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O modo de produção escravista 2015 2

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O modo de produção Escravista
Perry Anderson
...
Carr: 
problemática do historiador determina a escolha e o tratamento dos fatos;
Finley: 
Economia moderna é um conjunto de mercados interdependentes nos quais os agentes procuram maximizar lucros através do cálculo é específico da sociedade capitalista de finais do século XVIII em diante;
Não é possível falar em economia, no sentido moderno, na antiguidade;
Antiguidade Clássica [Grécia e Roma] formaram a Unidade da história europeia;
“Uma unidade política, e no quadro cultural-psicológico comum cuja importância para uma explicação da economia espero poder demonstrar nos capítulos seguintes” (43);
Quando devemos começar uma História Econômica Geral?;
Como se configura o modo de produção escravista?
Modo de produção
Modo de produção se constitui de dois elementos:
Forças produtivas;
Relação do homem com a natureza
Meios de trabalho: ferramentas, construções, matérias-primas, terra, etc;
Força de trabalho: a inserção do homem no processo produtivo. 
Conhecimento, especializações, técnicas organizacionais, dependem do nível técnico de cada sociedade;
Relações sociais de produção
Interação social entre os homens num dado nível técnico da sociedade;
Regime de propriedade e sua distribuição social;
Não existe um modo de produção puro em nenhum tipo de sociedade;
Há diversas relações sociais de produção e forças produtivas  é preciso encontrar o que predomina em uma dada sociedade
Prefácio
Passagens é um prólogo ao livro Linhagens do Estado Absolutista. 
“O presente ensaio explora o mundo social e político da antiguidade clássica, a natureza da transição para o mundo medieval e a consequente estrutura e evolução do feudalismo na Europa; as divisões regionais, quer do Mediterrâneo quer da Europa são constantemente uma preocupação central. O segundo estudo debruça-se sobre o absolutismo por referência ao feudalismo e à antiguidade, como seu legítimo herdeiro político (5);
Antiguidade Clássica
Divisão entre Ocidente e Oriente “remonta ao fundador da moderna historiografia positivista, Leopold Ranke, Esboço da unidade das nações latinas e germânicas, de 1824. 
Divisão entre Oriente e Ocidente surge da História Medieval, na divergência entre as reinos do Oeste europeu e o Leste, oriental e asiático;
“Qualquer estudo marxista do desenvolvimento histórico diferencial no continente deve, portanto, começar por considerar a matriz geral do feudalismo europeu. Apenas estabelecida esta matriz será possível verificar quanto e como será possível traçar um história divergente nas suas regiões ocidental e oriental” (16). 
Império Alexandre c. 300 A.C
O modo de produção escravista
Transição para capitalismo foi cumulativa;
A compreensão do capitalismo pressupõe o conhecimento do feudalismo
O modo de produção feudal derivou de um “colapso ‘catastrófico’ e convergente de dois modos de produção distintos e anteriores, e foi a recombinação dos seus elementos desintegrados que verdadeiramente libertou a síntese feudal, a qual, por isso, conservou sempre um caráter híbrido” (17). 
Modo de produção escravista: em decomposição
Primitivos modos de produção dos germânicos: em difusão 
A compreensão da formação do modo de produção feudal exige o exame dessas sociedades que se desintegraram, seus elementos principais. 
Antiguidade Greco-romana
Vida, cultura e organização urbana;
Economia e base material agrícola.
Universo centrado nas cidades: “filosofia, ciência, poesia, história, arquitetura, escultura; direito, administração, dinheiro, fisco; sufrágio, debate, recrutamento” (18). 
A economia que sustentava essa civilização vinha, entretanto, não da cidade, mas do campo.
“Agricultura representou, ao longo de sua história, o setor em absoluto dominante da produção” (18);
Sistema político, democracia ateniense, oligarquia espartana, senado romano, “eram essencialmente dominados por proprietários agrários” (18). 
As cidades “eram, na sua origem e princípios, agregados urbanos de proprietários de terras [...] O seu rendimento provinha do trigo, do azeite e do vinho” (18).
Artesanato se limitava ao mínimo. 
Antiguidade Greco-romana (geografia e relações comerciais)
A base agrária e a prosperidade urbana são explicadas pelo caráter costeiro, pelo comércio inter-regional que se processava através da navegação;
As cidades costeiras, responsáveis pelo comércio, formaram fortunas comerciais, que explicam o elevado nível de cultura e civilização 
“A combinação específica de cidade e campo que definia o mundo clássico era operacional, em última análise, graças apenas ao lago situado no seu centro” (20);
Base da civilização antiga
“O seu conteúdo histórico [da civilização antiga] e novidade assentam no fundamento social da relação entre cidade e campo no seu seio. O modo de produção escravista foi uma invenção decisiva do mundo greco-romano que forneceu a base última tanto das suas realizações como do seu eclipse” (20)
Originalidade do Modo de Produção Escravista
Escravidão oriental:
Escravidão existiu em outras civilizações antigas de forma impura e convivia com outras formas de servidão;
Fenômeno residual à mão-de-obra rural;
Modo de produção escravista
Forma jurídica absoluta;
Mão-de-obra dominante.
“Na Grécia clássica, portanto, os escravos foram pela primeira vez regularmente empregados nos negócios, na indústria e na agricultura para além da escala doméstica” (23)
Escravismo
A relação cidade-campo tinha o seu fundamento social na escravidão. 
“As cidades-Estado gregas tornaram a escravatura pela primeira vez absoluta na forma e dominante na extensão, transformando-a desse modo de recurso subsidiário em modo de produção sistemático” (21). 
Em contrapartida, foi “a formação de uma subpopulação escrava nitidamente demarcada que, por contraste, elevou os cidadãos das cidades gregas a níveis de liberdade jurídica consciente até então desconhecidos” (23). 
Antiguidade clássica
“Supremacia anômala da cidade sobre o campo dentro de uma economia predominantemente rural: antítese do primitivo mundo feudal que lhe sucedeu” (23). 
A condição para a prosperidade da cultura urbana decorre da existência em grande escala, em escala dominante, do trabalho escravo no campo. 
“A condição de possibilidade desta grandeza metropolitana na ausência de uma indústria municipal foi a existência de trabalho escravo no campo: só este podia libertar uma classe de proprietários fundiários das suas origens rurais tão radicalmente que ela pudesse transformar-se numa cidadania urbana que, apesar disso, retirava do solo a sua riqueza fundamental” (23). 
Contradição da escravidão
A degradação do trabalho
O escravo como o mercadoria em sua dimensão desumanizada. 
“Servia de suporte à agricultura cativa que permitia a dramática diferenciação entre uma classe dirigente urbana e as suas origens rurais, e promovia o comércio interurbano que constituía o complemento desta agricultura no Mediterrâneo” (25);
O escravo era trabalhador [na agricultura] e mercadoria [nas feiras e nas cidades]. 
Limites da Escravidão
Técnico = “paralisar a produtividade tanto na agricultura como na indústria”;
a sociedade escravista não ocasiona técnicas produtivas pois não é da natureza do sistema poupar mão-de-obra, que aparece, nesse sistema, como maquinário. 
Algumas inovações existiram, mas não inovações que “impulsionassem a economia antiga em direção a forças produtivas qualitativamente novas” (26);
Atraso técnico em relação tanto ao feudalismo, quanto ao horizonte cultural e intelectual atingido pela antiguidade clássica;
Negatividade do trabalho pela assimilação com o escravo;
Dinâmica militar e econômica da Antiguidade
A expansão econômica, o aumento da produção nunca derivava do aumento da produtividade; 
“A civilização clássica foi, por conseguinte, de caráter intrinsecamente colonial: a cidade-Estado celular reproduzia-se invariavelmente, nas fases de ascensão, pelo povoamento e pela guerra” (28). 
Crescimento econômico = poder militar de expansão
territorial.
Ciclos de expansão da Antiguidade eram “solução para os problemas políticos e organizacionais da conquista ultramarina, integrada e ultrapassada pelo seguinte, sem que as bases subjacentes de uma civilização urbana comum tenham sido alguma vez transgredida. 
Os modos de produção dos germânico
Surgimento de imigrações a partir do Século I d. C
Tribos de agricultores sedentários = economia predominantemente pastorícia”
Terra comunal, chefes distribuíam as terras e determinavam quais seriam trabalhadas, entregando-as às famílias;
Contato com o Império se deu através do comércio: exigiam a venda de gado ou de escravos, capturados em outras tribos;
Aumento da riqueza de algumas tribos, organização em escoltas
Lutas entre guerreiros e chefes das tribos;
Aceleração da diferenciação social e a desintegração dos modos de produção comunitários;
Estímulo de avanço de diferenciação e organização militar;
Século III d. C: os bárbaros já eram recrutados pelos exércitos romanos, ao mesmo tempo em que foram ocupando terras do Império, pagando tributos ao imperador;
Invasões Bárbaras
406 d. C a 480 d. C  Marco: 476 d. C.: Queda do Império Romano: Invasão de Roma
Século II: dificuldades para manter os exércitos, exceto por aumento de impostos;
Queda demográfica;
Ruralização da sociedade: declínio das cidades, e do comércio portuário;
Fragmentação do poder central;
Desenvolvimento de relações pessoais;
Privatização da defesa
Invasões Bárbaras
“o caráter dessa tremenda irrupção inicial era, de fato, muito complexo e contraditório, pois foi a um tempo o assalto mais radicalmente destrutivo dos povos germânicos ao Ocidente romano e, simultaneamente, a irrupção mais marcadamente conservadora no seu respeito pelo legado latino” (122);
Resolução o problema econômico
“A solução normalmente adotada era, simultaneamente uma rigorosa imitação das práticas romanas anteriores, particularmente familiares aos soldados germânicos, e uma ruptura crítica com o passado tribal em direção a um futuro social nitidamente diferenciado” (124)
“O meu propósito é antes o de por em causa a visão ultrassimplificada da economia antiga que está implícita em etiquetas como ‘sociedade escravista’ e ‘modo de produção escravista’. No primeiro capítulo... Perry Anderson logo revela qual a distância que o separa do dogmatismo tradicional e até que ponto as nossas posições são próximas uma da outra: só durante os grandes períodos clássicos, escreve Anderson, a escravidão foi ‘massiva e geral, entre outros sistemas de trabalho” (Finley, p. 10)
“O conjunto do mundo antigo nunca foi, na sua continuidade e extensão, marcado pela predominância de trabalho escravo. Mas as suas grandes épocas clássicas, em que floresceu a civilização da Antiguidade foram aquelas em que a escravatura foi massiva e geral, entre outros sistemas de trabalho” (Anderson, p. 22)

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