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Resumo de Radiologia Introdução a radiologia: A radiologia é a especialidade médica que utiliza qualquer forma de radiação, seja ela ionizante, sonora ou magnética, passível de transformação em imagens. Raios X: O tubo de raios x é a fonte geradora de radiação x. É formado por um envoltório de vidro que contem, no seu interior, ambiente a vácuo e dois pólos: um negativo (catódio) e outro positivo (anódio). A diferença de potencial (DDP) aplicada entre os terminais positivo (anódio) e negativo (catódio), determina um fluxo de elétrons que se desloca em alta velocidade do catódio para o anódio, onde são bruscamente frenados, e ocorre a transformação da energia cinética dos elétrons em calor (99%) e raios x (1%). A quantidade de radiação produzida é proporcional à corrente elétrica (mA) que percorre o filamento e o tempo de emissão, enquanto sua força de penetração depende da quilovoltagem (kV) aplicada. Os raios que ultrapassam o corpo chegam ao filme, sensibilizando-o. Após a revelação, tornam-no negro. Os raios que são absorvidos no corpo não sensibilizam o filme e as áreas correspondentes ficarão brancas. Quando a radiação ultrapassa parcialmente o corpo e parte chega ao filme, determinará áreas correspondentes em cinza após a revelação. A gama de tonalidades do branco ao negro é denominada “densidade radiológica” e são 5 densidades radiológicas. As imagens brancas são referidas como opacidades, enquanto as imagens negras são referidas como transparências. A nitidez da imagem depende basicamente da imobilização do corpo, da distância do objeto ao filme e do tamanho do foco. O corpo deve estar imóvel, o mais próximo possível do filme para evitar ampliação da imagem e o tamanho do foco deve ser o menor possível para evitar a penumbra que borra o contorno da imagem. Incidências: São as posições em que são colocados os pacientes para que sejam radiografados. A denominação da incidência se faz pelo local do corpo que está voltado para a ampola: PA = dorso virado para a ampola e ventre próximo ao filme. Incidências complementares no exame do tórax: - Decúbito lateral (Laurell): pesquisa de líquido livre na cavidade pleural. - Ápico-lordótica: melhor observação dos ápices pulmonares e lobo médio. - Oblíquas: para arcos costais e área cardíaca. A constatação da posição que o paciente assumiu num determinado exame se dá por meio da observação da identificação do paciente na película, que fica sempre no alto e à direita, quando o paciente está em ortostase, e embaixo, também à direita, quando o paciente está em decúbito. Princípios da tomografia computadorizada: Um feixe fino e altamente colimado de Rx, após sofrer atenuação pela passagem por estruturas do corpo, é captado por detectores de cintilação, sendo este movimento repetido continuamente por 180° a 360°, até que milhares de medidas de transmissão fiquem armazenadas para que seja formada a imagem por computação. Estas imagens são obtidas (isoladamente) e reconstruídas (em grupo) nos planos axial ou transverso, sagital ou perfil e coronal, sem que haja superposição das estruturas. Além das imagens, é possível obter a medida de absorção do Rx pelos tecidos, que feita pela razão entre a quantidade de radiação que foi emitida pela ampola e a que foi captada pelo detector (coeficiente de atenuação). Ela varia positiva e negativamente ao referencial, que é a água, cujo coeficiente é 0. Altos valores do coeficiente de atenuação (coeficiente de Hounsfield) são apresentados como branco (hiperdensidades) e baixo como preto (hipodensidades). Vantagens da tomografia computadorizada: - obtenção de imagens sem superposição; - capacidade de capturar diferenças mínimas de densidade tissular; - capacidade de detectar diferenças de densidade entre tecidos, por meio da análise dos valores numéricos do coeficiente de atenuação; - possibilidade de processar as imagens em diversos tempos, mediante o armazenamento dos dados; - ser método não invasivo; - permitir que procedimentos invasivos, como biópsias e punções, sejam realizados durante sua execução. Desvantagens da tomografia computadorizada: - emprego de maior quantidade de radiação ionizante; - ainda precisa do contraste iodado para diferenciar vasos e alças intestinais; - método mais oneroso. Princípios de ultra-sonografia: Na sua aplicação diagnóstica, os tecidos orgânicos são “sonados” por um transdutor especial, constituído de um cristal com propriedades piezoelétricas. Substâncias ou cristais piezoelétricos são capazes de mudar de formato ou vibrar quando submetidos à corrente elétrica alternada. Essa vibração produzirá o ultra-som que será emitido aos tecidos. Quando o ultra-som é refletido e retorna ao transdutor ocorre o fenômeno inverso: o cristal deforma-se e gera energia elétrica que será processada através de sistema computadorizado projetado especificamente para este fim, formando a imagem. O transdutor variará de frequência na dependência da região a ser analisada. Quanto mais profundamente estiver situado o órgão de interesse, menor será a frequência utilizada na sua investigação (maior o comprimento de onda). A qualidade da imagem depende da quantidade de ecos que são recebidos pelo transdutor e se traduz em gradações do preto ao branco, como na radiografia e na tomografia computadorizada. Uma imagem é dita anecóica quando não possui ecos no interior, ou seja, é líquida e, nesses casos, sua cor será preta (ex.: bile, urina, líquor). Ela gera uma imagem branca posteriormente à sua parede: o reforço acústico posterior. Uma imagem é hipoecóica quando o feixe sonoro atravessa tecidos com densidade de partes moles. Esta gradação irá desde o cinza-escuro da cortical renal normal até o cinza mais claro do pâncreas do paciente idoso, por exemplo. Nesta situação não existe reforço posterior. A imagem é hiperecogênica quando o som não ultrapassa e estrutura (cálcio, cálculos, osso) ou quando interage com ela e se dispersa (gases); em ambas as situações ocorre a formação de sombra acústica posterior que será limpa, no caso de interagir com osso, ou borrada, quando o faz com ar/gás. O avanço tecnológico permitiu que fossem acoplados o estudo fluxométrico e a cor à US (color Doppler), que permite a análise do fluxo vascular, importante, por exemplo, na pesquisa de obstruções vasculares como trombose. Uma vez que não utiliza radiação ionizante, é o método de escolha em pacientes obstétricos, tanto em seu acompanhamento pré-natal como para qualquer intercorrência clínica. Princípios de ressonância magnética: É um método de imagem que se baseia no comportamento dos prótons de hidrogênio (H+), o átomo mais abundante no corpo humano, visto este ser composto por cerca de 70% de água. Os átomos de H+ estão desalinhados no corpo. Quando colocados dentro de um campo magnético intenso, os prótons alinham-se ao longo do eixo deste campo magnético e retornam à posição de equilíbrio logo que cessa a força (radiofrequência – RF) que os fez alinharem-se, ou seja, cessada a excitação, a energia liberada é captada e emite um sinal ao equipamento de RM que, por sua vez, forma a imagem. Tecidos com maior concentração de prótons de H+ tornam-se mais magnetizados, produzindo sinal de RF mais intenso, aparecendo, portanto, mais brilhantes na imagem do que aqueles com baixa densidade de prótons. As imagens de RM são descritas de acordo com a intensidade do sinal encontrada nos diversos tipos de sequências. Assim, imagem hipointensa é uma imagem “mais escura” em relação ao tecido cerebral normal, por exemplo. Imagem hiperintensa é uma imagem “brilhante”, “branca”. Ausência de sinal é uma imagem “preta”, em geral, correspondente a imagens calcificadas ou cortical óssea, ou ainda, vasos com fluxo rápido. Sinal intermediário são imagens cuja característica de sinal não se adequa às descriçõesanteriores, em geral correspondendo a partes moles, como músculos, cartilagem hialina e encéfalo. Vantagens da ressonância magnética: - permite obtenção de imagens em diversos planos sem mobilizar o paciente; - apresenta excelente resolução espacial; - não utiliza radiação ionizante. O estudo pela RM está indicado nas doenças do neuroeixo, doenças osteoarticulares, doenças vasculares e cardíacas, no estudo das vias biliares e abdome, no estudo da pelve e mama, além da avaliação da extensão na recidiva de tumores. São contra-indicações relativas o uso de próteses ortopédicas metálicas, o estado alterado de consciência do paciente e a necessidade de acompanhamento com equipamentos ferromagnéticos de suporte à vida, como respiradores e bombas infusoras. São contra-indicações absolutas o uso de marca-passo cardíaco, implantes metálicos, válvulas cardíacas metálicas, entre outros. Estudo radiológico do tórax: É largamente utilizado e recomendado devido a sua importância no diagnóstico das doenças pulmonares, pleurais, mediastinais e do arcabouço ósseo. Incidências: A rotina mínima para avaliação do tórax consiste na incidência póstero-anterior (PA) em conjunto com a incidência em perfil esquerdo, ambas realizadas em posição ortostática. Na incidência em PA o feixe de raios X atravessa o paciente entrando pelo dorso, estando o filme localizado em relação com a região anterior do tórax. Desta forma, o filme encontra- se mais próximo do coração e a imagem cardíaca torna-se mais fiel. Para evitar distorções da imagem, algumas regras devem ser respeitadas, tais como: - o tórax do paciente deve estar o mais próximo possível do filme; - a distância da ampola de raios X (foco/filme) deve seguir o padrão de 1,80m; - a radiografia deve ser obtida em apneia respiratória máxima. A incidência em perfil irá receber o nome do lado que estiver em contato com o filme. Ela é importante, uma vez que permite a avaliação de regiões que não são visíveis no PA (zonas mudas do PA). São elas: região retroesternal, região retrocardíaca, seios costofrênicos posteriores e regiões localizadas atrás das costelas. Além disso, auxilia na localização no sentido ântero-posterior de certas lesões, uma vez que a incidência em PA não permite a percepção de profundidade. A incidência ápico-lordótica é utilizada quando existe a necessidade de avaliar os lobos superiores, médio e língula, evitando superposição com estruturas ósseas do tórax superior, como a clavícula e as primeiras costelas. O decúbito lateral com raios horizontais (incidência de Laurell) permite identificar pequenos derrames pleurais não localizados nas incidências em PA e perfil, auxiliando na diferenciação desta lesão em relação a um espessamento pleural (processo antigo). Com a modificação da posição do paciente, o líquido também muda de posição, confirmando-se assim o derrame, já que o espessamento é fixo. Incidências oblíquas são realizadas no tórax com o objetivo de dissociar imagens encontradas no PA e perfil de planos vizinhos. Radiografias em inspiração e expiração: Radiografias obtidas em inspiração e expiração máximas auxiliam o estudo de: - aprisionamento aéreo; - mobilidade dos diafragmas; - expansibilidade pulmonar. Em condições normais, utilizando-se essa técnica é observada uma diferença de 5 a 10cm na altura dos diafragmas. Pode-se, com este estudo, fazer o diagnóstico de paralisias deste músculo, de processos que reduzem a elasticidade pulmonar (enfisema, fibrose pulmonar) e avaliar a presença de pequenos pneumotóraces. Nas radiografias expiradas os pneumotóraces aparecem com muito mais nitidez, pois o pulmão na expiração está menos aerado e, portanto, mais denso, aumentando seu contraste com o ar. Radiografias penetradas: São obtidas com o uso de uma maior quilovoltagem e são úteis na identificação das estruturas mediastinais. Esôfago contrastado: O esôfago, em condições normais, não é visualizado, por ter densidade de partes moles, não contrastando com as outras estruturas mediastinais. Quando se ingere meio de contraste (bário ou iodo), pode-se ver um molde interno desse órgão, avaliando sua relação com as estruturas vizinhas. Permite diagnosticar afecções do próprio esôfago (tumores, varizes) como compressões extrínsecas. Avaliação da qualidade de obtenção da radiografia: - Identificação: por convenção encontra-se à direita do paciente (esquerda do observador). - Rotação: as extremidades mediais das clavículas devem apresentar-se equidistantes aos processos espinhosos vertebrais. - Penetração: quando adequada, não se observa a coluna torácica retrocardíaca no PA. - Fase respiratória: deve ser realizada no final da fase inspiratória, desta forma as hemicúpulas frênicas localizam-se entre o 10º e 11º arcos costais posteriores. - Centralização: devem ser incluídas na radiografia de tórax a região cervical inferior, a porção proximal dos úmeros e o abdome superior. Roteiro para análise da radiografia de tórax: A análise da radiografia deve ser realizada de fora pra dentro, comparando-se um hemitórax com o outro. Sugestão: 1. Partes moles: Avaliar mamas, mamilos (em alguns casos), músculo esternocleidomastóideo, dobras axilares, fossas supraclaviculares e a linha companheira da clavícula. 2. Esqueleto torácico: Observar as costelas, a coluna torácica, as escápulas, as clavículas, o esterno e a porção proximal dos úmeros. 3. Abdome superior, cúpulas diafragmáticas e seios costofrênicos: A hemicúpula frênica direita é mais alta que a esquerda, em função da presença do fígado abaixo da primeira e do coração acima da última. As cúpulas frênicas são convexas e podem estar retificadas em condições de hiperinsuflação (ex.:enfisema) ou paralisia do nervo frênico. No perfil o hemidiafragma direito é visualizado inteiramente, já o esquerdo não pode ser visualizado em seu terço anterior devido a superposição com a imagem do coração. Em ortostase observa-se a bolha gástrica, cuja distância ao pulmão deve ser menor que 1cm. Na avalição do abdome deve-se observar as lojas hepática e esplênica. 4. Mediastino: Seu contorno normal em PA é dado por: à direita, o átrio direito, inferiormente, e a veia cava, superiormente; à esquerda, crossa da aorta, superiormente, tronco da artéria pulmonar, no terço médio, e ventrículo esquerdo inferiormente. Já no perfil, seu contorno anterior é dado pelo ventrículo direito, inferiormente, e pelos vasos da base e timo, superiormente; o posterior, pelo esôfago e ramo descendente da aorta. 5. Hilos pulmonares: São anatomicamente compostos pelas artérias pulmonares, brônquios, veias pulmonares e linfáticos, mas o que compõe a imagem radiológica do hilo normal são os ramos principais das artérias pulmonares. O hilo direito é um pouco mais baixo do que o esquerdo. 6. Pleura: Os folhetos parietal e visceral da pleura não são visíveis em uma radiografia de tórax normal, já que suas imagens se misturam com a densidade de partes moles da parede torácica, mediastino e diafragma. 7. Pulmões: Sua análise é feita basicamente em busca de diferenças de transparências. A imagem normal do pulmão é hipertransparente, com algumas estrias densas que são os vasos pulmonares. Estes podem ser identificados até cerca de 1,5cm das superfícies pleurais, exceto nos ápices, onde a distância pode ser de 3cm da pleura em condições de normalidade. Padrões básicos em radiologia torácica: Padrão alveolar Caracterizado por opacidade homogênea, a qual pode variar, de acordo com a extensão, de pequena até o acometimento de todo o pulmão. Ocorre pela ocupação do espaço aéreo por outras substâncias que não o ar: exsudado nas pneumonias; transudato nos edemas pulmonares; sangue nas hemorragias; células neoplásicas nos casos de linfoma e outros tumores. Quando ocorre essa consolidação, os brônquios em seu interior podemtornar-se visíveis, uma vez que são preenchidos com ar, e esse se destaca em meio a consolidação, caracterizando o broncograma aéreo, que indica acometimento do parênquima adjacente. Padrão intersticial O interstício pode ser dividido em: - Tecido intersticial peribroncovascular: Quando infiltrado, ocorre borramento dos contornos brônquicos, vasculares e dos hilos. Há ainda o aparecimento das linhas B de Kerley (linhas horizontais densas, que medem 1,5 a 2cm de comprimento, correspondendo a septos interlobulares espessados) logo acima dos seios costofrênicos. - Tecido intersticial subpleural: Seu espessamento pode traduzir-se por cissuras pulmonares e limites pleurais marcados. - Tecido intersticial parenquimatoso: Podem aparecer na forma de padrão reticular (em forma de rede, ex.: viroses, colagenoses, sarcoidose...), micronodular (tuberculose, histoplasmose, pneumonias virais) ou reticulonodular. Todas as linhas vistas nas radiografias são dadas pelo contato entre duas densidades diferentes. Entretanto, quando o parênquima pulmonar adjacente a uma estrutura sofre um processo patológico em que a densidade do ar é substituída pela de partes moles, aquele limite ou contorno é perdido. Isso é chamado de sinal da silhueta. Assim, por exemplo, uma pneumonia do lobo médio poderá borrar o contorno direito do coração. Outros exemplos: - Segmentos basais: borram o contorno do diafragma - Língula: apaga o contorno cardíaco esquerdo - Segmento anterior do lobo superior direito: altera a aorta ascendente - Segmento ápico-posterior do lobo superior esquerdo: apaga o botão aórtico Atelectasia É o estado de expansão incompleta de um pulmão ou parte dele com perda de volume pulmonar, colabamento e redução ou ausência de ar nos alvéolos. Os achados radiográficos são: - Diminuição de volume do segmento, lobo ou pulmão afetado; - Deslocamento de uma ou mais cissuras interlobares em direção à área afetada Pode ocorrer também: - Elevação do diafragma; - Desvio do mediastino para o lado envolvido; - Deslocamento hilar; - Deslocamento dos espaços intercostais e hiperinsuflação compensatória. Aparece como variação na opacidade, que pode ser completa e homogênea quando a atelectasia envolve todo o pulmão. Linfonodomegalias Pode estar presente em processos infecciosos, neoplásicos ou de outras etiologias, sendo reconhecidas radiograficamente como massas mediastinais e/ou hilares. Nódulos É uma lesão arredondada ou ovalada, de limites parcialmente precisos, com menos de 3cm de diâmetro. Podem ser pequenos (diâmetro ≤ 1cm) ou grandes (diâmetro ≥ 1cm e ≤ 3cm). Quando solitários, falam a favor de benignidade em 60% dos casos, tratando-se de granulomas ou tumores benignos. Quando pequenos e múltiplos deve-se considerar tuberculose miliar, histoplasmose, pneumonias virais, silicose, sarcoidose e metástases hematogênicas. Quando grandes e múltiplos, falam a favor de malignidade, sendo, na maioria das vezes, metástases hematogênicas para o pulmão. Para a classificação de um nódulo quanto a sua benignidade ou malignidade, algumas características devem ser observadas, tais como o tamanho, forma, contorno, densidade e presença de calcificação ou escavação. Alguns critérios de benignidade são: - Observação do tempo de duplicação: pelo menos 2 anos sem crescimento; - Presença de gordura; - Calcificações: puntiformes (no centro), em alvo (camadas concêntricas), em casca (na periferia do nódulo) difusa ou em forma de pipoca. Obs.: A presença de contorno regular não permite classificar o nódulo como benigno. Quando um nódulo pulmonar tem mais de 2,5cm de diâmetro, não contem cálcio e tem contorno espiculado, é suspeito de malignidade. Massas são lesões com as mesmas características atribuídas aos nódulos, porém com mais de 3cm de diâmetro. Quando apresentam mais de 4cm de diâmetro sugerem malignidade. Escavação Ocorre quando uma área de necrose comunica-se com uma via respiratória pérvia, proporcionando drenagem. É importante analisar localização, conteúdo, presença de nível líquido e de lesões satélites. São encontradas na tuberculose, histoplasmose, câncer e infecções estafilocócicas. Calcificações Em geral, indicam benignidade. São, na maior parte das vezes, decorrentes de doenças granulomatosas como tuberculose e histoplasmose, ou de tumores benignos como o hamartoma. Enfisema pulmonar Caracteriza-se por destruição dos espaços aéreos envolvidos na troca gasosa, comprometendo bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos. São achados radiográficos: - Aumento variável do volume pulmonar; - Redução da expansibilidade pulmonar; - Rebaixamento e retificação do diafragma nas radiografias em PA, com obliteração dos ângulos costofrênicos; - Achatamento ou concavidade do contorno do diafragma na radiografia em perfil do tórax; - Hiperinsuflação pulmonar compensatória; - Hipertransparência generalizada ou irregular, de acordo com a distribuição da destruição tecidual; - Atenuação das marcas vasculares, diminuição do número e calibre dos vasos, além de vascularização periférica diminuída; - Sinais de hipertensão arterial pulmonar; - Formações bolhosas junto à pleura visceral e aos septos interlobulares; - Enfisema cicatricial: presença de bolhas de enfisema junto às áreas de fibrose da doença de base. Pneumotórax Caracteriza-se pela presença de gás de qualquer origem no espaço pleural. Pode ser espontâneo, de natureza traumática, hipertensivo ou não. São achados radiográficos: - Presença de espaço aéreo radiotransparente separando as pleuras parietal e visceral. Os vasos estendem-se até a margem da pleura visceral, mas não além dela. - Na radiografia em expiração há aumento relativo na área do tórax ocupada pelo pneumotórax. - Pode aparecer associado a líquido (hidropneumotórax). - No pneumotórax hipertensivo ocorre desvio do mediastino para o lado oposto. Derrame pleural Constituem a manifestação mais comum de doença pleural. Pequenos derrames podem ser visto apenas na incidência em perfil, ou na incidência de Laurell. Quando livres, causam opacidades delimitadas internamente por uma linha curva (sinal da “parábola de Damoiseau”), apagamento dos seios costofrênicos, borramento do contorno do diafragma. Grandes derrames podem causar velamento total do hemitórax, com desvio do mediastino para o lado oposto. O hemotórax ocorre comumente como consequência de traumatismos e, na radiografia de tórax, mostra um derrame pleural sem características típicas, com formação de loculações e corpos de fibrina pela coagulação do sangue no espaço pleural, geralmente vistos nas bases pulmonares. Hemitórax opaco Total velamento de um hemitórax. Algumas causas aumentam o volume do hemitórax lesado (volumoso derrame pleural, tumor ocupando todo o hemitórax), outras mantêm (pneumonia acometendo todo o pulmão) e outras diminuem (atelectasia, pneumectomia). Padrões básicos na tomografia de alta resolução: A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) tornou possível a aquisição de imagens detalhadas, próximas a anatomia microscópica. As alterações observadas na TCAR refletem as mudanças morfológicas das doenças com maior fidedignidade do que a observada na radiografia simples e na TC convencional. O diagnóstico da doença pulmonar difusa por meio da TCAR é baseado na detecção de achados anormais específicos. Essas anormalidades do parênquima pulmonar podem ser divididas em 6 padrões: - Padrão septal: Resulta do espessamento de septos interlobulares, os quais aparecem, então, como opacidades lineares, medindo cerca de 2cm. É causado por edema, infiltração celular ou fibrose. - Padrão cístico: Referem-se a espaços arredondados contendo ar, com paredes bem definidas, mas sem enfisema pulmonar associado. Pode ser causado por histiocitosede células de Langerhans, pneumonia intersticial linfocítica e pneumocistose. - Padrão nodular: Refere-se a presença de múltiplas opacidades arredondadas, com densidade de partes moles, menos que 1cm. A distribuição no parênquima pulmonar é o dado de maior valor diagnóstico e pode ser: perilinfático, centrolobular ou randômico. - Opacidade em vidro fosco: Significa discreto aumento da atenuação do parênquima pulmonar, com preservação dos contornos vasculares e das paredes brônquicas. É o padrão mais inespecífico e o diagnóstico diferencial das diversas doenças só pode ser feito mediante correlação com os dados clínicos e laboratoriais. - Consolidação do espaço aéreo: Refere-se a um aumento na atenuação do parênquima pulmonar que obscurece o contorno das estruturas vasculares e das paredes das vias respiratórias. Em geral, representa preenchimento do espaço alveolar, mas também pode ser observado em doenças intersticiais extensas. - Padrão reticular: Opacidades lineares que se encontram entrelaçadas e separadas entre si por alguns milímetros, configurando um aspecto de rede, caracterizando o espessamento do interstício lobular. É observado, principalmente, em doenças crônicas que evoluem com fibrose. Mediastino: Região anatômica situada entre os dois pulmões e se estende do esterno aos corpos vertebrais ântero-posteriormente, tendo como limite superior a abertura torácica, ao nível de C7, inferiormente o diafragma e, lateralmente, os hilos pulmonares e folhetos pleurais. Principais doenças mediastinais: - Tumores tímicos: À radiografia apresentam-se como massa de limites bem definidos, ocasionalmente lobulada, localizada no mediastino anterior, projetando-se preferencialmente à direita da linha média. Calcificações são raramente observadas. A TC demonstra massa bem definida, de densidade homogênea ou heterogênea. - Tumores de células germinativas: Os teratomas são os mais comuns e, à radiografia, apresentam-se como volumosa massa no mediastino anterior, bem delimitada, lobulada ou não. Podem ser observadas calcificações esparsas e dentes. A TC revela massa de densidade diferente, de acordo com o tecido encontrado no tumor, variando entre parte mole, tecido adiposo, formação cística e osso. A combinação dessas diferentes densidades, quando presente, é um achado tomográfico altamente sugestivo de teratoma. - Tumores da tireóide e paratireoide: O bócio é o mais frequente tumor da porção superior do mediastino. Quando mergulha no tórax, apresenta alterações radiográficas como alargamento mediastinal superior associado a deslocamento da traqueia para o lado oposto. Calcificações agrupadas grosseiras ou puntiformes então presentes muitas vezes. O adenoma é o tumor mais frequente da paratireóde e só é visível na TC ou ressonância magnética. - Linfonodomegalias: As causas mais comuns são de origem granulomatosa (tuberculose, sarcoisose e histoplasmose), seguida das doenças neoplásicas, incluindo linfomas e metástases. Radiologicamente caracterizam-se por massas linfonodais de aspecto quase sempre bocelado, localizadas no mediastino anterior, sendo facilmente detectadas pela TC. - Aneurismas: Podem localizar-se na porção ascendente da aorta, na croça ou porção descendente. Na radiografia são representadas por opacidades arredondadas ou ovaladas, muito bem definidas, situadas no mediastino anterior, médio ou posterior. A TC permite avaliar a presença de dissecção e a extensão da mesma. - Cistos broncogênicos, de duplicação do esôfago e neuroentérico: São o resultado de transformações aberrantes do tudo digestivo primitivo. Aparecem como massa esférica, às vezes alongada, de paredes lisas e bem definidas. - Lesões pericárdicas: Cisto pericárdico é uma malformação benigna resultante da provável fusão aberrante do recesso pericárdico anterior. Aparece como uma massa bem delimitada, de aspecto arredondado, nos ângulos cardiofrênicos. Derrame pericárdico é o acúmulo de líquido no saco pericárdico. - Tumores neurogênicos: Compreendem as principais alterações do mediastino posterior. À radiografia caracterizam-se por opacidades periféricas, bem delimitadas, de aspecto arredondado ou fusiforme, localizadas na região paraespinhal. Outras alterações do mediastino incluem hérnias diafragmáticas, megaesôfago, pneumomediastino, mediastinites, hematopoiese extramedular e mal de Pott. Aparelho cardiovascular: Rotina radiológica mínima: Radiografias de tórax em PA e perfil esquerdo (hemitórax esquerdo do paciente em contato com o filme). Rotina completa: Acrescentar perfil esquerdo com esôfago contrastado. Anatomia radiológica do coração: Em PA: Em perfil: A análise da silhueta cardíaca fornece uma estimativa confiável do tamanho das cavidades do coração. O índice mais utilizado, analisado em PA, sugere que a soma dos maiores diâmetros transversos do coração deve ser menor que o diâmetro transverso de um hemitórax, caracterizando uma área cardíaca normal. Aumento das cavidades cardíacas Átrio esquerdo: - Deslocamento posterior do esôfago. - Ao aumentar para a direita, determina uma dupla sombra no interior da imagem cardíaca, sendo que, ao ultrapassar o contorno do átrio direito, forma o “sinal do duplo contorno”. - Abaulamento da auriculeta esquerda. - Ao aumentar para cima, promove alargamento do ângulo da carina, constituindo o “sinal do passo da bailarina”. Ventrículo esquerdo: - Aumento do diâmetro transverso do coração (crescimento para a esquerda). - Ápice deslocado caudalmente, mergulhando na cúpula diafragmática. - Ocupação do espaço retrocardíaco, sem comprimir o esôfago. Átrio direito: - Expande o contorno cardíaco inferior direito para este lado, acentuando a convexidade do arco inferior direito do coração e afastando a borda cardíaca direita da coluna. - O crescimento para cima eleva o ponto de interseção com a veia cava superior e, para baixo, altera o ângulo cardiofrênico (sinal da corda). Ventrículo direito: - Aumento da superfície de contato com o esterno e diminuição do espaço retroesternal. - Acentuação da convexidade do contorno anterior (em perfil) e direito (em PA). - Elevação da ponta do coração (“sinal do tamanco holandês”). - Dilatação do tronco da artéria pulmonar (sinal indireto). Circulação pulmonar Doenças que alteram as pressões nas câmaras cardíacas acabam por interferir na fisiologia da circulação pulmonar, por isso, a avaliação radiológica da circulação pulmonar pode revelar parâmetros sobre a função da bomba cardíaca. Alterações da circulação pulmonar: Estase Causada por doença cardíaca ventricular esquerda ou doença valvar mitral. Essas doenças elevam a pressão capilar pulmonar e, à radiografia em PA, mostram uma inversão do padrão vascular pulmonar, apresentando os vasos dos lobos superiores mais calibrosos que os dos lobos inferiores (ao contrário do que se esperaria). Edema pulmonar O edema intersticial precede o edema alveolar e é consequência de um grande aumento na pressão capilar pulmonar. Achados radiográficos: - Borramento ou espessamento das paredes vasculares. - Borramento ou espessamento peribrônquico, com perda da definição da parede brônquica externa. - Borramento hilar, com perda da definição dos grandes vasos pulmonares centrais. - Aparecimento das linhas septais A e B de Kerley. As linhas A de Kerley são mais longas e tem de 5 a 10cm de comprimento. Tendem a ser retas ou ligeiramente curvas e estendem-se dos hilos ou da área para-hilar em direção à periferia. São vistas nos lobos superiores e tendem a aparecer no edema intersticial agudo. Edema alveolar Ocorre com o aumento das pressões capilares pulmonares acima de 18mmHg. Achados radiográficos: - Opacidades bilaterais que se estendem externamente em leque a partir do hilo (“edema em asa de borboleta”). - Asregiões pulmonares periféricas (bases e ápices) ficam relativamente limpas, exceto na ICC, em que há edema basam bilateral. Obs.: No edema secundário a insuficiência cardíaca, as observações de cardiomegalia, redistribuição vascular pulmonar para os lobos superiores, edema basal e derrame pleural constituem fortes indicações de que o edema é decorrente de cardiopatia. O edema pulmonar causado por insuficiência renal com uremia (edema azotêmico) produz opacidade peri-hilar central nos pulmões. Já o edema causado pela inalação de gases irritantes tende a ser mais generalizado que os outros tipos e mais basal. Tromboembolismo pulmonar Ocorre quando um ou mais êmbolos impactam em ramos do leito arterial pulmonar. Na embolia pulmonar maciça, um ou mais êmbolos maiores impactam nas artérias pulmonares ou em seus ramos principais. Os achados radiológicos incluem: - Dilatação do tronco arterial pulmonar, levando a aumento do arco médio esquerdo do coração. Algumas vezes pode ser visto o aumento da artéria pulmonar lobar inferior direita (Sinal de Palla). - Interrupção do trajeto vascular, com diminuição abrupta do calibre, constituindo o “sinal do nó”. - A hipoperfusão de áreas pulmonares afetadas pode acarretar hipertransparência por oligoemia (sinal de Westermark). As áreas poupadas podem apresentar-se hipotransparentes devido a hiperperfusão compensatória, sendo, às vezes, vista uma densidade periférica em forma de cunha com a base pleural e o ápice direcionado ao hilo pulmonar (sinal de Hampton). - A área cardíaca pode estar aumentada. Na embolia pulmonar leve a moderada, os êmbolos são pequenos, de modo que as alterações na radiografia levam mais tempo para ocorrer. Dentre os achados, tem-se: - Redução do volume pulmonar, devido a hipoperfusão das áreas afetadas. - Elevação do diafragma do lado afetado. - Áreas de atelectasia são observadas posteriormente, devido ao colapso alveolar consequente à hipoventilação. Em decorrência da isquemia da área afetada pela embolia, pode-se desenvolver um infarto pulmonar. São achados radiológicos que sugerem um infarto do parênquima pulmonar: - Elevação do hemidiafragma do lado afetado, indicando diminuição do volume pulmonar. - Derrame pleural unilateral, geralmente pequeno. - Consolidação do parênquima pulmonar de limites mal definidos, próximo a superfície pleural. - Atelectasia. - Sombras lineares, decorrentes da fibrose. Abdome e abdome agudo: Abdome Na radiografia simples de abdome deve-se dirigir a atenção aos ossos, tecidos moles, órgãos abdominais e ao padrão de distribuição dos gases intestinais. É também importante ficar atento às bases pulmonares, que geralmente são incluídas nas radiografias abdominais. As vísceras maciças apresentam-se ao raio X e à TC como áreas de densidade de partes moles, sendo o fígado, o baço e os rins as mais facilmente identificadas. Fígado: Na radiografia, sua densidade (geralmente homogênea sob as ultimas costelas direitas), seu contorno regular (ou irregular) e suas dimensões devem ser analisados. Por ser um órgão de estrutura sólida, permite boa avaliação ultra- sonográfica. Sua ecogenicidade está, geralmente, entre a da córtex renal (hipoecóica) e a do pâncreas (mais ecogênico). O fígado também é muito bem analisado pela TC, principalmente com o uso de contraste endovenoso, que permite que pequenos tumores possam ser diagnosticados, avaliando-se sua forma de apresentação antes, durante e após a injeção de contraste. Vesícula biliar: O estudo de eleição para a análise da vesícula biliar é a ultra- sonografia. A vesícula biliar normal é vista como uma imagem anecóica, homogênea, situada na projeção da região central do rebordo inferior do lobo direito do fígado. Sua parede é fina quando distendida adequadamente pela bile. Em condições patológicas a vesícula biliar pode estar ocupada por lama biliar, cálculos, neoplasias e corpos estranhos (áscaris) que se traduzem por imagens ecogênicas em seu interior. A lama e os cálculos são móveis e produzem sombra acústica posterior limpa; os tumores formam massas que vegetam para a luz do órgão ou infiltram sua parede, espessando-a, e não produzem sombra acústica; corpos estranhos como áscaris constituem formações lineares hiperecóicas em meio a bile. Pâncreas: A US e a TC são métodos que permitem uma boa avaliação do pâncreas, sendo a TC o método de escolha para esse órgão. A avaliação do pâncreas deve constar da análise de todos os seus segmentos (cabeça, corpo e cauda), considerando o contorno, a homogeneidade de seu parênquima e o seu volume. Doenças agudas e crônicas podem comprometer o pâncreas, alterando a sua densidade/textura. Assim, na pancreatite aguda, ele se apresenta mais hipodenso/hipoecóico, e na crônica, hiperdenso/hiperecóico. Lesões tumorais deformam a estrutura pancreática e, à TC, impregnam-se pelo meio de contraste. Baço: Pode ser estudado tanto pela radiografia como pela US e TC. Seu parênquima é homogêneo e seus bordos, regulares. O baço pode ser comprometido por doenças neoplásicas e inflamatórias, de forma focal ou difusa, aguda ou cronicamente e, o estudo com contraste venoso durante a TC, evidencia este comprometimento. O acompanhamento de lesões traumáticas do baço é feito pela US. Abdome agudo É uma síndrome caracterizada fundamentalmente por dor abdominal de início repentino, que pode vir acompanhada de vômitos, distensão abdominal, rigidez muscular ou colapso. A radiologia convencional é comumente utilizada como primeira etapa na avaliação do abdome agudo, pois trata-se de exame barato, geralmente disponível nos serviços e de rápida realização. A TC é o método de escolha quando há suspeita de diverticulite e pancreatite aguda, sendo também realizada em casos de apendicite. A US tem papel importante na avaliação das vias biliares, emergências ginecológicas e na apendicite. São sinais que devem ser buscados nas radiografias quando da suspeita de abdome agudo: - Pneumoperitônio ou sinal do crescente: traduz rotura de viscera oca. Quando há suspeita, mas não é encontrado na PA de tórax em ortostase, deve-se fazer o decúbito lateral esquerdo com raios horizontais. - Apagamento da gordura pré-peritoneal: traduz processo inflamatório. - Velamento da borda externa do psoas: traduz acometimento do retroperitôneo. - Ausência de gás na ampola retal: traduz obstrução. - Presença de níveis líquidos: traduz obstrução. - Alça sentinela: é uma alça que se encontra fixa, edemaciada e distendida. - Volvo ou sinal do grão de café: ocorre secundariamente à torção da alça sobre seu próprio eixo. - Sinal de Riegler: ocorre pela presença de ar entre as alças no caso de perfuração intestinal. - Retropneumoperitônio: as no espaço retroperitoneal. Pode destacar bem os rins e o psoas. - Sinal da chave-inglesa: ocorre na invaginação intestinal. - Escoliose antálgica: a curvatura ocorre para o lado comprometido. - Apagamento das lojas renais: por comprometimento do retroperitôneo. - Distensão de alças intestinais: quando ocorre no jejuno, tem- se o aspecto de empilhamento de moedas. Incidências para o estudo do abdome agudo – Rotina de abdome agudo (RAA) A rotina radiológica para estudo de abdome agudo é composta pelas seguintes incidências: radiografia de torax em PA ortostática, AP de abdome em decúbito dorsal e AP de abdome em posição ortostática. Outras incidências podem ser adicionadas com o intuito de prestar maiores esclerecimentos como o perfil de tórax, o tórax em AP decúbito dorsal (pacientes debilitados) e o abdome em DLERH. Abdome agudo inflamatório Apendicite aguda: Sinais radiológicos encontrados: - Escoliose antálgica lombar de convexidade esquerda. - Pode haver apendicolito. - Apagamento da borda do psoas direito. - Nívies líquidos na fossa ilíaca direita. - Apagamentoda gordura pré-peritoneal. Na US o diagnóstico é feito ao identificar imagem tubular de fundo cego, sem peristaltismo, com o diâmetro transverso superior a 6mm. Já na TC ocorrem os seguintes sinais: - Diâmetro apendicular maior que 7mm. - Espessamento da parede apendicular. - Infiltração da gordura periapendicular. - Coleções adjacentes ao apêndice. - Apendicolito. Pancreatite aguda: A RAA e os estudos contrastados apresentam limitações, entretanto algumas alterações podem orientar o diagnóstico, tais como: - Derrame pleural bilateral. - Atelectasia em bases pulmonares. - Íleo paralítico inflamatório e “alça sentinela”. - Sinal do cólon amputado. - Perda do contorno do psoas esquerdo. - Aumento da curvatura duodenal em função do edema da cabeça do pâncreas. - Aumento da distância entre o estômago e o cólon transverso, devido ao edema do pâncreas. - Elevação do estômago, devido ao edema do pâncreas. - Calcificações pancreáticas. A TC com contrastes oral e venoso é o exame padrão-ouro para pancreatite aguda e evidencia as seguintes alterações: - Aumento focal ou difuso da glândula com perda da precisão de seus limites. - Redução da densidade da glândula. - Espessamento da fáscia renal. - Presença de derrame pleural à esquera. - Presença de áreas não impregnadas após infusão de contraste venoso, indicando a possibilidade de necrose. Colecistite aguda: Principais achados na RAA: - Cálculos biliares. - Ar na parede da vesícula biliar na colecistite enfisematosa. - Sinais torácicos: pequeno derrame pleural, elevação do diafragma, atelectasias laminares. - Dilatação de alças em função do processo inflamatório. A US é o exame de escolha para detecção de litíase. Alguns achados ultra-sonográficos na colecistite aguda são: - Aumento significativo do diâmetro trasnverso do fundo da vesícula. - Lama biliar. - Colelitíase. - Espessamento da parede da vesícula maior que 3mm. - Halo anecóico na espessura da parede da vesícula (sinal de edema). - Sinal de Murphy ultra-sonográfico. - Eventual demonstração de abcesso pericolecístico ou subfrênico a direita. A cintilografia com 99mTc-HIDA é o exame padrão ouro para confirmação da colecistite aguda. Diverticulite aguda: A RAA de abdome agudo apresenta limitações em demonstrar as alterações deste processo inflamatório. A TC é o método padrão-ouro nesse caso, sendo observados os seguintes aspectos tomográficos: - Espessamento da parede cólica. - Presença de divertículos. - Líquido livre abdominal. - Pneumoperitônio em função da perfuração do divertículo. - Presença de fístulas. - Extravasamento do meio de contraste. - Abcesso. Nesse caso também é usado o clister opaco como método diagnóstico, utilizando o iodo como meio de contraste. Abdome agudo perfurativo: São sinais radiológicos de perfuração de víscera oca: - Sinal do crescente infradiafragmático. - Sinal de Riegler. - Exposição do ligamento falciforme do fígado. - Ar delineando a borda hepática no DLERH. Abdome agudo obstrutivo Obstrução do intestino delgado: São achados radiológicos: - Distensão de alças (incomum que a alça tenha mais que 5cm de diâmetro). - Níveis líquidos: em diferentes alturas e localização mais central. - Sinal do empilhamento de moedas: em função do espessamento das pregas coniventes por edema. - Sinal do colar de pérolas: ocorre quando há muito líquido e pouco gás na alça, identificando-se pequenas bolhas entre as pregas de Kerckring. - Íleo biliar: ocorre quando a vesícula inflamada adere ao intestino, fistuliza e permite a passagem de cálculos para o delgado. Nesse caso pode-se ver passagem de ar e bário para as vias biliares durante o transito de delgado, gás em vias biliares, entre outros. Intussuscepção (Invaginação): Os sinais radiológicos são: - Massa de tecido mole frequentemente identificada no quadrante superior direito, podendo apresentar formato oval (“sinal do pseudo-rim”). - Ausência de gás ou fezes no cólon ascendente. - Sinal do empilhamento de moedas (evidência de obstrução de delgado) - Sinal do alvo: massa de partes moles contendo áreas circulares concêntricas radiotransparentes. - Sinal do crescente ou sinal do menisco: ocorre quando o intussuscepto (alça invaginada) ocupa alça cheia de gás. O ar envolve a parte invaginada que se destaca da parede da alça que o contem. O método de eleição para o diagnóstico de intussuscepção é a US, onde são observados o sinal do alvo e o sinal do pseudo-rim. É também utilizado o clister opaco, que evidencia o sinal da mola em espiral e o sinal da chave inglesa, que é gerado pela interrupção do meio de contraste ao atingir o intussuscepto, formando uma meia-lua. Obstrução de cólon: O adenocarcinoma colorretal é a principal causa de obstrução cólica e, apresenta características infiltrantes e estenosantes, que são demonstradas ao clister opaco como imagem de maçã mordida. O Vólvulo (Volvo) ocorre quando segmentos do cólon giram ao redor do mesocólon levando a uma obstrução em alça fechada. Na radiografia simples pode-se observar a alça intestinal dilatada, com aspecto se “U invertido” ou “grão de café”. No enema de bário o aspecto é de “bico de pássaro”. Aparelho digestório: O estudo do aparelho digestório é utilizado por métodos radiológicos e não-radiológicos. Dentre os radiológicos destacam-se a seriografia do esôfago, estômago e duodeno (SEED), o trânsito de delgado e o clister opaco. Dentre os não-radiológicos, a endoscopia alta e a colonoscopia. Estudos contrastados São estudos feitos utilizando-se um meio de contraste baritado e um aparelho de fluoroscopia, que permite o acompanhamento dinâmico do exame. Os principais são a SEED, o trânsito de delgado, a enteróclise e o clister opaco. São os métodos de escolha, principalmente, para a avaliação do intestino delgado, uma vez que a endoscopia e a colonoscopia não conseguem avaliar todo esse órgão. SEED: É o estudo contrastado do tubo digestório superior, compreendendo esôfago, estômago e duodeno, até o ângulo de Treitz (junção duodenojejunal). O exame pode ser feito com contraste único ou duplo. No esôfago, a análise de sua porção cervical é difícil, uma vez que o contraste passa por muito rapidamente por essa porção. É importante uma análise cuidadosa da porção terminal, em virtude da alta incidência de hérnia de hiato e refluxo a este nível. Para a avaliação do estômago e do duodeno devem ser feitas incidências especiais (ostostase e decúbito), sob compressão dosada (no caso do estômago) e com duplo contraste. As mucosas do estômago e duodeno são mais irregulares do que a do esôfago. O bário preenche os sulcos formando linhas opacas (espaço entre as pregas) e linhas transparentes (as próprias pregas). O pregueado do fundo gástrico é o mais exuberante. Trânsito de Delgado: O contraste pode ser ingerido ou injetado via cateter na quarta porção do duodeno. Permite a avaliação de todos os segmentos das alças intestinais. O jejuno pode ser diferenciado do íleo pelo tipo de pregueado mucoso e pela topografia. Pregas transversais (pregas coniventes ou de Kerckring), com pregueado mucoso exuberante (aspecto de “folha de samambaia”), localizadas no quadrante superior esquerdo são sugestivas de jejuno. Por outro lado, o íleo apresenta pregas longitudinais, sendo estas mais tubulares, com pregueado mucoso menos exuberante, localizando-se no quadrante inferior direito. Clister opaco e com duplo contraste: O enema de bário (clister) com único ou duplo contraste é realizado para o estudo radiológico do intestino grosso. Nesse caso, o contraste a administrado via anal. Realizam-se várias incidências radiográficas, visando a um estudo detalhado de todos os segmentos do intestino grosso. O cólon faz o “emoldurado” das alças intestinais.Seus segmentos possuem um pregueado mais largo e com haustrações. Doenças do TGI Esôfago: As doenças que acometem o esôfago manifestam-se, principalmente, a partir das seguintes lesões fundamentais: estenose, dilatação, falhas de enchimento, desvio, úlceras e divertículos. A estenose pode ser irregular, apresentando transição abrupta entre a área estenosada e o esôfago normal, manifestação habitual das lesões malignas, ou apresentar transição gradual, como nas esofagites por ingestão de substâncias cáusticas ou por refluxo. Dentre as causas de dilatação destaca-se a acalasia. O esôfago pode ser deslocado devido ao crescimento de estruturas do mediastino. No exame contrastado de vísceras ocas, espera- se o preenchimento completo da luz do órgão pela substância de contraste. Quando uma determinada área do órgão em questão não se opacifica como esperado ela é denominada “falha de enchimento”. Esta falha, quando lisa e regular, frequentemente corresponde a tumor benigno e, quando irregular e multilobulada, em geral representa um tumor maligno. Imagens de adição são caracterizadas pelo acúmulo de meio de contraste além dos limites da luz do órgão, sendo os divertículos e as úlceras os principais exemplos. Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) Achados radiológicos: - Espessamento das pregas mucosas, ulcerações e estenose (em casos avançados). - Após a ingestão do contraste em posição ortostática verifica- se o refluxo com o paciente em decúbito dorsal. Acalasia Achados radiológicos: - Massa mediastínica tubular (dilatação) ao lado da aorta. - Ausência da bolha gástrica. - Nível líquido na região média do esôfago. - Estenose “em ponta de lápis” na topografia do esfíncter esofágico inferior. Varizes esofágicas O exame de eleição é a endoscopia, contudo, ao exame radiológico as varizes também podem ser demonstradas como falhas de enchimento tubulares, principalmente na porção distal do órgão. Hérnia de hiato É a passagem de um segmento gástrico para uma região acima do diafragma. Estômago Úlcera péptica A SEED pode sugerir se a lesão ulcerada é maligna ou benigna. O nicho é uma imagem puntiforme opaca, causada pelo acúmulo de bário numa cavidade formada na parede do órgão. Na úlcera benigna a imagem de depósito de bário projeta-se para fora do órgão. As pregas da mucosa convergem para as bordas da lesão. O contorno é regular, a úlcera é profunda e de formato ovóide. Por outro lado, a ulceração de um tumor gástrico projeta-se para “dentro” do órgão, o pregueado mucoso não chega até a lesão, o contorno é irregular e a úlcera é rasa e plana. Carcinoma A endoscopia digestiva é mais eficaz na detecção desse tipo de lesão. O exame contrastado é capaz de identificar lesões avançadas, onde se observa perda de peristalse, estreitamento, ulceração e falhas de enchimento no segmento comprometido. Intestino delgado As alterações radiológicas são várias, destacando-se falhas de enchimento, perda do pregueado mucoso, estenoses, dilatações, divertículos, espessamento das pregas, entre outros. Enterite regional (Doença de Crohn) O aspecto, ao estudo baritado, é de comprometimento mucoso com áreas normais entremeadas a falhas de enchimento de aspecto nodular que, com o desenvolvimento da doença, levam ao espessamento assimétrico (aspecto em paralelepípedo) do segmento, formação de úlceras e fístulas. Intestino grosso As anormalidades mais comumente identificadas pelo clister opaco ou com duplo contraste são os tumores benignos e malignos, os divertículos e as doenças inflamatórias. Tumores A grande maioria dos tumores benignos são pólipos adenomatosos. O aspecto é de falha de enchimento, de base larga ou estreita, e contorno regular, por vezes servindo de cabeça de invaginação no intestino. Já o adenocarcinoma é o tumor maligno mais frequente no cólon e o aspecto é de falha de enchimento, geralmente irregular, que infiltra a mucosa, podendo ter ulceração. Retocolite ulcerativa Formam-se pseudopólipos, que são ilhas de regeneração da mucosa circundadas por áreas ulceradas, apresentando-se como defeitos de enchimento ao clister. Observam-se ainda ulcerações que se apresentam radiologicamente como uma imagem de “papel rasgado”. Há também perda das haustrações e espessamento da musculatura lisa com aspecto de “cano de chumbo”. Aparelho urinário: Os rins localizam-se no retroperitôneo, com seu pólo superior ao nível de T12 e seu pólo inferior na altura de L4. O rim direito encontra-se cerca de 2cm mais baixo que o esquerdo. O rim normal é uma estrutura em forma de feijão, cujo eixo longo direciona-se paralelamente à borda lateral do músculo psoas de cada lado. O contorno renal é geralmente liso. Fazem parte ainda da avaliação do aparelho urinário a observação do sistema pielocalicinal, ureteres, bexiga e uretra. Exames radiológicos Radiografia simples de abdome: Faz parte e precede todos os exames contrastados do sistema urinário. Sua principal indicação é a pesquisa de calcificações ou massas na topografia deste sistema. É importante lembrar que algumas calcificações podem projetar- se sobre o sistema urinário sem dele fazerem parte. Urografia excretora (UE) Suas principais indicações são: - Estudo da anatomia do sistema urinário e de qualquer afecção que o modifique. - Estudo da função renal. - Estudo de relação do sistema urinário com massas abdominais. Faz radiografias das lojas renais após 5, 10, 15 e 25 minutos da aplicação endovenosa do contraste, afim verificar desde as porções iniciais do aparelho urinário até o mesmo como um todo. Obs.: A urografia pelo Dripping (bolo de contraste) é realizada por meio da injeção rápida de grande volume de meio de contraste iodado e é indicado a pacientes com rim debilitado. Pielografia retrógrada Nesse exame, um cateter é introduzido na bexiga por via uretral e conduzido à pelve renal através do ureter. Após a instilação direta de 3 a 5mL de contraste na pelve renal, são obtidas radiografias. Indicações: - Quando não se obtém estudo satisfatório do sistema ureteropielocalicinal nas urografias. - Rim não visualizado à urografia excretora. - Suspeita de tumores de urotélio. - Falhas de enchimento na topografia do sistema pielocalicinal ou ureteral. - Para obter localização de fístula ureteral. Arteriografia renal Utiliza um cateter vascular introduzido por via percutânea na artéria femoral. O contraste pode ser injetado na aorta abdominal, acima das artérias renais, ou diretamente em uma das artérias renais. Indicações: - Estudo do número e localização das artérias renais. - Avaliação de lesões expansivas renais. - Suspeita de oclusão da artéria renal. - Pesquisa de estenose das artérias renais como possível causa de HAS. - Estudo da integridade dos vasos renais. - Avaliação do doador renal. Pré-operatório de cirurgia renal. Tomografia computadorizada Permite o estudo apurado dos rins e retroperitôneo. A indicação mais comum de TC renal é a análise morfológica à procura de massa renal após realização de ultra-sonografia, urografia excretora ou outro exame. Ultra-sonografia (US) À US os rins possuem contorno regular e ecogenicidade homogênea em se parênquima. O parênquima renal periférico é hipoecogênico (mais preto), enquanto o seio renal, correspondente ao hilo, contendo os vasos e a pelve renal, é hiperecogênico (mais branco). Indicações: - Permite um bom estudo da anatomia renal, independentemente da capacidade funcional dos rins. - É o exame mais importante para diferenciar um nefropata crônico de um agudo, através do tamanho dos rins (rins de tamanho pequeno indicam doença crônica). - Excelente método para medir os diâmetros renais. - Permite diferenciar massas sólidas de líquidas. - A US com Doppler dúplex em cores pode ser utilizada paraavaliar a vasculatura renal. Cistografia Pode ser feita durante a urografia com o contraste excretado pelos rins. Cistografia retrógrada Outro método de estudo da bexiga. Após a micção, insere-se um cateter uretral, por onde o contraste pode ser instilado em quantidades variáveis. Indicações: - Suspeita de rotura vesical em vítimas de traumatismo. - Pacientes com divertículos, tumores ou cálculo vesicais. - Estudos de massas pélvicas possivelmente relacionadas com a bexiga. Uretrocistografia retrógrada É um exame realizado para o estudo de lesões uretrais. O contraste é injetado retrogradamente. Indicações: - Estudo pós-trauma de “queda a cavaleiro”. - Suspeita de estreitamento ureteral. Uretrocistografia miccional É feita durante a micção de contraste previamente introduzido por via retrógrada na bexiga. Indicações: - Válvula de uretra posterior. - Pesquisa de refluxo vesicoureteral. - Pesquisa de obstrução do trato urinário inferior. - Pesquisa de outras lesões: estenoses cicatriciais, divertículos e infecção urinária de repetição em crianças. O paciente é examinado antes, durante e depois da micção. Doenças Podem ser congênitas ou adquiridas. Entre as congênitas destacam-se a agenesia renal, hiper ou hipoplasia renal, ectopia renal, rim em ferradura, duplicação pieloureteral e estenose da junção pieloureteral. Doenças adquiridas Doença litiásica urinária: Os cálculos podem alojar-se na região das papilas e cálices, onde podem permanecer e aumentar gradualmente de tamanho, para formar um molde dos cálices, constituindo um cálculo coraliforme. Ou atingir os ureteres, onde costumam provocar obstrução. Achados radiográficos: Consistem em opacidade de tamanho e forma variados no trato urinário. A urografia excretora é utilizada para determinar com maior exatidão se a opacidade está ou não no sistema urinário e, ainda, para determinar suas implicações. Em caso de obstrução, é comum ocorrer dilatação a montante e o rim ipsilateral está, geralmente, aumentado de volume. Nesses casos, também são comuns achados de hidronefrose. Hidronefrose: É causada por obstrução crônica do trato urinário. A US é o exame de escolha na avaliação dos pacientes com suspeita de hidronefrose. A alteração urográfica mais precoce é o achatamento da concavidade normal do cálice e, por fim, o rim acometido fica não-funcionante, aumentado de tamanho e com a anatomia radiológica alterada. Pielonefrite: As bactérias podem chegar aos rins por via hematogênica, ou ascendente, através do ureter. Na pielonefrite aguda os achados orográficos incluem aumento renal, intensidade reduzida do nefrograma, densidade reduzida do contraste e retardo no tempo de aparecimento calicial, distorção e atenuação dos cálices, além de ectasia pielocalicinal. Já a pielonefrite crônica é caracterizada pelos seguintes sinais: lesão predominante nas pirâmides, rins assimétricos, retração cortical, contorno irregular devido a fibrose e cálices renais abaulados. O achado de gás no rim e ao seu redor sugere o diagnóstico de pielonefrite enfisematosa, um quadro raro. Massas renais Cistos: Apesar de apresentar pouca importância clínica, é a massa renal unifocal mais comum. À urografia podem ser encontrados os seguintes sinais: lesão periférica, projetando- se para fora do rim; a parede, se visível, é fina e lisa; a massa é bastante radiotransparente, quando comparada ao parênquima adjacente, e bem demarcada. A US é o exame de escolha para diagnóstico dos cistos renais simples, revelando lesão arredondada, de paredes lisas e limites bem definidos, de conteúdo anecóico e presença de um reforço acústico posterior intenso. Tumores benignos: A maioria é assintomática. O mais importante é saber sua diferenciação com tumores malignos que, em geral, não pode ser feita com exatidão por qualquer técnica de imagem. Atualmente a TC e a US devem ser as técnicas de imagem utilizadas para avaliar as massas renais. Tumores malignos: O carcinoma de células renais é o mais comum. Os achados na radiografia simples consistem em aumento local ou generalizado do rim, de tamanho variável. A borda renal pode encontrar-se preservada ou ser irregular e apresentar ruptura. Não é raro observar calcificação no interior do tumor ou em sua periferia. Pode ocorrer deslocamento renal ou inclinação do eixo em grandes tumores. As alterações urográficas (alongamento, estreitamento ou obliteração dos cálices renais) são causadas pela distorção provocada pela massa tumoral. O tumor de Wilms é a neoplasia abdominal mais comum do lactente e da infância. A radiografia abdominal simples pode evidenciar calcificações lineares, que costumam ser difusas e de tamanho pequeno, no interior de uma massa em topografia renal. Os achados urográficos são os de um grande tumor intra-renal que distorce os cálices e o bacinete, podendo obstruir o ureter. A US demonstra a localização renal do tumor e a TC e a ressonância magnética fornecem informações mais detalhadas a respeito da extensão e comprometimento de troncos vasculares e estruturas adjacentes. Doença renal policística: Doença de origem genética, na qual os rins são progressivamente ocupados por massas de natureza cística. A urografia excretora revela rins aumentados de tamanho, com contornos lobulados bilateralmente, pelves alongadas e cálices achatados. Ossos e articulações: Além dos aspectos anatômicos próprios de cada osso, observa-se, também, na radiografia, a medular e a cortical óssea. Nos osso em crescimento, atenta-se ainda para a cartilagem de crescimento. Já no exame radiológico de uma articulação, é importante observar, além das estruturas das extremidades ósseas, seu alinhamento, o espaço articular, o osso subcondral e as partes moles periarticulares, que são alterados nos processos patológicos articulares. No exame radiológico, a neoformação determina imagem radiopaca em virtude do maior contingente de cálcio na região (imagem esclerótica). A destruição ou reabsorção óssea, determina, na radiografia, imagem de rarefação em consequência da menor quantidade de cálcio (imagem osteolítica). A semiologia das lesões ósseas pode se resumir em três tipos de anomalias (densidade, estrutura e forma) isoladas ou associadas. Nesse contexto, são observadas as seguintes alterações: - Diminuição da densidade óssea generalizada (osteoporose): denuncia processo sistêmico de origem hematológica (anemia, leucemia, mieloma múltiplo), endócrina (doença de Cushing) ou carencial (raquitismo). - Diminuição da densidade óssea localizada: ocorre em processos infecciosos, tumorais ou traumáticos, ou ainda, pelo desuso. - Focos de destruição óssea (áreas osteolíticas): distribuídas em vários ossos, ocorrem nas metástases, nas neoplasias, em osteomielites por disseminação hematogênica. É importante observar sua forma, localização, limites e presença ou não de esclerose perifocal. - Aumento da densidade óssea generalizado: é observado nas metástases osteoblásticas, doença de Paget. - Aumento da densidade óssea localizado: pode ocorrer como reação óssea à disseminação de processo infeccioso ou tumoral, consolidação de fraturas. - Anomalias de forma podem ser secundárias a fraturas, malformações congênitas ou, ainda, a distúrbios de modelagem ou crescimento. Exames utilizados e suas indicações Ultra-sonografia: Indicações: - Massa sólida ou cística - Hematomas, abcessos, celulite - Derrames articulares - Luxação congênita do quadril - Doppler: aneurismas poplíticos, trombose. Tomografia computadorizada: Indicações: - Avaliar fraturas complexas - Fragmentos ósseos intra-articulares - Alterações associadas - Massas de partes moles – extensão Artografia: Indicações: - Avalia cartilagem articular, cápsula e ligamentos, porém é um método invasivo.Cintigrafia: Indicações: - Metástases - Diferenciar metástases de mieloma múltiplo - Detecção precoce de osteomielite Ressonância magnética: Indicações: - Ligamentos, tendões, cartilagens, inserções musculares - Relação com estruturas adjacentes - Extensão medular da lesão - Fraturas ocultas, contusões ósseas Doenças ósseas Osteomielite/Artrite séptica: O exame padrão-ouro para a avaliação na fase inicial é a cintigrafia óssea. Sinais radiológicos: - Edema de partes moles: pode ser o primeiro sinal - Áreas líticas com esclerose óssea reacional - Reação periosteal - Sequestro ósseo - Osteoporose das extremidades ósseas - Estreitamento do espaço articular: devido a destruição da cartilagem - Anquilose Doenças articulares Artrite reumatoide: Acometimento bilateral e simétrico, classicamente, nas articulações metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais das mãos e articulações cárpicas do punho. Os achados radiológicos: - Edema de tecidos moles - Osteoporose periarticular: nos metacarpos e falanges envolve a base e as cabeças dos ossos, poupando as diáfises, enquanto no punho pode envolver todos os ossos do carpo, bem como porções distais do rádio e da ulna - Estreitamento simétrico do espaço articular - Anquilose óssea - Erosões marginais Espondilite anquilosante: Caracteriza-se por inflamação crônica de enteses, podendo evoluir para fusão óssea. Acomete, principalmente, articulações sacroilíacas e a coluna. Achados radiológicos: - Sacroileíte bilateral e simétrica, caracterizada por erosões, esclerose óssea reacional, redução do espaço articular e anquilose em estágios mais avançados. - “Aspecto em bambu” da coluna, em estágios avançados, decorrente da ossificação dos ligamentos. Artrite psoriásica: Tende a envolver pequenas articulações das mãos e dos pés, sobretudo as interfalangeanas distais. Tumores ósseos Benignos, formadores de tecido ósseo Osteomas: - Idade: qualquer, predominando no adulto jovem. - Localização preferencial: crânio, bacia e diáfise de ossos longos. - Radiologia: lesão esclerótica bem definida. Osteoma osteóide: - Idade: 1ª e 2ª décadas. - Localização preferencial: diáfise de ossos longos (tíbia e fêmur). - Radiologia: lesão lítica com, no máximo, 2cm de diâmetro, circundada por halo de esclerose. Osteoblastoma: - Idade: mais frequente nas 2ª e 3ª décadas. - Localização preferencial: coluna vertebral - Radiologia: lesão lítica com halo esclerótico, podendo ocorrer calcificações na área lítica. Benignos, formadores de cartilagem Osteocondroma: - Idade: 1ª e 2ª décadas. - Localização preferencial: metáfise de ossos longos. - Radiologia: exostose óssea que cresce em sentido contrário ao crescimento do osso. Encondroma: - Idade: 2ª e 3ª décadas. - Localização preferencial: ossos tubulares das mão e ossos longos. - Radiologia: lesão lítica bem definida com halo de esclerose na cavidade medular, podendo apresentar calcificação na área lítica. Condroblastoma: - Idade: 2ª década. - Localização preferencial: epífise de ossos longos, ossos do tarso e patela. - Radiologia: lesão lítica arredondada com halo de esclerose. Malignos, formadores de osso Osteossarcoma: - Idade: 2ª e 3ª décadas. - Localização preferencial: metáfise de ossos longos. - Radiologia: lesões líticas e escleróticas de limites mal definidos, com ruptura da cortical, periostite e massa em partes moles. Malignos, formadores de cartilagem Condrossarcoma: - Idade: acima da 5ª década. - Localização preferencial: metáfise de ossos longos, podendo ocorrer em ossos chatos (costelas, escápulas e ilíacos). - Radiologia: lesão lítica de limites mal definidos, podendo ocorrer calcificação da área lítica e periostite. Obs.: Lesões benignas, não agressivas, tendem a provocar reação periosteal vista como uma fina linha radiopaca (reparo laminar único espesso) ou, quando apresentam crescimento mais rápido, ocorrem deslocamentos e calcificações sucessivas, várias camadas superpostas de periósteo calcificado vão se formando (reparo em casca de cebola). Em lesões com crescimento um pouco mais rápido o periósteo pode ficar elevado, formando osso em sua margem (triângulo de Codman). Já em lesão de crescimento rápido, e alto grau de malignidade o periósteo é rompido, formando reação periosteal irregular ou espiculada (reparo em raios de sol).
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