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Os livros didáticos de Geografia Analisar conteúdos e estratégias apresentadas pelos livros didáticos, considerando sua relação às necessidades escolares e à própria Geografia enquanto ciência. Nesta aula, vamos tratar do livro didático, um dos recursos mais utilizados pelo professor nas atividades de ensino. Precisamos analisar, em primeiro lugar o que ele representa para professores e alunos. Para que ele serve e a quem serve? Em segundo lugar, questionamos como usá-lo e por que usá-lo? Por fim, precisamos discutir quais as qualidades que um livro didático deve apresentar? Possibilidades e limites na utilização do livro didático Estamos falando de um recurso bastante difundido nas escolas e de uso comum entre os professores que às vezes o entendem como a única fonte de informação, sem considerar o conteúdo que veiculam, sem uma reflexão crítica a respeito de como são apresentados tais conteúdos, sem atentar àquilo que foi omitido, para que seja complementado, nem tão pouco ao que é supérfluo ou inadequado para que seja descartado. Quando o professor dispõe de apoio teórico e técnico ele passa a ensinar Geografia sem apoiar-se apenas na descrição dos fatos, e ancorar-se, exclusivamente, no livro didático. Sabemos que o livro didático constitui uma construção intelectual, mas sabemos também que ele segue uma linha de produção industrial e, às vezes, por conta disto, coloca em primeiro lugar, aspectos que orientam a venda, esquecendo, a sua principal finalidade que é de informação e orientação de estudos, dentro de um currículo já pensado, em termos de concepções filosóficas e pedagógicas. Daí, a importância da formação do professor, em termos de alcance de autonomia intelectual e de responsabilidade pedagógica. A falta de autonomia intelectual se dá por conta do pouco conhecimento construído, nos diversos campos que constituem as disciplinas escolares, e do nível em que foram construídos, muitas vezes, memorizados e fragmentados. Isso dá margem para que haja o livro do professor, sendo este considerado, pela indústria e pelos intelectuais da área, incapaz de buscar as definidas respostas, que passam a ser únicas, incontestes, e, com isso, os alunos aprendem e são avaliados. Faltam-nos espaços para reflexão, questionamento, decisão, autonomia e criatividade. Faltam condições para aprender significativamente. Assim, não queremos dizer que o livro didático não serve e que não deva ser usado, pelo contrário, estamos alertando que o livro didático é um bom recurso que deve ser bem escolhido e, sobretudo, que deve ser usado conscientemente, não como trilha a ser palmilhada, mas como estrada principal que oferece condições diversas para encontrar trajetórias diferentes. Kozel e Filizola (1996) analisam o livro didático, questionando: guia ou camisa de força? Dizem que, em geografia eles não devem impor o que ensinar nem eliminar a espontaneidade e a criatividade do professor. Os autores apontam alguns critérios para a utilização do livro didático: Adequação à faixa etária com a devida seriedade científica.l Proposta de atividades que possibilitem a reflexão e a construção do conhecimento.l Fotos, mapas e gráficos absolutamente relacionados ao conteúdo apresentado no texto.l Coerência entre as diversas partes, sequenciando unidades.l A esse conjunto de critérios propostos acrescentaríamos: atendimento às concepções conceitos e categorias atuais para o estudo da geografia, correção da linguagem, lógica, clareza e concisão, ausência de elementos que indiquem discriminação de qualquer ordem, excesso de ilustrações, cores, ou outros elementos desnecessários ao entendimento, e à busca de informações complementares. Em pesquisa recente, Bezerra, Silva e Silva (2010) concluem que os alunos gostariam que o livro didático se aproximasse mais da realidade vivida por eles e de outro lado apontam que os alunos embora entendam que o livro didático seja fundamental para o estudo, eles não o leem constantemente, nem procuram interpretá-lo para relacionar as informações nele contidas à sua própria realidade. Os autores alertam para que seu uso não induza a uma postura teórica e limitada que possa cercear a ampla percepção do mundo e a formação de percepções a respeito do que está ao redor. Os autores resumiram aqui pontos de apoio para a formulação de bases e argumentos ao que propusemos como questões orientadoras para o tema desta aula. Pudemos ver a necessidade e valor do livro didático, a importância que ele tem para ajudar o aluno na compreensão dos conceitos fundamentais da geografia escolar, o suporte que ele dá ao professor na organização de suas aulas, os cuidados e critérios que devemos adotar para selecioná-lo, e, como podemos torná-lo melhor, complementando-o naquilo que falta. Para tanto, é imprescindível a utilização de recursos auxiliares que tornem o livro mais compreensível e o aproxime da realidade do aluno. Para finalizar e aprender mais – em busca de uma prática Antes de propor uma prática para o que aprendemos, a respeito do livro didático, gostaríamos de deixar a ideia de que o próprio professor pode produzir seu livro didático e, ao mesmo tempo, ajudar os alunos a construírem também os seus. Assim, serão autores, e suas anotações serão sistematizadas em textos mais elaborados, prontos para servirem de apoio ao estudo e a uma aprendizagem mais consistente. Quanto à prática, gostaríamos de sugerir a análise de um livro didático de geografia que você tenha em mãos. Utilize todos os critérios apresentados para avaliá-lo. Faça um relatório de sua apreciação crítica, justificando os pontos positivos e negativos encontrados. Em seguida, escolha um dos temas que constam dele e planeje uma aula, indicando as aprendizagens previstas, as atividades e os recursos complementares ao que está no livro, como será ele usado nas atividades e que restrições ou reflexões serão feitas em relação ao que ele apresenta. Ah! Não se esqueça do que aprendemos de interdisciplinaridade. Após o trabalho prático compartilhe suas dificuldades com o seu professor, tire dúvidas, invista para construir uma aprendizagem significativa. Referências BEZERRA, J. L. da Silva; SILVA, Rafael F.; SILVA, Renaly F. O livro didático e o ensino de Geografia. Disponível em: www.agb.org.br. Acesso em: 17 nov. 2013. BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais: história e geografia. Secretaria de Educação Fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. KOZEL, S.; FILIZOLA, R. Didática de geografia: memórias da terra: o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996.
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