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Reforma_Psiquiatrica_no_Brasil.pdf

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REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL: UMA HISTÓRIA DE DESAFIOS E CONQUISTAS 
 
Agnelo Pereira da Silva Junior
1
 
 
Resumo: Trata se de um artigo científico que baseia se em uma pesquisa bibliográfica que investiga a história e os 
desafios da reforma psiquiátrica no Brasil e a experiência que um estudante de Psicologia viveu durante dois meses 
dentro de um Centro de Atenção Psicossocial. Essa reforma pretende construir um novo estatuto social para o doente 
mental, que lhe garanta cidadania, incluindo direitos e deveres como cidadão, o respeito a sua individualidade, 
promovendo o resgate da capacidade do sujeito de participar do universo das trocas sociais, de bens, palavras, afetos. A 
proposta da reforma psiquiátrica é a desativação gradual dos manicômios, levando a aqueles que sofrem de transtornos 
mentais uma maior qualidade de vida, dignidade e a possibilidade de conviver livremente na sociedade. 
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica. Psicologia. Qualidade de Vida. 
Introdução: Ao longo de 13 anos, a lei 10.216/01 conhecida como a Lei Paulo Delgado vem contribuindo diretamente 
para a abertura de serviços substitutivos aos Hospitais Psiquiátricos (HPs), como os Centros de Atenção Psicossocial, as 
Residências Terapêuticas, os Centros de Convivência entre outras iniciativas, como projetos culturais a fim de construir 
um novo imaginário social em torno da loucura. Nesse sentido, a Reforma Psiquiátrica Brasileira, para além de contribuir 
para o processo de construção de serviços substitutivos, tem o objetivo de desconstruir a ideia de tratar o louco com o 
isolamento, e de devolver-lhe o direito ao convívio social e a possibilidade de desenvolver suas subjetividades e 
cidadania. 
 Compreende-se que a consolidação e efetivação dos princípios da Reforma Psiquiátrica no Brasil somente serão 
realizadas com o fortalecimento dos movimentos sociais na luta pela saúde e através de uma atuação conjunta de 
trabalhadores da saúde mental, na defesa do Sistema Único de Saúde. Por fim, se faz necessário um investimento 
econômico e político nas ações e programas que, de fato, defendam a perspectiva da desinstitucionalização e do 
cuidado ampliado em saúde mental. 
Metodologia: No presente artigo, foi feito uso da pesquisa-ação que é um tipo de pesquisa participante engajada, em 
oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como “independente”, “não reativa” e “objetiva”. Como o próprio 
nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a 
compreensão como parte da prática. Portanto, é uma maneira de se fazer pesquisa em situações que também se é uma 
pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta. 
 Uma das características deste tipo de pesquisa é que através dela se procura intervir na prática de modo inovador já no 
decorrer do próprio processo de pesquisa e não apenas como possível consequência de uma recomendação na etapa 
final do projeto. 
 Essa metodologia se encaixou perfeitamente com o estágio no CAPS II, pois vou aqui falar sobre a reforma psiquiátrica, 
e o CAPS é uma das metodologias adotadas para a luta contra os HPs. 
 O CAPS II é um lugar de referência e tratamento para pessoas em sofrimento psíquico ou transtorno mental, cuja 
severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado semiaberto. O CAPS II realiza 
atendimento interdisciplinar e psicossocial, onde a pessoa vem encaminhada ao serviço e não a um profissional 
específico. 
Discursão: O movimento da Luta Antimanicomial que nasce profundamente marcado pela ideia de defesa dos direitos 
humanos e de resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais. 
 Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que, mais do que denunciar os manicômios como 
instituições de violências, propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, 
profundamente solidárias, inclusivas e libertárias. 
 A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, 
incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se deem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam 
de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a 
atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência 
em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, 
da cultura e do lazer. Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-
social que ocorre na época. 
Conclusão: Em um momento de grande precariedade, falta de investimento e desgaste das políticas sociais, a 
rearticulação da luta política e social em torno das mesmas são ações mais do que necessárias para que possamos 
viabilizar o direito a saúde, habitação, educação, assistência entre outros direitos que são apontados pela Constituição 
 
1
 Acadêmico de Psicologia da Faculdade Maurício de Nassau, campus Parnaíba; agnelojr@live.com. 
 
 
 
Federal de 88, considerada como um marco histórico e legal no que diz respeito aos direitos humanos e a garantia dos 
mesmos pelo Estado. 
 Assim, consideramos que a política de saúde mental nos país, assim como o movimento pela Reforma Psiquiátrica, 
ainda não estão consolidados na cena social e sofre carências de recursos políticos para o seu fortalecimento. 
Faz-se necessário caminhar na direção de maiores investimentos em mobilizações políticas e sociais que possam 
garantir, de forma sólida, um maior compromisso político, social e econômico com as políticas sociais, assim como a 
política nacional voltada para o campo da saúde pública e atenção psicossocial.

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