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TOPICOS DE CIVIL - caderno

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Disciplina: DPU0259 - TÓPICOS DE DIREITO CIVIL
Semana Aula: 1
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Personalidade. Direitos da Personalidade. Pessoa Natural. Pessoa Jurídica.
OBJETIVO
O aluno deverá ser capaz de reconhecer que a personalidade da pessoa jurídica não se confunde com a personalidade dos membros 
componentes, mas que em situações episódicas e excepcionais a separação de patrimônios pode ser superada, possibilitando a que o 
credor satisfaça a sua pretensão mediante a constrição do patrimônio pessoal do sócio.
TEMA
Personalidade. Direitos da Personalidade. Pessoa Natural. Pessoa Jurídica.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
Página: 1/57
Os direitos da personalidade encontram-se positivados nos artigos 10 a 21 do Código Civil, mas seu fundamento é a própria Constituição 
da República que trouxe uma cláusula geral de promoção e proteção da pessoa no artigo 1º, III.
Tais direitos caracterizam-se por serem extrapatrimoniais, subjetivos, absolutos, inatos, imprescritíveis, relativamente indisponíveis e 
intransmissíveis.
Com precisão, o professor José Maria Leoni Lopes de Oliveira os define como ?direitos subjetivos que possibilitam a atuação legal, isto é, 
uma faculdade ou um conjunto de faculdades, na defesa da própria pessoa, nos seus aspectos físico e espiritual, dentro do autorizado 
pelas normas e nos limites do exercício fundado na boa-fé?.
Dividem-se em modalidades como o direito à vida, corpo, liberdade física, nome, honra, imagem e intimidade.
Para a defesa de tais direitos o cidadão conta com a tutela inibitória e ressarcitória como se pode perceber da leitura dos artigos 12 e 20 
do Código Civil.
Em inúmeras situações os referidos direitos (bens) entram em rota de colisão, exigindo do operador do direito a devida ponderação dos 
interesses em jogo, como, por exemplo, na situação em que uma família devota de uma religião que defende ser pecado a transfusão de 
sangue e um dos seus membros, criança, necessita do referido expediente para salvar a sua vida. 
Outros exemplos podem ser citados como a obrigatoriedade ou não de se submeter ao exame do DNA na ação de investigação de 
paternidade ou o direito à informação colidindo com o direito à imagem, honra e intimidade. Em casos tais, o magistrado deve ter muita 
sensibilidade para tutelar os direitos da personalidade sem que sob esse argumento outras garantias fundamentais sejam atingidas. 
Para se ter uma idéia do desafio, basta mirar com atenção os dizeres do artigo 5º, IV e IX, da Constituição da República em cotejo com os 
incisos V e X do mesmo artigo.
Já relativamente às pessoas jurídicas, ensina Sílvio Rodrigues são ?entidades a que a lei empresta personalidade, isto é, são seres que 
atuam na vida jurídica, com personalidade diversa da dos indivíduos que os compõem, capazes de serem sujeitos de direitos e 
obrigações na ordem civil.? 
Estabelece o Código Civil que a pessoa jurídica goza dos direitos da personalidade na medida em que lhes sejam aplicáveis.
Tal conceito deixa claro que o direito brasileiro, adotando a teoria da realidade técnica, reconhece que a personalidade da pessoa 
jurídica não se confunde com a de seus membros.
Entretanto, em razão da referida separação de direitos e obrigações, cometeram-se inúmeros abusos, causando prejuízo a terceiros, 
notadamente credores que não encontravam patrimônio para a devida alienação forçada e com o seu produto satisfazer a quem de 
direito.
Notou-se que não raro, de modo fraudulento, o patrimônio pessoal dos sócios era vasto e a pessoa jurídica estava em penúria.
Diante desse quadro foi desenvolvida alhures a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard of legal entity) também 
chamada de teoria da penetração ou da superação da pessoa jurídica e, por meio desta, o juiz está autorizada a levantar o véu protetor 
da personificação e atingir o patrimônio pessoal dos sócios.
Tal teoria é praticada há muito tempo no direito trabalhista, mas também se encontra incorporada nos artigos 28 do Código de Proteção 
e Defesa do Consumidor e 50 do Código Civil.
No direito ambiental, trabalhista e consumerista basta ao credor provar a insuficiência de recursos (requisito objetivo) da pessoa jurídica 
para o fim de penetrar no patrimônio pessoal do sócio (artigo 28, § 5º, da lei 8078/90). Diz-se, então, que a lei de consumo adotou a 
teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica. Contudo, se a relação jurídica for de direito comum, o credor terá que 
demonstrar que o sócio provocou confusão patrimonial, agiu com fraude, desvio de finalidade ou, de alguma forma, abusou da 
personalidade jurídica da pessoa jurídica (requisito subjetivo). Nessa hipótese, tem-se a aplicação da teoria maior da desconsideração da 
personalidade jurídica adotada pelo artigo 50 do Código Civil.
A desconsideração da personalidade jurídica pode ser direta, indireta e inversa. 
PROCEDIMENTO DE ENSINO
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática; a resolução dos 
casos faz parte da aula; a abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
RECURSO FÍSICO
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
Página: 2/57
Quadro, pincel e datashow.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
Página: 3/57
Caso Concreto 
(OAB IX 2013 adaptada) Maria de Sousa, casada com Pedro de Sousa, desapareceu de seu domicílio, localizado na cidade de 
Florianópolis, sem dar notícias e não deixando representante ou procurador para administrar seus bens. Passados dez anos do trânsito 
em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória dos bens deixados por Maria, seu marido requereu a sucessão definitiva. 
Considerando o caso relatado, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda 
aos itens a seguir.
a. Em qual momento haverá a presunção de morte de Maria? Explique sua resposta em no máximo cinco linhas.
b. A sucessão definitiva é a primeira fase da declaração de ausência? Explique sua resposta em no máximo dez linhas, destacando 
quais seriam as demais fases, se existentes, e os respectivos prazos.
c. A presunção de morte de Maria tem o condão de dissolver o casamento entre ela e Pedro? Explique sua resposta em no máximo 
cinco linhas. 
Questão Objetiva 1
(TJSC 2008) Sobre a capacidade civil das pessoas naturais, considerando as proposições abaixo, assinale a alternativa correta:
i. A antecipação da capacidade civil plena não é possível no ordenamento brasileiro.
ii. Os excepcionais, com desenvolvimento mental incompleto, são absolutamente incapazes.
iii. A personalidade civil começa com o nascimento com vida, razão pela qual os direitos do nascituro não gozam de proteção jurídica.
iv. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, quando for extremamente provável a morte de quem estava 
em perigo de vida.
a. Somente as proposições I, II e III estão incorretas.
b. Somente a proposição IV está correta.
c. Todas as proposições estão incorretas.
d. Todas as proposições estão corretas.
e. Somente as proposições I, II e IV estão corretas.
Questão Objetiva 2
(TRT 1a. Região 2010) A respeito da disciplina da pessoa jurídica, assinale a opção correta:
a. De acordo com entendimento do STJ, a pessoa jurídica, desde que sem fins lucrativos, é beneficiária da gratuidade de justiça.
b. A pessoa jurídica pode ser demandada no domicílio de qualquer de seus estabelecimentos, independentemente do local onde for 
praticado o ato gerador de responsabilidade.
c. A autonomia patrimonial da pessoa jurídica pode ser desconsiderada para responsabilizá-la por obrigações assumidas por seus 
sócios.
d. Para fins de desconsideração da autonomia patrimonial dapessoa jurídica, o Código Civil adotou a teoria menor.
e. Para desconsiderar a personalidade jurídica, não se tratando de relação de consumo, o magistrado deve verificar se houve intenção 
fraudulenta dos sócios que aponte para o desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
CONSIDERAÇÃO ADICIONAL
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
Página: 4/57
Bibliografia Indicada:
AZEVEDO, Fábio Oliveira. Direito Civil ? Introdução e Teoria Geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 22ª Ed., 2009.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Série Concursos Públicos. Lei de Introdução e Parte Geral. São Paulo: Método, 4ª Ed., 2008.
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
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Disciplina: DPU0259 - TÓPICOS DE DIREITO CIVIL
Semana Aula: 2
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Negócio Jurídico. Existência, validade e eficácia.
OBJETIVO
O aluno deverá ser capaz de reconhecer o que é um negócio jurídico, quais são os seus defeitos e de que modo uma falha na sua 
formação pode acarretar sua inexistência, sua nulidade ou sua anulabilidade, compreendendo também a distinção entre as 
consequências de cada uma das situações.
TEMA
Negócio Jurídico. Existência, validade e eficácia.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
A vontade ocupa um papel central na teoria geral do Direito Civil. É por meio de manifestações de vontade que boa parte dos institutos 
de direito civil (contrato, propriedade, casamento, etc.) surge e toma corpo. À vontade é atribuída esta característica jurígena, qual seja, 
a vontade cria, modifica e extingue direitos, possibilitando que as pessoas se autodeterminem.
Dá-se o nome de negócio jurídico às manifestações de vontade que tenham o objetivo de, licitamente, criar, modificar e extinguir 
direitos, sempre que o conteúdo e os efeitos destas manifestações de vontade sejam também determinados autonomamente pelas 
pessoas. Distingue-se, portanto, o negócio jurídico do ato jurídico lícito ou stricto sensu, no qual existe uma manifestação de vontade, 
mas não é possível fazer variar nem o conteúdo nem os efeitos decorrentes da referida manifestação. 
Por exemplo, um contrato de compra e venda é um negócio jurídico, pois não apenas ocorre a manifestação de uma vontade, mas é 
possível para as partes envolvidas decidir como e o que comprar. Por outro lado, é possível decidir, manifestar vontade, no sentido de 
reconhecer a paternidade de uma criança. Todavia, ocorrido o reconhecimento, não é possível fazê-lo impondo restrições ou negando a 
produção de determinados efeitos. Temos um exemplo de ato jurídico lícito, no qual a vontade existe, mas exerce papel muito mais 
limitado do que o desempenhado nos negócios jurídicos.
O negócio jurídico é um modelo abstrato que permite que se busquem elementos comuns em uma compra e venda, na emissão de um 
cheque ou no ato de criação de uma associação de moradores, para que, por meio de formulações gerais, seja possível identificar 
elementos comuns em situações aparentemente tão distintas. 
Cientificamente, estas manifestações de vontade são analisadas em três planos, em três dimensões, de modo a que se possa determinar 
efetivamente quais os liames delas decorrentes, bem como os efeitos por elas produzidos. São estes os planos da existência, da validade 
e da eficácia, que serão utilizados neste contexto de generalização justamente para que, por meio da descoberta destes pontos comuns, 
seja possível formular algumas regras gerais, na parte geral, sobre como os negócios (genericamente) são regulados pelo Direito Civil.
Diz-se que um negócio jurídico existe, quando este ocorreu no mundo dos fatos. A manifestação de vontade se deu, sem que se faça 
ainda nenhum juízo adjetivo sobre suas características. É possível determinar quais são os elementos necessários para que se afirme que 
um negócio existiu, por meio da análise do art. 104 do Código Civil. Aparentemente, este artigo não determina quais são os elementos 
necessários para que se caracterize se um negócio jurídico, uma manifestação de vontade, existiu ou não. Mas isso é só aparente: ao 
discutir o que é necessário para que um negócio seja válido, delineia, indiretamente, o que é necessário para que ele exista. Assim, se o 
agente deve ser capaz para que o negócio seja válido, para que exista, deve ter agente. Se não existe agente no mundo dos fatos, o 
negócio também não existe. O mesmo vale para o objeto: o negócio deve incidir sobre algo, que tenha determinação dentro do direito, e 
que possa ser alvo de direitos e obrigações, que definiremos como objeto. Este objeto também deve pertencer o mundo dos fatos ? não 
precisa ser material, corpóreo, mas deve existir. 
Também deve ter alguma forma pela qual se manifeste a vontade. Esta forma pode ser explícita, verbal ou escrita, ou mesmo tácita ou 
presumida, mas sempre deve, por um meio ou por outro, atingir a exteriorização. Aquele que dá um lance em um leilão, por meio de um 
aceno, manifesta sua vontade. Destas idéias, pode-se resumir que um negócio existe quando possui agente, objeto e forma, todos 
veiculados por meio de uma manifestação de vontade. João doa uma casa celebrando uma escritura pública, sendo a donatária Maria. 
Se existem as partes contratantes, a escritura foi efetivamente celebrada e a casa não é imaginária, o negócio existe.
Outro plano no qual é analisado o negócio jurídico é o da validade: não basta que manifestação de vontade tenha ocorrido ? é preciso 
que ela esteja em conformidade com a lei, que ela seja lícita, para que os efeitos por ela produzidos sejam considerados também válidos. 
Os negócios válidos se opõem aos negócios inválidos, que, no âmbito do Direito Civil, podem ser nulos ou anuláveis.
A distinção entre ambos se justifica pela gravidade da violação ao ordenamento jurídico: um negócio nulo representa uma violação mais 
grave, que é de ordem pública; um negócio anulável, uma violação menos grave, que basicamente se projeta os interesses privados das 
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
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partes envolvidas no negócio jurídico. Isto justifica algumas distinções essenciais: a nulidade pode ser conhecida de ofício pelo 
magistrado, podendo ser alegada por qualquer um judicial ou extrajudicialmente. 
A nulidade, determina o art. 169 do Código Civil, não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Deste modo, 
os efeitos decorrentes da prática de um negócio jurídico nulo são inválidos desde o nascedouro, ocorrendo apenas no mundo dos fatos, 
mas não podendo projetar os seus efeitos para o interior do Direito. Já os negócios anuláveis podem ser anulados, mas para fazê-lo é 
necessário ter interesse jurídico e intentar a ação própria dentro do prazo decadencial previsto em lei nos art. 178 e 179. Demais disso, 
se o negócio anulável tiver sido confirmado pelas partes, sem que estas tenham incorrido novamente na causa de anulabilidade, o vício é 
sanado, não podendo mais ser invocado.
Um negócio jurídico é nulo nas hipóteses previstas nos art. 166 e 167 do Código Civil. É nulo, assim, quando for praticado por agente 
absolutamente incapaz; quando for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; quando o motivo determinante a ambas as partes 
for ilícito (mas convém reparar que, se o motivo de uma delas for lícito, isto não importará na nulidade do negócio ? por exemplo, se 
alguém aluga um automóvel para a prática de um assalto a banco, pratica negócio válido, pois apenas o motivo do locatário é ilícito), ou 
quando não cumprir a forma determinada pela lei.
Aqui é necessário um parêntese: os negócios envolvendo imóveis, incapazes ou ainda outras circunstâncias especiais eventualmente 
serão formais, vale dizer, apenas serão válidos se estiverem sendo celebrados de uma forma determinada pela lei. Por exemplo, 
negócios envolvendo imóveis cujo valorseja maior que a taxa legal (30 salários mínimos), impõe o art. 108 do Código Civil, devem 
revestir a forma de escritura pública, salvo casos excepcionados pela própria lei. A forma também pode ser descumprida se previamente 
a um negócio dever existir outro, que seja solenidade necessária a sua prática. A regra, no entanto, é que os negócios sejam informais, 
ou seja, que possam ter qualquer forma, verbal ou escrita. A isso se chama princípio do consensualismo dos negócios jurídicos: os 
negócios jurídicos só serão solenes quando a lei expressamente o determine.
São também nulos os negócios que tenham por objetivo fraudar a lei, ou seja, obter um resultado proibido pelo ordenamento jurídico. É 
importante não confundir a fraude à lei com a simulação, outra hipótese se nulidade. Os negócios simulados muitas vezes fraudam a lei, 
existem para a produção de efeitos proibidos. Mas é possível obter resultados proibidos, por exemplo, por meio de conluios e outros 
estratagemas, que não envolvam necessariamente a simulação.
Contudo, a mera ocultação decorrente da simulação é condenada pelo ordenamento jurídico, que valora negativamente a existência de 
um ato cujo objetivo seja esse. Assim, quer seja a simulação relativa, porque oculta outro ato ou negócio, ou absoluta, pois tem por 
escopo criar a impressão de que existe um negócio, quando em verdade não existe nada, o resultado será a invalidade do negócio 
simulado, resultando desnecessária a prova do prejuízo ou a intenção de fraudar a lei para que alegue a simulação. 
A anulabilidade ocorre, em linhas gerais, em duas situações: quando temos um ato jurídico praticado por absolutamente incapaz, ou 
quando temos um defeito do negócio jurídico. Os defeitos do negócio jurídico são os seguintes: erro, dolo, coação, fraude contra 
credores, lesão e estado de perigo.
Diante da constatação de uma invalidade, três atitudes podem ser tomadas pelo julgador: as partes podem ser restituídas ao estado 
anterior, pode-se apenas declarar a invalidade daquele aspecto determinado do negócio, preservando as demais conseqüências do 
mesmo, ou se concluir que, apesar da invalidade do negócio, ele pode ser convertido em outro, cujas características validamente possui.
Por fim, temos o plano da eficácia: se um negócio jurídico produz efeitos chancelados pelo Direito, é eficaz. É possível, entretanto, que 
certos fatores influenciem tais efeitos, e não é de todo raro que um negócio jurídico válido produza efeitos limitados, ou mesmo não 
produza nenhum efeito. Vários fatores, diretamente relacionados com cada tipo de negócio, podem influenciar no plano da eficácia. A 
parte geral do Código Civil cuida de três destes fatores, que podem ser aplicáveis aos negócios em geral: a condição, o termo e o 
encargo.
A condição é um evento futuro e incerto que influi na eficácia de um negócio. Pode ocorrer ou não. O termo, por outro lado, é certo, 
podendo ter data precisa (termo certo) ou ainda ter data indeterminada, conquanto se saiba que irá inevitavelmente ocorrer (termo 
incerto). O encargo é um comportamento que influi nos efeitos apenas dos negócios gratuitos, podendo ser exigido daqueles que deles 
se beneficiam.
As condições e termos podem ser essenciais ou acidentais. Se forem essenciais, sua eventual invalidade contaminará o negócio como um 
todo. Se forem acidentais, a sua invalidade poderá ser apartada, preservando-se as demais cláusulas ou determinações do negócio. O 
encargo é sempre acidental: sua invalidade não causa a invalidação do negócio como um todo.
Os efeitos do negócio podem ser condicionados de duas formas: a condição pode fazê-los cessar, e ser resolutiva. Ou ainda os efeitos 
podem depender da condição para se iniciar, e ela será suspensiva. Os termos, igualmente, podem ser finais ou iniciais.
PROCEDIMENTO DE ENSINO
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
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Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática; A resolução dos 
casos faz parte da aula; A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
RECURSO FÍSICO
Quadro, pincel e datashow.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
Caso Concreto 
(Delegado de Polícia PA 2009 - adaptada) Mateus está internado em hospital da rede particular de saúde em estado grave. João Carlos, 
seu pai, promete recompensa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) à equipe médica, caso seu filho seja curado. Operada a cura, os médicos 
reivindicam o pagamento da recompensa prometida. Nessa situação, a manifestação de vontade está contaminada por algum vício? 
Identifique-o, conceitue-o, aponte seus requisitos e explique a sua consequência para a promessa realizada.
Questão Objetiva 1
(TJMS 2009 - adaptada) Sobre os defeitos dos negócios jurídicos, é correto afirmar que:
a. Não podem anular o negócio fraudulento os credores cuja garantia se tornou insuficiente.
b. O erro substancial anula o negócio jurídico.
c. O dolo acidental anula o negócio jurídico.
d. O erro de indicação da pessoa ou coisa, a que se refere a declaração de vontade, não viciará o negócio quando se puder identificar a 
coisa ou a pessoa cogitada.
e. Não vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro.
Questão Objetiva 2
(TJRO 2012) Podem compor o negócio jurídico a condição, o termo e o encargo. No entanto: 
a. O negócio jurídico se invalida se subordinado a uma condição ilícita.
b. Quando um negócio jurídico é subordinado à termo inicial, a aquisição do direito fica suspensa até a sua implementação.
c. Se ao negócio for aposto um encargo, o exercício e a aquisição do direito ficam suspensos até que seja cumprido, 
independentemente de ser ou não imposto como condição suspensiva.
d. As condições impossíveis invalidam o negócio jurídico se resolutivas, e tem-se como inexistentes quando suspensivas.
CONSIDERAÇÃO ADICIONAL
BIBLIOGRAFIA:
AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio Jurídico: Existência, Validade e Eficácia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
AZEVEDO, Fábio Oliveira. Direito Civil ? Introdução e Teoria Geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 22ª Ed., 2009.
Relatório - Plano de Aula 13/08/2013 18:21
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Disciplina: DPU0259 - TÓPICOS DE DIREITO CIVIL
Semana Aula: 3
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Prescrição: conceito. Interrupção e suspensão. Decadência.
OBJETIVO
O aluno deverá saber da importância do tempo nas relações jurídicas, identificando a sua presença, a existência de eventuais causas 
obstativas e a atribuição do devido efeito extintivo, com a sutileza de não confundir com o estatuto da decadência.
TEMA
Prescrição: conceito. Interrupção e suspensão. Decadência.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
O estudo da prescrição no direito está vinculado à influência do fator tempo nas relações jurídicas. O Direito Civil brasileiro adotou a 
teoria dualista, denominando de usucapião à energia do tempo que funciona como fenômeno de criação de direitos, enquanto que será 
hipótese de prescrição quando o tempo extinguir pretensões creditícias.
A prescrição fundamenta-se na preservação da paz social através da consolidação no tempo das relações jurídicas, ou seja, trata-se de 
elemento de estabilidade social
A par de inúmeras visões acerca da prescrição, ora se entendendo que ela extingue o próprio direito, ora defendendo-se que ela 
extinguiria o direito de ação, parece que o acerto está na forma como o instituto se encontra disciplinado no artigo 189 do Código Civil 
que positivou o melhor entendimento doutrinário no sentido de que a prescrição extingue a pretensão, vista esta como a possibilidade 
de submeter o interesse alheio ao próprio ou como já se disse alhures a própria ação sob o ponto de vista do direito material e não 
processual.
Com a lesão a um direito subjetivonasce a pretensão que se extinguirá se for exercida dentro do prazo previsto em lei (art. 205 e 206, 
CC). Por isso é que se pode afirmar com segurança que a prescrição provoca o convalescimento de uma lesão. Para que haja prescrição é 
necessária a presença dos seguintes requisitos: direito subjetivo lesado fazendo nascer a pretensão + inação + transcurso de tempo 
previsto em lei. Ex. prazo para reclamar da seguradora o pagamento da indenização, prazo para exigir indenização, prazo para pleitear a 
repetição do indébito, prazo cobrar alimentos, e, ainda, qualquer pretensão creditícia que não tenha prazo específico (art. 205) e que, 
por tal motivo, se submeterá ao prazo decenal genérico do artigo 206 do Código Civil.
A prescrição, via de regra, é alegada como matéria de defesa, mas pode servir como causa de pedir de uma petição inicial. Ex: mútuo 
com pacto adjeto de hipoteca. O débito está prescrito e o devedor quer vender. Cabe ação declaratória nesse sentido.
Existem causas que obstam a verificação da prescrição. São elas as causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição 
disciplinadas nos artigos 197 a 201 do Código Civil. A presença de uma causa impeditiva (ex. o titular do direito subjetivo conta com 
menos de dezesseis anos de idade) leva a que o prazo prescricional não se inicie. As causas suspensivas (ex. o credor está fora do país a 
serviço da União Federal) paralisam temporariamente seu curso e depois o prazo continua a correr, computando-se o tempo decorrido 
antes dele. E nas causas interruptivas (ex. citação do devedor) o prazo se interrompe e se voltar a correr, recomeça a contar do zero.
A decadência provoca a perda do direito potestativo pelo seu não exercício dentro de um prazo previsto em lei ou no próprio negócio 
jurídico. Ensina Agnelo Amorim Filho que ?os únicos direitos para os quais podem ser fixados prazos de decadência são os direitos 
potestativos e, assim, as únicas ações ligadas ao instituto da decadência são as ações constitutivas que tem prazo especial de exercício 
fixado em lei.? ex. prazo para anulação do casamento, prazo para o exercício do direito de reclamar por vícios redibitórios, prazo para o 
exercício do direito de reclamar por vícios do produto ou do serviço na relação de consumo, prazo para escolher a prestação no caso de 
obrigação alternativa, prazo para o exercício da ação renovatória de contrato de locação não residencial, dentre outros.
Neste sentido, conquanto seja a decadência, instituto assemelhado à prescrição, com ela não se confunde, exigindo do intérprete que 
reconheça a diferença entre eles. Tais diferenças podem assim serem resumidas: 1) A decadência extingue um direito potestativo; a 
prescrição, que apenas atinge direitos subjetivos, extingue a coercitividade inerente à ação (pretensão); 2) A decadência tem sua origem 
no nascimento do direito; a prescrição se origina da lesão; 3) a decadência, em regra, não admite suspensão ou interrupção (ver art. 26, 
§ 2º da lei 8078/90); a prescrição sim; 4) Somente as ações condenatórias podem sofrer os efeitos da prescrição, pois tais ações 
protegem direitos subjetivos que podem ser lesionados; a decadência está ligada às ações constitutivas (direito potestativo) que 
possuem prazo para serem exercidos; 5) decadência pode ser voluntariamente estabelecida; a prescrição não.
A despeito de a doutrina ter sedimentado as diferenças acima deduzidas, é importante reconhecer que com a atual codificação, as 
dessemelhanças entre os institutos ficaram sedimentadas no próprio Código Civil (art. 207 a 211, CC).
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PROCEDIMENTO DE ENSINO
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática; a resolução dos 
casos faz parte da aula; a abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
RECURSO FÍSICO
Quadro, pincel e datashow.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
Caso Concreto 
Carla e Júlia emprestaram de João em 27 de janeiro de 2011 a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com prazo de pagamento em 02 
de maio de 2011 e por convenção entre as partes estipulou-se a solidariedade entre as devedoras. Em 02 de maio de 2013 Carla e João 
se casaram, no entanto, João ainda pretende cobrar a dívida. Diante dessa situação, pergunta-se:
a) Qual é o prazo final para que João cobre a dívida de Carla? Justifique sua resposta.
b) Qual é o prazo final para que João cobre a dívida de Júlia? Justifique sua resposta.
Questão Objetiva 1
(TJAL 2008) A respeito do instituto da prescrição nos termos do Código Civil de 2002, assinale a opção correta:
a. Se duas pessoas forem credoras solidárias de determinada obrigação divisível, então, o casamento de um dos credores com o 
devedor suspenderá a prescrição em favor do outro credor.
b. Contanto que não haja ofensa ao princípio da boa-fé objetiva, seja respeitada a função social do contrato e haja prévio acordo, as 
partes poderão diminuir ou aumentar os prazos prescricionais estabelecidos no Código.
c. Se um dos credores solidários interpelar judicial o devedor, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da 
prescrição.
d. Desde que feita de forma expressa, é possível a renúncia prévia de prazo prescricional.
e. Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado em juízo criminal, ficará suspensa a prescrição até despacho do juiz que 
tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime.
Questão Objetiva 2
(PGE-RR 2006) Considere as seguintes afirmativas sobre a prescrição:
i. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
ii. Só pode ser alegada em primeiro grau de jurisdição, antes da sentença.
iii. A prescrição iniciada contra uma pessoa interrompe-se com o falecimento desta e recomeça contra seus herdeiros.
iv. Não corre a prescrição pendendo condição suspensiva.
v. Os prazos prescricionais não podem ser alterados por acordo das partes.
Estão corretas:
a) I e V.
b) II e III.
c) II e IV.
d) II e V.
e) III e IV.
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CONSIDERAÇÃO ADICIONAL
BIBLIOGRAFIA:
AZEVEDO, Fábio Oliveira. Direito Civil ? Introdução e Teoria Geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
NEVES, Gustavo Kloh Müller. Prescrição e Decadência no Direito Civil. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 22ª Ed., 2009.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. Vol. I. São Paulo: Método, 4ª Ed., 2008.
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Disciplina: DPU0259 - TÓPICOS DE DIREITO CIVIL
Semana Aula: 4
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Obrigações: conceito e principais classificações.
OBJETIVO
O aluno deverá saber distinguir uma obrigação de outros institutos semelhantes, conhecendo seus elementos e principais classificações.
TEMA
Obrigações: conceito e principais classificações.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
Obrigação é uma modalidade de relação jurídica, na qual, caracteristicamente, encontramos dois sujeitos e um objeto típicos. Os sujeitos 
recebem o nome de credor e devedor. O objeto denominamos prestação.
Logo, temos uma obrigação toda vez que um credor puder exigir de um devedor uma prestação, que será, como objeto, exatamente o 
que definirá as obrigações como tipo de relação jurídica.
As obrigações geram consequências para o devedor: ele deve, espontaneamente, cumprir o dever decorrente da prestação. Se não o 
fizer, sofrerá as conseqüências que advierem deste descumprimento, que são balizadas justamente por esta aludida prestação. Entre 
credor e devedor se estabelece um vínculo jurídico, denominado vínculo obrigacional.
A prestação consiste sempre em um comportamento, economicamente apreciável,consistente em dar, fazer ou não fazer algo. As 
obrigações não incidem, por conseguinte, diretamente sobre bens ou coisas, mas sobre a pessoa do devedor, que é obrigado a 
desempenhar o aludido comportamento. Por conseguinte, a primeira e principal classificação das obrigações é precisamente esta, que as 
distingue pelo tipo de prestação.
Estes comportamentos podem resultar em uma conduta positiva, como dar e fazer, ou numa conduta negativa, como não fazer. As 
obrigações de dar e fazer são reputadas positivas, e as de não fazer negativas.
A obrigação de dar se caracteriza pela entrega da posse de um bem. Não significa que também o devedor não faça alguma coisa; é que 
na obrigação de fazer, ele não entrega a posse de bem nenhum. Logo todo dar importa em um fazer, o contrário é que não é verdade.
A existência deste bem dá à obrigação de dar características especiais, pois ele serve de mensuração da responsabilidade do devedor em 
razão do descumprimento do seu dever jurídico. Aquele que com culpa descumpre seu dever é responsável pelo equivalente, ou seja, 
pelo valor que corresponder ao bem, além de também responder pelos demais prejuízos causados. Todavia, a perda do bem é sofrida 
pelo dono, que, em muitos casos, é o devedor, independentemente deste ser ou não o causador do dano.
Na obrigação de restituir, subtipo da obrigação de dar, o dono em geral é o credor, ao qual o bem deve ser devolvido, sofrendo ele o 
prejuízo decorrente da perda do bem.
Pode ser que o bem a ser dado seja determinado apenas pelo gênero e quantidade, naquilo que se convenciona chamar de obrigação de 
dar coisa incerta. Nestes casos, deve ocorrer a escolha do bem, não sendo razoável nem que este recaia só sobre os melhores ou piores 
bens. Não será possível, todavia, alegar que o bem se perdeu, pois ele pode ser substituído por outro, de mesmo gênero e quantidade.
Na obrigação de fazer, o prejuízo também é arcado pelo devedor, se agiu com culpa. Pode-se ainda, exigir que ele faça, ou ainda que se 
determine que alguém faça por ele, recaindo sobre o devedor tais custos, se a obrigação não for personalíssima. Na obrigação de não 
fazer, o que se espera do devedor é uma abstenção, que não pratique um determinado comportamento, que, se praticado, poderá 
importar em responsabilização. 
Ainda quanto à prestação, podem existir modalidades especiais de obrigação: aquelas que tem prestação alternativa ou facultativa. Nas 
obrigações com prestação alternativa, existem várias possíveis prestações: feita a escolha de uma delas, passa a recair apenas sobre ela 
a obrigação, e a responsabilidade em razão do descumprimento. Na obrigação com prestação facultativa, existe uma prestação 
previamente acertada, que é capaz de desobrigar o devedor, mas não faz parte do vínculo obrigacional, não podendo ser exigida pelo 
credor.
Quanto à natureza da prestação, temos que certas obrigações são divisíveis, e outras, indivisíveis. Uma obrigação é divisível quando a 
prestação puder ser, sem prejuízo, fracionada entre diversos credores/devedores. A regra, aliás, é essa: sempre que uma prestação 
puder ser dividida, isto ocorrerá, conforme o comando do art. 257 do Código Civil. Tal divisibilidade também incide sobre obrigações de 
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fazer, sendo certo que algumas delas são divisíveis. A obrigação de não fazer é sempre indivisível.
Tal fracionamento poderá não ocorrer quando a prestação for indivisível por sua natureza, ou ainda quando a característica do vínculo 
obrigacional for a de todos os credores ou devedores estarem vinculados à totalidade da obrigação.
A indivisibilidade da prestação pode decorrer de cláusulas contratuais, de determinação legal, ou, como é mais comum, de sua própria 
natureza: há bens que não podem ser divididos sem que sejam destruídos ou mudem de natureza, e há condutas que uma vez iniciadas 
não podem ser fracionadas ou paralisadas. No caso de termos uma pluralidade de devedores, um deles entrega a prestação indivisível, 
podendo recobrar dos demais indenização compatível com o que cada um deveria arcar, se a mesma pudesse ser dividida. No caso da 
pluralidade de credores, o que receber a prestação deverá pagar aos demais credores quota parte que corresponda à fração que cada 
um tem direito na prestação.
No caso de existir solidariedade, o vínculo obrigacional tem características tais que fazem com que cada credor possa cobrar a prestação 
como um todo, ou cada devedor a deva na totalidade. A solidariedade não se presume ? resulta de imposição legal, ou da vontade das 
partes. A solidariedade entre vários credores é reputada como ativa, sendo que cada um deles pode cobrar a obrigação na sua 
totalidade, devendo aos demais credores a respectiva quota de cada um, uma vez tendo recebido do devedor.
A solidariedade entre vários devedores é reputada passiva. Cada um deles pode ser demandado pela totalidade da dívida, podendo 
depois recobrar dos demais as respectivas quotas de cada um. 
PROCEDIMENTO DE ENSINO
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática; a resolução dos 
casos faz parte da aula; a abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
RECURSO FÍSICO
Quadro, pincel e datashow.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
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Caso Concreto
José, produtor rural, para obter (em julho) um empréstimo para adquirir insumos para sua plantação indicou como fiadores e devedores 
solidários seus primos Juca e João. José, no entanto, não conseguiu pagar a dívida no prazo ajustado pelo banco (1o de outubro). O 
credor, então resolve acionar apenas o fiador Juca que acaba quitando a dívida no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). 
a) Classifique a obrigação existente entre José e o Banco mutuante (utilize pelo menos cinco classificações). 
b) Juca tem direito de regresso em face de José e João? Explique sua resposta.
Questão Objetiva 1
(SEGER-ES Analista Executivo 2013) Assinale a opção correta no que diz respeito ao direito obrigacional:
a. Na obrigação solidária condicional, os efeitos estão subordinados a evento futuro e certo, e é possível se ter obrigação solidária 
condicional em relação a uma das partes e simples, em relação à outra.
b. Com relação ao lugar do pagamento, quando se trata de obrigação quesível, o pagamento deve ser realizado no domicílio do credor. 
Existindo dois ou mais credores, o devedor escolherá o que for mais vantajoso para ele.
c. Dada a dificuldade econômica atual, o Código Civil, para se adequar a essa realidade, informa que, com relação ao tempo do 
pagamento, como regra, as obrigações são de execução diferida.
d. Com relação ao direito obrigacional, o Código Civil consagra a regra de direito pela qual dizer que o gênero nunca perece significa 
que, mesmo sendo realizada a escolha pelo devedor, não poderá ser alegada perda ou deterioração da coisa.
e. Diante de uma obrigação de fazer fungível, é cabível a fixação de astreintes, mesmo que seja em desfavor da Fazenda Pública.
Questão Objetiva 2
(Delegado de Polícia GO 2013) João e Maria firmaram contrato de compra e venda, nos moldes do Código Civil. Ficou estipulado, em uma 
das cláusulas do referido contrato, que João pagará a dívida perante Maria, mediante a entrega de R$ 400.000,00 ou um apartamento 
devidamente cientificado nesse valor. Assim, tem-se que: 
a. Se todas as prestações estipuladas em contrato vierem a se tornar impossíveis, mesmo com culpa do devedor, extinguir-se-á a 
obrigação.
b. A categoria das obrigações plurais ou compostas é formada pelas obrigações cumulativas, facultativas e alternativas, no caso do 
exemplo acima, tem-se um exemplo típico da modalidade das obrigações facultativas.
c. De acordo com o exemplo acima, sendo este uma obrigação alternativa,de acordo com o ordenamento civil atual, em se tratando 
da escolha do objeto, esta cabe ao credor, Maria, ou ao sujeito ativo da prestação, se outra coisa não se estipulou.
d. Cabe a João promover a escolha, se outra coisa não se estipulou, restando irrevogável quando a individuação do objeto chega ao 
conhecimento de Maria, salvo se no contrato celebrado exista cláusula de arrependimento.
CONSIDERAÇÃO ADICIONAL
Bibliografia:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro ? Teoria Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense. Volume II. (Teoria Geral das Obrigações). 
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Disciplina: DPU0259 - TÓPICOS DE DIREITO CIVIL
Semana Aula: 5
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Obrigações: extinção.
OBJETIVO
O aluno deverá conhecer os diversos modos de extinção das obrigações, tanto diretos quanto indiretos, e suas características e 
conseqüências.
TEMA
Obrigações: extinção.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
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As obrigações podem ser extintas com ou sem o seu respectivo cumprimento. Se não houver cumprimento, diz-se que houve 
inadimplemento. Se houver cumprimento, diz-se que houve adimplemento.
O cumprimento em caso de adimplemento pode se dar direta ou indiretamente. O cumprimento direto recebe o nome de pagamento. O 
pagamento é o ato por meio do qual o credor recebe exatamente a prestação que esperava receber. Em razão desta definição, é possível 
identificar o principal princípio norteador do pagamento: o princípio da identidade. Ninguém é obrigado a receber coisa diversa, ainda 
que mais valiosa (Código Civil, art. 313), e é justamente a coincidência entre a prestação e o pagamento faz com que ele tenha força 
extintiva da obrigação (conquanto, na obrigação de não fazer, tal característica esteja ausente ? o cumprimento da obrigação de não 
fazer não é capaz de extingui-la). Como exceção consagrada pela jurisprudência, temos a figura do adimplemento substancial. Nestas 
hipóteses, uma vez constatado que houve cumprimento quase que total da obrigação, são suspensas certas consequências do 
inadimplemento, aproximando-se a situação do devedor a do adimplente. 
Justamente por conta do imperativo da identidade, devem concorrer uma série de circunstâncias para que o pagamento atinja tal 
coincidência. Será necessário investigar quem pagou, quem recebeu, o que foi pago, quando e onde tal ato ocorreu. A análise de tais 
circunstâncias permitirá que se constate a existência de pagamento válido e eficaz.
Em princípio, o devedor deve pagar, mas o pagamento pode ser feito por terceiro. Se o terceiro pagar em nome próprio, poderá recobrar 
o que pagou, mas isto não importará necessariamente em sub-rogação. Se pagar em nome e conta do devedor, poderá apenas invocar o 
enriquecimento sem causa.
O credor deve receber o pagamento. Se feito a qualquer terceiro, só será válido se reverter em benefício do credor. O pagamento feito 
ao credor putativo é válido, mas é necessário demonstrar que concorriam circunstâncias capazes de iludir pessoa de diligência normal e 
que esta estava de boa-fé.
O pagamento deve ser feito, em regra, à vista, não se presumindo quaisquer prazos. É possível exigir o pagamento antecipado das 
dívidas se houver inadimplência do devedor que resulte na instauração de concurso de credores, ou ainda se as garantias à dívida se 
tornarem insuficientes. 
O pagamento deve ocorrer no domicílio do devedor (pagamento quesível), caso não se estipule que seja feito no domicílio do credor 
(pagamento portável) ou em outro local. Concorrendo tais condições, feito o pagamento regular, o devedor tem direito à constituição de 
uma prova do cumprimento da obrigação, denominada quitação.
No caso de credor e devedor terem entre si várias relações, caberá, em regra, ao devedor, o direito de escolher sobre qual dívida recai o 
pagamento ofertado. A isso chamamos imputação do pagamento. Como regra legal, temos que, no caso da dívida consistir em principal 
e juros, os juros são amortizados primeiro. 
Há duas modalidades especiais de pagamento: pagamento com sub-rogação e pagamento em consignação. No pagamento com sub-
rogação, o terceiro que paga a dívida passa a ocupar a posição de credor, podendo cobrá-la do devedor originário. No pagamento em 
consignação, são utilizados meios judiciais e extrajudiciais coercitivos para que se obtenha o pagamento da dívida, em virtude da recusa 
do credor em receber tal pagamento. Tais modalidades só podem ocorrer em obrigações positivas, mormente na obrigação de dar.
As obrigações podem ser também extintas por meios indiretos: nestes casos o credor não recebe exatamente o que esperava receber, 
mais a lei reconhece o atendimento de seus interesses e o adimplemento da obrigação. São meios indiretos a dação em pagamento, a 
novação, compensação, a remissão e a confusão. 
Na dação em pagamento, o credor aceita, por vontade própria, coisa diversa como pagamento da obrigação. 
Na novação, credor e devedor, de modo conclusivo, extinguem a obrigação antiga e a substituem por outra, na qual há alteração de 
sujeito e/ou de objeto.
Na compensação, há o desconto entre as dívidas: as partes são credora e devedora uma da outra. Só é possível a compensação de 
obrigações positivas, vencidas, líquidas e fungíveis entre si.
A remissão consiste no perdão da divida pelo credor, desde que aceito pelo devedor. A confusão ocorre quando credor e devedor 
passam a ser a mesma pessoa.
A extinção também pode ser constatada em caso de inadimplemento: nesta situação, não há mais interesse no cumprimento da 
obrigação, que se resolverá em perdas e danos. Estas últimas podem estar pré-fixadas em uma cláusula penal, que será alternativa em 
benefício do credor.
PROCEDIMENTO DE ENSINO
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Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática; a resolução dos 
casos faz parte da aula; a abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
RECURSO FÍSICO
Quadro, pincel e datashow.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
Caso Concreto
Maria (16 anos), legalmente assistida por João seu irmão maior e capaz, resolve vender a José o cavalo Paddock, da raça Brasileiro de 
Hipismo, campeão da categoria mirim ou a égua Rebecca, também da raça Brasileiro de Hipismo, campeã de provas de adestramento, 
ambos avaliados, cada um, em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). 
José dá o sinal de negócio (R$ 50.000,00 cinquenta mil reais) e fixam para Maria o direito de escolha que deverá ser exercido no prazo 
de 30 (trinta dias) contados do momento em que Maria recebeu o sinal (17 de março de 2013). Maria decide, em 10 de abril de 2013 que 
entregará o cavalo Paddock e imediatamente comunica (por meio de seu assistente) José que recebe a cientificação no dia 15 de abril de 
2013.
Conforme acordo, Maria tem, então, até 1º de maio de 2013 para entregar o cavalo escolhido, momento em que José pagará o restante 
R$ 100.000,00 (cem mil reais). 
Analise e responda as questões abaixo. Lembre-se: todas as proposições são independentes entre si e devem ser analisadas à luz do 
caput do problema. Quando necessário, indique o artigo de lei que fundamentou cada uma de suas respostas (não é necessário copiá-
los).
a) Uma vez realizada a escolha do cavalo por Maria, até a data da entrega ela poderá alterar o objeto a ser entregue? Há direito de 
retratação da escolha? Fundamente sua resposta. 
b) O que acontece se antes da tradição o cavalo Paddock perecer sem culpa de Maria? 
c) O que acontece se antes da tradição ambos os cavalos perecerem por culpa de Maria?
d) Qual o local de cumprimento desta obrigação?
e) Supondo que ao invésde oferecer o pagamento em dinheiro conforme o avençado, José oferece o restante da prestação (cem 
mil reais) em um apartamento localizado na mesma cidade. Maria, por meio de seu assistente, é obrigada a aceitar o pagamento? 
Aceitando o pagamento, que meio de extinção da obrigação pode ser identificado? Justifique sua resposta.
Questão Objetiva 1
(Delegado de Polícia GO 2013) No que concerne ao estudo do adimplemento, são várias as situações de extinção das obrigações que não 
são precedidas pelo pagamento ordinário. Diante do exposto, tem-se que: 
a. No caso de o devedor ser simultaneamente devedor e credor, aplicar-se-á a modalidade de extinção das prestações por novação 
tanto objetiva como subjetiva, de acordo com a vontade e eticidade das partes envolvidas.
b. No caso da consignação em pagamento de dívida em dinheiro, é facultativo ao solvens respeitar os requisitos objetivos e subjetivos 
previamente ajustados para o pagamento, sendo bastante o depósito efetivo para elidir sua mora.
c. Sub-rogação do pagamento é prevista no ordenamento jurídico civil nos casos de o devedor possuir duas ou mais obrigações para 
com um mesmo credor, e posteriormente paga uma quantia insuficiente para liquidação da dívida.
d. Considera-se pagamento a consignação que pode ser conceituada como o meio judicial ou extrajudicial adotado pelo devedor ou 
terceiro para libertar-se da obrigação depositando o valor devido nos casos e formas legais.
Questão Objetiva 2
(TJPE 2013) Sobre a cláusula penal, analise as afirmações abaixo: 
I. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua 
em mora. 
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II. Para exigir a pena convencional, é necessário que o devedor alegue e comprove prejuízo. 
III. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá 
demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. 
IV. A penalidade não pode ser reduzida pelo juiz, mesmo que a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante 
da pena for manifestamente excessivo, salvo disposição expressa no contrato, autorizando a redução judicial. 
V. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi 
convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 
Está correto APENAS o que se afirma em:
a) II, IV e V.
b) II, III e V.
c) I, III e V.
d) II, III e IV.
e) I, IV e V.
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Bibliografia:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro ? Teoria Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
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Semana Aula: 6
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Contratos: princípios e formação dos contratos. Classificações dos contratos.
OBJETIVO
O aluno deverá ser capaz de reconhecer a importância da atividade contratual no âmbito da sociedade contemporânea, perpassando 
pelas concepções conceituais e principiológicas clássicas sem se olvidar da visão atual comprometida com os princípios jus-filosóficos da 
eticidade e da socialidade. 
TEMA
Contratos: princípios e formação dos contratos. Classificações dos contratos.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
O contrato, sob o ponto de vista estritamente técnico-jurídico, é o negócio jurídico bilateral pelo qual as pessoas se obrigam com o 
objetivo de obterem do direito algum bem da vida ou a defenderem determinado interesse, devendo observar a função social e 
econômica do mesmo, preservando, em todas as fases do pacto, a probidade e a boa-fé.
Contudo, como observou atentamente o jurista italiano Enzo Roppo, o contrato, sob o critério de sua finalidade, nada mais é do que um 
negócio jurídico pelo qual as partes realizam um estatuto jurídico de uma operação econômica.
Os princípios contratuais representam o alicerce básico sobre o qual se vai construir toda a estrutura jurídica do estudo do contrato, daí 
a sua importância vital. Os princípios da autonomia da vontade, obrigatoriedade, função social dos contratos, consensualismo, 
relatividade e boa fé são os mais importantes.
O princípio da autonomia da vontade é um dos princípios mais caros à atividade contratual e um verdadeiro pressuposto existencial do 
contrato. Esse princípio teve a sua época áurea, representando marco histórico a sendo marcante a edição do Código Civil francês de 
1804, cujo art. 1.134 dispõe: ?as convenções legalmente constituídas têm o mesmo valor que a lei relativamente às partes que a fizeram. 
Só podem elas ser revogadas pelo seu consentimento mútuo, ou pelas causas que a lei admite. Devem ser executadas de boa-fé?. Essa 
perspectiva levou a que Ripert afirmasse que o contrato é ?o ato legislativo, elaborado por via convencional?. 
A autonomia da vontade se apresenta em três momentos: contratar ou não, com quem contratar e o estabelecimento do conteúdo do 
contrato e em todas essas possibilidades é possível se verificar a presença de limites estabelecidos pela lei ou pela parte mais forte, 
como sucede com o contrato de adesão (art. 54 da lei 8078/90, 423 e 424 do Código Civil).
Corolário lógico da autonomia da vontade é o princípio da obrigatoriedade, imortalizado na famosa fórmula jurídica pacta sunt servanda 
(os pactos devem ser cumpridos), cuja adoção abusiva serviu para que os homens cometessem contra os seus semelhantes as mais 
hediondas formas de exploração. Ambos os princípios vêm sofrendo com o passar do tempo limites legais com o escopo de se possibilitar 
no terreno do contrato maior possibilidade de justiça. 
Exemplos bastante eloquentes do está sendo afirmado podem ser vistos no direito trabalhista e consumerista. O estágio da liberdade 
contratual encontra-se bem delimitado no art. 405 do Código Civil Português que assim se exterioriza: ?Dentro dos limites da lei, as 
partes têm a faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos neste código ou incluir 
nestes as cláusulas que lhes aprouver.?
A Função Social do Contrato como limite da liberdade de con¬tratar prevista no artigo 421 do Código Civil altera substancialmente o 
conteúdo da atividade contratual, exigindo uma postura mais humana e menos egoísta das pessoas ao entabularem as suas convenções, 
inaugurando um novo tempo em que se exige o cumprimento da¬qui¬lo que o notável Professor Miguel Reale chama de princípio da 
so¬cialidade, pois o contrato como poderoso instrumento de circulação de riquezas traz em seu bojo uma importância econômica e 
social muito grande, gerando empregos, tributos, avanços tecnológicos, dentre outros. Enfim, a função social do contato não exclui os 
princípios da liberdade de contratar e da obrigatoriedade, mas apenas o limita, mediante o reconhecimento de que um contrato 
equilibrado, assegurando trocas úteis e justas é indispensável para a sociedade. Por fim, registrem-se os enunciados nº 21, 22 e 23, 
aprovados na I Jornada de Direito Civil promovida pelo Conselho da Justiça Federal, órgão ligado à cúpula do Superior Tribunal de Justiça:
?Enunciado 21. A função social do contrato prevista no art. 421 do Código Civil constitui cláusula geral, que impõe a revisão do princípio 
da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito.?
?Enunciado nº 22 ? a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípiode conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas.?
?Enunciado nº 23 - a função social do contrato prevista no art. 421 do novo Código Civil não elimina o princípio da autonomia contratual, 
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mas atenua ou reduz o alcance desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade 
da pessoa humana.?
O princípio do consensualismo estabelece que, em regra, os contratos se aperfeiçoam com o simples consenso (solo consensu), não se 
exigindo solenidades ou formas, tal como se depreende do disposto no art. 104, III, do Código Civil. Todavia, este princípio não é 
absoluto, pois determinados contratos somente são válidos (art. 166, IV) se observarem determinada forma (contratos formais), cujos 
exemplos podem ser conferidos nos art. 108, 541 (doação), 758 (seguro) e 819 (fiança) do Código Civil. Além disto, temos os chamados 
contratos de formação real, isto é, aqueles que somente se aperfeiçoam com a tradição de determinado bem, objeto da celebração do 
pacto. Como exemplo, temos o contrato de comodato (art. 579) e depósito (art. 627).
O princípio da relatividade é resumido na máxima latina res inter alios acta, allis nec nocet nec prodest, ou seja, o contrato apenas obriga 
as partes que dele participaram. Esta regra sofre diversas mitigações. No plano externo do contrato, a própria função social do contrato 
demonstra que um contrato que vincule dois contratantes, pode beneficiar ou prejudicar diversas outras pessoas. Para entender a 
dimensão do que se está asseverando, basta imaginarmos um contrato de concessão de um serviço público pactuado entre a União 
Federal e determinada empresa vencedora da concorrência pública para explorar a atividade, mas que não está atendendo às justas 
expectativas dos consumidores. À toda evidência, apesar de o pacto ter sido celebrado entre dois sujeitos, toda uma coletividade está 
sofrendo as conseqüências do indigitado contrato mal cumprido. Além deste, importante salientar outros exemplos como os institutos 
da estipulação em favor de terceiro (art. 436 a 438), a promessa por fato de terceiro (art. 439 e 440), o contrato com pessoa a declarar 
(art. 467 a 471), a chamada obrigação com eficácia real (erga omnes), de que é exemplo marcante a cláusula de vigência dos contratos 
de locação (art. 576).
Pelo princípio da boa fé objetiva exige-se dos contratantes um comportamento leal, honesto, probo, no sentido de não frustrar os 
legítimos interesses e expectativas do parceiro contratual. O contratante que se afastar deste paradigma, deixando de informar alguma 
situação específica, se orientar por um comportamento contraditório com o que vinha realizando, buscar um lucro excessivo em 
detrimento do prejuízo do outro. Enfim, deixar de cooperar para a materialização de um negócio deverá sofrer conseqüências nocivas.
Desta forma, a boa fé objetiva não é apenas uma recomendação de ordem moral ou ética, mas um dever jurídico a ser observado pelo 
contratante, consubstanciando-se, por conseguinte, em princípio que permeia toda a atividade contratual, exercendo nítida função 
hermenêutica, nulificadora de cláusulas abusivas, integrativa e de controle de abusos por parte dos contratantes. A boa fé objetiva, 
nesse sentido, é poderoso instrumento de salvaguarda dos legítimos interesses dos contratantes.
No Direito Civil, a boa fé objetiva se encontra positivada nos artigos 112, 113 e 422, do Código Civil, dispositivos legais que merecem 
atenta leitura.
Engana-se aquele que, seduzido pela interpretação literal do artigo 422 do Código Civil, imaginar que apenas na conclusão e na execução 
do pacto é que se deve proceder de boa fé. A bem da verdade, a melhor doutrina há muito tempo já aponta para a necessidade de o 
princípio da boa-fé ser observado em todas as fases contratuais, inclusive após a execução contratual (fase pós-contratual). 
Com efeito, já tivemos oportunidade de afirmar em livro de comentários aos contratos no Código Civil que ?a boa-fé é um princípio que 
deve ser respeitado nas meras tratativas, no momento da proposta, na formação do contrato, assim como antevista para depois do 
próprio exaurimento do pacto. Como exemplo da primeira, imagine-se a pessoa que se contradiz com a própria conduta ao reservar por 
telefone determinada mercadoria em favor de alguém e, por ter recebido melhor proposta, a tenha vendido, frustrando o pacto gerado 
nas negociações preliminares ou então atentarmos para a triste figura do noivo abandonado no altar pela noiva em fuga com o seu 
amante. É certo que os chamados esponsais não ensejam obrigação específica, mas a noiva, na ausência de uma causa justificadora, 
deverá indenizar o noivo, material e moralmente, pela expectativa frustrada. Na fase contratual, deverá o contratante, igualmente, 
proceder com lealdade e respeito à confiança depositada, informando e advertindo os riscos de determinado negócio, não se omitindo, 
por exemplo, em circunstância sobre a qual deveria pronunciar-se. Como exemplo, poderíamos pensar no corretor de imóveis que não 
adverte o comprador das rachaduras do imóvel ou do perigo que a unidade imobiliária representa por estar frente a frente com as 
milícias urbanas do tráfico de entorpecentes. Exemplos marcantes podem ser colhidos nas atividades do advogado e do médico, 
res¬pectivamente. No primeiro caso, traz-se à baila o art. 8° do Código de Ética do Advogado, que estatui dever o referido profissional ?
informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da 
demanda.? No segundo caso, temos, além do art. 53 do Código de Ética Médica, o art. 15 do Código Civil, que, adotando a denominada 
teoria do consentimento informado, prevê que ?ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico 
ou a intervenção cirúrgica.? No Código de Defesa do Consumidor (art. 4°, III e 51, IV da Lei n° 8.078/90) encontramos inúmeros exemplos 
de exigência da observância da boa-fé na fase contratual, tais como a vedação da desinformação de aspectos do produto (art. 12, in 
fine), do serviço (art. 14, in fine) e das cláusulas contratuais (art. 46), assim como a transparência e a exigibilidade do cum¬primento da 
oferta (art. 30 a 38). 
Por último, a boa-fé também se espraia na fase pós-contratual (teoria da pós-eficácia das obrigações), exigindo dos contratantes que 
evitem surpresas desagradáveis, como seria o caso de fabricar e vender um produto sem peças de reposição, vender um automóvel 
como lançamento para o ano seguinte e neste oferecer no mercado modelo diverso do que tinha vendido, assim como na hipótese de 
alguém que vende uma casa para uma pessoa, ofertando como atrativo a excelente vista e, em seguida, adquira o terreno da frente, 
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suprimindo a visão oferecida. No sentido do texto, registre-se o enunciado n° 25 aprovado na Jornada de Direito Civil promovida pelo 
Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, no período de 11 a 13 de setembro de 2002, sob a coordenação científica 
do Ministro Ruy Rosado, do STJ, verbis: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador, do princípio da boa-fé nas 
fases pré e pós-contratual.? (MELO, Marco Aurélio Bezerra. Novo Código Civil Anotado, Vol. III, Tomo I, 2ª ed., Ed. Lumen Juris, PP. 
23/24).
Os contratantes devem evitar os procedimentos contraditórios. A máxima venire contra factum proprium segundo os civilista português 
Menezes Cordeiro ?traduz o exercício de uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente pelo 
exercente?. (CORDEIRO, Menezes Rocha Antonio Manuel. Da Boa Fé No Direito Civil. Coimbra: 2001, Almedina, p. 742). O mesmo autor 
ensina que há ?venire contra factum proprium, em primeira linha, numa de duas situações:quando uma pessoa, em termos que, 
especificamente, não a vinculem, manifeste a intenção de não ir praticar determinado acto e, depois, o pratique e quando uma pessoa, 
de modo, também, a não ficar especificamente adstrita, declare pretender avançar com certa actuação e, depois, se negue.? (op. Cit. , p. 
746/747). Como exemplo, imagine-se um sócio que sugere determinada alteração no estatuto social, a proposta é aceita e, em seguida, 
vai a juízo em busca da declaração de sua nulidade.
A figura da suppressio apresenta-se quando uma pessoa vê a supressão de um direito ou posição jurídica em razão de uma renúncia, 
ainda que tácita de exercer um direito. No Código Civil, o exemplo mais eloqüente desta figura parece mesmo ser o artigo 330 do Código 
Civil que estabelece: ?o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no 
contrato.? A despeito de não haver regra neste sentido para o tempo do pagamento, em razão do papel que o princípio exerce, podemos 
dizer sem medo de errar que a suppressio também se aplica para o tempo do pagamento, ou seja, o pagamento reiteradamente feito 
em data diversa daquela estabelecida no contrato faz presumir renúncia do credor em relação ao prazo disciplinado no pacto. A 
surrectio é entendida mediante a análise conjunta da suppressio, pois se pelo princípio da boa fé objetiva um dos parceiros contratuais 
teve a supressão de um direito, posição jurídica ou faculdade, isto forçosamente significará o surgimento (em latim, surrectio) de um 
direito para a outra parte. Assim, no exemplo acima, se o credor perdeu o direito de exigir que o pagamento fosse feito no lugar 
previamente estabelecido no contrato pela suppressio, para o devedor surgiu o direito a fazê-lo no local do acerto tácito realizado pelas 
partes (surrectio).
Pela sua grande importância, a suppressio e a surrectio tem sido utilizada também no direito público e nos direitos reais em matéria de 
condomínio edilício, como se pode verificar na leitura das ementas abaixo transcritas:
2009.002.37566 - AGRAVO DE INSTRUMENTO 
DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO - Julgamento: 24/11/2009 - DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. DECISÃO AGRAVADA QUE A REJEITOU, AFIRMANDO A NECESSIDADE DE 
DILAÇÃO PROBATÓRIA E NEGANDO O RECONHECIMENDO DA PRESCRIÇÃO DO CREDITO ESTADUAL, TENDO EM VISTA TER O EXECUTADO 
IMPUGNADO O AUTO INFRACIONAL MEDIANTE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO QUE APENAS SE RESOLVEU NO ANO DE 2006, 
PERMANECENDO SUSPENSA A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RECURSO DA EXECUTADA. Autuação realizada em 23/07/1997. 
Existência de Impugnação. Ocorrência de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme artigo 151, III do CTN. Decisão final 
do processo administrativo ocorrida em 11/09/2006. Fluência, a partir desta data, do prazo prescricional de 5 anos para a ação executiva 
do crédito tributário, conforme o disposto no artigo 174 do CTN. Ação de execução fiscal proposta em 06/11/08. Inexistência de 
prescrição em razão de expressa vedação legal. Decisão reformada parcialmente para excluir os efeitos da mora durante o período em 
que por inércia do credor, o feito administrativo não foi solucionado em tempo razoável, qual seja: 9 anos. Inobservância do dever anexo 
de boa fé objetiva (dever de cooperação), justificando a perda do direito do credor de receber os consectários da mora do devedor 
(suppressio), fazendo surgir para este o direito de expurgá-lo do montante devido (surrectio). Possibilidade de submeter a Administração 
Pública ao princípio da boa fé objetiva. Recurso conhecido. Decisão parcialmente reformada. 
2009.001.10795 - APELACAO 
DES. CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA - Julgamento: 07/04/2009 - NONA CAMARA CIVEL
AÇÃO DE COBRANÇA DE COTAS CONDOMINIAIS. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. RÉU QUE ALEGA A VENDA DO IMÓVEL POR INSTRUMENTO 
PARTICULAR, MAS NÃO JUNTA PROVA DA REALIZAÇÃO DO NEGÓCIO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DO RÉU NO SENTIDO DE 
NUNCA HAVER O CONDOMÍNIO LHE COBRADO AS COTAS. COBRANÇAS DIRIGIDAS A SINDICATO OCUPANTE DO IMÓVEL. INÉRCIA DO 
CONDOMÍNIO QUE GERA LEGÍTIMA EXPECTATIVA NO PROPRIETÁRIO DE QUE TAL DIREITO NÃO MAIS SERIA EXERCIDO. COBRANÇA QUE 
ATENTA CONTRA O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. APLICAÇÃO DOS INSTITUTOS DA SUPPRESSIO/SURRECTIO. SUPRESSÃO DO DIREITO 
SUBJETIVO DE COBRANÇA EM FACE DO RÉU, MAS NÃO EM FACE DE QUEM OCUPA O IMÓVEL. PROVIMENTO DO RECURSO PARA JULGAR 
IMPROCEDENTE O PEDIDO INICIAL, COM A INVERSÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. - Sabe-se que a obrigação do condômino de arcar 
com o pagamento da cota condominial para conservação da propriedade comum possui natureza de obrigação propter rem. Em que 
pese haver o condomínio demonstrando que o nome do réu consta no Registro Geral de Imóveis como um dos proprietários da fração 
ideal correspondente ao imóvel em cobrança, há notícia nos autos de que o imóvel em questão foi vendido há mais de quarenta anos 
atrás, através de instrumento particular. Apesar de não ter o réu apresentado documento que demonstrasse a realização do referido 
negócio, mostram-se verossímeis as alegações do mesmo no sentido de nunca haver recebido qualquer cobrança por parte do 
condomínio, uma vez que todos os boletos acostados à inicial se dirigem ao Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Radiologia do Estado 
do Rio de Janeiro, a quem o demandado afirma haver alienado o imóvel. Ademais, o oficial de justiça que esteve no imóvel no intuito de 
citar o demandado, informa haver sido atendido por uma funcionária do sindicato que esclareceu que este funciona naquele endereço 
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desde 1964, sendo de sua propriedade o imóvel, além de ser o demandado desconhecido no local.- É inegável que o não exercício do 
direito por certo lapso temporal pode gerar expectativa legítima na contraparte de que tal direito não mais venha a ser vindicado. In 
casu, a inércia do condomínio em promover a cobrança das cotas em face do demandado, deu indícios de que o direito não mais seria 
exercido, de modo que a cobrança efetuada de forma retardada acaba por lesar a confiança do apelante na inatividade do credor. - Urge 
fazer prevalecer na presente demanda o valor confiança, com base no instituto da suppressio, que consiste exatamente na supressão do 
exercício de um direito por deixar o seu titular de exercê-lo durante certo lapso temporal, quebrando a expectativa que havia surgido no 
outro sujeito quanto ao seu não exercício. Trata-se de reflexo do princípio da boa-fé objetiva, no que diz respeito a sua função limitativa 
do exercício de direitos subjetivos advindos do contrato.- Ao direito subjetivo do réu decorrente da tutela conferida a esta expectativa 
legítima de não ser acionado por débito condominial que nunca lhe foi cobrado dá-se o nome de surrectio, que equivale à outra face da 
suppressio, aquela relativa à parte cuja confiança se pretende proteger.- A modificação do julgado para reconhecer a impossibilidade de 
cobrança em face do réu em razão da inatividade prolongada do condomínio, não importa em supressão do direito do mesmo de 
promover a cobrança em face de quem ocupa como o imóvel, como vem fazendo, podendo, inclusive, ajuizar a demanda em face do 
possuidor, no caso de não haver o cumprimento voluntário da obrigação na data do vencimento, conforme precedentes do Superior 
Tribunal de Justiça. - Provimento do recurso para julgar improcedente o pedido inicial. 
Pelo tu quoque o contratante que violar uma norma jurídica, contratual ou legal, fica proibido de extrair benefício desta mesma norma 
violada, como prevê, exemplificativamente, o artigo 150 do Código Civil que prescreve: ?Se ambas as partes procederem com dolo, 
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.?
A boa fé exige do credor que fique atento para mitigar os próprios prejuízos (duty to mitigate the loss) decorrentes da mora ou 
inadimplementoa obrigação. Como exemplo no Código Civil, merece ser citada a regra descrita no artigo 446. Tal dispositivo legal 
estabelece que no curso do prazo de garantia de uma coisa adquirida onerosamente em contrato comutativo, não correrá o prazo para 
reclamar vícios redibitórios, mas o interessado deverá denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, 
sob pena de decadência, isto é, a pessoa está com um bem defeituoso, tem direito a redibir ou contrato o pleitear abatimento no preço, 
acobertado que está por uma cláusula contratual, mas denunciar o mais rápido possível para que o devedor possa resolver o problema 
mais rápido e menos onerosamente possível. Na III Jornada de Direito Civil realizada pelo CJF/STJ foi aprovado o enunciado nº 169 com 
os seguintes dizeres: ?O princípio da boa fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.? 
PROCEDIMENTO DE ENSINO
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática; A resolução dos 
casos faz parte da aula; A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
RECURSO FÍSICO
Quadro, pincel e datashow.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
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Caso Concreto
(TJ/PA 2009 adaptada) José da Silva, brasileiro, solteiro, empresário, residente à Rua dos Oitis n. 1525, Belém/PA, pactuou com a 
empresa Seguro S/A contrato de seguro de vida, tendo pago 240 prestações. Em fevereiro de 2008, verificou a perda do carnê de 
pagamento e comunicou o fato ao seu corretor de seguros que, prontamente afirmou poder receber as prestações vencidas, em espécie, 
mediante recibo. Após o pagamento de cinco prestações, foi notificado pela companhia de seguros de que sua apólice havia sido 
cancelada por falta de pagamento. Surpreso e temeroso pelo fato, uma vez que fora comunicado que seria portador de doença grave e 
incurável, propôs ação de consignação em pagamento das quantias impagas. O autor aduziu a circunstância de que sua relação 
contratual sempre foi pautada pelo cumprimento das obrigações contratuais e alegou que, com base no princípio da boa-fé, o seu ato de 
confiança no corretor que prestaria serviços para outras empresas e também para a ré, com a venda dos seus produtos e serviços, 
estaria plenamente justificado. Por outro lado, agora, quando iminente a possibilidade do sinistro, com o consequente cancelamento do 
valor previsto no contrato, não poderia ser prejudicado. A ré, regularmente citada, apresentou contestação e requereu a inclusão do 
corretor de seguros no polo passivo como litisconsorte, o que restou indeferido. Não houve conciliação. Diante deste contexto:
a) Classifique o contrato de seguro de vida.
b) Aplicam-se ao caso as regras do CDC. Explique sua resposta.
c) O inadimplemento do segurado pode ser relevado? Justifique sua resposta com base nos princípios contratuais.
Questão Objetiva 1
(TJRO 2012) As tratativas para a celebração de um contrato representam:
a. Direito potestativo.
b. Direito conservativo.
c. Direito condicional.
d. Expectativa de direito.
e. Direito eventual.
Questão Objetiva 2
(IX OAB 2013) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011, por R$ 
34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava 
avarias na suspensão dianteira, tornando seu uso impróprio pela ausência de segurança. Considerando que o vício apontado existia ao 
tempo da contratação, de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa correta.
a. Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou 
desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto.
b. Mauricio deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do contrato se, no momento da venda, desconhecesse o 
defeito na suspensão dianteira do veículo.
c. Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para 
reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo da garantia estipulada.
d. Caso Silvio e Mauricio tenham inserido no contrato de compra e venda cláusula que exclui a responsabilidade de Mauricio pelo vício 
oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo.
CONSIDERAÇÃO ADICIONAL
BIBLIOGRAFIA: 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. III. Contratos e Atos Unilaterais. São Paulo: Saraiva, 2004.
MELO, Marco Aurélio Bezerra. Novo Código Civil Anotado. Vol. III. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Contratos. Vol. III. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 13ª Ed., 2009.
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Disciplina: DPU0259 - TÓPICOS DE DIREITO CIVIL
Semana Aula: 7
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Contratos em espécie: compra e venda, troca e doação.
OBJETIVO
O aluno deverá ser capaz de: Conceituar os institutos, objetos do estudo desta semana: compra e venda, troca e doação, compreender a 
sua natureza jurídica, identificar suas espécies, analisar seus efeitos a partir de suas características principais.
TEMA
Contratos em espécie: compra e venda, troca e doação.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
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Compra e venda é o contrato em que uma das partes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e a outra a pagar-lhe um preço por 
isso. O preço deve ser pago em dinheiro ou redutível a dinheiro, sob pena de se desqualificar o contrato de compra e venda.
O preço deve ser sério e real, não podendo ser vil ou fictício, pois neste caso o contrato constitui, verdadeiramente, uma doação, salvo 
as hipóteses de lesão.
A venda sem a fixação de preço, ou de critérios para a sua determinação é nula, salvo na hipótese do art.488 do C.C., que em regra, não 
se aplica a imóveis. É nula também aquela que contenha a cláusula ?pague o quanto quiser? (art. 489 C.C.).
O art.483 do Código Civil permite a venda de coisa futura, o que, em regra, não é usual no caso de imóveis, salvo na hipótese de 
compromisso de compra e venda.
Deve-se considerar, entretanto, a possibilidade de venda de imóvel litigioso. Desde que o adquirente, ciente dos riscos, os assuma 
expressamente no corpo da escritura pública de compra e venda, o negócio se torna aleatório, não podendo se alegar posteriormente a 
evicção (449 C.C.).
A compra e venda tem natureza jurídica obrigacional, o que significa que o contrato, por si só, não transfere a propriedade, gerando para 
o vendedor, tão-somente, a obrigação de transferi-la, através da tradição no caso de coisas móveis e do registro no caso de imóveis.
Em regra, a tradição é obrigação do alienante, o que não ocorre na compra e venda de imóveis, já que o dever de registrar a escritura é 
do alienatário. O registro imobiliário tem efeito constitutivo quanto ao direito de propriedade, salvo nas hipóteses de acessão, 
usucapião, e sucessão por morte, em razão da regra da saisine.
O registro do título é orientado por uma série de princípios que objetivam conferir maior segurança a esse negócio jurídico: Publicidade, 
Prioridade, Especialidade, Retificação, Legalidade, Continuidade, Força Probante, Territorialidade e Instância.
Permuta é o contrato pelo qual duas partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro. É um contrato muito 
semelhante à compra e venda, por isso é regulado, em geral, pelas suas regras, com as modificações constantes dos incisos I e II do art. 
533 do Código Civil.
Entre nós o domínio não se adquire solo consensu, regra válida para a compra e

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