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HC 126. 292 - inicio da execução do cumprimento da sua pena já em segundo grau.

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HC 126.292 do STF 
 
É válido afirma que o Estado Democrático de Direito visa garantir o respeito pelos 
direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma 
proteção jurídica. 
A Constituição de 1988, por sua vez vem a ser importante diploma legal nesse 
sentido, pois através do Título II elenca por legítimo os direitos e garantias individuais, 
de eficácia e aplicabilidade imediata, conforme art. 5º, § 1º da CF/88, que somado ao art. 
60, § 4°, da mesma Constituição, produzem uma das principais características da nossa 
Carta Magna, ter a estabilidade rígida. 
Analisando esse aspecto, e mais precisamente o art. 5º, LVII da Constituição 
Federal que trata da presunção da inocência, o STF recentemente julgou o HC 126.292 
decidindo que um indivíduo condenado já em segundo grau deveria iniciar a execução do 
cumprimento de sua pena. Embora, argumentos muito bons e consistentes; votos bem 
escritos dos ministros a favor do HC, alguns ainda discutem a incompatibilidade com o 
princípio da não culpabilidade, o princípio da proibição do regresso, o Tratado 
Internacional de Direitos Humanos, o Pacto de São José da Consta Rica, dentre outros 
diplomas internacionais criados e assinados pelo Brasil para salvaguardar direitos 
fundamentais. 
As opiniões se polarizam porque está em jogo: a liberdade de ir e vir e a satisfação 
social da sensação de punidade; o princípio da ampla defesa com o princípio da razoável 
duração do processo, a ordem lógica, cultural e legal do devido processo legal; a quem 
cabe o direito do poder de legislar e a insegurança jurídica, bem como o entendimento do 
que deveria ser fidelidade a Lei Maior de quem tem o título de guardião da Constituição. 
Segundo o ministro Marco Aurélio, esvaziar um pouco a morosidade da Justiça 
pode até ser uma intenção nobre, porque no campo do Direito Penal o tempo é precioso, 
e o é para o Estado-acusador e para o próprio acusado, mas deve-se entender que dentre 
os significados do princípio da não culpabilidade está o evitar que se execute, invertendo-
se a ordem natural das coisas. 
 O ministro Celso de Mello também traz a reflexão da importante ideia de que a 
presunção de inocência, legitimada pela ideia democrática como valor fundamental e 
exigência básica de respeito à dignidade da pessoa humana (contra a opressão do Estado 
e o abuso de poder). É por isso que se mostra inadequado invocar-se a prática e as 
experiências registradas em outros países, cujas Constituições, ao contrário da nossa, não 
impõem a necessária observância do trânsito em julgado da condenação criminal, afinal 
as leis e sua aplicação deve ser adequada a realidade social e necessidade garantista do 
pais em que vigora. 
 Todos esses parágrafos escritos aqui parecem até mais um voto, sem efeito, contra, 
no entanto, são para que seja possível entender onde estão os embates da questão. Existe 
um fenômeno conhecido pelos estudiosos do direito chamado Mutação Constitucional, 
esse elemento consiste no entendimento de que a Constituição tem força normativa e 
garantias processuais solidificadas, todavia, a sociedade necessita que o direito evolua e 
acompanhe as suas transformações para que possa atender a pretensão de uma sociedade 
que se modifica. 
 O STF alterou seu posicionamento para corresponder aos anseios da sociedade 
que percebia um senso de impunidade. Os argumentos do STF, diga-se pelo 
posicionamento majoritário, é que não existem efeitos suspensivos nos Recurso 
Extraordinário e Recurso Especial e que o duplo grau em análise foi amparado, logo, não 
há que se falar em ofensa a presunção de inocência, pois o grau destes recursos não 
analisará matéria de fato (Súmula 7 do STJ). 
 Nessa mesma linha de raciocínio, não fere tal princípio da presunção de inocência, 
uma vez que os recursos cabíveis ao STJ e STF não discutem fatos e provas, apenas 
matérias de direito, ou seja, o entendimento de culpa já foi determinado outrora, o que 
ocorreu foi uma redefinição de quando ocorrerá o término da presunção de inocência, 
deixando de ser com o trânsito em julgado, passando a ser logo após a sentença 
condenatória de segundo grau. 
 Assim, a presunção de inocência não foi ferida a morte, só está limitada à segunda 
instância. Mudança que foi necessária para celeridade processual e justiça que todos 
almejam. Agora, a defesa que julgo necessária é de que cada caso em concreto seja 
analisado detalhadamente, para não haver o risco de, na ânsia de proporcionar rapidez no 
cumprimento da decisão, acabem sendo afastados os direitos daqueles que realmente 
sofreram a injustiça de um entendimento inicialmente equivocado. 
 
 Ana Nilsa 
 
 
OBS: Aconselho a leitura na integra do HC. Precisamos todos acreditar na nossa 
capacidade, por mais que tenhamos limitações, o tempo seja curto, as tribulações sejam 
grandes e as pessoas duvidem de nós. Deus faz com que todas as coisas cooperem para o 
nosso bem.

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