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20715 Resumo Aula2 DireitoCivil Obrigacoes

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Direito Civil II – Obrigações e Contratos 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Direito das Obrigações (continuação) ........................................................................ 2 
1.1 Elementos estruturais da relação jurídica obrigacional ................................... 2 
1.1.1 Elementos subjetivos ................................................................................... 2 
1.1.2 Elementos objetivos .................................................................................... 5 
1.1.3 Elementos abstratos .................................................................................... 6 
1.2 Teoria dualista da obrigação ............................................................................. 9 
1.3 Obrigação propter rem ................................................................................... 15 
1.4 Modalidades de obrigação ............................................................................. 17 
1.4.1 Obrigações simples .................................................................................... 17 
 
 
 
Direito Civil II – Obrigações e Contratos 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Direito das Obrigações (continuação) 
 
1.1 Elementos estruturais da relação jurídica obrigacional 
São elementos que integram a relação jurídica obrigacional: 
a) elementos subjetivos: credor e devedor; 
b) elementos objetivos: objeto mediato e objeto imediato; e 
c) elementos abstratos: débito e responsabilidade. 
 
1.1.1 Elementos subjetivos 
1.1.1.1 Credor 
Inicialmente, quando se olha para uma relação jurídico-obrigacional, é possível 
vislumbrar um sujeito ativo, a quem se atribui direito subjetivo patrimonial de crédito. 
Tal direito subjetivo patrimonial de crédito é um direito pessoal e de conteúdo 
econômico, que, na parte geral do Código Civil, é classificado como coisa ou bem móvel, por 
definição legal. 
Essa definição (bem móvel) é importante para se estabelecer o tipo de negócio 
jurídico que pode ser realizado em torno do crédito. 
O credor pode ser uma pessoa natural, uma pessoa jurídica, ou, até mesmo, um ente 
despersonalizado, desde que este tenha legitimidade para figurar na relação jurídica em 
questão. 
Exemplo de ente despersonalizado que tem legitimidade para figurar em relação 
jurídico-obrigacional como credor: condomínio edilício, que pode cobrar as cotas 
condominiais. 
O credor deve ser sujeito determinado e, apenas, excepcionalmente, determinável. 
Ele deve ser um sujeito determinado, porque, em sendo uma relação pessoal, o 
pagamento só será eficaz se realizado efetivamente em favor dele (credor). 
Então, somente aquela pessoa determinada pode exigir o crédito respectivo, e o 
pagamento só terá eficácia liberatória se feito em favor deste, que é o credor determinado 
da relação obrigacional. 
Aqui, vale a máxima “quem paga mal, paga duas vezes”, pois, via de regra, o 
pagamento feito à pessoa errada não tem efeito liberatório. 
Direito Civil II – Obrigações e Contratos 
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Essa ideia de relação pessoal já foi, num passado remoto do direito romano, uma 
relação personalíssima. Hoje, em regra, ela não é uma relação personalíssima. Ela pode ser 
personalíssima apenas de modo excepcional. 
O caráter personalíssimo da relação levava à seguinte consequência: por ser 
personalíssimo, o crédito não podia ser transmitido, com exceção apenas para o direito 
sucessório causa mortis em relação aos herdeiros. Não era admitida, portanto, a cessão do 
crédito a terceiros. 
Tempos depois, a cessão de crédito passou a ser admitida. 
Com a expansão do comércio, passou-se a ver na circulação do crédito um 
mecanismo importante de circulação de riquezas. 
 Então, a ideia de caráter personalíssimo cedeu à ideia de pessoalidade, de 
determinação do sujeito, mas não, necessariamente, de intransmissibilidade. 
Hoje, com exceção de algumas relações de caráter personalíssimo (como obrigação 
de alimentos), o crédito pode circular, ser cedido a terceiros. 
No direito romano, como não havia possibilidade da cessão de crédito, para que o 
crédito circulasse, os romanos desenvolveram a figura da novação. 
A novação subjetiva era um mecanismo de fazer com que aquele direito pudesse 
passar a titularidade da outra pessoa sem que isso violasse o caráter personalíssimo da 
relação obrigações. 
A novação dá-se da seguinte forma: Extingue-se a obrigação para com o credor, e 
outro credor firma com o devedor uma obrigação nova, de modo que esse novo credor 
confere os recursos necessários para que a obrigação seja quitada para com o credor atual, 
subsistindo apenas a relação personalíssima entre o devedor e o novo credor. 
Por fim, em relação ao credor, convém questionar: 
 Pode-se afirmar que o credor só tem direitos? 
Analisando-se apenas a prestação principal (dar, fazer ou não fazer), o credor pode 
ser visto como aquele que tem apenas direitos. Nesse caso, trata-se de uma relação simples, 
onde só há um credor, um devedor e uma prestação. 
Assim, numa perspectiva tradicional, vista a partir apenas da prestação, é possível 
afirmar que o credor é exclusivamente detentor de direitos. 
Por outro lado, analisando-se a questão do princípio da boa-fé, ou seja, atinente aos 
deveres implícitos, não será possível afirmar que o credor só tem direitos. Na perspectiva da 
boa-fé, o credor também possui os deveres decorrentes desta. 
 
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1.1.1.2 Devedor 
Quase todas as considerações feitas em relação ao credor se aplicam ao devedor. 
Assim, o devedor também se insere numa relação pessoal, embora não seja 
necessariamente personalíssima. 
Sendo a relação de caráter pessoal, o devedor deverá ser sujeito determinado e, 
apenas em situações excepcionais, o devedor poderá ser determinável. 
A determinação do sujeito passivo também é essencial à estrutura da relação 
obrigacional. Ora, diferentemente dos direitos reais, em que há sujeito passivo 
indeterminável, por serem direitos oponíveis erga omnes, aqui, a determinação do sujeito é 
relevante para que o credor possa cobrar o devedor, só podendo fazê-lo se tiver 
conhecimento de quem é o efetivo devedor. 
Excepcionalmente, admite-se que o devedor não seja determinado: se houver apenas 
uma inicial indeterminação, com possibilidade de determinabilidade. Esta 
indeterminabilidade inicial é uma situação transitória, pois, de qualquer forma, o credor 
deverá ter conhecimento de quem é o sujeito passivo para que possa exigir a obrigação. 
Pode ser devedor uma pessoa natural, uma pessoa jurídica, ou, até mesmo, um ente 
despersonalizado, quando legitimado para figurar na relação jurídico-obrigacional. 
A pessoalidade, exigida tanto do credor, quanto do devedor,faz com que a cessão do 
débito (ou assunção de dívida) seja possível. 
Assim como comentado em relação ao crédito, no direito romano, a dívida não podia 
ser cedida a ninguém, haja vista o caráter personalíssimo. Também para resolver esta 
situação, utilizavam-se da novação. 
O Código de 1916 não previa a assunção de dívida. Mas, hoje, o Código Civil de 2002 
prevê expressamente a figura da assunção de dívida, também chamada de cessão de débito, 
como possibilidade de o devedor passar à outra pessoa a sua posição obrigacional. 
Afinal, o caráter pessoal da relação obrigacional não impede que a posição ativa ou 
passiva seja cedida à outra pessoa, ressalvadas as hipóteses de obrigação personalíssima. 
Observação: O direito brasileiro adotou a teoria dualista, que reconhece, no plano 
abstrato da obrigação, dois deveres diferentes: o débito e a responsabilidade. 
Na estrutura da relação obrigacional pode aparecer um terceiro sujeito, o qual não é 
credor, nem devedor, mas ele pode ser responsável. 
Como débito e responsabilidade são elementos diferentes para a teoria dualista, uma 
pessoa pode ser a efetiva devedora, e outra assumir a responsabilidade por ela. Esta pessoa 
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aparece como um garantidor, e esta posição de garantidor pode ser determinada por lei ou 
pela vontade das partes. 
O corresponsável não é devedor principal. Por isso, embora ele possa ter que efetuar 
o pagamento em consequência de sua corresponsabilidade, ele terá direito de regresso em 
face de quem realmente é o devedor, pela integralidade do valor que pagar. 
Conclui-se, portanto, que, além do devedor e do credor, pode haver, na relação 
obrigacional, uma terceira pessoa, que é corresponsável por aquela obrigação, mesmo sem 
ser devedor daquela prestação. Exemplos: a fiança, a aval, o empregador em relação aos 
atos ilícitos do empregado, os pais pelos atos ilícitos dos filhos menores e incapazes, etc. 
 
1.1.2 Elementos objetivos 
1.1.2.1 Objeto imediato 
O objeto imediato denomina-se prestação. Prestação é sempre uma conduta do 
devedor em favor do credor. 
Quando se entende que a prestação é uma conduta, subentende-se que o credor não 
tem os poderes de imediatamente usar, fruir, dispor ou reaver coisas, ainda que essas coisas 
sejam objeto mediato (bem da vida) da relação obrigacional. 
Toda relação obrigacional é, antes de tudo, uma relação intermediada pela conduta 
do devedor. É uma relação de interdependência. É uma relação de coordenação e não de 
subordinação da coisa. 
O conteúdo da prestação é sempre patrimonial. Não há prestação, em sede de 
obrigações civis, que não sejam de valor econômico, ou seja, valoráveis economicamente. 
Importante assinalar que, ter sempre valor econômico não significa que a prestação 
seja sempre líquida. Ainda que a prestação não tenha valor líquido imediato, ela deve ser 
passível de ser liquidada economicamente em momento posterior. 
Agora, se há a prática de uma conduta sem qualquer valor econômico, sem 
possibilidade de ser liquidada economicamente, esta conduta será um dever, e não uma 
prestação. 
Obrigação civil, no sentido jurídico, é aquela que tem por objeto uma prestação 
economicamente apreciável. A patrimonialidade é elemento indispensável. 
Nas obrigações de dar, de fazer e de não fazer, a consequência do descumprimento é 
a mesma: a conversão desse comportamento em pecúnia. Para tanto, é indispensável que 
seja possível valorar economicamente o comportamento. 
 
Direito Civil II – Obrigações e Contratos 
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1.1.2.2 Objeto mediato 
É o bem da vida economicamente apreciado. 
Considerando a pessoalidade destacada na análise do elemento subjetivo, e também 
o fato de que toda prestação é conduta, conclui-se que só se pode exigir a conduta de quem 
deve. 
Por isso que os efeitos de uma relação obrigacional, ordinariamente, restringem-se às 
próprias partes. É uma relação caracterizada pelos efeitos inter partes. 
Esta operação de efeitos inter partes, no entanto, possui exceção. 
Há determinadas obrigações que, na forma da lei, adquirem eficácia real, embora 
permaneçam obrigações. São, por isso, denominadas obrigações com eficácia real. 
São exemplos: (i) a obrigação do locador de dar preferência ao locatário na venda do 
imóvel locado, oponível, inclusive, ao terceiro adquirente, desde que o contrato de locação 
esteja averbado no Registro de Imóveis, nos termos da Lei de Locações; e (ii) o direito à 
vigência do contrato, chamada cláusula de vigência, que, uma vez estabelecida no contrato e 
averbada no Registro de Imóveis, torna o contrato oponível não só ao locador atual, como 
também ao futuro e eventual adquirente do imóvel, também nos termos da Lei de Locações. 
Atente-se para o fato de que uma obrigação com eficácia real é exceção, não 
podendo ser criada pela autonomia privada. Esta eficácia real decorre, necessariamente, de 
uma previsão legal. 
Veja-se, por exemplo, que a cláusula de preferência na compra e venda não possui a 
eficácia real prevista para a hipótese da cláusula de preferência da Lei de Locações. Por 
ausência de previsão legal, a cláusula de preferência na compra e venda só vale entre as 
partes, não havendo qualquer oponibilidade desta cláusula ao terceiro de boa-fé, mesmo 
que haja publicidade. 
Observação: Obrigação com eficácia real não se confunde com obrigação propter 
rem, e, da mesma forma, não se confunde com direito real. 
 
1.1.3 Elementos abstratos 
Segundo a teoria dualista, os elementos abstratos são: o débito e a responsabilidade. 
 
1.1.3.1 Débito 
O débito consiste no dever jurídico originário, no dever de prestação. 
 
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1.1.3.2 Responsabilidade 
A responsabilidade é um dever sucessivo, que consiste na responsabilidade 
patrimonial decorrente do ato ilícito ou do inadimplemento de uma obrigação. 
Veja-se que a responsabilidade é, portanto, o dever de reparar o dano que decorre 
dessas condutas: ato ilícito extracontratual ou o inadimplemento de uma obrigação nascida 
da vontade das partes ou da própria lei, e não paga no momento oportuno. 
A responsabilidade impõe uma sujeição do patrimônio do próprio devedor ou do 
corresponsável à pretensão do credor. 
A responsabilidade é mais ampla que o débito, pois ela abrange, não apenas a 
prestação em si, ou o valor econômico equivalente a esta prestação, como também a todas 
as outras perdas e danos que decorram da frustração daquele dever descumprido. 
 Desse modo, enquanto a prestação tem um limite econômico (líquido ou ilíquido), a 
responsabilidade é ilimitada, pois alcançará todos os danos produzidos na esfera do outro. 
Quando, numa relação jurídico-obrigacional, tem-se o credor, unido ao devedor em 
torno de uma prestação (dar, fazer ou não fazer), sendo atribuído ao credor um direito de 
crédito e, ao devedor, um débito, o qual tem por objeto a prestação, entende-se que, nesse 
momento,não se está a discutir perdas e danos. 
A única coisa esperada do devedor é que, no tempo, lugar e modo devidos, ele 
execute a obrigação respectiva e que esta obrigação tenha a sua extinção pelo modo 
normal, que é o adimplemento. 
Entretanto, se a relação obrigacional não se desenvolver espontaneamente, nos 
termos acima descritos, e esse dever não for voluntariamente adimplido, ou seja, ocorrer o 
inadimplemento voluntário, este ensejará uma responsabilidade civil. 
Observação: Exige-se a voluntariedade do inadimplemento porque, na teoria das 
obrigações, a responsabilidade do devedor, em regra, é subjetiva. A responsabilidade só será 
objetiva quando: (a) houver cláusula contratual expressa; (b) a lei aplicável estabelecer 
responsabilidade objetiva; ou (c) a atividade normalmente desenvolvida importar, por sua 
natureza, em risco elevado para o direito de outrem – artigo 927, parágrafo único do Código 
Civil. 
As obrigações civis são, portanto, caracterizadas por dois elementos abstratos: o 
débito (originariamente) e a responsabilidade (como dever consequente). 
É importante ter em mente que, o que dá às obrigações civis o seu caráter coercitivo 
é, justamente, a existência de uma possível responsabilidade. 
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Se, por ventura, este débito não for dotado de uma força coercitiva, não havendo 
previsão de uma imputação de responsabilidade no caso de inadimplemento voluntário, 
estar-se-á, portanto, diante de uma obrigação natural. 
Assim, obrigação natural é aquela obrigação em que há um débito, mas o 
ordenamento jurídico não dota esta obrigação de força coercitiva, não havendo 
responsabilidade. 
O Código Civil, ao mencionar a dívida de jogo, prevê: 
Artigo 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode 
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o 
perdente é menor ou interdito. 
O que o Código pretende dizer é que, nas dívidas de jogo ou aposta, não há a 
obligatio, o que significa que não há responsabilidade, existindo apenas o débito. 
A obligatio, no direito romano, era aquela que tinha força coercitiva, podendo gerar, 
portanto, a responsabilidade. 
As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam ao pagamento porque não possuem a 
obligatio, ou seja, não têm força coercitiva. Mas, se tais dívidas forem pagas, não será 
possível recobrá-las, porque isso importaria em repetição de indébito, o qual é inviável ao 
caso, pois, efetivamente, há o débito. 
Por outro lado, se se tratar de um jogo autorizado por lei (exemplo: loterias estaduais 
ou federais), a questão toma outros contornos, porque, nesse caso, a lei dota a obrigação de 
obrigatoriedade. Trata-se de obrigação civil, pois, se o sujeito ganhou em determinado jogo 
autorizado por lei, ele terá o direito de exigir coercitivamente o prêmio. 
O artigo 814 trata dos jogos e apostas não autorizados por lei, e os trata de modo 
diferente das obrigações civis, subtraindo-lhes obrigatoriedade, justamente, como modo de 
desestimulá-los. 
Também no caso da dívida prescrita, a consequência é torná-la uma obrigação 
análoga à obrigação natural. Quem não exerceu sua pretensão no momento oportuno, não 
fará jus a obrigar o outro ao pagamento. Extinta a pretensão, a obrigação perde sua 
coercibilidade, sendo equiparada a uma obrigação natural. 
Embora a dívida de jogo ou de aposta e a dívida prescrita sejam tratadas, de um 
modo geral, como obrigações naturais, por terem o elemento característico de ter o débito 
sem a responsabilidade, há determinadas situações em que o tratamento da dívida de jogo 
ou de aposta é diferente do tratamento dado à dívida prescrita. 
Por exemplo, não é vedada a novação de dívida prescrita. Já no caso da dívida de 
jogo ou de aposta, o entendimento predominante é que não se pode retirar a inexigibilidade 
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de dívida de jogo ou de aposta e burlar a lei através de uma novação. Não se pode dar, 
através de uma novação, uma exigibilidade a uma obrigação que já nasce sem força 
coercitiva por força de ordem pública. 
 
1.2 Teoria dualista da obrigação 
A adoção da teoria dualista permite reconhecer a existência de relações obrigacionais 
em que haja débito, mas não haja responsabilidade, como nos casos das dívidas de jogo e 
das dívidas prescritas. Também, a teoria dualista permite reconhecer a existência de 
responsabilidade sem débito. 
Pela mesma razão, admite-se também a presença de sujeitos na relação jurídica 
obrigacional que tenham responsabilidade sem serem os devedores. Isto é, que suportem os 
efeitos do inadimplemento, no todo ou em parte, mesmo sem terem tido a conduta 
inadimplente. 
Trata-se daquilo que Orlando Gomes denominava de responsabilidade sem débito 
próprio. Há um débito, mas este não é do próprio responsável, mas do devedor principal. 
Conforme já comentado, o devedor é quem assume a obrigação e é ele quem, 
ordinariamente, vai responder por isso. Mas pode haver um terceiro que assuma a 
responsabilidade, voluntariamente ou por força de lei, sem que ele seja o devedor. 
Então, nesse caso, o devedor tem o débito e a responsabilidade, e o responsável tem 
a responsabilidade sem, contudo, ter o débito. Ser corresponsável não significa ser 
codevedor. Além disso, ainda há a possibilidade de haver responsabilidade sem débito. 
Abaixo, algumas situações bem ilustram essas “conclusões”: 
1ª Hipótese: Responsabilidade sem prévia existência de um débito. 
Suponha-se que o sujeito ativo tenha um direito oponível erga omnes (por exemplo: 
um direito de personalidade). Este direito é oponível contra todos, ou seja, o sujeito passivo 
é a sociedade como um todo. 
Isso significa que todos têm um dever geral de conduta em relação ao direito de 
personalidade daquele sujeito. Não há uma prestação a ser desempenhada por alguém. Não 
existe um vínculo obrigacional unindo o sujeito ativo ao sujeito passivo. Nesse momento, 
não há uma prestação a ser adimplida. 
Mas, é possível que uma prestação surja, por exemplo, quando alguém (sujeito 
determinado) ignora o dever geral de conduta e comete ato ilícito extracontratual, na forma 
do artigo 186 do Código Civil. 
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A consequência disso está prevista no artigo 927 do Código Civil, que é o surgimento 
da responsabilidade civil. Ora, com a violação do dever geral de conduta, surgiu um dano e 
uma pretensão ao sujeito ativo de cobrar a reparação de forma coercitiva. 
Dispõe o artigo 927 do Código Civil: 
Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Esta é uma hipótese de responsabilidade em que, previamente, não havia qualquer 
vínculo obrigacional. 
Observação: Lembre-se da questão da mora nas obrigações e da consequente legal 
incidência de juros. Como sabido, a mora, enquanto não cumprimento espontâneo de umaobrigação, enseja, como consequência legal, juros de mora. 
A contagem desses juros dependerá do tipo de vínculo obrigacional. 
Na responsabilidade contratual, o devedor se encontrará em mora a partir do 
momento em que se tornou inadimplente. Já no caso da responsabilidade extracontratual, o 
devedor se encontrará em mora a partir do momento em que casou dano e não o reparou 
imediatamente. 
Nesse sentido, temos a Súmula 54 do STJ e o artigo 398 do Código Civil: 
Súmula 54, STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de 
responsabilidade extracontratual”. 
Artigo 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, 
desde que o praticou. 
2ª Hipótese: Responsabilidade sem prévia existência de um débito. 
Há um julgado do STJ (2014) sobre execução de música, com e sem a autorização do 
Ecad, que delimita muito bem a distinção entre a responsabilidade contratual e 
extracontratual, bem como o termo inicial de incidência dos juros em cada uma delas. 
No julgado, o STJ disse que, se o sujeito tem um estabelecimento, e este 
estabelecimento pretende executar obras musicais, é necessária autorização para 
reprodução de tais obras alheias, bem como o pagamento dos respectivos direitos autorais. 
Assim, a partir do momento que o sujeito vai ao Ecad e pede a autorização para a 
reprodução das obras musicais, fica obrigado ao pagamento dos direitos autorais, os quais 
serão periodicamente cobrados. Portanto, há um débito, há uma relação obrigacional. 
Se esta obrigação for líquida e com data certa de vencimento, a partir dessa data o 
sujeito será considerado inadimplente, estando em mora. 
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 Pergunta-se: Se a obrigação é por apuração periódica e, portanto, sem 
liquidez e sem data certa de vencimento, a partir de quando o sujeito estará em mora? 
Na medida em que o valor foi liquidado, o sujeito estará em mora a partir do 
momento em que o prazo de vencimento for ultrapassado. Ou, na medida em que o sujeito 
for acionado para pagamento em juízo, ele estará em mora a partir da citação inicial. 
Na hipótese apresentada, é necessária uma interpelação ao devedor pelo fato da 
prestação ser ilíquida, mas isso não retira a natureza contratual da obrigação. O sujeito 
obteve, contratualmente, autorização para executar as músicas, é devedor daquela 
obrigação. 
Por outro lado, suponha-se que o sujeito, deliberadamente, ignora a necessidade de 
autorização do Ecad e executa as obras musicais, com fins lucrativos, sem qualquer 
autorização. 
Futuramente, tal sujeito poderá ser acionado pelo Ecad, não em virtude de 
inadimplemento (haja vista inexistir vínculo obrigacional), mas em virtude de ato ilícito, qual 
seja a violação do direito alheio de ter preservados seus direitos autorais. 
 Nesse caso, o sujeito estará obrigado à reparação a partir de qual momento? 
O sujeito estará obrigado à reparação desde a execução, com fins lucrativos, das 
obras musicais alheias, sem autorização do órgão competente. 
Assim, em se tratando de responsabilidade extracontratual, os juros incidirão a partir 
do fato. 
3ª Hipótese: Responsabilidade contratual. 
Suponha-se que o sujeito contratou uma empresa de transporte, para que esta 
realizasse seu transporte pessoal e de suas bagagens. No destino, a empresa deveria 
entregar a bagagem ao sujeito, mas não o fez, sendo inadimplente nesta obrigação. 
Assim, o sujeito poderá imputar à empresa responsabilidade pelo extravio da 
bagagem, ou seja, poderá reaver o prejuízo decorrente. 
Veja-se que esta obrigação é contratual, mas ilíquida. Será necessário que o sujeito 
vá até juízo para interpelar a empresa. Através da citação inicial, portanto, passará a incidir 
juros de mora sobre o valor da indenização a ser arbitrada pelo juiz. 
Então, quando o consumidor contrata um serviço, os juros irão incidir a partir do 
descumprimento daquele contrato, se tiver data certa de vencimento e se se tratar de uma 
obrigação líquida. Se for uma obrigação ilíquida e sem termo certo, os juros incidirão a partir 
da citação inicial. 
4ª Hipótese: Responsabilidade contratual. 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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Da mesma forma, se o sujeito pagou uma dívida para o estabelecimento com quem 
havia contratado, e, por algum motivo, não houve contabilização desse pagamento, vindo o 
nome do sujeito a ser protestado em virtude de dívida já paga, deve-se ver que o sujeito tem 
uma relação contratual com esse estabelecimento, o qual falhou, gerando um dano. 
É certo que o estabelecimento poderá ser responsabilizado por isso, todavia, o valor 
da indenização não é imediatamente líquido, assim, será necessário acionar o 
estabelecimento em juízo, e os juros incidirão a partir da data da citação inicial. 
Há, aqui, um ato lesivo decorrente de uma falha contratual. 
5ª Hipótese: Responsabilidade extracontratual. 
Agora, imagine que o sujeito não contratou qualquer serviço, e, de repente, em 
pesquisa, descobre que seu nome foi inserido no cadastro de inadimplentes do SPC, porque 
determinado estabelecimento comercial inseriu seu nome lá. 
Descobre-se, posteriormente, que isso ocorreu porque um terceiro estelionatário 
utilizou-se do CPF deste sujeito para fazer a aquisição de uma passagem aérea. 
Ora, a companhia aérea inseriu o nome do sujeito na lista de inadimplentes em 
virtude de um contrato que o sujeito não celebrou. 
 Poderia o sujeito acionar as regras do Código de Defesa do Consumidor? 
Diz o artigo 17 do Código de Defesa do Consumidor que, nos casos decorrentes de 
falha no serviço, também pode ser equiparado ao consumidor a vítima do evento. 
Assim, o terceiro vitimado, equiparado ao consumidor, também terá direito de 
invocar a responsabilidade típica da relação de consumo, que é a imputação de 
responsabilidade objetiva pelo fato do serviço. 
Como a responsabilidade é extracontratual, os juros de mora sobre o valor do dano 
sofrido incidirão da data em que o nome foi indevidamente incluído no cadastro de 
inadimplentes (fato danoso), e não da data da citação inicial. 
Atente-se que a equiparação não significa colocar o sujeito na situação de 
contratante. A equiparação significa apenas conferir o regime de responsabilidade objetiva 
previsto no Código de Defesa do Consumidor. 
6ª Hipótese: Sujeito é codevedor, mas não é corresponsável. 
Dispõe o artigo 263 do Código Civil: 
Artigo 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos. 
Este artigo refere-se às obrigações indivisíveis, em que há mais de um devedor de 
uma mesma prestação, a qual não pode ser fracionada. 
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Atente-se que o artigo 263 não se refere à solidariedade, mas sim à indivisibilidade, 
de modo que, em tese, cada um deveria o seu, e a única razão de cada devedor dever o todo 
é que a prestação não se divide. 
Exemplo: Pedro, na qualidade de credor,tem direito a que lhe seja entregue um 
cavalo, tendo do outro lado, dois devedores, João e Manuel. Cada um deveria, em tese, a 
metade da prestação, mas a indivisibilidade da coisa (cavalo) faz com que a obrigação tenha 
que ser desempenhada de maneira única. 
Entretanto, esta prestação só se mantém indivisível enquanto ela corresponder a um 
cavalo. Se, por exemplo, o cavalo morrer, este se tornará um equivalente econômico. 
Suponha-se que o cavalo corresponda ao valor de R$ 20.000,00. Além do mais, é 
possível que esta perda gere outros prejuízos, como lucros cessantes e danos emergentes, 
os quais foram contabilizados no valor de R$ 10.000,00. 
Como sabido, na teoria geral das obrigações, via de regra, a responsabilidade é 
subjetiva. 
Assim, segundo o § 1º do artigo 263, se houver culpa de todos, eles responderão por 
partes iguais. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, 
responderão todos por partes iguais. 
 Pergunta-se: Por que eles não respondem solidariamente? 
Por que não há solidariedade. O que há é indivisibilidade. A obrigação era indivisível 
por absoluta impossibilidade de fracionamento. A partir do momento que a obrigação de 
converte em perdas e danos, cada devedor passa a ter sua parte, sendo cada devedor 
responsável por sua parte no inadimplemento. 
Isso vale para as obrigações constituídas previamente. 
Prevê o § 2º: 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas 
perdas e danos. 
Nesse caso, será preciso analisar a situação. Quando resolve para o não culpado, 
retorna ao status quo ante. Se ele recebeu alguma coisa, deverá devolver o dinheiro, pelo 
princípio do não enriquecimento sem causa. Se ele nada recebeu, ficará plenamente 
liberado da obrigação. 
Em relação ao culpado, este responderá pelo equivalente, mais perdas e danos. 
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Basicamente: para o devedor que não teve culpa, desfaz-se a obrigação, liberando o 
devedor e retornando ao status quo ante para que não ocorra enriquecimento sem causa. Já 
o devedor culpado responderá pelo equivalente, mais perdas e danos. 
Já no caso de solidariedade, previsto no artigo 279, o devedor não culpado 
responderá pela prestação, que é o valor do débito que ele solidariamente assumiu. 
Artigo 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, 
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só 
responde o culpado. 
No caso, o artigo 279 fala expressamente em débito solidário. 
Atente-se que o referido artigo não está dizendo que todos os devedores são 
responsáveis solidários. Ele está dizendo que todos os devedores têm um débito solidário. 
Não se fala aqui de codevedor, nem de corresponsável. 
Veja-se que, por este motivo, o artigo 279 é claro ao afirmar que, pelas perdas e 
danos, só responde o culpado. Ora, os devedores são solidários no débito, e não na 
responsabilidade. 
Pergunta-se: Os devedores poderiam se tornar corresponsáveis solidários? 
Sim, através de uma cláusula de corresponsabilidade pela reparação de eventuais 
danos. Do contrário, não se presume que os sujeitos sejam corresponsáveis pela reparação 
do dano. 
Já no caso da responsabilidade extracontratual, o artigo 942 do Código Civil traz a 
solidariedade na responsabilidade: 
Artigo 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam 
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos 
responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as 
pessoas designadas no art. 932. 
Aqui, a responsabilidade é solidária por força de lei, em virtude de uma 
corresponsabilidade por ato ilícito extracontratual. 
É importante não confundir esta hipótese com a responsabilidade contratual por 
inadimplemento de obrigação. Esta seguirá o regime de responsabilidade convencionado, e, 
se nada foi convencionado, seguirá a regra, que é a da responsabilidade subjetiva. Por fim, 
no caso de solidariedade em hipótese contratual, esta costuma ser em relação ao débito, e 
não, presumivelmente, em relação à responsabilidade. 
Conclusões: 
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a) A adoção da teoria dualista significa reconhecer que débito e responsabilidade 
não, necessariamente, andarão juntos. 
b) É possível que o sujeito seja codevedor, sem ser corresponsável, como ocorre com 
as obrigações indivisíveis e com as obrigações contratuais solidárias em que não se tenha 
previsto solidariedade para a responsabilidade (artigos 263 e 279 do Código Civil, 
respectivamente). 
c) Por outro lado, é possível ter corresponsáveis que não eram codevedores, que é o 
caso da fiança e também pode ocorrer no caso de responsabilidade civil extracontratual em 
que o vínculo obrigacional nasce com o fato lesivo. 
d) Há que se observar, também, que o legislador definiu, no artigo 942 do Código 
Civil, que, em havendo mais de um causador do dano na responsabilidade extracontratual, 
haverá responsabilidade solidária. 
 
1.3 Obrigação propter rem 
 A obrigação propter rem também é chamada de obrigação ob rem ou obrigação real, 
que são as obrigações da coisa. 
A despeito do nome, é preciso salientar que a obrigação não é da coisa. A obrigação é 
da pessoa. Não é um ônus real da coisa, que recai sobre um bem específico. Esta obrigação é 
da pessoa. O fato gerador é que é a titularidade de um direito real sobre a coisa. 
Exemplo de obrigação que não é propter rem: 
O banco “X” celebra o contrato de empréstimo com João, no valor de R$ 100.000,00, 
estabelecendo um débito, consistente em pagar ao banco “X” no tempo, modo e lugar 
devidos, com os encargos eventualmente ajustados. Se nada mais for convencionado, esta 
obrigação será quirografária, pessoal, cuja responsabilidade recairá sobre todos os bens de 
João (artigo 391 do Código Civil), de um modo geral. 
Mas, o banco pede uma garantia e João concede em garantia determinado imóvel de 
sua propriedade (valor: R$ 200.000,00), constituindo-se uma hipoteca, que dá ao banco um 
direito real de garantia sobre um bem específico. 
Todavia, diante da autorização do artigo 1475 do Código Civil, João decide vender o 
imóvel que, outrora, fora dado como garantia ao banco “X”. 
Antônio, novo proprietário do imóvel, não se torna o devedor do empréstimo de 
João, pois aquela relação obrigacional é pessoal e só afeta àquelas partes. 
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Mas, Antônio acabou se tornando alguém que poderá suportar os efeitos da 
responsabilidade pelo inadimplemento daquela obrigação. Mas não todos os efeitos. 
Antônio somente suportará os efeitos que recaiam sobre o imóvel em específico. 
Ocorre que, somando-se os valores dos empréstimos, bem como das taxas e juros do 
inadimplemento, o valor do débito de João chegou aR$ 300.000,00. 
Assim, o banco resolveu executar a hipoteca. Quem suportará os efeitos da hipoteca 
será Antônio, nos limites do imóvel, o qual foi avaliado em R$ 150.000,00. 
Se Antônio pagar o valor de R$ 150.000,00, ficará livre da expropriação. Caso 
contrário, o imóvel será executado e o restante do débito será cobrado exclusivamente de 
João. 
A obrigação propter rem é diferente. 
Inicialmente, é preciso destacar que uma obrigação será propter rem se prevista em 
lei com esta característica, pois a vontade das partes não torna uma obrigação propter rem. 
A lei prevê que aquela obrigação é atribuível a quem tenha a titularidade da 
propriedade ou de outro direito real sobre a coisa, que confira a posse dessa coisa. 
Por exemplo: A obrigação de água e esgoto não é propter rem porque a companhia 
quer que seja, ela só será propter rem se houver previsão legal no sentido de ser. 
Por tal razão, o STJ não reconhece como propter rem a obrigação decorrente do 
serviço de água e esgoto, entendendo como obrigação pessoal do usuário. 
O credor será aquele que, na forma da lei, tem um crédito propter rem, que enseja 
uma determinada prestação exigível do devedor, que é aquele que é titular do direito real 
sobre a coisa (proprietário, usufrutuário, promitente comprador que esteja na posse do 
imóvel). 
Esta prestação, embora decorra da coisa, no sentido de que o fato gerador é a 
titularidade do direito real sobre a coisa, ela não grava a coisa. Tanto que não é necessário 
levar a obrigação propter rem a qualquer registro. A dívida simplesmente é oposta a quem 
adquire esse direito. 
Então, como a dívida não está sequelando a coisa, significa que se este débito for 
inadimplido, a responsabilidade recairá sobre todos os bens indistintamente. 
A responsabilidade é pessoal do devedor, recaindo sobre seus bens indistintamente, 
e não apenas sobre a coisa que serviu como fato gerador da obrigação. A coisa não é 
garantia da dívida, nem é o meio necessário de satisfação da dívida. 
Pode ocorrer de o imóvel valer R$ 150.000,00, enquanto o valor da obrigação propter 
rem chega a R$ 200.000,00. O sujeito que adquiriu o imóvel se torna devedor, eis que 
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passou a ter a titularidade do direito real sobre a coisa. A ele poderá ser imputada a dívida 
toda, mesmo que o valor do imóvel não seja suficiente para cobri-la, pois, como os efeitos 
da obrigação não estão limitados ao imóvel específico, todo o patrimônio do devedor 
poderá ser atingido. 
A obrigação propter rem não adere à coisa, ela adere ao direito sobre a coisa. 
São obrigações propter rem: Cota condominial, por força do artigo 1.345 do Código 
Civil; IPTU; IPVA; Foro; dever de indenizar benfeitorias necessárias e úteis, por força do 
artigo 1.219 do Código Civil. 
Observação: Na execução hipotecária (execução da hipoteca como direito 
autônomo) não cabe penhora on line antes da penhora do próprio imóvel. Por sua vez, como 
já afirmado pelo STJ, na execução de cota condominial, é lícita a penhora on line antes da 
penhora do imóvel. 
Isso está correto porque a cota condominial é obrigação propter rem. Assim, a 
penhora não recai sobre bem específico, mas sobre bens do devedor, de um modo geral, 
devendo a penhora dos bens seguir a ordem preferencial do Código de Processo Civil, que 
determina, em primeiro lugar, a penhora de dinheiro. 
Se a penhora on line foi frutífera, não cabe ao devedor requerer a substituição pela 
penhora do imóvel, sob a alegação de ser a obrigação propter rem, nos termos da 
jurisprudência do STJ. 
 
1.4 Modalidades de obrigação 
Observação: Neste tópico não serão tratadas as modalidades já vistas, quais sejam, 
obrigações civis (dotadas de débito e responsabilidade, têm força coercitiva) obrigações 
naturais (possuem débito, mas não possuem responsabilidade, sendo desprovidas de 
coercibilidade), obrigações com eficácia real (obrigações contratuais que a lei permite sejam 
oponíveis a terceiros) e obrigações propter rem (independem de averbação ou registro e que 
são atribuíveis, por força de lei, a quem titulariza direito real sobre a coisa). 
 
1.4.1 Obrigações simples 
A obrigação será simples sempre que houver apenas um elemento de cada, ou seja, 
quando houver um só credor, um só devedor e uma só prestação. 
As obrigações simples podem ser: 
 
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1.4.1.1 Quanto ao objeto imediato: 
a) Positivas: quando se espera uma ação. Esta ação pode ser: 
 Dar: é a entrega, tradição da coisa; 
 Fazer: é a realização de um fato ou um serviço. 
b) Negativas: quando se espera um não fazer, o qual pode consistir em uma 
abstenção ou em uma tolerância. 
A distinção entre obrigação positiva e negativa tem relevância, por exemplo, no 
estudo do inadimplemento. 
Tradicionalmente, a doutrina entende que não se deve aplicar a expressão “mora” 
quando se tratar de obrigação negativa, devendo ser utilizada a expressão 
“inadimplemento”, razão pela qual o legislador, no capítulo dedicado à mora não fez 
referência è obrigação negativa. 
As obrigações negativas, entretanto, podem conservar a sua utilidade, mesmo depois 
de inadimplidas, caracterizando o denominado inadimplemento relativo e, neste ponto, 
assemelha-se à figura da mora.

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