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Direito Penal I Introdução

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NORMAS 
e LEIS PENAIS
NORMAS e LEIS PENAIS
Normas são ordens para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. 
Lei é o modo pelo qual a sociedade tem conhecimento da norma adotada pelo Estado. As normas penais estão implícitas na Lei. Ex. No Art. 121 do CP, a norma é “Não Matar”, mas a letra da Lei é “Matar alguém”.
Segundo Karl Binding, a norma cria o ilícito, a lei, o crime. A conduta ilícita viola a norma, mas não a lei, pois o agente realiza exatamente a ação que esta descreve
Caracteres da norma ou da lei penal: 1) é exclusiva, tendo em vista que somente ela define infrações e comina penas; 2) é imperativa, no sentido de fazer incorrer na pena aquele que descumpre o seu mandamento; 3) é geral, atua para todas as pessoas, tem efeito erga omnes; 4) é abstrata, dirigindo-se a fatos futuros; 5) é impessoal, não endereça o seu mandamento proibitivo a um único indivíduo.
Tipos de Normas Penais e Estrutura das normas penais incriminadoras
Tipos de normas penais: normas penais incriminadoras e não incriminadoras
Normas penais incriminadoras: são as que descrevem condutas puníveis e impõem as respectivas sanções. (Parte Especial do CP e legislação penal extravagante)
- As normas penais incriminadoras possuem dois preceitos:
Normas penais não incriminadoras
Possuem algumas funções específicas, tais como:
Tornar lícitas determinadas condutas;
Afastar a culpabilidade do agente, estabelecendo causas de isenção de pena;
Esclarecer determinados conceitos;
Fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal.
Dessa forma, há três tipos de normas penais não incriminadoras:
Permissivas;
Explicativas;
Complementares.      
Normas penais não incriminadoras
PERMISSIVAS:
1.1) Permissivas justificantes: são as que, diante de uma situação de conflito, autorizam a realização de condutas lesivas para a salvaguarda de um dos bens jurídicos que se acham em colisão. Quando o agente atua sob o manto de uma causa (ou seja: de uma norma) justificante (legítima defesa, etc.) pratica um fato típico, porém, não antijurídico. O fato é tipicamente desvalorado, mas não globalmente desvalorado (porque justificado). Ex. arts. 24 e 25 do CP.
1.2) Permissivas exculpantes: São normas que afastam a culpabilidade do fato (por não ser recriminável seu agente), ou determinam a impunibilidade ou a diminuição da punibilidade de certas condutas (embora o fato em si não se torne justificado). São exemplos de normas penais não-incriminadoras exculpantes os artigos 26 e 27 do Código Penal.
Normas penais não incriminadoras
2) EXPLICATIVAS:
 
- Visam esclarecer ou explicitar conceitos.
 - Exemplo: artigo 150, 4º parágrafo, do Código Penal:
 
3) COMPLEMENTARES: são as que esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam o âmbito de sua aplicação. Ex.: os artigos 4º ao 7º, do Código Penal.
 
Normas Penais em branco
Conceito: são normas cuja complementação da definição da conduta delituosa depende de outra lei ou de ato administrativo. Assim, em face de normas penais em branco, é necessário extrair um complemento de outra norma, para que seja possível compreender o seu efetivo âmbito de incidência.
 
 Podem ser de dois tipos:
 A)    normas penais em branco homogêneas (em sentido amplo): 
- O seu complemento é oriundo da mesma fonte legislativa.
Normas Penais em branco
Exemplo: Artigo 237 do Código Penal e Artigo 1.521, incisos I a VII do CC/2002:
(Ambas são provenientes do Congresso Nacional)
Art. 237 do Código Penal - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 1.521 do CC/2002 – Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Normas Penais em branco
B)    Normas penais em banco heterogêneas (em sentido estrito)
 
- O seu complemento é oriundo de fonte legislativa diversa.
 
- Artigo 28 da Lei n.º 11.343/2006 e Portaria nº136, de 29 de junho de 2015 da ANVISA:
(A Lei n.º 11.343/2006 é oriunda do Congresso Nacional)
(A Portaria nº136, de 29 de junho de 2015 da ANVISA é oriunda de uma Autarquia)
Fontes de Direito Penal
Fontes em Direito Penal referem-se tanto à origem quanto à forma de manifestação da legislação penal.
Dividem-se em Fonte Material (Criação) e Fonte Formal(Expressão)
A Fonte Formal do Direito Penal divide-se em imediatas e mediatas, conforme quadro seguinte: 
Fontes de Direito Penal
Fontes Materiais: São os órgãos constitucionalmente encarregados de elaborar o Direito Penal, legislativamente. Trata-se, em regra, de tarefa da União (art. 22, I CF). 
Fontes de Direito Penal
Fontes Formais: São os modos pelos quais o Direito Penal se revela. Subdividem-se em :
Fontes formais imediatas: É a lei, regra escrita estabelecida pelo Poder Legislativo, conforme a forma determinada pela CF. Apenas a Lei define crimes ( e contravenções) e penas. 
Fontes de Direito Penal
Fontes formais mediatas: 
b.1) a Constituição Federal não cria crimes e penas, mas fornece princípios regentes do Direito Penal, entre eles os princípios insculpidos no art.5º, XL, XLV, XLVI da CF. 
b.2) Costumes
 Quanto à relação com a lei, o costume auxilia a interpretação da norma escrita ou lei (ex.: ato obsceno, art. 233, CP). Pode também possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão de ilicitude ou culpabilidade. Ex.: circuncisão judaica e piercing. Todavia, o “costume que contraria a lei, mas não tem o condão de revogá-la. É o caso da contravenção penal do jogo do bicho (art. 58, Decreto-lei 3.688/1941). Uma Lei só pode ser revogada por outra Lei, nos termos do art. 2º, § 1º da LINDB. É o que se denomina princípio da continuidade das leis.” (Masson)
b.3) Princípios Gerais de Direito
“são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas.” Exemplos de princípios gerias de direito: princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da legalidade, princípio da isonomia, etc.(Reale)
“São valores fundamentais que inspiram e a elaboração e a preservação do ordenamento jurídico.” (Masson) 
b.3) Princípios Gerais de Direito
 “No campo penal, em face do império da lei como fonte formal imediata exclusiva, os princípios não podem, em hipótese alguma, ser utilizados para tipificação de condutas ou cominação de penas. Sua atuação se reserva ao âmbito das normas penais não incriminadoras.” (Masson) 
b.4) Atos Administrativos
 “Os atos administrativos, no Direito Penal, funcionam como complemento de algumas normas penais em branco.”
(Masson)
Como exemplo, pode-se citar Portaria do Ministério da Saúde estabelecendo o rol de substâncias entorpecentes (Portaria nº136, de 29 de junho de 2015) 
b.5) Doutrina
O termo ‘doutrina’ provém do latim doceo, ensinar. 
Consiste na produção teórica de estudiosos do Direito sobre temas jurídicos diversos.
A doutrina não é fonte direta, nem cogente do Direito, mas no universo jurídico do sistema romano-germânico, influencia o ensino jurídico, a atividade legiferante e a judificante. 
b.6) Jurisprudência
 A Jurisprudência é um conjunto de decisões de determinado tribunal sobre determinada matéria jurídica. Em sentido amplo, a jurisprudência é esse conjunto de decisões, abrigando decisões equivalente ou iguais, bem como decisões contrárias. Em sentido estrito, porém, jurisprudência refere-se a decisões apenas uniformes e reiteradas de um tribunal.
A jurisprudência, embora seja fonte subsidiária, tem importante papel no preenchimento de lacunas da lei e da sua interpretação.
Interpretação
e integração de normas jurídicas
Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma. O intérprete é o mediador entre o texto da lei e a realidade; a interpretação consiste em extrair o significado e a extensão da norma em relação à realidade; é uma operação lógico-jurídica que se dirige a descobrir a vontade da lei, em função de todo o ordenamento jurídico e das normas superiores de cultura, a fim de aplicá-las aos casos concretos da vida real.
Métodos de Interpretação
 O método da interpretação gramatical ou literal utiliza as regras gramaticais de interpretação de texto para descobrir o sentido da norma. É a primeira interpretação que deve ser utilizada.
 
Métodos de Interpretação
A interpretação lógica ou teleológica revela-se na busca do sentido maior da norma (ratio legis), considerando-a em face das exigências do bem comum e aos fins sociais que a lei se destina.
Métodos de Interpretação
A interpretação histórica ou sociológica considera que a lei deve ser interpretada levando-se em conta o período histórico em que ela foi editada (“ocasio legis”). Ex.: Na época em que o Código Penal foi editado não era possível saber se o feto era anencéfalo. O Código Penal foi editado em 1940 e contém várias expressões cujo significado deve ser atualizado. 
Métodos de Interpretação
A interpretação sistemática concebe o ordenamento jurídico como um conjunto de normas coerentes e harmoniosas em cujo centro está a Constituição de 1988. Todas as normas devem ser interpretadas de acordo com a Constituição. Além disso, as normas jurídicas infraconstitucionais têm de estar em harmonia entre si, e com os diversos ramos jurídicos. 
Métodos de Interpretação
A interpretação declarativa é a que reconhece haver correspondência entre a letra e a vontade da lei, sem atribuir ao texto da lei um sentido mais amplo ou mais estrito. O alcance da norma é exatamente a letra da Lei. Ex.: homicídio.
Métodos de Interpretação
A interpretação restritiva considera que o alcance da norma é menor que o texto da Lei. Ocorre quando a lei diz mais do que o pretendido pela sua vontade. Ex.: Art. 28 inciso I do CP diz que a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade. Porém, haverá a exclusão se a emoção ou paixão deixarem a pessoa insana. 
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Métodos de Interpretação
A interpretação extensiva concebe que a norma tem alcance maior que o texto da Lei. Ocorre quando o texto legal não expressa a sua vontade em toda a extensão desejada; diz menos do que pretendia dizer. 
 Ex.: Crime de bigamia (Art. 235 CP) que inclui a poligamia e a poliandria.
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