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aula 17 Os livros didáticos de Geografia

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Os livros didáticos de
Geografia
Analisar conteúdos e estratégias apresentadas pelos livros didáticos,
considerando sua relação às necessidades escolares e à própria Geografia
enquanto ciência.
Nesta aula, vamos tratar do livro didático, um dos recursos mais utilizados pelo professor nas
atividades de ensino. Precisamos analisar, em primeiro lugar o que ele representa para professores e
alunos. Para que ele serve e a quem serve? Em segundo lugar, questionamos como usá-lo e por que
usá-lo? Por fim, precisamos discutir quais as qualidades que um livro didático deve apresentar?
Possibilidades e limites na utilização do livro didático
Estamos falando de um recurso bastante difundido nas escolas e de uso comum entre os
professores que às vezes o entendem como a única fonte de informação, sem considerar o conteúdo
que veiculam, sem uma reflexão crítica a respeito de como são apresentados tais conteúdos, sem
atentar àquilo que foi omitido, para que seja complementado, nem tão pouco ao que é supérfluo ou
inadequado para que seja descartado. Quando o professor dispõe de apoio teórico e técnico ele
passa a ensinar Geografia sem apoiar-se apenas na descrição dos fatos, e ancorar-se,
exclusivamente, no livro didático.
Sabemos que o livro didático constitui uma construção intelectual, mas sabemos também que
ele segue uma linha de produção industrial e, às vezes, por conta disto, coloca em primeiro lugar,
aspectos que orientam a venda, esquecendo, a sua principal finalidade que é de informação e
orientação de estudos, dentro de um currículo já pensado, em termos de concepções filosóficas e
pedagógicas.
Daí, a importância da formação do professor, em termos de alcance de autonomia intelectual e
de responsabilidade pedagógica. A falta de autonomia intelectual se dá por conta do pouco
conhecimento construído, nos diversos campos que constituem as disciplinas escolares, e do nível
em que foram construídos, muitas vezes, memorizados e fragmentados. Isso dá margem para que
haja o livro do professor, sendo este considerado, pela indústria e pelos intelectuais da área, incapaz
de buscar as definidas respostas, que passam a ser únicas, incontestes, e, com isso, os alunos
aprendem e são avaliados. Faltam-nos espaços para reflexão, questionamento, decisão, autonomia e
criatividade. Faltam condições para aprender significativamente.
Assim, não queremos dizer que o livro didático não serve e que não deva ser usado, pelo
contrário, estamos alertando que o livro didático é um bom recurso que deve ser bem escolhido e,
sobretudo, que deve ser usado conscientemente, não como trilha a ser palmilhada, mas como
estrada principal que oferece condições diversas para encontrar trajetórias diferentes.
Kozel e Filizola (1996) analisam o livro didático, questionando: guia ou camisa de força? Dizem
que, em geografia eles não devem impor o que ensinar nem eliminar a espontaneidade e a
criatividade do professor. Os autores apontam alguns critérios para a utilização do livro didático:
Adequação à faixa etária com a devida seriedade científica.l
Proposta de atividades que possibilitem a reflexão e a construção do conhecimento.l
Fotos, mapas e gráficos absolutamente relacionados ao conteúdo apresentado no texto.l
Coerência entre as diversas partes, sequenciando unidades.l
A esse conjunto de critérios propostos acrescentaríamos: atendimento às concepções conceitos
e categorias atuais para o estudo da geografia, correção da linguagem, lógica, clareza e concisão,
ausência de elementos que indiquem discriminação de qualquer ordem, excesso de ilustrações,
cores, ou outros elementos desnecessários ao entendimento, e à busca de informações
complementares.
Em pesquisa recente, Bezerra, Silva e Silva (2010) concluem que os alunos gostariam que o
livro didático se aproximasse mais da realidade vivida por eles e de outro lado apontam que os
alunos embora entendam que o livro didático seja fundamental para o estudo, eles não o leem
constantemente, nem procuram interpretá-lo para relacionar as informações nele contidas à sua
própria realidade.
Os autores alertam para que seu uso não induza a uma postura teórica e limitada que possa
cercear a ampla percepção do mundo e a formação de percepções a respeito do que está ao redor.
Os autores resumiram aqui pontos de apoio para a formulação de bases e argumentos ao que
propusemos como questões orientadoras para o tema desta aula. Pudemos ver a necessidade e
valor do livro didático, a importância que ele tem para ajudar o aluno na compreensão dos conceitos
fundamentais da geografia escolar, o suporte que ele dá ao professor na organização de suas aulas,
os cuidados e critérios que devemos adotar para selecioná-lo, e, como podemos torná-lo melhor,
complementando-o naquilo que falta. Para tanto, é imprescindível a utilização de recursos auxiliares
que tornem o livro mais compreensível e o aproxime da realidade do aluno.
Para finalizar e aprender mais – em busca de uma prática
Antes de propor uma prática para o que aprendemos, a respeito do livro didático, gostaríamos
de deixar a ideia de que o próprio professor pode produzir seu livro didático e, ao mesmo tempo,
ajudar os alunos a construírem também os seus. Assim, serão autores, e suas anotações serão
sistematizadas em textos mais elaborados, prontos para servirem de apoio ao estudo e a uma
aprendizagem mais consistente.
Quanto à prática, gostaríamos de sugerir a análise de um livro didático de geografia que você
tenha em mãos. Utilize todos os critérios apresentados para avaliá-lo. Faça um relatório de sua
apreciação crítica, justificando os pontos positivos e negativos encontrados. Em seguida, escolha um
dos temas que constam dele e planeje uma aula, indicando as aprendizagens previstas, as
atividades e os recursos complementares ao que está no livro, como será ele usado nas atividades e
que restrições ou reflexões serão feitas em relação ao que ele apresenta. Ah! Não se esqueça do que
aprendemos de interdisciplinaridade.
Após o trabalho prático compartilhe suas dificuldades com o seu professor, tire dúvidas, invista
para construir uma aprendizagem significativa.
Referências
BEZERRA, J. L. da Silva; SILVA, Rafael F.; SILVA, Renaly F. O livro didático e o ensino de Geografia.
Disponível em: www.agb.org.br. Acesso em: 17 nov. 2013.
BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais: história e geografia. Secretaria de Educação
Fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
KOZEL, S.; FILIZOLA, R. Didática de geografia: memórias da terra: o espaço vivido. São Paulo: FTD,
1996.

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