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Presidencialismo ou Parlamentarismo Lamounier

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29 J/\N 1993 
Sttor üe Uw 
PARLAMeNTAR\^MO 
PP.Í51P^IAL1^0? 
/ 
eu 
PReFiRo 
PRESIDENCIALISMO 
OU 
PARLAMENTARISMO 
EDIÇÃO ESPECIAL 
Quinzena 
y.-..••. •:•. .:•• 
Poittíea Nacional 
ÍNDICE 
Para entender melhor - presidencialismo - parlamentarismo 3 
Secretaria Nacional de Formação Política • PT 
Como são os sistemas? 3 
Secretaria Nacional de Formação Política - PT 
Alternativas parlamentares 5 
CMvis Rossi 
O Parlamentarismo e as minorias 5 
Carlos Mathens 
Parlamentarismo: de novo um casuísmo 6 
Leonel Brízola 
Que parlamentarismo? 7 
Orestes Quércia 
Presidencialismo o governo fraco 7 
José Serra 
Sistemas de governo - Parlamentarismo & Presidencialismo 9 
Antônio Arcanjo Cota 
Parlamentarismo? Por quê? 11 
Leòncio Martins Rodrigues 
Razões do presidencialismo 13 
Athos Pereira 
Opinião dos professores 13 
João Batista Natali 
Aos que defendem o parlamentarismo agora , 13 
Carioca - Químico aposentado) 
As reformas do Estado: Sistema de governo e sistema eleitoral 14 
Sérgio de Azevedo 
Parlamentarismo, presidencialismo.» que bicho i esse? 15 
Tílden Santiago 
Parlamentarismo versus presidencialismo 16 
Sérgio A. Ligiero 
Uma opção mais democrática 17 
José Genoino 
Inauguremos o presidencialismo! 
Klávio Aguiar 
18 
As razões do parlamentarismo 19 
José Genoino 
Fato político e histórico 20 
José Diroeu 
'Parlamentarismo permite a manipulação' 
Da Agência Folha 
Parlamentarismo X Presidencialismo: colocando a questão em seu devido lugar 
José Raimundo Fontes 
20 
21 
Pelo presidencialismo democrático 22 
Antônio Marangon 
Parlamentarismo e presidencialismo 23 
Flores tan Fernandes 
Opção parlamentarista 24 
Presidencialismo Democrático 25 
Adão Pretto e Outros 
Leia a íntegra do manifesto presidencialista 26 
Monarquia ou República? 28 
Secretaria Nacional de Formação Política - PT 
A abolição do parlamentarismo 28 
Vladimir Ilkb Lênin 
ASSINATURAS: 
Individual Cf$ 80.000,00 (6 meses) eCrt 160.000,00 (12 meses) 
Enídades sindicais eoutos Ct$ 100.000,00 (6 meses) eCi« 200.000,00 (12 meses) 
Exterior (via aérea) US$ 50,00 (6meses) e US$ 100,00 (12 meses) 
O pagamento deverá ser feito em nome do CPV • Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro em cheque 
nominal cruzado; ou vale postal DESDE QUE SEJA ENDEREÇADO PARA A AGÊNCIA DO CORREIO BELA 
VISTA • CEP 01390-970 - Código da Agónda 403.300. 
QUINZENA - Publicação do CPV - Caixa Postal 65.107 - CEP 01390-970 - São Paulo - SP 
Fone (011)285-6288 
A QUINZENA divulga o debate do movimen- 
to, contudo coloca algumas condições para 
tanto. Publicamos teses, argumentações e ré- 
plicas que estejam no mesmo nível de lingua- 
gem e companheirismo^ evitando-se os ataques 
pessoais. Nos reservamos o direito de divul- 
garmos apenas as partes significativas dos tex- 
tos, seja por imposição de espaço, seja por so- 
lução de redação. 
;:-:■:::■:<■:-;■:■:■:::■:■;-;■:•;■;■ 
Quinzena mÊÊÊÊãmmm mttmm 
ÍÍÍÍÍ:|||S|IÍÍÍíÍ:íí||Pí?;;^ 
PoMíea Nacional 
Parlamentarismo ou Presidencialismo 
Secretaria Nacional de Formação Política - PT 
Janeiro 1993 'Pano, eHtettden, 
PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO 
Executivo: Exercido pelo Presiden- 
te eleito pelo voto direto, com 
mandato delimitado (5 anos) 
Legislativo: Congresso 
independente do Executivo. Eleito 
diretamente pelo povo. 
Senado: Deve ser extinto ou 
redefinidas suas funções, 
restringindo-o apenas às questões 
atinentes à federação. 
Ministério: É uma equipe de 
governo que auxilia o presidente. 
Poderão ser escolhidos por ele, sem 
nenhuma Interferência do 
Congresso, ou o presidente escolhe 
e submete à aceitação do 
Congresso. 
Iniciativa de Leis: Tanto o Presi- 
dente como o Congresso têm pode- 
res para elaborar leis, sempre 
submetendo ao outro poder. 
Essência: Governo é representati- 
vo e baseia-se na separação de 
poderes. Há uma independência 
mútua entre Executivo e Legislativo. 
Executivo: Exercido por um Pri- 
meiro-Ministro, que é indicado pelo 
partido que obtiver maioria na 
Câmara. Se não houver maioria, 
forma-se uma coalizão de duas ou 
mais legendas. Se o Primeiro- 
Ministro perde o apoio da maioria, 
ele cai e é formado um novo 
ministério. 
Presidente: Eleito diretamente pelo 
povo, ou indiretamente pelos parla- 
mentares. Divide o poder executivo 
com o Primeiro-Ministro 
Ministério: Escolhido pelo Primei- 
ro-Ministro, segundo orientação do 
partido ou coalizão que lhe dá apoio. 
Este ministério cai se cair o Primei- 
ro-Ministro. 
Senado: Pode ser extinto ou 
redefinir suas funções. 
Essência: Existe uma dependência 
mútua entre o executivo e legislativo. O 
governo só se instala com a autoriza- 
ção do parlamento e goza da confiança 
da maioria parlamentar. 
Parlamentarismo ou Presidencialismo 
Secretaria Nacional de Formação Política - PT 
Janeiro 1993 
c orno são os sistemas? 
Buscar, nos outros países, 
? modelos que possam ser adap- 
tados á realidade brasileira é 
uma tarefa gigantesca porque não há 
duas eleições nem tampouco duas de- 
mocracias iguais no mundo inteiro, em 
suas conseqüências e em todos os por- 
menores de suas estruturas e dos seus 
regulamentos. 
Regras sobre a maneira de se eleger 
parlamentares podem ser parecidas em 
puíses que adotam sistemas de governo 
(oialmente diferentes um do outro, 
exemplo: na Inglaterra, país parlamen- 
tarista e monárquico, adota-se o voto 
distrital e uninominal, da mesma 
maneira que fazem os Estados Unidos, 
país republicano e presidencialista. 
Já a Espanha, monarquia parlamen- 
tarista, elege seus parlamentares prati- 
camente da mesma forma proporcional 
.que faz o Brasil republicano e 
presidencialista. 
Só por esses exemplos, se vé que a 
possibilidade de combinações entre 
sistemas eleitorais é enorme. Tampouco, 
existe um modelo que possa ser tido 
como ideal como o demonstram as 
queixas e propostas de modificações 
que circulam hoje em quase toda a 
Europa. 
A Inglaterra adota o mais puro dos 
sistemas distritais. A Câmara dos 
Comuns, correspondente á Câmara dos 
Deputados no Brasil, tem 650 lugares 
que são ocupados pelos 650 vencedores 
daseleiçõesem 650 distritos, por maioria 
simples. O método pode levar a uma 
brutal distorção na proporcionalidade. 
Caso concreto: em 1974. os liberais 
obtiveram 13,3% dos votos distribuí- 
dos pelo país todo, mas, como vence- 
ram em apenas 14 distritos, ficaram 
com 14 parlamentares ou 2,2 % do total 
— seis vezes menos do que teriam 
direito se fosse respeitada a 
proporcionalidade. 
Na Itália, a polêmica é em tomo do 
próprio sistema de governo. Nas véspe- 
ras da última eleição parlamentar (maio 
passado), o próprio presidente da repú- 
blica da época, Francesco Cossiga, prg; 
gou a adoção do presidencialismo em 
substituição do parlamentarismo. 
Exatamente o contrário do que ocorre 
no Brasil hoje, país em que, ao menos 
no Parlamento, formou-se uma nítida 
maioria em favor da substituição do 
presidencialismo pelo parlamentarismo. 
No Japão, parlamentarista, os 512 
membros da Dieta (equivalente á 
Câmara dos Deputados) são escolhidos 
em 130 distritos, nos quais se elegem de 
três a cinco deputados (os chamados 
distritos plurinominais). 
Na Alemanha vigora o chamado 
sistema distrital misto. Parte dos depu- 
tados são eleitos nominalmente pelo 
voto distrital majoritário, e outra parte 
corresponde á lista fechada apresentada 
pelos partidos. Exatamente porrepresen- 
tar uma combinação do método propor- 
cional com o majoritário, o sistema ale- 
mão encanta os acadêmicos. Um estudo 
feito sobre os resultados eleitorais na 
Alemanha mostrou que o método pernu - 
te uma proporcionalidade quase perfeita, 
ao contrário do queocorre na Inglaterra. 
A percentagem de votos eqüivale quase 
exatamente á percentagem de cadeiras 
atribuídas a cada partido. 
Quinzena 
Também não podemos dizer que o 
método (proporcional, majoritário, 
nominal) tenha relação com o grau de 
desenvolvimento do país. No Brasil, 
subdesenvolvido, usa-se o método pro- 
porcional, pelo qual o numero de vagas 
nas casas legislativas é atribuído em 
função da proporção dos votos obtidos 
pelo partido. 
O eleitor vota em nomes e náo em 
listas partidárias, mas, na Colômbia, 
igualmente subdesenvolvida, o voto vai 
para listas fechadas apresentadas pelos 
partidos. O eleitor não pode escolher 
João da Silva. Tem que votar na lista 
dos liberais ou conservadores, os dois 
grandes partidos colombianos. 
Potítíea Nacional 
Na Bélgica e na Holanda, exemplos 
de desenvolvimento com estabilidade, 
a regra proporcional também vale, como 
no Brasil, mas o voto vai para a lista 
partidária, como na Colômbia. Só que 
há uma particularidade nesses dois pa- 
íses europeus: o eleitor pode alterar a 
ordem de colocação dos candidatos na 
lista apresentada pelos partidos. 
Assim, se o Partido "x" colocou João 
da Silva em 602 lugar na sua lista, com 
reduzidas chances de se eleger, o eleitor 
fanático por esse candidato pode puxá- 
lo para, digamos, o terceiro lugar, o que 
lhe daria quase certeza de chegar ao 
Parlamento. 
Em Portugal e França, ao contrário 
dos demais países parlamentaristas, 
nesses dois casos o presidente da Repú- 
blica é eleito diretamente e tem mais 
poderes do que o normalmente atribuí- 
do ao Chefe de Estado. 
A conseqüência tem sido uma bata- 
lha surda entre o Chefe de Governo e o 
Chefe de Estado nos momentos em que 
cada um deles pertence a partidos dife- 
rentes. 
Os exemplos citados demonstram 
que não é nem o sistema de governo 
nem a maneira de eleger representantes 
que fazem um país mais ou menos 
moderno, mais ou menos eficaz. A 
REINO UNIDO 
Sl»tem« de governo: Monarquia Consítuciona) 
Forma de escolha do rei: astsma de hereditanedade 
Podeie» do rei. Chele de Estado. Como todo o poder 
político ooncentra-se no pnmeiro-mmistro e seu 
gabinete, o monarca deve agir de acordo com sua 
orientação 
Poderei do primeiro-ministro: Chele de Governo. É 
quem escolhe os membros do gabinete dentre os 
membros do seu própno partido. É, contudo, sujeito ao 
Pariamento no senbdo que deve expor e defender sua 
política ao deba» parlamentar. 
Regime partidário: Plunpartidarismo. Pnncipais Parti- 
dos: Conservador. Liberal. Trabalhista. Social Oemocra- 
la, Umonista Democrático. ' 
Legislativo: Parlamento bicameral. Câmara dos 
Comuns (650 membros eleitos por voto direto para mandato de 5 anos) a 
^Tf i tf*" (ma,S de 1 ■000 membr0s: P"™"85' P8"» • "°^ da corte lordes leg.sladores. consultores jurídicos, 2 arcebispos, 24 bispos) 
FflANÇA 
Sistema de governo: Presidencialismo misto com Parlamentarismo 
Forma de escolha do presidente: Sulrágío universal 
Forma de escolha do primeiro-ministro: Nomeado pelo presidente 
Poderes do presidente: Amplos, inclusive nomear e 
demitir o pnmeiro-ministro e dissolver a Assembléia 
Nacional. 
Poderes do primeiro-ministro: Limitados; a 
Assembléia Nacional pode demíbar o governo por 
maioria absoluta. Contudo, é ainda responsável pela 
defesa das ações do governo e teria poderes de 
controle sobre a administração 
Regime partidário: Pluripartidansmo Pnncipais 
Partidos: Socialista. Frente Nacional, Comunista, 
União pela República, União pela Democracia. 
Legislativo: Senado (321 membros eleitos por 
colégio eleitoral para mandato de nove anos, 1/3 
renovado a cada Ires anos; Assembléia Nacional 
(577 membros eleitos por voto direto para mandato 
de cinco anos). 
ALEMANHA 
Sistema de governo República federativa parlamentarista 
Forma de escolha do presidente: Escolhido pela Assembléia Federai a cada 
cinco anos. 
Forma de escolha do primeiro-ministro: O Chanceler é nomeado pelo presi- 
dente, mas eleito por maioria absoluta da Assembléia Federal. 
Poderes do presidente: Chefe de Estado, nomeia o 
chanceler, mas não pode demiti-lo ou dissolver o 
Parlamento. 
Poderes do primeiro-ministro: Chele de Governo. 
Na pratca, é sempre o presidente do partido 
majornano. Tem poderes consideravelmente 
independentes e onenta a poiifca do governo. Pode 
ser deposto pela maioria absoluta do Parlamento, 
mas somente depois que este elegeu seu sucessor 
por maioria absoluta. 
Regime partidário: Plunparodansmo (principais 
partidos União Democrática Cnstá. Social Demo- 
crata. Democrático Nacional, do Socialismo Demo- 
crático. Verde) 
Legislativo Parlamento bicameral (Conselho 
Federal, 68 membros: Assembléia Federal, 662 
membros com mandato de 4 anos eleitos por 
sistema misto de represenlaçào proporcional e voto direto) 
ITÁLIA 
Sistema de Governo: República Parlamentarista 
Forma de escolha do presidente: Eleito pela 
Câmara e Senado junto com três representantes 
de cada região, por maioria absoluta, para mandato 
de sete anos, que náo pode ser mduodo. 
Forma de escolha do primeiro-ministro Indicado 
pelo presidente. 
Poderes do presidente: Pode convocar sessões 
especiais do Parlamento e dissdwè-lo. além de 
indicar o primeiro-ministro Pode ser, contudo 
indidado por alta traição ou mcapaadade de 
sustentar a constituição 
Poderes do primeiro-ministro É o único 
ção do governo. "*Pon**vel pela direção da polífca e admínistra- 
Reglme partidário: Plunpartidarismo. Prinapais partidos: Democrata Cristão - 
PDS (ex-comunista), Socialisla. 
Legislativo: Câmara (630 membros); Senado (315 membros eleitos por voto 
direto para mandatos de dnco anos). 
ESTADOS UNIDOS 
Sistema de governo República presidencialista 
Forma de escolha do presidente: Por sufrágio direto e universal para mandato 
de 4 anos. 
Poderes do presidente: Nomeia secretários de 
departamentos (cargo correspondente ao de ministro) 
e diretores de agendas governamentais, com a 
aprovação do Senado, Chefe do Executivo, 
responsável pela realização de tratados, comandante 
das Forças Armadas e Chele de Estado. Na prática. 
suas responsabilidades induem propor leis, formular a 
polibca externa, diplomacia e liderança de seu partido 
Regime partidário: Pluripartidansmo. Prindpais 
Partidos: Democrático e Republicano. 
Legislativo: Senado: 100 membros (2 por Estado) 
eleitos por voto direto com mandato de 6 anos; 1/3 
renovado a cada dois anos. 
Câmara do Deputados: 435 membros eleitos pelo voto 
direto segundo a população de cada Estado, mandato de 2 anos; o voto direto náo 
é obrigatono 
Poderes do Congresso: Cnar impostos, emprestar recursos financeiros regular o 
comercio interestadual, dedarar guerra, disdpiinar seus próprios membros e 
determinar suas regras de procedimento. 
JAPÃO 
Sistema de governo Monarquia Consotuaonal 
Forma de escolha do Imperador Sstema de hereditanedade 
Foima de escolha do primeiro-ministro: Escolhido pela Dieta (Parlamento) 
entre seus membros. Em geral, é o lider do partido majonláno ou de um dos 
partidos coligados. 
Poderes do imperador O imperador não tem 
poderes com relação ao governo. Seu principal papel 
consiste em formalidades como a indicação do 
primeiro-ministro, que é previamente designado pela 
Dieta. ^ 
Poderes do primeiro-ministro: Escolhe o gabinete 
Se a Câmara dos Deputados aprova uma resolução 
de censura ou recusa-se a dar um voto de confiança 
ao governo, o gabinete deve renunciar, a menos que 
a Câmara dos Deputados se dissolva em dez dias 
Regime partidário: Pluripartidarismo. Principais 
Partidos: Liberal-Oomocrata, Socialista, Komeito, 
Comunista). 
Legislativo: Bicameral. Câmara dos Deputados, 512 
membros eleitos por voto direto para mandato dó 4 
anos; Câmara de Conselheiros, 252 membros eleitos para mandato de 6 anos a 
metade renovada a cada 3 «IOS.Quinzena ^mmmssmmt 
fmMm^^MssWmÊ^ 
PoMiea Nacional 
Folha de São Paulo - 06.12.92 
ALTERNATIVAS PARLAMENTARISTAS 
Os principais pontos divergentes do sistema 
1-A ELEIÇÃO DO PRESIDENTE 
Direta 
Mantém o sistema atual pelo qual o 
eleitorado escolhe diretamente o pre- 
sidente. É o método em vigor, por 
exemplo, na França, Portugal e Áus- 
tria. 
Indireta 
O presidente é escolhido por um Co- 
légio Eleitoral. Na Alemanha, o colé- 
gio é formado pelos 662 membros da 
Câmara mais 518 representantes das 
Assembléias Legislativas. 
2J0S PODERES DO PRESIDENTE 
Modelo reina mas não governa 
O presidente limita-se às funções ce- 
rimoniais de chefe de Estado, como 
ocorre com a rainha da Inglaterra, por 
exempla 
Modelo dá palpite mas não governa 
Na França e em Portugal, o presidente 
tem funções nas áreas de Defesa Na- 
cional e Relações Externas. Na Guer- 
ra do Golfo (91), foi Miterrand quem 
tomou as iniciativas. 
3.COMO DERRUBAR O 
GOVERNO 
Moção de censura "construtiva" 
É o sistema alemão. O governo sõ po- 
de ser derrubado, se for apresentado 
um governo alternativo. Visa dar res- 
ponsabilidade às oposições. 
Moção de censura "destrutiva" 
Limita-se a derrubar o governo. A 
Itália é o grande exemplo: 50 gover- 
nos foram derrubados nos 46 anos de- 
corridos desde o final da 2- Guerra 
Mundial 
Sistema majoritário 
O país é dividido em distritos eleito- 
rais e cada partido apresenta apenas 
um candidato por distrito. Elege-se o 
candidato a deputado mais votado em 
cada distrito. 
4JCOMO ELEGER O GOVERNO 
Sistema proporcional 
Podem ser eleitos vários deputados em 
cada distrito. Os partidos apresentam 
uma lista de candidatos naquele dis- 
trito. Se o partido obtiver três vagas, 
estão eleitos os três primeiros nomes 
da lista. 
Sistema misto 
E o modelo alemão, pelo qual o elei- 
tor vota duas vezes na mesma cédula. 
Um voto vai para o candidato. O ou- 
tro voto vai para uma lista partidária. 
Metade das vagas é preenchida pelo 
voto nominal e metade, pela lista. 
O Estado de São Paulo -08.1242 O parlamentarismo 
e as minorias 
CARLOS MATHEUS 
A atual preferência da 
maioria dos brasileiros pe- 
lo sistema parlamentarista 
não pode ser ainda conside- 
rada uma antecipação da 
mudança "de regime arpós o 
plebiscito de 1993. Confor- 
me indica a pesquisa publi- 
cada pelo Estado no domln- 
SC a diferença entre parla- 
mentaristas e presidencia- 
listas, além de ser pequena, 
resulta da recente influên- 
cia que o Congresso Nacio- 
nal vem exercendo sobre a 
opinião pública, por inter- 
médio do processo de afas- 
tamento do presidente da 
República. Entre maio e 
novembro, o parlamenta- 
rismo ganhou adeptos, fi- 
cando 6% à frente do presi- 
dencialismo. 
Apesar.de contar com pe- 
quena maioria, o parlamen- 
tarismo continua sendo o 
regime preferido pelas eli- 
tes e ainda distante das 
grandes massas populares. 
Basta examinar os resulta- 
dos da pesquisa feita pelo 
Instituto Gallup, dividida 
segundo os níveis de escola- 
ridade: entre as pessoas que 
têm instrução universitá- 
ria, 67,7% preferem o parla- 
mentarismo; entre as pes- 
soas de instrução secundá- 
ria e primária, apenas 
45,1% e 26,5%, respectiva- 
mente, preferem o parla- 
mentarismo. O mesmo 
ocorre com os diferentes ní- 
veis sóoio-econômico* da 
população brasileira: 58,7% 
da classe A sáo parlamen- 
taristas contra apenas 
30,4% da classe D/E. 
Estes dados permitem di- 
zer que, embora o parla- 
mentarismo pudesse ven- 
cer hoje, leto seria ainda 
conseqüência das preferên- 
cias das elites nacionais, 
que parecem visualizar 
neste sistema de governo 
maior proximidade ou aces- 
sibilidade ao poder. Já as 
classes mais pobres e de 
menor escolaridade nâo 
conseguem vislumbrar 
num parlamento forte, com 
poderes para governar, 
qualquer redução da atual 
distância que as separa do 
poder. Para estas camadas 
mais pobres da população, 
os deputados e senadores 
ainda estáo mais preocupa- 
dos com interesses pessoais 
ou de grupos do que com os 
interesses nacionais. 
Nem sempre, no Brasil, as 
maiorias seguem as mino- 
rias. Estas, contudo, foram 
sempre as autoras das gran- 
des mudanças políticas. 
Bastariam alguns exem- 
plos. A Monarquia e a Repú- 
blica foram implantadas 
por minorias que acabaram 
Quinzena -- mm Poitíiea Nacional 
conquistando o apoio pos- 
terior das maiorias. 
No Império, as minorias 
diziam agir "pelo bem de 
todos e pela felicidade ge- 
ral da Nação", sem que esta 
efetivamente fosee consul- 
tada. A República resultou 
de um movimento militar 
sem apoio popular. Mino- 
rias depuseram Getúlio 
Vargas e Jtiáo Goulart, ele- 
geram Tajicredo Neves e 
afastaram Fernando Col- 
lor, procurando sempre 
conquistar o apoio poste- 
rior das maiorias. 
Com o fiim do período mi- 
litar, os deputados e sena- 
dores vém buscando ter ca- 
da vez maior influência na 
vida política nacional: de 
Tancredo a Collor, eles vêm 
procurando agir em conso- 
nância com as aspirações 
populares, talvez para re- 
verter sua Imagem negati- 
va perante a maioria do po- 
vo. Tanto o atual prestigio 
do Congresso Nacional 
quanto o desprestigio do 
presidente afastado, a ima- 
gem do presidente em exer- 
cício e a popularidade dos 
candidatos a presidente po- 
derão influir no resultado 
do plebiscito. 
Para a maioria dos brasi- 
leiros, nem a escolha do sis- 
tema de governo, nem a es- 
colha do regime político 
sâo questões prioritárias. O 
plebiscito foi trazido por 
aquelas minorias parla- 
mentaristas e se Insere 
dentro de um quadro políti- 
co instável e de um quadro 
econômico fortemente re- 
cessivo. As grandes preocu- 
pações nacionais estão vol- 
tadas para a inflação, o de- 
semprego e as dificuldades 
econômicas atuais. 
Se o plebiscito convém às 
minorias, caberá a estas de- 
monstrar às maiorias as 
promessas de um futuro 
melhor, contidas em cada 
alternativa, para benefício 
da maioria da Nação. Náo 
bastarão argumentos jurí- 
dicos ou científicos para 
que pessoas de baixa esco- 
laridade e altas carências 
econômicas se deixem per- 
suadir por determinado sis- 
tema de governo ou regime 
político. Tal como já ocor- 
re com os partidos, as maio- 
rias tenderão a escolher 
mais em funçáo de pessoas 
reais do que de argumentos 
abstratos. A 
■ Cario» Mmtbcu» i dimor do Inaiiluto 
Gallup de Opinião Pública 
Jornal do Brasil - 27.12.92 Parlamentarismo: de 
novo, um casuísmo 
O movimento parlamentarista no 
Brasil - com exceção de algumas per- 
sonalidades honradas e outras que 
historicamente, esposam a tese do 
parlamentarismo - é mais um expe- 
diente cínico e traiçoeiro entre aque- 
lea que as elites brasileiras têm utili- 
zado para conservar o poder e evitar 
que a população defina, pela sua 
vontade soberana, os destinos do País. 
Na verdade, as classes dirigentes do 
nosso País, ha'muito, dentro do pró- 
prio sistema presidencialista de go- 
verno, o têm procurado invalidar, fa- 
zendo com que este regime se anule, 
em razão dos vícios e distorções a que 
o levaram. As oligarquias e grupos 
dominantes começam a destruir o pre- 
sidencialismo no próprio processo 
eleitoral, pela interferência do poder 
econômico, pelas restrições legislati- 
vas e judiciárias que impõem às elei- 
ções e, mais recentemente, pela desa- 
busada interferência dos meios eletrô- 
nicos de comunicação no processo de 
formação da consciência nacional. 
Mas, sobretudo, anulam as possibi- 
lidades do presidencialismo quando, 
por aqueles expedientes, conduzem ao 
governo aqueles que não queiram mu- 
danças ou os que, as desejando, não 
tenham os mínimos meios para im- 
plantá-las e, assim, frustrem as ex- 
pectativas e os direitos do povo bra- 
sileiro. 
Tanto isso é verdade que,nos últi- 
mos 40 anos - desde a eleição de 
Vargas -, o Brasil não ten a chance 
de eleger um governo coerente, cuja 
expressão eleitoral majoritário- se re- 
flita na área parlamentar. Desde 1950, 
ou se elege um presidente com um 
Congresso já formado, ou se elege um 
Congresso em meio a um mandato 
presidencial. Para um governante, so- 
breviver a um quadro desta natureza, 
só à custa de manobras, arranjos e 
concessões. Ainda mais agora, em 
meio a um sistema de comunicção 
avassalador, de natureza empresarial e 
monopolista, muito mais voltado para 
os interesses da manutenção do status 
quo do sistema econômico neocolonial 
do que preocupado em defender os 
valores nacionais e os direitos e aspi- 
rações da população. 
Em 50, ainda não havia no povo 
brasileiro a plena consciência da natu- 
reza perversa e da própria inviabilida- 
de do modelo econômico imposto ao 
País após a 2- Guerra. Mesmo assim, 
o governo Vargas tomou-se um marco 
na História do desenvolvimento autô- 
nomo deste país e do av&mço das lutas 
sociais do povo brasileiro. 
Agora, tudo se tomou mais grave e 
complexo. A crise brasileira atingiu 
patamares desesperadores, como nun- 
ca se viu em nossa História, e é neste 
quadro que se aproximam, depois de 
quase meio século, eleições gerais, 
coincidentes, em 93. Presidente, vice, 
dois terços do Senado, toda a Câmara 
dos Deputados, governadores e até 
deputados estaduais, todos eleitos 
juntos, num só dia, num só voto, o 
povo brasileiro poderá eleger um go- 
verno comprometido, acima de tudo, 
com a população, e que conte com a 
maioria do Congresso e o apoio de um 
sólido conjunto de governadores para 
executar um programa de transforma- 
ção que tire, finalmente, o nosso País 
da crise a que o levaram. 
Esta é a oportunidade que se abre 
diante de nosso povo. O parlamenta- 
rismo, agora, surge como um casuís- 
mo, como o mecanismo de usurpação 
de um direito que negaram ao povo 
brasileiro por tantos anos. Em 61, 
precisaram esconder-se numa madru- 
gada para violar a Constituição, ras- 
gando o regimento da Câmara dos 
Deputados, a fim de impor aquele re- 
gime absurdo. Hoje, com um plebis- 
cito, seria impensável que a população 
fosse renunciar a esta chance, cassan- 
do a si própria o direito de instituir 
um governo que abra novos caminhos 
Quinzena 
para o Brasil para os brasileiros, 
deixando que, em seu lugar, ascendam 
ao poder os acordos, conchavos e ar- 
ranjos parlamentares das elites brasi- 
leiras. 
Esta é a primeira e a principal ra- 
zão por que o povo brasileiro rejeita- 
rá, como o fez antes, esta nova mano- 
bra das castas elitistas de nosso País. 
SíssíííSííííiíí 
PoMiea Nacional 
Leonel Brizola 
Governador do Estado 
do Rio de Janeiro 
Transcrito do Estado de São Paulo de 
21/12/92. • 
Mandado publicar pelo PDT 
Diário Popular - 27.12.92 
Que parlamentarismo? 
PRESTES QUtRCIA 
0plebiscito marcado para abril do próxi- 
mo ano, no qual o povo deverá escolher 
entre o presidencialismo e o parlamen- 
tarismo, além de artificial — pois a popula- 
ção jamais exigiu a mudança do sistema de 
governo —, propõe ao eleitorado que, caso 
vença a opção parlamentarista, assine um 
cheque em branco em favor de um regime 
cujo funcionamento é absolutamente desco- 
nhecido na prática, inclusive dos próprios 
parlamentaristas. 
Vejamos como se poderá dar um dos maio- 
res equívocos da história da República, de 
conseqüências institucionais imprevisíveis. 
Na cédula, o eleitor poderá escolher entre o 
presidencialismo e o parlamentarismo — por 
razões óbvias não vamos levar em conta a 
volta à monarquia, ainda que sejam as melho- 
res as intenções de seus autores. 
O presidencialismo é conhecido do eleitor 
— ele conhece suas virtudes, seus pontos 
fracos, seu funcionamento, suas realizações, 
sua potencialidade, sua adequação a ura pais 
em desenvolvimento, que exige ações decidi- 
das, profundas e rápidas, ratificadas previa- 
mente com a eleição do presidente e a aceita- 
ção de seu programa de governo. 
E qual o parlamentarismo que sairá das 
umas, caso a sociedade decida encetar esta 
aventura? 
Ninguém sabe, muito menos os parlamen- 
taristas. 
Instalado um parlamentarismo sem face; os 
parlamentaristas terão o encargo de desenhar 
o rosto do novo regime, sem que a população 
se tenha manifestado a respeito, pois não terá 
sido consultada. 
Nesta desconfortável circunstância, o Con- 
gresso Nacional gastará um tempo precioso, 
cuja extensão é imprevisível, para debater, 
detalhar e apresentar ao País ura modelo de 
parlamentarismo. Vale lembrar duas agravan- 
tes: primeira, os urgentes problemas nacionais 
(inflação, retomada do desenvolvimento, de- 
semprego, saúde, educação, violência urbana, 
transportes, resgate da dívida social, entre 
outros) não ficarão congelados à espera de 
um melhor tempo para sua solução — ao 
contrário, serão exacerbados pelo imobilis- 
mo político e governamental instalado no 
Pais; segunda, os parlamentares irão elaborar 
um sistema de governo desconhecendo as 
preferências ou mesmo as opiniões do eleito- 
rado, em um vôo cego de conseqüências 
dramáticas. 
Em momento nenhum a população se pro- 
nunciou sobre as características de um even- 
tual novo regime. Vamos a alguns poucos 
exemplos, indicadores da gravidade da situa- 
ção. O presidente da República será eleito 
diretamente ou pelo Congresso? (Não pode- 
mos desprezar um fato histórico recente: a 
eleição direta de presidente da República foi 
conquistada nas ruas e praças pela popula- 
ção, em um dos momentos mais belos da 
nossa História). Por falar era Congresso, ele 
continuaria constituído de Câmara dos Depu- 
tados e Senado, ou o Senado simplesmente 
seria eliminado? Caso seja confirmada a so- 
brevivência'do Senado, a quais regras eje 
estaria subordinado? A dissolução dS:Câmata 
implicaria automaticaraente ria dissolução do 
Senado? A eleição do priraeiro-ministro seria 
feita por voto da Câmara c do Senado, ou 
apenas a Câmara teria o poder de escolha? A 
eleição do primeiro-ministro exigiria maioria 
absoluta ou bastaria maioria simples, que 
seria o suporte de um governo nascido fraco, 
pois existe a hipótese nada desprezável de ser 
impossível á formação de maioria absoluta? 
O "novo" presidente da República seria figu- 
ra decorativa ou teria funções que não sabe- 
mos quais no governo? Quais as regras para a 
dissolução do Congresso c do Gabinete? Na 
hipótese da dissolução do Congresso, as no- 
vas eleições seriam convocadas por um presi- 
dente que poderia ter sido eleito indiretamen- 
te, ou por um priraeiro-rainistro eleito indire- 
tamente? Restará á população apenas a possi- 
bilidade de assistir bestificada á resolução de 
tantos problemas que a atingem diretamente 
sem poder raanifestar-se? 
Considerando esses dados, fica evidente 
que o parlamentarismo será aventura cara, 
imobilizante e de vantagens mais do que 
duvidosas. A 
Orrutt Qoircb t 4o PMDB 
Folha de São Paulo - 20.12.92 
Presidencialismo 
o governo fraco 
José Serra 
Durante um debate promovido por 
estudantes da Universidade de Brasí- 
lia, o deputado Vladimir Palmeira, 
presidencialista convicto, resumiu 
com lucidez e franqueza as nossas di- 
ferenças em relação ao sistema de go- 
verno: ele quer o presidencialismo 
porque, nesse sistema, o Poder Exe- 
cutivo é mais fraco em relação ao Le- 
gislativo. Eu defendo o parlamenta- 
rismo porque considero necessário um 
Poder Executivo mais forte. O resumo 
do Vladimir parece surpreendente à 
luz dos argumentos antiparlamenta- 
ristas mais popularizados, quase todos 
enfatizando que, dentro do novo sis- 
tema, o Legislativo tomaria as "rédeas 
do país nos dentes". 
Quando menciono Executivo mais 
forte, não penso, evidentemente, em 
repressão aos direitos individuais ousociais, nem em opressão ao Legisla- 
tivo. Penso exclusivamente na capaci- 
dade do governo para definir e im- 
plementar políticas públicas, de forma 
mais coerente e persistente. Penso na 
"eficácia", na "legitimidade" e na 
"flexibilidade" do sistema de gover- 
no, num contexto democrático. 
Em conferência feita no final de 
1989, no Instituto de Estudos Avan- 
çados da USP, o professor Alfred 
Stepan distinguiu com clareza esses 
três atributos, os mais relevantes de 
um sistema de governo. 
A "eficácia" reflete a capacidade 
do sistema para gerar maiorias no Le- 
gislativo e entendimentos entre esse 
poder e o Executivo, de modo a via- 
bilizar a formulação e implementação 
de políticas públicas. A "legitimida- 
de" relaciona-se com a capacidade do 
governo de, simultaneamente, vincu- 
lar-se às opiniões predominantes no 
país e manter-se dentro do espírito e 
das normas constitucionais. A "flexi- 
bilidade" consiste precisamente na 
capacidade do sistema político de 
evitar ou resolvei as crises governa- 
mentais, de modo a impedir que se 
transformem em crises do regime de- 
SííííSíSiííiíSíííiSK: Quinzena PoMiea NaeÍon*l 
mocrático. 
No parlamentarismo há um grande 
incentivo à "eficácia", pois a existên- 
cia do governo depende da maioria do 
Congresso, é formado a partir dessa 
maioria. Note-se que, diante de even- 
tuais e reiteradas dificuldades para 
reunir maioria que respalde um gabi- 
nete ministerial, o Parlamento poderá 
ser dissolvido, ameaça que influirá 
poderosamente para induzir à estabili- 
dade de uma coalizão governamental. 
Além disso, como lembra o professor 
Stepan, a participação de partidos e 
membros do Congresso no governo é 
bem concreta e, se a coalizão se desfi- 
zer, ficará fora da administração. Este 
é outro incentivo para afinar a maioria 
parlamentar e o Executivo e, portanto, 
para reforçar a eficácia do sistema 
político. Não é por menos que no 
parlamentarismo os governos têm 
maioria legislativa durante 90% do 
tempo, segundo estimou Alfred Ste- 
pan à luz da experiência de países de- 
senvolvidos e subdesenvolvidos. 
Já no presidencialismo, o descasa- 
mento entre Executivo e Legislativo é 
natural, notadamente diante de políti- 
cas públicas que despeitam fortes rea- 
ções corporativas ou são consideradas 
impopulares e/ou quando se está no 
período final do governo, um ou dois 
anos antes das eleições. Isso tudo, 
mais o fato de que o governo é forma- 
do independentemente da maioria do 
Congresso, leva a que, no presiden- 
cialismo, o Executivo raramente conte 
com maioria legislativa e seja, segun- 
do estimativas de Stepan, minoritário 
durante mais de dois terços do tempo. 
Nesse sistema, o Legislativo, ao con- 
trário do que se pensa, tem tanto ou 
mais poder do que no parlamentaris- 
mo, mas tem menos "responsabilida- 
de". 
Face à sua condição de minoritário- 
quase-sempre, não espanta que o go- 
verno no sistema presidencialista so- 
fra, com relativa freqüência, impasses 
e choques que estimulam o uso de 
medidas excepcionais, como, no Bra- 
sil, decretos-lei e medidas provisórias. 
O recurso a esses instrumentos é bem 
mais raro no sistema parlamentarista. 
No presidencialismo, sua utilização 
freqüente amplia os impasses e os 
confrontos entre os poderes, cm fortes 
perdas de legitimidade do sistema po- 
lítico. Lembre-se o primeiro trimestre 
do governo Collor, cuja propensão a 
adotar medidas excepcionais e a não 
prestar atenção ao espírito e às normas 
constitucionais foi duplamente incen- 
tivada pelo tamanho da crise econô- 
mica e por sua condição de partida- 
riamente minoritário no Congresso. 
Mais ainda, no parlamentarismo a 
crise governamental não tende a tor- 
nar-se uma crise do regime pois, para 
mudar o chefe do governo, basta o 
voto da Câmara, enquanto no presi- 
dencialismo seria necessário um peno- 
so impeachment ou um golpe de Esta- 
do. Elege-se um monarca a cada qua- 
tro ou cinco anos e o fracasso de sua 
política de governo provoca-lhe, no 
máximo, o desgosto de observar o 
colapso dos índices de popularidade, 
mas não a perda do cargo, que abriria 
caminho para retificações mais con- 
sistentes naquela política. 
À pouca flexibilidade do sistema 
acrescenta-se também a intensificação 
do processo de barganha fisiológica 
com setores do Legislativo, como re- 
curso de um governo ajoelhado por 
seu fracasso. Nesse processo, são en- 
fraquecidos os partidos cujos parla- 
mentares são mais suscetíveis à bar- 
ganha. Os próprios ministros desses 
partidos, mais fiéis ao presidente do 
que à sua legenda, encarregam-se do 
trabalho. 
As experiências brasileiras e de 
outros países da América Latina é ri- 
quíssima para ilustrar as considera- 
ções anteriores. Evidentemente, seria 
um erro elementar acreditar que as vi- 
cissitudes do processo democrático na 
região são explicadas somente pelo 
presidencialismo. Há outros fatores 
históricos e estruturais por trás delas. 
Mas um erro simétrico seria desconsi- 
derar a importância do sistema de go- 
verno presidencialista como fator que 
acirra as crises e estreita as chances 
da consolidação democrática. 
Nos debates, toda vez que é subli- 
nhada a superioridade teórica do par- 
lamentarismo, não falta quem sublinhe 
a menor aplicabilidade das considera- 
ções feitas em relação a alguns países 
presidencialistas. Nesses casos, como 
nos Estados Unidos, afora condições 
históricas e peculiares dos sistemas 
políticos nacionais, um fator crucial 
que os diferencia dos sistemas presi- 
dencialistas de pauses como o Brasil é 
a predominância do "bipartidarismo", 
que modera (embora não elimine) sig- 
nificativamente o efeito das essências 
de incentivos mencionadas anterior- 
mente. 
MITOS E REALIDADES 
A propósito da experiência interna- 
cional, o professor Alfred Stepan con- 
seguiu compilar informações sobre 
mais de cem países que se tornaram 
independentes desde 1945 parta, corro- 
borar a instabilidade e a fraqueza do 
presidencialismo. Seus números, evi- 
dentemene, não estabelecem relações 
de causalidade, nem permitem prever 
automaticamente tendências reais a 
partir de mudanças político-institucio- 
nais a serem promovidas neste ou na- 
quele país. Mas sugerem, pelo menos, 
o caráter "mitológico" de argumentos 
antiparlamentaristas ou pró-presiden- 
cialistas envergonhados. 
Constatou-se, por exemplo, (pie, de 
1973 a 1989, entre 38 países não de- 
senvolvidos, a chance de golpes mili- 
tares em países sob sistemas presiden- 
cialistas foi duas vezes maior do que 
em países sob diferentes variantes do 
sistema parlamentarista. Do mesmo 
modo, a totalidade dos países que des- 
frutaram do regime democrático sem 
interrupção entre 1979 e 1987 inicia- 
ram sua vida independente sob regi- 
mes de corte parlamentarista. 
Há outra evidência especialmente 
relevante para o Brasil: o regime de- 
mocrático se manteve sem interrup- 
ções entre 1979 e 1988 no máximo em 
41 países do mundo. Entre estes há 
países parlamentaristas e presidencia- 
listas mas, "em nenhum deles", pre- 
valecia um sistema mulüpartidário. 
Entre os países não desenvolvidos 
que foram democráticos durante pelo 
menos um ano entre i 973 e 1987, o 
Executivo teve minoria legislativa du- 
rante mais da metade do tempo nos 
sistemas presidencialistas. Em países 
parlamentaristas obteve 83% do tem- 
po. 
Há ainda evidências que desmen- 
tem a suposta maior rotatividade do 
primeiro escalão governamental sob o 
parlamentarismo, o que significaria 
maiores descontinuidade e instabilida- 
de na gestão governamental. Entre 
1950 e 1980, durante os anos de go- 
vernos democráticos na Europa Oci- 
dental, nos Estados Unidos e na Amé- 
-.. ^íííxííííííííSfrííííííí 
XíjSÍÍÍÍSSíim;:;;:;:;:;-™-:-: 
Quinzena PoUtiea Nacional 
rica Latina, a permanência médiade 
um ministro nos sistemas presidencia- 
listas eqüivaleu à metade da vida mé- 
dia exibida nos sistemas parlamenta- 
ristas. Entre 1945-80, cerca de dois 
terços dos ministros em sistemas par- 
lamentaristas, contra somente 25% 
dos ministros em sistemas presiden- 
cialistas, serviram a mais de um go- 
verno, fator que reforça e valoriza a 
experiência na gestão governamental 
parlamentarista. Não é exatamente o 
contrário que tem sido veiculado no 
presente debate no Brasil? A elevada 
rotatividade ministerial no presiden- 
cialismo é, na verdade, um instru- 
mento de "compra" de apoio parla- 
mentar. 
José Serra á economista e deputado federal pelo 
PSDB de Sáo Paula Foi secretário do Planeja- 
mento do Estado de Sâo Paulo (governo Montoro). 
Sistemas de Governo 
Parlamentarismo & Presidendalsmo 
Cota, Antônio Arcanjo 
Caderno do Povo - Editora Arcângelus 
SISTEMAS DE GOVERNO 
PARLAMENTARISMO 
PRESIDENCIALISMO 
I - Só existem duas formas de 
governo: 
MONARQUIA E REPÚBLICA 
O Parlamentarismo e o Presiden- 
cialismo são sistemas de governo e 
não regimes políticos. 
Existem vários regimes políticos 
tais como: Democracia, Comunismo, 
Capitalismo, Socialismo, Fascismo, 
Totalitarismo, Militarismo, etc. Vigo- 
rou no Brasil de 1964 a 1985 o regime 
militarista com: Humberto de Alencar 
Castelo Branco, Artur da Costa e Sila, 
Augusto Rademaker Griinewald, 
Emílio Garrastazu Mediei, Ernesto 
Geisel e João Batista Figueiredo. 
II-O QUE É CIDADÃO? 
O indivíduo adquiri a cidadania 
com o título de eleitor; assim se toma 
mais importante do que o "Governo" 
e mais valioso do que o próprio "Es- 
tado" ; pois através do voto ele é ca- 
paz de modificar a forma, o sitema de 
governo e o regime em que está su- 
bordinado. 
O "Cidadão" tem amis valor do 
que todo o ouro do universo. Ele é a 
peça fundamental da "Polis" (Cívitas 
- Cidade); pois foi aí, que surgiu o 
interesse pela administração pública 
para dirigir os destinos do "País" e da 
"Sociedade". 
EI - O QUE É CONSTITUIÇÃO? 
Constituição ou Carta Magna é a 
lei principal de um "Estado" (País, 
Nação), que define competência dos 
três poderes; Poder Judiciário - Poder 
Legislativo - Poder Executivo, de que 
se compõe o governo e estabelece os 
direitos e deveres^ do cidadão. 
IV - O "PARLAMENTARISMO" 
originou-se na Inglaterra; surgiu atra- 
vés de uma Assembléia de Barões, do 
Clero Católico e de Burgueses (Co- 
merciantes e Artesões), que mais tarde 
formaram um "Conselho" , logo após 
"João Sem Tena" (Rei da Inglaterra) 
ter jurado a Magna Carta em 1215 
D.C., garantindo as liberdades públi- 
cas aos cidadãos. 
Durante o reinado de Henrique 111, 
em 1258 D.C., o "Cooselho" impôs 
ao Reá os "Estatudos de Oxford", 
pelo qual o Parlamento (Poder Legis- 
lativo) passou a funcionar bicameral- 
mente: Câmara dos Comuns (Burgue- 
ses) e Câmara dos Lordes (Nobres). 
Foi quando a influência do Parla- 
mento passou a preponderar sobre a 
do Rei, limitando o arbítrio do sobe- 
rano. 
Os Ministros e o Chanceler do Rei 
seriam escolhidos pelo Parlamento, 
nascendo aí o "Sistema Parlamenta- 
rista". 
V - AS CARACTERÍSTICAS DO 
PARLAMENTARISMO são: O Par- 
tido Político que eleger o maior nume- 
ro de Parlamentares torna-se majoritá- 
rio e escolhe entre os seus pares 
(Deputados) o "Primeiro-ministro", o 
qual exerce o Poder Executiva Seus 
auxiliares, Ministros são escolhidos 
(Eleitos) pelos colegas parlamentares 
de seu Partido e são responsáveis pe- 
rante o Parlamento e a ele prestam 
contas. Portanto, no Sistema Parla- 
mentarista, quem governa é o Primei- 
ro-ministro, tanto na forma de gover- 
no Monárquico, como na forma de 
governo Republicano. Quando houver 
uma crise de Gabinete devido o Voto 
de Desconfiança, o Presidente da Re- 
pública ou o Rei ou a Rainha dissolve 
o Congresso e convoca novas elei- 
ções. O partido majoritário ou uma 
coligação de vários partidos se reú- 
nem e elegem um outro Primeiro-mi- 
nistro e organizam um novo ministério 
composto exclusivamente de prla- 
mentares. 
No sistema "Parlamentarista", 
o Rei reina, mas não governa; o Pre- 
sidente da República é o chefe de Es- 
tado, mas não tem força de mando 
político administrativo, que está a 
cargo do Primeiro-ministro, que é o 
chefe de governo. O Partido Político 
majoritário ou coligado com outro 
Partido Político através de seus repre- 
sentantes no Parlamento escolhe 
o Primeiro-ministro e elege, pelo voto 
indireto, o Presidente da República ou 
pelo voto direto (caso da França e de 
Portugal). Na Monarquia isto não 
acontece, porque o Rei ou a Rainha 
têm cargo vitalício, isto é, por toda a 
vida, até morrer. 
Na América só existe um País com 
o Sistema Parlamentarista, que e 
o Canadá. O chefe de Estadof é o Go- 
vernador Geral nomeado pelo monar- 
ca da Inglaterra; o chefe de governo é 
o "Primeiro-ministro". 
Na Europa, na Ásia, na África e na 
Oceania, existem vários Pauses que 
adotam o Sistema Parlamentarista, 
tanto na forma de governo Republica- 
no como na Monárquica, 
Nos Países de Regimes Marxistas 
(Comunistas) o Parlamentarismo é ex- 
drúxulo , é capenga e pró-forma. 
Quinzena @ PolttUa Nacional 
ü Partido Político Único nega toda 
espécie de liberdade, caindo na in- 
congruência da Ditadura do Profe- 
tariado, onde a oligarquia do mando 
toma-sç evidente e a luta pelo Poder é 
feita nos bastidores, sem que o Povo o 
saiba ou dela participe. Não existe 
o Voto de Desconfiança, que é uma 
característica do bom funcionamento 
do sistema, corrigindo as falhas da 
Política e da Administração Pública 
do Mandatário e dos Representantes 
nos Poderes Legislativos. 
VI - O PRESIDENCIALISMO ori- 
ginou-se nos Estados Unidos da Amé- 
nca do Norte para substituir o monar- 
ca (o rei) com todas as suas prerroga- 
uvas, com a diferença de não ser he- 
reditário e vitalício. (Foi a primeira 
experiência republicana), no Sistema 
Presidencialista, no mundo. Após a 
independência das 13 (treze) colônias 
inglesas na América, formou-se, em 
1776 uma "Confederação" , com o 
nome de Estados Unidos da América 
do Norte. Onze (11) anos depois, 
1787, verificaram a sua incapacidade 
e fraqueza para continuar existindo; 
fez-se uma campanha para a mudança, 
transformando-se a "Confederação" 
em "Federação" , um Estado Único. 
Os 13 (Treze) Países (Estados) 
Confederados, na época, perderam as 
suas prerrogativas de Soberania 
e Federalizaram-se, formando um Es- 
tado só; apenas mantiveram a autono- 
mia administrativa de cada uma das 
Províncias, que conservam errada- 
mente até hoje os nomes de Estados, 
pois na realidade, não o são. 
As eleições do Presidente da Repú- 
blica e do Vice-Presidente são reali- 
zadas pelo processo indireto; o Povo 
(Eleitor) escolhe os delegados de seu 
Partido e estes (Delegados) se reúnem 
em uma Assembléia exclusivamente 
para escolher o candidato que foi in- 
dicado na Convenção partidária das 
prévias eleitorais à Presidência da Re- 
pública. 
Em toda a História dos Estados 
Unidos da América, sempre ganhou o 
Partido majoritário, isto é, aquele que 
conseguiu levar o maior número de 
Delegados (Representantes) ao Colé- 
gio Eleitoral. Nunca houve deserção, 
isto é, um delegado de um Partido 
voftr num outro candidato que não 
seja o seu. Após o escrutínio , acaba 
a sua finalidade, dissolve-se a Assem- 
bléia (Colégio Eleitoral). 
O primeiro Presidente da República 
dos Estados Unidos da América do 
Norte, eleito, foi Jorge Washington, 
em 1787. Ele passou a ter o poder po- 
lítico em suas mãos para todo o terri- 
tório nacional, exercendo o Poder 
Executivo com todas as prerrogativas 
que caracterizam o Presidencialismo. 
Os governadores das Províb- 
ciasamericanas, chamadas errada- 
mente de (Estados), não possuem 
"Soberania"e estão sujeitos ao go- 
verno central de Washington, exercido 
pelo Presidente da República. Caso 
um Governador de uma Província 
(Estado) desrespeite a Constituição 
Federal de 1787, que está em vigor 
até hoje, o referido Mandatário Pro- 
vincial está sujeito a uma interven- 
ção em sua Província (Estado) por 
parte do chefe de Estado, o Presidente 
da República, que, no sistema Presi- 
dencialista exerce o Poder Executivo, 
que é o Chefe de Estado e Chefe de 
Governo. 
VII - AS CARACTERÍSTICAS DO 
PRESIDENCIALISMO são: 
a) O Presidente da República exer- 
ce o Poder Executivo com todas as 
suas prerrogativas, é o Chefe de Esta- 
do e do Governo ao mesmo tempo, 
apenas limitado pela "Constituição"; 
b) Os Ministros (seus auxiliares) 
são escolhidos pelo Presidente da Re- 
pública, isto é, os ocupantes dos mi- 
nistérios são cargos de confiança, ex- 
clusivamente dele; 
c) Tem todo o comando político e 
militar em suas mãos, independente do 
Poder Legislativo; só em caso de 
guerra ele submete ao Parlamento o 
pedido de autorização e também em 
alguns casos graves de problemas 
econômicos. 
Nos Países onde existem uma Pseudo- 
democracia, os Presidentes da Repú- 
blica de Sistema Presidencialista são 
verdadeiros monarcas, abusam do Po- 
der Político, formando oligarquias de- 
sonestas, praticando toda a sorte de 
nepotismoss* e favores empregatícios 
a correligionários políticos de sua grei 
e de parentes. 
VUI - CONCLUSÃO 
O Sistema Parlamentarista é o mais 
honesto e o mais Democrático, porque 
garante as liberdades publicas dos ci- 
dadãos que são afiançadas pelo Par- 
lamento, que é a caixa de ressonância 
de todos os reclamos feitos à Nação. 
Os parlamentares protestam, denun- 
ciando qualquer tipo de arbitrarieda- 
de. 
A atuação do Podo* Executivo, é 
exercida pelo Primeiro-Mimstro, que é 
o Chefe de Governo, e está sempre 
sob o controle do Voto de Descon- 
fiança. Este é dado pelo Parlamento, 
onde se processa a votação "Sim" ou 
"Não", que decidirá se o Gabinete 
continua ou será dissolvido. 
No Sistema Presidencialista pelo 
contrário o Poder Executivo é exerci- 
do pelo Presidente da República, que 
é chefe de "Estado" e de "Governo" 
ao mesmo tempo, é um verdadeiro 
"Ditador Legal", investido de plenos 
poderes, é um "príncipe" temporário; 
Por mais liberal que ele seja e respeite 
a "Constituição", não tendo que 
prestar conta a ninguém, só abandona 
o cargo quando termina o seu manda- 
to. ^ 
Antônio Arcanjo Cota é professor, ajudou a fundar 
o PT, com a reorganizaçáo do PSB, desfiliou-se 
do PT e reingressou no PSB na nova fase. 
AS COBRAS 
WfA&UAi.'?- r 
T 
VERÍSSIMO 
iiiiiiiiii 
Quinzena 
SííiíSSÍ:*:: 
PoMiea Nacional 
Folha de Sáo Paulo - 06.12.92 
Parlamentarismo? Por quê? 
Leôncio Martins Rodrigues 
No ritmo alucinado, e alucinante, 
das mudanças, reformas e contra-re- 
formas que caracteriza o sistema polí- 
tico brasileiro, o eleitorado será cha- 
mado a dizer, no próximo mês de 
abril, se prefere a monarquia ou a re- 
pública, o presidencialismo ou o par- 
lamentarismo. Deixemos de lado a 
questão da improvável, mas não im- 
possível, opção monárquica para nos 
concentrarmos na opção presidencia- 
lismo vs. parlamentarismo. 
Quais os lados positivos e negati- 
vos de cada opção? Uma das princi- 
pais vantagens do parlamentarismo se- 
ria evitar situações como a que pode 
resultar da eleição de um presidente 
sem base partidária no Legislativo. Do 
ângulo dos valores democráticos, o 
presidencialismo teria vários aspectos 
negativos gerados pela personificação 
do processo político e conseqüente 
acirramento das disputas. Contraria- 
mente, a favor do presidencialismo 
geralmente se enfatiza a diminuição 
dos riscos de crises de governabilida- 
de resultantes da formação, nos regi- 
mes parlamentaristas, de gabinetes 
minoritários em sistemas partidários 
fragmentados. Os ministérios presi- 
dencialistas seriam mais estáveis do 
que os gabinetes parlamentaristas. 
Esta estabilidade estaria ligada, em 
larga medida, ao fato de o chefe de 
Estado, que é ao mesmo tempo o che- 
fe do governo, ter um mandato por 
tempo determinado, o mesmo aconte- 
cendo com o mandato dos parlamenta- 
res. Desse modo, os regimes presiden- 
cialistas tenderiam a ser não apenas 
mais estáveis como mais eficientes do 
que os parlamentaristas. Outra vanta- 
gem do presidencialismo viria de o 
compromisso político do chefe do go- 
verno ser antes com o povo do que 
com a facção parlamentar da classe 
política. 
Para complicar a contabilidade das 
vantagens e desvantagens de cada re- 
gime, certos aspectos, que os presi- 
dencialistas avaliam positivamente, 
são vistos negativamente pelos parla- 
mentaristas. O prazo fixo de governo 
no presidencialismo seria uma des- 
vantagem, porque um chefe de gover- 
no incompetente não poderia ser 
destituído, enquanto, inversamente, se 
fosse competente, não poderia ter o 
seu mandato prolongado, como acon- 
teceria com um primeiro-ministro no 
parlamentarismo. Conseqüentemente, 
ao contrário do que dizem os presi- 
dencialistas, o parlamentarismo daria 
mais estabilidade e eficiência à admi- 
nistração pública. Por sua vez, os pre- 
sidencialistas podem contestar que o 
parlamentarismo seja mais democrá- 
cito e leve a um melhor equilíbrio en- 
tre os poderes. Muitos cientistas polí- 
ticos consideram que o Congresso dos 
Estados Unidos é um corpo legislativo 
extremamente poderoso quando equi- 
parado com os Legislativos dos siste- 
mas parlamentaristas europeus^1-'. 
Assim, considerando os dois mo- 
delos em termos típico-ideais, para um 
conjunto de vantagens, pode-se 
apontar um conjunto de desvantagens. 
Mas, apesar disso, parece não haver 
dúvida de que o presidencialismo ten- 
de a projetar as lideranças populistas, 
os demagogos populares dos palan- 
ques (ou da TV), enquanto o parla- 
mentarismo projeta as lideranças há- 
beis nas manobras de bastidores, nos 
arranjos políticos, nas palavras cida- 
dãs ao pé do ouvido. Para utilizar uma 
imagem zoológica: o presidencialismo 
favorece os leões (às vezes os gorilas) 
das praças públicas enquanto o parla- 
mentarismo favorece as raposas (às 
vezes ratazanas do parlamento). 
É difícil apontar, em termos abs- 
tratos, qual o melhor sistema. Do ân- 
gulo de uma apreciação mais concreta, 
a varo do parlamentarismo poder-se-ia 
argumentar que os regimes presiden- 
cialistas nunca tiveram um bom fun- 
cionamento na América Latina( ). 
Ocorre, no entanto, que não se pode 
desprezar, ou menosprezar, outros 
fatores de ordem social e cultural (o 
autoritarismo, o militarismo, a violên- 
cia, a burocracia, a pobreza, o analfa- 
betismo etc) que, na América Latina e 
em outras partes, não favorecem a 
democracia (parlamentar ou presiden- 
cialista). Nesse ponto, o exemplo de 
muitos países europeus mostra que o 
parlamentarismo - especialmente nos 
países mais pobres da Buropa latina - 
deixou muito a desejar nas situações 
de radicalização ideológica e frag- 
mentação partidária. O parlamentaris- 
mo da 22 Repúbüca espanhola (1931- 
36), o da Itália até a ascensão de Mus- 
solini, em 1922, e também o da Ale- 
manha da República de Weimar 
(1919-1933), não evitaram a ascensão 
de regimes de tipo fascista. Na Fran- 
ça, o regime parlamentar da 4* Repú- 
blica (1946-1958) foi marcado por su- 
cessivas crises ministeriais, e acabou 
levando à emenda constitucional de 
1962 que impôs a eleição direta e po- 
pular do presidente da República, 
criando um regime presidencialista 
(ou semipresidencialista). Na verdade, 
a maioria dos regimes parlamentaristas 
que funcionaram sem crises maiores 
eram monarquias (Suécia, Holanda, 
Reino Unido, Bélgica etc.). Nos 
EUA, o presidencialismo suportou 
bem o embate de grandes crises eco- 
nômicas, como a de1929, e soube 
conduzir as políticas de integração das 
minorias étnicas. Os exemplos acima 
indicam que um adequado funciona- 
mento das democracias, em termos 
dos requisitos de representatividade e 
funcionalidade, depende de um con- 
junto de fatores, dos quais um dos 
mais importantes é a existência de 
uma cultura política democrática que 
se funda no consenso, na capacidade 
de postergação das expectativas, no 
espírito cívico, na obediência e conti- 
nuidade das regras do jogo político e 
na percepção dos concorrentes como 
adversários e não como inimigos. 
Aqui, é preciso admitir que esse tipo 
de cultura está mais associada aos paí- 
ses de religião protestante do que de 
religião católica. 
A luz dessas observações, como 
votar no próximo dia 21 de abril? 
Uma das dificuldades de opção vem 
do fato de que o plebiscito, aparente- 
im 
Quinzena PoHtiea Nacional 
mente democrático, que transferiu ao 
povo a escolha do sistema de governo, 
não indica que modelo de parlamenta- 
rismo será implantado no país. (A de- 
cisão caberá aos parlamentares e não 
aos eleitores). Desse modo, imaginan- 
do que a opção presidencialista seja 
derrotada, que tipo de parlamentaris- 
mo teríamos? Com eleição do presi- 
dente por voto popular direto ou por 
voto dos deputados (e senadores)? O 
Senado continuaria a existir? Com que 
atribuições? Poderia ele ser dissolvi- 
do, tal como a Câmara Federal? Em 
que condições? Senado e Câmara Fe- 
deral participariam da eleição do pri- 
meiro-ministro? Este seria eleito por 
voto aberto ou secreto? Por maioria 
simples ou absoluta? (A escolha do 
primeiro-ministro por maioria absoluta 
parece a solução mais lógica, mas co- 
mo proceder quando essa maioria não 
é alcançada? Iríamos para a maioria 
simples, o que significaria um gover- 
no minoritário?) Com que poderes e 
funções ficaria o presidente da Repú- 
blica? A eleição do presidente deveria 
coincidir com a eleição do Congresso? 
Haveria vice-presidente? Deveria ele, 
na hipótese de existir, ser obrigato- 
riamente do mesmo partido do presi- 
dente? Em que condições poderia 
ocorrer a dissolução do parlamento e 
de um gabinete? Quem teria o poder 
de convocar novas eleições: o primei- 
ro-ministro ou o presidente? Ministros 
poderiam ser destituídos isoladamente 
pelo parlamento? O primeiro-ministro 
teria que ser escolhido obrigatoria- 
mente entre os deputados ou poderia 
ser um senador? Apenas parlamenta- 
res poderiam integrar os gabinetes? 
Considerando as características da 
cultura política brasileira e o fato de 
que, há pouco tempo, multidões reuni- 
ram-se nas praças públicas para rei- 
vindicar o direito de eleger o presi- 
dente, se no plebiscito a maioria assi- 
nalar parlamentarismo, provavelmente 
teremos um modelo híbrido, semipre- 
sidencialista ou semiparlamentarista, 
era que o presidente eleito por voto 
popular direto teria muita legitimidade 
(especialmente se a eleição for em 
dois tumos) e conservaria poderes im- 
portantes, continuando a ser uma peça 
essencial do jogo político(3). Não é 
difícil prever, em tal situação, os pro- 
blemas de governabilidade advindos 
dos possíveis desentendimentos entre 
um presidente legitimado pelo voto 
popular direto e um primeiro-ministro 
legitimado pelo parlamento. 
Na hipótese de que a opção parla- 
mentarista saia vencedora, somente a 
partir de maio é que as negociações 
sobre o modelo de parlamentarismo 
serão para valer. E difícil prever 
quanto tempo será necessário para se 
chegar a um acordo e se promover as 
alterações constitucionais necessárias, 
inclusive no próprio regimento interno 
da Câmara. Mas, em princípio, a partir 
de outubro de 1993, teremos a revisão 
constitucional. Muito provavelmente, 
as discussões sobre o modelo parla- 
mentarista irão coincidir com a refor- 
ma constitucional, sobrecarregando 
enormemente a agenda do Congresso. 
Mas os problemas não param aí. O 
parlamentarismo a nível federal seria 
incompatível com as eleições diretas 
para os governadores e também para 
os prefeitos das capitais e das grandes 
cidades. Logo, a mudança das consti- 
tuições estaduais e municipais se im- 
pera. A conclusão é óbvia: a classe 
política brasileira mergulhará por mais 
alguns anos na discussão do modelo 
que deverá pautar o jogo dos interes- 
ses políticos no país, ampliando o pe- 
ríodo de incertezas quanto ao cenário 
institucional futuro. Convém lembrar 
que dezenas de dispositivos constitu- 
cionais votados em outubro de 1988 
continuam aguardando regulamenta- 
ção e que, em 1994, teremos eleições 
para presidente. Câmara de Deputa- 
dos, dois terços do Senado, governa- 
dores dos Estados e assembléias le- 
gislativas. 
Considerando que não há nada que, 
entre nós, garanta a superioridade do 
parlamentarismo, a prudência reco- 
mendaria dar um pouco mais de tempo 
à experiência presidencialista iniciada 
sob a Constituição de 1988. Um país 
não pode ficar mudando, a todo mo- 
mento, as regras do jogo, criando a 
perpétua impressão de que tudo é pro- 
visório. Mudanças institucionais su- 
cessivas, tanto na economia como na 
política, dificultam as previsões e o 
planejamento. É preciso ter em conta 
os custos do aprendizado de uma dada 
mudança. Numa conjuntura de crise 
econômica e social grave, começar 
uma nova experiência que ameaça 
abrir um vazio institucional prolonga- 
do, pode implicar um grave risco para 
nossa estabilidade democrática. Não 
se trata de defender o imobilismo, mas 
sim de mudar menos para mudar me- 
lhor. As instituições da democracia, 
para se tomarem "sagradas" e legíti- 
mas, para se incorporarem aos costu- 
mes, para serem introjetadas pelos ci- 
dadãos, não podem ser alteradas a to- 
do momento. • 
Notas 
(1) - Ver, pof exemplo, Arend Lijphart, "As Demo- 
cracias Contemporâneas", Lisboa, Gradiva, 
1989, pág. 113; 
(2) - Cf. especialmente as análises de Bolívar La- 
mounier, "Brasil: Rumo ao Parlamentaris- 
mo", Juan Unz, "Presidencialismo ou Parla- 
mentarismo: Faz Alguma Diferença?" e Ar- 
turo Valenzuela, "Partidos Pollbcos e Crise 
presidencial no Chile: Proposta para um Go- 
verno Presidencialista" In: Bolívar Lamounier 
(org.). "A Opçáo Parlamentarista", S. Paulo, 
Idesp-Editora Sumaré, 1991 e Juan Unz e 
Alfred Stepan, "Political Crafting of Democra- 
ting Consolidalion or Destruction: European 
and South American Comparisons", Atlanta 
(EUA), 1986 (mimeo). Uma ctfbca das posi- 
ções de Unz encontra-se em Dieter Nohlen, 
"Sistemas de Gobiemo: Perspectivas Con- 
ceptuales y Comparativas" iru Dieter Nohlen 
e Maria Femández iargs,), "Presidencialismo 
versus Parlamentarismo", Editorial Nueva 
Sociedad, 1991. 
(3) - As vantagens de um modelo misto 9seinipre- 
sidendalista ou semipariamentarista) para a 
América Latina são defendidas por Giovanni 
Sartori ("Neither Presidencialism Mor Paria- 
mentarianism", Columbía University, junho 
de 1990, mimeo.) e por Nohlen, (op. dL). A 
nós, parece o pior dos sistemas. 
Lôondo Martins Rodrigues é professor titular de 
Ciência Política da Unicamp e da USP e membro 
do Cedec (Centro de Estudos de Cultura Contem- 
porânea). É autor de "Partidos e Sindicatos" e 
"Cut os Militantes e a Ideologia*. 
Quinzena PoMíea Nacional 
O Plantador-W123- l^a 15.12.92 
Razões do Presidencialismo 
Athos Pereira 
Aos trabalhadores e ao povo inte- 
ressa que o sistema de governo seja mais de- 
mocrático. A seguir, apresentamos alguns ar- 
gumentos que mostram que o presidencialis- 
mo é mais democrático. 
No presidencialismo, tanto o poder 
legislativo, quanto o executivo, têm origem 
no voto popular, o que lhes assegura legiti- 
midade e permite que um controle o outro. 
Este equilíbrio de poderes gera democracia. 
No parlamentarismo, apenas o le- 
gislativo é eleito pelo povo. O chefe do exe- 
cutivo é eleito pelos deputados.Esta prática 
não fortalece o legislativo, pelo contrário, faz 
com que o legislativo seja um apêndice do 
gabinete. Tanto é assim que nos paises parla- 
mentaristas da Europa 95% das leis são origi- 
nárias do poder executivo, enquanto no pre- 
sidencialismo americano, 2/3 das leis são de 
iniciativa do legislativo. 
A famosa flexibilidade, que seria as- 
segurada pelo parlamentarismo, que permiti- 
ria a mudança de governo a qualquer mo- 
mento, através da convocação de eleições, é 
falsa. Mais correto seria dizer que no parla- 
mentarismo as eleições são convocadas para 
o momento em que isso interressa ao parti- 
do dominante. 
Não foi por acaso que Margaret 
Tatcher convocou eleições gerais para logo 
depois da guerra nas Malvinas. Foi para ex- 
plorar o prestígio adquirido. Da mesma for- 
ma procedeu John Major, que fez as últimas 
eleições no momento em que as pesquisas 
indicavam sua vitória. 
Já George Bush, submetido ao ca- 
lendário democrático do presidencialismo, 
não teve área de manobra para explorar o 
prestígio adquirido na Guerra do Golfo e te- 
ve que marchar para uma derrota anunciada. 
Isto mostra que é o presidencialismo que as- 
segura rotatividade no poder, permitindo re- 
Folha de São Paulo -16.11.92 
A OPINIÃO DOS PROFESSORES 
Parlamentarismo e presidencialismo 
José Murillo de Carvalho 
Neutralizavão do poder central 
(imperador/presidente) é tema 
[ constante na história do Brasil 
;ndependente. Se adotado, o 
!
 pí.rlamentarismo fortaleceria os 
i partidos políticos 
l jciano Martins 
A instituiçâc do parlamentarismo 
comporta riscos: há muitos 
partidos e eles são fracos. NSo há 
uma burocracia que assegure a 
continuidade das decisões do 
Estado durante as crises de 
gabinete 
Maria Teresa Sadeic 
| O parlamentarismo distribui melhor 
| as responsabilidades. Mas é preciso 
| definir mecanismos para 
. constituição do governo, suas 
; relações com o Congresso e adotar 
as reformas eleitoral e partidária 
Rachel Meneguello 
O tema é institucionalmente muito 
complexo para um plebiscito. Os 
americanos desconhecem o que 
seja o parlamentarismo e os 
ingleses o que seja o 
presidencialismo. Mesmo 
simplificado, o debate no Brasil é 
didático 
1 Brasílio Sallum Jr. 
O presidencialismo prossegue seu 
processo de desgaste e-as 
lideranças nacionais 
presidencialistas estão 
enfraquecidas.As elites tendem ao 
parlamentarismo pelo temor de 
uma nova opção Lula x Collor 
Luiz Felipe de Alencastro 
A transição democrática pós-74 
embute a dinâmica presidencialista. 
A população, com as diretas-já, 
pediu a reconquista da soberania 
sobre o mandato presidencial. O 
impeachment funcionou 
Francisco Weffort 
j O parlamentarismo é necessário 
j por uma questão de 
governabilidade. Mas ele é 
incompatível com o atual sistema 
eleitoral e com a manutenção do \ 
"^presidencialismo" dos 
governadores nos estados 
Leônclo Martins Rodrigues 
| Há uma compulsão brasileira pelas 
| mudanças. Se adotado, o 
I parlamentarismo mergulharia o pais 
num vácuo político. O 
presidencialismo, apesar dos 
defeitos, mantém a persistência das 
regras políticas 
S 
,' 
ai alternativa de políticas e de dirigentes. 
Por outro lado, a idéia de que no 
presidencialismo, toda crise de governo se 
transforma necessariamente em crise de es- 
tado, a ser resolvida através de golpe, acaba 
de ser desmentida por nossa própria histó- 
ria. Destituímos Fernando Collor sem sacri- 
ficar nenhuma conquista democrática. 
Finalmente, cabe ressaltar que. 
quando falamos de sistema de governo, esta- 
mos falando de sistemas democráticos. 
Quem tenta confundir o sistema presiden- 
cialista democrático com suas caricaturas 
merece ser lembrado que foram sistemas de 
governos parlamentaristas que produziram 
primeiros ministros célebres, como Hitler e 
Mussolini. # 
AOS QUE DEFENDEM O 
PARLAMENTARISMO AGORA 
Precisa-se lembrar que devemos 
sempre combater a causa e não os 
efeitos. A burguesia, com seu sistema 
capitalista de exploração e concentra- 
ção de renda, tanto no Parlamentaris- 
mo ou Presidencialismo como na Mo- 
narquia, nunca resolveu os grandes 
problemas sociais (aliás agravam) em 
país algum, e muito menos resolveu 
ou resolverá aqui. É bom que os de- 
fensores do Parlamentarismo agora, 
sejam eles de esquerda, do centro, da 
direita e tumbém os oportunistas de 
"esquerda", saibam que no Presiden- 
cialismo pode - se acabar com crises 
(estas provocadas pelos senhores do 
poder), inclusive com seduções mais 
radicais e profundas. Agora mesmo, 
com pressão popular, tiramos um pre- 
sidente através da Constituição. Fica 
então provado que é mais fácil mudar 
o presidente, pois este é um só, do 
que quinhentos e tantos deputados e 
senadores, que em sua maioria legis- 
lam em causa própria ou em defesa de 
grupos econômicos, sempre contra os 
trabalhadores e o chamado "Pdvão". 
Quinzena PoUtiea Nacional 
Basta ver o aumento do salário-míni- 
mo e do salário dos aposentados, que 
e corrigido de quatro em quatro me- 
ses. 
No Presidencialismo atual, o Con- 
gresso é um dos três poderes, portanto 
tem suas atribuições. Mas o Governo 
Collor, a maioria dos congressistas, a 
não ser os de esquerda, foram coni- 
ventes com a política collorida, dei- 
xando que Elle governasse 9 meses 
por decreto e medidas provisórias. 
Vemos assim, que o Parlamento no 
Brasil não é confiável, também como 
o presidente, pois depende da forma- 
ção de cada indivíduo política e 
ideologicamente. Mudar a regra do 
jogo agora, quando o país está em cri- 
se econômica e política, é oportunis- 
mo, casuísmo, é desviar a atenção do 
povo dos grandes problemas, como os 
baixos salários, desemprego, falta de 
moradia, saúde, etc. O que essa elite 
de exploradores querem é mais uma 
vez nos enganar; mudar o sistema por 
causa de crise? Quem faz as crises são 
os senhores donos do poder e não os 
trabalhadores. Estes não podem ficar 
nessa de combater crises, fabricadas 
pelos capitalistas. Temos que comba- 
ter o próprio capitalismo, o qual é o 
produtor das crises. Mudar a regra do 
jogo Agora é mudar a mosca mas 
a Mer». continuará a mesma. 
Como foi dito acima, temos que 
combater a causa e não os efeitos. A 
causa é o sistema capitalista de explo- 
ração da força de trabalho dos traba- 
lhadores. A saída então é um governo 
verdadeiramente democrático e popu- 
lar que nos conduza ao verdadeiro so- 
cialismo. Não importa, para nós tra- 
balhadores, que o governo que ante- 
ceda o governo popular seja Parla- 
mentarista ou Presidencialista, mudar 
a regra do jogo é golpe branco. # 
CARIOCA (Químico Aposentado) 
Soto Urbano -WU- Dezembro 1992 
AS REFORMAS DO ESTADO; 
SISTEMA DE GOVERNO E SISTEMA ELEITORAL 
O Brasil entra em 93 com uma árdua tarefa a ser cumprida: a discussão e definição de uma agenda de mudanças 
que irá traçar o perfú político do país. Os ajustes a que deve se submeter a jovem democracia brasileira apontam para um possível 
aumento da representatividade do sistema político nacional, indicando novas formas de relacionamento entre sociedade civil e Estado. 
PARLAMENTARISMO 
VERSUS 
PRESIDENCIALISMO 
Em abril do próximo ano estaremos con- 
vocados a participar de um plebiscito 
nacional onde teremos que escolher 
entre três alternativas: Monarquia 
Constitucional, República Parlamen- 
tar ou República Presidencialista. Todas as pes- 
quisas de opinião realizadas até o momento des- 
cartam a opção monárquica, devendo a disputa 
ocorrer entre Presidencialismo versus Parlamen- 
tarismo. 
E interessante notar que existe um certo con- 
senso entre os defensores das duas posições em 
relação a algumas questões relevantes. Em pri- 
meiro lugar, todos concordam que o atual Presi- 
dencialismo não funcionaadequadamente. Em- 
bora a crise dos anos 80 seja decorrente de diver- 
sos fatores, ficou patente a incapacidade do Esta- 
do brasileiro de processar e implementar macro 
decisões. O fracasso de quase uma dezena de pla- 
nos econômicos anunciados na última década 
não deixa dúvidas a respeito da grave crise insti- 
tucional. O dilema seria entre reformar o atual 
Presidencialismo ou mudar o sistema de governo. 
Os defensores do Parlamentarismo argumen- 
tam que este sistema permite ao governo dispor 
de maioria parlamentar, uma vez que é fruto de 
negociações prévias realizadas no Congresso. 
Além disso, induziria o Poder Legislativo a uma 
grande co-responsabilidade com o Executivo, 
pois a escolha c permanência do Primeiro-Minis- 
tro e de seu gabinete depende sempre da concor- 
dância da maioria dos congressistas. Alegam, ain- 
da, que em caso de crise institucional pode-se, 
através de "voto de desconfiança", substituir com 
relativa facilidade o primeiro-ministro ou desti- 
tuir alguns dos seus ministros. Em caso de impas- 
ses mais graves é possível a dissolução da Câmara 
e a convocação de eleições gerais para formação 
de nova maioria parlamentar. Estas característi- 
cas dariam grande capacidade de governabilidade 
ao Parlamentarismo, evitando que crises conjun- 
turais pudessem - como tem ocorrido ao longo da 
nossa trajetória presidencialista - colocar em xe- 
que o próprio regime democrático. Por fim, usam 
como elemento demonstrativo da superioridade 
deste sistema de governo o fato de que, exce- 
tuando os Estados Unidos, todos os países desen- 
volvidos são parlamentaristas. 
Diferentemente do sistema presidencialista - 
onde o Presidente da República acumula as fun- 
ções de Chefe de Estado e Chefe de Governo, 
no Parlamentarismo há uma nítida separação en- 
tre estas duas figuras. Assim, a chefia do Estado 
seria exercida pelo Presidente da República, que 
tem a função primordial de representar o país. 
Por outro lado, a chefia do governo estaria a car- 
go do Primeiro-Ministro escolhido pela maioria 
do parlamento e responsável diretamente pelo 
dia-a-dia da administração pública. 
Seria ilusório, no entanto, imaginar que estas 
características gerais levariam a sistemas parla- 
mentaristas relativamente homogêneos. Na p <ti- 
ca há uma enorme gama de variedades deste sis- 
tema, sendo possível encontrar exemplos, como o 
da Itália, em que o Presidente tem uma função 
semelhante a dos Monarcas das Monarquias 
Constitucionais até situações mais híbridas, como 
o caso francês, no qual o Presidente é responsá- 
vel pela política exterior e pelo comando das for- 
ças armadas. 
Em contraposição, os defensores do Presiden- 
cialismo afirmam que a via que o Parlamentaris- 
mo possui para terminar com o conflito entre o 
Poder Executivo e o Legislativo é na verdade a 
supressão do primeiro enquanto poder autôno- 
mo. Em segundo lugar, lembram toda a tradição, 
expectativa e esperança do povo brasileiro na 
eleição direta para Presidente. Neste sentido, a 
evocação à "campanha das diretas" é quase auto- 
mática, afirmando-se que a maior parte da popu- 
lação repudia o parlamentarismo, pois este signi- 
ficaria a volta das eleições indiretas para a chefia 
do governo. Ressaltam também que, em grande 
medida, a modernização do país foi decorrência 
de iniciativas de presidentes que, em muitos ca- 
sos, contavam inicialmente com pouco respaldo ■ 
do parlamento. Outros argumentam, ainda, que o 
Presidencialismo permite "cortar atalhos" no ca- 
minho do desenvolvimento, devido a maior sinto- 
nia entre o Presidente e o sentimento da maioria 
do país. Segundo este ponto de vista, o parla- 
mento tenderia a ser mais conservador, defensor 
do "status-quo" e resistente a mudanças "vis a vis" 
ao Poder Executivo. 
Por fim, outros críticos, mesmo aceitando teo- 
ricamente as diversas vantagens do Parlamenta- 
rismo, consideram que o Brasil ainda não estaria 
maduro para a implantação deste sistema de go- 
verno, em virtude da fraqueza do nosso sistema 
partidário, do baixo desenvolvimento de uma cul- 
tura política de maior participação, da postura 
"delegativa" da maior parte dos eleitores etc. Da 
mesma forma que o Parlamentarismo, também 
este sistema possibilita uma infinidade de varian- 
tes, que vai desde um Presidencialismo Imperial, 
do tipo mexicano, até uma situação de maior 
equilíbrio de poderes entre o Legislativo e Exe- 
cutivo como ocorre nos Estados Unidos. 
Por outro lado, há duas grandes questões insti- 
tucionais não equacionadas que, dependendo do 
seu encaminhamento, podem levar as duas pro- 
postas acima mencionadas a adquirirem configu- 
rações diversas. De uma maneira geral, tanto os 
defensores do Parlamentarismo como do Presi- 
dencialismo concordam com a necessidade de 
uma reforma partidária e de uma nova lei eleito- 
ral. 
Quinzena 
üü w SíííííSSS; PoMiea Nacional 
Há unanimidade virtual sobre a urgência de se 
criar mecanismos institucionais que levem a uma 
diminuição do número de partidos e ao fortaleci- 
mento das agremiações políticas. Hoje existe 
uma enorme profusão de partidos, muitos funcio- 
nando como legendas de aluguel ou para respon- 
der a interesses particularistas de grupos de polí- 
ticos regionais, o que termina por confundir o 
eleitor e banalizar a importância dessas associa- 
ções como intermediadoras dos interesses da so- 
ciedade frente ao Estado. Além disso, pela atua! 
legislação, os partidos somente são importantes 
para viabilizar as candidaturas dos postulantes 
aos cargos do Poder Legislativo. Uma vez eleitos, 
os parlamentares de fato não necessitam mais le- 
vá-los em conta. Dados fornecidos pela Câmara 
Federal mostram uma enorme discrepância entre 
o quadro dos deputados eleitos, segundo os di- 
versos partidos, e a atual correlação de forças 
partidária, decorrente da forte migração de par- 
lamentares entre as diversas legendas. 
As mudanças no sistema 
eleitoral 
Em relação à mudança na legislação eleitoral, 
o objetivo buscado seria o aumento da repre- 
sentatividade, barateamento das campanhas e a 
diminuição da influência do poder econômico. 
No referente a este último ponto, as propostas 
abrangem desde uma nova regulamentação, que 
incentive a transparência das contribuições dos 
diversos grupos sociais nas campanhas, até a par- 
ticipação do próprio Estado cobrindo parte des- 
tes gastos. 
Um dos grandes questionamentos ao atual 
modelo de representação parlamentar vem dos 
estados mais populosos, especialmente da região 
sudeste, que se sentem sub-representados na Câ- 
mara dos Deputados. Medidas casuísticas toma- 
das durante o período militar, a fim de manter o 
domínio sobre o Congresso, superdimensionaram 
a participação dos Estados das regiões Norte e 
Nordeste O debate sobre Parlamentarismo ver- 
sus Presidencialismo possui uma dimensão regio- 
nal, quase nunca explicitada, mas que não deve 
ser subestimada. Não é por acaso, por exemplo, 
que muitas dai principais lideranças presidencia- 
listas no Congresso são de Estados do Nordeste. 
Com a implantação do Parlamentarismo, segura- 
mente haveria uma maior transferência.de poder 
para as regiões Sudeste e Suldo país, seja em fun- 
ção da reformulação da representação por Estado 
na Câmara dos Deputados, seja pela inevitável 
restruturação do poder do Senado, que deixaria 
de funcionar como Câmara alta para dedicar-se a 
outras funções como resolver conflitos entre Es- 
tados membros da Federação aprovação de acor- 
dos internacionais etc. 
Ainda no que diz respeito ao aprimoramento 
da representatividade e diminuição dos custos 
das campanhas, uma das propostas mais ventila- 
das se refere à-implantação do voto distrital, on- 
de o eleitor escolheria entre um número reduzi- 
do de candidatos, cada um deles representando 
um partido. Segundo os defensores desta tese, o 
voto

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