Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE SOLOS E ENGENHARIA AGRÍCOLA AGR 061 – NUTRIÇÃO DE PLANTAS Prof. Armando J. Silva Cap. 10 – Cálcio, Magnésio e Enxofre 1 Cálcio no Solo – Generalidades Teor no solo – 1 g/kg até mais de 250 g/kg (Ca total). Solos calcários em ambientes áridos – maiores teores. Solos orgânicos recentemente drenados – baixos teores e valores de pH muito baixos. Solos argilosos – mais cálcio do que os arenosos 2 Cálcio no Solo – Formas Predominantes Carbonatos metamórficos ou sedimentares Sulfatos e silicatos. Minerais primários: Dolomita Calcita Apatita Feldspatos cálcicos Forma trocável (Ca2+) – predominante no complexo de troca de solos argilosos (65%) Forma solúvel – Ca2+ na solução do solo – muito baixo em solos tropicais ácidos. 3 Cálcio no Solo – Comportamento no Sistema Solo- Planta (Figura 1) Participa como cátion, no fenômeno de troca de cátions (CTC), sendo retido como Ca2+ nas superfícies com cargas negativas das argilas e da matéria orgânica. Solos de regiões tropicais – baixos teores de cálcio e altos de alumínio – grande limitação do crescimento das plantas. 4 Cálcio no Solo – Comportamento no Sistema Solo- Planta (Figura 1) Figura 1 – Ciclos do cálcio e do magnésio no sistema solo-planta (Vitti et al., 2006) 5 Cálcio na Planta – Absorção Absorvido pelas raízes como Ca2+. A absorção pode ser inibida na presença de altos teores de K+, Mg2+ e NH4+. Firmemente ligado a estruturas celulares, sendo parte trocável nas paredes celulares e na membrana plasmática. Grande parte pode ser encontrada nos vacúolos. Após a absorção, a maior parte é transportada pelo xilema. As reduzidas concentrações encontradas no floema indicam a baixa mobilidade deste elemento na planta. O movimento ascendente se dá por meio de reações de troca em vasos condutores. 6 Cálcio na Planta – Formas Maior parte – formas não solúveis em água. Uma grande parte está na parede celular, sob a forma de pectato de cálcio, conferindo rigidez à parede e impedindo o aumento do tamanho da célula. Em células mais maduras, o cálcio pode estar na parede na forma de carbonato, oxalato, sulfato, fosfato, tartarato ou citrato. Sais cálcicos cristalinos ocorrem mais frequentemente nos vacúolos de células especializadas chamadas idioblastos. Entre esses sais, predomina o oxalato que se encontra em qualquer parte da planta. 7 Cálcio na Planta – Formas 2 Outros sais de cálcio encontrados fora da parede celular são: carbonato, sulfato, fosfato, silicato, citrato, tartarato, malato e possivelmente complexos insolúveis com ácidos graxos. A insolubilidade dos compostos de cálcio da planta e sua localização na célula explica parcialmente a falta de redistribuição em condições de deficiência. 8 Cálcio na Planta – Funções Composição da parede celular – função estrutural. Importante para a absorção iônica – correção do efeito desfavorável da concentração hidrogeniônica. Indispensável para a germinação do grão de pólen e para o crescimento do tubo polínico – ele está presente na síntese da parede celular e no funcionamento do plasmalema. 9 Cálcio na Planta – Funções 2 Importante para a integridade da membrana plasmática das células vegetais, especificamente para a seletividade do transporte de íons que elas realizam. Pesquisas têm demonstrado que a seletividade de raízes de cevada para absorver potássio desaparece em minutos quando o cálcio é retirado da solução. Importante também na conversão de sinais vindos do ambiente (estresses de natureza biótica e abiótica). 10 Cálcio na Planta – Funções 2 Importante para a integridade da membrana plasmática das células vegetais, especificamente para a seletividade do transporte de íons que elas realizam. Pesquisas têm demonstrado que a seletividade de raízes de cevada para absorver potássio desaparece em minutos quando o cálcio é retirado da solução. Importante também na conversão de sinais vindos do ambiente (estresses de natureza biótica e abiótica). Ativação enzimática – embora seja uma função não muito frequente, o cálcio parece ser essencial para a ativação de algumas, como a ATPase em tubérculos de batita, a amilase em cevada e a fosfolipase em repolho. 11 Cálcio na Planta – Sintomas de Deficiência Limitado crescimento do sistema radicular – um dos sintomas mais característicos de deficiência de Ca na maioria das plantas. Aspecto gelatinoso nas pontas das folhas jovens e tecidos novos (pontos de crescimento) – devido à baixa redistribuição na planta e ao papel do cálcio na formação da parede celular. Deficiências são mais comuns em culturas como o amendoim e as hortaliças, como a podridão estilar do tomateiro. No tomateiro, as folhas apresentam teores normais de Ca, mas os frutos se mostram deficientes devido à pequena translocação e ao transporte unidirecional no xilema. 12 Cálcio na Planta – Sintomas de Deficiência 13 Foto – Deficiência de cálcio em cebola Cálcio na Planta – Sintomas de Deficiência 14 Foto – Deficiência de cálcio em tomate Cálcio na Planta – Sintomas de Deficiência 15 Foto – Deficiência de cálcio em tomate Cálcio na Planta – Sintomas de Deficiência 16 Foto – Deficiência de cálcio em tomate – Podridão estilar ou fundo preto Cálcio na Planta – Sintomas de Deficiência 17 Foto – Deficiência de cálcio em maracujá – Podridão estilar ou fundo preto Cálcio na Planta – Fontes A Figura abaixo, extraída de Vitti et al.(2006) apresenta as formas através das quais o cálcio pode ser fornecido às plantas Figura 2 – Processos de adição e perda de cálcio e magnésio nos solos 18 Cálcio na Planta – Fontes Pode ser fornecido de várias formas (Figura 2). De modo geral, nos solos ácidos, o cálcio pode ser totalmente suprido aos solos por meio da calagem. Tanto o calcário dolomítico quanto o calcítico são fontes excelentes desse nutriente. O gesso agrícola (CaSO4) também se constitui em ótima fonte de cálcio quando o pH já está suficientemente elevado e não há necessidade de calagem. 19 Cálcio na Planta – Fontes O superfosfato simples, que é fonte de gesso e também o supertriplo em menor intensidade, podem adicionar cálcio ao solo. A adição de grandes quantidades de cálcio e magnésio em solos deficientes em K ou a aplicação de Ca em solo deficiente em Mg pode causar desequilíbrio nutricional e crescimento reduzido da cultura. 20 Cálcio na Planta – Fontes Figura 2 – Processos de adição e perda de cálcio e magnésio nos solos 21 Magnésio no Solo – Generalidades Ocorre na estrutura de minerais primários como a mica e minerais secundários como as argilas 2:1. A forma de ocorrência mais importante para as plantas é o magnésio trocável (Mg2+) que pode estar tanto na solução do solo como adsorvido aos colóides minerais e orgânicos. Ocorre ainda como carbonatos e sulfatos em solos calcários ou em solos que receberam calagem recente. Assim como comentado na unidade sobre o cálcio, a Figura 1 apresenta uma visão geral do comportamento do magnésio no sistema solo- planta. 22 Magnésio no Solo – Comportamento no Sistema Solo- Planta (Figura 1) Figura 1 – Ciclos do cálcio e do magnésio no sistema solo-planta (Vitti et al., 2006) 23 Magnésio no Solo – Formas de ocorrência1. Minerais Primários – piroxênios, anfibólios, olivina, turmalina, muscovita e biotita. 2. Carbonatos e sulfatos – A dolomita (CaCO3.MgCO3), calcários dolomíticos e magnesianos, magnesita (MgCO3) podem ocorrer em camadas. Em regiões áridas e semiáridas, a epsomita (MgSO4.7H2O) é encontrada no solo. 3. Minerais secundários – argilas silicatadas 2:1 (montmorilonita, ilita e clorita). 24 Magnésio no Solo – Formas de ocorrência 2 4. Matéria orgânica – Mg na estrutura de compostos orgânicos. 5. Magnésio trocável – É o Mg2+ adsorvido aos colóides do solo. Em solos ácidos de regiões tropicais úmidas, o Mg2+ é o terceiro cátion mais abundante. 6. Magnésio solúvel – É o Mg2+ na solução do solo. A concentração vai de 2 a 5 mM (um mM = 24 mg de mg/L de água), sendo quase sempre igual ao dobro da concentração de K. 25 Magnésio na Planta – Absorção, Transporte e Redistribuição Mg2+ – Forma absorvida pelas plantas. O contato com a raiz se dá principalmente por fluxo de massa. É comum a ocorrência de antagonismo entre Mg e Ca e Mg e K: O aumento da concentração de um implica na diminuição da absorção do outro A deficiência de Mg induzida pelo excesso de K na adubação é bastante comum em culturas como bananeira e cafeeiro onde as fórmulas empregadas na adubação são muito ricas em potássio. 26 Magnésio na Planta – Absorção, Transporte e Redistribuição 2 De modo geral, os teores de Mg nas partes mais novas da planta são maiores do que os teores na parte mais velhas. O Mg2+ se move para cima seguindo a corrente transpiratória. Ao contrário do que ocorre com o Ca2+ e K+, o Mg2+ é bastante móvel no floema. Quando ocorre deficiência, os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais velhas. 27 Magnésio na Planta – Funções O Mg é essencial porque participa de pelo menos três importantes processos nos vegetais:. Formação da clorofila. Ativação Enzimática. Absorção de Fósforo. 28 Magnésio na Planta – Formação da clorofila As clorofilas são porfirinas magnesianas – o Mg participa com 2,7% do peso molecular das clorofilas. O magnésio localiza-se no centro das clorofilas a e b (Figura 8.7, de Epstein & Bloom, 2006). A função do Mg na clorofila não é bioquímica, mas sim estrutural, mantendo a configuração esférica desta molécula. 29 Magnésio na Planta – Formação da clorofila Figura 8.7 (Epstein & Bloom, 2006) – vista parcial da estrutura química da clorofila a. 30 Magnésio na Planta – Formação da clorofila Figura 8.7 (Epstein & Bloom, 2006) – Modelo tridimensional da clorofila a. Carbono é representado por cinza; oxigênio, por vermelho; nitrogênio, por azul; magnésio, por verde escuro e hidrogênio, por branco. 31 Magnésio na Planta – Ativação Enzimática O magnésio ativa mais enzimas do que qualquer outro elemento. Este elemento é co-fator de quase todas as enzimas fosforilativas. Entre as enzimas ativadas pelo Mg estão aquelas envolvidas na transferência de energia via adenosina trifosfato (ATP). ATPases atuam de forma bastante expressiva no complexo Mg-ATP (Figura 8.9, de Epstein & Bloom). 32 Magnésio na Planta – Ativação Enzimática 2 Figura 8.8 (Epstein & Bloom, 2006) – O complexo ATP- Mg. 33 Magnésio na Planta – Ativação Enzimática 3 A falta de Mg inibe a fixação de CO2 mesmo na presença de clorofila suficiente: o elemento é exigido nas reações de fosforilação que limitam a regeneração de ribulose difosfato – o açucar que “aceita” o CO2 fixado. Este elemento é co-fator de quase todas as enzimas fosforilativas. Entre as enzimas ativadas pelo Mg estão aquelas envolvidas na transferência de energia via adenosina trifosfato (ATP). Outras enzimas ativadas pelo Mg2+ são apresentadas na Tabela 6.24 (Malavolta, 1980). ATPases atuam de forma bastante expressiva no complexo Mg-ATP (Figura 8.9, de Epstein & Bloom). 34 Magnésio na Planta – Ativação Enzimática 3 Enzima Fonte Reação Tioquinase acética Geral ATP + Acetato = Acetato + PP Sintetase do glutatione Trigo, levedura Glutamil cisteina + glicina + ATP = GSH + ADP + Pi Quinase pirúvica Geral Piruvato + ATP = fosfoenol piruvato + ADP Desidrogenase isocítrica Cana, milho, sorgo Piruvato = acetaldeído + CO2 Enolase Ervilha 2-fosfogliceraqto = fosfoenolpiruvato + H2O Hexoquinase Levedura Glicose + ATP = glicose-6-P + ADP Sintetase do fosfopiruvato Cana, milho, sorgo UDPG + PP = UTP + glicose-1-P Tabela 6.24 – Algumas enzimas ativadas pelo magnésio Fonte: adaptada de Malavolta (1980) 35 Magnésio na Planta – Absorção de fósforo O magnésio é um “carregador” de fósforo. Há evidências experimentais de que o Mg2+ facilita a entrada do P nas plantas. Acredita-se que esse efeito seja devido ao papel do Mg nas reações de fosforilação. Esse papel do Mg tem um aspecto de interesse prático: contribui para aumentar a eficiência da absorção de P pelas raízes. 36 Magnésio na Planta – Fontes A Figura abaixo, extraída de Vitti et al.(2006) apresenta as formas através das quais o magnésio pode ser fornecido às plantas Figura 2 – Processos de adição e perda de cálcio e magnésio nos solos 37 Magnésio na Planta – Fontes 2 A fonte mais comum é o calcário dolomítico, um dos principais materiais utilizados na calagem. Outras fontes incluem o sulfato de magnésio, o óxido de magnésio, as escórias básicas, o sulfato de K e Mg e o termofosfato magnesiano. No Brasil são bastante comercializados os calcários dolomíticos calcinados que apresentam de 9 a 15% de Mg. Os sulfatos de Mg são mais solúveis, sendo preferíveis quando se deseja resultados rápidos. O Quadro 4, de Vitti et al. (2006) fornece as quantidades exigidas de Ca, Mg e S por várias culturas. 38 Magnésio na Planta – Fontes 2 Cultura Produção Total absorvido (kg) Ca Mg S Algodão 500 kg de fibra 15 12 10 Amendoim 2 t de grãos 10 12 11 Arroz 3 t de grãos 27 9 12 Café 3 t de grãos 63 30 10 Cana-de-açúcar 100 t de colmos 100 52 45 Eucalipto 100 m3 de madeira 140 35 38 Feijão 1 t de grãos 58 19 26 Laranja 18 t de frutos 160 9 9 Milho 5 t de grãos 19 26 13 Soja 2,5 t de grãos 42 25 5 Tomate 40 t 15 18 27 Trigo 3 t de grãos 7 9 8 Quadro 4 – Exigências de cálcio, magnésio e enxofre por várias culturas 39 Magnésio na Planta – Sintomas de Deficiência Os primeiros sintomas aparecem nas folhas mais velhas As folhas apresentam-se amareladas, bronzeadas ou avermelhadas, com as nervuras permanecendo verdes (foto) O desequilíbrio entre Ca e Mg no solo pode acentuar a deficiência deste último. Este fenômeno ocorre geralmente quando se usa por muito tempo apenas calcário calcítico em solos pobres em Mg. A deficiência de Mg também pode ser acentuada pelo uso de altas doses de fertilizantes potássicos e nitrogenados. 40 Magnésio na Planta – Sintomas de Deficiência 41 Enxofre no Solo – Generalidades Teor na crosta terrestre – 1,1 g/kg de S. Material de origem dos solos – Rochas ígneas - são fontes de sulfetos metálicos. Os sulfetos metálicos, em condições de boa aeração se transformam rapidamente em sulfatos. No solo ocorre também o S orgânico que é aquele presente em restos animais e vegetais. Outra fonte de S é o SO2 da atmosfera, oriundo de atividades vulcânicas, queima de combustíveis fósseis, da madeira e de outros produtos orgânicos. 42 Enxofre no Solo – Ciclo Figura– O ciclo do enxofre na natureza 43 Enxofre no Solo – Ciclo Figura – O ciclo do enxofre na natureza 44 Enxofre no Solo – Formas Predominantes A maior parte do S no solo está na forma orgânica, que por via microbiana é convertido a formas disponíveis para as plantas. Os dados da literatura mostram que a matéria orgânica é o principal reservatório de S na maioria dos solos (a exceção são os solos de regiões semi- áridas). Nos solos bem aerados, a principal forma mineral é o sulfato (SO42-). Em condições reduzidas, os sulfetos (S2-) predominam. 45 Enxofre no Solo – Formas Predominantes 2 Em solos inundados ocorre a reação: SO42- + 10 H+ + 8 e- H2S + 4 H2O. O gás sulfídrico produzido reage com o Fe, originando sulfeto ferroso, ficando afastado o perigo de toxidez das plantas pelo sulfeto, de acordo com a reação: Fe2+ + S2- FeS. Os sulfatos como ocorrem na solução do solo ou em formas pouco solúveis quando combinados com Fe e Al. O SO42- pode estar adsorvido aos colóides, dependendo de fatores como teor de argila e de oxihidróxidos de Fe e Al. 46 Enxofre no Solo – Formas Predominantes 3 Além dos sulfatos os solos podem apresentar outras formas minerais como: Sulfito (SO32-); Tiossulfato (S2O32-); Politionato (S4O62-). Essas formas ocorrem em menores proporções e são produtos intermediários e temporários das transformações do S. 47 Enxofre no Solo – Formas Predominantes 4 As formas orgânicas de S no solo podem ser assim classificadas: Aminoácidos livres (Cisteina, cistina, metionina, taurina, etc.); Sulfato orgânico – SO42- ligado a fenóis, colina, carboidratos e lipídeos; Derivados de quinonas e aminoácidos com S – ocorrem em alta proporção, constituem parte do húmus muito resistente à decomposição por microrganismos. 48 Enxofre na Planta – Absorção, Transporte e Redistribuição O ânion SO42- é a principal forma absorvidase. A maior parte do enxofre absorvido é transportada via xilema para a parte aérea, onde é reduzida e assimilada. O restante é metabolizado na raiz. O sulfato é absorvido com a ajuda de um transportador 3H+/SO42- do tipo simporte presente na membrana plasmática. 49 Enxofre na Planta – Absorção, Transporte e Redistribuição 2 As plantas absorvem o enxofre também pelas folhas, nas formas de sulfato e SO2 da atmosfera, embora esta última seja feita de modo ineficiente. Após a absorção, o SO42- é transportado na direção acrópeta, principalmente. Por isso, os sintomas de deficiência ocorrem primeiramente nas partes jovens. 50 Enxofre na Planta – Absorção, Transporte e Redistribuição 3 Diversos fatores podem afetar a absorção do enxofre, destacando-se a presença de outros íons no meio. A absorção do SO42- é aparentemente reduzida pela presença de Cl- em excesso. Tem sido observado que altos teores de selênio em alguns solos podem induzir carência de S. A velocidade de absorção do SO42- depende do cátion acompanhante, obedecendo à seguinte série crescente: Ca2+, Mg2+, NH4+, K+ 51 Enxofre na Planta – Assimilação Após a absorção, o SO42- tem que ser reduzido para ser assimilado, em processo semelhante ao que ocorre com o NO3-. O sulfato, contudo, ao contrário do nitrato, pode ser incorporado diretamente em estruturas orgânicas essenciais como os sulfolipídeos nas membranas, ou polissacarídeos, como o ágar. A redução do sulfato é a forma mais importante de assimilação do enxofre. Após a redução, o enxofre é incorporado aos aminoácidos, proteínas e coenzimas. 52 Enxofre na Planta – Assimilação 2 A primeira etapa de assimilação do SO42- é a sua redução para cisteina (um aminoácido). O processo de redução é iniciado com a reação entre o sulfato e o ATP, para formar 5’adenililsufato, conhecido como adenosina fosfosulfato (APS) e pirofosfato (PPi), de acordo com a reação: SO42- + Mg-ATP APS + PPi. A enzima que catalisa essa reação é a ATP sulfurilase e apresenta duas formas, sendo a maior encontrada nos plastídeos e a menor, no citoplasma. 53 Enxofre na Planta – Assimilação 2 A APS pode ser reduzida ou oxidada, sendo o primeiro processo o predominante. A redução do APS é um processo de múltiplas etapas, que ocorre predominantemente nos plastídeos. O processo de redução do APS nas plantas pode ser visualizado na Figura 4, de Vitti et al. (2006). 54 Enxofre na Planta – Assimilação 3 Figura 4 – Redução, incorporação e metabolismo do enxofre na planta (Vitti et al., 2006). 55 Enxofre na Planta – Assimilação 4 Na assimilação do enxofre, as folhas são mais ativas do que as raízes Isto se deve ao fato de a fotossíntese disponibilizar a ferredoxina reduzida e a fotorrespiração para gerar a serina, que pode estimular a produção da O-acetilserina. O S assimilado nas folhas é exportado pelo floema para os locais de síntese protéica, sobretudo, na forma de glutationa. 56 Enxofre na Planta – Assimilação 5 O teor de S nas proteínas varia entre frações protéicas de células individuais e entre espécies de plantas. Em geral as proteínas das leguminosas contêm menos S do que as dos cereais e a relação N/S gira em torno de 40/1 e 30/1 nestas plantas, respectivamente. As proteínas são os compostos nos quais a maior parte do S se incorpora dentro das plantas 57 Enxofre na Planta – Exigências das culturas O bom crescimento das planas requer entre 1 e 5 g/k de enxofre na matéria seca. Em geral as crucíferas são as mais exigentes, com teores nas sementes entre 11 e 17 g/kg no tecido seco. 58 Enxofre na Planta – Funções As funções do S nas plantas são agrupadas em:. Estruturas e Metabólicas. 59 Enxofre na Planta – Funções Estruturais O S é componente estrutural de muitos aminoácidos, destacando-se a cistina, a cisteína e a metionina e, portanto, as proteínas que os contêm. Co-enzimas como tiamina, biotina e a coenzima A também são formadas por enxofre. Os compostos de S desempenham papel muito importante na estrutura das proteínas. Além do seu papel na composição de aminoácidos e proteínas, ésteres de SO42- com polissacarídeos são componentes estruturais importantes das membranas celulares. 60 Enxofre na Planta – Funções Metabólicas O S atua no metabolismo devido à sua participação na composição de aminoácidos em proteínas, aminoácidos livres e outros compostos de S de baixo peso molecular. Estudos têm demonstrado que a falta de S nas plantas provoca uma série de distúrbios metabólicos: Diminuição na fotossíntese e na respiração; Queda na síntese de proteínas; Redução do teor de gorduras Acúmulo de carboidratos solúveis com elevação na relação C solúvel/C amido; Diminuição na fixação livre e simbiótica do nitrogênio. 61 Enxofre na Planta – Funções Metabólicas 2 De modo geral, o enxofre desempenha funções que determinam aumentos na produção e na qualidade do produto. Plantas deficientes em enxofre apresentam baixos teores de proteínas, pois esse elemento é constituinte dos aminoácidos cistina, metionina e cisteina. O S está ligado às vitaminas biotina e tiamina, sendo a carência desta última um problema nutricional em países que têm como base da alimentação, o arroz. O S é componente do acetil-CoA, composto que representa o centro nervoso do ciclo de Krebs, influenciando, portanto, todo o metabolismode gorduras e carboidratos. 62 Enxofre na Planta – Funções Metabólicas 3 O S atua ainda na melhoria da qualidade de várias culturas, como na composição de azeites de alho livres de N (bissulfeto de alila) nas planas bulbosas (cebola e alho) e de essência de mostarda com N nas crucíferas. Atua ainda na ativação de enzimas proteolíticas como a ficinase (figo), bromelina (abacaxi) e papaina (mamão). Destaca-se também a participação do S nas ferredoxinas, complexos enzimáticos envolvidos na fotossíntese e na fixação do N2 atmosférico. Registra-se ainda que os grupos sulfidrilos (-SH) no tecido vegetal parecem aumentar a tolerância das plantas ao frio e à seca. 63 Enxofre na Planta – Funções Metabólicas 3 O S atua ainda na melhoria da qualidade de várias culturas, como na composição de azeites de alho livres de N (bissulfeto de alila) nas planas bulbosas (cebola e alho) e de essência de mostarda com N nas crucíferas. Atua ainda na ativação de enzimas proteolíticas como a ficinase (figo), bromelina (abacaxi) e papaina (mamão). Destaca-se também a participação do S nas ferredoxinas, complexos enzimáticos envolvidos na fotossíntese e na fixação do N2 atmosférico. Registra-se ainda que os grupos sulfidrilos (-SH) no tecido vegetal parecem aumentar a tolerância das plantas ao frio e à seca. 64 Enxofre na Planta – Fontes Em condições naturais, mais de 95% do enxofre está ligado à matéria orgânica. Outras fontes naturais incluem os dejetos animais, a água e a atmosfera. Os dejetos animais apresentam entre 0,2 e 3 g/kg. O SO2 da atmosfera dissolvido na água da chuva e da neve pode contribuir com até 22 kg/ha/ano de S. Em agroecossistemas, a água de irrigação pode conter quantidades consideráveis de S. Quando o teor de SO42- na água de irrigação excede 5 mg/L, a deficiência de S é pouco provável. 65 Enxofre na Planta – Fontes 2 Em condições antrópicas, a maioria das fontes de S é formada por sulfatos (Quadro 5), os quais, de modo geral, apresentam boa solubilidade. Outras fontes importantes são os biossulfetos, tiossulfatos e polissulfatos. A forma mais importante de S insolúvel em água é o S elementar, que precisa ser oxidado a SO42- para ser utilizado pelas plantas. 66 Enxofre na Planta – Fontes 3 Fonte Teor de S Sulfato de amônio 22 – 24 Tiossulfato de amônio 26 Polissulfato de amônio 40 – 50 Sulfato de potássio 15 – 17 Sulfato de K e Mg 22 – 24 Sulfato de cálcio 12 – 18 Sulfato de magnésio 12 – 14 Superfosfato simples 10 – 12 S elementar 85 Sulfonitrato de amônio 15 Superfosfato amoniacal 12 Fosfossulfato de amônio 15 Quadro 5 – Principais fontes de enxofre utilizadas na agricultura 67 Enxofre na Planta – Fontes 3 Os sulfatos solúveis em água disponibilizam imediatamente o S para as plantas, devendo ser utilizados quando o S é necessário. O tiossulfato de amônio é um líquido claro adequado para uso em fertilizantes fluidos ou água de irrigação. O polissulfato de amônio é uma fonte fluida com forte cheiro de amônia, apresentando coloração vermelha e comumente utilizada na água de irrigação. O gesso, apesar de apresentar uma baixa solubilidade, é uma fonte barata e eficiente de S. A adubação com S elementar resulta em resposta mais lenta da cultura do que com sulfatos. O S elementar é, contudo uma fonte de S agronômica e economicamente adequada. 68 Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência Semelhante à deficiência de N, mas aparece primeiramente nas folhas jovens, aparecendo como uma clorose intercostal. Outros sintomas são: redução do crescimento e acúmulo de antocianinas. Tal similaridade deve-se ao fato de que ambos são constituintes de proteínas. A clorose causada pela deficiência de enxofre aparece, em geral, inicialmente em folhas jovens e maduras, em vez de folhas velhas, como na deficiência de nitrogênio, porque, ao contrário do nitrogênio, o enxofre não é remobilizado com facilidade para as folhas jovens, na maioria das espécies. Em algumas situações, a clorose por falta de enxofre pode ocorrer simultaneamente em todas as folhas ou até mesmo iniciar em folhas velhas. 69 Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência 70 Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência 71 Foto – Deficiência de enxofre em folha de tomate. Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência 72 Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência 73 Foto – Deficiência de enxofre em milho Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência 74 Foto – Deficiência de enxofre em feijoeiro Enxofre na Planta – Sintomas de Deficiência 75 Foto – Deficiência de enxofre em beterraba
Compartilhar