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Texas Cattleman's Club 01 Sara Orwig O Filho de Outro

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Clube Cattleman Sara Orwig 
 
1 
SSSaaarrraaa OOOrrrwwwiiiggg 
OOO FFFiiilllhhhooo DDDeee OOOuuutttrrrooo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLUBE CATTLEMAN 01 
 
Como um membro do Clube de Rancheiros do Texas tinha acabado responsável por um bebê? 
David Sorrenson tinha sido militar, por isso sabia muito sobre o perigo e a segurança, mas nada sobre 
crianças. Marissa Wilder era sua única solução. Aquela moça sensata e familiar sabia muito bem como 
cuidar de um neném e aceitou o trabalho de babá… que a obrigaria a viver no rancho de David. Ele sonhava 
compartilhar com Marissa uma noite de paixão… ou duas, embora soubesse que ela merecia algo muito 
mais duradouro. Viver com ela o faria sentir-se muito confuso, tanto que inclusive poderia pensar que 
estivesse se apaixonando. 
 
 
Disponibilização/Tradução: Yuna, Gisa, Rosie e Mare 
Revisão: Elisonete Bahia 
Revisão Final: Artemis 
Formatação: Gisa 
PPRROOJJEETTOO RREEVVIISSOORRAASS TTRRAADDUUÇÇÕÕEESS 
 
 
Clube Cattleman Sara Orwig 
 
2 
Capítulo 1 
 
A intuição lhe disse que algo não estava bem. A última vez que havia se sentido assim 
foram dez minutos antes de ser derrubado por um franco-atirador em terras longínquas. 
Apesar da boa comida e a fantástica companhia, David Sorrenson se mexeu na cadeira, 
inquieto; não gostava da sensação que tinha. Tentou deixar de lado, como ridícula. Estava em 
casa e a salvo, não tinha por que preocupar-se. 
O frio dessa noite de três de novembro fazia ainda mais atrativo o jantar semanal no Royal 
Diner. Na vitrola soavam clássicos do rock and roll e o apetitoso aroma dos hambúrgueres do 
Manny envolvia o local. Havia poucas mesas ocupadas, e os tamboretes de vinil vermelho do 
balcão estavam vazios. 
David não entendia por que se sentia inquieto em uma atmosfera tão relaxada. Era 
agradável estar de novo em Royal, Texas, seu povo natal, com seus amigos, e ter saído das 
Operações Especiais da força aérea. 
David riu da piada que estava contando Alex Kent. Os olhos verdes de seu amigo 
faiscavam. David conhecia Alex desde a infância. Ambos tinham trinta e cinco anos e muito em 
comum: tinham crescido sem mãe, tinham ido juntos ao colégio e David trabalhava nas 
Operações Especiais e Alex com o FBI. Entretanto, havia muitas diferenças. Alex, que atraía às 
mulheres como uma flor às abelhas, parecia perfeitamente cômodo com sua vida; David, ao 
contrario, ultimamente se encontrava em uma encruzilhada. 
— David, parece ausente - disse Clint Andover. 
— Não, estou aqui. É agradável comer o chili do Manny e ouvir as conversas. 
— É uma pena que Ryan não tenha podido vir — comentou Alex, referindo-se a outro amigo 
comum. 
— Tinha um encontro esta noite - comentou David. — Vai se converter em seu rival com as 
mulheres, Alex. 
A campainha que havia sobre a porta tilintou. David viu uma mulher com um bebê e uma 
bolsa de fraldas entrar cambaleando na cafeteria. 
— OH, OH - resmungou David, ficando em pé. Seus amigos fizeram o mesmo. 
Sob uma longa cabeleira castanha e alvoroçada, via-se sangue; a mulher parecia ter sido 
atropelada por um carro. Usava um suéter de lã e um casaco cinza com o pano rasgado e 
manchado de barro. Estava pálida e parecia a ponto de desmoronar. 
Os três homens correram para ela. Clint Andover a segurou nos braços, David agarrou o 
bebê que estava envolvido em mantas e Alex pegou a bolsa de fraldas enquanto pedia uma 
ambulância pelo celular. 
A mulher piscou. Enormes olhos cor violeta com cílios espessos os olharam. 
— Não deixem que levem... Meu neném... Não deixem que levem Anna... —sussurrou. 
Clube Cattleman Sara Orwig 
 
3 
Piscou de novo e perdeu os sentidos nos braços de Clint. 
O bebê começou a chorar. David lhe deu tapinhas carinhosos e Clint depositou a mulher no 
chão. Manny se aproximou com um casaco salpicado de graxa. 
— Aqui esta o casaco... 
Clint cobriu a mulher e David continuou embalando o bebê. Para sua surpresa, deixou de 
chorar e o olhou com grandes olhos azuis escuro. 
— Uma ambulância esta a caminho - disse Alex. Manny retornou à cozinha enquanto o resto 
dos clientes observavam a cena com assombro. 
Alex se inclinou para a mulher e tirou um papel enrugado da mão. Esticou e os três amigos 
se olharam. Todos reconheceram o cartão do Clube de Boiadeiros do Texas. 
Como membro do prestigioso clube social, David sabia, igual a seus amigos, que o Clube de 
Boiadeiros do Texas era uma fachada. Seus membros trabalhavam em missões secretas para 
salvar vidas inocentes. Essa noite, outros dois membros do grupo de amigos, Travis Whelan e 
Sheik Darin ibn Shakir estavam fora do país, em missão confidencial. Era óbvio que a mulher que 
jazia no chão tinha ido ali procurando a ajuda de um membro do Clube de Boiadeiros do Texas. 
Tinha um hematoma na face e uma ferida na cabeça, Clint continha a hemorragia com um 
lenço. Na distância ouvia-se uma sirene. 
— Está aqui procurando ajuda do clube - murmurou David. — Não podemos deixar que a 
levem. 
— Estou de acordo - respondeu Clint. Alex assentiu. 
— Teremos que ir na ambulância. E não podemos permitir que tirem o bebê — continuou 
David. 
— Olhei na bolsa - comentou Alex com voz grave. — Há fraldas, mamadeiras e leite em pó, 
mas também um montão de dinheiro. Notas grandes. 
David soltou uma exclamação. Com o bebê sob um braço, inclinou-se e tomou o pulso da 
mulher. 
Abriu seus olhos e viu que tinha uma pupila mais dilatada que outra. 
— Está mal - disse David. — Seu pulso está fraco. 
— Se lhe ocorrer algo, não podemos permitir que o estado fique com o bebê até averiguar 
quem lhe deu esse cartão - disse Alex. 
— Chame Justin Webb - sugeriu David, pensando em um médico amigo, membro do clube. 
— Diga que se reúna conosco no hospital; pediremos que examine o neném. Não é pediatra, mas 
tem influências no hospital e poderá nos ajudar. 
Enquanto Alex fazia a chamada, dois enfermeiros entraram pela porta. David reconheceu 
um deles: Carsten Kramer. 
— Alguém viu o que ocorreu? – perguntou Carsten, enquanto seu companheiro examinava a 
mulher. David contou o que sabia. Um segundo depois, Alex fez um gesto, indicando que Justin 
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Webb se reuniria com eles no hospital. 
Pouco depois, a mulher, com uma via intravenosa e uma máscara de oxigênio, foi 
transportada para a ambulância. Clint Andover subiu com ela e David e Alex decidiram seguir no 
carro. David, embora não gostasse da idéia, entregou o bebê a um enfermeiro. 
— Manny, pagaremos depois - gritou David por cima do ombro; ele e Alex pegaram seus 
casacos e correram atrás de Clint e dos médicos. 
A viagem ao hospital pareceu interminável, embora David soubesse que não estava longe 
da Royal Diner. David se perguntou de onde tinha saído a mulher e quem tinha entregado o 
cartão. 
Alex e ele, com a bolsa de fraldas, entraram no hospital justo quando a maca com a mulher 
inconsciente desaparecia através de uma porta dupla. Reuniram-se com Clint e comunicaram que 
deviam esperar. 
Três minutos depois, um homem alto e de cabelos castanho, Justin Webb, entrou e saudou 
os três. 
— Obrigado por vir tão rápido - disse David. — Já levaram a mulher e o bebê a umasala de 
exame. 
— Quem é? — perguntou Justin. 
David contou o acontecido no restaurante. 
— Parece que o que começou como uma noite tranqüila no Royal se transformou em um 
problema para vocês, meninos - disse ele. — Darei uma olhada no bebê. 
— Obrigado! — exclamou David com alívio. — Nós gostaríamos de cuidar dele até que sua 
mãe esteja recuperada. 
— Se a mãe não puder cuidar durante alguns dias, tentarei que o deixem com vocês — 
afirmou Justin com solenidade. 
— Fará todo o possível para cumprir sua promessa — disse David, vendo se afastar o alto 
médico, um dos melhores cirurgiões plásticos do sudoeste do país. 
— Passou por isso com sua própria família — comentou Alex, enquanto os três foram se 
sentar. 
A filha mais velha dele, Angel, tinha sido abandonada em frente a porta da casa de sua 
esposa, antes que Justin e Winona se casassem. Tinham-na adotado. 
— Justin e Winona adoram essa menina – acrescentou Clint. 
— Justin fará o possível para impedir que o bebê seja entregue ao Abrigo de Menores – 
disse David. 
— Embora tentemos manter isto em segredo, é só questão de tempo que notifiquem à 
polícia — disse Alex Kent, tirando o celular. — Estou surpreso que não estejam aqui. Chamarei 
Vicente Wayne, trabalhamos juntos outras vezes. 
— Boa idéia, Alex — aprovou Clint. 
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David se recostou na cadeira e cruzou as pernas, enquanto escutava o amigo falar em voz 
baixa com o chefe de polícia. 
— Vicente estará aqui em seguida — informou Alex, guardando o telefone. 
— Estive pensando na mulher — disse Clint. — Com todo esse dinheiro, uma ferida na 
cabeça e o bebê devem estar em perigo. Se a retiverem no hospital, acredito que um de nós 
deveria vigiar seu quarto. 
— Certo — afirmou David. — O que diz Clint? Você é o perito em segurança. 
— Acredito que poderei reorganizar minha agenda para ficar — Clint encolheu os ombros. 
— Sim, eu ficarei. 
— Bem — Alex tocou a bolsa de fraldas. — Eu me ocuparei da polícia e guardarei o dinheiro 
em um lugar seguro, a não ser que Vicente o confisque. Ao menos até que a mãe possa guardar. 
— Eu posso ajudar — se ofereceu David. 
— David, você cuidara do bebê — disse Clint. — Um de nós deve fazê-lo. 
— Se for preciso — respondeu David — talvez deixem a criança no quarto, com a mãe. 
Os três amigos ficaram em silêncio até que um homem uniformizado entrou na sala de 
espera. Alex ficou em pé e foi saudar o chefe de polícia. 
— Suponho que se lembre de David Sorrenson e Clint Andover — disse Alex. 
— Certamente. Falei com Clint faz três ou quatro dias — comentou Vicente, estendendo a 
mão. 
— Verdade — respondeu Clint, dando um apertão. 
— Aqui está a bolsa com o dinheiro — disse Alex. Os quatro se sentaram e Vicente abriu a 
bolsa de fraldas cor turquesa e rosa. Soltou um assobio. — Essa mulher deve ter problemas. Isto 
é uma fortuna. 
— Não sabemos nada dela, mas queremos ajudá-la — afirmou Clint. — Deve ter tido uma 
boa razão para vir ao Royal. 
— De acordo, Alex — o chefe de polícia esfregou a testa. — Redigirei um relatório. Ponha o 
dinheiro em lugar seguro e me mantenha a par do que ocorra. Agora falarei com o médico sobre 
a mulher e seu bebê. 
— Obrigado — disse Alex. Os três homens ficaram em pé e o policial desapareceu através 
de uma porta. Meia hora depois chegou uma enfermeira. 
— O doutor Webb me pediu que viesse a buscá-los — disse. Os três a seguiram por um 
corredor até uma sala. Dentro estava Justin dando uma mamadeira ao bebê. 
— Esta menina está sã e faminta — disse ele. — Estou feliz por terem me chamado. Deve 
ter entre cinco e dez dias; o cordão umbilical ainda não se cicatrizou. A mãe está em coma e não 
pode cuidar dela. 
David olhou à diminuta criatura e encolheu o estômago. Não se sentia capaz de cuidar dela. 
Tentou concentrar-se nas palavras de Justin. 
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6 
— Os médicos não puderam identificá-la. Não sabem como chegou à cidade nem de onde 
vem. Não tinha uma bolsa? — Justin os olhou interrogativamente. 
— Sabemos o mesmo que você, Justin — disse David. 
— Quando a levarem para o quarto, ficarei vigiando — disse Clint. — Acreditam que está em 
perigo, e parece que isto vai durar mais do que esperávamos. Esperamos que nos dê algumas 
respostas nas próximas horas. 
— Não acredito — afirmou Justin. — Ela será encaminhada para a UTI, mas me parece bom 
que alguém a vigie. Se alguém está empenhado em feri-la, não seria difícil. Está muito grave. 
— Diabos — exclamou David, recordando o olhar desesperado nos olhos violeta. 
— Seu médico, Harry McDougal, acredita que sofreu o golpe na cabeça com um objeto 
contundente, assim é provável que esteja fugindo de alguém — explicou Justin. 
— Chamou de Anna a bebê — disse Clint. Os quatro homens olharam a bebê. 
— Ah, a pequena Anna — disse Justin, sorrindo à criatura que tinha nos braços. — Bem, 
meninos. Clint ficará no hospital para proteger à mulher mistério. 
— Eu me ocuparei do dinheiro e de averiguar o que puder sobre ela — disse Alex. 
— Quem fica com a Anna? —perguntou Justin. 
— Suponho que eu, mas não sei nada de bebês — admitiu David. — Alguém quer trocar 
seu trabalho com o meu? — perguntou com certo desespero. 
— Todos temos nossas tarefas — Alex o olhou com expressão divertida. — Vamos, David, é 
hora de que algo interrompa essa ordenada vida que leva. 
— Sim, muito ordenada — David olhou a bebê. — No ano passado estava recebendo tiros e 
dando graças ao céu por continuar vivo. 
— Royal é muito tranqüilo — disse Alex. — Você fica com a neném. Além disso, nenhum de 
nós é perito em bebês. Deixaremos você com o Justin para que lhe dê instruções. 
— Hei! Esperem um minuto — exclamou David, sentindo uma pontada de pânico. — É sério. 
Nunca tive um bebê nos braços. 
— Então, já é hora de experimentar – disse Alex. — Iremos nos encarregar de nossas 
tarefas e o deixaremos com a sua. Será melhor que marquemos uma reunião. 
— De acordo. Amanhã pela manhã – sugeriu David, olhando o vulto que Justin tinha nos 
braços. Só via uma cabecinha redonda com mechas de cabelos castanho-claros. — Nos veremos 
no clube ao meio-dia. 
— Ali estaremos — prometeu Clint, indo para a porta com Alex. — Obrigado, Justin. 
— Não sei o que fazer com um bebê — repetiu David, com as mãos nos quadris. — Estou 
treinado para fazer o que irão fazer. 
— Só dar comida, trocar e ninar, você fará bem — disse Justin. 
— Quando deverei alimentá-la? No café da manhã, no almoço e no jantar? 
— Você vive em baixo de uma pedra? E essas fantásticas mulheres que sai não têm bebês? 
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— Não. E na minha família não havia bebês — esclareceu David com voz tensa, 
perguntando-se se haveria alguma maneira de livrar-se de sua tarefa. 
— Imagino que está neném necessitará de uma mamadeira a cada duas horas. 
— Cada duas horas! — exclamou David, atônito. 
— Sim, David — afirmou Justin, tentando conter o sorriso. — Deixa que te ensine a trocar 
uma fralda e a gaze do umbigo — Justin colocou a bebê sobre a cama e David se aproximou. 
— Vamos amigo! — Justin deixou escapar uma gargalhada, quinze minutos depois. — É 
fácil. Estou certo de que poderia desmontar o rifle que carrega com os olhos vendados, em 
segundos. Sei que tem cérebro suficiente para aprender a trocar as fraldas desta diminuta 
criatura. 
— Um rifle é muito mais simples — disse David. — E ela fica movendo aspernas. Um rifle 
fica quieto. 
— Aprenderá. Se superara o treinamento de Operações Especiais das Forças Aéreas dos 
Estados Unidos, conseguirá superar isto. Lembro que tem uma licenciatura de Harvard. Tente 
novamente. E aviso que está indo muito bem. A estas alturas, a maioria dos bebês estariam 
fazendo um escândalo infernal. É uma boneca — a voz de Justin se suavizou. — Sinto falta de ter 
um bebê. 
— Então, por que não...? 
— Não. Nem sugira — Justin moveu a cabeça com firmeza. — Winona me poria fora de 
casa. Não posso aparecer com um bebê que teríamos que renunciar dentro de alguns dias. Troca 
esse fralda. 
— Começo a me arrepender de ter te chamado. Não estou preparado para isto. Olhe como 
é pequena. Dá medo de machucá-la. 
— Não fará. Não vai se quebrar — disse Justin com um sorriso. — Tome cuidado, como 
tinha com seu M16 ou a arma que levasse. Conseguiu entrar nas Forças Especiais, pode fazer 
isto. 
— Um bebê é algo muito diferente — David apertou os dentes. — Não fica quieta — lutou 
com a fralda, mas finalmente conseguiu colocar e deixou escapar um suspiro de alívio ao ver que 
não caía. — Já está! 
— Felicidades! Sabia que conseguiria! – Justin lhe deu um tapinha no ombro. 
— Já vale, Webb — ladrou David. — Que mais preciso saber? 
— Sabe como preparar sua comida? 
— O que? 
— Isto é o que come — Justin lhe mostrou seis latas. — As instruções para fazer estão na 
lata. Darei latas, fraldas e mamadeiras... 
— Não pode beber leite da geladeira? —perguntou David, lendo as instruções da lata. 
— Não, claro que não pode — respondeu Justin com paciência. — Amanhã terá que 
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comprar roupa, a não ser que haja na bolsa, com todo esse dinheiro que mencionou Alex. 
— Caramba! Como pode algo tão pequeno necessitar tantas coisas e tantos cuidados? — 
exclamou David, assustado pela confusão em que se colocou. 
— Amigo, se a cuidar durante mais de três dias, nunca irá querer se separar dela. 
— Não acredito — David olhou a bebê, que tinha fechado os olhos. — Está bem? 
— Adormeceu. Comeu e a esgotou com suas práticas pondo fraldas. Acredito que é hora de 
voltar para casa com minha família. 
— Obrigado por isso, Justin. Posso te chamar se tiver perguntas? 
— Sim, mas relaxe. É um encanto — Justin o olhou de esguelha. — Não tem um berço de 
viagem? 
— O que? 
— Não sei nem por que pergunto. Não pode colocá-la no assento. Precisa levá-la em 
segurança. Vou ver se encontro uma enfermeira que nos empreste uma. Espere aqui — entregou 
a bebê. 
David a olhou, assombrado por quão diminuta era. 
— Como pode ser tão complicada quando cabe em minhas mãos? — perguntou David, mas 
seu amigo já tinha saído. — Farei o que puder por você; sinto não saber nada de bebês — 
sussurrou, admirando as mãozinhas pequenas e perfeitas. Acariciou a bochecha. 
Justin retornou minutos depois e deu as últimas instruções. 
— Não se preocupe. Fará muito bem. 
— Tomara. Veremos-nos em breve, Justin — David foi procurar Alex e recuperar o que 
havia na bolsa de fraldas que pertencesse ao bebê. Depois se despediu de seus amigos e saiu 
do hospital com a neném nos braços. 
— O que vou fazer com você? — perguntou com voz suave. 
Conduziu na escura e fria noite, agradecendo que a menina dormisse, mas com os nervos a 
flor da pele. 
As luzes de sua casa se acenderam quando se aproximou da propriedade. David estacionou 
e saiu com a menina, o berço e todas suas coisas. Cruzou a varanda, abriu a porta, apagou o 
alarme e acendeu as luzes. 
Minutos depois estava em seu dormitório com o berço no meio da cama. A bebê não 
encaixava no quarto masculino, decorado em verde escuro e marrom. Coçou a cabeça, 
perguntando-se o que faria quando despertasse. Segundos depois, a neném se moveu e 
começou a chorar. 
David a soltou trocou a fralda, com menos problemas que antes, preparou uma mamadeira e 
deu. Depois a pôs na cama, ao seu lado. Exausto, dormiu o que lhe pareceram dez minutos e a 
menina voltou a chorar. 
Por volta das três da manhã, a cozinha era um caos de mamadeiras meio vazias, latas e 
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9 
roupa de bebê manchada de leite. Enquanto ela gritava e esperneava, esquentou outra 
mamadeira para tentar acalmá-la de novo. 
— Ai, pequenina, o que quer? — perguntou com desespero. Sabia que se chamasse Justin, 
riria dele. 
Às quatro voltou a deitá-la, dormiu por fim. Uma hora depois voltou a despertar chorando. 
Pareceu que a noite durava mais de trezentas horas. Pela manhã, David sabia que 
precisava encontrar uma babá. 
Durante a noite destroçou o cérebro pensando em todas as mulheres com que tinha saído, 
mas não lhe ocorreu nenhuma candidata que pudesse estar disposta a ocupar-se de uma bebê. 
Pôs um anúncio no periódico solicitando babá, embora soubesse que demoraria dias em 
conseguir resultados. Sua cozinheira e governanta tentou lhe dar uma mão quando chegou, mas 
Gertie Jones continuava solteira aos sessenta anos e sabia tão pouco de bebês quanto David. 
Assim que pôde, foi ao Royal uma loja de produtos infantis, com a menina. Desde que tinha 
retornado do trabalho no exército, David estava acostumado a desfrutar conduzindo por Royal. A 
rua principal era um lugar muito concorrido no pequeno e rico povoado ao oeste do Texas, 
rodeado de campos petrolíferos e ranchos. Mas nesse dia não via o que o rodeava; era um 
homem com uma missão: procurar ajuda. 
David esperou que a loja abrisse e entrou com outros muitos clientes. Sentindo-se perdido, 
percorreu corredores de vestidos diminutos até que chegou à zona de fraldas, camisetas e 
chocalhos. Enquanto procurava uma atendente, Anna começou a chorar. 
— Oh, por favor, não chore — pediu David. Desesperado, procurou uma atendente, 
balançando a menina nos braços. — Não chore, neném — David estava desesperado. 
Não tinha se barbeado e pôs o jeans e a primeira camisa que tinha encontrado. Suspeitava 
que estivesse amassado, mas isso não importava nesse momento. 
— Anna, neném, não chore — suplicou. Ouviu alguém mover-se e viu uma atendente 
abaixada atrás de uma prateleira. Correu para ela como se fosse um bote salva-vidas em meio de 
uma tormenta. 
— Pode me ajudar? —perguntou. 
A atendente se ergueu e David a olhou com surpresa. Ela abriu os olhos de par em par. 
 
 
Capítulo Dois 
 
 
A mulher usava um chapéu rosa dos que só tinha visto em filmes e em fotos de sua 
tataravó, e um vestido florido com laços de veludo rosa. Tinha o cabelo loiro escuro preso em dois 
rabos de cavalo e círculos vermelhos nas bochechas. Seus cílios eram tão espessos que parecia 
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impossível que pudesse manter abertos os olhos cor de chocolate que o observavam com 
intensidade. Os lábios eram vermelhos, sedutores e atrativos. 
Marissa Wilder olhou boquiaberta para David Sorrenson, pasmada diante o metro oitenta e 
cinco de homem rude e atraente. Sentiu acelerar o coração e que subia a temperatura. Recordou 
que devia ter uns onze anos quando provocou esse efeito nela pela primeira vez. Ele, com 
dezoito, nem sequer sabia que existia. De fato, nesse momento não devia ter nem idéia de quem 
era. Estava mais bonito que nunca, com o cabelo negro e ondulado e sensuais olhos verde mar. 
Então viu o pequeno bebê que carregava nos braços. Chorava com toda a força de seus 
pulmões e ele a olhava impotente e desesperado. Marissa, perguntando-se onde estaria suamulher, aproximou-se para ajudá-lo. 
— Me de o bebê — disse, estendendo os braços. 
— Há um microondas na loja para esquentar uma mamadeira? —perguntou ele. Revirou a 
bolsa de papel marrom que levava e tirou uma. 
— Sim, há — respondeu Marissa. Fez um gesto para que a seguisse. Foram a uma sala 
para empregados onde ela esquentou a mamadeira e deu a neném. 
Embalou-a nos braços e colocou o bico da mamadeira junto a sua bochecha. A neném 
moveu a cabeça e começou a sugar. Marissa olhou a bebê com desejo. Desejava ter um bebê e 
desejou que esse fosse dela. 
— É perfeita com ela — disse uma voz profunda. Ela levantou a cabeça e encontrou uns 
olhos verdes cravados nela. David Sorrenson parecia a ponto de devorá-la e ficou sem fôlego. 
— Perfeita? 
— Com as crianças — disse ele, mostrando a bebê que tinha nos braços. 
— Ah, bom, cuidei de muitos. Tenho uma sobrinha e três sobrinhos, de minhas duas irmãs 
— esclareceu Marissa. — É uma neném preciosa. Onde está sua esposa? 
— Não estou casado. E não é minha filha. Bom, é no momento. 
Marissa o olhou e se deu conta de que estava consternado. Isso a surpreendeu porque tinha 
assistido a vários jogos de futebol no instituto quando ele era atacante, e sempre tinha mantido a 
calma. Ela era muito mais jovem, mas suas irmãs mais velhas falavam muito dele e tinha ido vê-lo 
jogar. Observou-o. Necessitava fazer a barba, tinha a camisa amassada e a olhava como se 
fosse um inseto estranho sob um microscópio. 
— Você é casada? — resmungou. 
— Não — respondeu, começando a perguntar-se se sofria algum tipo de tensão mental que 
o estava desequilibrando. — Sou divorciada. 
A resposta pareceu aliviá-lo e ela se perguntou por que; sabia bem que não ia pedir um 
encontro. Ele estendeu a mão. 
— Sou David Sorrenson. 
— Sim, eu sei — disse Marissa, sentindo que sua mão se perdia na dele. — Estava na 
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escola com uma das minhas irmãs mais velhas. Sou Marissa Wilder. Estudava com a Karen. 
— Nossa não a reconheci. Mas se da bem os bebês e parece que você gosta. 
— Eu adoro — murmurou ela, olhando à menina que tinha nos braços. — Como se chama? 
— Anna — respondeu ele. 
— Anna, um nome bonito. Quanto tempo tem? 
— Entre cinco e dez dias, mais ou menos. 
«Mais ou menos?», Marissa se perguntou que tipo de pai era, enquanto algumas de suas 
ilusões a respeito de David Sorrenson se desmoronavam. 
— E o enviaram para comprar fraldas? — adivinhou. 
— Algo assim. Faz muito que trabalha aqui? 
— Uns dois anos — respondeu ela. Se não soubesse com quem estava falando, teria 
chamado o guarda de segurança da loja. As perguntas dele eram estranhas e nenhuma das 
conversas femininas sobre David Sorrenson que tinha ouvido ao longo dos anos incluía a palavra 
«estranho». 
— Você gostaria de trabalhar de babá? — perguntou ele. — Necessito uma com urgência e 
pago bem. Triplicarei o que estiver ganhando aqui. 
Seguiram momentos de silêncio, até que Marissa se deu conta de que o estava olhando 
boquiaberta. A oferta a tinha deixado sem palavras. 
— Triplicar meu salário? 
— Sim. Parece saber como cuidar de um bebê. Eu não, e necessito de ajuda. 
Marissa teria mandado qualquer outra pessoa para o inferno, mas tinha estado apaixonada 
por David Sorrenson por quase dezessete anos dos seus vinte e oito. Continuava sem fala ante a 
idéia de trabalhar para ele ganhando o triplo. 
— Isto é muito repentino. Precisa que vá a sua casa todos os dias? 
— Não. Refiro-me a viver em minha casa e cuidar de Anna diariamente. 
— Ah! — a idéia de viver na casa dele fez que seu coração se desbocasse. 
— O que diz? — perguntou ele, escrutinando seu rosto. 
— Sinto muito, mas não posso fazer isso. Meus pais estão fora do país e cuido da minha 
avó e das minhas irmãs pequenas. 
— Possivelmente todas possam se mudar para minha casa. Quantos anos têm suas irmãs? 
— Minha avó não se mudará — respondeu ela, pensando que ele tinha os olhos mais 
sedutores que tinha visto em sua vida. Verde claro, emoldurados por largas pestanas negras. — 
Greta acaba de começar a universidade, e Dallas está no último ano da escola. 
— A que está na universidade tem idade para cuidar de sua avó e de sua irmã pequena. 
— Bom isso é certo. Quando necessita que alguém comece a trabalhar para você? 
— Esta manhã. 
Ela voltou a olhá-lo. O homem devia ter perdido a razão nos últimos anos, embora 
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12 
fisicamente continuasse sendo um monumento. 
— Tenho um trabalho. Não posso ir sem mais. 
— Pagarei para que faça. Falarei com o gerente e explicarei a situação — declarou David. 
— Darei um premio de mil dólares para que deixe o trabalho agora. 
— Mil dólares? Assim, sem mais? — olhou-o atônita. 
— Sem mais. Estou desesperado — respondeu ele. 
— Começo a acreditar que está — disse quase enjoada. Ganhar o triplo, vivendo com David 
Sorrenson. E mil dólares. Dizia-se que ele se retirou da seção de Operações Especiais da Força 
Aérea. Era rico, independente e vivia em seu próprio rancho. O tinha visto com duas ou três 
mulheres pela cidade: bonitas e sofisticadas. Marissa não tinha ouvido ninguém dizer que 
estivesse louco, nem que tivesse um bebê. 
A oferta lhe dava voltas na cabeça. Sabia que devia evitar viver em sua casa, pois era uma 
forma segura de que proteger o coração. Mas, por outro lado, podia desfrutar do momento 
— Não me convence deixar meu emprego agora mesmo — disse com Anna, considerando 
as possibilidades. — É uma decisão drástica. Acredito que deveríamos nos sentar e discutir a 
oferta. 
— De acordo. Diga ao gerente que vai fazer uma pausa e falaremos do trabalho de babá. 
Será temporário, pode ser apenas por um dia ou dois. 
— Um dia? Então não necessita uma babá. 
— Sim, claro que sim! —exclamou ele. — Não posso passar outra noite como a última. De 
fato, não quero passar uma hora mais sem ajuda. 
— Temos que falar disto — disse ela, conduzindo-o fora da sala de empregados. O homem 
estava louco, mas a oferta era muito boa. 
— Vamos ao Royal Diner. Tomou café da manhã? 
— Não, esta manhã não deu tempo – respondeu ela. 
— Quer que o diga a seu chefe? — David olhou a seu redor. 
— Oh, não! Eu direi — gemeu ela, imaginando a reação de seu chefe. — Você cuida da 
Anna. 
— Não — respondeu David com voz firme. — Você cuida dela, parece contente. Eu direi a 
seu chefe e dirijo. Como se chama? 
— Jerry Vickerson, seu escritório está na esquina esquerda, no fundo da loja. 
— Voltarei em seguida, Marissa Wilder. Não vá — ordenou David. — E quando voltar tenho 
que comprar um berço de viagem. Pode ser de qualquer preço. Escolhe você — girou sobre os 
calcanhares, passou a mão pelo cabelo e quadrou os ombros. 
— Anna, tem um protetor muito persuasivo e decidido. Onde está sua mamãe, céu? — 
imaginou-se de babá ganhando o triplo. Embora não durasse muito, cuidar dela seria 
maravilhoso. E viver na casa de David Sorrenson seria... excitante? Provavelmente iria quebrar o 
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13 
coração; passaria o dia fantasiando sobre ele. 
Apertando o bebê contra o peito, Marissa cantarolou enquanto procurava um berço. 
Recordou a bolsa de papel que David tinha levado na mão e escolheu uma bonita bolsa para 
fraldas, de cor rosa e com flores. 
— Solucionado — disse ele, minutos depois. — Já não trabalha aqui, mas pode recuperar o 
emprego assim que acabe com sua função de babá... e poderia ser logo. 
Elao olhou assombrada. Seu chefe era quase um tirano com os empregados. Esse afã de 
colaboração era tão surpreendente que se perguntou que incentivo lhe tinha dado David 
Sorrenson. 
— De acordo — murmurou. — Escolhi um berço e uma bolsa para fraldas. Parece precisar 
de uma — comentou, olhando a bolsa de papel. 
— Ah, sim, certo. Muito bem — tirou a carteira e olhou os preços. — Perfeito, colocarei as 
coisas na bolsa, e quando chegarmos ao carro, poremos Anna no berço de viagem. Estou usando 
um emprestado. 
Marissa marcou a compra na caixa. 
— Quer recolher suas coisas? — perguntou David. — Disse ao seu chefe que a traria depois 
para pegar o pagamento. Terá o cheque preparado dentro de uma hora. 
— Terá que segurar a menina. Necessito das duas mãos para tirar o crachá com meu nome. 
— Eu farei — disse David, aproximando-se. Ela sentiu disparar o pulso ao sentir os quentes 
dedos em seu ombro. Observou o rosto sem barbear e o sensual lábio inferior, perguntando-se 
como seria senti-lo sobre os seus. Ele retirou o crachá. 
— Algo mais? — perguntou, deixando-a no mostrador. 
— Ai, sim! — respondeu ela com emoção, olhando os cachos de pêlo escuro que apareciam 
pelo pescoço de sua camisa de manga curta. 
— Sim? — repetiu ele com curiosidade, arqueando as sobrancelhas. 
— Queria dizer não! — disse ela, notando que o rubor lhe tingia a face. Deu a volta, mas viu 
que ele estreitava os olhos, a observando. 
— Meu carro está por aqui — disse, agarrando seu braço. 
— Você não gosta dos bebês? — perguntou ela, com a ridícula sensação de ter perdido o 
controle de sua vida em alguns momentos. 
— Não sei nada deles. Bom, agora sei que choram muito e como trocar uma fralda. 
Marissa acelerou o passo, tentando seguir as largas passadas, enquanto cruzavam o 
estacionamento para seu esportivo verde escuro. Não podia acreditar no que estava 
acontecendo, tudo parecia um sonho. 
Olhou o homem alto que tinha ao lado, em menos de meia hora tinha mudado sua vida. 
Estava fora da loja, ia tomar o café da manhã com um homem muito atraente e cuidar de uma 
menina preciosa ganhando um montão de dinheiro. Recordou-se que devia aproveitar o 
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14 
momento. 
— Me dê a Anna, vou colocá-la no berço — disse ele. Suas mãos se tocaram e ela sentiu 
um calafrio, sem saber por que. Não estava acostumada a reagir assim quando entregava coisas 
aos homens na loja. 
Olhou a roupa que usava. Não gostava nada ir ao Royal Diner com o disfarce de pastorinha 
que pôs para anunciar a oferta do dia da loja. Suspirou; era dela, não da loja, e seria muito 
complicado ir para casa trocar-se. Subiu no carro e observou David colocar à menina no berço e 
atar as correias, no assento de atrás. Depois, sentou-se ao volante. 
Lembrou que não devia confiar nos homens encantadores e atraentes. Ficou louca por seu 
bonito ex-marido, que mostrou ser a maior decepção de sua vida. Tinha a utilizado para seus 
próprios fins, enganando-a enquanto ela trabalhava para lhe pagar o curso de medicina. Quando 
acabou os estudos, deixou-a. 
Quando Anna começou a chorar, Marissa virou no assento, cantarolou algo e ofereceu a 
mamadeira. Anna calou imediatamente. 
— Obrigado por fazer isto — disse David. 
— É uma neném adorável. Preciosa. 
Ele não respondeu. Minutos depois estacionavam em frente ao Royal Diner e ele desceu do 
carro para soltar o berço. Segurou a porta para Marissa e entraram juntos na cafeteria. Quando o 
aroma de bacon frito e café a assaltou, deu-se conta de que estava faminta. Sentou-se em uma 
mesa e alisou a saia e as anáguas coloridas. 
— Ponha o berço de Anna ao meu lado. Quando terminar a mamadeira, dormirá. 
Ele não precisou que dissesse uma segunda vez, obedeceu e se sentou em frente a ela. 
Marissa, nervosa e inquieta, sorriu. Olhou a seu redor e viu que uma garçonete que conhecia se 
aproximava deles. Sheila Foster, mascando chiclete, esticou a uniforme cor de rosa e levou copos 
de água e a carta. 
— Olá Marissa, olá David — saudou. Olhou de novo a Marissa. — Bonito vestido, e bonito 
bebê. 
— Obrigada, Sheila — disse Marissa, com um sorriso. Em sua bochecha esquerda se 
formou uma covinha. 
— Querem café? — perguntou Sheila. David assentiu, contemplando a covinha. 
— E você, Marissa? 
— Não, obrigada — sentia uma comichão cada vez que ele pronunciava seu nome. — 
Tomarei um suco de laranja. 
— Eu também tomarei suco, além disso, o café — disse ele. 
— Diga David, qual é seu parentesco com Anna? — perguntou ela, assim que ficaram 
sozinhos. 
— Nenhum — respondeu ele, olhando-a nos olhos. Pela primeira vez em sua vida, não tinha 
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15 
uma explicação. 
— Se não é nada sua, como é que está ao seu cargo? — perguntou Marissa, com surpresa. 
David pensou que, embora se vestisse de forma muito estranha, seu cérebro funcionava. E 
aqueles olhos marrom escuro o estavam partindo em dois. 
— Ontem, enquanto jantava aqui com alguns amigos, uma mulher entrou correndo e caiu. 
— E esta é sua bebê? — exclamou Marissa. — Saiu nas notícias ontem à noite. Como é 
que a tem você? Por que não está com a mãe? 
Ele tinha estado tão preocupado ocupando-se de Anna que não tinha pensado como a 
notícia correria rápido por Royal. Embora contasse com a população mais rica do estado, 
continuava sendo um povoado e as notícias corriam como pólvora. 
— Conheço o doutor Justin Webb — respondeu David, medindo as palavras. Não podia 
desvendar toda a verdade. — Quando levamos a mulher ao hospital, ele estava lá. Em vez de 
entregar à menina ao serviço de Amparo aos Menores, pediu-me que cuidasse dela até que a 
mãe esteja bem — explicou. 
— Não é a toa que parecesse aflito. 
— Sim. Nunca passei tempo com um bebê. Nem sequer tinha tido um nos braços até ontem 
à noite. 
— Bom, agora eu estou aqui, e cuidarei de tudo — Marissa olhou a bebê que dormia com 
compaixão. — Será melhor que falemos deste trabalho. Adivinho que esperas que me instale 
hoje. 
— Por Deus sim — afirmou ele com sinceridade. — Estou contando os minutos. 
— Tenho que ir em casa, para dar a notícia a minha família, fazer uma mala e organizar as 
coisas. Estarei pronta por volta das quatro. O que acha? 
— Bem, mas se puder ser antes, melhor. 
— Não tem uma noiva que possa fazer isto por você? — perguntou ela com curiosidade. 
— Não. As mulheres com as quais saio não sabem nada de bebês, fraldas ou mamadeiras. 
Nem por indício. 
— Imagino — disse ela. David supôs que o considerava um playboy irresponsável. — A mãe 
está sozinha no hospital? 
— Não totalmente. Um dos meus amigos, Clint Andover, está com ela. 
— Qual será meu horário de trabalho? 
— Tempo integral, espero — disse ele, inquieto. 
— Tenho família e quero um pouco de tempo livre. 
— Pode ser que este seja um trabalho de curto prazo, mas necessito de ajuda — ele 
inclinou a cabeça, voltando a sentir certo desespero. — Pagarei você mais se trabalhar vinte e 
quatro horas por dia, sete dias por semana. 
— Teria que dobrar o pagamento no fim de semana — sugeriu ela. 
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— Feito — assentiu ele. Teria aceitado pagar quatro vezes mais. O dinheiro não era 
problema. Olhou a bebê que dormia pacificamente, com rosto de anjo; sabia que isso só era 
fachada e não duraria. 
Olhou Marissa Wilder. Não estava acostumado a estar nas mãos de alguém que, vestida de 
pastorinha, parecia uma menina. Nenhummembro do gênero feminino com mais de cinco anos 
usaria um vestido assim. Com tanto ruge, parecia saída de uma peça de teatro infantil. Mas seria 
igual, se usasse plumas, pijama e o cabelo arroxeado. Sabia cuidar da menina e lembrava 
vagamente sua irmã Karen, assim não era uma completa desconhecida. 
— Terei que me ocupar dela de noite? 
— Sim — respondeu ele, contendo o fôlego se por acaso se negasse. 
— Já. Estou renunciando a todos meus incentivos, a minha segurança social, assim... 
— Marissa, não só triplicarei seu salário que, por certo, perguntei a seu chefe, mas também 
pagarei o seguro médico e o valor que contribuísse a loja para o seu plano de pensões – afirmou 
ele, pensando que não só sabia de bebês, mas também de dinheiro. 
— Obrigada — disse ela, animada. — Isso é generoso. 
— Sei, mas estou desesperado. 
— Por que aceitou ficar com Anna se sabia que daria tanto trabalho? 
— É uma longa história — respondeu ele —, mas te contei as razões básicas: não acredito 
que deva passar às mãos do estado se sua mãe pode cuidar dela logo. Ainda não fez vinte e 
quatro horas. 
— Manny vem vindo — Marissa sorriu. — Olá. 
— Olá, Marissa — respondeu ele, limpando as mãos no avental. — Está muito bonita assim 
vestida. 
— Obrigado, Manny — a covinha voltou a se formar em sua bochecha. 
— Olá, Manny — saudou David. 
— Olá, David — Manny olhou para o berço — é a menina de ontem à noite, não? 
— Sim, Anna — disse David, ainda se assombrando de como corriam as notícias. Tirou a 
carteira. — Deixa que te pague os jantares de ontem à noite. 
— Esquece — Manny agitou a mão. — Convite da casa. Ganharam o jantar. 
— Obrigado, Manny, mas não tem por que fazer isso. 
— Esquece. Me viu na televisão ontem à noite? — perguntou Manny. 
— Não. Devia estar no hospital ainda. 
— Fui encontro por duas estações. Queriam saber tudo sobre a mulher e a bebê. 
— Como se inteiraram tão rápido? 
— Já sabe como correm as notícias por aqui. — Manny encolheu os musculosos ombros. — 
Como está a mãe? 
— Não sei. Passarei pelo hospital esta tarde. 
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— Espero que se recupere logo. Me alegro de que a esteja ajudando. Sorrenson o Bom 
Samaritano. O que vai tomar? Tenho um café da manhã especial: ovos, salsichas, bolachas e 
molho. 
— Parece bom — disse David. — Gosta Marissa? 
— Eu só comerei ovos e torradas. 
— Vamos, Marissa. Necessita de um pouco de carne sobre esses ossos — apressou 
Manny. — Pedirei duas especiais e torradas. Come o que quiser — deu a volta, foi para o balcão 
e deu um tapinha no traseiro de Sheila. Ela soltou um risinho. 
— Onde mora, David? Tem uma casa em Pene Valley? — perguntou Marissa. Era uma 
exclusiva zona residencial de Royal. 
— Ali mora meu pai, quando está no Texas. Eu vivo no rancho, ao oeste do povoado. 
Falaram do trabalho até que Sheila chegou com seus apetitosos cafés da manhã. 
— Tenho que comprar coisas para a Anna, logo porque esta sem roupas — comentou 
David. 
— Posso ajudar a escolher — se ofereceu Marissa. 
— Podemos voltar para a loja agora e comprar o necessário? 
— Sim. Com seus poderes de persuasão, possivelmente convença meu chefe para que me 
deixe utilizar meu desconto como empregada — brincou Marissa. 
— Isso não é problema — David fez um gesto negativo com a mão. — Escolhe o que 
precisar, incluindo fraldas e um berço para casa. 
Marissa se recostou na cadeira e limpou a boca com o guardanapo. David notou que tinha 
uns lábios de aspecto delicioso. Olhou sua bandeja. 
— Não comeu muito — comentou. 
— Não poderia comer tudo isso. Só queria ovos e torradas. 
— Manny sempre serve porções grandes. Está pronta para ir? — perguntou ele, pegando a 
conta. 
— Sim. Posso pagar o meu café da manhã, David – disse ela. 
— Agora é minha empregada, e o café da manhã o pago eu — pegou o berço de viagem e 
olhou para Anna. — Está dormindo melhor agora que em toda a noite. 
— Talvez esteja mais relaxada. Acredito que os bebês percebem a tensão na gente. 
— Pois eu estava muito tenso, e ela também. 
Voltaram para a loja e Marissa escolheu a roupa. Pareceu que David comprava muito de 
tudo, mas ele disse que não queria repetir a viagem. Quando acabaram, pediu que entregassem 
tudo em sua casa. 
— Irei para casa a preparar a mala — disse ela, já no estacionamento. — Quer conhecer a 
minha avó? 
— Eu gostaria e farei logo. Não quero que se preocupe com sua mudança de trabalho, mas 
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tenho uma reunião ao meio-dia, e esta tarde. 
— Isso é porque comprou meia loja. Bom, estarei no rancho às quatro. 
Ele a olhou nos olhos, perguntando-se se tinha mentido alguma vez em sua vida. Parecia 
impossível. Perguntou-se como se vestiria a avó Wilder; não podia ser mais excêntrica que sua 
neta. Imaginou uma casa de conto, como a de chocolate do conto. 
— Até as quatro, Marissa. E obrigado. 
— De nada — disse ela, com um grande sorriso. Deu a volta e se afastou, com os 
acréscimos, a saia e as anáguas expulsando a cada passo. Usava meias curtas e sapatilhas de 
bailarina cor de rosa. Antes de subir em seu carro, olhou por cima do ombro e a viu abrir a porta 
de um utilitário de aspecto muito normal. 
— Bom pequena Anna, já tem babá. Acredito que você gostará; eu gosto. Esta noite será 
suportável — olhou a bebê. — Continue dormindo, por favor. Tenho que ir ao clube ver meus 
amigos, e não costumam deixar entrar crianças. Se dormir todo o momento, comprarei uma 
cadeira de balanço na volta para casa. 
Momentos depois estacionou na frente do clube. Entrou com o berço de viagem na mão e 
cruzou o elegante vestíbulo, forrado com painéis de nogueira e cenário com retratos ao óleo. Foi 
o primeiro a chegar à pequena sala em que celebrariam a reunião. Sentou-se em uma poltrona de 
couro e pôs o berço de Anna em uma cadeira, a seu lado. O sol entrava pelas janelas, iluminando 
o elegante tapete oriental e a mesa de bilhar que havia num lado da sala. 
— Bom dia, senhor — disse um garçom, sorrindo para David. — Como está a pequena? 
— Bem no momento, Jimmy. 
— Quer beber algo? 
— Traga café e refrescos. 
— Algo mais? Comida? 
— Para mim não. Possivelmente os outros queiram comer algo. 
— De acordo — o homem saiu, e um segundo depois Alex Rent entrou na sala. David soube 
pelo olhar de seus olhos verdes, que trazia más notícias. 
 
 
Capítulo Três 
 
 
Deram-se as mãos e o olhar solene de Alex se escureceu ao dar uma olhada em David. 
— Santo céu, amigo! O que aconteceu? 
— Não tive tempo de me barbear — David esfregou o queixo. 
— Já vejo. Tampouco de abotoar bem a camisa. 
— Diabos — resmungou David, olhando. — Me vesti com pressa. 
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— Uma noite dura não é? Esteve em festa com alguém depois que dormiu a pequena? 
— Alex, não amole. Festa, uma ova. Estive toda a noite em pé, com ela. 
— Agora está muito tranqüila — Alex se inclinou sobre a menina. — Me custa acreditar que 
esta boneca o tenha mantido acordado toda a noite. 
— Quer que troquemos de tarefa? 
— Não — Alex sorriu e acariciou o braço da bebê. — É uma coisinha linda. 
— Sim, mas foi uma noite infernal. Não ouse despertá-la — avisou David. 
— Me alegro de que tenha ficado com você — Alex sorriu. — Não sei nada de crianças. 
— Acredita que eu saiba? — protestou David. — Acabo de contratar uma babá. Sabe algo 
da mãe? 
— Não, mas aqui chega nosso homem. 
Clint, com a mesma roupa da noite anteriore sem se barbear, entrou na sala e estreitou as 
mãos de seus amigos. O garçom retornou com bebidas e aperitivos, pediram sanduíches e partiu 
de novo. 
Ryan Evan chegou pouco depois; tinha trinta e dois anos e era o mais jovem do grupo. Os 
quatro olharam a bebê, que pacificamente dormia. 
— Contratei a uma babá — anunciou David. 
— Pode ser que precise por um tempo — disse Clint com solenidade. Todos se sentaram. 
— Vamos meninos, me coloquem a par — pediu Ryan com curiosidade. — Sinto ter perdido 
nosso habitual jantar de chili. 
— Parece que esteve ocupado — o cravou Alex. — Quem era ela desta vez? 
— Passei bem — Ryan encolheu os ombros. — O que aconteceu ontem à noite? 
— Perdeu um montão — respondeu David. Depois contou o ocorrido. — Ryan, você não 
deu a essa mulher um cartão de Clube de Boiadeiros do Texas, não e mesmo? — perguntou ao 
acabar. 
— Eu? Não. 
— Só queria comprovar. 
— Contatei com vários membros – informou Alex —, para descobrir quem deu. De 
momento, sem êxito. 
— Vi o Manny esta manhã — disse David —, comentou que ontem à noite foi procurado 
pela televisão. 
— Isso era inevitável em um lugar deste tamanho — disse Ryan. — Se ocorrer algo 
estranho, todo mundo sabe em menos de uma hora. 
— Tem que nos pôr em dia sobre nossa mulher mistério — disse David ao Clint. — Está 
desprotegida? 
— Não. Chamei Aaron Black e ele me disse que ficaria vigiando enquanto nos reuníamos. 
Também me ofereceu que fosse dormir algumas horas. 
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— Aaron é boa opção — disse David, pensando no rancheiro. 
— É o bom dos membros do clube – apontou Alex, estirando as pernas. — Sempre estão 
dispostos a ajudar. 
— Nos fale da mulher, Clint. Como vai? — perguntou David. 
— Nada bem. Continua em coma. Está desnutrida e desidratada. Deu a luz faz poucos dias 
e sofreu um forte golpe na cabeça — respondeu Clint. 
— Menos mal que contratei uma babá esta manhã — as esperanças de David de devolver a 
menina a sua mãe rapidamente se apagaram. — Algo mais? 
— Está na UTI e fará exames toda a semana. Já fez um encefalograma. 
— Não soa nada bem. 
— Rezemos para que sobreviva — Clint olhou a bebê com rosto sério. — Essa menina não 
pode perder sua mãe — David recordou que Clint tinha perdido a esposa em um incêndio e a dor 
o corroia por dentro. Todos os homens dessa sala ocultavam cicatrizes profundas, de diferentes 
classes. 
— Faremos o que pudermos por elas — disse Alex. 
— No hospital estão muito preocupados com a mãe, e o pessoal é excelente — comentou 
Clint. 
— Certo — assentiu David. — Os ricos de Royal investiram tanto dinheiro no Royal 
Memorial que poderia competir com qualquer hospital de grande cidade — olhou para Alex. — 
Tem informação sobre sua identidade? 
— Não — respondeu Alex. — Havia uma lista de nomes na bolsa e os investigarei. Está 
manhã falei com Vicente Wayne e não há nenhuma pessoa desaparecida que coincida com sua 
descrição. Só descobri uma coisa — olhou para seus amigos um a um. — Levava meio milhão de 
dólares na bolsa. Quase tudo em notas grandes. 
— Diabos, é muito dinheiro — comentou Ryan. 
— Eu diria que está metida em problemas graves — disse David. Outros assentiram. 
— Meio milhão... Em que pode estar colocada? — perguntou Ryan. 
— Em algo perigoso — asseverou Clint. Jimmy retornou com bebidas e sanduíches. 
Esperaram que ele saísse para continuar falando. 
— Alex, segue com seu relatório — sugeriu David. 
— Não encontrei ninguém que lembre de tê-la visto chegar à cidade. Nem no aeroporto nem 
na estação de ônibus. Não tenho nenhuma foto para mostrar, só dei sua descrição, sem resultado 
de momento. Acabo de começar com a lista de nomes e datas que havia na bolsa. Como está 
desnutrida, adivinho que não faz muito que tem o dinheiro. Sua roupa é simples. Se o dinheiro for 
dela, é uma excêntrica que guarda cada centavo; mas é muito jovem para ter acumulado tanto. 
Imagino que está fugindo — concluiu. 
— Isso significa que terá que continuar vigiando-a. 
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— Posso ajudar quando precisarem. Posso me alternar com você no hospital, Clint — 
ofereceu Ryan. Olhou para Alex. — Também você, Alex, para o que precisar. 
— Obrigado — respondeu Alex. 
— Mas você fica só a cargo da neném — disse Ryan ao David. 
— Já tinha percebido — disse David com resignação. — Quando voltam Travis e Darin? 
— Não sei, mas nos viria bem sua ajuda — respondeu Ryan. — Chamarei o Travis. 
— O que fazemos a seguir? – perguntou Clint. 
— Continuarei tentando descobrir a identidade da mulher e quem lhe deu o cartão. 
Perguntarei aqui no clube — ofereceu Alex. — Guardei o dinheiro na caixa forte e seguirei em 
contato com o chefe de polícia — seus olhos verdes faiscaram. — Assim, David, você continuara 
sendo papai. A pequena Anna parece feliz. 
— Está. Logo terá babá. 
— Quem é? — perguntou Alex. 
— Marissa Wilder. 
— Conheço sua irmã — interveio Ryan. 
— Karen Wilder — disse Alex. — Saí com ela uma vez. Era mais farrista que a irmã mais 
nova. Agora está casada e tem alguns filhos. 
— Assim parece que minha babá é de confiança? 
— Não comprovou? — perguntou Clint. — Posso investigar, mas não acredito que seja 
necessário, se conhecem sua família. Não comprovou? —repetiu. 
— Diabos, não — estalou David. — Se tivesse ficado toda a noite acordado trocando fraldas 
e tentando que um bebê tragasse mamadeiras e deixasse de chorar, também teria contratado a 
primeira babá que visse. Marissa gosta de crianças. 
— Continue assim, papai. Fará bem — brincou Alex. Esfregou a testa. — Acredito recordar 
que Marissa Wilder estava casada. 
— Agora não — disse David. — Perguntei. 
— Sim estava — interveio Clint. — Com um tipo que era médico. Depois de divorciar-se, 
casou-se de novo e se mudou para Midland. 
— Para mim seria igual a tivesse tido cinco maridos — resmungou David. Outros se 
puseram a rir. 
— Vou — disse Clint, ficando em pé. Tinha aspecto solene e expressão preocupada. David 
lamentou que estivesse envolvido no assunto; não necessitava mais dor em sua vida. — Na 
verdade, David. Tem aspecto de ter passado uma noite horrível. 
David fez um gesto de despedida com a mão. 
— Sairei contigo, Clint — Ryan se levantou também. 
— Será melhor que vá enquanto ela continua dormindo — disse David. — Se acorda com 
fome, ouvirão seus gritos por todo o clube. 
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22 
David levantou o berço de viagem e a bolsa de fraldas. A menina moveu a mão e ficou 
quieta de novo. 
— Parece uma bebê muito pacífica — disse Alex, saindo com David à luz do sol. — Temos 
as mãos cheias. Pergunto-me quem golpeou nossa desconhecida. E quem tenta lhe tirar o bebê e 
por que. Poderia ser o pai, ou parentes. Tenho muitas perguntas e nenhuma resposta. É uma 
pena que a neném não possa falar. 
— Tem boas cordas vocais, mas não conversa. 
— Acostumará, e agora tem ajuda – Alex sorriu. — Pelo que me lembro, os Wilder são uma 
boa família. Seus pais fazem trabalhos beneficentes... Acredito. 
— Disse que estavam fora do país. Nos mantenha informados, Alex. 
— Farei. Assim que souber de algo, direi. Essa mulher não saiu do nada. E no seu passado 
tem que ter alguém do clube. Continuarei investigando. Você se ocupe da neném; assim será um 
perito quando se casar e for papai. 
— Já — resmungou David. — Nunca pensei em me casar, e agora estou certo de que não 
farei. Cresci sem mãe e quasesem ver meu pai; não sei nada destas coisas de família. 
—Está aprendendo. Não desperdice seus conhecimentos — afirmou Alex. — Seria uma 
pena. 
—Você que diz — David foi para seu carro. — Este esportivo não está desenhado para um 
bebê – disse para si, enquanto tentava assegurar o berço no assento traseiro. Olhou a neném, 
que ainda dormia, e lhe acariciou o cabelo. — Querida, foste um anjinho. Cumprirei minha 
promessa e comprarei uma cadeira de balanço no caminho de casa. 
Fechou a porta com cuidado e viu Clint saindo do estacionamento. Chamou, entregou o 
berço emprestado e pediu que o devolvesse ao hospital. 
— Dorme pequena — disse ao arrancar o motor. — Suponho que está descansando para 
esta noite, mas isso fica entre você e sua babá. Eu vou dormir doze horas. 
Anna continuou dormindo enquanto David comprava uma cadeira de balanço e pedia que a 
levassem nessa tarde. Rezando para que seguisse assim até chegar em casa, voltou pelo 
caminho mais curto. Pouco depois chegou em frente as grades de ferro e o poste com uma placa 
que dizia Rancho TX S. Levantando uma nuvem de pó, percorreu o caminho de cascalho. 
Soltou um suspiro de alívio quando divisou a casa. Adorava o rancho. Era seu lar e suas 
lembranças de infância mais felizes se geraram ali. 
A casa tinha sido construída em finais de 1800. David tinha passado horas subindo no 
telhado e balançando nos ramos dos altos carvalhos que davam sombra ao jardim. Agora era seu 
refúgio do mundo. 
Atrás havia um celeiro, um barracão, um curral e outros anexos. Na distância se viam várias 
casas mais. 
Quando chegava à garagem, um cão negro e marrom correu para o carro agitando o rabo. 
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David estacionou, baixou e lhe acariciou a cabeça. 
— Vamos, General, se afaste. Uma belezinha veio viver conosco, e é muito pequena para 
que brinque com ela. 
Nesse momento, Anna se estirou e piscou. 
— Estamos em casa, pequena. Em seguida te trocarei e darei de comer. Começo a ser um 
perito nisto — disse, entrando na casa. 
Olhou a cadeira de balanço que havia no alpendre e pouco depois saiu para colocá-la na 
espaçosa cozinha, que tinha uma sala de estar em um extremo. Tirou Anna do berço de viagem, 
apoiou-a em seu ombro e pegou a mamadeira que tinha preparado. 
— Querida, já troquei a fralda. Agora podemos nos balançar enquanto come, você gostará 
— se sentou e a colocou nos braços, como tinha visto Marissa fazer. Segundos depois, Anna 
sugava e David se balançava encantado. — Começo a dominar isto — disse —, mas me alegrará 
ver sua babá chegar. 
Olhou ao redor. Gertie tinha recolhido o caos da noite anterior. Os azulejos e o chão de 
terracota voltavam a estar imaculados. Os armários eram de madeira e uma barra separava a 
cozinha da sala de estar, em que havia uma lareira de pedra, um sofá e duas poltronas. No outro 
lado havia uma mesa oval com doze cadeiras, junto a um mirante. Era prática, cômoda e bem 
equipada; uma das favoritas de David. 
Sentado na cadeira de balanço, no meio da sala de estar, David olhou a bebê. Perguntou-se 
se ele tinha sido tão pequeno alguma vez, e se sua mãe o tinha balançado naqueles primeiros 
meses, antes de morrer. Estava certo de que seu pai não tinha feito. Não o imaginava ocupando-
se de um bebê. 
Olhou o relógio. Eram cinco para as quatro. Esperava que Marissa aparecesse. Tinha 
chamado Gertie do clube para que preparasse um dormitório. Ouviu o som de um carro e 
suspirou com alívio. Quando soou a campainha, levantou-se tentando não incomodar Anna, que 
seguia bebendo a mamadeira. Abriu a porta com a menina nos braços e ficou assombrado. 
Desejou perguntar «Quem é você?», mas enfrentava os mesmos olhos chocolate e a 
mesma deliciosa boca. As estranhas roupas e a maquiagem tinham desaparecido. Tinha em 
frente a ele uma mulher deslumbrante, toda curvas e pernas, de cintura estreita. O rosto estava 
emoldurado por uma sedosa cortina de cabelo loiro escuro. A face era levemente rosada, de pele 
perfeita. Vestia uma camisa de algodão azul, com uma saia azul marinho. 
— Não parece a mesma — balbuciou, sem pensar. 
Ela esboçou o mesmo sorriso adorável, derretendo-o. 
— Não. Temo que não tenhamos comentado meu traje desta manhã. Havia uma oferta 
especial na loja, e todos íamos disfarçados de personagens de canções infantis. Eu ia de 
Bopeep, a pastorinha. 
Marissa arqueou uma sobrancelha ao ver que ele a olhava desconcertado, como se não 
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conhecesse a personagem que tinha perdido suas ovelhinhas, mas não fez nenhum comentário. 
— Vejo que Anna está muito bem — David se deu conta que continuavam na porta; 
devorando-a com os olhos e não a tinha convidado a entrar. 
— Entre — se afastou rapidamente. — Suas coisas estão no carro? 
— Sim. 
— Ajudarei trazer. Espera que termine de dar de comer para Anna e mostrarei isso tudo. 
Estava na cozinha. Coloquei a cadeira de balanço na varanda — disse. Deu-se conta de que 
estava tagarelando, pela primeira vez na sua vida. Dava voltas na cabeça. Acreditava ter 
contratado uma babá competente, mas também era uma mulher muito atraente. Como ia viver 
com ela na mesma casa? 
Saiu da cadeira de balanço e se aproximou da lareira. Mostrou o sofá com uma mão. 
— Sente-se. 
Marissa o fez, cruzando as longas e bonitas pernas. Ele se deu conta de que a estava 
olhando de novo, e suava. Levantou a cabeça. 
— Comprei uma cadeira de balanço antes de voltar para casa. Trarão mais tarde. Esta é a 
da varanda e, na verdade, tinha esquecido que tinha. 
— Anna já tomou mais da metade da mamadeira. Teria que fazê-la arrotar — sugeriu 
Marissa. 
— O que? 
— Os bebês tragam ar ao sugar. Espera, ensinarei. Onde estão os panos de cozinha? 
— Na terceira gaveta, junto ao refrigerador. 
Com um sensual bamboleio de quadris, Marissa cruzou a sala e retornou com um pano. 
— Incline para frente um pouco, para que ponha isto no seu ombro. 
Ele seguiu suas instruções. Notou as mãos sobre o ombro e captou um leve aroma de 
rosas. Tinha a pele suave e cremosa. Amaldiçoou para si, não queria sentir-se atraído por sua 
babá. Não seria boa idéia. 
— Agora se jogue para trás e a ponha sobre seu ombro. 
— Odeio interrompê-la. 
— Não se importará se for por pouco tempo e se sentirá melhor. Chorará menos se não 
sentir dor de barriga. 
Tirou a mamadeira da menina e a deixou no chão, junto à cadeira de balanço. Apoiou à 
menina em seu ombro. 
— Muito bem — animou Marissa. — Agora dê tapinhas nas costas. — Marissa retornou ao 
sofá e cruzou as fabulosas pernas, que ele não tinha visto bem essa manhã. 
— Arrotou — disse um momento depois. 
— Agora pode voltar a lhe dar de comer. 
— Oxalá tivesse sabido isto ontem à noite — suspirou ele. 
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— Seguro que ela deseja o mesmo — sorriu ela. 
— Disse que não estava casada, Marissa. Não te perguntei se tem noivo. 
— Nada de noivos — a covinha apareceu em sua bochecha. 
— Um amigo me disse que esteve casada. 
— Estive. Com Reed Grambling. Casou-se de novo e agora vive em Midland. 
— Eu o conheci — disse David, recordando um jogador da equipe de basquete. — Era muito 
popular. Sinto que não tenha dado certo. 
— Deslumbrou-me seu aspecto e seu encanto, mas só se interessava por ele mesmo. E 
pelas mulheres. Quando terminou a faculdade de medicina, que eu custeei, deixou-me. Mas isso 
já é passado, recuperei meu nome de solteira. 
— Tevemá sorte. 
— Já o esqueci. Passou pelo hospital? 
— Não, Clint Andover me disse que não tinha sentido. A mulher continua em coma e o 
prognóstico é grave. 
— Que horror! Pobre menina! — Marissa mordeu o lábio e olhou para Anna. 
— Esperemos que supere, enquanto isso Anna está em boas mãos — olhou a bebê. — Ela 
dormiu. Se quiser, posso te mostrar a casa. 
— Sim — Marissa ficou em pé. — A cozinha é muito bonita. 
— Papai a decorou faz anos. Parte da casa foi remodelada, mas o resto continua como 
quando a construiu meu tataravô. 
Marissa escutava a voz profunda e grave de David, perguntando-se se havia alguma mulher 
em sua vida. Recordou-se que não devia pensar nisso; era como seu ex-marido: atraente, 
encantador e interessado em mulheres muito mais bonitas e sofisticadas que ela. 
A casa era espaçosa, de cômodos grandes, teto alto e chão de madeira. David a conduziu a 
um amplo vestíbulo, decorado com óleo de paisagens marinhas e vasos com novelo. 
— Meu avô se rebelou quando jovem e se uniu à marinha. Retornou poucos anos depois, 
mas sempre amou o mar e colecionava estes quadros — a pegou pelo braço e a guiou para a 
direita. — Aqui está a sala. Passo a maior parte do tempo aqui e na cozinha. 
Soltou seu braço, mas ela continuou sentindo a calidez dos dedos. Apenas lhe chegava ao 
ombro, devia medir trinta centímetros mais que ela. Era tão perigoso para o coração de uma 
mulher como tinha sido seu marido, possivelmente mais. Não saberia se poderia resistir a ele. 
A sala era enorme, com janelas que ofereciam uma vista panorâmica do rancho. Uma 
parede estava cheia de estantes e quadros. Havia uma grande chaminé de pedra e uma grande 
tela de televisão em um extremo da sala. Em um canto havia uma mesa de jogos e quatro 
cadeiras. 
Depois passaram por um elegante salão e uma sala de jantar com uma mesa de mogno 
para vinte pessoas. Havia uma sala de bilhar, biblioteca e escritório. 
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— Este será seu quarto — disse ele, guiando-a pelo corredor a um quarto com uma cama 
com dossel e móveis antigos. — Não sei onde instalar a Anna. 
— Ponha seu berço no meu quarto, se quiser. Assim poderei atendê-la de noite. A não ser 
que esteja muito longe do seu dormitório. 
— Não, meu dormitório é o seguinte. 
— Oh! — gemeu ela. 
— Ocorre algo? — perguntou ele, olhando-a curioso. 
— Não, não — respondeu ela rapidamente. Não sabia como ia dormir pensando que ele 
estava tão perto. 
Ao chegar ao rancho e ver o tamanho da casa tinha suposto que possivelmente apenas o 
visse durante o dia. Mas não ia ser o caso. 
— Perfeito então. Instalarei aqui o berço – disse David, sem parecer consciente do efeito 
que tinha sobre ela. Nesse momento soou a campainha. — Devem ser os entregadores, disseram 
que trariam esta tarde. 
— Me dê Anna — sugeriu ela. David foi abrir. Olhou à menina com adoração, estava 
desejando banhá-la e vesti-la com a roupinha que tinha escolhido na loja. Sentou-se em uma 
cadeira e a embalou. 
— O berço está aqui — disse ele minutos depois. — Pode pô-la na cama até que o monte. 
— Prefiro tê-la nos braços, embora esteja dormindo. Acredito que gosta. Aqui está mais 
confortável. 
— Isso eu não discuto — apontou ele. Retornou com uma caixa enorme. — Não despertará 
se montar agora? Farei ruído, pode que tenha que dar alguma martelada. 
— Os bebês são capazes de dormir mesmo que haja barulho — assegurou. — Monta. Se 
ela acordar iremos para outro quarto. 
Marissa o observou trabalhar, admirando a flexão dos músculos enquanto o fazia. Tinha 
mãos fortes e bem formadas, mas dois dedos da esquerda estavam torcidos e cheios de 
cicatrizes. 
— Ontem à noite não dormi nada, assim depois de jantar me deitarei. — Ela olhou por cima 
de ombro. — Esta bem? Poderá se arrumar sozinha esta noite? 
— Certamente que sim. 
— Bem! Estou sonhando em dormir desde ontem a meia-noite. Come a cada duas horas, é 
exaustivo. 
—Estaremos bem. Você dorme — afirmou ela. Lhe acelerou o pulso imaginar ele deitado na 
cama. 
David terminou a montagem, colocou o colchão e pôs os lençóis. Pendurou um móvel de 
animais de cores sobre o berço. Voltou a tocar a campainha, trouxeram a cadeira de balanço de 
cerejeira. 
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— Comprei a cadeira de balanço para seu quarto. Onde a ponho? —perguntou David, 
levando-a. 
— Não sei. Deixa em qualquer lugar, já pensarei. 
— Se me der as chaves do carro, o aproximarei da porta traseira e trarei suas coisas. 
— Obrigada — tirou as chaves do bolso e as entregou. 
Seus dedos se roçaram. Minutos depois, ele retornou com caixas e malas. 
— Trouxe bastante coisa? — disse ele, colocando as mãos nos quadris após três viagens. 
— Não disse quanto duraria o trabalho – disse ela. 
— Não me queixava — elevou os ombros. — Para mim poderá trazer sua avó, suas irmãs e 
toda a casa. Estou tão contente de ter uma babá que qualquer coisa que faça me parecerá bem. 
— A menina é um encanto. 
— Quando você gostaria de comer? Se estiver bem, jantaremos enquanto ela dorme. Gertie 
irá depois e ficaremos sozinhos. 
Ouvir a voz profunda dizer que estariam sozinhos iniciou uma espiral de sentimentos em 
Marissa. Não tinha nem duas horas ali e reagia a cada um de seus gestos. 
— Não me importa. 
— Se Anna estiver dormindo por volta das sete, jantaremos, e depois eu irei dormir. 
— Muito bem. 
— Vou tomar banho, a não ser que queira que cuide dela enquanto desfaz a bagagem. 
— Não. Está dormindo, a deitarei por um momento — Marissa colocou Anna no berço e lhe 
acariciou o cabelo. — É preciosa. 
— Um pequeno milagre. Não sei como me agüentou ontem à noite — murmurou ele. Situou-
se do outro lado do berço e Marissa viu que observava Anna. 
— Foi muito bom ao se ocupar dela. 
— Sua mãe necessita de ajuda e algumas orações — elevou a cabeça e a olhou nos olhos. 
— Tem problemas muito sérios. Verei você no jantar, me chame se precisar. 
— Sim, David — respondeu ela. Iria se apaixonar por ele da cabeça aos pés. Era sexy e boa 
pessoa. Disse a si mesma que devia pensar só no dinheiro que ia ganhar. Um dinheiro que 
ajudaria a cumprir seu sonho. Um sonho que não tinha crédito de ninguém e que, até esse 
momento tinha parecido muito longínquo. Mas com o dinheiro que ia receber de David Sorrenson, 
poderia alcançar. 
Acariciou a mãozinha de Anna com ternura e começou a desfazer a bagagem. 
Quando foi jantar, David tinha posto uma camiseta azul marinho e jeans. Recém penteado e 
barbeado estava muito bonito e lembrava o David que tinha conhecido anos antes. Tinha sido um 
menino, mas agora era um homem musculoso, alto e bonito. Sorriu, e a ela sentiu acelerar o 
coração. 
— Vêem conhecer a Gertie — disse ele, retirando Anna dos seus braços. — Fez o jantar e 
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amanhã voltará para limpar e cozinhar. Você só deve se ocupar de Anna. 
Marissa entrou na cozinha e viu uma mulher alta e magra de cabelo cinza, que sorriu 
amplamente. 
— Marissa, esta é Gertrude Jones — disse David. — Gertie apresento a Marissa Wilder, 
nossa nova babá. 
— Ah, me alegro — disse Gertie. — Você gosta de crianças? 
— Adoro — respondeu Marissa. 
Anna começou a chorar e a hora seguinte foi ocupada, enquanto Marissa trocava e a 
alimentava e David tentava ajudar. Gertie se ofereceu para ficar e servir o jantar, mas Marissa e 
David asseguraram que poderiam arrumar-se. Assim que Gertie se foi, David retornouà cozinha 
e fechou a casa. 
O jantar foi apressado, porque Anna despertou de mau humor. Marissa e David se 
alternaram para tê-la nos braços e comer. Depois, David limpou a cozinha. 
— Surpreende-me que Gertie não queira cuidar de Anna — comentou Marissa, embalando 
Anna. 
— Gertie sabe tão pouco de crianças quanto eu — explicou ele, secando as mãos e 
abaixando em frente da lareira para pôr lenha. — Vive aqui, do outro lado da estrada, no rancho. 
Vários empregados vivem em suas próprias casas. Trabalhou para meu pai e esta aqui desde 
antes que eu nascesse — quando o fogo acendeu, voltou-se para ela. — Me dê Anna, ficarei com 
ela por um momento. 
— Pensei que queria ir direto para a cama — comentou Marissa, entregando a bebê. David 
se sentou em uma grande poltrona de couro, com Anna no braço. 
— Agora que sei que posso dormir não me encontro tão cansado. Gostaria de conhecer 
melhor minha babá — disse. Ela sorriu, esperando que ele não notasse como lhe acelerava o 
pulso com cada um de seus comentários. Continuava tendo os olhos verde mar emoldurados por 
pestanas escuras mais fascinantes do mundo. 
— Disse que não tinha namorado. Como passa o tempo livre? 
— Com minha família — respondeu ela. — Cuido dos meus sobrinhos, das minhas irmãs e 
da minha avó. Vou correr e nado. Coisas normais. E você, David? — perguntou ela. — Acaba de 
deixar as forças aéreas, não? 
— Sim, cansei dessa vida — ele estirou as pernas e as cruzou pelos tornozelos. 
— Assim agora se ocupará do rancho. 
— Na realidade não. Estou me dando um pouco de tempo, mas logo irei para Houston e 
trabalharei na empresa petrolífera de meu pai. 
Marissa observou seu ar mundano e o imaginou em uma grande cidade. Apesar das botas e 
jeans, parecia mais adaptado à vida da cidade que a do campo. Mas possivelmente isso se devia 
por ter visto suas fotos no jornal com alguma beleza do braço. 
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— Pensa em viver em Royal toda a vida? — perguntou. 
— Espero viver sempre aqui. Eu gosto de estar perto da família — disse ela. David lhe tinha 
dedicado sua atenção completa toda a tarde e era muito bom ouvinte. Era fácil falar com ele. 
— Que fará com a fortuna que ira ganhar com este trabalho de babá vai durar mais de uma 
semana ou duas? O que quer? 
Pensou nas múltiplas respostas que poderia dar, mas não viu razão para ocultar a verdade. 
Suas vidas só se cruzariam um breve período de tempo, e logo cada um seguiria caminhos 
separados. 
— Não disse para minha família, mas eu gostaria de ir a um banco de esperma e ter meu 
próprio bebê. 
— Há formas mais praticas e simples — seus olhos verdes faiscaram — e excitantes que 
um banco de esperma. 
— Mas implicam ter relação com um homem — soltou uma risada. — Já passei por isso e 
não quero voltar a fazê-lo. 
— Sinto que seu casamento te queimasse tanto. 
— Durante os seis anos de estudos de Reed eu trabalhei. E quando acabou, partiu com 
outra mulher. E descobri que tinha me enganado quase desde o começo. Assim não estou 
interessada em ter mais encontros. 
— Não pense que todos os homens são como seu ex. 
— Não. Se conhecer um Autêntico santo, não farei. 
— Um Autêntico santo é pôr uma expectativa muito alta — comentou David, olhando-a com 
tanta atenção que ela começou a arrepender-se de ter contado seu segredo. 
— Bom, mas como só me interessaria por um santo, o banco de esperma parece boa 
solução. E você? Continua solteiro. 
— O casamento não é para mim. Não cresci em uma casa em que houvesse bons aspectos 
familiares. Minha mãe morreu quando era um menino e meu pai contratou gente para que se 
ocupasse de mim. Adquiri um estilo de vida que não se enquadra com o de um homem casado. 
Não vejo casamento no futuro — sorriu. — Mas eu gosto de ter encontros. 
— Eu tampouco vejo outro casamento na minha vida. 
— Apostaria o rancho como volta a se casar — disse ele, olhando-a de cima abaixo. 
— Por que diz isso? Apenas me conhece. 
— É muito atraente para ficar solteira. 
— Obrigada, mas muitas mulheres bonitas fazem isso. E acredito que você sai com muitas 
delas. 
— Certo, mas parece das que se casam. Adora bebês, para começar. E você gosta dos 
homens. 
— Não quero falar disso. Não deveríamos entrar no aspecto pessoal, e sim nos tratar como 
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patrão e empregada. 
— Pensei isso quando chegou, mas agora não sei por que temos que ser tão profissionais. 
Pode ser que este emprego não dure muito. 
— Há uma boa razão; não quero uma relação que não seja profissional. É melhor que seja 
impessoal. Quais são suas afeições, David? – perguntou ela, ruborizando sob seu atrevimento e 
desejando mudar de assunto. Ele sorriu abertamente, consciente de sua intenção. 
— Eu gosto de correr, nadar, esquiar, escalar e ir dançar com mulheres bonitas. Você gosta 
de ir dançar, Marissa? 
— Sim, com um santo — respondeu ela. 
— Não serve um mero mortal? Dançar é um prazer. 
— É melhor não brincar com fogo — disse ela. 
— Está perdendo o melhor da vida. Deixa que leve você para dançar no sábado à noite. 
— Espere vaqueiro! Vai muito rápido. Como nesta manhã. Nada de baile no sábado, 
obrigada — negou com a cabeça, embora desejasse dizer sim. — David passei muito mal e não 
me interessa nenhum tipo de relação. 
— Prometo que serão apenas algumas horas de baile. Pensa, voltarei a perguntar. 
— Por hora, prefiro que isto seja profissional — repetiu ela com firmeza. 
— Aceitarei o que queira minha babá — cruzou as pernas. — A que se dedicam seus pais? 
— Têm um rancho para animais abandonados e maltratados, perto daqui. 
— Nossa! Isso é louvável. É sem fins lucrativos? 
— Sim. Têm empregados que cuidam do rancho por eles. Meus pais passam a maior parte 
do tempo em Washington ou dando conferências. 
— O que os levou a salvar animais? 
— Papai é veterinário. Patenteou alguns medicamentos que deram os recursos necessários 
para criar o rancho. Investem quase todos seus ganhos ali. 
— Isso é elogiável, suponho. 
— Quer me dar Anna e ir dormir? 
— Não é má idéia — disse ele, levantando-se. Ela ficou em pé para aceitar à menina. 
— Boa noite, David. 
— Boa noite, Marissa. Chame se precisar. 
Quando saiu da sala, ela desejou olhá-lo de frente. Ele já estava flertando e devia considerá-
la uma conquista fácil; um entretenimento que esqueceria logo. David não tinha intenções de 
casar-se nem de comprometer-se. Parecia muito com seu marido. Devia resistir a David 
Sorrenson, que só queria uma aventura. Olhou a bebê que tinha nos braços. 
— Nenezinha, você complicou minha vida, mas te quero de todas as formas — 
compreendeu que seu coração teria que confrontar duas feridas. Se o trabalho durasse muito, 
doeria renunciar a Anna, embora desejasse que a neném estivesse com sua mãe. 
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Estabeleceu-se uma rotina: David saía cedo pela manhã para trabalhar no rancho e 
retornava de noite. Mas quando chegou a segunda semana de novembro, ele começou a passar 
mais tempo com Marissa e Anna. Saía mais tarde e retornava mais cedo para casa. 
Marissa começou a sentir-se cada vez mais atraída por ele. Freqüentemente o pegava 
olhando-a e se perguntava o que pensava. Flertava com ela, entretinha-a e era cada vez mais 
irresistível. Mas ela se esforçava por ignorá-lo. 
 
David, esquivando-se das balas, apertou os dentes e correu pelo abrupto terreno, afastando-
se da casa ardendo que era

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