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MÁQUINAS TÉRMICAS II FORNALHAS Prof. Aloisio Ribeiro e-mail: aloisio.ribeiro@newtonpaiva.br FORNALHAS 1 - FORNALHAS Fornalha é a denominação genérica que se dá para o local onde se queima o combustível e de onde partem os produtos desta combustão. É formada por duas partes distintas: 1- O aparelho de combustão 2- A câmara de combustão O aparelho de combustão compreende um conjunto de componentes que oferecem as condições necessárias para a queima de combustível. Exemplos de aparelhos de combustão são as grelhas rotativas, as grelhas basculante, o queimador a óleo, a gás, etc. A câmara de combustão é representada por um volume adequadamente dimensionado onde se desenvolve a chama e se completa a combustão, além de propiciar a proteção e os suportes necessários para o aparelho de combustão. A fornalha deve evaporar toda a umidade do combustível e destilar suas substâncias voláteis, elevar a temperatura do combustível até a combustão espontânea proporcionando uma combustão completa, criar turbulência para misturar o ar e o combustível e finalmente impedir a troca de calor entre os gases quentes produzidos e o ambiente. No interior da fornalha as paredes devem ser revestidas com uma camada de tijolos refratários responsáveis por reter o calor no interior da fornalha, por isso devem ter refratariedade e alto ponto de fusão, resistência ao choque térmico e dilatação quase nula. A fixação desses tijolos é feita com argamassa refratária. Os principais componentes dos materiais refratários são o óxido de sílica, óxido de magnésio, grafite e silício. Recomenda-se, quando da utilização de tijolos refratários novos, que se aplique pouco calor nos primeiros momentos e se vá aumentando gradativamente, até atingirem suas características de operação. 1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FORNALHAS Várias são as maneiras de se classificar este componente importante dos geradores de vapor, sendo assim optou-se pela classificação que engloba todas as fornalhas em apenas duas categorias: 1- Fornalhas que queimam sobre suporte 2- Fornalhas de queima em suspensão A primeira categoria engloba todas as fornalhas que queimam combustíveis sólidos à granel, grosseiramente divididos, picados e britados. A segunda se preocupa com a queima de combustíveis líquidos, gasosos ou sólidos finamente pulverizados que podem ser queimados em suspensão. 1.2 FORNALHAS SOB SUPORTE As fornalhas sob suporte congregam uma série de concepções construtivas especificamente projetadas para a obtenção das melhores condições necessárias aos variados combustíveis disponíveis para a queima. Segundo a quantidade de combustível manipulado, seu grau de divisão e mecanização da alimentação, as fornalhas sobre suporte são subdividas em dois grupos: • fornalhas de suporte estático • fornalhas de suporte movimentado 1.2.1 FORNALHA DE SUPORTE ESTÁTICO Neste grupo incluímos todas as fornalhas onde o combustível introduzido, permanece praticamente em repouso sob o suporte até sua completa extinção. Se enquadram nesse grupo, as seguintes fornalhas: • Fornalha de Grelhas Planas São adequadas para a queima de lenha em toras de um metro. A figura 1.1 mostra a instalação de uma grelha plana em caldeira flamotubular. O suporte todo costuma possuir ligeira inclinação para a parte posterior de 10 a 15 graus para facilitar o manuseio do combustível durante os períodos de movimentação das toras a que são submetidos. A aplicação deste tipo de grelha é limitado à caldeiras com capacidade de gerar até 15 tv/h. A partir desta capacidade o suprimento manual do combustível se complica o ponto de inviabilizá-lo. Projetos maiores, jamais deveriam adotar este sistema de queima sob pena de contribuir para o desperdício de reservas florestais comprometidas com outros programas mais coerentes com a economia da Nação. Grelha Plana : a- caixa de fogo; b- suporte da grelha; c- barras de grelha; d- ponte de fornalha Figura 1.1 • Fornalha de Grelha em Escada Como o nome sugere, esta grelha é construída por placas de FOFO, formando degraus, apoiados em travessões inclinados. O combustível é arrastado ou projetado no início do plano inclinado, desce até formar um monte equilibrado, preenchendo todo o suporte. A figura 1.2 apresenta quatro exemplos de grelha tipo escada. Em seguida na figura 1.3, apresenta-se algumas disposições construtivas dos travessões inclinados que servem de apoio às placas que compõem os degraus. Estas grelhas, quando alimentadas mecanicamente se prestam para caldeiras de até 20 tv/h. Acima deste valor, há outros processos mais adequados e de mais fácil manutenção. Quatro exemplos de grelhas em escada Fig. 1.2 Componentes da grelha de escada Fig. 1.3 Gerador de Vapor com Grelhas Inclinadas Fig. 1.4 Grelha Resfriada Inclinada É uma variante da grelha anterior e consta de um plano inclinado constituído pelos próprios tubos de circulação de água da caldeira. Esses tubos, afastados um do outro, cerca de 60 a 120 mm são soldados em dois coletores, um alimenta o feixe inclinado e o outro que recebe a água em circulação conectado com o resto da caldeira (figura 1.4). Aplicam-se em unidades geradoras de até 100 tv/h para a queima de qualquer biomassa, mesmo aquelas contendo teores de umidade superiores a 50%. Se prestam pois, para queimar cavacos de lenhas, resíduos florestais, resíduos industriais, cascas de cereais e outras bio-massas. Fornalhas Celulares Extremamente simples, versáteis e satisfatória quanto a performance, são verdadeiras câmaras de alvenaria refratária, sobre cujo piso, o combustível é despejado, formando um monte que recebe ar insuflado em todos os planos, proporcionando a secagem parcial e queima. São utilizados para queima de diferentes bio-combustíveis, como: cavacos, casca de madeira, serragem, cascas de cereais e de lenha, porém a aplicação mais generalizada tem sido na queima de bagaço de cana. A figura 1.5 mostra como opera uma fornalha deste tipo, identificando os tubeiros sopradores de ar, geralmente introduzidos com uma velocidade entre 8 a 15 m/s. Fornalha celular Fig. 1.5 Fornalhas com Grelhas Basculantes A figura 1.6 apresenta um projeto de caldeira com grelhas basculantes para queima de casca de arroz. As fornalhas desta categoria se aplicam para caldeiras de até 150 tv/h Como se observa no desenho, a grelha é formada por piso plano constituído por placas perfuradas, observe que o ar ingressa por baixo do piso basculante. As placas se apoiam em travessões lisos que giram em torno de mancais laterais mediante a ação de um pistão pneumático, que também pode ser visto pela figura 1.7. A cada ação do pistão corresponde um basculante, durante o qual as cinzas caem no cinzeiro. Esta concepção construtiva possui alimentação de combustível sempre por projeção. Há dois tipos de distribuidores, um denominado aspegidor pneumático e outro mecânico (figura 1.7). Caldeira Aquotubular com Grelha Basculante Fig.1.6 Aspegidor de Combustível Sólido Tipo Mecânico Fig. 1.7 1.2.2 FORNALHA DE SUPORTE MOVIMENTADO Grande número de concepções construtivas se enquadram nesta segunda subdivisão de fornalhas de suporte. As principais características que se distinguem das anteriores, reside no seguinte: - alimentação contínua e mecanizada do combustível - suportes constituídos por componentes que percorrem toda extensão do plano inferior da fornalha com movimento contínuo assegurado por acionamento mecânico. De acordo com o mecanismo aplicado para provocar o deslocamento do combustível, distingue-se os seguintes tipos: - grelha caminhante por arraste; - grelha comalimentação por baixo; - grelha oscilante; - grelha com esteira contínua. Grelha Caminhante por Arraste Trata-se de uma grelha inclinada constituída de elementos articulados que promovem um movimento alternativo das placas de suporte. Há placas móveis e fixas, todas apoiadas por estruturas de ferro fundido. As placas móveis, mediante ação de um mecanismo correm guiadas sobre as fibras, deslocando o leito do combustível no sentido do plano inclinado no movimento de vai e vem. O movimento é lento, de forma a provocar um deslocamento com velocidade de queima necessária à caldeira, esta grelha também é conhecida pelo nome de grelha vai e vem. A figura 1.8 ilustra este tipo de grelha com inclinação aproximada de 20º em que a rosca sem fim (a) força o carvão sobre as barras de suporte (b) apoiadas nas vigas de acionamento (c) movimentadas por uma engrenagem regulável (d) que lhe confere o movimento de vai e vem. O cilindro (e) é responsável por projetar a escória mais leve ao reservatório de escória (i) que recebe também detritos da grelha pela saída (k). O ventilador (f) introduz o ar de combustão que penetra na grelha pelas câmaras de corrente de ar inferior (g); regulado por “dampers” através do controle da corrente de ar inferior (h). Bocais de ar (l), localizados acima da grelha, auxiliam na queima do pó de carvão em suspensão e do coque volátil. Fig. 1.8 Grelha de Alimentação por Baixo O combustível é admitido por meio de uma rosca (a), acionada por motor elétrico (h) com transmissão por engrenagens (g), que continuamente projeta o combustível na parte inferior da grelha. A grelha (c) propriamente dita é inclinada e transversalmente apresenta dupla inclinação de ambos os lados do, canal central (b), de forma que o combustível caminhe do centro para os lados, onde é totalmente queimado sobre a grelha de combustão (d), conforme representação na figura 1.9 (seção A-B). O carvão, a medida que é forçado a subir para as partes superiores do leito, vai se aquecendo eliminando os voláteis e incandescendo-se. Atingindo o topo do leito, o carvão rola sobre si mesmo lateralmente até sua extinção total na grelha de combustão. As laterais recebem as cinzas que são basculadas por meio de alavancas (e), caindo em seguida nos cinzeiros. A escória é direcionada para a saída f da figura 1.9. Fig. 1.9 Grelha Oscilante São grelhas que provocam o caminhamento do combustível sob o suporte, graças a impulsos produzidos por mecanismo oscilante (figura 1.10). Grelha com Movimento Oscilatório Fig. 1.10 O suporte é constituído por placas perfuradas, uma ao lado da outra, formando um piso ligeiramente inclinado para o fundo. Estas placas são fixadas em barras, as quais, por sua vez, se reúnem a lâminas flexíveis. Estas lâminas flexíveis, no lado oposto às barras, são rigidamente fixadas a uma estrutura solidamente chumbada no concreto da fundação. A grelha é adaptável para a queima de qualquer combustível de biomassa e do carvão com médio e baixo teor de cinzas. Carvão com alto poder calorífico, fundem as placas e inutilizam a fornalha, fato este que tem limitado sua aplicação. Modelo mais avançado é a grelha oscilante resfriada que queima carvão com alto poder calorífico pois contém, junto ao piso da grelha tubos resfriados pela própria água da caldeira além de apresentar na sua parte inferior compartimentos por onde passa o ar de combustão. Grelha com Esteira Contínua Também conhecidas como grelha rotativa, lembra um transportador, onde os óleos das correntes recebem as placas perfuradas que formam o piso do leito. Foram concebidos com a finalidade de desempenhar automaticamente boas condições de carregamento, distribuição do combustível e extração de cinzas (figura 1.11). Entre todas é a de montagem mais complexa porque envolve uma mecanização mais elaborada, são utilizadas para aplicação em caldeiras de produção superiores a 39 t/h até 150 t/h. Fig. 1.11 1.3 FORNALHA DE QUEIMA EM SUSPENSÃO São as fornalhas usadas quando se queima óleos , gases ou combustíveis sólidos pulverizados, utilizando para tal, equipamento especial chamado maçarico ou combustor, responsável pela dispersão do combustível na fornalha de forma homogênea. Cada classe de fornalha emprega queimadores especiais para proporcionar as condições de queima adequada. Conforme o tipo de combustível empregado, podemos ter: - queimadores de combustíveis líquidos; - queimadores de combustíveis gasosos; - queimadores de combustíveis sólidos pulverizados. Câmara de Combustão A maior eficiência de uma câmara de combustão é conseguida quando no seu projeto leva em consideração os aspectos: • Volume adequado apropriado ao tipo e à quantidade de combustível que se deseja queimar. • Altura compatível com a circulação da água nos tubos e tempo efetivamente gasto para queimar o combustível no interior da câmara. • Disposição adequada dos queimadores para evitar principalmente contato direto da chama com os tubos d´água. • Forma apropriada para a câmara, no sentido de favorecer a queima e garantir fluxo regular dos gases de combustão. • Temperaturas compatíveis com o equipamento e com o próprio combustível que se deseja queimar. Carga térmica É importante definir a relação entre energia liberada e volume da câmara de combustão conhecido como carga térmica. Pois se o volume for pequeno pode implicar em combustão parcial com presença de material ainda combustível nos gases que deixam a fornalha. Por outro lado, volumes grandes, por representarem maior superfície de irradiação, podem implicar em menores temperaturas na câmara, podendo dificultar o processo de ignição das partículas de combustível. A carga térmica volumétrica depende, principalmente, do tipo de combustível, capacidade do gerador, processo de queima e características da câmara de combustão. Com estes aspectos e outros citados resulta em cargas térmicas bastante variáveis. A tabela abaixo dá uma ideia dessa variação. Em caldeiras flamotubulares, a exemplo apresenta cargas térmicas numa faixa bem maior, alcançando valores da ordem de 2000 KW/m3 (430 a 1720 Mcal/m3h) Tabela: Carga térmica volumétricas indicadas por algumas fornalha em operação e adaptadas com paredes d´água (kW/m3) Taxa de carregamento TAXAS DE CARREGAMENTO INDICADAS POR ALGUMAS FORNALHAS EM OPERAÇÃO - Kg/m2h 0 200 400 600 Queima de carvão: Em grelhas estacionárias xxxxxxxx Em grelhas móveis xxxxxxxxxxxxx Queima de lenha: Em grelhas inclinadas xxxxxxxxxxxxxx Em grelhas móveis xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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