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Microeconomia – Organização Industrial Prof. Dr. Carlos C. S. Saiani Sala: 1J - 219 ssaiani@yahoo.com.br ssaiani@ie.ufu.br Aulas 5 e 6 2 Regulação Econômica C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação • ação do governo para limitar a liberdade de escolha dos agentes econômicos • estrutura de incentivos a um comportamento pré-estabelecido • observação: mesmo as teorias econômicas “mais liberais” reconhecem que há situações em que o mercado não consegue levar a uma alocação eficiente • falhas de mercado 3 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 1. Introdução: Falhas de Mercado 4 Aulas 5 e 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Falhas de Mercado • falhas de mercado • situação na qual o mercado, por si mesmo, fracassa em alocar recursos de forma eficiente (mercado ineficiente) • poder de mercado • informações assimétricas • bens públicos • externalidades 5 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Falhas de Mercado •poder de mercado • capacidade que um único agente (ou pequenos grupos de agentes) tem de influenciar significativamente os preços de mercado 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 7 Poder de Mercado B A Perda de Excedente do Consumidor Peso Morto C Quantidade Rme = D RMg CMg QC PC PM QM Preço C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Monopólio Natural • com um único produto • custos menores na produção por uma única empresa • subaditividade da função de custo • Ca(x *) < Cb(x1) + Cc(x2) • condição necessária e suficiente • economias de escala em toda a amplitude relevante de produção 8 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Monopólio Natural •multiproduto • custos menores na produção por uma única empresa (mas, mais de 1 produto) • subaditividade da função de custo • Ca(Qx,Qy) < Cb(Qx,0) + Cc(0,Qy) • condições necessárias e suficientes • economias de escala e, principalmente, economias de escopo 9 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Informações Assimétricas •distribuição não igualitária das informações entre os agentes • disponibilidade • custo de obtenção • capacidade de processamento 10 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Incerteza na Qualidade • a falta de informação completa na compra de um produto usado aumenta o risco da aquisição e reduz o valor do produto • informação assimétrica a respeito da qualidade do produto • o vendedor possui mais informações do que o potencial comprador • custos de transação? • oportunismo? 11 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Incerteza na Qualidade •Mercado de Produtos de Qualidade Duvidosa (Lemons) • por qual razão o automóvel ser de segunda mão reduz tanto o seu valor? 12 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Falha de Mercado (Ineficiência) • informação assimétrica pode resultar em desvio da eficiência (falha de mercado) •mundo ideal: consumidores poderiam escolher a qualidade do automóvel •mundo real: consumidores não podem facilmente determinar a qualidade de um produto antes de utilizá-lo 13 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Falha de Mercado (Ineficiência) • seleção adversa • produtos de qualidades distintas são vendidos ao mesmo preço, pois consumidores e/ou vendedores não têm informações suficientes para avaliar a qualidade real do produto no momento da compra • resultado: muitos produtos de baixa qualidade e poucos de alta qualidade são vendidos no mercado 14 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Informação Assimétrica • problema de produto de qualidade duvidosa • vendedores com maiores informações • compradores presumem que a qualidade é baixa • redução nos preços e restrição na oferta • apenas os produtos de baixa qualidade passam a ser vendidos • intervenção governamental e reputação/padrão podem suavizar o problema 15 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Sinalização de Mercado •mecanismo que pode “resolver” o problema da informação assimétrica (Michael Spence) • em alguns mercados, o vendedores enviam sinais aos compradores, transmitindo informações a respeito da qualidade de um determinado produto 16 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplos de Sinalização •Garantias e Certificados • fornecem sinalização que permite identificar produtos de alta qualidade e confiabilidade • são instrumentos de decisão eficazes, pois o custo das garantias é muito elevado para os produtores de baixa qualidade 17 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Risco Moral • ocorre quando a parte segurada, com ações não observadas, pode influenciar a probabilidade ou magnitude do evento que é fato gerador de pagamentos • informação imperfeita 18 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Problema Agente-Principal • problema da relação agente e principal • informação perfeita • proprietários de uma empresa poderiam ficar seguros de que administradores e demais funcionários estariam trabalhando com eficácia • porém, na maioria dos casos, os proprietários não têm condições de acompanhar tudo o que os funcionários fazem• funcionários com mais informações • assimetria de informações => agente e principal 19 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Problema Agente-Principal • relação agente-principal (de agência) • relação na qual o bem-estar de alguém depende daquilo que é feito por outra pessoa • agente • pessoa atuante (ex.: administradores e funcionários) • principal • parte afetada pela ação do agente (proprietário da empresa) 20 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Problema Agente-Principal • problema agente-principal • os administradores e funcionários podem estar interessados em atingir seus próprios objetivos, o que pode levar a lucros menores para os proprietários • conflito de interesses 21 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Problema Agente-Principal •possíveis “soluções” • elevado custo de obtenção de informações • empresas privadas: forças de mercado; incentivos definidos em contratos • empresas públicas: agências, controles sociais (descentralização) 22 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Bens Públicos • sob quais circunstâncias o governo deve substituir as empresas como produtor/provedor de bens e serviços? • bens públicos • outro exemplo de falha de mercado 23 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Bens Públicos • bens e serviços que podem beneficiar todos os consumidores • oferta via mercado é insuficiente, inexistente e/ou o preço não é apropriado • custo marginal de oferta a um consumidor adicional tende a zero • é difícil impedir os indivíduos de consumi-los • 2 características: não disputáveis e não exclusivos 24 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Bens Públicos • bens não disputáveis (não rivais) • para qualquer nível específico de produção, o custo marginal de produção é zero para um consumidor adicional • bens privados: CMg positivo • bens disputáveis devem ser alocados entre as pessoas • bens não disputáveis podem ficar disponíveis para “todos” sem que seja afetada sua oportunidade de consumo para qualquer pessoa 25 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Bens Públicos •bens não exclusivos (não excludentes) • as pessoas não podem ser impedidas de consumir, sendo impossível ou difícil a cobrança por sua utilização • podem ser obtidos sem a necessidade de pagamento direto 26 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Bens Públicos • portanto, os bens públicos geram benefícios às pessoas a um custo marginal zero (não disputável) e ninguém pode ser excluído da possibilidade de usufruí-los (não exclusivo) • observação: alguns bens têm graus distintos das duas características dos bens públicos 27 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU BENS PRIVADOS MONOPÓLIOS NATURAIS sorvetes, veículos, roupas, calçados, estradas congestionadas com pedágios abastecimento de água, esgotamento sanitário, estradas não congestionadas com pedágio RECURSOS COMUNS BENS PÚBLICOS peixes no mar, recursos hídricos, outros recursos ambientais, estradas congestionadas sem pedágio defesa nacional, iluminação pública, conhecimento, estradas não congestionadas sem pedágio exclusivo não exclusivo disputável não disputável Classificação dos Bens Bens Públicos • o ar é um bem público? • é não exclusivo e, no geral, não disputável • pode tornar-se disputável quando as emissões de determinada empresa passam a prejudicar sua qualidade e a possibilidade de outras pessoas desfrutarem seu uso 29 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU • se bens não disputáveis fossem ofertados via mercados • exclusão não é desejada porque resulta em sub consumo • sem exclusão, há sub oferta 30 Bens Públicos e Falhas de Mercado C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU • se exclusão é possível, mesmo se o consumo for não disputável, podem ser cobradas tarifas (taxas/contribuições/pedágio) daqueles que se beneficiam do bem ou serviço ofertado • introduz uma ineficiência => sub consumo • exemplo: uma ponte suficientemente grande (não disputável): 1.000 carros por minuto • pedágio => 800 carros por minuto 31 Bens Públicos e Falhas de Mercado C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Problema do Free Rider (Carona) •muitos bens providos publicamente têm a propriedade de serem não exclusivos • ex: iluminação pública e defesa nacional • racionalização pelo sistema de preços não é possível •mercado competitivo não gerará um montante Pareto eficiente • pessoas perceberiam que se beneficiarão independentemente do quanto contribuem 32 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Problema do Free Rider (Carona) • baixo incentivo para as pessoas pagarem, voluntariamente, pelos bens e serviços • se não for possível usar o preço para racionalizar um bem, esse não deve ser provido de forma privada • se for possível usar o preço para racionalizar um bem, ocorrerá sub consumo • argumento que justifica a provisão governamental desses bens 33 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Preferências Privadas por Bens Públicos • a produção de um bem público pelo governo é vantajosa porque este pode especificar impostos ou taxas que permitam financiar sua provisão • difícil determinar o nível ótimo do bem público na presença de caronas (free riders) • possível solução: votação? 34 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidades • efeitos das atividadesde produção e consumo que não se refletem diretamente no mercado • efeitos das ações de um produtor ou consumidor que afetam outros produtores ou consumidores, mas que não são considerados no preço de mercado 35 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidades • podem surgir entre produtores, entre consumidores ou entre consumidores e produtores • na presença de externalidades, o preço de um bem ou serviço não reflete, necessariamente, seu valor social • resultado de mercado é ineficiente: empresas podem produzir quantidades excessivas ou insuficientes 36 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidades Negativas • a ação de um dos agentes (consumidores ou produtores) impõe custos ao outro (consumidores ou produtores) • exemplo: • usina de aço despeja seus efluentes em um rio do qual pescadores dependem • quanto mais efluentes forem despejados, menos peixes haverá 37 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidades Negativas •podem não existir incentivos para que a usina se responsabilize pelos custos externos que impõem aos pescadores quando toma sua decisão de produção 38 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidades Positivas • a ação de um dos agentes (produtores ou consumidores) gera benefícios a outro (produtores ou consumidores) • exemplo: • proprietário de uma casa decide pintá- la e construir um jardim 39 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidades Positivas • vizinhos se beneficiam (valorização imobiliária, por exemplo) • contudo, a decisão do proprietário tende a não levar em conta esses benefícios externos 40 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Negativa e Ineficiência • como as externalidades negativas não se refletem nos preços de mercado, elas podem causar ineficiência econômica • agentes consideram apenas os custos e os benefícios privados e não os danos (custos externos) associados às externalidades negativas • resultado: produção excessiva (super oferta) e custos sociais desnecessários 41 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU • custo marginal externo (CMgE) • aumento no custo determinado externamente a um agente conforme um ou mais agentes elevam o volume de produção/consumo em uma unidade • exemplo: custo imposto aos pescadores que trabalham no rio para cada nível de produção de aço da usina (poluição) 42 Externalidade Negativa e Ineficiência C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU • custo marginal externo (CMgE) • no geral, inclinação ascendente • exemplo: à medida que a usina produz quantidades adicionais de aço e despeja quantidades adicionais de efluentes no rio, o prejuízo incremental para os pescadores aumenta 43 Externalidade Negativa e Ineficiência C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU • custo marginal social (CMgS) • soma do custo marginal de produção com o custo marginal externo • 1 Empresa: CMgS = CMg + CMgE •Mercado: CMgSM = CMgM + CMgEM 44 Externalidade Negativa e Ineficiência C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Negativa e Ineficiência • exemplo: usina de aço despeja efluentes em um rio utilizado por pescadores • suposição: função de produção de proporções fixas • usina não pode alterar suas combinações de insumos (caso contrário, as empresas poderiam escolher conjuntamente combinações de produção e redução de poluição) • quantidade de efluentes só pode ser reduzida por meio da diminuição do volume de produção 45 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 46 (i) decisão de 1 usina no mercado competitivo (ii) curvas de oferta e demanda do mercado CMg S = CMgM D P1 Custo social agregado da externalidade negativa P1 q1 Q1 CMgS CMgSM Na presença de externalidades negativas, o custo social marginal (CMgS) é maior que o custo marginal Produção da Empresa Preço Produção do Mercado Preço CMgE CMgEM A diferença é o custo marginal externo CMgE q* P* Q* A produção competitiva da indústria é Q1 , enquanto que a produção eficiente é Q*. A empresa maximizadora de lucro produz em q1, enquanto que o nível eficiente é q* C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU (i) a usina, maximizando os lucros, produz a quantidade q1 (= CMg) • produção eficiente (ponto de vista social): q*, com preço igualando o CMgS (ii) produto competitivo do setor: Q1, na intersecção entre a oferta de mercado CMgM e a demanda D (= benefício marginal dos consumidores) • o produto eficiente Q* (ponto de vista social) é menor, na intersecção das curvas de demanda e de custo marginal social (CMgSM) 47 Externalidade Negativa e Ineficiência C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Negativa e Ineficiência • as externalidades negativas incentivam a oferta excessiva de produtos (super oferta) • ineficiente do ponto de vista social • origem da ineficiência: preço de mercado incorreto do produto (baixo) • reflete apenas o CMg (privado) e não o CMgS 48 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Positiva e Ineficiência • exemplo: • proprietário de uma residência reforma sua casa e faz um jardim • eixo horizontal: nível de reparos • curva de CMg: custo dos reparos e do jardim feitos na casa (suposição: não afetado pela variação da quantidade desses reparos) 49 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FUExternalidade Positiva e Ineficiência • curva de demanda (D): benefício marginal privado dos reparos e do jardim para o dono da residência • o proprietário optará por investir q1 nos dois itens (intersecção das curvas de demanda e de custo marginal) • contudo, os reparos e o jardim resultam em benefícios externos para os vizinhos • curva de benefício marginal externo 50 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Positiva e Ineficiência • benefício marginal social (BMgS) é maior do que o benefício marginal privado (D) • diferença: benefício marginal externo (BMgE) • nível eficiente de reparos: q* (intersecção da curva de BMgS com a curva de CMg) • mais alto do que o nível escolhido pelo proprietário (q1) 51 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Positiva e Ineficiência 52 CMgP1 Nível de Reparos (Q) Valor (P) D q1 BMgS BMgE Na presença de externalidades positivas (os benefícios da reforma para os vizinhos), o BMgS é maior do que o BMg (D) q* P* Um proprietário interessado apenas no próprio bem-estar investe q1 em reparos. O nível eficiente (social) de reparos q* é maior O preço mais elevado P1 desestimula novos reparos C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Positiva e Ineficiência • benefício marginal externo (BMgE) • aumento de benefício para os outros agentes quando um agente aumenta a produção/consumo em uma unidade • benefício marginal social (BMgS) • soma do benefício marginal privado (D) com o benefício marginal externo (BMgE) BMgS = D (=BMg) + BMgE 53 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Externalidade Positiva e Ineficiência • externalidades positivas podem resultar em níveis de produção insuficientes do ponto de vista social (ineficiência) • sub consumo 54 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Indústrias de Rede • caso especial de monopólio natural • exploram a multiplicidade de relações transacionais entre os agentes econômicos situados em diferentes nós da rede, envolvendo um princípio de organização espacial e territorial • exemplo: indústrias de infraestrutura econômica (eletricidade, gás, telecomunicações, transportes e saneamento) 55 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Indústrias de Rede • 3 características: 1) existência de externalidades • externalidades de rede: benefício de um usuário depende do número de usuários ligados à rede 2) importância das economias de escala 3) articulação em torno da infraestrutura dos diferentes tipos de serviços finais e do serviço de coordenação da rede 56 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 2. Teoria Positiva da Regulação 57 Aulas 5 e 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria Positiva da Regulação • imperfeições concorrenciais como justificativas para a ação regulatória governamental • a ação estatal (regulação) poderia aumentar o bem estar de parte da sociedade sem reduzir o bem estar de outros elementos da sociedade 58 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria Positiva da Regulação • governo utilizando seu poder coercitivo para afetar o processo de decisões dos agentes econômicos • tendo como padrão o mercado perfeitamente competitivo, desvios destes (falhas de mercado) justificariam a intervenção governamental 59 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 2.1 Fundamentos da Regulação 60 Aulas 5 e 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação • regulação social • controle das situações em que estão presentes externalidades e informações imperfeitas • externalidades negativas • exemplo: questões ambientais (custo externo) 61 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação • externalidades positivas • impossibilidade de apropriação privada do retorno dos investimentos realizados (sub investimento) • exemplos: patentes, outros instrumentos de proteção à propriedade 62 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação • informação imperfeita (ou assimétrica) • exemplos: regulamentação da comercialização de alimentos e remédios, segurança em veículos, controle de substâncias tóxicas, segurança no trabalho ... • sinalização de informações (redução da qualidade duvidosa dos produtos) 63 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação • regulação econômica • controle do poder de mercado ou da instabilidade de indústrias (concorrência destrutiva) • geralmente, é implementada por um agência governamental • determina a entrada e crescimento das empresas na indústria • estabelece padrões e normas de qualidade • controle de preços 64 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação Econômica •política antitruste • ou política de defesa da concorrência ou controle do abuso do poder econômico • intervenção governamental sobre os negócios privados • objetivo: na presença de poder de mercado, harmonizar interesses públicos à maximização do lucro das empresas 65 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Política Antitruste • combate às consequências do poder de mercado de duas maneiras: • aproximação da estrutura do mercado às características competitivas • aumentar a probabilidade de surgimento de condutas e desempenhos desejados • desestímulo e/ouproibição a ações indesejáveis de conduta das firmas 66 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Regulação Econômica • política industrial • falhas temporais de mercado • tradicionalmente, combate à eliminação da concorrência internacional , em mercados previamente selecionados, para permitir e estimular o desenvolvimento da produção doméstica (indústria infante) • modernamente, foco em práticas cooperativas que implicam redução da concorrência 67 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 2.2 Instrumentos Tradicionais de Regulação 68 Aulas 5 e 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Instrumentos de Regulação • instrumentos por meio dos quais o governo pode, tradicionalmente, intervir no funcionamento do sistema econômico • objetivo • influenciar uma das três principais variáveis observáveis em determinado mercado • preço • quantidade • número de firmas 69 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Instrumentos de Regulação • possível critério para a avaliação da eficácia do uso de cada um dos instrumentos: • eficiência • produtiva • ação regulatória para incentivar a utilização dos recursos e fatores produtivos da forma mais eficiente possível • incentivar a obtenção da maior quantidade de produto com dada quantidade de insumos 70 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Instrumentos de Regulação •alocativa • regulação deveria assegurar que os produtos transacionados sejam produzidos pelas firmas mais eficientes e adquiridos pelos consumidores que mais os desejam • conceito associado à maximização do excedente econômico 71 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Instrumentos de Regulação •dinâmica • regulação deveria assegurar que a técnica mais eficiente disponível continue sendo utilizada ao longo do tempo • relacionado com a possibilidade de realização de investimentos e de introdução de progresso tecnológico na economia 72 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Instrumentos de Regulação •distributiva (?) • regulação deveria reduzir a capacidade de apropriação de excedentes por parte do produtor (ou provedor ou prestador) 73 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Instrumentos de Regulação • outro conceito importante para a avaliação da eficácia dos instrumentos de regulação: • volume de custos de transação associados • ação regulatória é uma fonte adicional de custos de transação • demanda das partes reguladas e do agente regulador dispêndio de recursos • cada instrumento possui uma estrutura de custos de transação diferente • induz comportamentos distintos das firmas reguladas 74 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Preços • especificação de um valor (ou um intervalo de valores) de acordo com o qual as firmas devem estabelecer os seus preços • objetivo: evitar que a quantidade ofertada seja menor do que o nível eficiente • pode assumir várias formas, como: • limitação sobre o valor nominal do preço (p.e., passagens de ônibus nas cidades brasileiras?) • limitação sobre a taxa máxima de reajuste permitida para determinado serviço (p.e., uso do IGP-DI para a telefonia fixa no Brasil) 75 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Preços • exemplo: regulação de um monopólio • efeitos em termos de eficiência e de redistribuição • redução do preço => aumenta a quantidade vendida e reduz a perda de peso morto • melhor opção para o regulador: • preço máximo igual ao custo marginal no ponto em que este é igual à demanda (graficamente: intersecção entre as curvas) • maximização do bem-estar dos consumidores • aumento da quantidade transacionada e redistribuição do excedente total 76 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Preços 77 Pm Qm Q B A Qr C CMg E RMg Demanda Pr D P Peso Morto • Pm: preço de monopólio • Pr: preço regulado • Qm: quantidade de monopólio • Qr: quantidade regulado C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Preços • limitações • se com o preço regulado a firma não obtiver lucro positivo, a tendência é que não produza • devem ser considerados os custos de transação associados com o processo de regulação e que grande parte destes são financiados com recursos públicos • exemplo: custos do agente regulador 78 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Preços • informação imperfeita (assimétrica) • órgão regulador tende a não conhecer adequadamente a estrutura de custos da firma • pode “errar” na determinação do preço máximo igual ao preço competitivo • mesmo se “acertar”, nada garante que tal preço seja o mais eficiente ao longo do tempo • variações exógenas não antecipadas (previstas) • firma pode alterar estrategicamente sua estrutura de custos (ou a forma de informá-los) 79 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Preços • regulação de controle de preços deve ser acompanhada por um mecanismo que busque mitigar os riscos associados ao comportamento estratégico das firmas • exemplos • yardstick competition (ou benchmark competition) • competição comparativa • price cap • formas de regulação que buscam manter incentivos à eficiência produtiva (maximização do lucro com uma restrição adicional) 80 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Yardstick Competition • determinação de incentivosvia metas (padrões) de desempenho definidas por análises comparativas de outras firmas • estabelecimento de padrões de comparação nacional e internacional de qualidade, de preços, de custos e de investimentos que devem ser seguidos pelas firmas reguladas • exemplos de referenciais de comparação: • firmas de outras regiões (p.e., abastecimento de água na França e no Reino Unido) • tendências internacionais de preços e custos (p.e., tarifas nas telecomunicações no Chile) 81 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Yardstick Competition • exemplo: tarifas • se as tarifas permitidas forem baseadas no custo médio da indústria, todos os prestadores de um serviço terão forte incentivo para reduzir seus custos abaixo da média • se um prestador reduzir seus custos e os outros não, o lucro desse prestador elevar-se-á • um prestador terá seu lucro reduzido se não conseguir acompanhar todos os outros prestadores quando esses diminuírem seus custos • competição indireta pode incentivar a redução dos custos abaixo do nível médio 82 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Yardstick Competition • importante limitação • especificidades locacionais e das firmas • diferenças geográficas e entre as firmas dificultam a identificação e a quantificação dos parâmetros a serem seguidos 83 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Price Cap • regulação de reajustes de preços (variações máximas), o que afeta o valor da tarifa • comum: Δ índice de preços - X% • X%: ganhos de produtividade (previsão) • objetivo: permitir que a empresa recupere os valores tarifários corroídos pela inflação, incentivando a redução de custos e tornando possível a transferência de ganhos de produtividade para os usuários • ganhos de produtividade excedentes podem ser apropriados pela própria firma (maiores lucros) 84 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Quantidade e de Entrada • restrições sobre a quantidade comprada ou vendida (transacionada) • em certo grau, equivalentes à regulação de controle de preços • restringe a quantidade transacionada • impactos sobre a eficiência do mercado • alocação dos direitos de produção gera conflitos => quais produtores continuam? • controles de entrada e saída no mercado 85 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Quantidade e de Entrada • argumento favorável • controles de entrada => lucros adicionais para aqueles que possuem o direito de ofertar (atender a escassez adicional causada pela regulação) • empresas poderiam estar dispostas a investir recursos para assegurar a definição ou a continuidade da barreira à entrada • assim, pode-se definir metas de investimento, de expansão da cobertura e até de universalização do acesso 86 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle de Quantidade e de Entrada • argumento desfavorável • impactaria negativamente sobre as eficiências alocativa e produtiva da economia • eficiência alocativa • limitação de quantidades => impede trocas mutuamente benéficas => reduz o excedente econômico • eficiência produtiva • limitação à entrada => menores incentivos a ganhos de produtividade 87 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle da Taxa de Retorno • limitação da taxa de retorno sobre o capital (R) • fórmula mais comum: • pQ: valor dos bens vendidos • wL: custo da mão-de-obra • rK: custo de utilização do capital empregado na produção • pkK é o valor do estoque de capital instalado da firma 88 Kp rKwLpQ R k C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle da Taxa de Retorno • pode aumentar o bem estar dos consumidores, pois induz uma redução nos preços em resposta a uma elevação nos lucros da firma regulada • críticas: • efeito Averch e Johnson: firmas podem investir mais em capital (K) • eleva o denominador da razão da fórmula e diminui o numerador • operação com uma elevada razão capital/trabalho • baixo incentivo a reduções de custos 89 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Controle da Taxa de Retorno • custos de transação adicionais • custos das firmas são essenciais para o cálculo do retorno e, consequentemente, da tarifa (preço) • necessário sistema de monitoramento da estrutura de custos das firmas reguladas • processo de regulação mais dispendioso 90 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 3. Teorias Econômicas da Regulação 91 Aulas 5 e 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teorias Econômicas da Regulação • principais questionamentos: • o que pode motivar o formulador de política a adotar uma regulação em determinado setor? • desvios da eficácia e eficiência da regulação? 92 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria da Captura • crítica à regulação como forma de intervenção governamental nas decisões dos agentes privados • apenas os interesses dos produtores tenderiam a prevalecer • regulação: • originária da demanda da própria indústria • legisladores seriam capturados pela indústria • ou, com o passar do tempo, acaba sendo usada de acordo com os interesses da indústria regulada • informação imperfeita (assimétrica) 93 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria da Captura • relação entre regulador e a(s) firma(s) • regulador => firma • regulador teria de ser subordinado aos interesses do governo • governo => regulador => firma • governo teria de ser subordinado aos interesses dos eleitores (cidadãos) • eleitores => governo => regulador => firma 94 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ãoIn d u st ri al – R I – U FU Teoria da Captura • com informações imperfeitas, relações podem resultar em problemas do agente- principal • risco de que a parte encarregada em realizar determinada ação (agente) visando aos interesses de outra parte (principal) acabe agindo de acordo com interesses próprios • conflito de interesses 95 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria da Captura • fontes de riscos de conflitos de interesses • relação entre eleitores e governo • governo pode agir de modo a não beneficiar os interesses dos seus eleitores • relação entre regulador e empresa • Teoria da Captura • regulador pode não atuar de acordo com os interesses dos eleitores • “captura”: interesses do regulador podem se alinhar aos objetivos da firma regulada 96 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria da Captura • setor com elevada taxa de progresso tecnológico (p.e., telecomunicações) • existe a possibilidade de “captura” devido ao conhecimento imperfeito do regulador em relação ao avanço técnico do setor • “captura tecnológica” • evidências não favoráveis a essa teoria • mais favoráveis em relação à próxima 97 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Teoria de Olson, Stigler e Peltzman • princípio básico: • poder regulatório coercitivo do Estado é utilizado por indivíduos com objetivos próprios • regulação econômica é estruturada para maximizar o apoio político dos formuladores de política 98 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo •modelo para as regulações de entrada de novas firmas e de preço • 3 grupos de agentes: • consumidores • beneficiados por menores preços e, assim, dispostos a apoiar aqueles que adotarem políticas nesse sentido 99 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo • empresário monopolista • ou empresários oligopolistas • função lucro influenciada pelo preço que pode cobrar: π(P) • função côncava em relação ao preço, sendo o preço máximo o de monopólio • apoio político aumenta à medida que o lucro aumenta 100 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo • formulador de políticas • função de apoio político influenciada pelo lucro do empresário e pelo preço que afeta os consumidores: M(π, P) • crescente em relação a π: maiores lucros resultam em maior apoio do empresário • decrescente em relação a P: maiores preços resultam em menor apoio pelos consumidores 101 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo 102 Lucro (π) Pm P Preço (P) M1 M2 M3 π(P) CMg C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo • curvas (de indiferença) M1, M2 e M3 • diferentes combinações de preços e lucros que resultam no mesmo grau de apoio político • apoio associado à curva M1 é menor do que o apoio da curva M2, que é menor do que o apoio da curva M3 • curva de lucro: π(P) • negativo próximo do CMg (monopólio natural) 103 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo • formulador de políticas deve impor um preço P ao empresário de tal modo que seu apoio político M(π, P) seja maximizado • sujeito à restrição dada pela função de lucro π(P) • ponto de tangência entre a curva M2 e a função de lucro π (P) • portanto, não escolheria nem o preço equivalente à concorrência perfeita (P = CMg), nem o preço de monopólio (Pm) 104 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo • situação como a de equilíbrio de monopólio • não estável, pois há incentivos para o formulador de política regular o preço para um nível inferior • redução do preço tenderia a aumentar o apoio político dos consumidores • situação como a de equilíbrio competitivo • também não sustentável, uma vez que há incentivos para o formulador de política regular o preço para um nível superior • aumento do preço e, assim, do lucro tenderiam a elevar o apoio político do empresário 105 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Exemplo • considerando o modelo, setores com maior probabilidade de regulação seriam aqueles cujos preços são próximos do preço competitivo ou do preço de monopólio • intervenção governamental alteraria o preço significativamente, levando a ganhos para um dos 2 grupos de interesse (consumidores ou empresário) • evidências: • existem regulações sobre a telefonia local (monopólio ou oligopólio) e sobre o sistema de táxi das grandes cidades (mais próximo do mercado competitivo) 106 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU 4. Agências Reguladoras 107 Aulas 5 e 6 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras • mecanismo importante para a eficácia e a eficiência da regulação • agência reguladora especializada e independente (autônoma) • capacidade de buscar, prioritariamente, o atendimento dos objetivos de eficiência (produtiva, alocativa, dinâmica e distributiva) ao invés de outros objetivos conflitantes, como: • maximização do lucro da(s) empresa(s) regulada(s); concentração das firmas em segmentos mais lucrativos do mercado; maximização de receitas fiscais e interesses políticos 108 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras • 4 dimensões que caracterizariam a independência legal de uma agência reguladora 1) independência decisória • capacidade da agência resistir à pressões de grupos de interesse no curto prazo 2) independência de objetivos • escolha de objetivos que não conflitam com a busca prioritária do bem-estar do consumidor 109 C ar lo s Sa ia n i – M icro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras 3) independência de instrumentos • capacidade de escolher os instrumentos de regulação de modo a alcançar os seus objetivos da forma mais eficiente possível 4) independência financeira • disponibilidade de recursos materiais e humanos suficientes para a execução das atividades de regulação 110 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras • críticas à independência das agências • regras rígidas limitam as possibilidades de adaptação a condições mutáveis de demanda e de custos • por outro, um excesso de flexibilidade e de poder discricionário dos reguladores pode conduzir à perda da credibilidade da regulamentação e inibir o investimento privado 111 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras e Política • agência reguladora: delegação de poderes • reduz a discricionariedade do governo sobre determinado setor • diminui o poder do governo de “usar” o setor para fins eleitorais (ou apoio político) • assim, o que motivaria um governo a delegar poderes (criar uma agência reguladora independente), reduzindo seu escopo de atuação? • “amarrar as mãos” da próxima administração diante do risco eleitoral percebido? 112 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras e Política • Pereira et al. (2010) • análise dos determinantes do grau de autonomia (independência) de agências reguladoras estaduais no Brasil • hipótese: • quanto maior a incerteza em relação ao sucesso eleitoral no próximo pleito (reeleição ou eleição do sucessor), mais elevada seria a motivação do político de “amarrar as mãos” da próxima administração, criando agências com maior autonomia • autores encontraram evidências favoráveis à hipótese 113 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Agências Reguladoras e Política 114 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU Bibliografia • FARINA, E. M. M. Q.; AZEVEDO, P. F.; SAES, M. S. M. Competitividade: mercado, Estado e organizações. Singular, cap. 4. • KUPFER, D.; HANSENCLEVER, L. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil, 2013, caps. 23 • OCDE. Brasil: fortalecendo a governança para o crescimento. Paris. OCDE, 2008. • PEREIRA, C.; MELO, M. A.; WERNECK, H. Delegation dilemmas: coalition size, electoral risk, and regulatory design in new democracies”. Legislative Studies Quarterly, 2010. • PIRES, J.C.; GOLDESTEIN, A. Agências Reguladoras Brasileiras: avaliação e desafios. Revista do BNDES, 2001. • RIGOLON, F. J. Z. Regulação da infraestrutura: a experiência recente no Brasil. BNDES, 1996. 115 C ar lo s Sa ia n i – M ic ro e co n o m ia – O rg an iz aç ão In d u st ri al – R I – U FU
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