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RI e Teoria dos Jogos Geraldo Miranda

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Relações Internacionais e Teoria dos Jogos: aplicação do modelo matemático aos 
processos de integração regional 
 
MIRANDA, Geraldo H. Romualdo de 
 
RESUMO 
 No que diz respeito à aplicação da teoria do jogos nas relações internacionais, 
autores como CORREA (2001) afirmam que as modelagens perpassam os seguintes 
campos de pesquisa: atuação diplomática, segurança internacional, relações econômicas 
internacionais (de modo especial, comércio internacional), integração regional, finanças 
internacionais e economia política internacional. Dessa forma, este trabalho buscará 
compreender e analisar como os processos de integração regional são utilizados para 
demonstrar a aplicação matemática do método, e de modo especial, sua aplicação no 
modelo de União Aduaneira na América do Sul, o MERCOSUL. 
 
PALAVRAS-CHAVES: Integração Regional, MERCOSUL, Relações Internacionais, 
Teoria dos Jogos. 
 
1 - Panorama da literatura especializada na aplicação da Teoria dos Jogos nas 
Relações Internacionais 
 
 Em pesquisa realizada pode-se observar que a literatura especializada na 
aplicação da Teoria dos Jogos às Relações Internacionais discorre principalmente sobre 
os temas clássicos dessa área de estudo, embasadas nas teoria realista e liberal e suas 
aplicações (estudos de defesa e segurança e análise das questões econômicas), 
discorrendo sobre suas possibilidades e limitações (CORREA, 2001). 
 Em se tratando dos estudos de defesa e segurança, as principais temáticas de 
abordagens tratadas são: alianças de defesa; dissuasão e corridas armamentistas; crises 
que podem levar à guerra; guerra e paz; batalhas em cenário de guerra. Os 
pesquisadores pioneiros desse tipo de aplicação são Von Neumann e Morgenstern 
(CORREA, 2001, p. 191). 
 Em contrapartida, os estudos com viés econômico perpassam questões que 
dizem respeito aos acordos de cooperação econômica, comércio internacional e finanças 
internacionais. Por mais que seu estudo seja essencial para a compreensão da dinâmica 
das relações econômicas internacionais, em grande parte, esse estudo é marginalizado 
pelos pesquisadores da área, sendo muitas vezes realizados por economistas, como 
indicado por CORREA (2001) quando cita Strange, Raynolds e McMillan como 
precursores da área (CORREA, 2001, p.197). 
 Além disso, no final de seu texto, CORREA (2001) cita e descreve 
minimamente outras áreas das Relações Internacionais que podem ser objeto de estudo e 
aplicação da Teoria dos Jogos, a saber: diplomacia, meio ambiente, direitos humanos e 
direito internacional. 
 Dessa maneira, o estudo realizado nesse trabalho terá como foco compreender e 
analisar a aplicação da teoria dos jogos nos processos de Integração Regional, e em 
especial, no caso do MERCOSUL. 
 
2 - Integração Regional como área de interesse nas Relações Internacionais e sua 
aplicação na Teoria dos Jogos 
 
 A integração regional pode ser compreendida como um processo de eliminação 
de fronteiras e/ou barreiras comerciais entre dois ou mais países. Dessa forma, afirma-se 
que o objetivo primordial dos processos de integração é tornar os mercados mais 
eficientes levando em consideração sua abrangência. Assim sendo, a ampliação dos 
mercados possibilita um maior fluxo de mercadorias, capitais, mobilidade de pessoas, 
aumento do poder de barganha com outros mercados e competitividade, bem como, do 
acesso à informação, um dos principais fatores que influenciam nas estratégias dos 
agentes em um jogo (MACHADO, 2000). 
 Dentre os graus crescentes de integração econômica e política, o MERCOSUL é 
consideração uma zona aduaneira dada sua característica de ausências de barreiras 
comercias entre os países participantes do acordo e do estabelecimento de uma Tarifa 
Externa Comum (TEC) (MACHADO, 2000). Apesar disso, levando em consideração os 
tipos de jogos existentes, a priori, pode-se dizer que falta de mecanismos 
supranacionais, tais como os estabelecidos na União Europeia, poderiam dificultar a 
cooperação, e a falta desse mecanismo acarretaria em jogos não cooperativos quando 
aplicados ao MERCOSUL. Entretanto, BASTOS (2011) afirma que é "interessante 
notar que situações repetitivas em um contexto onde conflitos de interesse afloram, dão 
o ensejo ao incremento da cooperação" (BASTOS, 2011, p. 342). Dessa maneira, 
inicialmente um jogo de caráter não cooperativo, dado o acesso às informações e a 
análise do cenário (tido por natureza) possibilita a mudança de resposta dada pelos 
jogadores. 
 Dessa maneira, a convergência de interesses entre os países que compõem o 
MERCOSUL data do período posterior a redemocratização política, onde esses países, 
assolados pela crise da dívida externa e pela pressão exercida pelos países 
desenvolvidos se unem com o objetivo de aumentar seu poder de negociação em termos 
de comércio internacional. Logo, o estabelecimento de uma união aduaneira na América 
do Sul em 1991 pode ser tido como uma resposta à nova dinâmica da economia mundial 
(BASTOS, 2011). 
 Mesmo assim, a imposição e alteração das barreiras tarifárias e não tarifárias 
entre os países membros do MERCOSUL, em especial, entre Brasil e Argentina são 
corriqueiras, gerando dificuldades para a implementação de união aduaneira efetiva e 
colocando em cheque a eficácia do bloco econômico (WILBERT, 2002). Nesse cenário, 
a compreensão dos ganhos e perdas reais, por meio do jogo, é eficiente para se 
compreender, de forma esquemática e matemática, as posições a serem adotadas por 
esses agente racionais em um ambiente que existe acesso completo às informações. 
 
3- Representação de um modelo aplicado aos processos de Integração Regional 
 
 À guisa de simplificação, a representação da aplicação do modelo tratará de 
apenas dois Estados-membros do MERCOSUL. Dessa forma, dado os relatos históricos 
de aproximação e distanciamento entre Brasil e Argentina, escolheu-se esses países por 
acreditar que Paraguai e Uruguai possuem papel secundário na conformação do bloco 
econômico, tal como propõe BASTOS (2011) e WILBERT (2002). 
 O jogo proposto leva em consideração as barreiras tarifárias e não tarifárias (tida 
por apenas TARIFA) na consolidação da eficácia do bloco econômico. Dessa forma, em 
jogo simultâneo, descreve-se os ganhos e as perdas, no que diz respeito à cooperação 
entre os jogadores. 
 
Jogo 1: Imposição de tarifas entre os países do MERCOSUL 
 
 
ARGENTINA 
 
Não impõe tarifa Impõe tarifa 
BRASIL Não impõe tarifa 5,5 -1, 10 
 Impõe tarifa 10, -1 3,3 
 Utilizando a metodologia de WILBERT (2002), os elementos necessários para a 
compreensão jogo são: os jogadores, as estratégias utilizadas (ações) e os resultados de 
equilíbrio (ganhos e/ou perdas). 
 
 Jogadores: Utilizou-se Argentina e Brasil por acreditar que esses países 
possuem interessem em comum em determinados assuntos e/ou agendas, sendo um 
deles, o desenvolvimento e crescimento regional. Apesar disso, a natureza (o cenário 
econômico internacional) influencia na determinação de políticas de proteção da 
economia nacional. Dessa forma, em um cenário econômico não favorável, ambos os 
países irão adotar posturas que visem o equilíbrio de suas balanças de pagamentos, 
criando barreiras na importação de produtos, por mais que isso viole os princípios 
estabelecidos nos acordos do MERCOSUL (WILBERT, 2002; SOUZA;VIEIRA, 2011). 
 
 Estratégias: No jogo, quatro estratégias podem ser adotas, sendo elas: 1) 
nenhum dos dois países impõem tarifas, configurando o livre comércio (5,5); 2) o Brasil 
impõe tarifas, enquanto Argentina não as impõe (10,-1); 3) a Argentina impõe tarifas, 
enquanto o Brasil não as impõe (-1,10); 4) ambos impõe tarifas, configurandomedidas 
protecionistas (3,3). Vale ressaltar que esses números são meramente ilustrativo; apenas 
descrevem perdas e ganhos que são determinados pelas respostas dadas pelos países em 
cada situação. Além disso, vale destacar que não se levou em consideração os interesses 
de grupos privados (lobbies), mas apenas a economia internacional em cenários de 
crescimento e recessão e os reflexos da economia nacional de cada país (adoção de 
política macroeconômica) (WILBERT, 2002; SOUZA;VIEIRA, 2011). 
 
 Resultados de Equilíbrio: Em relação aos resultados, encontra-se a situação em 
que nenhum dos países impõem tarifas ao outro como o ótimo de Pareto, onde melhora-
se o resultado nacional sem piorar o resultado do outro país pertencente ao bloco. 
Entretanto, se o jogo for jogado apenas uma vez, o equilíbrio de Nash ocorre com os 
dois países buscando proteger suas respectivas economia, logo, impondo-se, 
mutuamente, tarifas. Essa postura é conveniente no curto prazo em uma situação de 
recessão econômica dado que ambas são economias reflexas e dependentes e acreditam 
que burlar os acordos seja eficiente para resolução de problemas econômicos internos. 
Apesar disso, quando se considera que o jogo é repetido infinitas vezes (e que a 
economia está aquecido), a punição garante a estabilidade do resultado mutuamente 
desejável obtido com o livre comércio, ou seja, prevalece-se o ótimo de Pareto no longo 
prazo, favorecendo o processo de integração regional (WILBERT, 2002; 
SOUZA;VIEIRA, 2011). 
 
4 - Bibliografia 
 
BASTOS, Romeu C. R. A teoria do jogos e o MERCOSUL. Universitas Relações 
Internacionais, Brasília, v.9, n.1, p. 331-347, jan./jun.2011. 
 
CORREA, Hector. Game theory as an instrument for the analysis of International 
Relations. Disponível em: <http://www.ritsumei.ac.jp/acd/cg/ir/college/bulletin/vol14-
2/14-2hector.pdf> Acesso em: 30 jul. 2014. 
 
MACHADO, João Bosco. Mercosul: Processo de Integração: origem, evolução e 
crise. São Paulo: Editora Aduaneiras, 2000. 
 
SOUZA, Elviano C.; VIEIRA, Wilson da C. O comércio entre Brasil e Argentina: 
uma análise à luz da teoria dos jogos. Revista Nexos Econômicos, Bahia, v.5,n.2, p. 
137-156, 2011. 
 
WILBERT, Marcelo Driemeyer. O Mercosul e a teoria dos jogos: um estudo 
introdutório. Dissertação (Mestrado em Economia) - Programa de Pós-Graduação em 
Economia da Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2002.

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