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secagem madeira Ricardo Klitzke

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Prof. Dr. Ricardo Jorge Klitzke 
1 
Curso de Secagem da Madeira - Prof. Dr. Ricardo J. Klitzke - DETF/UFPR 
MÓDULO - 01 
1 INTRODUÇÃO 
Os processos relacionados com o crescimento e desenvolvimento de uma 
árvore dependem do movimento da água desde da raiz até as folhas, onde se produz 
os “alimentos” para si e seu transporte até as zonas de crescimento. A água é o meio 
de transporte e sua presença em grandes quantidades dentro da árvore é uma 
condição, essencial para sua vida. 
O conteúdo de umidade dentro das árvores vivas pode variar entre 35 a 200% 
aproximadamente, dependendo da espécie madeireira, variando sua proporção em 
relação com a massa específica da espécie e as condições climáticas da região onde 
se desenvolve. 
A retirada desta água irá ocorrer logo após a derrubada e processamento da 
árvore através da secagem, a qual pode ser natural (ar livre) ou artificial (em 
câmara). A secagem da madeira é fundamental no processo produtivo, sendo 
responsável por grande parte do valor agregado ao produto final, mas é também 
uma das ações que mais contribui nos custos no processo de transformação. Por esta 
razão a busca de maior eficiência no processo de secagem deve ser procurada. 
A secagem adequada da madeira irá colaborar para redução dos custos de 
produção e na qualidade do produto final. Os padrões de qualidade exigidos pelo 
mercado consumidor tendem a ser cada vez maiores, exigindo madeira seca em 
estufa, beneficiada e bem bitolada, com teor de umidade constante e embalada. O 
entendimento da secagem é fundamental para o desenvolvimento da indústria de 
produtos de madeira, sendo impossível a obtenção de produtos com qualidade de 
nível internacional se a madeira não é seca adequadamente tornando-se uma 
condição determinante para o êxito ou fracasso desta operação comercial. 
A principal razão para secar ou condicionar a madeira, é para assegurar que a 
madeira esteja dimensionalmente tão estável quanto possível, antes do uso em um 
 
Prof. Dr. Ricardo Jorge Klitzke 
2 
item estrutural ou manufaturado. Quando recém cortada, a madeira começa a secar, 
contraindo-se particularmente transversalmente à grã, até entrar em equilíbrio com 
ambiente de trabalho. Na secagem, ocorre uma “pré-redução” em suas dimensões. 
O objetivo é para assegurar que não ocorra nenhum movimento da madeira em 
encaixes, móveis, ligações, etc. Dentro do produto projetado a acomodação deverá 
ser pequena ou desprezível (MILLS, 1991). 
A secagem é hoje reconhecida como um fator vital no valor agregado de 
produtos de madeira processada, dando grande importância atualmente ao aumento 
da qualidade e redução dos custos de secagem. A diminuição disponível de florestas 
nativas, assim como, aumento da disponibilidade de florestas plantadas muito mais 
caras, realçando a necessidade de melhorar o processamento da madeira e redução 
dos defeitos de secagem. 
 
2 A MADEIRA 
A madeira é um material orgânico, heterogêneo, poroso, higroscópico e 
anisotrópico. É orgânico porque sua composição química elementar é formada 
basicamente por carbono (C), heterogêneo devido sua grande variação existente 
tanto em tipos como em componentes básico e na distribuição destes componentes. 
A disposição e o arranjo diferenciado destes elementos deixam espaços vazios, 
tornando portanto, a madeira porosa, com poros visíveis a nível macroscópico. Na 
sua estrutura intima (ultra-estrutura) a madeira pode reter água, fisicamente aderidas 
às paredes e no interior delas, sendo portanto um material higroscópico. A madeira 
é ainda um material anisotrópico, ou seja, se comporta diferentemente nos 
diferentes eixos de orientação. A anisotropia é extremamente importante tanto no 
processamento como no uso. deste modo, a madeira seca mais facilmente da direção 
do comprimento, pois a permeabilidade longitudinal é muito mais alta que a 
transversal (radial e tangencial), e contrai mais transversalmente do que no 
comprimento. A madeira, por ser resultante do crescimento orgânico de dezenas de 
milhares de espécies arbóreas lenhosas, é uma matéria-prima que se caracteriza 
 
Prof. Dr. Ricardo Jorge Klitzke 
3 
fundamentalmente por ser anisotrópica e heterogênea. Estes atributos intrínsecos à 
natureza da madeira, constituem o ponto central a ser analisado quando de sua 
utilização. 
As propriedades físico-mecânicas de uma madeira, bem como inúmeros 
outros aspectos tecnológicos, decorrem de fatores estruturais, sejam macro, micro 
ou sub-microscópicos da parede celular. A composição química, variável e peculiar 
a cada madeira, também constitui um fator de suma importância neste contexto. 
Os avanços tecnológicos estão voltados em torno do ferro, concreto e 
plásticos e o desconhecimento que tem os engenheiros e arquitetos sobre as 
propriedades e técnicas de processamento da madeira, são fatores que tem 
contribuído para que este material perca competitividade frente a outros para seu 
uso na construção e na fabricação diversa. A madeira possui uma série propriedades 
que à convertem em matéria-prima de excelente qualidade para a fabricação de 
certos produtos, destacando-se as seguintes: a relação entre a massa específica e a 
resistência mecânica é altamente favorável; apresenta uma baixa massa específica 
em relação ao seu volume; é fácil de trabalhar e de ligar-se por meio de uniões 
simples; a madeira quando está seca, é um excelente isolante térmico, elétrico e 
acústico. 
2.1 IMPORTÂNCIA DA SECAGEM DA MADEIRA 
A madeira serrada em geral contém consideráveis quantidades de umidade 
(água). A saída irregular da umidade causará defeitos (rachaduras, empenamentos, 
etc.) e se for mantida acima de certos valores a madeira está sujeita a ataque por 
fungos manchadores e apodrecedores. Por estas e outras razões é proposto a 
secagem da madeira. 
 
 
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4 
2.2 POR QUE A MADEIRA DEVE SER SECA? 
O processo de secagem da madeira deverá ser conduzido de forma gradual, 
uniforme e a um teor de umidade que será definido em função do seu uso final. 
Portanto, a secagem da madeira apresenta importantes vantagens: 
! A contração da madeira em uso é reduzida e as rachaduras e 
empenamentos são evitados. 
! A madeira quando seca fica protegida contra o ataque de fungos 
manchadores e apodrecedores. 
! O peso da madeira é reduzido e portanto os custos de transporte são 
baixos. 
! Secando a madeira resulta em acréscimo significativo da resistência 
mecânica, desde que os defeitos de secagem não se desenvolvam, 
especialmente rachaduras, além de elevar a significativamente a 
capacidade de fixação de pregos. 
! Para obter uma pintura satisfatória ou acabamento superficial e 
(normalmente) tratamento com produtos preservativos requerem uma 
secagem ao ar ou em câmaras. 
! O uso de secagem em câmaras mata fungos e insetos que podem estar 
instalados na madeira. 
 
 
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5 
3 FATORES QUE AFETAM A SECAGEM DA MADEIRA 
3.1 INERENTES A MADEIRA 
3.1.1 ASPECTOS ANATÔMICOS 
A madeira apresenta basicamente três tipos de células: traqueais, 
parenquimáticas e prosentimáticas com uma variação de forma e função. A parede 
celular apresenta uma formação complexa como pode-se observar na Figura 01. 
 
FIGURA 01 – FORMAÇÃO DA PAREDE CELULAR DA MADEIRA 
 
 
3.1.1.1 Células Traqueais 
O sistema traqueal é responsável na árvore viva pela condução da água e está 
representada pelos traqueóides e pelos vasos. 
Os traqueóides podem considerar-se uma forma primitiva de célula lenhosa, 
e formam um volume de até 95% nas coníferas. São sempre células fechadas, 
tubulares ou libriformes, seus extremos são mais ou menos pontiagudose as vezes 
 
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6 
em forma de bisel. Nas folhosas chegam a 1,5mm, já nas coníferas podem ter vários 
milímetros. 
Os traqueóides das madeiras de primavera são de parede fina, sendo mais 
fácil a comunicação célula/célula no intercâmbio de líquidos. Podem possuir em 
suas paredes até 300 grandes pontoações areoladas. Os traqueóides de outono, cuja 
função principal é dar solidez à árvore, são de parede grossa apresentando poucas 
pontoações (10-50) em posição oblíqua e em forma de pequenas fissuras. 
Observando os traqueóides, se destacam em suas paredes umas zonas circulares ou 
elípticas de paredes delgadas, que são as pontoações, geralmente estas são 
areoladas, formando uma fina membrana, com uma bóveda perfurada no centro. O 
engrossamento da membrana no centro forma o torus, este ao aplicar-se sobre a 
abertura da pontoação se fecha hermeticamente como se fosse uma válvula. 
Se os traqueóides estão situados ao lado dos raios ou das células 
parenquimáticas lenhosas, o intercâmbio de substâncias entre estes elementos se 
facilita por meios de grandes pontoações simples ou por semi-aureoladas, que 
facilitam o intercâmbio entre os elementos. As diferenças entre os tipos de 
pontoações que se formam no desenvolvimento das células são características 
anatômicas que tem grande importância na identificação das madeiras. 
Em folhosas as células lelhosas primárias, parecidas aos traqueóides, se 
transformam em diferentes tipos de células com formas intermediárias, adaptadas a 
diversas funções (condução, sustentação e armazenamento). 
Os vasos são elementos em forma de tubos com paredes relativamente 
grossas ou bem finas, o comprimento dos vasos podem ser de vários centímetros até 
alguns metros (3 - 5) e em alguns casos podem atingir a altura do tronco. 
Dependendo somente do número de elementos que formam o vaso. São observados 
nas partes terminais de cada elemento as placas de perfuração que podem ser 
simples (abertas), e escalariformes ou reticuladas. Com a justa posição destes 
elementos formam-se os tubos condutores, aos quais se pode aplicar as leis de 
capilaridade, quando não apresentam filas no seu interior. 
 
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7 
3.1.1.2 Células Parenquimaticas 
Característica principal: serve para a acumulação de reserva, com grande 
abundância de pontoações simples. São geralmente alongadas de paredes finas, se 
formam por divisões sucessivas do câmbio. Nas coníferas só tem lugar geralmente 
no final do período vegetativo. As células parenquimaticas em folhosas estão 
distribuídas por todo o anel anual e em sua periferia. 
São agrupados para formar os tecidos podendo variar entre a estratificação 
em bandas tangenciais (parênquima reto traqueal) e sua reunião ao redor dos vasos 
(parênquima paratraqueal), existindo entre ambos modificações numerosas formas 
intermediárias assim como, também grandes diferenças na forma de cada célula. 
Suas substâncias de reserva são: amido, graxa, resina, polissacarídeos, ácidos 
tânicos, etc. 
 
3.1.1.3 Células Prosenquimaticas 
Em todas as espécies lenhosas aparecem conjuntamente as células traqueais e 
as de parênquima. Existe um terceiro grupo de células, as que formam os tecidos de 
esclerênquima, que é exclusivo nas folhosas. As fibras de esclerênquima ou de 
Liber (fibras duras, células de sustentação) que formam a parte principal do corpo 
lenhoso da árvore. Tem forma alongada e são delgadas, pontiagudas, tabicadas e 
dentadas nas extremidades. Sua proporção no volume total influi diretamente nas 
características de resistência e inchamento. As paredes interiores das fibras do líber, 
de espessura grossa são providas de escassas e diminutas pontoações que em geral 
tem uma forma fusiformes alongada. Como há de se admitir que as fibras do líber se 
desenvolveram a partir dos traqueóides e possuem um evidente parentesco com os 
traqueóides fibrosos tendo sido diferenciado somente dois grupos de células: as 
células parenquimáticas e as prosenquimáticas. Que se compreende melhor 
fisiológica e terminologicamente, em especial ao observar seções microscópicas 
maiores que permitam observar a disposição e a ligação das distintas classes de 
células que formam a madeira. 
 
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8 
3.1.2 ESTRUTURA DAS CONÍFERAS 
As coníferas tem as vezes a estrutura mais regular e mais simples. Na seção 
transversal seus traqueóides, tetra, penta ou hexagonais apresentam-se em filas 
radiais desde o câmbio até a medula. Entre eles estão situadas as bandas dos raios 
lenhosos compostos principalmente por células parênquimáticas que, vistas em 
seção longitudinal parecem como retângulos largos e estreitos. 
Os raios tem também traqueóides, e alguns em seu interior, espaços ocos ou 
canais intercelulares que em coníferas contém resina. 
Em seção transversal se distinguem bem os limites de crescimento dos anéis 
anuais como lenhos, bem marcados, de separação entre os últimos traqueóides da 
madeira de outono de um ano e as primeiras células da madeira de primavera do 
seguinte. Os traqueóides de outono tem paredes grossas, enquanto que os 
traqueóides de primavera são de paredes finas e estão dispostos mais de forma 
simétrica. A transição de um para outro tipo de célula é bastante brusca, as 
pontoações são também diferentes nestas duas classes de madeira. Na de primavera 
as pontoações se observam somente nas paredes radiais dos traqueóides, as de 
outono em todas as paredes. Esta disposição pode comprovar-se muito bem na 
seção radial, na qual os traqueóides aparecem com tubos cortados longitudinalmente 
e sobre suas vêem as pontoações em projeção. Os raios, como bandas 
parenquimatosas cuja forma e altura se observa na seção radial. correndo no sentido 
transversal aos traqueóides, mas não apresentam seus extremos afilados. Na seção 
tangencial o aspecto é muito diferente, pois os traqueóides tem seus extremos 
afilados, mostra que as pontoações são cortadas longitudinalmente e aparecem 
exatamente igual que na seção transversal. Os raios lenhosos mostram sua seção 
transversal fusiforme (com canais resiníferos) com células terminais 
extraordinariamente afilados e frequentes canais resiníferos que ocorrem 
radialmente na parte central do raio. Na Figura 02 pode-se observar a formação 
celular de uma conífera (pinos, araucária, etc.). 
 
 
 
 
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9 
FIGURA 02 - ESTRUTURA ANATÔMICA DE UMA CONÍFERA 
 
 
 
3.1.3 ESTRUTURA DAS FOLHOSAS 
A estrutura é muito mais complexa, por isso seu aspecto microscópico é 
complicado e irregular. Os vasos, que a simples vista parecem poros, dão um 
aspecto característico na seção transversal e sua distribuição se ajusta as leis 
determinadas. 
Nas madeiras tropicais a disposição dos vasos é bastante uniforme, mas nas 
madeiras com anéis de crescimento anuais os vasos mais largos se encontram em 
madeira de primavera e mais estreitos nas de outono. A tendência dos vasos 
pequenos é outra característica utilizada na identificação de espécies. 
A proporção de vaso pode variar de 2 a 65% na madeira, assim como sua 
distribuição influem em suas propriedades de resistência. Madeiras de poros 
agrupados em anéis existem zonas regulares de mínima resistência, isso se explica 
porque madeiras com mesma massa específica e mesma umidade., mas com 
disposição dos poros em anéis apresentam resistência pouco inferior com disposição 
difusa dos poros. Os vasos, quando grandes, pressionam e oprimem de tal modo os 
tecidos adjacentes, que só em extensões muito pequenas é possível uma sucessão 
 
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radial perfeita de células. As fibrasde esclerênquima, entre as quais encontram-se 
os traqueóides fibrosos, com características diferenciadas frequentemente muito 
confusas, formam a massa principal da estrutura das folhosas. O parênquima, que 
em sua maior parte se apresenta agrupado ao redor dos vasos e raios lenhosos, tem 
pouca importância, suas células redondas ou levemente poligonais em seção 
transversal, estão cheias de diversas substâncias de reserva. Os vasos lenhosos das 
folhosas, o mesmo que os das coníferas são radiais, mas apresentam uma riqueza de 
formas maiores que nas coníferas, no sentido tangencial estão sempre formados por 
uma camada de células, e excepcionalmente, por várias camadas agrupadas em 
linhas nas folhas estando formados tanto por uma camada de células como por 
várias. 
Por ter os raios lenhosos a dupla missão de conduzir a seiva e armazenar 
substâncias de reserva, no desenvolvimento muito intensivo é paralelo a formação 
do lenho, contudo, produzem na madeira superfícies de menor resistência que 
facilitam a formação de fissuras e que são a causa da baixa resistência a tração. 
Nas seções radial e transversal são mostrados os extremos muito afilados das 
fibras do líber, terminados em forma de cunha, assim como a conhecida disposição 
estratificada do parênquima lenhoso e dos grandes vasos que nestas seções se 
apresentam cortados longitudinalmente. Suas pontuações, as vezes escassas, suas 
pontoações são extraordinariamente densas nas parte próximas a outros vasos, ao 
parênquima e aos raios. Sendo em geral pontoações areoladas, exceto as que se 
comunicam com os raios e parênquima. Os traqueóides das folhosas possuem 
também pontoações areoladas. Finalmente o líber, cujas vigorosas fibras, apenas 
estão unidas na rede condutora, contribui na formação do corpo lenhoso. A 
necessidade de água é menor e mais uniforme das coníferas é a causa de que tenham 
uma estrutura muito mais simples. Nestas, um só tipo de célula, os traqueóides, 
podem atender a dupla missão de conduzir a água e dar solidez da árvore. Na Figura 
03, pode-se observar a formação celular de uma folhosa (eucalipto, imbuía, etc.). 
 
 
 
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11
FIGURA 03 - ESTRUTURA ANATÔMICA DE UMA FOLHOSA 
 
 
3.1.3.1 Influência das Pontoações 
A estrutura normal da parede das células é interrompida por pontuações, as 
quais aparecem no período de crescimento das células, podendo ser observada na 
Figura 04. 
A translocação radial da água na árvore é feita pelas pontuações, as quais são 
localizadas na parede secundária entre as células adjacentes. Duas pontoações 
ligadas entre células vizinhas formam um par de pontuações. O transporte de água 
pelas células adjacentes ocorrem pelos lúmens através das membranas das 
pontoações as quais consistem de parede primária e de lamela média. As diferentes 
formas das pontoações são características distintivas na identificação microscópica 
de madeira e fibras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12
 
 
FIGURA 04 - COMUNICAÇÃO DE UM PAR DE PONTOAÇÕES AREOLADAS 
 
 
 
3.1.3.2 Aspiração da Pontoação 
Uma comum modificação das pontoações areoladas é o deslocamento lateral 
da membrana “torus”. Este fenômeno é chamado de aspiração, usualmente onde 
ocorre quando o alburno é transformado em cerne ou quando a madeira é seca. 
Aparentemente isto é resultado de altas tensões estabelecidas fornecendo um 
menisco na abertura das pontoações e nas aberturas da membrana através do 
movimento de saída da água (seiva). Em coníferas o torus sela as aberturas e, 
portanto bloqueando a passagem através da pontuação. 
Os pares de pontoações de madeira de coníferas, que podem explicar a 
diminuição na permeabilidade, afetando diretamente na secagem, particularmente 
em madeira de cerne. A aspiração da pontoação, nas quais o torus é seguro, muito 
justo contra a abertura, provavelmente por ligações de hidrogênio entre adjacentes 
cadeias de celulose tornando a passagem a água obstruída reduzindo a sua 
permeabilidade, na Figura 05 pode-se observar a pontoação areolada não aspirada 
(A) e aspirada (B). 
 
 
 
 
 
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13
FIGURA 05 - A) PONTUAÇÃO NÃO ASPIRADA; B) PONTUAÇÃO ASPIRADA 
 
 A 
 
 
 
 
 
 
 B 
 
 
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14
3.1.4 MASSA ESPECÍFICA 
A massa específica é uma das mais importantes propriedades físicas da 
madeira. A maior parte dos aspectos tecnológicos desta matéria-prima estão 
relacionados com a massa específica, a qual serve para avaliar e classificar 
uma madeira. 
A massa específica reflete-se também as características de resistência da 
madeira. Madeiras “pesadas” são em geral mais resistentes, elásticas e duras. Já 
madeiras com menor massa específica, tendem a apresentar menor resistência 
mecânica, estabilidade dimensional. 
A massa específica aparente da madeira é a relação entre a massa e o volume 
da mesma peça de madeira a um teor de umidade conhecido em g/cm3 ou em 
kg/m3. A seguir será apresentada a fórmula utilizada para seu cálculo: 
 
( )3
U
U
AP cm/gV
MME =
 
Onde: 
MEAP = Massa Específica Aparente (g/cm3) 
M = Massa da peça de madeira (g) 
V = Volume da amostra de madeira (cm3) 
U = teor de umidade (0, 12, 15, 30 ou verde) (%) 
 
 
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15
TABELA 01 - MASSA ESPECÍFICA (DENSIDADE)- ME (KG/M3) 
ESPÉCIE ME verde 
(kg/m3) 
ME (12%U) 
(kg/m3) 
Balsa 830 120 
Kiri 860 220 
Guapurúvu 880 260 
Pinus 1000 450 
Pinho 1050 500 
Imbúia 1050 650 
Ipê 1150 850 
Ângico 1200 900 
Massaranduba 1250 1050 
 
A massa específica é influenciada por fatores internos e externos à madeira. 
Como fator interno destaca-se a estrutura anatômica do lenho. Dentre os fatores 
externos citam-se aspectos do local de crescimento das árvores, tais como, clima, 
solo, altitude, umidade do solo, declividade, vento, espaçamento e associação de 
espécies, bem como intervenções silviculturais do tipo adubação, poda, desbaste e 
densidade do povoamento. 
A correlação entre massa específica e a espessura dos anéis de crescimento é 
assunto desde há muito tempo. As principais conclusões indicam que em folhosas 
com porosidade em anel, a massa específica é diretamente proporcional a largura 
dos anéis de crescimento. Isto ocorre porque poros de grande diâmetro são 
formados apenas no início do anel de crescimento, de modo que em anéis largos há 
maior percentagem de lenho tardio. Folhosas de porosidade difusa quase não se nota 
variação relativa à largura dos anéis, devido à estrutura relativamente homogênea 
do lenho. 
Em coníferas, a massa específica aumenta com a diminuição da largura dos 
anéis de crescimento. Quanto mais largo o anel, maior a percentagem de lenho 
primaveril, o qual tem baixa massa específica. 
 
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16
3.1.4.1 Influência dos Extrativos na Massa Específica 
A massa específica de uma madeira depende da quantidade de extrativos que 
se encontram nas mesmas. A massa específica é usualmente determinada sem a 
remoção dos extrativos, resultando em avaliação excessiva da substância madeira. 
Estudos feitos com várias espécies de pinus levaram à conclusão de que a 
massa específica varia em função da retirada ou não dos extrativos. 
Em folhosas dá-se freqüentemente a formação de tilos. Estes são expansões 
vasiculares de células parequimáticas que penetram nos lúmens dos vasos através 
das pontuações. A presença de tilos causa dificuldade na secagem e na preservação 
da madeira, por obstruir os caminhos normais de circulação de líquidos, 
aumentando consideravelmente a massaespecífica da mesma. 
A presença de substâncias minerais em algumas espécies tais como cristais 
de oxalato de cálcio e sílica, também contribui para o aumento da massa específica 
de uma madeira. 
O conteúdo de resina aumenta a massa específica de uma madeira, a 
densidade desta substância varia em coníferas entre 0,985 à 1,073 g/cm3. A resina 
de Guaiacum é mais densa, da ordem de 1,23 à 1,25 g/cm3. Estes valores mostram 
claramente que a quantidade de resina influência decisivamente na massa específica 
da madeira. 
A influência de substâncias orgânicas e inorgânicas na massa específica da 
madeira foi constatada apenas para o alburno de certas espécies de árvores. 
 
3.1.4.2 Massa Específica no Interior do Tronco 
Devido ao fato dos anéis de crescimento variarem em espessura na direção 
medula até a casca, verificam-se nesta mesma direção variações correspondentes em 
massa específica. A madeira obtida de plantações ou povoamentos naturais de 
folhosas ou coníferas, folhosas e coníferas respectivamente, indica que a massa 
específica na referida direção, atingindo um valor mais ou menos constante após um 
certo número de anos. 
 
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17
Para as madeiras de coníferas, verifica-se geralmente um nítido aumento da 
massa específica a partir da medula, por um certo número de anéis. Em folhosas, 
devido ao papel preponderante desempenhado pelo cerne, manifesta-se geralmente 
uma diminuição da massa específica na mesma direção. 
A diferença de massa específica é especialmente notada em espécies que 
apresentam cerne distinto; nas com cerne fisiológico ou apenas alburno, as 
diferenças são menos sensíveis. Ao longo do tronco existem igualmente grandes 
variações em massa específica, encontrando-se valores máximos na base do mesmo, 
onde são requeridos de modo especial tecido rijos de sustentação, decrescendo a 
medida que diminui a distância em relação a copa. 
3.1.5 CONTRAÇÃO E O INCHAMENTO DA MADEIRA (ANISOTROPIA) 
A anisotropia traz como consequência diferentes valores para o inchamento e 
para a contração nos três sentidos de orientação da madeira. Esta diferença se deve a 
estrutura microscópica e submicroscópica da madeira. A maior alteração 
dimensional se manifesta no sentido tangencial, depois no sentido radial e 
finalmente no longitudinal, que por ser tão baixa, é normalmente negligenciada na 
prática. As relações entre as contrações verificadas nos diferentes sentidos indicam: 
10 (tangencial) : 5 (radial) : 0,1 (longitudinal). 
A pequena alteração no sentido longitudinal explica-se por estarem a maioria 
dos elementos estruturais constituintes da madeira organizados verticalmente, o que 
faz com que o número de paredes por cm2 seja bem menor neste sentido. Além 
disso, cada fibra de madeira tende muito pouco a se contrair axialmente devido a 
inclinação das micrifibrilas de celulose constituintes da parede celular propiciarem a 
contração da célula em sua seção, e não na direção do seu comprimento. Algumas 
vezes podem mesmo ocorrer contrações negativas ao longo da grã, isto é, a madeira 
pode ter dimensão axial um pouco maior na condição seca que verde. Na Figura 06, 
pode-se observar o comportamento físico sofrido pela madeira devido a anisotropia 
após a secagem. 
 
 
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18
FIGURA 06 – COMPORTAMENTO DA MADEIRA DEVIDO A ANISOTROPIA 
 
 
A mudança de volume da madeira que se verifica devido a desorção adsorção 
de água é considerada uma de suas propriedades físicas mais importantes, afetando 
e limitando consideravelmente o seu uso industrial em vários ramos de utilização. 
O aumento de volume ou inchamento de uma madeira, deve-se, 
principalmente, à inclusão de moléculas de água nos espaços submicroscópicos 
localizados entre as micelas, afastando-as, alterando as dimensões da madeira. Da 
mesma forma, a diminuição de volume deve-se a retirada de moléculas de água dos 
espaços mencionados por evaporação, ocasionando a aproximação das michelas e 
finalmente a retração da madeira. 
A anistropia de contração é a relação entre a contração máxima tangencial e a 
contração máxima radial. A avaliação da qualidade da madeira segundo sua 
anisotropia esta apresentada na tabela 02. 
 
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19
 
TABELA 02 – AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA MADEIRA SEGUNDO O COEFICIENTE 
 DE ANISOTROPIA 
 
 
Coeficiente de 
Anisotropia 
Qualidade da 
 Madeira 
< 1,5 Madeira muito estável 
1,6 até 2,0 Média baixa 
2,0 até 2,5 Média alta 
>2,6 Madeira muito instável 
 
 
Madeiras que apresentarem alta Contração Volumétrica, alta Anisotropia de 
Contração e Massa Específica elevada são madeiras com grandes dificuldades de 
secagem, devendo ser empregado programas de secagem brandos. 
3.1.6 PERMEABILIDADE 
É definida para os líquidos como a medida de maior ou menor facilidade de 
escorrimento em um material poroso, sobre a influência de um gradiente de pressão. 
A permeabilidade obedece a lei de Darcy, que estabelece que a permeabilidade é 
igual a razão entre o fluxo e o gradiente de pressão. O fluxo é definido como a razão 
de escorrimento por unidade de área de seção transversal em um determinado 
tempo, e gradiente de pressão, como a diferença de pressão que causa o 
escorrimento por unidade de comprimento do material poroso. Assim para uma 
amostra de madeira a equação de permeabilidade segundo SIAU (1971) é: 
 
( ) 



=
−
=
seg.dinas
cm.cm
A.t.P
L.V
L/PP
)T.A/(VPe
3
12
 
 
Onde: 
 Pe – Permeabilidade (cm3.cm); 
 V - Volume do líquido escorrido através da madeira (cm3); 
 t - Tempo de escorrimento (seg); 
 
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20
 P - Gradiente de pressão existente entre os extremos da madeira 
 (dinas/cm2); 
 A – Área da amostra (cm2); 
 L - Comprimento da amostra de madeira em direção ao escorrimento 
 (cm). 
3.1.6.1 Permeabilidade em Coníferas 
A condução de líquidos está relacionada com os traqueóides axiais e radiais e 
com suas pontoações areoladas, ocorre ainda por parênquima axial e radial com 
suas pontoações simples, e semiareoladas, por canais resiníferos, longitudinais, 
transversais e por células epteliais. Os traqueóides constituem em maior 
percentagem do volume (cerca de 93%). A translocação dos líquidos ocorre através 
destes elementos essenciais. 
A condução de líquidos ocorre nos sentidos, radial, tangencial e longitudinal. 
A permeabilidade é maior na direção longitudinal devido a facilidade do fluxo no 
sentido das fibras, para a permeabilidade na direção transversal, a condução radial é 
maior que a tangencial devido a maior permeabilidade dos traqueóides e dos 
parênquimas radiais. A permeabilidade na direção das fibras é 50 - 100 vezes maior 
que perpendicular as fibras. 
A permeabilidade do lenho tardio é maior do que a do lenho inicial, apesar de 
sua maior densidade, isto ocorre por razão do lenho tardio possuir membranas das 
pontoações areoladas mais resistentes a aspiração pela sua maior espessura de 
parede e rigidez. 
A permeabilidade do alburno é maior que do cerne, devido a maior 
quantidades de pontoações aspiradas e obstruções destas por resina existentes no 
cerne. O alburno submetido a secagem é 200 vezes mais permeável que o cerne. A 
permeabilidade em coníferas está controlada quase que exclusivamente pelas 
pontoações areoladas. As aspirações de pontoação se constituem em um importante 
fator da condução da água livre dentro da madeira, sendo a tensão capilar, a causa 
de sua ocorrência. 
 
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21
3.1.6.2 Permeabilidade nas Folhosas 
A condução de líquidos é realizada nos sentidoradial, tangencial e 
longitudinal como nas coníferas, através das suas pontoações as quais unem os 
elementos estruturais e pelas placas de perfuração dos vasos. 
A permeabilidade do alburno é maior que a do cerne e se realiza da mesma 
forma que nas coníferas exceto quando os vasos estão obstruídos por tiloses as quais 
reduzem a permeabilidade. A translocação de líquidos em folhosas é mais complexa 
que em coníferas devido o efeito dos poros por produzirem os tilos, madeiras com 
porosidade anelar a permeabilidade é maior que em madeiras com porosidade 
difusa. 
3.1.7 TEOR DE UMIDADE 
Uma árvore quando é recém cortada apresenta grande quantidade de água na 
sua estrutura, variando esta quantidade segundo a época do ano, região de 
procedência e a espécie florestal. Madeiras leves, por serem mais porosas 
apresentam maior quantidade de água que as madeiras mais pesadas. Da mesma 
forma o alburno, por ser formada por células cuja função principal é a condução da 
água, apresenta um conteúdo de umidade maior que o cerne. Em outras palavras a 
porcentagem de umidade varia muito entre as espécies, variando ainda, dentro da 
própria espécie e ainda dentro do tronco da árvore, tanto no sentido medula-casca 
como no sentido base-topo. 
A relação entre a água total e a matéria seca lenhosa é muito variável em uma 
peça de madeira, estando sujeita a influência de vários fatores, entre eles, a estrutura 
celular e a massa específica da madeira. 
O cerne não permite conteúdo de umidade elevado devido as substâncias 
fenólicas infiltradas e contidas em suas células, no entanto, o alburno pode 
acumular mais de 100% de seu peso em água, podendo chegar a 400% em 
madeiras muito leves exemplo; os álamos (Populus sp), balsa (Ochroma logopus) e 
o pinho cuiabano (Ceiba pentandra) entre outras. A água contida na madeira se 
 
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22
encontra sob diferentes formas (água livre ou capilar, e água de impregnação ou 
higroscópica) 
 
3.1.7.1 Água Livre (Capilar) 
É a água que se encontra ocupando as cavidades celulares o lúmen dos 
elementos vasculares, resultando numa condição de “verde” para a madeira. A 
quantidade de água livre que conter uma madeira esta limitada por seu volume 
poroso. 
Ao iniciar a secagem, a água livre vai saindo facilmente pela evaporação, já 
que é mantida na madeira através de forças capilares muito fracas, até o momento 
em que não se contém mais este tipo de água. Neste ponto a madeira estará no que 
se denomina “ponto de saturação das fibras” (PSF), que corresponde a um conteúdo 
de umidade entre 28 e 32%. Quando a madeira alcança este condição, suas paredes 
estão completamente saturadas, mas suas cavidades (lúmens) estão vazias. 
Um dos fatores limitante na secagem da madeira é a retirada da água capilar 
na forma líquida das cavidades das células da madeira. Normalmente, deve-se 
utilizar baixas temperaturas durante as etapas iniciais da secagem devido aos riscos 
associados à remoção rápida da água a altas temperaturas. Deve-se desenvolver 
curvas de secagem específicas para cada espécie de madeira e até mesmo entre a 
mesma espécie dependendo do uso final do produto a ser gerado. 
Durante esta fase de secagem, a madeira não sofre variação dimensional, 
nem alterações de suas propriedades mecânicas. Por esta razão, o PSF é muito 
importante desde o ponto de vista físico-mecânico e de algumas propriedades 
elétricas da madeira. 
3.1.7.2 Água de Impregnação (Higroscópica) 
É água que se encontra nas paredes celulares, também é chamada de água de 
impregnação ou higroscópica. Exista uma teoria de que a água de impregnação esta 
constituída por hidrogênios fixados principalmente por grupos hidroxilas da 
 
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23
celulose, das polioses e em menores quantidades na lignina formando pontes de 
hidrogênio. 
Durante a secagem da madeira, quando está perdeu sua água livre por 
evaporação e continua secando-se, a perda de umidade ocorre com maior lentidão 
até chegar a um estado de equilíbrio higroscópico com a umidade relativa da 
atmosfera circundante. 
Para maioria das espécies, o equilíbrio higroscópico esta entre 12 e 18% de 
conteúdo de umidade, dependendo do lugar de onde se realiza a secagem. A 
madeira seca ao ar livre só pode alcançar estes valores de umidade de equilíbrio. 
Para obter conteúdos de umidade menores, deve-se recorrer a secagem artificial. 
Se o movimento da água capilar é relativamente simples de ser 
compreendido nos seus aspectos físico e matemático, o mesmo não ocorre com o 
movimento da água de impregnação e do vapor de água, que ocorrem 
simultaneamente por meio de difusão em um tipo de transporte conhecido como 
transporte em estado instável. Nessas condições, o fluxo de umidade e o gradiente 
são variáveis no espaço e no tempo. 
A água higroscópica move-se por difusão através das paredes celulares, em 
conseqüência de forças originadas pelo gradiente de umidade. A contribuição do 
vapor d’água, para a quantidade total de água movimentada, pode ser desprezada 
nas condições normais de secagem. A rapidez ou facilidade de secagem (coeficiente 
de difusão da água higroscópica) varia diretamente com a temperatura e a umidade, 
inversamente com a densidade e depende da direção estrutural da madeira. 
3.2 FATORES FÍSICOS DA SECAGEM 
A secagem da madeira pode ser definido como um balanço dinâmico entre a 
transferência de calor do fluxo de ar para a madeira, superfície de evaporação da 
madeira, difusão da umidade através da madeira e a vazão de massa da água livre 
(HART, 1966). 
A transferência de calor e a superfície de evaporação pelas condições 
externas, e o movimento da umidade do interior para a superfície é controlado 
 
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24
principalmente pelas propriedades da madeira, como: permeabilidade e a massa 
específica. O equilíbrio entre os fatores externos e internos é atingido durante a 
secagem em estufa através do programa de secagem. 
Segundo PONCE E WATAI (1985), o teor de umidade pode variar muito, 
desde 30 até 200% em relação ao seu peso seco. após a derrubada da árvore, a 
madeira começa a perder umidade “seiva”, para o meio ambiente. 
Segundo KOLLMANN (1959), a água existente na madeira pode ser 
classificada de duas maneira: 
• água livre ou capilar: localizada nos lumens celulares e espaços 
intercelulares, retida por forças capilares. 
• água de impregnação ou higroscópica: aquela que se encontra nas 
camadas polimoleculares nos espaços submicroscópicos da parede 
celular, ligada por forças elétricas conhecidas como pontes de hidrogênio. 
Estes dois tipos de água desempenham funções diferenciadas no processo de 
secagem da madeira. Enquanto que a água capilar é mais importante para as 
propriedades térmicas e elétricas. A água higroscópica age principalmente sobre as 
propriedades físicas e mecânicas da madeira, SANTINI (1996). 
3.2.1 MOVIMENTO DA CAPILAR NA MADEIRA 
Segundo KOLLMANN & CÔTÉ (1968), afirmam que, a cima do PSF, o 
movimento de umidade do interior para a superfície é causado por forças capilares, 
e segue as leis de Poiseuiele, a qual descreve este tipo de movimento de uma 
maneira. Em um capilar cheio com determinado líquido, o movimento de água é 
produzido pelas diferenças existentes em tensão, devido as forças existentes na 
superfície do menisco dentro do capilar. a força de tensão “T” em um menisco 
balanceado de um capilar com raio “r”, pode ser calculado utilizando-se a equação 
abaixo demonstrada: 
 
 
 
 
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25
T Hxd d
dxr
xd t
r
= = =
β 2 
 
onde: 
T = tensão capilar, g/cm3 
H = altura de ascensão do líquidono capilar em, cm 
d = densidade da água, g/cm3 
r = raio do capilar, cm 
β = tensão superficial da água, g/cm 
 
Pode ser observado na figura 01, um menisco balanceado e outro não 
balanceado. A pressão do vapor sobre o menisco balanceado(côncavo) é menor que 
a pressão de vapor sobre o menisco não balanceado (plano), existindo portanto o 
movimento de água capilar da direção do menisco mais côncavo em função do 
gradiente de pressão criado pela evaporação na superfície superior e condensação na 
inferior. 
Segundo STAMM (1964), o movimento capilar é favorecido pelo aumento 
da temperatura, pela existência de bolhas de ar no interior das células e pelo 
aumento do diâmetro das pontuações. 
 
 
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26
Figura 01 - Esquema simplificado do movimento de água em um capilar 
 (adaptado de KOLLMANN & CÔTÉ, (1968)) 
 
3.2.2 MOVIMENTO DE DIFUSÃO DA ÁGUA NA MADEIRA 
Abaixo do PSF o movimento da umidade através da madeira é considerado 
um fenômeno de difusão. A água de impregnação move-se através das paredes 
celulares por um gradiente de umidade, evapora e atravessa as cavidades celulares 
por um gradiente de pressão de vapor, torna a condensar para atravessar as paredes 
celular, e assim sucessivamente até atingir a superfície da madeira (HART, 1975). 
Esta passagem de água de impregnação através das paredes celulares deve-se 
ao “pulo molecular ao acaso” onde a moléculas pularam de um local de adsorsão 
para outro apenas quando a força atraente e o trabalho de abrir a estrutura da 
madeira forem maiores que as forças atraentes do local de origem. Logicamente as 
moléculas adsorvidas na segunda camada ou em camadas moleculares subsequentes 
terão mais facilidade de se mudar do que as moléculas da primeira camada. O 
 
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27
movimento do vapor d’água através das cavidades celulares, câmaras de 
pontuações, aberturas da membrana da pontuação e espaços intercelulares é 
estabelecido quando grande parte das forças capilares cessam ficando nas cavidades 
celulares apenas ar e vapor d’água, estabelecendo-se assim um gradiente de pressão 
de vapor resultante de diferenças de umidade relativa do ar confinado nestes 
espaços e do ar que envolve a madeira. 
Como o fluxo e o gradiente são variáveis no tempo e no espaço, quando 
seca-se a madeira, a segunda lei de FICK representada abaixo, é a que melhor 
expressa o fluxo por difusão. 
dm
dt
Dg d M
dx
=
2
2 
onde: 
dm/dt = quantidade de umidade removida (m) na unidade de tempo (t) 
Dg = coeficiente de difusão médio (cm2/s) 
d M
dx
2
2 = variação da umidade na distância (x) 
 
 
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28
3.2.3 PROCESSO FÍSICO DA SECAGEM 
No processo de secagem da madeira é fornecida energia térmica para 
promover a retirada da umidade da madeira. A quantidade de energia necessária 
para retirada da água varia com o teor de umidade que a madeira apresenta, como 
pode-se observar no Gráfico 01. 
3.2.3.1 Transferência de calor na secagem da madeira 
A transferência de calor à superfície da peça de madeira ocorre por 
convecção forçada (ventilação) e da superfície para o interior da madeira por 
condução (molécula a molécula). 
No início da secagem, quando a madeira está verde, a transferência de calor à 
superfície é o fator mais importante, onde, altas velocidades do ar favorecem uma 
secagem mais rápida. A medida que a madeira vai perdendo umidade o processo 
físico de transferência de calor por difusão vai ganhando maior importância, não 
sendo necessário grandes velocidades do ar. Atualmente existem equipamentos com 
capacidade de variar a velocidade do ar durante a secagem da madeira. 
3.2.3.2 Transferência de massa na secagem da madeira 
A transferência de massa de moléculas de água ocorre do interior à superfície 
da peça de madeira por capilaridade até aproximadamente o ponto de saturação das 
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 20 40 60 80 100 120 140
Teor de Umidade (%)
En
er
gi
a 
(c
al
/g
)
 
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29
fibras (PSF + 30%) e abaixo do PSF a transferência de massa ocorre por difusão. 
Da superfície da peça de madeira para o meio secante a transferência de massa 
ocorre por difusão (moléculas d'água). 
3.2.3.3 Fases da secagem 
! Fase - 1 Retirada da água livre 
Ocorre o movimento capilar da água do interior para a superfície da madeira, 
sofrendo uma redução da umidade de forma linear, sem causar a contração da 
madeira . 
! Fase - 2 Retirada da água livre e higroscópica 
Esta fase tem inicio quando o movimento capilar é bastante reduzido no 
interior da madeira, iniciando o movimento de difusão para retirada da 
água de impregnação. Nesta fase a convecção começa a perder em 
importância, passando a ser mais importante a transferencia de calor por 
condução. 
O movimento de massa por difusão passa a ser intensamente interno e 
externo. A difusão na madeira (interna) chamada impedida, ocorre por 3 
caminhos; 
! Lúmen – Pontoação - Lúmen – pontoação meio exterior. 
! Lúmen – Parede – Lúmen – Parede – meio exterior (80 a 90%) 
! Da parede celular para o meio exterior 
 
PROCESSO DE DIFUSÃO é a transferência de moléculas de água de um 
zona de alta pressão de vapor para outra de menor pressão de vapor gera um 
movimento expontâneo que ocorre através dos gradientes de pressão. 
A difusão da água fixada na parede celular é considerada um fenômeno 
molecular chamado “pulo molecular ao acaso”. O coeficiente de difusão aumenta 
rapidamente com o aumento do teor de umidade (a mobilidade das moléculas 
adsorvidas aumenta com o aumento da polimolecularidade de fixação). A lei geral 
de Fick quando aplicada a madeira, os valores calculados teoricamente representam 
o dobro dos valores experimentais no sentido longitudinal e 30 vezes no sentido 
 
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30
tangencial, atribuída a difusão impedida. Os principais fatores que influem no 
coeficiente de difusão são proporcionais a temperatura e ao gradiente de umidade e 
inversamente proporcionais a massa específica e a estrutura anatômica. 
 
O TRANSPORTE DE UMIDADE DURANTE A SECAGEM DA MADEIRA É UMA 
COMBINAÇÃO DO MOVIMENTO POR DIFUSÃO E POR CAPILARIDADE. 
 
! Fase – 3 
A importância da convecção é muito pequena, sendo a condução muito 
importante. O movimento de massa é somente por difusão interna e externamente. 
Obs. O ideal é manter a fase 1 o máximo de tempo possível 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.4 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DA MADEIRA 
3.2.4.1 Método de secagem em estufa 
O conteúdo de umidade da madeira é afetado pelo ambiente e pelas 
características intrínsecas da espécie. A umidade afeta na trabalhabilidade, no 
desempenho do produto e na venda do mesmo. 
O método de secagem em estufa é utilizado para determinar o teor de 
umidade da madeira, envolvendo a pesagem de amostras (peso inicial). A seguir, as 
amostras são colocadas em estufa à temperatura de 103 + 20C, até peso constante. O 
fase 1 -Linear 
fase 2 - parabólica 
fase 3 -Exponencial 
50% U 
Tempo (h) 
Umidade (%) 
 
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31
peso das amostras são consideradas constantes, quando após sucessivas pesagens 
não haja mudança na leitura (+ 0,5g) num intervalo de tempo de 1 hora. 
O teor de umidade (TU) da madeira é a relação entre a massa de água 
presente em uma peça de madeira pela massa seca desta peça (anidra). Seu valor 
numérico se expressa em porcentagem. 
A determinação da umidade deve ser realizada em amostras retiradas da 
carga de madeira submetida à secagem. Abaixoesta representada a fórmula da 
umidade. 
 
( )%100
MS
MSMUTU ×−= 
Onde: 
TU = Teor de umidade da amostra (%); 
MU = Massa Úmida da amostra (g); 
MS = Massa seca da amostra (g). 
 
O número de amostras a serem retiradas depende da situação local, mas deve 
ser representativo do lote. É fundamental que sejam retiradas as amostras a uma 
distância de pelo menos 30cm dos topos, para evitar erros na determinação. 
A determinação da umidade é muito importante na secagem da madeira pois 
ela irá definir o momento da mudança de fase no programa de secagem da madeira. 
Ela é utilizada para definir o peso das amostras de controle. 
A principal desvantagem do método de determinação da umidade em estufa é 
o grande período de tempo necessário para obter o peso constante das amostras (20 
a 60 horas, dependendo do tamanho da amostra) e que a peça deve ser parcialmente 
destruída para obter as amostras. A determinação correta do teor de umidade inicial 
é chave para a correta secagem da madeira. Existem outros aparelhos desenvolvidos 
para determinar a umidade das amostras com maior velocidade (20 minutos). Tais 
métodos utilizam lâmpada infravermelho e utilizam pequenas partículas como 
amostra. 
 
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32
3.2.4.2 Método por Aparelho Elétrico 
Várias tecnologias permitem a estimativa do teor de umidade da madeira a 
partir das suas propriedades elétricas. Os instrumentos mais tradicionais são os que 
medem a resistência a passagem da corrente elétrica, sendo disponíveis no mercado 
medidores que usam campos elétricos de alta freqüência. 
Os sensores do tipo resistência usam sensores metálicos que são cravados na 
madeira, enquanto que os medidores de alta freqüência usam sensores de contato. 
As características da variação da resistência elétrica da madeira com a massa 
específica e com a temperatura indicam a necessidade de correção para 
temperaturas diferentes da qual o medidor foi calibrado. 
Atualmente é comprovado que a conhecida escala de classificação existente 
nos medidores mais antigos (madeiras leves, médias e pesadas), não é mais 
apropriada. Uma vez que a madeira é um material isolante, a passagem da corrente 
elétrica pela madeira irá depender mais da água contida no material (umidade) e da 
presença de íons (composição química) do que da espessura da parede da fibra ou 
quantidade de madeira (massa específica) propriamente dita, podendo ser 
comprovado comparando a medida da umidade em um medidor elétrico para duas 
madeiras de massa específica semelhante no Gráfico 02. 
 
 
GRÁFICO 02 – COMPARAÇÃO ENTRE O TEOR DE UMIDADE REAL E O TEOR DE 
 UMIDADE OBTIDA NO MEDIDOR ELÉTRICO 
 
0
20
40
60
80
100
10 20 30 40 50 60 70
U midade Real (% )
M
ed
id
or
 E
lé
tr
ic
o 
(%
)
C UMAR U IPÊ
 
Fonte Ivaldo Jankovisky - revista VETAS Ano III No2 
 
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33
 
Os medidores elétricos utilizam agulhas que devem ser cravadas 
paralelamente à direção das fibras, porque dependendo da espécie de madeira a 
resistividade pode ser duas ou três vezes maior na direção normal às fibras. As 
agulhas devem penetrar na madeira aproximadamente 1/3 da espessura da peça 
devido a presença de gradientes de umidade na mesma, obtendo-se desta forma o 
teor de umidade médio existente na madeira. 
Os medidores dão resultados menos acurados que o método da estufa, porém 
o teor de umidade pode ser determinado imediatamente. Normalmente, a escala dos 
medidores oscila de 5 a 30% de umidade, porque acima do PSF a variação da 
resistência é praticamente constante. na Figura 07, pode-se observar um medidor 
elétrico utilizado para medir a umidade na industria. 
 
FIGURA 07 – MEDIDOR ELÉTRICO UTILIZADO PAR MEDIR A UMIDADE DA MADERIA 
 
3.3 FATORES INERENTES AO AMBIENTE DE SECAGEM 
Tanto na secagem em estufa como na secagem ao ar livre a água é removida 
da superfície da madeira por evaporação. A velocidade de evaporação é controlada 
 
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34
pela temperatura, umidade relativa e pela velocidade do ar que passa pela pilha de 
madeira. Para entender a mecânica do processo de secagem é necessário 
familiarizar-se com as leis da evaporação e suas relações com os parâmetros de 
controle. 
3.3.1 TEMPERATURA 
O calor é necessário para evaporar a umidade da madeira. Quanto mais alta a 
temperatura do ar maior é a taxa de saída de umidade do interior da madeira para a 
superfície. Fisicamente o calor é a fonte de energia da qual as moléculas de água 
contidas na madeira adquirem energia cinética necessária para sua evaporação. A 
velocidade de evaporação depende da quantidade de energia (calor) aplicada por 
unidade de tempo e da capacidade do meio (ar) para absorver umidade da madeira. 
No interior da peça de madeira também ocorre um incremento no coeficiente 
de circulação das moléculas de água. Ex.: a 80OC a velocidade das moléculas de 
água é cinco (5) vezes maior que a 25OC. Conclui-se, portanto que a temperatura é 
um fator de aceleração da evaporação já que, quanto mais elevada a temperatura do 
ambiente que cerca a madeira, mais intensa será a evaporação posto que o ar poderá 
absorver mais umidade. 
Em estufa a energia fornecida é por convecção, enquanto que na secagem ao 
ar livre a energia é fornecida por radiação direta do sol, elevando a temperatura da 
superfície da peça de madeira gerando defeitos (empenamentos e 
rachaduras),devido o gradiente de umidade gerado e pela constante variação de 
contração e inchamento da peça de madeira. É importante ressaltar que a 
temperatura mais a umidade relativa do ar irão determinar o clima na estufa de 
secagem e o equilíbrio do conteúdo de umidade da madeira. 
O controle da temperatura para muitas espécies é o fator de maior influência 
no processo de secagem. Madeiras medianas ou leves (coníferas) a temperatura 
ideal para obter uma qualidade excelente da madeira fica em torno de 70 a 90OC. 
Para uma qualidade regular pode chegar a uma temperatura de 120OC. Para madeira 
de peso médio e pesadas a temperatura fica em torno de 60 a 80OC. Algumas 
 
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35
espécies de folhosas sofrem descoloração com umidade relativa acima de 65% e 
temperaturas acima de 60OC, devidas reações químicas ocorridas com a lignina e as 
polioses. A temperatura é medida em estufa por meio de um termômetro de bulbo 
seco (TBS), do psicrômetro em OC. a seguir será apresentada a transformação de 
grau Fahrenheit em grau Centígrado: 
 
)32F(
9
5C OO −×= 
Onde: 
oC – graus Celsius 
oF – graus Fahrenhei 
 
 
3.3.2 CARACTERÍSTICAS DO AR 
O ar tem peso e, portanto, exerce uma pressão sobre a superfície terrestre. Se 
pesar uma coluna de ar de um centímetro quadrado de seção que se estenda desde 
da superfície da terra até o limite exterior da atmosfera, se encontraria um peso de 
1033kg ou seja 1033kg/cm2 sobre a superfície da terra. Esta é uma pressão 
equivalente a de uma coluna de 76cm de mercúrio (HG) ou de uma coluna de água 
de 10,33m. O ar contém vários gases entre eles temos: Nitrogênio (N2), Oxigênio 
(O2), e outros. Entre os outros gases temos o vapor d’água. 
A pressão de vapor d’água em determinado ambiente, determina o 
movimento da umidade e portanto a velocidade de secagem da madeira. Nem todas 
as moléculas têm a mesma velocidade algumas se movem mais rápidas outras mais 
lentas. Quando as moléculas com alta velocidade alcançam a superfície da madeira, 
sua energia cinética alcançada lhe permite vencer a força de tração da molécula 
escapando do líquido na forma de vapor. Retornando a forma líquida ao encontrar 
com a superfície do líquido (condensação).Prof. Dr. Ricardo Jorge Klitzke 
36
3.3.2.1 Pressão Parcial de Vapor (P) 
É a quantidade de vapor d’água medida de um determinado ambiente a uma 
dada temperatura. A pressão parcial de vapor pode variar de zero, em ar 
completamente seco, até a ambiente completamente saturado com 100% de 
umidade relativa. 
3.3.2.2 Pressão de Vapor Saturado (PO) 
A pressão de vapor d’água saturado (Po) é a quantidade máxima de um 
determinado ambiente em absorver moléculas d’água a uma dada temperatura. 
Quando a pressão de vapor saturada for igual a pressão de vapor parcial a umidade 
relativa será igual a 100%. No Gráfico 03 pode-se observar a influência da 
temperatura na pressão absoluta do ar. 
GRÁFICO - 03 CAPACIDADE DO AR DE ABSORVER UMIDADE EM FUNÇÃO DA 
 TEMPERATURA (g/cm3) 
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Temperatura (ºC)
Pr
es
sã
o 
Ab
so
lta
 (g
/c
m
3 )
0
20
40
60
80
100
120
U
m
id
ad
e 
R
el
at
iv
a 
(%
)
0 2010 30 70605040 80
 
3.3.3 UMIDADE RELATIVA (UR) 
A umidade relativa determina a capacidade de secagem do ar. Ar seco 
(contém baixa umidade relativa) tem alta capacidade de secagem e absorver mais 
 
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37
umidade na forma de vapor d’água. A capacidade de secagem é afetada diretamente 
pela umidade relativa do ar e pela temperatura do mesmo. 
Aquecer o ar, aumenta a capacidade de secagem, porque a elevação da 
temperatura causa uma queda na umidade relativa do ar, desta maneira, pelo 
controle da umidade relativa é possível controlar a taxa de saída de umidade, 
controlando as tensões que se desenvolvem na madeira devido a contração durante a 
secagem. 
A umidade relativa é relação entre a pressão de vapor parcial e a pressão de 
vapor saturado. A seguir é apresentada a fórmula utilizada para o cálculo da 
umidade relativa do ar. 
100)
P
P(UR
O
×= (%) 
Onde: 
UR = Umidade Relativa do ar; 
P = Pressão de vapor parcial (g/cm3); 
Po = Pressão de vapor saturado (g/cm3). 
Na Figura 08, pode-se observar o desenho esquemático da variação da 
capacidade do ar em absorver vapor dá água em sua estrutura, variando sua 
temperatura. A pressão de vapor saturado será a mesma independente da quantidade 
de ar presente sempre que a temperatura permanecer-se constante. (Lei de Dalton). 
 
FIGURA 08 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA VARIAÇÃO DA CAPACIDADE DO 
 AR EM ABSORVER VAPOR D’ÁGUA NA SUA ESTRUTURA EM MESMO 
 AMBIENTE VARIANDO SOMENTE A TEMPERATURA 
 
50OC20
OC 100OC
 
 
 
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38
A medição da umidade relativa é realizada pelo higrômetro (em laboratórios) 
para condições naturais e para temperaturas inferiores a 50OC a medição se baseia 
no cabelo humano. Quando o cabelo se alonga a umidade relativa do ar é alta e 
quando se contrai a umidade relativa é baixa. A contração e o alongamento do 
cabelo é transmitido a uma agulha que indica o valor correspondente da umidade 
relativa do ar no instante medido. 
Outra forma de medir a umidade relativa é por meio do psicrômetro (TBS / 
TBU), utilizado nas câmaras de secagem. Consiste de dois termômetros idênticos 
(PT100) sendo que, um deles o bulbo permanece livre (TBS), medindo a 
temperatura do ambiente. O outro termômetro, chamado de termômetro de bulbo 
úmido (TBU) sua parte sensitiva é coberta com uma tela de algodão úmida a qual 
fica mergulhada dentro de um reservatório com água limpa, normalmente ocorre 
uma diferenciação entre as duas temperaturas medidas. 
! Deve-se utilizar sempre água destilada ou da chuva; 
! Deve-se evitar incrustações as quais impedem a evaporação da água 
alterando a leitura do TBU; 
! Se a água flui muito rapidamente pelo bulbo ocorre um resfriamento 
exagerado do termômetro, ocasionando erro de leitura. 
A diferença entre o TBS e o TBU irá ocorrer devida um resfriamento 
causado pela evaporação de parte da água contida na tela, medindo a temperatura 
ambiente menos a perda de calor causado pela evaporação. A diferença entre as 
temperaturas medidas no TBS e no TBU são entradas em uma tabela, obtendo-se 
desta forma a umidade relativa correspondente no instante medido. Quanto maior a 
diferença entre os dois termômetros menor será a umidade relativa do ambiente. No 
entanto, se os dois termômetros estiverem com a mesma temperatura, significa que 
a umidade relativa é igual a 100% (P = Po). Na Figura 09, pode-se observar um 
psicrômetro de laboratório para determinação da umidade relativa do ar. 
 
 
 
 
 
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39
 
FIGURA 09 – APARELHO UTILIZADO PARA MEDIR A UMIDADE RELATIVA, 
 HIGRÔMETRO (A) E PSICRÔMETRO(B) 
 
 
 A B 
 
O controle da umidade relativa dentro da câmara de secagem é obtida através 
de: 
! Injeção de vapor vivo; 
! utilização de uma tina para promover o aumento da umidade relativa; 
! Controlando as entradas e saídas de ar (umidade relativa alta – abrindo, e 
umidade relativa baixa – fechando). 
Existe uma relação entre a umidade da madeira e a umidade relativa do 
ambiente numa temperatura constante. Se a umidade relativa do ar aumenta a 
umidade da madeira também aumenta e inversamente, se a umidade relativa 
diminuir a umidade da madeira também irá diminuir. 
 
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40
3.3.4 PONTO DE ORVALHO (PO) 
A umidade relativa ambiental é normalmente inferior a 1, indicando que a 
pressão existente de vapor, ou pressão parcial (P) é menor que a pressão de 
saturação (Po). Quando a temperatura de um ambiente ou de um objeto é abaixada, 
chega-se a um ponto que ocorre a condensação de vapor d’água na superfície do 
objeto. Esse ponto é denominado temperatura do ponto de orvalho. Do ponto de 
vista físico, com a diminuição da temperatura há um abaixamento da pressão de 
saturação de vapor (Po) até o valor que ela se torna igual à pressão de vapor parcial 
de vapor (P) à temperatura inicial, resultando que Po fica igual a P, ocorrendo à 
condensação do vapor d’água. 
O ponto de orvalho ocorre quando há uma redução repentina na temperatura, 
fazendo com que a pressão parcial de vapor d'água atinja a pressão saturada de 
vapor d'água ocasionado a formação de água na forma líquida (precipitação). 
3.3.5 VELOCIDADE DO AR 
A velocidade do ar controla a evaporação da água no processo de secagem. A 
circulação de ar fresco através da pilha expulsa a umidade da superfície da madeira. 
Suas funções principais: 
! Transmitir energia necessária para aquecer a água contida na madeira 
facilitando a sua evaporação. 
! Transportar a umidade retirada da madeira. 
A camada de ar estagnante na superfície da madeira sempre irá existir, esta 
camada reduz a eficiência na transferência de calor na superfície da madeira. 
Quanto menor a espessura da madeira mais rápida será a remoção da umidade da 
superfície da madeira. 
Uma corrente de ar turbulento é muito mais eficaz do que uma corrente de ar 
laminar, pois reduz a espessura da camada de ar estagnante podendo desta forma 
obter maior eficiência na transferência de calor para a superfície da madeira. A 
velocidade do ar é muito importante nas primeiras etapas da secagem artificial 
(forçada em câmara), ela reduz o tempo quando bem explorada. Velocidades do ar 
 
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41
maiores devem ser aplicadas no inicio da secagem se for possível. A importância da 
velocidade do ar diminui à medida que o teor de umidade da madeira se aproxima 
do ponto de saturação das fibras (30%), podendo obter uma redução significativa no 
consumo de energia. A velocidade do ar perde eficiência abaixo do PSFpor iniciar 
o processo de retirada da umidade contida na parede celular por difusão, sendo este 
um processo físico extremamente lento de retirada da água da madeira. 
Para a secagem ser rápida e uniforme é indispensável que a circulação do ar 
seja forte e regular. (câmara convencional em torno 2,0m/s). Quando se utiliza 
velocidade do ar acima de 2m/s a qualidade da madeira poderá ser comprometida, 
causará uma elevada taxa de secagem gerando altos gradientes de umidade na peça 
de madeira podendo resultar em rachaduras e empenamentos. Em madeiras 
altamente permeáveis (pinus) é possível utilizar maiores velocidades. 
3.3.6 UMIDADE DE EQUILÍBRIO (UE) 
A madeira é um material higroscópico, isto é, possui a capacidade de tomar 
ou ceder umidade em forma de vapor. Quando úmida perde moléculas de vapor 
d'água para a atmosfera e quando seca, pode absorver vapor d'água do meio. Existe 
um momento em que a madeira deixa perder ou de ganhar moléculas d'água, este 
momento é chamado de equilíbrio higroscópico da madeira. 
Fisicamente a umidade de equilíbrio ocorre quando a pressão interna de 
vapor d'água na parede celular for igual a pressão externa de vapor d'água. Ela varia 
de espécie para espécie. A umidade de equilíbrio é obtida em função da umidade 
relativa e da temperatura. Para determinar a umidade de equilíbrio utilizam-se 
tabelas (U.S.D.A. Forest Service). 
A umidade de equilíbrio é fundamental para a condução da secagem 
artificial, ela é afetada pela umidade relativa do ambiente, pela temperatura 
sofrendo influência da espécie, do teor de extrativos da porcentagem de cerne e 
alburno de uma mesma espécie. 
 
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42
A temperatura diminui a umidade de equilíbrio da madeira para uma 
considerada umidade relativa. A seguir será apresentada no Gráfico 04 a umidade 
de equilíbrio de algumas cidades brasileiras. 
 
GRÁFICO - 04 UMIDADE DE EQUILÍBRIO DE ALGUMAS CIDADES BRASILEIRAS NO 
 PERÍODO DE UM ANO 
0
5
10
15
20
25
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
Período
U
m
id
ad
e 
de
 E
qu
ilí
br
io
 (%
)
Manaus São Paulo Curitiba Cuiabá Brasília
 
 
Em secagem natural a madeira irá secar até a umidade de equilíbrio da 
região, nunca abaixo da mesma. Em uma região seca e quente a madeira apresentará 
uma umidade de equilíbrio menor que o encontrado em uma região fria e úmida. 
Secando madeira ao ar livre, o tempo requerido para alcançar a umidade de 
equilíbrio é muito longo (meses) e, portanto em muitas ocasiões é aconselhado 
recorrer a secagem artificial para reduzi-lo 
A madeira quando sofre um processo de beneficiamento normalmente deve 
conter um teor umidade recomendado dependendo do uso final. Muitas vezes este 
teor de umidade está abaixo da umidade de equilíbrio obtida na secagem natural, 
sendo necessário introduzir condições climáticas especiais que permitam que a 
madeira alcance o teor de umidade de equilíbrio desejado, somente alcançado por 
meio da secagem artificial em câmaras especiais. A seguir será apresentado na 
Tabela 03 o teor de umidade recomendada em função do uso final da madeira. 
 
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43
TABELA - 03 TEORES DE UMIDADE FINAIS RECOMENDADOS PARA ALGUNS 
 PRODUTOS DE MADEIRA 
 
PRODUTOS UMIDADE (%) 
Madeira serrada comercial 16 – 20 
Madeira para construção externa 12 – 18 
Madeira para construção interna 8 – 11 
Painéis (compensado, aglomerado, chapas de fibras, etc.) 6 – 8 
Pisos e lambris 6 – 11 
Móveis para interiores 6 – 10 
Móveis para exteriores 12 – 16 
Equipamentos esportivos 8 – 12 
Brinquedos para interiores 6 – 10 
Brinquedos para exteriores 10 – 15 
Equipamentos elétricos 5 – 8 
Embalagens 12 – 16 
Formas de calçados 6 – 9 
Coronhas de armas 7 – 12 
Instrumentos musicais 5 – 8 
Implementos agrícolas 12 – 18 
Barcos 12 – 16 
Aviões 6 – 10 
Fonte: Ponce e Watai 1985 
 
3.3.7 GRADIENTE DE UMIDADE (GU) 
Somente em madeira recém cortada se encontra uma distribuição mais ou 
menos uniforme do conteúdo de umidade através da seção transversal de uma peça. 
Assim que comece a secagem seja natural ou artificial, a distribuição do conteúdo 
de umidade no interior da peça se modifica. De forma simples pode-se explicar a 
secagem da madeira como um resultado do movimento da umidade desde o interior 
até a superfície, onde se evapora e escapa para a atmosfera circundante. 
Ao colocar-se uma peça de madeira úmida em contato com um ambiente 
seco inicia-se a evaporação da água presente nas capas superficiais, enquanto que as 
capas internas permanecem ainda úmidas. A diferença entre o teor de umidade do 
 
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44
centro da peça e da superfície denomina-se gradiente de umidade (GU), 
significando que quanto maior a diferença entre o teor de umidade da superfície e 
do centro mais elevado o GU, quer dizer eu quanto maior a diferença entre o teor de 
umidade da superfície do centro, mais rapidamente secará a madeira e 
inversamente, se o gradiente for baixo, o tempo de secagem aumentará causando 
um aumento nos custos de secagem. Na figura 10 pode-se observar o gradiente de 
umidade desenvolvido num peça de madeira. 
 
FIGURA 10 – GRADIENTE UMIDADE NA MADEIRA 
 
 
Na secagem artificial da madeira é importante estabelecer um GU ótimo que 
determina o tempo de secagem sem ocorrer riscos de ocasionar danos a madeira. 
Elevado GU causa um conteúdo de umidade abaixo do PSF nas partes externas da 
peça de madeira, as quais, ficam impedidas de contrair porque as capas internas 
ainda contém muita água livre (acima do PSF), gerando tensões na madeira que 
podem ocasionar deformações, podendo causar interrupções na circulação da água 
pela formação de uma capa muito seca que obstrui o fluxo capilar da umidade 
originando-se o fenômeno chamado endurecimento superficial, causar rachaduras 
internas ou de superfície, etc. Na secagem natural não tem condições de controlar o 
GU da peça de madeira. 
 
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45
3.3.8 POTENCIAL DE SECAGEM (PS) 
No processo de secagem artificial existem dois valores que são de grande 
importância para estabelecer o comportamento da secagem. Estes valores são; o teor 
de umidade atual (TUatual) da madeira em um determinado momento e o conteúdo 
de umidade de equilíbrio (UE) que depende das condições do ambiente do secador. 
A relação entre os dois valores se denomina potencial de secagem (PS). O potencial 
de secagem irá determinar a forma e o progresso da secagem da madeira. Ele pode 
ser calculado da seguinte forma: 
 
UE
TUatualPS =
 
Onde: 
PS = Potencial de secagem; 
TUatual = Teor de umidade atual calculado (%); 
UE = Umidade de equilíbrio calculado (%). 
Potenciais de secagem elevados produzem altas taxas de secagem reduzindo 
o tempo, causando uma secagem excessiva das capas superficiais da madeira com o 
risco de formação de tensões internas, gretas, deformações e endurecimento 
superficial. Um valor ótimo do potencial de secagem depende de vários fatores: 
espécie, espessura da madeira, TU inicial , tipo de câmara, etc. Madeiras que 
apresentem coeficiente de anisotropia de contração elevado (acima de 2,5) deve-se 
adotar baixo potencial de secagem em torno de 2,0 (moderado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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46
Curso de Secagem da Madeira 
MÓDULO - 02 
 
4 PREPARAÇÃO DA MADEIRA PARA SECAGEM 
4.1 PREPARAÇÃO DA CARGA 
4.1.1 ESPÉCIE (MASSA ESPECÍFICA) 
A velocidade que a madeira perde umidade está em função de sua própria 
natureza e de alguns fatores externos como a temperatura a umidaderelativa do ar e 
a circulação do ar. A massa específica é uma variável de muita importância na taxa 
de secagem, pois normalmente quanto maior a massa específica menor a 
permeabilidade da madeira e mais lenta deverá ser a sua secagem, seja natural ou 
artificial. Segundo a literatura, a velocidade de secagem é inversa a raiz quadrada da 
massa específica da madeira. No entanto ocorrem exceções ocasionadas por 
características de permeabilidade. 
Uma mesma espécie de madeira composta somente de alburno secará mais 
rapidamente do que uma madeira composta de cerne, no entanto, a madeira de 
alburno apresenta um teor de umidade inicial muito mais elevado que a do cerne. 
A madeira quando estiver sendo preparada para secagem deve ser separada 
em classes de massa específica, principalmente se for para secagem artificial. O 
ideal é que não haja misturas de espécies nas câmaras de secagem. 
 
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47
4.1.2 ESPESSURA DA MADEIRA 
A espessura irá influir diretamente no tempo de secagem propiciando o 
surgimento de defeitos na madeira (rachaduras e empenamentos), quando a secagem 
não for bem conduzida. Quanto maior a espessura da madeira, maior será o tempo 
de secagem. A espessura oferece uma importância muito grande no processo de 
secagem, deve-se tomar cuidados na preparação desta madeira, evitando-se a 
mistura com espessuras diferentes apesar de mesma espécie. 
Segundo a literatura o tempo de secagem de uma madeira pode ser estimado 
pela seguinte fórmula: 
 
1
2
1
2
2 T)E
E(T ×= 
Onde: 
 
T2 = Tempo de secagem estimado (horas); 
E2 = Espessura da madeira à estimar o tempo (cm); 
E1 = Espessura da madeira com tempo de secagem conhecido (cm); 
T1 = Tempo de secagem da madeira da espessura E1 (horas). 
 
A rapidez da secagem é afetada pela remoção de água da superfície 
indiretamente proporcional à espessura da peça de madeira. Quanto maior a 
espessura da madeira maior será a quantidade de parede celular à ser atravessada 
 
 
 
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48
4.1.3 TEOR DE UMIDADE INICIAL 
A estimativa do teor de umidade inicial é de fundamental importância no 
processo de secagem da madeira, principalmente na secagem artificial, pois a 
condução da secagem com relação as variáveis envolvidas na programação é 
balizada na umidade inicial. Na secagem artificial toda a carga de madeira presente 
no interior da câmara deve apresentar um teor de umidade médio muito bem 
representado. A carga a ser seca somente irá apresentar uma secagem homogênea se 
a umidade inicial for bem determinada. Na Figura 11 pode-se observar a retirada 
das amostras para determinação do teor de umidade inicial assim como, a retirada 
das as amostras para controle da secagem pelo processo manual. 
 
FIGURA 11 – RETIRADA DAS AMOSTRAS PARA AVALIAR A UMIDADE 
 INICIAL AS TENSÕES INTERNAS 
 
 
 
 
 
 
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49
4.1.4 SEPARADORES (TABIQUES) 
São peças utilizadas no empilhamento para separar as camadas do material 
em secagem de maneira a deixar espaços onde o ar possa circular durante o 
processo de retirada da umidade. Os tabiques devem ser obtidos, preferencialmente 
de madeiras estáveis e duras, de grã reta e tanto quanto possível isentas de defeitos. 
Antes de utilizados devem ser secos em estufas e empilhados longe do solo, bem 
apoiado para não deformarem e sua seção transversal deverá ser uniforme em todo 
seu comprimento. 
A correspondência entre a espessura dos separadores e as peças se devem a 
capacidade de evaporação da água que tem a madeira segundo sua espessura. 
Igualmente, a distância entre os separadores esta em função da espessura das peças, 
quanto mais finas, menor deverá ser a distância entre os tabiques para evitar 
deformações. Nas áreas de contato dos tabiques com as peças a secagem é 
retardada, portanto não convém usar mais tabiques do que o necessário. Os tabiques 
devem apresentar de preferências sua largura maior do que sua altura para facilitar 
ao tabicador no momento do gradeio. A seguir será apresentada a relação entre a 
espessura das peças e a espessura dos tabiques e ainda qual sua distância ideal. 
 
 
 
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50
TABELA 04 – CARACTERÍSTICAS DOS TABIQUES 
Espessura das 
tábuas 
(mm) 
Espessura dos 
separadores 
(mm) 
Distancia entre os 
separadores (mm) 
Menos de 20 20 300 – 400 
20 – 30 25 400 – 500 
30– 40 30 500 – 600 
40 – 50 35 700 – 800 
50 – 60 40 900 
Mais de 60 45 1000 
 
 
Na prática, é difícil armazenar tabiques com diferentes dimensões para serem 
utilizados de acordo com a madeira que se pretende secar, principalmente quando se 
trabalha com material de diferentes espécies e espessuras. Nessas condições, a 
experiência irá determinar a espessura ideal de tabique a utilizar. Os tabiques 
separadores são elementos valiosos na secagem e devem ser manipulados com 
cuidado, os mesmos serão utilizados muitas vezes na secagem da madeira. 
 
4.1.5 EMPILHAMENTO (GRADEAMENTO) 
Além de acomodar a carga, o empilhamento deve facilitar a circulação do ar 
através das camadas de peças de madeira. Os tabiques devem ser colocados 
transversalmente com relação ao comprimento da tábua. 
O empilhamento pode ser realizado manual ou mecanicamente. Quando se 
realiza por meios mecânicos, se utilizam equipamentos especialmente 
desenvolvidos para tal função. Esta operação consiste somente em colocar um sobre 
 
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51
o outro. A altura das pilhas pode chegar até a 5m, mas normalmente não ultrapassa 
1,2m. pilhas muito altas tornam-se muito instável devido sua esbelteza. 
É importante ressaltar que os separadores colocados nos extremos das pilhas 
devem formar um plano com a superfície transversal das tábuas. Desta maneira 
controla-se a rachadura dos extremos, ao retardar-se o secamento destas zonas. O 
alinhamento no sentido vertical dos tabiques também é outro fator importante sendo 
indispensável para minimizar ao máximo a propensão a defeitos principalmente 
empenamentos pode-se observar na Figura 12, a maneira correta de gradeamento. 
 
FIGURA 12 – FORMA DE GRADEAMENTO CORRETO E INCORRETO 
 
 
Para facilitar o trabalho de empilhamento e manter a uniformidade da fileiras 
e dos tabiques separadores, se utilizam algumas guias portáteis que acomodam os 
tabiques. A seguir pode-se observar na Figura 13, um desenho esquemático da 
maneira de construção do suporte base para o tabicamento manual correto. 
 
 
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52
FIGURA 13 -GABARITO PARA GRADEO DA MADEIRA 
 
 
 
 
 
Intercalando cada pilha ou pacote de madeira, são utilizados blocos com seção 
transversal normalmente quadrada com uma altura de aproximadamente 4cm para 
facilitar a colocação e retirada do pacote ou pilha pela empilhadeira. 
 
 
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53
4.2 SECAGEM AO AR LIVRE E EM ESTUFA 
A madeira pode ser seca ao ar livre (secagem natural) ou em câmaras próprias 
(secagem artificial). A secagem ao ar livre é normalmente feita em ar aberto e 
raramente sob cobertura ao passo que na secagem artificial é utilizado câmara 
própria que requerem instrumentação especial para criar um clima controlado 
artificialmente num espaço fechado, onde a temperatura, umidade relativa e a 
circulação de ar são controladas. 
Na secagem ao ar, a possibilidade de controle é muito limitada ou não 
inexistente. Apesar disso, a secagem ao ar não é inferior a secagem em estufa 
considerando a qualidade do produto final. Entretanto a secagem ao ar requer mais 
tempo durante a qual o capital fica imobilizado e

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