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Geologia 
Introdução 
 
O estudo de estruturas tectônicas presentes no sudeste brasileiro 
envolve a compreensão de um conjunto de feições estruturais de 
caráter regional. Estas feições ocorrem como depressões tectônicas e 
regiões montanhosas soerguidas por movimentação de falhas, 
geneticamente associadas, denominadas inicialmente de “Sistema de 
Rifts da Serra do Mar”. Posteriormente este sistema foi renomeado por 
Riccomini (1989), como “Rift Continental do Sudeste do Brasil” 
(RCSB). Segundo Riccomini et al. (2004), o RCSB consiste em uma 
depressão alongada e deprimida, que possui aproximadamente 900 
km de comprimento e largura média de 70 km. 
 
 
Objetivo 
 
Compreender a evolução geológica, as implicações tectônicas e 
estruturas associadas ao RCSB, através da revisão bibliográfica de 
livros, periódicos, revistas eletrônicas, artigos e teses. 
 
 
Geologia Regional 
 
O RCSB se localiza no setor central da Província Mantiqueira e 
subsequentemente no Cinturão de Dobramentos Ribeira. Esse último 
constitui-se por uma sucessão de cinturões de empurrão e 
dobramentos, controlados por distintos sistemas transpressivos de 
cavalgamento em direção às margens cratônicas durante a colagem 
neoproterozoica/cambriana. Estruturalmente o aspecto de maior 
destaque no cinturão foi à deformação transcorrente, que acompanhou 
tardiamente os cavalgamentos no final do Ciclo Brasiliano. Essa 
deformação deixou o Cinturão Ribeira fortemente transfigurado pelas 
numerosas falhas que formam feixes e configuram sistemas, com 
deslocamentos que podem alcançar até centenas de quilômetros 
(Figura 1) (HASUI et al., 2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Geologia regional do RCSB, com destaque ao Cinturão Ribeira e suas estruturas 
geradas pelo Sistema Transcorrente Paraíba do Sul. Fonte: Hasui et al. (2012). 
 
 
Origem e Evolução 
 
O RCSB tem sua origem principalmente associada aos processos 
distensivos relacionados a abertura do oceano Atlântico, onde a 
evolução tectônica das bacias marginais com subsidência da Bacia de 
Santos e soerguimento da região costeira, são os elementos mais 
importantes em sua gênese e deformações posteriores (RICCOMINI et 
al., 2004). A primeira etapa de formação da depressão original, 
denominada hemigraben, configura-se como uma feição contínua 
ligando as bacias em uma única calha deposicional que, 
posteriormente, foram isoladas por regimes tensionais formando uma 
sucessão de horts e grabens escalonados (ZALÁN e OLIVEIRA, 
2005). A continuidade evolutiva do RCSB deu-se por uma sucessão de 
fases deformadoras envolvendo novas reativações (Figura 2) 
(RICCOMINI, 1989). 
As primeiras fases ocorridas no Neógeno se estenderam até o 
Quaternário, promovendo a primeira desconfiguração do rifte original. 
Já no Pleistoceno Tardio e Holoceno, ocorre um terceiro evento 
deformador, gerando o atual contorno e distribuição das bacias 
sedimentares. O último evento deformacional, presente até os dias 
atuais se associa ao balanço entre esforços transtrativos e 
compressivos das taxas de abertura na cadeia Meso-Atlântica e de 
subducção da Placa de Nazca sob a Placa Sul Americana, em 
resposta de empuxos resultantes dos estados de tensão das duas 
bordas da placa (Figura 2e e 2f). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Esboços paleotectônicos da evolução do segmento central do RCSB proposto por 
Riccomini (1989), com destaque para a Bacia de Taubaté. (a) Início sob transtração sinistrógira; 
(b-c) Propagação lateral da subsidência ; (d) Período de relativa estabilidade tectônica; (e) 
Reativação de falhas mestre sob transpressão dextrogira. Fonte: Cogné et al. (2013). (f) Campo 
de esforço gerado no RCSB pela subducção da Placa de Nazca e elevação dos Andes. 
Fonte: Gianni (2015). 
 
 
Outros fatores como a sedimentação da Bacia de Santos, 
soerguimentos regionais de menor expressão e a ascensão do nível do 
mar podem ter causado interferência no balanço desses esforços 
(RICCOMINI et al., 2004). 
 
 
 
Estruturas e Bacias Tafrogênicas 
 
Existem compartimentações diferenciadas relacionadas ao RCSB. 
Riccomini et al. (2000) o divide em seguimento ocidental, central e 
oriental, enquanto Zalán e Oliveira (2005) separa o sistema em quatro 
riftes: Paraíba do Sul, Litorâneo, Ribeira e Marítimo (Figura 3a). Estão 
associadas a esses riftes uma série de bacias tafrogênicas, sendo as 
principais a de Volta Redonda, Resende, Taubaté, São Paulo e Curitiba 
(Figura 3b). A Tabela 1 faz um resumo das principais estruturas 
associadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Compartimentações do Rift Continental Sudeste do Brasil. a) Modelo de riftes proposto 
por Zalán e Oliveira (2005), onde: (A) Paraíba do Sul, (B) Litorâneo, (C) Ribeira, e (D) Marítimo. 
b) Bacias tafrogênicas: 1- Bacia de Itaboraí, 2- Graben de Barra de São João, 3- Bacia do 
Macacu, 4- Bacia de Volta Redonda, 5- Bacia de Resende, 6- Bacia de Taubaté, 7- Bacia de São 
Paulo, 8- Graben de Sete Barras, 9- Formação Pariquera-Açu, 10- Formação Alexandra e Graben 
de Guaraqueçaba, 11- Bacia de Curitiba, 12- Graben de Cananéia); 6) zonas de cisalhamento 
pré-cambrianas, em parte reativadas durante o Mesozoico e Cenozoico. Fonte: Riccomini et al. 
(2004). 
 
 
 
 
Tabela 1 – Resumo das principais estruturas associadas das principais bacias tafrogênicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considerações finais 
 
O RCSB preserva uma grande variedade de eventos ocorridos desde 
o Neoproterozoico até os dias atuais. A grande parte das rochas do 
embasamento cristalino do RCSB são caracterizadas pela alta 
deformação, magmatismo anorogênico e metamorfismo, configurando 
a esse embasamento alta heterogeneidade litológica. Apresentam 
estruturas de regime dúctil, como dobras, além de estruturas de 
sistema rúptil, como falhas normais e inversas, falhas de empurrão, 
juntas e fraturas, entre outras. Dois modelos são propostos para 
explicar a origem dos sistema de riftes. O primeiro é atribuído a 
abertura do Oceano Atlântico. O outro considera um regime 
compressivo devido a convergência dos esforços gerados pela 
subducção da Placa de Nazca sob a Placa Sul-Americana a oeste, e a 
geração de nova crosta oceânica na margem leste da Placa Sul-
Americana. Com o estudo da área, pode-se compreender a complexa 
extensão dos processos aos quais essa região esteve submetida ao 
longo do tempo geológico em diferentes ambientes tectônicos, sob 
diferentes regimes de tensão e em direções distintas, formando uma 
grande diversidade litológica e estrutural. 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
CÓGNÉ, N. Tectonic setting of the Taubaté Basin (Southeastern Brazil): Insights from regional seismic profiles and outcrop 
data. Journal of South American Earth Sciences, v. 42, 2013, p. 194-204. 
GIANNI, G. M.; NAVARRETE, C. G.; FOLGUERA, A. Synorogenic foreland rifts and transtensional basins: A review of 
Andean imprints on the evolution of the San Jorge Gulf, Salta Group and Taubaté Basins. Journal of South American 
Earth Sciences, v. 64, n. 2, 2015, p. 288-306. 
HASUI, Y. et al. (Orgs.). Geologia do Brasil. São Paulo:Beca, 2012. 900 p. 
RICCOMINI, C. O rift continental do sudeste do Brasil. 1989. 256 f. Tese de Doutorado – Instituto de Geociências, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989. 
RICCOMINI, C. et al. Origin and evolution of the continental rift of Southeastern Brazil. In: IUGS, International Geological 
Congress, 31, Rio de Janeiro, 2000. Post-Congress Field Trip Guides, Rio de Janeiro, 2000ª, 37 p. 
RICCOMINI, C.; SANT'ANNA, L. G.; FERRARI, A. L. Evolução geológica do Rift Continental do Sudeste do Brasil. In: 
MANTESSO NETO, V. et al. (Eds.). Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio 
Marques de Almeida. São Paulo: Beca, 2004, p. 383-405. 
ZALÁN, P.V.; OLIVEIRA, J.A.B. Origem e Evolução Estrutural do Sistema de Riftes Cenozoicos do Sudeste do Brasil. 
Boletim de Geociências da Petrobras, v.13, n.. 2, 2005. p. 269-300. 
 
Evolução Geológica, implicações tectônicas e 
estruturas associadas ao Rifte Continental do 
Sudeste Brasileiro. 
Aline Ferreira Marinho da Silva, Cleberson Carlos Ferreira da Silva, Lucas 
Miguel Forcinetti, Marcelo Martinatti, Rayane Elizabeth Facincani. 
Orientador: Maurício Liska Borba. 
 
b) 
a) 
Bacia 
tafrogênica
Principais 
características
São Paulo
Originalmente um 
hemigraben, controlado por 
falhas normais e reativadas 
ao longo das zonas de 
cisalhamento proterozoicas.
Retalhabalhamento por falhas 
pós-sedimentares.
Taubaté
Altos estruturais internos 
com alternância de 
depocêntros que subdividem 
a bacia em três 
compartimentos alongados 
segundo a direção NE.
Intenso retalhamento por falhas 
pós-sedimentares.
Resende
Hemigraben, com falhas 
mestras de direção ENE 
(reativadas do 
embasamento), ao longo de 
sua borda norte e assoalho 
incluinado no rumo NNW.
Compartimentação transversal, 
atribuída ao Alto Estrutural de 
Resende de direção NE.
Volta Redonda
Depressão tectônica estreita 
e alongada de direção 
principal ENE
Total de cinco depocentros 
definidos por complexos 
vinculados ao estágio rifte, e 
reativadas por estruturas 
neotectônicas.
Curitiba
Depressão alongada com 
direção aproximada de 
N40-50E.
Graben de 
Guaraqueçaba
Arcabouço ainda 
desconhecido na região da 
Baía de Paranaguá, devido à 
falta de informações de 
subsuperfície.
Graben de Sete Barras
Depressão alongada, com 
aproximadamente 19 km de 
comprimento, 5 km de largura 
e direção NE.
Graben de Cananéia Direção preferencial para NE.
Macuco
Hemigraben com mergulho 
de assoalho para SSE.
Itaboraí
Hemigraben alongado na 
direção ENE, sendo limitado 
ao sul pela Falha de São 
José, reativada do 
embasamento. Registra os 
primeiros estágios de 
formação do RSCB no 
Paleoceno.
Graben da Barra de 
São João
Depressão assimétrica de 
direção NE com depocentros 
locais, controlados por 
falhamento normal antitético 
na borda sul.
Estruturas associadas
Limitada por duas grandes estruturas rúpteis regionais; a N por 
falhamento com direção NE-SW e a L por falhamento com 
direção N-S.
Possivelmente está relacionado tectonicamente com o Graben 
de Cananéia
Camadas sedimentares < 200m com mergulho para SE. Seu 
desenvolvimento ocorreu junto a falha de Cubatão, que cruza o 
Lineamento Guapiara durante movimentos tectônicos do 
Terciário.
Limita-se em seu flanco NW por falhamento normal, além de 
conter dois altos transversais que o subdividem em três 
compartimentos.
Duas falhas principais delimitam o graben. A primeira falha, na 
borda sul, possui maior rejeito e indicações de rotação em bloco 
das camadas sedimentares basais. A segunda, na borda norte, 
delimita um graben interior, mais simétrico. Há indícios de 
distensão crustal com depocentros locais em blocos 
compartimentados por zonas de transferência, nas quais haveria 
a inversão de polaridade dos falhamentos extensionais.
O
r
i
e
n
t
a
l
Quatro sistemas principais de 
lineamentos de direção ENE a E-
W, N-NW, N-NE e W-NW. Estes 
sistemas são caracterizados 
por falhas de movimentação 
predominantemente normal ou 
reversa, de componente 
direcional destral ou sinistral e 
situações intermediárias. 
Também é possível observar 
algumas falhas de empurrão, 
dobras e juntas.
C
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n
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r
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l
 
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P
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S
u
l
Falhas normais mesoscópicas, separadas em três grupos 
distintos gerados em diferentes eventos de extensão: extensão 
NW-SE; extensão NE-SW e extensão E-W a WNW-ESE.
Estiramento mais intenso comparada a outras bacias do RCSB, 
evidenciado pelo mergulho de até 35° das camadas. Há ainda 
separação da bacia em dois blocos estruturalmente distintos 
separados por uma falha transversal.
O
c
i
d
e
n
t
a
l
f

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