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20715 Resumo Aula 01 DireitoCivil Obrigacoes e contratos

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Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
www.cursoenfase.com.br 
 
Sumário 
1. Prescrição e decadência (continuação) ...................................................................... 2 
1.1 Causas que impedem ou suspendem a prescrição ........................................... 2 
1.2 Causas interruptivas .............................................................................................. 2 
1.2 Prazos prescricionais em espécie .......................................................................... 7 
1.3 Decadência .......................................................................................................... 10 
2. Direito das Obrigações .............................................................................................. 13 
 
 
 
Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Prescrição e decadência (continuação) 
1.1 Causas que impedem ou suspendem a prescrição 
O impedimento ocorre quando as causas surgem originariamente, ou seja, quando 
no momento da lesão ao direito a causa já está presente e o prazo sequer começa a correr. 
A suspensão, por sua vez, ocorre quando estas mesmas causas surgem no curso da 
contagem do prazo, de forma superveniente. 
Exemplo: Se a vítima já era absolutamente incapaz no momento da lesão, o prazo 
sequer começa a correr (impedimento). Se ela era capaz, tendo o prazo começado a correr, 
e ela se torna incapaz no curso desse prazo, sofrendo interdição, o prazo é suspenso até que 
se recupere ao menos a relativa capacidade (suspensão). 
 
1.2 Causas interruptivas 
Enquanto as causas suspensivas e impeditivas estão relacionadas a questões de 
ordem pessoal ou à inexigibilidade da pretensão, as causas interruptivas estão relacionadas 
a uma determinada conduta adotada pelo credor ou pelo devedor e que se encontra 
tipificada em lei como apta a interromper o prazo prescricional. 
A ideia de interrupção surge do exercício da pretensão na forma da lei ou da adoção 
de um comportamento de reconhecimento do dever do credor. 
 Na interrupção, esvazia-se todo o prazo já transcorrido, começando a ser contado 
do início. 
Se a causa interruptiva for extrajudicial, o prazo volta a correr imediatamente. A 
partir do dia seguinte o prazo volta a correr. 
Quando a causa interruptiva for judicial, o prazo será retomado após o último ato 
deste processo. 
CC, Art. 202. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do 
ato que a interrompeu (extrajudicial), ou do último ato do processo para a interromper 
(judicial). 
Se a interrupção começa com o “cite-se” e o prazo apenas começa a correr depois do 
último ato processual a ser praticado, significa que no curso do processo não corre a 
prescrição. 
A regra, no Direito Civil, é a da não ocorrência da prescrição intercorrente. 
Especialmente porque o particular não tem o domínio sobre o retardo do processo, não 
podendo ser, à priori, responsabilizado pela sua demora. 
Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Admite-se, excepcionalmente, a prescrição intercorrente, desde que fique 
caracterizado o abandono processual. Se o processo teve o seu curso regular, mesmo que 
demore anos, não haverá prescrição intercorrente. 
Outra possibilidade de ocorrência de prescrição no curso do processo é a demora na 
confirmação da citação válida. 
CC, Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-
á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado 
a promover no prazo e na forma da lei processual; 
Exemplo: o autor ingressa com a ação, mas não fornece elementos para obter a 
citação válida. Essa citação válida, não promovida no prazo legal por culpa do autor, não 
retroage em seus efeitos para a data da distribuição. Assim, é possível que ocorra a 
prescrição no curso do processo. 
Para as provas objetivas, deve-se considerar a literalidade da lei, entendendo que, 
conforme dispõe o citado caput do artigo 202 do Código Civil, a interrupção da prescrição 
somente poderá ocorrer uma vez. 
Isto significa que se houver extinção do processo sem apreciação do mérito e o autor 
tiver que promover uma nova ação, o segundo “cite-se” não interromperá a prescrição. 
Nem todos os autores concordam com a aplicação literal do artigo 202 do Código 
Civil. A questão teria mais a ver com o conceito de prescrição do que propriamente com o 
texto legal. 
Para Caio Mário, a interrupção pelo “cite-se” só deixaria de ser possível na medida 
em que, em razão dos sucessivos abandonos, tenha ocorrido a perempção. A tese se baseia 
em que, se não há, em regra, prescrição intercorrente no Direito Civil, sempre que for 
admitida a ação haverá a interrupção. 
De acordo com este entendimento, apenas quando a ação não for admitida em razão 
da perempção é que não haverá interrupção. A ideia de que a prescrição apenas poderia 
ocorrer uma vez seria aplicável aos outros incisos do artigo 202 do Código Civil, mas não ao 
inciso I (cite-se). 
A segunda corrente sustenta que a interrupção do cite-se não se confunde com o 
efeito suspensivo que a formação da relação processual proporciona. A vedação da 
prescrição intercorrente produziria o não curso do prazo, mas não necessariamente uma 
interrupção do prazo. 
Desta forma, ao ajuizar a ação e obter o “cite-se”, ocorreria a interrupção da 
prescrição. O prazo voltará ao zero e começará a correr quando terminar o processo. Ocorre 
uma sentença que extingue o processo sem julgamento do mérito. O processo transita em 
Direito Civil 
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julgado e volta a correr o prazo prescricional. Passados seis meses, a pessoa ingressa com 
outra ação, obtendo o “cite-se” e formando-se a relação processual. Não haveria aqui 
prescrição intercorrente. O que ocorreria é que o prazo ficaria suspenso e não correria 
durante o processo regular. O prazo não volta ao zero, mas não continuará correndo no 
curso do processo. 
A suspensão decorrente da formação da relação processual, portanto, sempre se 
verificaria. 
Passa-se a analisar as outras causas de interrupção, previstas nos demais incisos do 
artigo 202 do Código Civil: 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; 
Trata-se do protesto judicial. 
III - por protesto cambial; 
O protesto cambial é extrajudicial. 
Súmula 153, STF. Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição. 
Esta súmula 153 do STF não tem mais aplicabilidade. 
O protesto cambial é ato jurídico stricto senso, seus efeitos se regulam pela lei. Seus 
efeitos não são voluntários. Como há esta previsão do inciso III do artigo 202 do Código Civil, 
o protesto cambial é forma interruptiva. 
 IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de 
credores;Essa habilitação do crédito é o exercício típico da pretensão que gera o efeito 
interruptivo. É um ato judicial. 
Parece haver uma controvérsia com a lei 11.101 (recuperação e falência), mas é 
apenas aparente. Nesta lei, dispõe-se que a falência suspende os prazos de prescrição. 
Haveria, então, interrupção ou suspensão? São dois fatos diferentes: a habilitação do crédito 
interrompe a prescrição. A decretação da falência suspende a prescrição. 
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
Destaque-se que se trata de ato judicial. Este inciso não dialoga com o artigo 397, 
parágrafo único do Código Civil: 
CC, Art. 397. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante 
interpelação judicial ou extrajudicial. 
Então é possível constituir o devedor em mora pela via judicial ou extrajudicial. Mas 
as únicas vias reconhecidas como causas interruptivas da prescrição foram o protesto 
Direito Civil 
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judicial e a interpelação judicial. As outras formas de interpelação não estão previstas no 
artigo 202 do Código Civil. 
O judiciário tem se mostrado conservador com relação a isto, aplicando a interrupção 
apenas nas situações previstas na lei. 
O exemplo mais significativo é a jurisprudência do STJ quanto ao seguro. A ocorrência 
do sinistro gera para o segurado o direito de receber a importância da apólice. Para tanto, o 
segurado deve constituir em mora a seguradora, noticiando a ocorrência da condição 
suspensiva. Esta notícia é extrajudicial. De acordo com o artigo 397, parágrafo único do 
Código Civil, isto seria suficiente para constituir a seguradora em mora. 
No entanto, o artigo 202 do Código Civil não prevê a mera comunicação do devedor 
como sendo causa interruptiva genérica. 
Se a seguradora não concorda em pagar a apólice após a comunicação extrajudicial, o 
segurado passa a ter que recorrer ao judiciário. O prazo de prescrição, neste caso, é de 1 
ano, conforme o §1º, II, do artigo 206 do Código Civil: 
CC, Art. 206. Prescreve: 
§ 1o Em um ano: 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o 
prazo: 
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado 
para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data 
que a este indeniza, com a anuência do segurador; 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
Digamos que a comunicação extrajudicial à seguradora ocorreu dois meses após o 
sinistro. Cinco meses após esta comunicação, a seguradora deu uma resposta negativa 
acerca do pagamento da apólice. Este tempo transcorrido entre a comunicação e a resposta 
negativa, especialmente por força do ambiente consumerista, tem sido tratado como causa 
obstativa (suspensiva) do prazo. Durante a análise do procedimento para pagamento, não se 
poderia imputar a inércia ao segurado. Assim, esses cinco meses, no exemplo, não serão 
considerados. 
O problema são os dois meses entre o sinistro e a comunicação à seguradora. Se esta 
comunicação for entendida como ato constitutivo em mora interruptivo da prescrição, o 
prazo prescricional de 1 ano começaria a correr após a resposta negativa. No entanto, esta 
situação não está prevista no rol das causas interruptivas. 
Assim, o STJ entende que este prazo entre o sinistro e a comunicação irá contar. No 
exemplo dado, esses dois meses contariam, e após a resposta negativa da seguradora, o 
segurado teria mais 10 meses (1 ano – 2 meses = 10 meses). 
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Além disso, os juros de mora, de acordo com o STJ, começam a correr a partir da 
citação válida. A comunicação extrajudicial à seguradora, portanto, também não seria 
suficiente para dar início à contagem dos juros de mora. 
Voltando à análise dos incisos do artigo 202 do Código Civil: 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento 
do direito pelo devedor. 
 Neste inciso, a conduta não é do credor. Interrompe-se a prescrição por uma 
conduta do devedor. 
No caso do seguro, apenas caberia a aplicação deste inciso se a seguradora 
reconhecesse o direito. Se a resposta da seguradora fosse afirmativa e ela não pagasse, esta 
resposta seria causa de interrupção. 
Exemplo: O devedor propõe uma ação de consignação em pagamento, propondo o 
pagamento das parcelas incontroversas e a revisão das controvertidas. Nesta parte 
incontroversa, o pagamento significa reconhecimento do direito. Mas quanto à parte que se 
pede a revisão, esta hipótese geraria interrupção? O STJ consolidou entendimento no 
sentido de que as causas interruptivas são as que envolvem a inexigibilidade da pretensão. 
Se o réu propõe ação revisional que torna o quantum duvidoso e, portanto, inexigível, esta 
ação faz com que o prazo prescricional não corra quanto à outra parte. 
As causas interruptivas, conforme já comentado, são condutas do devedor ou do 
credor. 
Nas causas suspensivas, a existência de solidariedade não significa aproveitamento 
das relações pessoais. Exceto se o objeto for indivisível. A absoluta incapacidade de um 
credor não se estende, por exemplo, aos outros credores. 
Na interrupção é diferente. Quando há solidariedade, neste caso, um só credor pode 
exigir o todo, mesmo quando o seu crédito for de apenas uma parte. Assim, a interrupção 
promovida por um dos credores solidários, a todos aproveita. 
CC, Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; 
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não 
prejudica aos demais coobrigados. 
§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a 
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 
Se a hipótese for de solidariedade passiva, o devedor pode ser demandado pela 
dívida toda. O devedor responde pela dívida integral, ainda que internamente ele tenha 
apenas uma quota desta dívida. Assim, a interrupção contra ele atinge a todos os outros 
devedores. Até para possibilitar o exercício futuro do direito de regresso. 
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O espólio, neste caso, representando todos os devedores reunidos, equivale a um 
devedor solidário no conjunto da solidariedade. 
CC, Art. 204. § 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário 
não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e 
direitos indivisíveis. 
Neste caso, não foi a interrupção contra um dos devedores solidários, que teria 
responsabilidade pela dívida integral. Trata-se da interrupção contra um herdeiro do 
devedor solidário. 
Para entender este artigo, é necessário entender um pouco da solidariedade passiva 
nas obrigações: 
CC, Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes 
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo 
se a obrigaçãofor indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor 
solidário em relação aos demais devedores. 
Quando o credor opta por praticar atos interruptivos contra um herdeiro do devedor, 
deve-se notar que ele apenas pode cobrar desse herdeiro a quota deste herdeiro. O ato 
interruptivo, portanto, interrompe a prescrição apenas com relação a esta quota-parte. 
Se este credor tivesse praticado o ato contra um dos devedores solidários, o credor 
poderia exigir a dívida integral deste devedor. A interrupção, portanto, atinge todos os 
outros devedores. Se um dos devedores está morto, isto também afeta os seus herdeiros, já 
que todos estes reunidos são considerados como um só devedor solidário em relação aos 
demais. 
Quando a obrigação for indivisível, só é possível cobrar-lhe o todo. 
CC, Art. 204 § 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. 
Isto acontece porque o fiador, pessoalmente, nada deve. Ele apenas responde por 
dívida do devedor principal. A dívida do fiador não existe de forma autônoma. 
O disposto neste artigo é utilizado quando o fiador tiver benefício de ordem. Quando 
o fiador for devedor solidário, aplica-se o §1º do artigo 204 do Código Civil. A solidariedade 
imporia interrupção para todos. 
 
1.2 Prazos prescricionais em espécie 
O prazo previsto no artigo 205 do Código Civil é o prazo geral, aplicável sempre que 
não houver prazo específico. 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo 
menor. 
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No Código Civil de 1916, este prazo geral era de 20 anos. 
Há cinco hipóteses de prazos especiais previstos. 
Os prazos pares são simples, pois trazem apenas uma hipótese de aplicação: 
CC, Art. 206 § 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir 
da data em que se vencerem. 
É o único prazo prescricional de dois anos previsto no Código Civil. 
Se o alimentado era absolutamente incapaz, o prazo não corre. 
Se o alimentado era filho do alimentante, não corre o prazo enquanto não cessar o 
poder familiar. 
Art. 206 § 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da 
aprovação das contas. 
Os prazos ímpares, por sua vez, trazer várias hipóteses de aplicação. Serão 
destacadas as que trazem maiores controvérsias. 
Art. 206 § 3o Em três anos: 
V - a pretensão de reparação civil; 
Há algumas polêmicas quanto a este inciso. 
 Este prazo de três anos seria aplicável em favor da Fazenda Pública, quando 
ela é a causadora do dano? Inicialmente, havia precedente no STJ em que se afirmava que o 
prazo quinquenal do Decreto 20.910 só seria aplicável quando não houvesse prazo melhor 
na lei. Assim, havendo este prazo de 3 anos na lei civil, este deveria ser aplicado. 
Posteriormente, foi reformado este entendimento, prevalecendo no STJ a tese de que 
continuava a ser quinquenal as ações de reparação civil em face da Fazenda Pública. O prazo 
em face do Estado, portanto, é de 5 anos. 
 E esta pretensão de reparação civil prevista no inciso V seria apenas para a 
responsabilidade extracontratual (aquiliana) ou seria extensível à responsabilidade 
contratual? Não há uma posição uniforme acerca desta questão. O Enunciando aprovado 
pelo CJF encontra grande resistência na doutrina. Em prova objetiva, deve-se aplicar o 
disposto no informativo mais recente, diante da oscilação de entendimento. 
O CJF faz uma interpretação literal, entendendo que o legislador não discriminou, 
razão pela qual o prazo de 3 anos seria cabível nas duas situações. Não seria aplicável, no 
entanto, para cobrança do crédito, que seguiria os outros prazos. Mas para converter isso 
em indenização, seria o prazo de 3 anos. 
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Há precedentes no STJ no sentido de que este inciso seria aplicável apenas à 
responsabilidade civil extracontratual. A responsabilidade civil contratual não teria prazo 
específico, aplicando-se o prazo geral de 10 anos. 
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, 
ressalvadas as disposições de lei especial; 
A pretensão para a ação cambial, portanto, segue o prazo da lei especial, quando 
houver (exemplo: 6 meses da lei do cheque) ou 3 anos, quando não houver. 
Se este título não for executado, não impede que possa haver o exercício da 
pretensão, cobrando-se a dívida líquida prevista no documento, situação em que se aplica o 
disposto no §5º do artigo 206 do Código Civil: 
§ 5o Em cinco anos: 
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou 
particular; 
 Assim, não se está promovendo ação cambial. Neste caso, utiliza-se o documento, já 
sem força cambial, para fins de cobrança, por procedimento monitório, por exemplo. 
Pode acontecer que a emissão do título tenha sido realizada em razão de uma causa 
de origem com prazo prescricional de 10 anos. Neste caso, ainda é possível ajuizar ação de 
cobrança da dívida. O título servirá apenas para provar que a dívida não foi paga. 
Este é o entendimento consolidado pelo STJ. 
Outra situação que cabe ser discutida é a prevista no inciso IX do §3º do artigo 206 do 
Código Civil: 
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso 
de seguro de responsabilidade civil obrigatório. 
No caso de responsabilidade contratual pela cobrança da dívida decorrente do 
contrato entre as partes contratantes (seguradora e segurado), o prazo prescricional é de 1 
ano (§1º do artigo 206). 
No entanto, o contrato de seguro é realizado, muitas vezes, não para propiciar um 
crédito ao segurado, mas sim para propiciar um benefício em favor de terceiro, uma 
estipulação em favor de terceiro. O terceiro beneficiado não é parte contratante, não se 
aplicando o prazo de 1 ano do §1º. 
Para saber qual é o prazo a ser aplicado, neste caso, é necessário saber qual é a 
origem do seguro. Se se trata de seguro obrigatório (exemplo: DPVAT), o beneficiário terá 
prazo de 3 anos para exigir a cobertura securitária. 
Se o seguro é voluntário (facultativo), aplica-se o prazo geral de 10 anos, uma vez que 
não há previsão de prazo especial. 
Direito Civil 
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Cabe analisar, novamente, o disposto no §5º do artigo 206 do Código Civil: 
§ 5o Em cinco anos: 
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou 
particular; 
Acerca da quota condominial, é importante destacar a jurisprudência do STJ. 
O primeiro entendimento era de que se aplicaria o prazo geral de 10 anos. No 
entanto, nas decisões mais recentes, o STJ vem adotando o entendimento de que, como a 
quota condominial é fixada em assembleia e escrita em ata, trata-se de dívida líquida 
constante de documento escrito, inserindo-se no disposto no §5º, I do artigo 206. Assim, a 
prescrição ocorreria em 5 anos. 
 
1.3 Decadência 
CC, Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam àdecadência as normas 
que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. 
A decadência extingue o próprio direito potestativo ou formativo. O direito material 
possui um prazo para ser exercido, sob pena de extinção. 
Direito potestativo não corresponde a dever jurídico, não ocorrendo 
inadimplemento. Assim, não faz surgir pretensão, razão pela qual não se aplica a prescrição. 
O direito potestativo seria inviolável no sentido do artigo 189 do Código Civil. Esse direito 
corresponde a um poder que, se exercido, sujeita o outro. A relação é de sujeição, não é 
colaborativa. 
A decadência pode ser legal ou convencional. Aqui há uma diferença com relação à 
prescrição, que é sempre legal. 
 Exemplo: é legal o prazo decadencial de 4 anos para anular o negócio jurídico 
realizado com dolo, erro, coação. É legal, também, o prazo para anular os efeitos do registro 
de ato constitutivo de pessoa jurídica (3 anos). 
No entanto, há diversas circunstancias em que o prazo pode ser convencionado entre 
as partes. Nesses casos, o legislador pode estabelecer um limite de prazo ou nada 
estabelecer. São exemplos de decadência convencional: 
CC, Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço 
no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da 
entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo 
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e 
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
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CC, Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de 
garantia (garantia convencional); mas o adquirente deve denunciar o defeito ao 
alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
Este artigo 446 do Código Civil dispõe sobre o vício oculto. O artigo 445 do Código 
Civil dispõe que o prazo decadencial para propor ações sobre vício oculto é de 30 dias, se a 
coisa for móvel, ou de 1 ano, se a coisa for imóvel. 
O §1º do artigo 445 estabelece um prazo de garantia, que é não de prescrição nem 
de decadência1. Este prazo é de 180 dias para móveis, ou de 1 ano para imóveis. 
De acordo com o artigo 446, este prazo de garantia pode ser ampliado por convenção 
das partes. Isto posterga a decadência, fazendo com que o prazo decadencial só inicie após o 
fim da garantia convencional. 
 
1
 Aqui é necessário traçar uma observação acerca das ações edilícias. 
O legislador reconhece a natureza decadencial das ações edilícias, que são aquelas que visam 
solucionar o vício redibitório pelo exercício do direito potestativo do adquirente. No caso do vício redibitório 
são: a ação redibitória e a ação estimatória (quanti minoris). Nos contratos civis (aqui não se fala de contrato de 
consumo), o prazo para exercer o direito de desconstituir o negócio enjeitando a coisa (ação redibitória) ou 
para exercer o direito de volver o valor da coisa (ação estimatória) é de 30 dias se a coisa for móvel, ou de 1 
anos se a coisa for imóvel. 
O termo inicial deste prazo é a partir de quando há o direito. Não é possível ser penalizado pelo não 
exercício de um direito que ainda não pode ser exercitado. O termo inicial será a tradição do objeto, se o vício 
oculto puder ser descoberto logo. Se pela natureza ou extensão do vício, ele só puder ser descoberto 
posteriormente, o termo inicial será a descoberta. 
Exemplo: a pessoa compra um automóvel usado. No momento da entrega, o automóvel não 
apresentava nenhum problema aparente. Após um ano, o veículo apresentou um problema que, pelas 
características técnicas, já estava presente quando da tradição. É irrelevante saber se o vendedor sabia da 
existência deste problema, já que se trata de estado de sujeição, em que não há discussão de culpa. 
Neste contexto, não há segurança para a realização de negócios jurídicos. 
Recorde-se que aqui não se está discutindo relação de consumo, para a qual cabe aplicação de outra 
lógica. 
Na relação civil, como o vendedor não empreende sob risco, o legislador definiu o prazo de garantia 
legal no §1º do artigo 445 do Código Civil. O prazo de decadência para a ação edilícia deve durar no máximo 
180 dias (móvel) ou 1 ano (imóvel). Trata-se do prazo de garantia legal. 
No exemplo acima fornecido, após a venda do veículo, o comprador tem 180 dias para descobrir os 
possíveis vícios. 
Neste prazo de garantia, é necessário que ocorra a descoberta. A partir da descoberta, corre o prazo 
de 30 dias (móvel) ou 1 ano (imóvel) para a propositura da ação. 
Exemplo: a pessoa compra um veículo hoje. 90 dias depois descobre um vício. A partir desse dia, tem 
30 dias para propor a ação. Esses 30 dias contam a partir da descoberta. A garantia legal é o prazo máximo para 
a descoberta. 
Esse entendimento encontra-se delineado no Enunciado 174 da III Jornada de Direito Civil. 
174 – Art. 445: Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do 
art. 445 para obter redibição ou abatimento de preço, desde que os vícios se revelem 
nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir do 
conhecimento do defeito. 
Nada impede, no entanto, que os particulares estipulem um prazo de garantia maior. Neste caso, o 
termo inicial para a propositura da ação edilícia é do término da garantia, não da descoberta. 
Direito Civil 
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A outra hipótese de decadência convencional é prevista na cláusula de retrovenda. 
CC, Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no 
prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando 
as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram 
com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. 
Este direito de recobrar a coisa é um direito potestativo. A outra parte não pode 
recusar, desde que se deposite o valor originário corrigido. 
Este prazo decadencial pode ser convencionado entre as partes, desde que não 
ultrapasse o limite máximo de três anos. 
O direito de arrependimento também é um direito potestativo, que pode ser 
convencionado entre as partes. A lei não impõe prazo de decadência legal para o direito de 
arrependimento. 
O contrato com pessoa a nomear acontece quando a pessoa celebra um contrato em 
seu próprio nome, mas se reserva o direito de indicar outra pessoa para ficar em seu lugar, 
de forma retroativa. Esta regra tem prazo decadencial para a nomeação. Se não for feita a 
nomeação dentro deste prazo, não é mais possível fazê-la, prosseguindo o contrato 
exclusivamente no nome da pessoa que o celebrou. Este prazo para celebração pode ser 
convencionado livremente. Mas se as partes não o convencionarem, ele será de 5 dias. 
Exemplo: um indivíduo celebra um contrato de locação para estabelecer, no local, 
uma pessoa jurídica que ainda não foi constituída. Estabelece-se no contrato que a locação é 
feita momentaneamente em nome deste indivíduo, mas que será posteriormente feita em 
nome da pessoa jurídica aser constituída. Estabelece-se um prazo para essa indicação da 
pessoa jurídica. Ultrapassado este prazo, perde-se o direito potestativo de nomeação. 
Quando a decadência for legal, não caberá renúncia, ao contrário do que ocorre na 
prescrição, em que é possível renunciar aos efeitos já consumados. 
O juiz não pode deixar de pronunciar a decadência legal, quando verificar a sua 
consumação. Ele deve pronunciá-la de ofício. 
CC, Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. 
 
CC, Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. 
Já na decadência convencional, pode haver renúncia e não cabe declaração de ofício. 
Depende de provocação do interessado. 
CC, Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la 
em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. 
Direito Civil 
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O prazo de decadência, em regra, é fatal. Uma vez iniciado, não se interrompe nem 
suspende. Admite exceção expressa em lei. 
CC, Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. 
 
CC, Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 
Assim, não corre decadência contra os absolutamente incapazes. 
Exemplo: o pai vendeu um imóvel para um filho, sem a anuência de outro filho, que 
era absolutamente incapaz por idade. Deveria ter sido nomeado curador para o filho 
incapaz, já que havia conflito de interesses entre ele e o seu representante legal (o pai). De 
acordo com o artigo 179 do Código Civil, o prazo para anular negócio jurídico, quando a lei 
não estabelece outro, é de 2 anos. 
O filho absolutamente incapaz não tem contra ele o curso do prazo. Este prazo de 2 
anos começará a contar quando o filho completar 16 anos. Durante a constância do poder 
familiar não corre prescrição, mas corre decadência, razão pela qual não é necessário 
esperar até os 18 anos. 
Considera-se que o filho que era absolutamente incapaz, dentro do prazo, entrou 
com ação anulatória. O outro filho alega que não houve prejuízo, demonstrando que foi 
pago o valor de mercado da época. O negócio será mantido ou anulado? O filho que era 
incapaz é terceiro prejudicado. Mas o ato precisa ser prejudicial. Se não há prejuízo, o 
negócio jurídico não é anulado. 
Observação1: nem todo direito potestativo tem prazo para ser exercido. São 
exemplos disto o direito de dissolver casamento e o direito do condômino voluntário de 
exigir a extinção do condomínio. Podem ser exercidos a qualquer tempo. 
 
2. Direito das Obrigações 
A relação jurídica obrigacional é aquela em que há, de um lado, um credor, e de 
outro, um devedor. A obrigação aparece como um vínculo jurídico, que tem como objeto 
imediato a prestação, gerando para o devedor um débito, que corresponde ao direito do 
credor ao crédito. Este débito, em caso de inadimplemento, faz surgir a responsabilidade. O 
crédito, se violado, faz surgir a pretensão. 
 
 Obrigação 
Credor Devedor 
 Prestação 
Direito Civil 
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Crédito Débito 
 
Violação Inadimplemento 
 
Pretensão Responsabilidade 
 
A obrigação pode ser conceituada de forma estrutural, estática (vínculo inalterável 
em razão do pacta sunt servanda), como vínculo jurídico que une o credor ao devedor em 
torno de uma prestação de dar, fazer ou não fazer, economicamente apreciável. 
Em se tratando de obrigações civis, o inadimplemento acarreta ao devedor a 
responsabilidade civil. 
Pelo princípio da obrigatoriedade dos pactos, conhecido como pacta sunt servanda, o 
devedor só se desobriga cumprindo a obrigação exatamente como estabelecida. 
Evoluiu-se na compreensão deste princípio, entendendo-se que a vida não é estática. 
A relação jurídica pode sofrer interferências internas e externas, capazes de promover 
alterações na sua estrutura inicial. 
Essa visão estrutural existe, mas não é mais um dogma inexpugnável absoluto. 
Há, portanto, um conceito contemporâneo de obrigação, mais dinâmico. De acordo 
com este conceito, a obrigação é um processo, ou seja, um conjunto de condutas 
coordenadas do credor e do devedor, dirigidas a um fim comum, que é o adimplemento 
capaz de contemplar as legítimas expectativas das partes. 
Três princípios são responsáveis por esta visão dinâmica, nesta ordem de 
importância: função social do contrato, boa-fé objetiva e equilíbrio contratual 
(comutatividade). 
A função social do contrato interfere, neste sistema, não por questões internas, mas 
por questões externas (valores metaindividuais consagrados na Constituição Federal). Em 
atenção aos valores metaindividuais, a relação obrigacional sofre possibilidade de mudança 
inclusive para afastar o ato jurídico perfeito. 
Cumpre observar o disposto no Informativo 783 do STF, que expôs decisão 
confirmando que normas de interesse público, como a que estabeleceu o plano real, se 
imponham às relações obrigacionais em curso, como um contrato de locação, afastando a 
regra contratada a partir da entrada em vigor da lei, por serem incompatíveis. 
Plano Real: contrato de locação comercial - 5 
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O Plenário destacou, por fim, que as normas sobre correção monetária editadas no 
âmbito de planos econômicos, como no caso, teriam, de modo geral, a importante e 
necessária função de manter o equilíbrio da equação financeira das obrigações 
pecuniárias legais e contratuais nascidas anteriormente. Essas obrigações, formadas em 
época de profunda crise inflacionária, sofreriam, com a edição desses planos, o impacto 
de uma nova realidade, que seria a estabilização — ou, pelo menos, a brusca 
desaceleração — dos preços, imposta por congelamento ou por outros mecanismos com 
função semelhante. Portanto, considerando que as normas em questão — constantes 
do art. 21 da Lei 9.069/1995 — editadas no âmbito da implantação de novo sistema 
monetário, chamado Plano Real, teriam natureza institucional ou estatutária, não 
haveria inconstitucionalidade em sua aplicação imediata — que não se confundiria com 
aplicação retroativa —, para disciplinar as cláusulas de correção monetária de contratos 
em curso. Vencidos — no RE 211.304/RJ, no RE 222.140/SP e no RE 268.652/RJ —, os 
Ministros Marco Aurélio (relator) e Ricardo Lewandowski (Presidente), e — no RE 
212.609/SP e no RE 215.016/SP —, os Ministros Carlos Velloso (relator) e Marco Aurélio, 
que davam provimento aos recursos, porquanto entendiam estar configurada a ofensa 
ao art. 5º, XXXVI, da CF. 
RE 212609/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. 
(RE-212609) RE 215016/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acórdão Min. Teori 
Zavascki, 29.4.2015. (RE-215016) RE 211304/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o 
acórdão Min. TeoriZavascki, 29.4.2015. (RE-211304) RE 222140/SP, rel. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-222140) 
RE 268652/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. 
(RE-268652) 
Admite-se, assim, uma retroatividade mínima, nos moldes do artigo 2.035, parágrafo 
único, do Código Civil. Seria possível, portanto, alterar as regras de reajuste. 
CC, Art. 2.035. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar 
preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a 
função social da propriedade e dos contratos. 
A relação obrigacional, portanto, sofreu efeitos externos da alteração da legislação, 
com base na função social do contrato. A cláusula, que era válida, deixa de o ser, tornando-
se ineficaz. A norma é válida, mas a partir daquele momento deixa de produzir efeitos. 
A boa-fé objetiva, além do dever de prestação, estabelece os deveres anexos ao 
contrato, como a coerência (proibição do comportamento contraditório), informação, dever 
de diligência com o outro, colaboração, mitigação das próprias perdas, transparência, 
responsabilidade pelas expectativas criadas. 
Se há o dever de coerência e os contratantes são responsáveis pelas expectativas que 
criam, caso adote-se um comportamento reiterado sem ressalva, este comportamento 
pode, legitimamente, criar no outro a confiança de que a alteração se modificou 
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naturalmente. Posteriormente, não será possível exigir um comportamento diferente, em 
função do nemo venire contra factum proprium. 
A boa-fé atua, portanto, internamente. Em processo civil, é a preclusão lógica. 
CC, Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia 
do credor relativamente ao previsto no contrato. 
Além disso, o pagamento reiteradamente feito em tempo diferente daquele previsto, 
sem ressalva, também pode alterar a data de pagamento, de forma tácita. 
Exemplo: foi estabelecida no contrato a data de pagamento no dia 10, mas vem 
sendo pago no dia 20, com aceitação e sem ressalva. Posteriormente, o credor não poderia 
dizer que o devedor é inadimplente reiterado por sempre pagar atrasado. 
Outro exemplo é a supressio, retirando a força coercitiva de certas obrigações, e a 
surrectio, fazendo surgir obrigações onde não existia. 
O equilíbrio contratual, por sua vez, é a ideia de que as relações obrigacionais são 
exigíveis na medida em que são justas. Essa justiça seria estabelecida com base numa 
equação contratual, em que as prestações se equivaleriam, nas suas utilidades. Seria 
evitada, assim, a onerosidade excessiva extraordinária ao negócio. 
Historicamente, na Antiguidade já havia a possibilidade de se afastar a obrigação por 
mudanças externas. Essa situação estava consagrada na clausula rebus sic stantibus. No 
período liberal das codificações (Código Civil de Napoleão, Código Alemão, Código Italiano e 
Código Civil Brasileiro de 1916), que refletiam o pensamento do século XIX, a cláusula rebus 
sic stantibus foi esquecida, não tendo sido contemplada nos diplomas legais. Prevaleceu, 
neste momento, a ideia da obrigatoriedade do pacto, da responsabilidade de quem contrata 
de assumir o risco de suas obrigações. 
As guerras mundiais demonstraram que os pactos poderiam ser alterados, em razão 
de circunstancias extremamente graves, ocorridas no contexto mundial. Resgata-se, assim, a 
cláusula rebus sic stantibus, dando origem a diversas teorias: teoria da imprevisão, teoria da 
onerosidade excessiva superveniente e teoria da base objetiva ou quebra da base. 
Cada uma delas admite a cláusula rebus sic stantibus com requisitos diferentes. 
A teoria de imprevisão exige o fato gerador imprevisível. Ela é a mais rigorosa e mais 
apegada ao princípio da obrigatoriedade e inalterabilidade dos fatos. Isso porque para 
afastar a obrigação, o devedor deve provar que o fato ocorrido posteriormente ao ajuste, 
que gerou o desequilíbrio contratual, seria imprevisível. 
Exemplo: Se um bem for vendido com 60 parcelas mensais e não for previsto o 
reajuste com base na inflação, não será possível reclamar posteriormente, já que a inflação é 
fato previsível. 
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Esta foi a teoria aplicada via jurisprudência no direito brasileiro no século XX, antes 
do CDC e do Código Civil de 2002. 
A teoria da onerosidade excessiva superveniente, por sua vez, seria uma posição 
intermediária quanto ao rigorismo. Ela exige que a excessiva onerosidade seja extraordinária 
e imprevisível. A onerosidade excessiva, portanto, não fazia parte do negócio jurídico e era 
imprevisível na época da contratação. A preocupação não é com o fato gerador, mas sim 
com o efeito produzido. 
É possível um fato gerador previsível, mas ocorrido em intensidade imprevisível. 
Exemplo: era possível esperar uma seca, mas não uma seca tão intensa e prolongada, 
porque as situações climáticas não permitiam prevê-la. 
Esta teoria começou a ser discutida no Direito brasileiro após a grande desvalorização 
do real em 1999. 
A terceira teoria é a mais branda. A teoria da base objetiva trabalha com a lógica de 
que toda onerosidade excessiva não prevista no negócio jurídico deve ser afastada. Basta 
que a onerosidade excessiva seja extraordinária, não sendo necessário que ela seja 
previsível. 
Se o risco não foi contratado, ele seria estranho ao negócio. A onerosidade excessiva 
superveniente estranha ao que foi pactuado já seria suficiente para desobrigar o devedor. 
Atualmente, na legislação brasileira, a teoria da imprevisão aparece no artigo 317 do 
Código Civil. 
CC, Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta 
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz 
corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da 
prestação. 
A teoria da onerosidade excessiva é prevista no artigo 478 do Código Civil: 
CC, Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma 
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em 
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a 
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da 
citação. 
A teoria da base objetiva aparece no artigo 6º, V, do Código de Defesa do 
Consumidor: 
CDC, Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
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A 3ª Turma do STJ, no Informativo 556, aduz que se a relação não é de consumo, não 
se aplica a teoria da base objetiva. Deve-se utilizar o Código Civil, que é aplicável às relações 
entre empresários e entre não empresários. 
De acordo com o julgado, o rigor naaplicação das teorias aumenta se a relação for 
empresarial, pois aumenta o grau de previsibilidade. Se a obrigação é entre dois particulares, 
a imprevisibilidade é maior. 
INFORMATIVO 556 do STJ 
DIREITO DO CONSUMIDOR. CASO DE INAPLICABILIDADE DO CDC. 
Não há relação de consumo entre o fornecedor de equipamento médico-hospitatar e o 
médico que firmam contrato de compra e venda de equipamento de ultrassom com 
cláusula de reserva de domínio e de indexação ao dólar americano, na hipótese em que 
o profissional de saúde tenha adquirido o objeto do contrato para o desempenho de sua 
atividade econômica. Com efeito, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que 
adquire ou utiliza, como destinatário final, produto ou serviço oriundo de um 
fornecedor. Assim, segundo a teoria subjetiva ou finalista, adotada pela Segunda Seção 
do STJ, destinatário final é aquele que ultima a atividade econômica, ou seja, que retira 
de circulação do mercado o bem ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma 
necessidade ou satisfação própria. Por isso, fala-se em destinatário final econômico (e 
não apenas fático) do bem ou serviço, haja vista que não basta ao consumidor ser 
adquirente ou usuário, mas deve haver o rompimento da cadeia econômica com o uso 
pessoal a impedir, portanto, a reutilização dele no processo produtivo, seja na revenda, 
no uso profissional, na transformação por meio de beneficiamento ou montagem ou em 
outra forma indireta. Desse modo, a relação de consumo (consumidor final) não pode 
ser confundida com relação de insumo (consumidor intermediário). Na hipótese em 
foco, não se pode entender que a aquisição do equipamento de ultrassom, utilizado 
na atividade profissional do médico, tenha ocorrido sob o amparo do CDC. REsp 
1.321.614-SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. 
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe 3/3/2015. 
No caso analisado neste Informativo, um médico comprou um equipamento de 
diagnóstico que custava 80 mil dólares, na época da compra. Ele não foi considerado 
consumidor e foi remetido para a aplicação do Código Civil e, como a compra e venda 
envolvia um bem com preço em dólar, entendeu-se que, ao adquirir o equipamento, 
assumiu-se o risco da variação do câmbio, inclusive de forma expressa no contrato. Desta 
forma, a variação cambial não pôde ser utilizada como razão para a desobrigação.

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