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Aula 3 e 4 Conselho Comunitário de Segurança

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Conselhos Comunitários
Neste encontro, analisaremos a definição de Conselhos Comunitários e de Conselhos Comunitários de Segurança, a sua fundamentação jurídica, seu estatuto, a necessidade da autonomia e isenção político-partidária e as suas finalidades. 
Antes, contudo, é necessário sabermos como se define Conselho Comunitário de forma geral.
Segundo Maria da Glória Gohn no artigo O papel dos conselhos gestores na gestão urbana, p. 175, a forma de conselho usada pela Administração Pública ou em coletivos organizados da sociedade civil são tão antigos quanto a democracia representativa, sendo perceptíveis entre os clãs visigodos, não se apresentando como uma novidade na História. 
Ainda segundo Gohn, os concelhos municipais (escrito com c) foram criados em Portugal entre os séculos XII e XV como forma político-administrativa da metrópole em relação às suas colônias. 
As experiências mais famosas, no entanto, foram a Comuna de Paris, os sovietes da Rússia, os conselhos operários nos anos de 1920 na Alemanha, na Itália (Turim), um pouco mais tarde na Espanha, na década de 1950 na Iugoslávia e atualmente nos Estados Unidos da América. 
No Brasil Colônia, as câmaras municipais e as prefeituras foram organizadas desta forma. 
De acordo com a autora:
Observa-se que, na modernidade, os conselhos irrompem em épocas de crises políticas e institucionais, conflitando com as organizações de caráter mais tradicional. 
Os conselhos operários e os populares, em geral, rejeitavam a lógica do capitalismo, buscavam outras formas de poder descentralizadas, com autonomia e autodeterminação (Gohn, 176). 
Os conselhos sob o ponto de vista dos liberais e esquerdistas 
Tanto a esquerda como os liberais veem os conselhos como instrumento de exercício da democracia. A esquerda os percebe como possibilidade de mudança social para a democratização das relações de poder. Os liberais, por sua vez, os têm como instrumentos ou mecanismos de colaboração para a manutenção do status quo. Autores como Hannah Arendt percebiam os conselhos como a única forma de governo horizontal ou “um governo que tenha como condição existencial a participação e a cidadania”.
De acordo com Teixeira, tal como conhecemos hoje, os Conselhos Comunitários surgem a partir do final da década de 1970, no Brasil, como organismos criados pelo poder público para negociar demandas dos movimentos populares com a crescente mobilização das populações, sobretudo, mas não somente, as residentes em bairros de periferia. 
Maria da Glória Gohn traça um breve histórico dos conselhos no Brasil, desde a segunda metade do século XX. 
1. Final da década de 1970 : criação de conselhos comunitários para atuarem junto à administração municipal;
2. Final dos anos 1970 e parte dos anos 1980: criação de conselhos populares;
(Os conselhos populares apareceram como proposição de setores da esquerda ou de grupos que se opunham ao governo militar e tinham diversos papéis: 
• poderiam servir como organismos do movimento popular atuando com parcelas de poder junto ao governo executivo (sendo possível decidir sobre determinadas questões de governo);
• atuando como organismos superiores de luta e organização popular, gerando situações de duplo poder; 
• ou como organismos de administração municipal, criados pelo governo para incorporar o movimento popular que desempenharia papel de aconselhamento, deliberação e/ou execução.)
3. Década de 1990; criação dos conselhos gestores institucionalizados.
Definição de Conselhos Comunitários de Segurança 
O primeiro ponto a enfatizar é que os Conselhos Comunitários de Segurança não são a mesma coisa que Conselhos Municipais de Segurança. 
Você sabe por que?
Porque os Conselhos Municipais de Segurança são criações dos poderes legislativos municipais que atendem a interesses político-partidários e são voltados para a definição de ações estratégicas que tenham influência no ente federado como um todo.
Já o Conselho Comunitário de Segurança é uma entidade de direito privado, que possui vida própria e independência em relação aos órgãos da Segurança Pública ou a qualquer órgão público.
(O conselho Comunitário de Segurança É uma modalidade de associação comunitária, de utilidade pública, sem fins lucrativos e se constitui no direito de associação garantido pelo inciso XVII do art. 5º da Constituição, cujos objetivos são mobilizar e congregar forças da comunidade para a discussão de problemas locais da Segurança Pública no contexto municipal ou em determinada região do município.)
Reforma
Conforme encontrado na Apostila de Multiplicador de Polícia Comunitária da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais – SSP/MG:
O conselho é responsável por diagnosticar problemas das comunidades, o que possibilita ações estratégicas preventivas na área de Segurança Pública. São realizadas reuniões periódicas entre representantes das comunidades, igrejas, escolas, organizações municipais etc., com o intuito de discutir tais problemas. São importantes porque fazem parte da perspectiva segundo a qual os problemas de segurança são responsabilidades de todos e não apenas das organizações policiais. Possibilita também um conhecimento mais aprofundado das questões das comunidades, o que leva a atividades preventivas. Finalmente, satisfaz às demandas democráticas de participação dos cidadãos nas questões de seus interesses.
Ficou estabelecido, na Constituição Federal de 1988 (caput do art. 144), que:
A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – Polícia Federal;
II – Polícia Rodoviária Federal;
III – Polícia Ferroviária federal;
IV – Polícias Civis;
V – Polícias Militares; e
VI – Corpos de Bombeiros Militares.
Com base no que foi observado, percebemos que se torna legítima a participação da comunidade a partir de concepções mais modernas de polícia, na qual o cidadão desempenha papel mais ativo. Além disso, a nossa Carta Magna (art. 5º, inciso XVII) dispõe que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar”, mas, também estabelece, no inciso XX, que “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado”. Como são dotados de personalidade jurídica, os Conselhos Comunitários devem seguir o que dispõe o Código Civil Brasileiro, como estudaremos agora. 
Estatuto
Os Conselhos Comunitários possuem personalidade jurídica e devem ser adequados ao Código Civil, conforme mostrado a seguir:
CÓDIGO CIVIL
TÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS
CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES
Autonomia e isenção político-partidária
Conforme mostrado na aula anterior, os Conselhos Comunitários de Segurança devem ter autonomia em relação às forças de segurança que atuam em seu território. Assim também deve ser em relação ao poder público e aos interesses político-partidários.
É preciso que as organizações comunitárias sejam independentes, autônomas, pois isto propicia a imparcialidade das ações da sociedade e da polícia garantindo que os abusos, as ações governamentais equivocadas e os comportamentos sociais inadequados sejam denunciados e as reivindicações de direitos, as ações e os recursos sejam realizados.
Conclusão
A partir do que foi tratado até aqui, conclui-se que os conselhos comunitários podem ser importantes instrumentos para garantir a participação da sociedade e envolver a comunidade nas questões da Segurança Pública, visto que esta é tratada pela Constituição Federal como uma responsabilidade de todos. 
Na próxima aula, continuaremos a estudar as características dos Conselhos, as condições de funcionamento, a sensibilização do público interno e da comunidade, a dissolução, a reativação e a eleição, as dificuldades para a implantação e a manutenção, e a situação dos Conselhos Comunitários de Segurança no Brasil.
Nesta aula, você:
	Compreendeu o que é conselho comunitário
e Conselho Comunitário de Segurança;
	Estudou a fundamentação jurídica e o estatuto dos Conselhos Comunitários de Segurança;
	Analisou a importância da independência e autonomia dos Conselhos Comunitários em relação ao governo, aos interesses político-partidários e à polícia.
	Observou as finalidades dos Conselhos Comunitários de Segurança.

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