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APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 2 Volume 1 PREFÁCIO PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIO Esta obra tem por objetivo proporcionar a todos os interessados em iniciar a criação de abelhas dentro das modernas técnicas, proporcionando uma atividade viável, mediante escolha de instalações e equipamentos adequados ao seu sistema criatório. SILVIO LENGLER – TÉCNICO AGRICOLA - ZOOTECNISTA – MESTRADO EM ZOOTECNIA Professor Titular do Departamento de Zootecnia – CCR – Universidade Federal de Santa Maria, 1974 a 2003. RT do Entreposto de Mel de Apiários SINEL Fone/fax 0 xx 55 3226.1113/ Celular 99786240 E-mail: slengler@uol.com.br 17ª Edição SANTA MARIA – RS - 2015 V SÍLVIO LENGLER 3 ÍNDICE PREFÁCIO V 1- HISTÓRICO DA APICULTURA 3 1.1- lnício da Apicultura Racional 5 1.2 - Origem das Abelhas Melliferas Existentes no Brasil 5 1.3 - A Estagnação da Abelha Européia 6 2-IMPORTÂNCIA DA APICULTURA 7 3-MORFOLOGIA E ANATOMIA DA ABELHA 10 3.1- Cabeça 11 3.2- Tórax 13 3.3- Abdômen 16 3.4- Sistema Digestivo 16 3.5- Sistema Circulatório 19 3.6- Sistema Nervoso 20 3.7- Sistema Respiratório 21 3.8- Sistema Glandular 21 3.9- Sistema Reprodutivo 22 4-CICLO EVOLUTIVO DAS ABELHAS 4.1 - Trabalho de Rotina das Abelhas Operárias 24 4.2 - Diferença entre Rainha, Operária e Zangão 26 5 - ESCOLHA DO LOCAL PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIO 5.1- Fatores Limitantes 27 5.2- Fatores Não Limitantes 29 6-PLANTAS APÍCOLAS 6.1 - Plantas Apícolas dos campos 31 6.2- Plantas Apícolas da mata 32 6.3- Plantas Apícolas cultivadas 32 7-INDUMENTÁRIA DO APICULTOR 33 8 –CENTRIFUGAS 35 9 - DERRETEDOR DECERA 36 10 -TANQUES DECANTADORES 37 11 -CARRETILHA FIXADORA 37 12-APIÁRIOS COBERTOS E DESCOBERTOS 37 13-COLMEIAS 38 14 – CASA DO MEL E ENTREPOSTO DE MEL E CERA DE ABELHAS 43 15 – POVOAMENTO DE COLMEIAS 44 16 – FOTOGRAFIAS 45 17 – BIBLIOGRAFIA 46 18 – ANEXOS 47-53 APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 4 1. HISTÓRICO DA APICULTURA Preciosos e autênticos documentos históricos, expostos no Museu de Berlim, autorizam afirmar que são os Egípcios os pioneiros na criação de abelhas. Os gregos por sua vez souberam valorizar no comércio e na literatura a utilidade do precioso inseto. Em escavações no Golfo de Salermo fizeram-se achados valiosos, sob o ponto de vista arqueológico, principalmente em relação aos usos e costumes da população grega primitiva. Várias das ânforas de aproximadamente 2000 anos apresentavam-se cheias de mel, em excelentes condições, embora bastante açucarado. Os gregos, embora guardassem o mel em potes de barro, faziam as colméias de palha trançada ou de colmo, em forma de sino, como também usavam os romanos. "Do colmo precisamente é que veio o nome colméia". No ano 558 antes de Cristo a apicultura grega já possuía leis, elaboradas em Atenas pelo legislador Solon que havia estudado o assunto com os egípcios. Dos vestígios encontrados à sombra das antiquíssima pirâmides, junto ao túmulo misterioso das petrificadas múmias, se infere que o mel foi certamente iguaria apreciada nas lautas mesas de Romassés e de Cleópatra. Tão presente estava o laborioso inseto na história de 5 mil anos atrás que perdura ainda hoje no Egito uma dança típica chamada "Passo de Abelha". Quanto a conhecimentos sobre as abelhas, quanto a sexo, reprodução e morfologia, os antigos criadores de abelhas (egípcios e gregos) tinham noções totalmente errôneas, encobriam a sua ignorância, que muito ainda hoje existe, - "É segredo de abelhas". Pensavam que as abelhas nasciam espontaneamente ou saiam como narra Virgílio, das entranhas dos touros imolados em honra dos Deuses. Também não duvidavam da hipótese de que as abelhas não tinham filhos e procuravam, em algumas flores as SÍLVIO LENGLER 5 sementes que deviam produzir zangões. Colhiam mel já preparado em flores especiais que só elas conheciam e que havia na colméia um indivíduo único, maior que os outros a que chamavam rei, visto ser ele que, indiscutivelmente, imperava sobre todos os seus alados súditos. Os zangões eram olhados como insetos estranhos associados às abelhas. Para chegarem a estas conclusões, grandes sábios passaram anos e anos a estudar os insetos fabricadores de mel e de cera, a dar crédito a Plínio, que narra, num dos seus livros que um homem passou 50 anos - a estudar as abelhas e outro se retirou para o deserto para dedicar-se mais profundamente às suas pesquisas sobre as abelhas. Deve-se a Maraldi a construção da primeira colméia de vidro que lhe permitiu estudar o modo de construção dos favos, postura e armazenamento do mel. Descobre-se também, pelo rápido exame dos órgãos sexuais que os zangões podiam ser machos, mas nada descobre relativo ao mistério da geração das abelhas; trabalhos referentes a essas descobertas foram publicados pelo próprio Maraldi, em 1712. Outro sábio surgiu 10 anos depois, tratava-se do francês Reamur para saber se existia uma só rainha no enxame, dividia um enxame em dois que colocava em colméias distintas, e examinava as abelhas, uma por uma, encontrando apenas uma rainha numa das frações. Para examinar as abelhas, mergulhava- se em água, calculando matematicamente o tempo necessário para que as mesmas ficassem sem vigor, mas com vida, tendo a assombrosa paciência de contar até vinte e sete mil abelhas. O enxame que tinha rainha continuava a trabalhar e a progredir, ao passo que o outro morria todo em poucas semanas. Logo não podia admitir dúvida a conclusão que um enxame sem rainha é um enxame perdido. Reamur, apesar dos 10 anos que se dedicou às abelhas, pouco adiantou as descobertas feitas. Confirmou-se é verdade, mas ainda se fez eco de erros, asseverando que as abelhas ordinárias eram seres neutros, a abelha não põe ovos diferentes e de verdadeiro só anteviu que a abelha mãe necessita de uma fecundação apenas para a sua postura de milhares de ovos. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 6 Francisco Huber nasceu em Gênova, foi um naturalista de renome, embora fosse cego, muito deixou para a apicultura da época. Ajudado pela esposa e um criado, mais tarde pelo filho de um médico, descobriu que uma rainha tinha que ser fecundada para poder reproduzir, o que conseguiu mediante as seguintes observações: a) colocou uma rainha virgem dentro de uma colmeia fechada, após muito tempo a minha continuava estéril; b) colocou rainha virgem dentro da colmeia com vários zangões, mantendo a colmeia fechada notou que a rainha continuava estéril; c) por fim observou o vôo nupcial e notou que a rainha - voltou com fragmentos de órgãos genitais masculinos. Além da fecundação da rainha descobriu o sexo das operárias que até então passavam por neutras. Estudou uma colmeia e verificou que uma operária iria pôr um ovo, agarra-a e a disseca, descobrindo assim pequenos ovários, frágeis, mas com ovos. 1.1 Início da Apicultura Racional Em 1851 com a invenção da colmeia mobilista "Standard, Langstroth ou Americana", surge uma nova era na apicultura universal. Seu inventor foi Lorenzo Langstroth, professor de matemática, interessando-se em teologia, formou-se pastor em Massachussets nos Estados Unidos da América. A colméia de Langstroth possui 10 quadros móveis, automáticosque recebem o nome de "quadros hoffmann". No Brasil, a colméia - Langstroth é recomendada como Padrão pelo Ministério da Agricultura, Confederação Brasileira de Apicultura, Federações de Apicultura e a maioria dos órgãos oficiais de apicultura dos Estados. 1.2 Origem das Abelhas Melíferas Existentes no Brasil São conhecidas como abelhas nativas (naturais do Brasil), as abelhas sem ferrão pertencentes ao gênero Melipona e Trigona (mandaçaia, mirim, jataí, etc). As abelhas do gênero Apis são as que vieram da Europa e África, sendo que as primeiras abelhas do gênero Apis vieram do porto de Portugal, em 1838, foram trazidas pelo Padre Antônio Carneiro Aureliano que embarcou 100 colméias, das quais sobreviveram somente sete. Estas abelhas eram de espécie mellifera e sub-espécie mellifera, conhecida vulgarmente pelo nome de abelha alemã, abelha preta ou do reino. SÍLVIO LENGLER 7 Mais tarde em 1870 o alemão Frederico Augusto Hanemann, trouxe para São Leopoldo e Rio Pardo (RS) as abelhas italianas ( Apis mellifera ligustica ) Deve-se a este apicultor o pioneirismo de Apicultura Gaúcha. Em 1906, Emilio Schenk trouxe rainhas douradas da Alemanha, foram as italianas da variedade aurea. Visitou durante anos os agricultores, ensinando-lhes a criar abelhas, em 1920 organizou a 1a Exposição Estadual de Apicultura. Nesta época transportou abelhas até o Rio de Janeiro, via ferroviária. 1.3 A Estagnação da Abelha Européia As abelhas européias alojadas em caixas rústicas, potes de barro, cestas de vime, passaram um longo período de privações de toda ordem. Desenvolvendo-se ao natural, nas matas ou apiário mal cuidados passaram as abelhas a uma paulatina e inevitável decadência. Expostas às doenças e às intempéries, indefesas contra os inimigos naturais, depauperadas por falta de néctar devido ao desmatamento de grandes áreas, caíram elas na inércia. Outra grande causa que ocasionou a degeneração das abelhas foi a falta de introdução, no Brasil de novas raças para renovação das existentes. Passado quase meio século de introdução de rainhas, surgiu o pesquisador professor Warwick E. Kerr. Em 1956, partiu para a África com o plano de trazer para cá abelhas altamente produtivas, que seriam cruzadas com as abelhas aqui existentes. Assim naquele mesmo ano trouxe para o Brasil nada menos que 170 rainhas de Apis mellifera scutelllata das quais somente 49 foram aceitas em núcleos e colméias de Piracicaba - SP. No ano seguinte foi feito um experimento comparativo com as italianas e pretas, 45 dias após o união do experimento 26 colméias africanas haviam enxameado. Migrando e enxameando sucessivamente chegaram ao Rio Grande do Sul em 1965. A velocidade dessas abelhas em direção norte, através de migrações e enxameações contínuas é em torno de 200 milhas/ano. Em 1970 as abelhas africanas se encontravam ao longo da Cordilheira dos Andes, em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia. No Brasil, as abelhas africanas como conseqüência imediata ocasionou a desistência quase total do apicultor de idade APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 8 avançada, mortandade elevada de animais domésticos bem como de elevado número de pessoas, acarretou uma diminuição do número de colméias o que provocou uma baixa na produção nacional de mel, em conseqüência provocou a elevação do preço desse produto que até então era comercializado por um valor inferior ao do açúcar. 2. IMPORTÂNCIA DA APICULTURA A criação de abelhas apresenta aspectos importantes no desenvolvimento da atividade Agropecuária, desde a polinização das plantas com conseqüente aumento na produção de frutas e sementes bem como na produção de alimentos para o sustento do homem do campo. 2.1 Mel O produto de maior importância é o mel, desde a antigüidade existem notícias a seu respeito, em desenhos de cavernas, em conservação de múmias, em conservação de frutas, carnes e outros. A produção mundial de mel é da ordem de 1,2 milhões de toneladas. Seis países concentram 50% do total produzido. O mercosul representa 11% do total mundial. O maior produtor é a China seguida dos Estados Unidos e Argentina. Os principais importadores são a Alemanha, Estados Unidos, Japão França e Reino Unido. As compras internacionais estão ao redor de 300 mil ton/ano.Os três maiores exportadores são a Argentina, China e México. O consumo mundial apresenta uma tendência crescente devido a maior demanda em alguns mercados tradicionais e a incorporação de novos países como Líbano, Arábia Saudita, Oman, Siria e outros apresentam importante expansão. O consumo médio mundial é de 220 gr/hab/ano. Importadores de mel são geralmente países de alto poder aquisitivo, exigentes em qualidade e comprometimento de fornecimento Fonte: http:// www.wmdigital.com.br Na questão do associativismo encontramos a entidade máxima da apicultura mundial que a APIMONDIA. A APIMONDIA, Federação Internacional das Associações de Apicultura, com sede em Roma, possui mais de 8 milhões de membros filiados, representados por 90 países. O Brasil é membro dessa Federação através da Confederação Brasileira de Apicultura. Por sua vez, a Federação Apícola do Rio Grande do Sul - FARGS, que congrega 54 entidades, entre Associações de Apicultores e Empresas (fevereiro de 2012) está diretamente filiada a CBA, SÍLVIO LENGLER 9 ( www.brasilapicola.com.br ) O Brasil é, atualmente,(2012) o 6° maior produtor de mel (ficando atrás somente da China, Estados Unidos, Argentina, México e Canadá), entretanto, ainda existe um grande potencial apícola (flora e clima) não explorado e grande possibilidade de se maximizar a produção, incrementando o agronegócio apícola. Durante o ano de 2011, o Brasil exportou 22.398 toneladas de mel ao preço médio de UU$ 3,164/kg Fonte: www.embrapa.gov.br www.sebrae.com.br PRODUÇÃO DE MEL DE ABELHAS EM NÍVEL DE MERCOSUL, NACIONAL E ESTADUAL - Toneladas Nível geográfico 1995 1996 1997 2010 MERCOSUL* Argentina 70.000. 57.000. 70.000. 90.000 Brasil 34.300 34.900 28.000 50.000 Uruguai 5.500 5.8000 7.000 Paraguai 1.348 ---------- -------- BRASIL Santa Catarina* 8.200 7.000 4000 Rio Grande do Sul 5.942 4.500 3.800 7.098* Paraná * 7.600 6.000 3.600 São Paulo * 4.500 3.900 4.200 Minas Gerais * 1.535.857 1.515.189 1.596.634 Mato Grosso do Sul* 700 300 400 * PRODUÇÃO DADOS IBGE 2.2 Geleia Real A Geleia Real é um alimento originado das glândulas hipofaringeanas e mandibulares encontradas na cabeça das abelhas jovens, denominadas nutrizes com idade de 4 a 14 dias. É um alimento rico em minerais e aminoácidos e é vastamente consumido no mundo inteiro. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 10 2.3 Larvas de Zangão É um produto das abelhas pouco conhecido pelos consumidores, brasileiros. Na Europa é conhecido por Apilarnil, na Apostila Manejo, Nutrição e Produtos das Abelhas, deste mesmo autor, pode-se obter mais informações. 2.4 Cera A produção de Cera é realizada em colméias rústicas (cortiço, em forma de cesta de palha), sendo coletada quando as abelhas começam a colocar mel nos respectivos favos. 2.5 Própolis A produção de própolis está tomando-se uma atividade economicamente viável uma vez que deste produto se extrai a propolina, antibiótico de largo uso. 2.6 Pólen Outro alimento importante para as abelhas é o Pólen, fonte rica em proteína apresentando influência na secreção de Geléia Real pelas abelhas nutrizes. 2.7 Apitoxina ou apina A Apitoxina é liberada por ocasião da picada da abelha, apresenta na sua composição química a fosfolipase que atua sobre o organismo humano coagulando o sangue e afetandoa respiração, a histamina provoca queda de pressão arterial, a melitina produz toxidez em geral e destrói os globos vermelhos e a hialuronidase provoca a infiltração no tecido. 2.8 Mel de Melato O mel de melato é obtido primordialmente a partir de secreções das partes vivas das plantas ou excreções de insetos sugadores de plantas que se encontram sobre elas. Trata-se de um produto muito rico em sais minerais, vitaminas e enzimas, embora sendo um mel muito escuro. 2.9 Pão das abelhas Pão das abelhas é a mistura de pólen, mel e secreções glandulares que as abelhas misturam e estocam nas celas dos favos para alimentar as SÍLVIO LENGLER 11 larvas. Para o consumo humano é muito recomendado, embora não tenha tradição no seu uso. 2.10 Opérculos Os opérculos são as tampinhas das celas ou seja a parte operculada dos favos, devem ser mastigados e ingeridos sendo indicado para doenças respiratórias. 2.11 Polinização Consiste no transporte do grão de pólen, célula reprodutora masculina da flor, da antera para o estigma, permitindo a fecundação e conseqüentemente a transformação em fruto. Na natureza, concorrem neste transporte o vento, a chuva, a gravidade, os pássaros e principalmente as abelhas que contribuem com aproximadamente 80%. Os EUA anualmente lucram 8 bilhões de dólares com o aumento em frutas e sementes com o uso de abelhas. Em alguns países mais desenvolvidos, existem firmas especializadas em polinização por abelhas e são inúmeros os testes científicos, realizados, no mundo inteiro que comprovam a eficiência destes insetos no aumento de produtividade de mais de 50 espécies de vegetais. WIESE, num ensaio de polinização em macieiras obteve 54 frutos em 10 plantas não visitadas por abelhas e 861 em outras 10 visitadas por estes insetos. Na polinização de café, experimento realizado por AMARAL na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" de Piracicaba, demonstrou um aumento na produção de 14% a 39% quando visitado por abelhas. Pesquisas em soja realizadas por JULIANO, no Rio Grande do Sul, testando (variedade Santa Rosa) obteve um aumento no número médio de vagens por pé em 37,95% e peso médio de vagens em 40,13% (Anais do 4° Congresso Brasileiro de Apicultura). 3 MORFOLOGIA E ANATOMIA DA ABELHA A abelha adulta apresenta, caracteristicamente diferenciadas, três regiões que formam o corpo: cabeça, tórax e abdomen. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 12 3.1 Cabeça Consiste de seis segmentos iniciais. Na abelha adulta acham-se de tal forma soldados entre si, que parecem um todo. Na cabeça encontram-se os olhos, os ocelos, as antenas e o aparelho bucal. 3.1.1 Olhos Compostos Estão localizados nos dois lados da cabeça. Cada olho composto é formado por milhares de omatídeos. Cada omatídeo é formado por células especiais de forma hexagonal e que se ligam, cada sete omatídeos, por um filete nervoso. São conjuntos de olhos interligados que enxergam em todas as direções. As facetas dos omatídeos são recobertas por pequeníssimos pêlos que protegem contra poeira e respingos de água. Os olhos compostos são fixos mas devido a enorme quantidade de omatídeos enxergam qualquer objeto em movimento ao seu redor. Os olhos do apicultor, por exemplo, ao piscarem chamam a atenção das abelhas motivando maior número de ferroadas no rosto. O número de omatídeos varia nas três castas: no zangão - 13.000, na rainha 3.000 e nas operárias 6.300. As abelhas enxergam a cor amarela, verde azulada, azul e o ultravioleta. 3.1.2 Ocelos ou Olhos Simples Estão localizados na pane frontal da cabeça e são em número de três. Servem para enxergar perto, dentro das colméias e o interior das flores. SÍLVIO LENGLER 13 3.1.3 Antenas As antenas são em número de duas, localizam-se frontalmente na parte mediana da cabeça. Dividem-se em 3 partes: a- Escapo, segmento de ligação à cabeça; b- Pedicelo, segmento intermediário; c- Flagelo, extremidade da antena formada por l0 segmentos na rainha e operária e 11 no zangão. No flagelo estão localizados os órgãos do olfato, tato e audição. As abelhas dispõem de cavidades olfativas localizadas no flagelo, sendo no zangão em número de 30.000, nas operárias de 3.600 a 6.000 e na rainha de 2.500 a 3.000. O tato provavelmente seja realizado através dos pêlos existentes nas antenas. Os pêlos apresentam em sua base células sensoriais ligadas ao sistema nervoso. Cortando-se 9 segmentos da antena que apresentam as cavidades olfativas, a abelha fica simplesmente impossibilitada de orientar-se- É claro que a orientação da abelha é baseada principalmente no olfato. A flexibilidade das antenas é muito grande o que permite captar e identificar cheiros e objetos. 3.1.4 Aparelho Bucal A peça principal do aparelho bucal é a língua. Está circundada pelos palpos labiais e as mandíbulas. O comprimento da língua varia de 4,5 a 8,5 mm dependendo da raça ou da linhagem da abelha. . Para selecionar as abelhas através do comprimento da língua usa-se um aparelho chamado glossômetro. As abelhas com língua mais comprida conseguem retirar o APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 14 néctar de flores com nectários mais profundos, o que resulta em maior coleta de néctar, logo, maior será a produção. Os palpos labiais auxiliam e protegem a língua. As mandíbulas são de estrutura forte e servem para mastigar, preparar e moldar a cera produzida pelas glândulas cerígenas. 3.2 Tórax A abelha possui seis patas, sendo três de cada lado, formando pares, localizando-se um par em cada segmento. 3.2.1 Patas No protórax encontram-se as patas dianteiras, no mesotórax as patas medianas e no metatórax as patas posteriores. Cada pata é formada por 6 segmentos, conhecidos como: 1.coxa, 2.trocanter, 3.fêmur, 4.tíbia, 5.tarso 6. pretarso . Na tíbia se encontra a corbícula ou cesta,(a), No tarso se encontram longos pêlos e no pretarso se encontra o estrigilo conforme (Figura 1). SÍLVIO LENGLER 15 FIGURA 1 3.2.1.1 Coxa É o primeiro segmento da pata. Liga-se diretamente ao tórax, varia de forma e tamanho em cada par de pernas. 3.2.1.2 Trocanter APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 16 É o segundo segmento, apresenta forma e tamanho diferente para cada par de pernas. Liga a coxa ao fêmur e permite a flexibilidade da perna. 3.2.1.3 Fêmur É o terceiro segmento e também o mais longo. Em sua extremidade forma o que podemos chamar de joelho. É um prolongamento entre trocanter e o joelho. 3.2.1.4 Tíbia É o quarto segmento. Tem comprimento e espessura variáveis em cada um dos três pares de pernas. No ápice ou extremidade da tíbia das patas posteriores das operárias encontra-se uma espécie de cavidade circundada; é a corbícula ou cesta onde as abelhas depositam e transportam o pólen das flores para a colméia (Figura 1 - A). 3.2.1.5 Tarso É o quinto e penúltimo segmento, formado de cinco partes, uma inicial, maior, e quatro menores. Na primeira peça, a maior encontra-se uma série de longos pêlos, espécie de escova (nas patas medianas) que servem para a coleta e retenção do pólen na corbícula. 3.2.1.6 Pretarso É o último segmento da perna. É denominado também, de pé da abelha ou estrigilo, é articulado ao tarso e possui músculos fibrosos que permitem exercer várias atividades, como segurar pequenos objetos, efetuar limpeza das antenas, etc. SÍLVIO LENGLER 17 3.2.2 Asas As abelhas possuem dois pares de asas, um paranterior e outro posterior. As asas anteriores estão articuladas ao mesotórax e as posteriores ao metatórax, sendo o par anterior maior que o posterior. As nervuras encontradas nas asas dão-lhe maior resistência, atuam como se fossem varetas de sustentação, além de permitir a passagem da hemolinfa (sangue da abelha). A disposição das nervuras não é uniforme, varia de raça para raça, servindo para a sua diferenciação, classificação e identificação (Figura 2). 3.3 Abdomen O das operárias e rainha apresenta sete anéis e o zangão oito, estão ligados entre si por membranas e músculos que permitem a facilidade de movimento. Em cada segmento encontram-se orifícios respiratórios (espiráculos)que se abrem em traquéias abdominais. 3.4 Sistema Digestivo Formado pelo canal alimentar (Figura 3) não serve somente para a digestão dos alimentos e conseqüente nutrição dos tecidos, como também para transportar néctar da flor à colméia. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 18 SÍLVIO LENGLER 19 3.4.1 Boca A função da boca consiste na apreensão dos alimentos, tendo como principal órgão a língua. 3.4.2 Faringe A faringe estende-se ao longo da cabeça, conduz o alimento da boca ao esôfago. 3.4.3 Esôfago O esôfago é um longo canal que se estende por todo tórax, levando o alimento à vesícula melífera. 3.4.4 Vesícula Melífera, Papo ou Falso Estômago Este órgão não possui função digestiva, serve para transportar o néctar das flores para a colméia aonde será transformada em mel. Serve também para transportar água ou mesmo mel no caso de pilhagem (abelhas roubam mel de outra colméia). Encontra-se na entrada do abdômen (Figura 3 – 4) 3.4.5 Proventrículo Trata-se de uma pequena secção que fica entre o papo e o ventrículo. A função do proventrículo nas abelhas é a de regular a entrada do alimento do papo para o ventrículo e reter no papo o néctar que será aproveitado pela colônia ou regurgitado no favo (Figuras 3 - 5). 3.4.6 Ventrículo O ventrículo é o estômago funcional das abelhas (Figura 3 - 6) constitui uma grande parte do canal alimentar sua superfície apresenta constrições transversais que formam numerosas APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 20 dobras. O ventrículo é responsável pela digestão do alimento (proteínas), porém somente no intestino delgado ocorrerá a assimilação dos nutrientes. 3.4.7 Intestino Delgado O intestino delgado é responsável pela absorção dos nutrientes que serão distribuídos, através da hemolinfa, aos tecidos. 3.4.8 Reto, Intestino Grosso ou Ampola Retal No reto ficam depositados os excrementos (detritos alimentares) para serem eliminados pelo ânus (Figura 3 - 9). Encontram-se nesta parte do sistema digestivo algumas estruturas denominadas papilas retais, que desidratam esses detritos, compensando assim a perda de água pela abelha na respiração. 3.5 Sistema Circulatório O sangue que percorre o corpo da abelha, não o faz através de um sistema fechado de vasos, veias e capilares, como acontece nos vertebrados. O sistema circulatório é composto por um coração pulsátil (Figura 3 - A) e por outros órgãos que auxiliam nessa função, tais como: diafragma dorsal (Figura 3 - B) e ventral (Figura 3 - C), um grande vaso sangüíneo (aorta) e dois pequenos vasos conduzem o sangue para as antenas. Na abelha adulta o coração se apresenta com forma alongada, estando colocado sob o teto do e ligado também ao diafragma dorsal. O coração tem paredes formadas por músculos e apresenta 5 pares de aberturas chamadas óstias. Essas aberturas agem como válvulas e funcionam da seguinte maneira: - quando o coração se dilata elas se abrem e o sangue penetra através delas, para o interior do órgão. Em seguida o coração se contrai e as óstias se fecham, evitando a volta do sangue, e então este é lançado adiante para o vaso aorta. SÍLVIO LENGLER 21 Os diafragmas dorsal e ventral são os responsáveis pela circulação dentro do e pelo envio do sangue da cabeça e do tórax para o abdomen. Ambos os diafragmas pulsam e são constituídos por uma membrana muito fina que tem comunicações com a cavidade abdominal. A pulsação ventral dirige o sangue que vem do tórax para o sinus ventral (espaço entre a parede do corpo e o diafragma ventral). O diafragma dorsal trabalha na direção oposta, dirigindo o sangue do abdômen para o tórax. O sangue das abelhas que é quase incolor é conhecido pelo nome de hemolinfa, contém corpúsculos brancos nucleados que são chamados hemócitos. Esses glóbulos têm a função de fagocitose, isto é, englobar hematócitos e destruir bactérias. A principal função da hemolinfa é transportar alimentos que tenham sido absorvidos no intestino delgado e levá-los aos tecidos do corpo e também conduzir os detritos aos órgãos de excreção. 3.6 Sistema Nervoso 3.6.1 Cérebro O cérebro abrange quase toda a porção anterior da cabeça deste órgão partem nervos que vão aos olhos e antenas. 3.6.2 Gânglio Subesofageano Encontram-se logo abaixo do esôfago e liga-se ao cérebro através de suas porções laterais, partem deste órgão, nervos ao aparelho bucal. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 22 3.6.3 Cadeia Nervosa Ventral A cadeia nervosa ventral percorre quase todo o corpo do inseto (tórax e abdômen), encontramos uma cadeia nervosa que consiste de sete pares de gânglios. 3.7 Sistema Respiratório As abelhas não têm um órgão central especializado para a respiração. O oxigênio é conduzido da atmosfera diretamente aos tecidos, entrando para o interior do animal através de orifícios existentes na parede do corpo (espiráculos), passando através de um sistema de bombas de ar e tubos ramificados (traquéias). Após passa aos sacos de ar traqueais, em seguida às traqueíolas, estas apresentam suas extremidades abertas e entram em contato com uma pequena parte do plasma do sangue circulante. Assim o oxigênio trazido se dissolve no sangue e fica então em condições de ser aproveitado pelas células do corpo. O gás carbônico resultante dos processos de oxidações é removido pelos espiráculos. 3.8 Sistema Glandular Na cabeça encontramos várias glândulas, sendo as mais importantes as hipofaringeanas e mandibulares, responsáveis pela secreção da geléia real e também as salivares que produzem a saliva que possui na sua composição a enzima invertase responsável pela reação química do mel, isto, é, transforma a sacarose do néctar em glicose mais frutose. No tórax tem outro par de glândulas salivares com a mesma função das anteriores, pois, sua secreção, é conduzida para o duto daquelas primeiras. No abdômen também se localizam algumas glândulas importantes, que são: de cera, de cheiro e do ferrão. SÍLVIO LENGLER 23 As glândulas de cera se encontram aos pares na superfície interna do ventre, um total de 4 pares responsáveis pela secreção da cera. As glândulas de cheiro produz uma substância responsável pela distinção das companheiras, assim cada enxame tem seu cheiro característico. O macho não possui a glândula de cheiro por isso ele tem livre acesso a qualquer colméia. O ferrão apresenta duas glândulas: ácida e básica, a primeira produz a substância que é injetada pelo ferrão e a segunda produz uma secreção que serve para encobrir os ovos com uma camada aderente ou protetora, está presente na rainha. No abdômen existem ainda as glândulas desconhecidas, que produzem nove antibióticos, responsáveis pela resistência das abelhas às doenças. A glândula "corporaallata" produz o hormônio juvenil, assim chamado porque produz maior quantidade dessa substância na fase larval da abelha. Existem trabalhos que demonstram que essa substância está relacionada com o controle de crescimento da larva. No inseto adulto ela assume funções relacionadas ao controle do metabolismo geral. 3.9 Sistema Reprodutivo O aparelho reprodutivo da rainha consta de dois ovários, tendo cada um, um feixe de mais ou menos 150 túbulos chamados ovaríolos. Na parte basal dos ovaríolos abrem-se os ovidutos laterais que são largos e curtos que se ligam à vagina. Fazendo parte do aparelho reprodutor da rainha existe ainda a espermateca que é um saco esférico onde os espermatozóides ficam depositados durante toda a vida da rainha fecundada. Os espermatozóides que são lançados no oviduto por ocasião da APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 24 cópula, migram para a espermateca. Admite-se que isso ocorra devido à atração química que é exercida pela secreção de um par de glândulas tubulares que se apresentam dobradas sobre a superfície dorsal da espermateca. Na rainha fecundada os ovaríolos aumentam em diâmetro e os ovários se tornam muito grandes, ocupando uma grande parte do abdômen. O ferrão da rainha além de órgão de defesa, também funciona como ovopositor. O aparelho reprodutor masculino é composto de dois testículos, nos quais encontramos feixes de túbulos enrolados onde os espermatozóides são produzidos e amadurecidos. Em seguida aparecem duas vesículas seminais que são estruturas em forma de salsicha e que aumentam de tamanho à medida que recebem os espermatozóides provenientes dos testículos durante o amadurecimento do zangão. Os vasos deferentes em número de dois ligam os testículos às vesículas seminais. As paredes dessas vesículas se apresentam constituídas por um tecido glandular, o qual vai produzir a secreção seminal. Existem também as chamadas glândulas de muco, em forma de clava, que correspondem a um acessório do aparelho reprodutor masculino. O ducto ejaculatório por onde os espermatozóides passam no momento da cópula, é um tubo longo e fino que se estende desde a região anterior do pênis até o local onde as glândulas de muco se unem. O pênis também conhecido por órgão intromitente ou endofalo é responsável pela eliminação do sêmen no trato genital feminino. Um zangão possui, em média, 1,7 mm cúbicos de sêmen, 11 milhões de espermatozóides, aproximadamente. O zangão se toma maduro sexualmente, isto é, apto para reprodução aos 8 a 12 dias de idade. SÍLVIO LENGLER 25 4. CICLO EVOLUTIVO DAS ABELHAS A rainha vive em média 02 anos, podendo alcançar 5 anos, dependendo do seu peso corporal. Quanto maior for o peso da rainha, maior serão os ovários, conseqüentemente maior número de ovaríolos possui, logo maior número de óvulos pode produzir, também maior será a espermateca, assim a rainha, pode desempenhar a sua função com maior intensidade. A operária vive em média 38 a 42 dias no nosso clima e até 6 meses em clima com inverno prolongado ou período de inatividade. O zangão vive até 80 dias, quando a florada for boa ou houver abundância de alimento na colméia, conforme o critério das operarias. Ciclo Evolutivo das Três Castas OVO LARVA PUPA ADULTO RAINHA 3 5,5 7,5 15-16 OPERÁRIA 3 6,0 12 21 ZANGÃO 3 6,5 14,5 24 (em dias) 4.1 Trabalho de Rotina das Abelhas Operárias Do primeiro ao terceiro dia - são abelhas faxineiras destinadas à limpeza da colmeia, suas ruas, depósitos de mel e células para a postura de ovos que originarão operarias, zangão ou rainha. Do quarto ao décimo quarto dia de vida, desempenham a sua mais importante tarefa: preparar e cuidar da alimentação das larvas, motivo pelo qual são balizadas de abelhas nutrizes. No preparo do alimento das larvas ingerem o mel, pólen e água e após importantes transformações químicas naturais, efetuadas em glândulas específicas, o alimento é regorgitado para os fundos das células com as larvas carentes de alimento. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 26 Do décimo quarto ao vigésimo primeiro dia, são batizadas de abelhas diretoras ou engenheiras, por ser o período em que dedicam à produção de cera e à construção dos favos. A cera é produzida através de glândulas específicas especiais em número de oito, localizadas na pane inferior do abdômen das operárias. Aos vinte dias também defendem a família da invasão de inimigos, vigiando a entrada do alvado da colméia. Do vigésimo primeiro dia até o final de sua existência, apenas 38 a 42 dias, na dependência do clima e trabalho, as abelhas se lançam aos campos, em busca do néctar, para deposita-lo nos favos. Além do néctar, as abelhas nesta idade também coletam pólen, resinas e transportam água para o interior da colméia, são chamadas campeiras. Fora das atividades de rotina, como campeiras, as abelhas realizam vôos de reconhecimento da colméia já no quarto dia e buscam água quando necessário. Vivem menos tempo na primavera, verão e outono, e mais no inverno, por falta de atividade. Pertencem ao sexo feminino, mas possuem os órgãos de reprodução atrofiados por terem nascido num berço pequeno (células operárias) e ausência de rações com geléia real após o terceiro dia de vida larvária. Em casos de extrema motivação, na falta de rainha, conseguem pôr ovos não fecundados (óvulos), só nascendo zangões. Alguns pesquisadores observaram zangões acasalando com operárias. Encontramos citações no livro Apicultura de P.Jean-Prost que o pesquisador RUTTNER, em 1977, observou operárias pondo ovos normalmente. SÍLVIO LENGLER 27 4.2 Diferença entre Rainha, Operária e Zangão Tanto a rainha como operária podem originar de um mesmo ovo, o que difere é a alimentação. O ovo eclode ao terceiro dia, recebendo, a larva, geléia real do 4° até o 6° dia; se suspender esse alimento após 72 horas e continuar a alimentação à base de mel e pólen, dentro de quinze dias nascerá uma operária, completando um total de 21 dias. Contudo se no 6° dia em diante continuar recebendo geleia real até a fase de operculação da cela (8° dia), dentro de mais 7 a 8 dias, nascerá uma rainha, completando assim um total de 15 a 16 dias. A glândula de cheiro produz uma substância responsável pela distinção das A rainha quando nasce é denominada princesa estando apta para receber o macho após o 4° dia de vida. Após a manifestação do cio, inúmeros zangões se aproximam, de regiões distantes, e ficam junto à princesa aguardando a realização do vôo nupcial. Alguma centenas de zangões participam do vôo nupcial e somente 7 a 8 zangões realizam a fecundação, morrendo logo após enquanto a rainha volta a colméia e no dia seguinte inicia a postura dos ovos. A operária também é do sexo feminino, mas apresenta os órgãos genitais atrofiados e em condições excepcionais pode pôr ovos não fecundados (óvulos) dos quais nascem somente zangões. O zangão é o amante da boa vida, grande apreciador dos recheados e apetitosos favos de mel e nada faz a não ser esperar pelo vôo nupcial de alguma princesa. Não possui órgãos de trabalho, são privilegiados por um super-olfato que lhes permite descobrir uma rainha virgem num raio de dez quilômetros. O vôo nupcial proporciona uma disputa eliminatória entre os cortejadores da rainha virgem, prevalecendo sempre a lei do mais forte. Após vencer o amor da jovem rainha, o que é um grande privilégio, deixa sua vida em holocausto a esse inimitável ato de amor. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 28 Por incrível que pareça,sempre tem avô mas não tem pai, porque nasce de um ovo não fecundado. É um típico exemplo de reprodução por partenogênese. 5 ESCOLHA DO LOCAL PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIO Na instalação de um apiário alguns fatores devem ser considerados, sendo uns limitantes e outros não limitantes. 5.1 Fatores Limitantes 5.1.1 Presença de Água A água é requisito importante, deve ser limpa, corrente, potável e de preferência ao natural. Se não houver água ao natural, será preciso canalizá-la deixando-a correr ou borrifar em cima de um monte de pedras que as abelhas irão lamber com muito gosto, quando sedentos. Se a distância for grande, um barril com torneira e uma tábua inclinada resolvem precariamente o problema. A água tem importância fundamental no desenvolvimento de uma colméia, tanto serve como alimento como para diluir o alimento e proporcionar condições intrínsecas favoráveis à colméia (regula a umidade e temperatura interna da colméia). 5.1.2 Pastagem Apícola O néctar é a matéria prima, do qual depende diretamente a produção de mel e da cera. As abelhas dominam bem uma área de 3 a 5 quilômetros, quanto mais próxima, porém a fonte, mais rápido o transporte e maior o rendimento. O reconhecimento da pastagem apícola de um determinado local pode ser feito mediante a identificação das plantas pelo nome comum comparando com calendários apícolas ou estudo através da APIBOTÂNICA, que consiste em avaliar a florada apícola através do uso de colméias. SÍLVIO LENGLER 29 Usando-se cinco colmeias com população integral, devem produzir, em condições normais, 25Kg de mel durante um período de doze meses, nesse caso podem aumentar o número de colméias. Caso a produção não atinja esse valor, representa que o local apresenta problemas, o que representa inviabilidade para exploração racional de um apiário. 5.1.3 Número de Colméias O número de colméias deve ser proporcional à capacidade aquisitiva do apicultor e à capacidade nectarífera da vegetação. Os apiários apresentam geralmente 20 a 30 colméias, isso varia conforme o tipo de vegetação e tamanho da área. Para tomar viável as visitas, devido ao alto custo do transporte, no mínimo o apiário deve possuir 10 colméias. Toma-se vantajoso distribuir 30 colméias em 3 apiários do que em 1 só, porque se determinada região sofre influência acentuada do clima, podendo causar frustração na safra, todas as colméias sofrerão, o que não ocorrerá se a distribuição das colméias for bem programada, em regiões distintas, e apiários diversos. 5.1.4 Topografia Para facilitar o transporte das colméias, melgueiras e mel, o apiário deve ser instalado em local de fácil acesso, isto é, na parte mais baixa do morro, o que facilita o trabalho das abelhas operarias. Deve-se evitar instalar apiário próximo a banhados ou locais muito úmidos. Preferencialmente a topografia deve ser inclinada, e se possível para o norte, também o solo deve ser bem drenado. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 30 5.2 Fatores não Limitantes Esses fatores não apresentam influência muito grande no desenvolvimento das colméias, mas é importante respeitá-los porque a longo prazo podem afetar a produção de mel. 5.2.1 Proteção Contra Ventos Frios e Fortes Principalmente no Rio Grande do Sul as colméias devem ser protegidas contra os ventos frios porque aumenta o gasto de energia pelas abelhas para manter a temperatura interna da colméia o que representa maior consumo de alimento. Assim, ao sul e leste do apiário deve haver uma barreira natural ou apicultor pode plantar árvores melíferas. 5.2.2 Fácil Acesso Preferencialmente o acesso ao apiário deve ser de tal modo que se possa penetrar no mesmo com veículo de transporte, assim facilita o manejo e os trabalhos serão executados com maior facilidade e rapidez. 5.2.3 Distribuição das Colméias Muitos apicultores distribuem suas colmeias em agrupamentos em linha, outros preferem coloca-las bastante distante e esparsas pelos potreiros e pomares. Tanto faz esparsas a esmo ou simetricamente agrupadas, mas devem ser conservadas levantadas do solo pelo menos 40,0 centímetros. 5.2.4 Afastamento de Casas e Ruas Para segurança das pessoas e animais, a nova técnica é arredar o apiário no mínimo 100 metros de casas, ruas e instalações de animais domésticos. 5.2.5 Raio de Ação das Abelhas e Distância entre Apiários Como o raio de ação das abelhas é ao redor de 3 quilômetros, os apiários devem ficar afastados entre si em igual distância ao raio de ação das campeiras, para evitar competição SÍLVIO LENGLER 31 muito acentuada, provocando inflação de coleta e saturação do ambiente. 5.2.6 Padronização das Colmeias Para facilitar o manejo as colmeias de um mesmo apiário devem ser padronizadas, isto é, apresentar as mesmas medidas (mesmo modelo). 5.2.7 Presença de Sol Quanto maior for o número de horas de exposição das colméias ao sol durante o dia, mais facilmente as abelhas manterão equilibrada a temperatura intema da colméia, principalmente em dias frios. Para isso acontecer as colméias devem ficar com o alvado orientado para o norte, cuja frente deve possuir pouca vegetação. 5.2.8 Cerca de Proteção A cerca de arame só é usada quando o apiário fica dentro de um porteiro junto com bovinos e eqüinos, servindo como proteção para evitar o tombamento das colmeias. 5.2.9 Qualidade do Mel a ser Produzido Para o principiante na criação de abelhas é importante instalar o apiário em regiões que se possa produzir mel de boa qualidade, assim poderá comercializar o produto com facilidade. Nas regiões aonde predomina a planta fumo “brabo” que ocorre nas encostas de morros de lavouras abandonadas, produz- se mel amargo e de difícil comercialização. O apicultor que realizar a tipificação do mel (tipos diferentes, exemplos: eucalipto, flores dos campos, silvestre, angico, citrus, vassoura, etc.) terá maior facilidade na comercialização do mesmo. 5.2.10 Registro na Associação de Apicultores Todo apicultor deve registrar seu apiário na Associação de Apicultores, assim poderá usufruir de diversas vantagens: troca de cera bruta por cera alveolada, aquisição de equipamentos a custos menores, participação na feira-do-mel e cursos de reciclagem. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 32 6. PLANTAS APÍCOLAS As plantas apícolas são classificadas em nectaríferas (produzem só néctar), poliníferas que produzem só pólen e nectaríferas- poliníferas (produzem néctar e pólen). As nectaríferas-poliníferas dividem-se em dois sub grupos: a- plantas que apresentam nectários florais, produzem néctar nas sépalas, pétalas ou nos próprios nectários, representa 98% das plantas existentes na natureza; b- plantas que apresentam nectários não florais (nectário extra floral), o néctar é produzido nas folhas, brotos e caules novos, representa 2% das plantas da natureza. Outra classificação (geográfica) 1- dos campos; 2- da mata e 3- cultivada. 6.1 Plantas Apícolas dos campos Nome comum Período de Florescimento Carqueja............................................................... fevereiro e março Carquejão.................................... .fevereiro, março, junho e agosto Vassourinha,Vassoura............................................... março e abril Erva santa............................................................ agosto e fevereiro Grama forquilha.................................................. dezembro a março Maria Mole.............................................................. setembro a abril Guanchuma................................................................março e abril Araça............................................................ novembro e dezembro Aroeira............................................................... setembro e outubro SÍLVIO LENGLER 33 Flor-do-mel.......................................................... março e abril Alecrim do campo............................................... março e abril Mata pasto..................... .....................................fevereiro a abril Caraguatá........................................................... janeiro e fevereiro 6.2 Plantas Apícolas da Mata Nome comum Período de Florescimento Angico outubro a fevereiro Unha-de-gato outubro a fevereiro Maricá janeiro a março Rabo de Bujiu novembro a fevereiro Açoita cavalo novembro a janeiro Canela setembro a novembro Ipê Amarelo julho e agosto Guajuvira setembro a dezembro Cerejeira e Pitangueira setembro a outubro Timbó outubro a janeiro Cambuim janeiro a março Branquilho dezembro a março 6.3 Plantas Apícolas Cultivadas Nome Comum Período de Florescimento Néctar 1..Eucalipto robusta Março a julho 38- APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 34 45% 2 Eucalipto citriodora Setembro a fevereiro. 38 - 45% 3.Eucalipto tereticomis Abril a setembro 30 - 40% 4.Eucalipto rostrata Julho a dezembro 61 - 81% 5.Eucalipto saligna Março a setembro 35 – 40% 6.Eucalipto viminalis Outubro a novembro --------- - 7. Eucalipto alba Fevereiro a abril 35- 45% 8. Eucalito torelliana Setembro a fevereiro 40 – 53% 9. Margaridão ou fiorde maio Maio a junho 21- 28% 10. Ligustro Dezembro ------- - 11.Cinamomo Novembro 28 – 35% 12Trevobranco Setembro a novembro 24% 13.Trigo sarraceno Outubro a abril --------- -- 14. Girassol Outubro a janeiro ----- -- 15.Citrus Agosto a outubro ----- -- 16.Astrapeia Março a agosto ------- -- 17.UvaJapão Novembro e dezembro ----- -- 18.Milho (pólen) Novembro e dezembro ----- -- 19. Soja Janeiro e fevereiro ----- -- Ocorrem variações acentuadas, no período de florescimento, de uma região para outra, em climas diferentes, altitudes e entre variedades. SÍLVIO LENGLER 35 1. Eucalipto robusta: desenvolve bem em solos úmidos, alagadiços, arenosos e salgados, utilidades para postes e lenha. 2. Eucalipto citriodora: (perfumado) cultivar em solos férteis, é sensível ao frio intenso, como utilidades para construção naval, carrocerias, dormentes, assoalhos e postes para cercas. 3. Eucalipto tereticornis: cultivar em solos úmidos e arenosos, resiste a baixa temperatura, usado para móveis, postes e dormentes. 4. Eucalipto rostrata: cultivar em solos ricos, secos, úmidos e arenosos, serve para postes e dormentes. 8. Eucalipto torelliana: cultivar em solos férteis, não alagados, tem utilidade para móveis maciços naturais ( fibras espiraladas mostram belos desenhos), não é sugador como as demais variedades, porque suas raízes penetram no solo de forma oblíqua. Assim pode se plantar junto a lavouras, à beira de estradas e em jardins, sem prejuízos. Quem desejar formar novos potreiros, pode antes, arborizar a área de forma esparsa com Eucalipto torelliana, sem prejuízo para as pastagens, terá sombra para os animais, flores para as abelhas, ar mais puro, embelezamento e futuramente madeira. 7 INDUMENTÁRJA DO APICULTOR Entende-se por indumentária do apicultor todo o equipamento de proteção para trabalhar na revisão de colméias. São considerados equipamentos essenciais para o manejo de abelhas, o fumegador e a máscara, sem esse material não é possível revisar colméias. O fumegador é o aparelho mais importante no trato direto com as abelhas, é recomendado o uso do fumegador grande de fole (modelo SC - Brasil ou FC.). O fumegador de fole, foi inventado por Moses Quimby em 1870, e mais tarde aperfeiçoado por Root. O fumegador de fole é composto de duas partes, um fole e uma fornalha provido de grelha e as tábuas de fole são acionadas por uma mola de aço, pregada por dentro com elasticidade e pressão reguladas para manter aberto o fole. A caneca ou fornalha do fumegador deve ser de cobre ou zinco costurado ou revirado nas juntas e não apenas estanhado, porquanto a solda branca não resiste a elevada e permanente APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 36 temperatura. A fumaça deve ser constante e suave e não muito quente, caso contrário poderá irritar as abelhas. A máscara apresenta proteção integral e perfeita da cabeça, é hoje requisito absolutamente necessário para manipulação tranqüila das colméias africanizadas. Máscaras com diferentes tipos de material foram confeccionadas; com visores de filó, de vidro ou telas plásticas e metálicas. A máscara de pano com visor integral de tela metálica é sem dúvida o melhor de todos; não proporciona calor no rosto, não adere às faces, não perde a forma e não dificulta a visão. A faixa superior (pano com 12,0 cm de largura por 90,0 cm de comprimento) se prende ao chapéu de palha ou de vime por meio de uma costura,e a outra parte é presa ao visor ou faixa de tela metálica. A faixa inferior (pano com 30 cm de largura por 90 cm de comprimento) é costurado a parte superior à tela metálica e a inferior possui um cadarço elástico que se ajusta ao pescoço por cima do colarinho da blusa ou macacão, fechando por completo e com segurança o trânsito de qualquer abelha. Entre as duas faixas de pano fica o visor ou faixa de tela metálica, com 15cm de altura na frente (centro visual) morrendo até 6 centímetros para o lado oposto. São considerados acessórios ou equipamentos de complementação: luvas, macacão, botas e formão de apicultor. As luvas podem ser de borracha, couro ou napa, as primeiras apresentam pouca durabilidade mas não atrapalham o manuseio dos quadros as de couro são de grande durabilidade mas grosseiras e difícil o manuseio dos quadros com mel e as de napa são boas tanto para o manuseio como a sua durabilidade. O macacão deve ser de brim grosseiro para proteger contra as picadas das abelhas, devendo ser de cor azul ou verde atam ou amarelo. Deve-se confeccionar em peça única, as medidas serão de acordo com o manequim do apicultor, recomenda-se deixá-lo bastante folgado, para facilitar os movimentos. A bainha das pernas devem serguarnecidas de cordão de elástico para justa-las por cima dos canos das botas, mangas compridas, até os pulsos, com punhos de bainha elástica, para se fechar sobre as luvas fecho de zíper metálico (reco) da cintura até o pescoço, incluindo a gola; gola alta fechada, para receber por fora o elástico da parte inferior da máscara. SÍLVIO LENGLER 37 Há macacões acinturados providos de quatro bolsos, para ferramentas e pequenos objetos, como também guarnecidos de largo cinturão de lona ou couro, tipo cartucheira, com ajustes para as ferramentas apícolas mais necessárias. Ninguém mais se arrisque a manipular apiários com pés descalças ou sapatos decotados, o bombardeio sobre as meias é certo, sendo o trabalho prejudicado desde o início. A melhor proteção para trabalhar com segurança, tranqüilidade e comodidade é o uso de botas de borracha, cor branca. Podendo ser de couro, mas de cor clara, assim reduz o ataque das abelhas. As botas pretas são condenáveis porque irritam as abelhas, e aquecem os pés do apicultor em dias de sol forte. O formão de apicultor é utilizado para desgrudar as peças da colméia, separar e regular os quadros, raspar própolis acumulada nas paredes e tampa. Pode ser substituído, perfeitamente por um facão com o qual se fazem todos os trabalhos acima mencionados, como também roçar ao redor da colméia. 8 CENTRIFUGAS Centrífugas ou extratores de mel são aparelhos destinados a fazer a coleta do mel, sem prejuízo dos favos que depois de esvaziados poderão ser devolvidos às colméias, para receberem nova carga, se houver abundante fluxo de néctar na região. Retirado os opérculos, os favos são colocados na máquina, cuja rotação obriga a saída do mel, expelido pela força centrífuga e jogado contra as paredes internas da tina, e pela gravidade escorre para o fundo da centrífuga, finalmente saindo através de uma abertura no fundo e na lateral. As centrifugas são de dois tipos: facial e radial. Na centrífuga facial os favos a serem desmelados se colocam em posições tangencial ao plano cilíndrico, chama-se também desmeleira reversível, porque necessita operar em dois movimentos, para esvaziar primeiro uma face do favo e depois a outra. Não é nem cômoda nem prática, por exigir movimento de retrocesso ou mudança do favo. Acresce a isto o inconveniente de quebrar com facilidade os favos, que se desagregam, quando vazios de um lado e cheios de outro, por receberem demasiada compressão sobre os septos (membranas que dividem os alvéolos). Na centrífuga radial a centrifugação é muito mais rápida e APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 38 eficiente, os quadros de favos são colocados no raio do círculo de rotação. Usando o mesmo princípio da força de propulsão, expele simultaneamente o mel das duas faces, num só movimento irreversível ou seja num só sentido de rotação, não havendo necessidade de virar os quadros. Os quadros devem ser dispostos com a parte (lombo) voltada para a periferia do tambor e a parte inferior voltada para o eixo central. Isto facilitará o escoamento bilateral, uniforme, sem desequilíbrio de peso e, consequentemente, sem desagregação ou ruptura dos favos. Quanto ao número de quadros a serem rodados, na centrífuga, depende da sua capacidade, cuja lotação varia de 4, 8,16, 48 ou 120 favos, conforme as exigências do apiário. 9 DERRETEDOR DE CERA O aparelho cômodo e econômico para derreter favos velhos é o derretedor solar, que, consta de uma caixa de madeira, de fundo duplo, forrada por dentro com folha de zinco, ou guarnecida de uma forma de lata retirável. É coberto com uma tampa dupla, isto é, de dois vidros planos paralelos. Exposto ao calor solar de forma inclinada com desconto proporcional à posição e à marcha do sol, facilita duas coisas ao mesmo tempo: a incidência vertical dos raios do sol e o escoamento espontâneo da cera derretida, que, passando por uma peneira de tela fina, vai cair coada em um recipiente com água. Outro aparelho com a mesma finalidade, porém ainda mais eficiente é a autoclave que funciona a vapor. Consta de um tambor de latão ou ferro com parede dupla na qual se encontra água fervendo, na parte superior logo abaixo da tampa há um bico pelo qual sai o vapor que derrete a cera (favos) que se encontra no interior do tambor. Na pane inferior do tambor há um bico afunilado que leva a cera derretida para o exterior, a qual cai dentro de recipiente com água. Comparado com o processo anterior, este último é mais eficiente e rápido, porém mais caro porque gasta energia calorífica oriunda de combustão da lenha ou gás. 10 TANQUES DE CANTADORES Decantação é uma operação pela qual o mel se limpa e se purifica, separando-se das impurezas por simples e natural processo de suspensão ou sedimentação por gravidade. SÍLVIO LENGLER 39 Depositado o mel em um tanque ou mais recipientes comunicantes, para repouso temporário, os corpos menos densos do que o líquido flutuam, formando um colarinho de espuma com partículas de pólen, pedacinhos de cera, larvas ou abelhas mortas, detritos facilmente retiráveis por meio de uma espumadeira. Livre assim das impurezas, o mel estará em condições de ser retirado para envasamento ou para uma filtragem mais perfeita, clarificação mais rigorosa ou pasteurização. 11 CARRETILHA FIXADORA Instrumento muito simples, mas indispensável para quem usa cera alveolada e reforço de arame nos quadros. Muito parecida com carretilha de cortar massas de empadas e pastéis, difere na extremidade da lâmina circular para apicultura a carretilha apresenta uma roda dentada com uma fenda ou ranhura também circular, destinada a conter e segurar o fio de arame, sobre o qual desliza, comprimindo-o contra a folha de cera. Umedecida com água a tábua-suporle, estende-se sobre ela a folha de cera alveolada. Sobre esta deita-se o quadro com os arames à vista, aquecida em água quente a carretilha, é preciso ajustá-la sobre o arame, que lhe serve de guia, introduzindo-o no rasgo da roldana dentada. 12 APIÁROS COBERTOS E DESCOBERTOS Apiário coberto mais usado é o de perímetro retangular, podendo o comprimento variar de acordo com o número de colméias que receberá. Consiste na construção de um galpão, cujo pé direito deverá ter 1,90 metros de altura, o comprimento, conforme o número de colméias que receberá, e, largura no mínimo 2,O metros. O telhado poderá ser de uma só água ou de duas águas, de zinco, telha ou capim santa-fé. O piso deve ser de chão batido, não se recomenda fazer de concreto devido ao frio. As laterais e oitão do galpão podem permanecer aberto, caso forem fechadas aumentará a segurança das colméias contra o roubo e ficarão mais protegidas contra as intempéries. As colméias devem ficar afastadas do solo em 40 centímetros e uma da outra, no mínimo, 1,O metro. A distribuição das colméias APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 40 pode ser em fila simples e central ou para melhor aproveitamento da área construída, em fila dupla com corredor no centro. Para facilitar o manejo, as colméias devem descansar sobre estrados individuais. O apiário coberto apresenta uma desvantagem que é o alto custo da sua implantação, todavia, quem possui a madeira na sua propriedade, haverá uma considerável redução nas despesas. O apiário descoberto apresenta as colméias distribuídas numa determinada área, sendo que cada colméia recebe cobertura individual, a qual pode ser de duas águas, de zinco, cimento ou madeira. O tamanho do telhado deve ser um pouco maior que a colméia, 70 cm x 60 cm. O afastamento das colméias do solo e entre colméias deve ser igual ao anterior. Já a distribuição das colméias no apiário pode ser ao acaso ou em filas. Os apiários ainda podem ser fixos oumigratórios. Os primeiros são aqueles cujas colméias permanecem no mesmo lugar e os últimos são aqueles cujas colméias são levadas para as diferentes regiões aonde há flores apícolas. Os apiários migratórios desempenham dupla função: coleta de mel e polinização das flores, há países aonde os fruticultores alugam as colméias para polinizar os seus pomares, assim os apicultores conseguem renda dupla. 13 COLMÉIAS As habitações das abelhas podem ser divididas em três categorias: a- Alojamentos naturais (ocos de paus, fendas de pedra, oco de cupim, etc.); b- Caixas rústicas; . c- Colméias racionais ou mobilistas. Os alojamentos naturais nem sempre satisfazem as necessidades biológicas das abelhas impedindo o seu desenvolvimento normal e provocando constante enxameações que contribuem desastrosamente para a saturação das áreas melíferas. SÍLVIO LENGLER 41 As caixas rústicas são ainda usadas no Brasil e em alguns países, não representam o avanço da tecnologia, mas sim uma necessidade que ainda hoje causa grandes prejuízos, já que grande parte de nossos apiários é constituída de caixotes, sem forma nem dimensões certas, tudo rústico, errado, parecendo verdadeiras favelas apícolas. Podem ser mais baratas, porque constituem-se de simples caixotes, mas a economia não compensa, ela é fictícia e prejudicial à apicultura, considerando-se o grande número de inconvenientes que apresentam. Seu uso devia ser abandonado pelos apicultores. As colméias mobilistas sofreram modificações durante os últimos séculos,foram inventados inúmeros modelos. Em 1851, Lorenzo Langstroth inventou a colméia mobilista de dez quadros, denominada LANGSTROTH, STANDARD ou AMERICANA, universalmente usada nos dias de hoje. Em princípio de 1900, Emílio Schenk inventou, no Rio Grande do Sul, a colméia denominada SCHENK de 15 quadros, sendo nos dias de hoje pouco usada, no nosso meio. As colméias mobilistas ou racionais que mais se destacaram e ainda hoje são usadas em muitas partes do país e no exterior, são as seguintes: Nacionais: Colméia Schenk, Paulistinha, Schirmer e Curtinaz; Intemacionais: Langstroth, Americana ou Standard, Dadant, Jumbo, Zander, Müller, Alexander e outras. A colméia Langstroth, como os demais sistemas mobilistas é constituída: 1°- um fundo reversível ou não; 2°- um ninho com dez quadros; 3°- uma ou duas melgueiras com dez quadros cada uma; 4°- uma tampa. Na construção de qualquer modelo de colméia mobilista para facilitar o manejo e o perfeito desenvolvimento das abelhas deve- se ter o cuidado de obedecer o espaço abelha, conforme figura 4. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 42 A madeira que se usa para construção de colméias pode ser o cedro, canjerana, timbaúva, açoita cavalo ou canela. Para maior conservação da madeira recomenda-se pintar exterior com uma "mão" de igol ou lajol e após seco duas "mãos" com tinta óleo azul, verde ou amarelo. Pode-se também cozinhar as colmeias durante 5 minutos numa solução de 20 litros de querosene misturado com 4kg de cera de abelha ou parafina, deixa-se secar e após pode ser usado como caixa isca ou povoar com abelhas. As dimensões que iremos descrever em seguida referem-se às medidas internas.(cm) Schirmer Schenk Curtinaz Langstroth Ninho Altura Largura Compriment o 29,5 33.0 44,0 30,6 26,0 55,0 28,7 41,0 41,0 24,0 37,0 46,5 Mel- gueira Altura 14,7 15,3 14,5 14,2 Nº Qua- dros no ninho 12 15 11 10 Nº Qua- dros melgueira 8 11 8 10 Para confecção dos quadros de melgueira utiliza-se sarrafos de SÍLVIO LENGLER 43 40mm de largura por 8 mm de espessura, observando-se o “espaço” abelha conforme foi visto na figura 4. Para quadro de ninho SCHENK OU SCHIRMER, usa-se sarrafos de 25 mm de largura por 8 mm de espessura, observando-se, também o “espaço” abelha. Para descrição do quadro do ninho da colmeia Langstroth encontra- se na FIGURA 5. Ref. 13 PADRONIZAÇÃO DAS COLMEIAS Na apicultura brasileira, a exemplo de outros países, não podemos fugir à regra e necessitamos padronizar o sistema de colmeias e os seus acessórios para simplificar a aquisição, permitir a implantação de indústrias para produzir equipamentos por preço mais acessíveis e permitir a exploração da apicultura de forma mais industrial. A colmeia Langstroth é a mais difundida em todo o mundo e reune todas as características que fazem dela a mais indicada para as condições brasileiras. Foi padronizada pela Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e também pela Federação Apícola do Rio Grande do Sul, sendo considerada padrão pela maioria das Associações de Apicultores do País. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 44 FIGURA 5 SÍLVIO LENGLER 45 CASAS DO MEL E ENTREPOSTOS DE MEL E CERA DE ABELHAS São estabelecimentos com inspeção dos produtos das abelhas, podendo ser: 1. Serviço de Inspeção Municipal (SIM)– Para comércio dos produtos das abelhas em âmbito municipal. 2. Coordenadoria de Inspeção dos Produtos de Origem Animal, (CISPOA)- comércio dos produtos das abelhas, entre Municípios, mas dentro do mesmo Estado. 3. Serviço de Inspeção Federal – (SIF) – para comércio de produtos das abelhas entre Estados da União e exportação. CASA DO MEL (CISPOA) – Definição: Entende-se Casa do Mel, o estabelecimento destinado ao beneficiamento, industrialização e classificação de mel e seus derivados, oriundos de produção própria ou associados. CASA DO MEL (SIF) – Definição: É o estabelecimento destinado a produção, extração, classificação estocagem e industrialização do mel, cera e outros produtos das abelhas, limitado à produção das colmeias do seu proprietário que deverá ser combatível com a sua capacidade instalada. ENTRE POSTO DE MEL E CERA DE ABELHAS, (CISPOA) – Entende-se por entreposto de mel e cera de abelhas, o estabelecimento destinado ao recebimento, classificação e industrialização do mel e seus derivados, oriundo de vários estabelecimentos. ENTREPOSTO DE MEL E CERA DE ABELHAS (SIF) – Estabelecimento destinado ao recebimento, classificação do mel, cera de abelhas e demais produtos apícolas. APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 46 POVOAMENTO DE COLMEIAS Amaneira mais econômica de povoar as colmeias é através da captura dos enxames nômades (abelhas existentes na natureza). Através do uso de caça enxames pode-se capturar as abelhas que se encontram em revoadas, em enxames , nos diferentes locais. Caça enxames são colmeias novas, velhas ou caixas de papelão ou mesmo caixas de maçã, nas quais se coloca duas ou lâminas de cera alveolada bem nova e cheirosa, as quais serão colocadas em locais adequados. São considerados locais adequados aonde passam enxames, por exemplo, barrancos, periferia de capoeiras e florestas, encostas de morros, enfim locais tranqüilos e com muito sol. Após habitados os caça enxames, deve-se proporcionar condições para o perfeito e rápido desenvolvimento das abelhas (Figura 8) que consiste em completar a colmeia (caça enxames) com cera laminada e fornecer alimentação estimulante em alimentador de cobertura (2 litros de açúcar invertido de 2 em 2 dias até completar os favos do ninho). O açúcar invertido é preparado da seguinte maneira: mistura-se 5 kg de açúcar com 1,7 litros de água e adiciona-se 5 gramas de ácido tartárico e ferve-se em fogo baixo por 20 a 25 minutos, deixa-se esfriar e estará pronto para serusado. Outro modo de povoar colmeias consiste em coletar os enxames que se encontram pendurados em galhos ou forquilhas de árvores, para isso é necessário pulverizar as abelhas com água e em seguida sacudir o galho que elas caiam dentro da colmeia, balde, lata ou saco, devendo-se colocar um pouco de água no balde, assim as abelhas não levantam vôo quando coletadas (Figura 9 e 10). Após coletado, o enxame deve receber complementação com quadros laminados, se possível um ou dois quadros de cria que serão retirados de outra colmeia e fornecer alimentação artificial (açúcar invertido). Também pode-se povoar com enxames que passam voando, sendo sua recuperação mediante barulho, isto é, batendo latas ou caixas, mas para isso devemos usar máscara porque as abelhas podem baixar e ao mesmo tempo agredir. Também pode-se jogar água ou terra no enxame, isso também poderá proporcionar a descida do enxame. Ainda, pode-se povoar colmeias através da retirada do enxame do seu “habitat natura” (troncos de árvores, abas de casas, etc.). Exemplificando: para retirar um enxames de abelhas de um tronco de árvore deve-se fumegar o local de entrada, após corta-se a árvores e se necessário tomba-se a mesma.Uma vez aberto o tronco, processa-se a retirada dos favos, separando o mel da cria, o primeiro coloca-se em latas ou baldes e o segundo coloca-se nos quadros de ninho devidamente amarrado e na mesma posição que estava na árvore. Após enxertado todos os quadros de cria nos quadros de ninho,procede-se a procura da rainha, uma vez encontrada deve-se cortar um par de asas, para evitar a fuga, e, em seguida coloca-se na colmeia. Após colocado os favos de cria e a rainha, a colmeia deve ser tampada só deixando aberto o alvado aonde se coloca uma tela excluidora para evitar a fuga da rainha ou fornecer alimento artificial (açúcar invertido), em alimentador bandeja. Assim a colmeia deve ficar em repouso por dois ou três dias para depois ser transportado para o local definitivo, naturalmente a noite e desde que seja para fora do raio de ação das abelhas. Todos trabalhos executados com abelhas, deve-se usar o equipamento de segurança. SÍLVIO LENGLER 47 APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 48 BIBLIOGRAFIA BARANCELLI,C.D. Crie abelhas é fácil e dá lucro. Associação de Crédito e Assistência Rural. Curitiba,1980. 52p. CAMARGO,J.M.F.& STORT,A .C. A abelha. Livraria Editora Ltda, 1973.79p. CAMARGO,J.M.F. Manual de Apicultura. São Paulo Ed. Agronômica CERES 1972, 252p. CRANE,E. O livro do mel. São Paulo. Livraria Nobel 5. A, 1983,226p. DE JONG, D. Avanços no conhecimento da biologia do ácaro Varroa jacobsoni. In: ANAIS DO SIMPÓSIO SOBRE APICULTURA. Jaboticabal-SP,1984. P.71-80. FRISCH,K.Von .Die Tanze der bienen. Oster.Zool. Z., 128-70,1946. FRISCH,K.Von. The role of dances in recmting bees to familiar sites. Animal Behav., 16:531-33, 1968. JULIANO,J.C. Polinização Entomófila na Soja, In: Anais do 4º Congresso Brasileiro de Apicultura, Curitiba, PR, 1976. P.235-239. LENGLER,S. Comportamento de linhagens de abelhas ( Apis mellífera) quanto a sua atividade de vôo. Revista Ciência e Cultura, São Paulo,36(9), p.1606-08,1984. LENGLER,S. Efeito da umidade relativa do ar sobre a atividade de vôo de algumas linhagens de abelhas ( Apis mellífera) Revista do Centro de Ciências Rurais, Santa Maria-RS, 14 (2), p.143-6.1984 LINDAUER,M. Schwarmbienen auf Wohnungssuche. Z Vergl. Physiol.31 p.263-324,1955. PROST-JEAN,P. Apicultura. Ediciones Mundi-Prensa,1985, 573p. WIESE,H. Nova Apicultura. Editora Agropecuária Ltda., Porto Alegre- RS, 1983, 485p. SÍLVIO LENGLER 49 ANEXO 01 Exportações Brasileiras de Mel Natural - Jan/Dez (por estados) Em mil dólares - FOB Ano 1.998 1.999 2.000 2.001 2002 * Total 54,0 120,1 331,1 2.809,4 2.536,1 Santa Catarina - - 262,5 2.042,3 1.060,5 São Paulo 46,8 32,5 39,1 249,6 1.010,4 Ceará - - - 236,9 360,2 Paraná 4,1 3,3 0,2 146,5 72,4 Minas Gerais - - 8,9 50,2 31,3 Espírito Santo - - - 60,9 - Pará - - 10,0 - Não Declarado (95) 2,4 0,6 10,3 17,0 1,2 Rio Grande do Sul - 49,8 0,1 0,2 - Bahia - 33,8 - - - Outros 0,7 - 0,0 5,7 - * Janeiro a Abril. Fonte: SECEX – Sistema ALICE Elaboração: MA/SPA/DEAGRI Importações Brasileiras de Mel Natural - Jan/Dez ( por países de origem) Em mil dólares FOB Ano 1.995 1.996 1.997 1.998 1.999 2.000 2.001 2002 * Total 5517,8 4970,1 3295,9 4452,6 2504,4 559,6 413,3 31,4 Uruguai 3058,8 3087,3 1819,7 1989,5 1611,2 209,8 173,1 0,0 Argentina 2398,0 1793,3 1427,5 2416,9 887,9 348,0 239,4 30,6 EUA 13,8 21,2 6,3 6,1 4,3 0,0 0,7 0,8 China 0,0 0,0 0,1 10,1 0,0 0,0 0,0 0,0 Outros 47,1 68,3 42,3 30,0 1,0 1,8 0,1 0,0 * Dados de janeiro a abril. Fonte: SECEX - Sistema ALICE Elaboração: MA/SPA/DEAGRI Observação: Preço de referência, UU$ 1,15 a UU$ 1,40/kg de mel, na exportação. ANEXO 02 APICULTURA - PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS 50 EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE MEL – TONELADAS- Jan-Dez 1.998 1.999 2.000 2.001 2008 2009 2010 2011 Total 16,7 18,6 268,9 2.488,7 18.271 25.987 18.632 22.398 FONTE:: SECEX - Sistema ALICE – SEBRAE/UAGRO ANEXO 03 Importações Brasileiras de Mel Natural - Jan/Dez ( Toneladas- por países origem) Ano 1.995 1.996 1.997 1.998 1.999 2.000 2001* Uruguai 2905,6 1810,2 1159,3 1376,7 1412,6 153,4 161,8 Argentina 1318,6 684,2 492,5 1 034,2 406,9 133,5 90,7 China 0,0 0,0 0,2 9,1 0,0 0,0 0,0 EUA 4,0 4,7 1,6 1,3 1,0 0,0 1,5 Outros 28,4 32,8 11,3 7,4 0,2 0,3 0,0 Total 4256,6 2531,8 1664,9 2428,8 1820,7 287,2 254,0 Fonte: SECEX - Sistema ALICE Elaboração: MA/SPA/DEAGRI ANEXO 04 Importações Brasileiras de Mel Natural - Jan/Dez Por estados ( em mil dólares -FOB) Ano 1.998 1.999 2.000 2.001 Total 4.452,6 2.504,4 559,6 413,3 Rio Grande do Sul 1.918,3 980,9 169,9 153,3 Rio de Janeiro 591,2 313,0 162,2 98,1 São Paulo 797,6 624,3 138,6 70,8 Paraná 546,8 268,5 88,9 39,9 Espírito Santo 1,8 - - 31,4 Ceará 58,4 150,6 - 19,7 Pernambuco 122,3 79,8
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