ao nível do saber puramente gramatical3. Observada no conjunto, podemos dizer que a
2 Baldini (1999) desenvolve uma reflexão sobre as formas textualmente secundárias de apresentação do saber gramatical a partir das 
“imposições” da NGB.
3 Hoje, podemos entender que essas palavras têm um papel essencial na produção do texto (oral ou escrito), que é relativo ao desenvol-
vimento da argumentação.
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33|Morfologia: formação de palavras
gramática tradicional aponta questões importantes sobre o funcionamento da língua, acumuladas 
ao longo de muitos anos. No entanto, muitas dessas observações sobre a língua não resultam numa 
reformulação profunda do conceito ou da regra. O gramático prefere manter a regra intacta, e apre-
sentar essas observações sob a forma de comentários, notas etc.
Nos livros didáticos, todas essas questões, sob a forma de comentários, observações, notas de 
rodapé, exceções, enfim, que aparecem secundariamente no texto da gramática tradicional, são 
apagadas. Nos livros em que os tópicos gramaticais são explícitos, há uma enorme dedicação à 
compreensão da regra, sob a forma de uma exemplificação didaticamente fundamentada no visual 
(fato também observado no capítulo anterior). Produz-se, dessa forma, o efeito de que uma de-
monstração assimilável do conceito esgota o conhecimento do tópico estudado.
Em suma, isso caracteriza, nos livros de tendência conservadora, o primeiro problema a que 
aludimos anteriormente, isto é, o efeito de evidência do conceito, que aparece sob a forma de um 
apagamento da flexibilidade da palavra no texto.
o problema do efeito de apagamento do conceito: caracterização
Por outro lado, nos livros de tendência inovadora, configura-se um efeito de apagamento do 
conceito. As raízes disso estão na tendência de minimização do papel da gramática no estudo da 
língua na escola. Discutiremos esse aspecto a seguir.
Nas últimas duas décadas, a intensificação das críticas à gramática tradicional, acompanhada 
de um crescimento exponencial das pesquisas sobre textualidade, discurso ou interação resultou 
em atos de rebeldia contra o ensino de gramática. É preciso entender que boa parte daqueles que 
se declaram contra o ensino da gramática o fazem baseados, principalmente, em dois argumentos. 
O primeiro é o de que a gramática é incompetente na implementação de sua tarefa, qual seja, de 
apresentar ao aluno um conhecimento teoricamente consistente sobre a língua, tendo em vista as 
suas modalidades e os seus registros. O segundo é o de que o papel do conhecimento gramatical na 
competência de leitura e produção de textos é mínimo4. Ora, quando se fala em gramática, é preciso 
termos em mente que o conhecimento sobre a língua não se resume àquele saber consagrado nas 
gramáticas normativas (cf. PERINI, 1995 e 1997). Além disso, a minimização do papel da gramática 
na aquisição de uma competência textual, salvo raras exceções, não tem sido acompanhada de uma 
discussão sobre o papel da gramática em outros aspectos importantes do conhecimento da língua, 
que não se resume unicamente ao domínio da textualidade.
No tocante ao estudo das classes gramaticais, nos livros didáticos de tendência inovadora, o 
reflexo desse problema parece residir na pressuposição da necessidade de um conhecimento da 
classificação das palavras, mas, ao mesmo tempo, ocorre uma rarefação do espaço dedicado a ela. 
A pressuposição da necessidade desse conhecimento é seguida pela pressuposição de um conheci-
mento sobre as classes, conhecimento esse que o aluno deve buscar na gramática tradicional. Daí 
falarmos em efeito de apagamento do conceito: ele é apagado enquanto espaço de tematização no 
livro didático, mas é trazido pela necessidade de um saber a ser buscado na gramática tradicional.
4 Esses dois argumentos foram abordados principalmente por Britto (1997) e Possenti (1996).
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34 | Lingüística II
Estudos lingüísticos
1. Os nomes em Português formados pelo processo de composição podem ser por justaposição ou 
aglutinação de radicais. Qual palavra abaixo tem seu processo corretamente explicado?
a) clarabóia: composição por justaposição.
b) pontapé: composição por aglutinação.
c) fotolegenda: composição por justaposição.
d) cardápio: composição por aglutinação.
2. Identifique os processos de formação de palavras:
a) contramão:
b) seguridade:
c) ecossistema:
d) Tele-sena:
3. As siglas são palavras que resultam de processos especiais de formação.
 Indique nas afirmações abaixo aquela em que há correspondência entre a sigla e o processo.
a) FEBRABAN – Federação Brasileira dos Bancos siglagem silábica.
b) IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública siglagem fortuita.
c) MEC – Ministério da Educação e Cultura siglagem grafêmica.
d) EMBRAFILME – Empresa Brasileira de Filmes siglagem silábica.
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