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1 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Profª Manuela Rösing Agostini - E aí criaturas? Preparados para Administração? Veremos um tópico importantíssimo do edital para o concurso do TRT-MT: administração pública. Dividiremos nosso conteúdo em módulos que foram adaptados ao edital do TRT-23. Aproveitem a disciplina, resolvam os testes, mandem questionamentos... Uma ótima preparação para todos nós e BOA PROVA!!! TÓPICOS DO EDITAL TRT-23 NOÇÕES DE GESTÃO/ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação. Gestão Estratégica: excelência nos serviços públicos, Gestão estratégica do Poder Judiciário brasileiro, ferramentas de análise para gestão e planejamento estratégico, tático e operacional; Balanced scorecard, estratégias, indicadores de gestão, gestão de projetos, gestão por competências; Governança e governabilidade: administração gerencial; gestão pública eficiente, eficaz e efetiva; PDCA, monitoramento e avaliação; estrutura organizacional, cultura, liderança e clima organizacional, controle do patrimônio público; prestação de contas; Processo de Planejamento na Administração Pública: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual; princípios da administração pública, princípios gerais da administração; Sistema de gestão pública: ética no serviço, gestão de pessoas e gestão de processos, simplificação de rotina de trabalho. Resolução 70 do Conselho Nacional de Justiça, Resolução 49 do Conselho Nacional de Justiça e Decreto Lei 200/67. SUMÁRIO 1. Arquitetura das estruturas organizacionais e departamentalização ...................................... 2 1.1 Características básicas das organizações formais modernas ................................................ 2 1.2 Departamentalização ..................................................................................................................... 8 1.2.1 Departamentalização funcional ................................................................................................. 8 1.2.2 Departamentalização por produtos ou serviços ..................................................................... 9 1.2.3 Departamentalização geográfica ............................................................................................ 10 1.2.4 Departamentalização por clientela ......................................................................................... 11 1.2.5 Departamentalização por processo ........................................................................................ 12 1.2.6 Departamentalização por projetos .......................................................................................... 13 2 1.2.7 Departamentalização por quantidade .................................................................................... 14 1.2.8 Departamentalização por turno ............................................................................................... 15 1.2.9 Departamentalização matricial ................................................................................................ 16 1.2.10 Departamentalização mista ................................................................................................... 17 2. Processo organizacional ............................................................................................................ 17 2.1 Planejamento ................................................................................................................................. 18 2.2 Organização .................................................................................................................................. 20 2.3 Direção ........................................................................................................................................... 21 2.4 Controle .......................................................................................................................................... 21 3. Gestão de desempenho e gestão por competências ............................................................ 23 3.1 Gestão por competências .......................................................................................................... 30 4. Gestão estratégica ...................................................................................................................... 33 4.1 Planejamento estratégico no judiciário brasileiro ................................................................... 45 5. Gestão por processos ................................................................................................................. 53 6. Gestão por projetos ..................................................................................................................... 59 7 Ciclo PDCA: Planejar, Fazer, Verificar E Agir ......................................................................... 68 1. Arquitetura das estruturas organizacionais e departamentalização 1.1 Características básicas das organizações formais modernas A ciência da Administração sofre diversas mudanças em seus conceitos e abordagens no desenvolver de sua evolução, concomitantemente com a da humanidade. Nesse sentido, abordaremos os principais conceitos desta ciência, a fim de identificar suas principais características e peculiaridades. Partiremos de uma breve análise sobre os seus principais conceitos e princípios, chegando, enfim, as estruturas organizacionais modernas. Assim, o que é ADMINISTRAÇÃO? Administração significa a maneira de governar organizações ou parte delas. É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz (CHIAVENATO, 2000). 3 Seguindo na construção do conceito de administração, descobrimos que: Ilustrada pelo seu símbolo, a profissão do administrador engloba alguns fatores fundamentais, tais como: organizar, dispor para funcionar, reunir, centralizar, orientar, direcionar, coordenar, arbitrar, relatar, planejar, dirigir, encaminhar os diferentes aspectos de uma questão para o objetivo comum. OK, falamos de ORGANIZAÇÃO... mas, afinal, qual será o seu conceito? Oliveira (2000) nos relata que é a “ordenação e agrupamento de atividades e recursos, visando ao alcance dos objetivos e resultados estabelecidos”. Sem problema, entendido... mas preciso saber como ordenar e agrupar estes recursos. Para tanto, vou descobrir o que é a chamada ESTRUTURA ORGANIZACIONAL: Esta estrutura organizacional poderá ser de duas formas: E agora? Basta saber os PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ORGANIZAÇÃO FORMAL: A organização consiste em um conjunto de posições funcionais hierárquicas orientadas para o objetivo econômico de produzir bens ou serviços. Os princípios fundamentais da organização formal são (CHIAVENATO, 2000): 4 1. Divisão do trabalho: O objetivo imediato e fundamental de toda e qualquer organização é a produção de bens ou de serviços. Para se tornar eficiente, a produção deve basear-se na divisão do trabalho, ou seja, na maneira pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas que o constituem. É um reflexo da Revolução Industrial, principalmente na produção em massa dos produtos, aumentando as quantidades fabricadas, reduzindo o custo de produção e automatizando as linhas de trabalho. Palavras mágicas deste princípio são: padronização, simplificação das atividades PALAVRAS MÁGICAS • Padronização; • Simplificação de atividades; • Especialização e detalhamento de atividades; • Departamentalização(a seguir...); • Produtividade; • Eficiência; • Redução dos custos de produção. 2. Especialização: Como consequência do princípio da divisão do trabalho surge a especialização: cada órgão ou cargo passa a ter funções e tarefas específicas e especializadas.Atribui-se a cada posto de trabalho tarefas simples e repetitivas que requeiram pouca experiência do executor e escassos conhecimentos prévios. 3. Hierarquia: Outra consequência do princípio da divisão do trabalho é a intensa diversificação funcional dentro da organização. A pluralidade de funções imposta pela especialização exige inevitavelmente o desdobramento da função de comando, cuja missão é dirigir todas as atividades para que elas cumpram harmoniosamente as suas respectivas missões. Isso significa que, além de uma estrutura de funções especializadas, a organização precisa também de uma estrutura hierárquica para dirigir as operações dos níveis que lhe estão subordinados. Daí o princípio da hierarquia, também denominado de princípio escalar. Em toda organização formal existe uma hierarquia que divide a organização em camadas ou níveis de autoridade. Na medida em que se sobe na escala hierárquica, aumenta o volume de autoridade do administrador. Este princípio da hierarquia aduz dois novos conceitos: a autoridade e a responsabilidade. A autoridade é conceituada como um poder formal, ou seja, o direito de dar ordens, de comandar outros, para que executem ou deixem de executar algo, da maneira considerada, pelo possuidor dessa autoridade, como adequada para a realização dos objetivos da empresa ou do órgão. Fayol dizia que a “autoridade é o direito de dar ordens e o poder de exigir obediência”, conceituando-a como poder formal e poder legitimado. Assim, como condição básica para a tarefa administrativa, a autoridade investe o administrador do direito reconhecido de dirigir subordinados para que desempenhem atividades voltadas ao alcance dos objetivos da empresa. A autoridade formal é um poder concedido pela organização ao indivíduo que nela ocupa uma determinada posição. Para os neoclássicos, autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, transmitir ordens e alocar recursos para alcançar os objetivos desejados da organização. A autoridade se distingue por três características: a. Autoridade é alocada em posições da organização e não em pessoas. Os administradores têm autoridade devido às posições que ocupam. Outros administradores nas mesmas posições têm a mesma autoridade. b. Autoridade é aceita pelos subordinados. Os subordinados aceitam a autoridade dos superiores porque acreditam que eles têm o direito legítimo, transmitido pela organização, de dar ordens e esperar o seu cumprimento. 5 c. A autoridade flui para baixo através da hierarquia verticalizada. A autoridade flui do topo até a base da organização, e as posições do topo têm mais autoridade do que as posições da base. A responsabilidade é o outro lado da moeda. Significa o dever de desempenhar a tarefa ou atividade para a qual a pessoa foi designada. O grau de autoridade é proporcional ao grau de responsabilidade assumida pela pessoa. Para os autores neoclássicos, a responsabilidade provém da relação superior-subordinado e do fato de alguém ter autoridade para exigir determinadas tarefas de outras pessoas. É a relação contratual pela qual o subordinado concorda em executar serviços em troca de retribuições ou compensação monetária. A autoridade emana do superior para o subordinado, enquanto a responsabilidade é a obrigação exigida do subordinado para que este realize tais deveres. A responsabilidade é delegada a subordinados, embora o que se delega é a autoridade e não somente a responsabilidade. Delegação é o processo de transferir autoridade e responsabilidade para posições inferiores na hierarquia. Muitas organizações encorajam seus gerentes a delegar autoridade aos níveis mais baixos a fim de proporcionar o máximo de flexibilidade para satisfazer as necessidades do cliente e se adaptar ao ambiente. As técnicas de delegação de autoridade são as seguintes: a. Delegar a tarefa inteira. O gerente deve delegar uma tarefa inteira a uma pessoa, em vez de subdividi-la entre várias pessoas. Isso dá a cada indivíduo a responsabilidade completa e aumenta sua iniciativa, enquanto proporciona ao gerente melhor controle sobre os resultados. b. Delegar à pessoa certa. O administrador deve conciliar o talento da pessoa com a tarefa para que a delegação seja eficaz e avaliar os subordinados que são independentes nas decisões e que desejam assumir responsabilidades. c. Delegar responsabilidade e autoridade. Designar apenas as tarefas não constitui uma delegação completa. A pessoa deve ter responsabilidade para realizar a tarefa e autoridade para desempenhar a tarefa da maneira que julgar melhor. d. Proporcionar informação adequada. A delegação deve incluir informação sobre o quê, por que, quando, onde, quem e como. O subordinado deve compreender a tarefa e os resultados esperados. e. Manter retroação. Retroação significa linhas abertas de comunicação com o subordinado para responder questões e proporcionar orientação, mas sem exercer controle. A retroação dá ao subordinado a pista certa, e as linhas abertas de comunicação aumentam a autoconfiança. f. Avaliar e recompensar o desempenho. O administrador deve avaliar os resultados alcançados e não apenas os métodos. Quando os resultados não alcançam as expectativas, o gerente deve mostrar os erros e consequências. Quando alcançam ou ultrapassam as expectativas, o gerente deve recompensar o trabalho bem feito com orgulho, recompensas financeiras e delegação de novas atividades. Quanto maior a organização, maior o número de níveis hierárquicos de sua estrutura. A nivelação hierárquica representa a especialização da direção, ou seja, a distribuição da autoridade e responsabilidade nos níveis de organização. A estrutura formal é uma cadeia de níveis hierárquicos sobrepostos — a cadeia escalar descrita por Fayol — formando uma pirâmide, tendo a direção (nível institucional) no topo, os executores na base (nível operacional) e, no nível intermediário, as camadas do meio do campo. Daí decorre o aspecto piramidal da estrutura hierárquica. Atualmente, as organizações estão reduzindo seus níveis hierárquicos para enxugar a organização e aproximar a base do topo e fazê-la mais ágil em um mundo repleto de mudanças e transformações. 4. Amplitude Administrativa: Em decorrência do princípio da hierarquia com a distribuição de autoridade e responsabilidade surge o conceito de amplitude administrativa (ou amplitude de comando ou amplitude de controle, ou ainda o 6 alcance da gerência, alcance de controle, saturação de controle ou âmbito de comando): significa o número de subordinados que o administrador pode dirigir. Quando o administrador tem muitos subordinados, sua amplitude de comando é grande e ampla. A amplitude média adotada pela organização determina a configuração geral de sua estrutura organizacional. Uma amplitude média estreita com um maior número de níveis hierárquicos produz uma estrutura alta e alongada. Ao contrário, uma amplitude larga com poucos níveis hierárquicos produz uma estrutura organizacional achatada e dispersada horizontalmente. 5. Racionalismo da organização formal: Uma das características da organização formal é o racionalismo. Uma organização é um conjunto de encargos funcionais e hierárquicos a cujas prescrições e normas de comportamento todos os seus membros devem se sujeitar. O princípio básico desta forma de conceber uma organização é que, dentro de limites toleráveis, os seus membros se comportarão racionalmente, isto é, de acordo com as normas lógicas de comportamento prescritas para cada um deles. Dito de outra forma,a formulação de um conjunto lógico de encargos funcionais e hierárquicos está baseada no princípio de que as pessoas vão funcionar efetivamente de acordo com esse sistema racional. Fechado Prô Manu, e agora? Vamos aos TIPOS DE ORGANIZAÇÃO FORMAL: Cada organização tem uma estrutura organizacional em função dos seus objetivos, do seu tamanho, da conjuntura que atravessa e da natureza dos produtos que fabrica ou dos serviços que presta. Os autores identificaram três tipos tradicionais de organização, a saber: organização linear, organização funcional e organização linha-staff. 1. Organização linear: Constitui a forma estrutural mais simples e antiga, pois tem sua origem na organização dos antigos exércitos e na organização eclesiástica dos tempos medievais. O nome organização linear significa que existem linhas diretas e únicas de autoridade e de responsabilidade entre superior e subordinados Daí seu formato piramidal. Cada gerente recebe e transmite tudo o que se passa na sua área de competência, pois as linhas de comunicação são rigidamente estabelecidas. É uma forma de organização típica de pequenas empresas ou de estágios iniciais das organizações. PALAVRAS MÁGICAS • Autoridade linear ou única; • Linhas formais de comunicação; • Centralização das decisões; • Aspecto piramidal; • Estrutura simples e de fácil compreensão; • Chefia e comando. 2. Organização funcional: É a forma estrutural baseada na especialização e na supervisão funcional. As linhas de comunicação são diretas, a autoridade é funcional (dividida por especialistas) e as decisões são descentralizadas. Vantagens: proporciona o máximo de especialização nos diversos órgãos ou cargos da organização; permite a melhor supervisão técnica possível; desenvolver comunicações diretas, sem intermediações; e, separa as funções de planejamento e de controle das funções de execução. Desvantagens: diluição e consequente perda de autoridade de comando; subordinação múltipla; tendência à concorrência entre os especialistas; tendência à tensão e conflitos dentro da organização. 7 3. Organização Linha-Staff: o tipo de organização linha-staff é o resultado da combinação dos tipos de organização linear e funcional, buscando-se incrementar as vantagens desses dois tipos de organização e reduzir as suas desvantagens. Alguns autores o denominam do tipo “hierárquico-consultivo”. Na organização Linha-Staff há características do tipo linear e do tipo funcional, reunidas para proporcionarem um tipo organizacional mais completo e complexo. Nesta organização coexistem órgãos de linha (órgãos de execução) e de assessoria (órgãos de apoio e de consultoria) mantendo relações entre si. Os órgãos de linha caracterizam-se pela autoridade linear e pelo princípio escalar, enquanto os órgãos de Staff prestam assessoria e serviços especializados. PERFEITO, aprendi que a organização formal divide-se em três tipos, entretanto percebi que há uma necessidade de diferenciar e especializar as tarefas e atividades da empresa. Desta forma, vamos ao conceito e classificação dos tipos de DEPARTAMENTALIZAÇÃO. 8 1.2 Departamentalização 1.2.1 Departamentalização funcional Departamentalização Funcional: consiste no agrupamento das atividades e tarefas de acordo com as funções principais desenvolvidas na organização (CHIAVENATO, 2000). A divisão do trabalho faz com que a organização se departamentalize de acordo com o critério de semelhança de funções, em atividades agrupadas e identificadas pela mesma classificação funcional, como produção, vendas e finanças. Vantagens: a) Permite agrupar os especialistas com uma única chefia comum; b) Garante o máximo da utilização das habilidades técnicas; c) Permite economia de escala pela utilização integrada de pessoas, máquinas e produção em massa; d) Orienta as pessoas para uma atividade específica; e) Indicada para empresas estáveis com tarefas rotineiras; f) Aconselhada para empresas que tenham produtos ou serviços que permaneçam inalterados por longo tempo; g) Reflete um dos mais altos níveis de auto-orientação de uma organização e de introversão administrativa. Desvantagens: a) Reduz a cooperação interdepartamental e cria barreiras entre os departamentos em razão da ênfase nas especialidades; b) Inadequada para tecnologias inovadoras; Departamentalização é o nome dado à especialização horizontal na organização através da criação de departamentos para cuidar das atividades organizacionais. É decorrente da divisão do trabalho e a homogeneização das atividades (CHIAVENATO, 2000). 9 c) Dificulta a adaptação e flexibilidade a mudanças externas; d) Os esforços ficam concentrados nas especialidades em detrimento do objetivo global da empresa. 1.2.2 Departamentalização por produtos ou serviços Envolve diferenciação e agrupamento de atividades de acordo com o resultado da organização, isto é, de acordo com o produto ou serviço realizado. Baseia-se nos produtos ou serviços executados pela organização, que se descentraliza em função deles. Vantagens: a) Fixa a responsabilidade dos departamentos para um produto ou linha de produto ou serviço. O departamento é avaliado pelo sucesso do produto ou serviço. O executivo maior de cada departamento é orientado para todos os aspectos básicos do seu produto, como comercialização, desenvolvimento do produto, custo, lucratividade e desempenho etc. b) Facilita a coordenação interdepartamental, uma vez que a preocupação básica é o produto e as diversas atividades departamentais tornam-se secundárias e precisam sujeitar-se ao objetivo principal que é o produto. c) Facilita a inovação, que requer cooperação e comunicação de vários grupos contribuintes para o produto. A estratégia de crescimento de muitas empresas levou-as a abandonar a estrutura de departamentalização funcional, para adotar uma estrutura de departamentos focalizados sobre produtos ou grupos de produtos. d) Indicada para circunstâncias externas e mutáveis, pois induz à cooperação entre especialistas e à coordenação de seus esforços para um melhor desempenho do produto. e) Permite flexibilidade, pois as unidades de produção podem ser maiores ou menores, conforme as condições mudem, sem interferir na estrutura organizacional como um todo. O enfoque da organização é predominante sobre os produtos e não sobre a sua estrutura organizacional interna. Desvantagens: a) Enquanto a departamentalização funcional concentra especialistas em um grupo sob uma só chefia, a departamentalização por produtos dispersa-os em subgrupos orientados para diferentes produtos. Como a competência de um especialista é continuamente melhorada e desenvolvida por meio da interação com outros especialistas, pode ocorrer algum enfraquecimento na excelência técnica dos especialistas orientados para o produto. b) A departamentalização por produtos é contra-indicada para circunstâncias externas estáveis (estabilidade ambiental), para empresas com poucos produtos diferentes ou linhas reduzidas de produtos, por trazer elevado custo operacional nestas situações. c) Pode provocar problemas humanos de temores e ansiedades, quando em situação de instabilidade externa: os empregados tendem a ser mais 10 inseguros com relação a alguma possibilidade de desemprego ou por retardamento na sua carreira profissional. d) Enfatiza a coordenação em detrimento da especialização. 1.2.3 Departamentalização geográfica É denominada departamentalização territorial ou regional ou por localização geográfica. Requer diferenciação e agrupamento das atividadesde acordo com a localização onde o trabalho será desempenhado ou uma área de mercado a ser servida pela empresa. Assim, as funções e os produtos/serviços (sejam similares ou não) deverão ser agrupados na base de interesses geográficos. É mais indicada para a área de produção (operações) e de vendas, sendo pouco utilizada pela área financeira, que nem sempre permite descentralização. Vantagens: a) Quando as circunstâncias externas indicam que o sucesso da organização depende particularmente do seu ajustamento às condições e necessidades locais ou regionais, a estratégia territorial torna-se imprescindível. b) A organização territorial permite fixar a responsabilidade de lucro e desempenho, da mesma forma que a organização por produtos, apenas que, no caso, a ênfase é colocada no comportamento regional ou local. c) Permite encorajar os executivos a pensar em termos de sucesso do território, melhor que em termos de sucesso de um departamento especializado em uma departamentalização funcional ou em termos de sucesso de um produto em uma departamentalização por produtos. d) É especialmente indicado para firmas de varejo, desde que certas funções (como, por exemplo, compras ou finanças) sejam centralizadas. e) Como cada divisão opera em um território como se fosse uma companhia independente, cada gerente divisional pode tomar decisões adequadas e adaptadas às diferenças territoriais. A organização está mais voltada para seu ambiente territorial, para o seu mercado do que para seus aspectos internos. Desvantagens: a) O enfoque territorial da organização pode deixar em segundo plano a coordenação tanto dos aspectos de planejamento, execução ou controle da 11 organização como um todo, em face do grau de liberdade e autonomia colocado nas regiões ou filiais. b) A preocupação estritamente territorial concentra-se mais nos aspectos mercadológicos e de produção e quase não requer especialização. As outras áreas da empresa, como finanças, pesquisa e desenvolvimento e recursos humanos tornam-se secundários. 1.2.4 Departamentalização por clientela A organização na base da clientela envolve a diferenciação e o agrupamento das atividades de acordo com o tipo de pessoa ou pessoas para quem o trabalho é executado. As características dos clientes – como idade, sexo, nível sócio- econômico, tipo de consumidor, etc. – constituem a base para esse tipo de departamentalização. A departamentalização por clientes ou por fregueses reflete o interesse pelo consumidor do produto ou serviço oferecido pela organização. É um critério importante, quando a organização lida com diferentes classes de clientes com diferentes características e necessidades. Vantagens: a) Quando a satisfação do cliente é o aspecto mais crítico da organização. A departamentalização por cliente é a abordagem mais extrovertida da organização, mais preocupada com o cliente do que consigo mesma. b) Quando o negócio depende de diferentes tamanhos ou características de produtos ou serviços que variam conforme o tipo ou o tamanho do cliente. O cliente é mais importante do que os produtos ou serviços, que devem ser adaptados a ele, principalmente quando os clientes podem ser indivíduos, organizações ou o próprio governo. c) Predispõe os executivos e todos os participantes da organização para a tarefa de satisfazer às necessidades e aos requisitos dos clientes. d) Permite à organização concentrar seus conhecimentos sobre as distintas necessidades e exigências dos canais mercadológicos. 12 Desvantagens: a) As demais atividades da organização (como produção, finanças etc.) podem tornar-se secundárias ou acessórias, em face da preocupação compulsiva pelo cliente. b) Os demais objetivos da organização (como lucratividade, produtividade, eficiência etc.) podem ser deixados de lado ou sacrificados em função da satisfação do cliente. 1.2.5 Departamentalização por processo Também conhecida como departamentalização por fases do processo ou por processamento ou ainda por equipamento. É frequentemente utilizada nas empresas industriais nos níveis mais baixos da estrutura organizacional das áreas produtivas ou de operações. A diferenciação e o agrupamento se fazem por meio de sequência do processo produtivo ou operacional ou, ainda, por meio de arranjo e disposição racional do equipamento utilizado. É o processo de produção dos bens ou serviços que determina a estratégia de diferenciação e agrupamento. Processo é um conjunto de atividades estruturadas e destinadas a resultar em um produto especificado para um determinado cliente ou mercado. É uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, e entradas e saídas claramente identificadas. O processo é entendido como uma série de atividades que fornecem valor a um cliente. O cliente do processo não é necessariamente um cliente externo da empresa. Ele pode estar dentro da empresa. É o chamado cliente interno. Vantagens: a) A departamentalização por processo procura extrair vantagens econômicas oferecidas pela própria natureza do equipamento ou da tecnologia. A tecnologia passa a ser o foco e o ponto de referência para o agrupamento de 13 unidades e posições. Com a ênfase nos processos surgiu a reengenharia. A reengenharia procura reinventar as organizações através do total redesenho dos processos empresariais. Desvantagens: a) Quando a tecnologia utilizada passa por intenso desenvolvimento e mudanças que alteram o processo produtivo, a departamentalização por processo peca pela absoluta falta de flexibilidade e de adaptação. 1.2.6 Departamentalização por projetos O agrupamento ou organização na base de projetos envolve a diferenciação e o agrupamento das atividades de acordo com as saídas e resultados (outputs) relativos a um ou vários projetos da empresa. É uma estratégia utilizada em empresas de grande porte e que produzem produtos que envolvam grandes concentrações de recursos e prolongado tempo para sua produção. É o caso de estaleiros navais que produzem navios, de obras de construções civil (edifícios) ou industrial (fábricas e usinas hidrelétricas) que exigem tecnologia sofisticada, pessoal especializado, reunião de recursos diferentes ao longo do produto. Como o produto é de grande porte e exige planejamento individual e detalhado e um extenso período de tempo para execução, cada produto é tratado como um projeto especial e sob encomenda. Esta estratégia de organização adapta a estrutura da empresa aos projetos que ela se propõe a construir. Através deste critério, unidades e grupos de empregados são destacados e concentrados durante longo lapso de tempo em projetos específicos e os recursos necessários são colocados em cada projeto. A departamentalização por projetos requer uma estrutura organizacional flexível e mutável, capaz de adaptar-se rapidamente e sem consequências imprevistas às necessidades de cada projeto a ser desenvolvido e executado durante um determinado prazo de tempo. Como o projeto é geralmente definido pelo cliente, de acordo com suas necessidades e especificações, e como requer uma determinada tecnologia, a adaptabilidade organizacional constitui um problema de base. O agrupamento por projeto representa a estratégia que permite um elevado grau de coordenação entre as partes envolvidas, que deixam suas posições anteriores para se fixarem temporariamente em um determinado projeto que passa a envolvê-las totalmente. 14 Vantagens: a) A departamentalização por projeto é, no fundo, uma departamentalização temporária por produto, quando se assumem proporções enormes, requerendoinvestimentos e recursos elevados, tecnologias específicas e períodos prolongados de tempo para seu planejamento e execução. Sua principal vantagem é a enorme concentração de diferentes recursos em uma atividade complexa e que exige pontos definidos de início e término, com datas e prazos determinados. Cada projeto tem seu ciclo de vida específico. É o tipo de departamentalização orientado para resultados. Desvantagens: a) Geralmente, cada projeto é único e inédito e envolve muitas habilidades e conhecimentos dispersos na empresa, com os quais pode passar de uma fase para outra dentro do ciclo de vida. Assim, quando termina um projeto, a empresa pode ser obrigada a dispensar pessoal ou a paralisar máquinas e equipamentos se não tiver outro projeto em vista. Além desta possível descontinuidade, a departamentalização por projeto pode provocar em muitas pessoas forte dose de ansiedade e angústia pela imprevisibilidade de futuro no emprego. 1.2.7 Departamentalização por quantidade Esse tipo de departamentalização envolve agrupar um certo número de pessoas não diferenciáveis que, a partir desta situação, têm obrigação de executar tarefas sob as ordens de um superior. Vantagens: a) Atividades em processos estruturados alocáveis em equipes igualmente quantificadas; b) Equilibrar níveis de poder. Desvantagens: Sua utilidade tem diminuído devido aos aspectos: 15 a) desenvolvimento dos recursos humanos; b) os trabalhos de equipe especializada são mais eficientes que os baseados em número de pessoas; c) não serve para os níveis intermediários e mais elevados da empresa. E mesmo para os níveis mais baixos da hierarquia empresarial a sua validade se restringe a determinados setores do processo produtivo. 1.2.8 Departamentalização por turno Esse tipo de departamentalização envolve agrupar um certo número de pessoas não diferenciáveis que, a partir desta situação, têm obrigação de executar tarefas sob as ordens de um superior. Sua utilidade tem diminuído devido aos aspectos: Vantagens: a) Para trabalhos similares, repetidos e contínuos; b) Demanda elevada em relação aos recursos disponíveis; c) Processos produtivos simples e padronizados; d) Não se quer pagar horas extras. Desvantagens: a) Existência de processos estruturados; b) Disciplina e equidade de atuação; c) Liberdade e iniciativa de decisão e ação d) Sistema de comunicação para ocorrências graves 16 1.2.9 Departamentalização matricial Na departamentalização matricial tem a sobreposição de dois ou mais tipos de departamentalização sobre a mesma pessoa. Geralmente esta sobreposição se refere à fusão entre a estrutura funcional e a estrutura por projetos. Uma tendência de gerentes de projetos, nesse tipo de departamentalização é a de tentar alocar a maior quantidade de recursos para si próprios através da monopolização dos setores funcionais. Se isso não for evitado, as funções são enfraquecidas e eventualmente perderão sua força. O grande inconveniente da departamentalização matricial é a dificuldade de definir claramente atribuições e autoridade de cada elemento da estrutura e minimizar conflitos inevitáveis. Vantagens: a) possibilidade de maior aprimoramento técnico de sua equipe de trabalho b) coordenação de equipe de forma mais adequada e coerente c) maior desenvolvimento de pessoal d) maior especialização nas atividades desenvolvidas e) uso adequado dos vários recursos f) maior cumprimento de prazos e do orçamento g) melhor atendimento dos clientes do projeto Desvantagens: a) dupla subordinação, gerando um clima de ambiguidade de papéis e relações b) conflitos de interesse entre os chefes funcionais e os de projeto. 17 1.2.10 Departamentalização mista É o tipo mais frequente pois cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade organizacional. A figura abaixo exemplifica uma departamentalização mista (projetos, funcional e territorial). Acima foram citados 10 tipos de departamentalização. O que é importante resaltar é que há diferentes classificações destas estruturas. Diferentes autores as classificam com nomes e em quantidade diferente. Entretanto, o que foi exposto acima é um resumão destas classificações (adaptado de OLIVEIRA, 2007; CHIAVENATO, 2000; CURY, 2009). 2. Processo organizacional MÓDULO 7 18 Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação. Este tópico é analisado com base nos estudos de CHIAVENATO, 2000. De um modo geral, aceita-se hoje o planejamento, a organização, a direção e o controle como as funções básicas do administrador. Essas quatro funções básicas — planejar, organizar, dirigir e controlar — constituem o chamado processo administrativo. As funções do administrador que formam o processo administrativo são mais do que uma sequência cíclica, pois elas estão intimamente relacionadas em uma interação dinâmica. O processo administrativo é cíclico, dinâmico e interativo. Resolvido, sabemos que o processo administrativo é formado por quatro funções básicas. Veremos cada uma delas: 2.1 Planejamento O planejamento é um processo que começa com os objetivos e define os planos para alcançá-los. O estabelecimento dos objetivos a serem alcançados é o ponto de partida do planejamento. A fixação dos objetivos é a primeira coisa a ser feita: saber onde se pretende chegar para se saber exatamente como chegar até lá. Objetivos são resultados futuros que se pretende atingir. São alvos escolhidos que se pretende alcançar em um certo espaço de tempo, aplicando-se determinados recursos disponíveis ou possíveis. Assim, os objetivos são pretensões futuras que, uma vez alcançadas, deixam de ser objetivos para se tornarem realidade. Os objetivos das organizações podem ser visualizados em uma hierarquia que vai desde os objetivos globais da organização até os objetivos operacionais que envolvem simples instruções para a rotina cotidiana. 19 Em decorrência da hierarquia de objetivos surgem os desdobramentos dos objetivos. A partir dos objetivos organizacionais, a empresa pode fixar suas políticas, diretrizes, metas, programas, procedimentos, métodos e normas. Enquanto os objetivos organizacionais são amplos e genéricos, à medida que se desce em seus desdobramentos, a focalização torna- se cada vez restrita e detalhada. a) Políticas: São afirmações genéricas baseadas em objetivos globais e planos estratégicos que proporcionam orientação e rumo para as pessoas dentro da organização. b) Diretrizes: São princípios estabelecidos para permitir o alcance dos objetivos pretendidos. c) Metas: São alvos a atingir a curto prazo. d) Programas: É um conjunto de atividades sequenciais necessárias para atingir cada meta. São planos específicos para alcance de metas específicas. e) Procedimentos: São os modos pelos quais os programas são executados ou realizados. São planos que prescrevem a sequência cronológica de tarefas requeridas para realizar tarefas ou trabalhos. São planos relacionados com métodos de trabalho. f) Métodos: É um plano estabelecido para o desempenho de uma tarefa específica, detalhando como o trabalho deverá ser executado. g) Norma: É uma regra ou regulamento que envolve um procedimento. São comandos diretos e objetivos de cursos de ação ou de conduta que deve ser seguido fielmente. Serve para uniformidade de ação. O planejamento produz um resultado imediato: o plano. O plano é o produto do planejamento e constituo o evento intermediário entre os processos deelaboração e de implementação do planejamento. Todos os planos tem um propósito comum: a previsão, a programação e a coordenação de uma sequência lógica de eventos, os quais deverão conduzir ao alcance dos objetivos que os comandam. O plano é um curso predeterminado de ação sobre um período específico que representam uma resposta a uma antecipação ao tempo no sentido de alcançar o objetivo formulado. O plano descreve um curso de ação para alcançar um objetivo e proporciona resposta às questões: o que, quando, como, onde e por quem. 20 Existem quatro tipos distintos de planos que podem ser estratégicos, táticos ou operacionais, conforme a seu nível de abrangência: • Planos relacionados com métodos, denominados procedimentos. • Planos relacionados com dinheiro, denominados orçamentos. • Planos relacionados com tempo, denominados programas ou programações. • Planos relacionados com comportamento, denominados normas ou regulamentos. • 2.2 Organização A palavra organização pode assumir vários significados: a) Organização como uma entidade social: Uma organização social dirigida para objetivos específicos e deliberadamente estruturada. A organização é uma entidade social porque é constituída por pessoas. É dirigida para objetivos porque é desenhada para alcançar resultados, como gerar lucros, proporcionar satisfação social, etc. É deliberadamente estruturada pelo fato que o trabalho é dividido e seu desempenho é atribuído aos membros da organização. Nesse sentido, a palavra organização significa qualquer empreendimento humano moldado intencionalmente par atingir determinados objetivos. Essa definição é aplicável a todos os tipos de organizações, sejam elas lucrativas ou não, como empresas, bancos, financeiras, hospitais, clubes, igrejas etc. Dentro desse ponto de vista, a organização pode ser visualizada sob dois aspectos distintos: • Organização formal: É a organização baseada em uma divisão de trabalho racional que especializa órgãos e pessoas em determinadas atividades. É portanto, a organização planejada ou a organização que está definida no organograma, sacramentada pela direção e comunicada a todos por meio dos manuais de organização. É a organização formalizada oficialmente. • Organização Informal: É a organização que emerge espontânea e naturalmente entre as pessoas que ocupam posições na organização formal e a partir dos relacionamentos humanos como ocupantes de cargos. Forma- se a partir das relações de amizade e do surgimento de grupos informais que não aparecem no organograma ou em qualquer outro documento formal. b) Organização como função administrativa e parte integrante do processo administrativo: Nesse sentido, organização significa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer as relações entre eles e as atribuições de cada um. Trataremos da organização sob o segundo ponto de vista, ou seja, a organização como a segunda função administrativa e que depende do planejamento, da direção e do controle para formar o processo administrativo. Organizar consiste em: • Determinar as atividades específicas necessárias ao alcance dos objetivos planejados (especialização). • Agrupar as atividades em uma estrutura lógica (departamentalização). • Designar as atividades às específicas posições e pessoas (cargos e tarefas). A organização pode ser estruturada em três níveis diferentes: a) Organização ao nível global: É a organização que abrange a empresa como uma totalidade. É o chamado desenho organizacional, que pode assumir três tipos: Organização linear, organização funcional e organização o tipo linha-staff. 21 b) Organização ao nível departamental: É a organização que abrange cada departamento da empresa. É o chamado desenho departamental ou simplesmente departamentalização. c) Organização ao nível de tarefas e operações: É a organização que focaliza cada tarefa, atividade ou operação especificamente. É o chamado desenho de cargos ou tarefas. É feito por meio da descrição e análise dos cargos. 2.3 Direção A direção constitui a terceira função administrativa e que vem logo depois do planejamento e da organização. Definido o planejamento e estabelecida a organização, resta fazer as coisas andarem e acontecerem. Este é o papel da direção: acionar e dinamizar a empresa. A direção está relacionada como a ação, com o colocar-se em marcha, e tem muito a ver com as pessoas. Ela está diretamente relacionada com a atuação sobre os recursos humanos da empresa. As pessoas precisam ser aplicadas em seus cargos e funções, treinadas, guiadas e motivadas para alcançarem os resultados que delas se esperam. A função da direção se relaciona diretamente com a maneira pela qual o objetivo ou objetivos devem ser alcançados por meio da atividade das pessoas que compõem a organização. Assim, a direção é a função administrativa que se refere às relações interpessoais dos administradores em todos os níveis da organização e os seus respectivos subordinados. Para que o planejamento e a organização sejam eficazes, eles precisam ser dinamizados pela orientação a ser dada às pessoas por meio de uma adequada comunicação e habilidade de liderança e de motivação. A abrangência da direção pode se dar em três níveis distintos. Dirigir significa interpretar os planos para outros e dar as instruções sobre como executá-los em direção aos objetivos a atingir. Os diretores dirigem os gerentes, os gerentes dirigem os supervisores e os supervisores dirigem os funcionários ou operários. a) Direção ao nível global: É a direção que abrange a organização como uma totalidade. é a direção propriamente dita. Cabe ao presidente da empresa e a cada diretor em sua respectiva área. Corresponde ao nível estratégico da organização. b) Direção ao nível departamental: É a direção que abrange cada departamento ou unidade da organização. É a chamada gerência. Envolve o pessoal do meio de campo, isto é, do meio do organograma. Corresponde ao nível tático da organização. c) Direção ao nível operacional: É a direção que abrange cada grupo de pessoas ou de tarefas. É a chamada supervisão. Envolve o pessoal da base do organograma. Corresponde ao nível operacional da organização. 2.4 Controle A palavra controle pode assumir vários significados em Administração, a saber: a) Controle como função restritiva e coercitiva: Utilizado no sentido de coibir ou limitar certos tipos de desvios indesejáveis ou de comportamento não aceitos. Neste sentido, o controle apresenta um caráter negativo, sendo muitas vezes interpretado como inibição, delimitação e manipulação. É o chamado controle social aplicado nas organizações e na sociedade para inibir o individualismo e a liberdade das pessoas. b) Controle como um sistema automático de regulação: Utilizado no sentido de manter automaticamente um grau constante de fluxo de funcionamento de um sistema. É o caso do processo de controle automático das refinarias de petróleo, de 22 industrias químicas de processamento contínuo e automático. O mecanismo de controle detecta desvios e proporciona automaticamente ação corretiva para voltar à normalidade. Quando algo está sob controle significa que está dentro do normal. c) Controle como função administrativa: É o controle por parte do processo administrativo, como o planejamento, organização e direção. Trataremos do controle sob o terceiro ponto de vista, ou seja, o controle como a quarta função administrativa e que depende do planejamento, da organização e da direção para formar o processo administrativo. A finalidade do controle é assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos. A essência do controlereside na verificação se a atividade controlada está ou não alcançando os objetivos ou resultados desejados. O controle consiste fundamentalmente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado. O controle é um processo cíclico composto de quatro fases: a) Estabelecimento de Padrões e Critérios: Os padrões representam o desempenho desejado. Os critérios representam normas que guiam as decisões. São balizamentos que proporcionam meios para se definir o que se deverá fazer e qual o desempenho ou resultado a ser aceito como normal ou desejável. São os objetivos que o controle deverá assegurar. Os padrões são expressos em tempo, dinheiro, qualidade, unidades físicas, custos ou de índices. A Administração Científica preocupou-se em desenvolver padrões, como o tempo padrão no estudo dos tempos e movimentos. Custo padrão, padrões de qualidade, padrões de volume de produção são exemplos de padrões ou critérios. b) Observação do desempenho: Para se controlar um desempenho deve-se pelo menos conhecer algo a respeito dele, O processo de controle atua no sentido de ajustar as operações a determinados padrões previamente estabelecidos e funciona de acordo com a informação que recebe. A observação ou verificação do desempenho ou do resultado busca obter informação precisa a respeito daquilo que está sendo controlado. c) Comparação do Desempenho com o padrão Estabelecido: Toda atividade proporciona algum tipo de variação, erro ou desvio. Deve-se determinar os limites dentro dos quais essa variação será aceita como normal. Nem toda variação exige correções, mas apenas as que ultrapassam os limites da normalidade. O controle separa o que é excepcional para que a correção se concentre unicamente nas exceções ou nos desvios. Para tanto, o desempenho deve ser comparado ao padrão para verificar eventuais desvios. A comparação do desempenho com o padrão estabelecido é feita por meio de gráficos, relatórios, índices, porcentagens, medidas estatísticas etc. Esses meios de apresentação supõem técnicas à disposição do controle para que este tenha maior informação sobre aquilo a ser controlado. d) Ação corretiva: O objetivo do controle é manter as operações dentro dos padrões estabelecidos para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira. Assim, as variações, erros ou desvios devem ser corrigidos para que as operações sejam normalizadas. A ação corretiva visa fazer com que aquilo que é feito seja feito exatamente de acordo com o que se pretendia fazer. Enquanto o planejamento abre o processo administrativo, o controle serve de fechamento. Da mesma forma como ocorre no planejamento, a abrangência do controle também pode ser feita ao nível global, ao nível departamental e ao nível operacional, respectivamente dentro dos planos estratégicos, táticos e operacional. 23 MÓDULO 3 Gestão de desempenho + competências 3. Gestão de desempenho e gestão por competências Este tópico é analisado com base na dissertação de mestrado de SÁ, 2005. No setor público, o desempenho ocorre em vários níveis, que vão desde o nível pessoal (desempenho dos servidores), ao nível das políticas públicas do tipo nacional (desempenho das políticas do governo), até aos níveis dos programas e das organizações. Estes níveis são interdependentes, pois cada um deles representa um âmbito particular de gestão, que pode ser objeto de avaliação, medições de tipos distintos e, provavelmente, ciclos diferentes de avaliação. Por exemplo, a avaliação das políticas públicas requer um horizonte mais amplo que a avaliação dos objetivos de cada organização e das avaliações dos servidores de cada uma delas. A esse respeito, Ospina (2002) sugere um sistema de avaliação dos resultados da gestão pública composto de três enfoques de análise: 1. Macro: O primeiro enfoque trata do desempenho do governo na implementação de suas políticas públicas. 2. Médio: O segundo considera o desempenho das organizações públicas e 3. Micro: O terceiro a contribuição produzida pelo desempenho dos servidores no cumprimento da missão. Outro aspecto destacado por Ospina, diz respeito à definição de indicadores de gestão e dos objetivos destes, além da necessidade da construção de um sistema integrado de indicadores, contemplando os três tipos de enfoque. Avaliações concentradas nos planos micro e médio contribuem para a melhoria das práticas administrativas, mas falham em avaliar a qualidade das políticas públicas. Por outro lado, um sistema que se limite a gerar indicadores nos níveis médio e macro, sem considerar o nível micro da ação gerencial, pode perder a legitimidade frente àqueles a quem compete implementar a política, os gerentes e os servidores. A avaliação como técnica administrativa ajuda a melhorar a gestão porque produz informações necessárias para identificar e entender as causas dos acertos e fracassos, os problemas dos desempenhos individual e coletivo, dentro de um contexto de planejamento. Entretanto, se é necessário enxergar estes níveis como um sistema, necessariamente deve- se identificar suas interconexões e, sobretudo a articulação entre os níveis, ou seja, a avaliação do desempenho de um funcionário (nível micro) tem que está relacionado com a maneira com que suas ações possibilitam o cumprimento da missão organizacional (nível médio). Estas por sua vez, devem se relacionar com as ações de governo para implementar as políticas públicas (nível macro). 24 Desta maneira, os níveis mais desagregados da avaliação contribuem para o ajustamento das ações definidas no nível macro do planejamento público. O uso adequado da informação, portanto, garante a viabilidade do sistema para promover uma cultura orientada a resultados e para ajudar a fortalecer as instituições públicas. A diferença entre medição e gestão do desempenho está na aprendizagem gerada quando os indicadores de desempenho são utilizados de uma maneira coerente e sistemática para tomar decisões com respeito ao indivíduo, organização e programa do qual se tem obtido a informação. Talvez o grande desafio seja como motivar os gerentes e servidores para que usem a informação gerada pelos indicadores, convertendo a medição de desempenho em um verdadeiro sistema de gestão. Para isto, é necessário que mecanismos organizacionais e incentivos institucionais comprometam pessoalmente os servidores e gerentes. Esses mecanismos devem ser suficientes para gerar uma dinâmica organizacional que motive os líderes de uma organização pública a demandar e usar informação de uma maneira explícita e sistemática para tomar decisões, o que corresponde a uma mudança de postura gerencial no âmbito público. É com este espírito que a Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão lança a primeira edição deste Guia Referencial para Medição de Desempenho na Administração Pública. Trata‐se de um referencial metodológico que permitirá a governos (Federal, estaduais e municipais), áreas ou domínios de políticas públicas, conjuntos de organizações, organizações públicas e suas unidades definirem e mensurarem seu desempenho – assumindo‐se que este é um primeiro e decisivo passo para a gestão do desempenho, possibilitando, em bases metodologicamente análogas, sua pactuação, avaliação, divulgação em momentos posteriores. A construção da metodologia baseou‐se no estado da arte da literatura gerencial sobre gestão do desempenho e buscou encontrar um difícil equilíbrio entre complexidade e simplicidade. A complexidade está, primeiramente, no tema, suscitando controvérsias sobre o conceito de desempenho e sua mensuração, questões estas que tem merecido na literatura técnica não apenas tratamento variado, mas sujeito a razoável confusão semântica e conceitual. Mas a complexidade tambémestá nos objetos de aplicação, de distintos portes, naturezas de atividades, públicos e contextos de atuação. A saída foi a concepção de um metamodelo, um modelo que oriente a construção de modelos específicos de definição e mensuração do desempenho caso a caso, respeitando‐se conceitos e princípios básicos. Dessa forma, buscou‐se ao mesmo tempo reconhecer a complexidade e perseguir a simplicidade, renunciando‐se à busca de soluções exaustivas ou universalmente válidas. 25 A orientação para resultados é uma fixação deste novo paradigma, ou seja, o que está em foco são as novas formas de geração de resultados em um contexto contemporâneo complexo e diversificado. Nesse contexto, uma boa gestão é aquela que alcança resultados, independentemente de meritórios esforços e intenções. E, alcançar resultados, no setor público, é atender às demandas, aos interesses e às expectativas dos beneficiários, sejam cidadãos ou organizações, criando valor público. No entanto, os resultados não acontecem por acaso, pois governos, organizações públicas, políticas, programas e projetos não são auto-orientados para resultados. Assim como, também não basta apenas definir bem os resultados, pois não são autoexecutáveis. Portanto, a implementação passa a ser a variável crítica. Tranquilo CRIATURA, porém precisamos definir o conceito de DESEMPENHO e de GESTÃO DO DESEMPENHO. OK, definido desempenho e gestão do desempenho, precisamos do conceito de INDICADORES DE DESEMPENHO. Os indicadores são instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações, assim como seus projetos, programas e políticas, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudança etc. Assim sendo, pode‐se dizer que os indicadores possuem, minimamente, duas funções básicas: a primeira é descrever por meio da geração de informações o estado real dos acontecimentos e o seu comportamento; a segunda é de caráter valorativo que consiste em analisar as informações presentes com base nas anteriores de forma a realizar proposições valorativas. Dessa forma os indicadores servem para: 1. mensurar os resultados e gerir o desempenho; 2. embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada decisão; 3. contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; 4. facilitar o planejamento e o controle do desempenho; e Desempenho pode ser compreendido como esforços empreendidos na direção de resultados a serem alcançados. A equação simplificada é: desempenho = esforços + resultados; ou desempenho = esforços � resultados. A gestão do desempenho constitui um conjunto sistemático de ações que buscam definir o conjunto de resultados a serem alcançados e os esforços e capacidades necessários para seu alcance, incluindo‐se a definição de mecanismos de alinhamento de estruturas implementadoras e de sistemática de monitoramento e avaliação. 26 5. viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do desempenho de diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes. Dentro do manual há outro termo que precisamos descobrir, o conceito de CADEIA DE VALOR. Certo, agora que definimos os principais conceitos do manual podemos iniciar a análise sobre o MODELO DA CADEIA DE VALOR E OS 6 Es DO DESEMPENHO. O modelo da Cadeia de Valor e os 6Es do Desempenho permite a construção das definições especificas de desempenho para cada organização de modo a explicitar as dimensões dos resultados (mais a montante da cadeia de valor) e dos esforços (mais a jusante da cadeia de valor), além de sugerir o necessário alinhamento entre ambas as perspectivas. Em síntese, o modelo mensura o que se deve realizar para se produzir um resultado significativo no futuro. O modelo constitui‐se das dimensões de esforço e de resultado desdobradas em outras dimensões do desempenho. As dimensões de esforço são economicidade, execução e excelência; e as dimensões de resultado são eficiência, eficácia e efetividade. Vale ressaltar que o metamodelo pode ser aplicável em vários níveis da administração pública, tais como, nível macro (Governo), nível meso (política pública ou setor de governo), nível meso‐micro (redes de organizações), nível micro (organizações) e nível nano (unidade de organização). A cadeia de valor é definida como o levantamento de toda a ação ou processo necessário para gerar ou entregar produtos ou serviços a um beneficiário. É uma representação das atividades de uma organização e permite melhor visualização do valor ou do benefício agregado no processo, sendo utilizada amplamente na definição dos resultados e impactos de organizações. (BENNETT, 1976; WHOLEY, 1979). 27 O presente modelo propõe uma tipologia de seis categorias de indicadores, conforme apresentado anteriormente, que estão relacionados às dimensões de esforço e resultado. As seis categorias de indicadores estão relacionados a algum dos elementos da cadeia de valor, que representa a atuação da ação pública desde a obtenção dos recursos até a geração dos impactos provenientes dos produtos/serviços. Os elementos da cadeia de valor são: 1. Insumos (inputs); 2. Processos/Projetos (ações); 3. Produtos/serviços (outputs) 4. Impactos (outcomes). Mensurar o desempenho da organização (ou outros objetos) com base nesses elementos da cadeia de valor permite que as organizações analisem suas principais variáveis associadas ao cumprimento dos seus objetivos: quantos e quais insumos são requeridos, quais ações (processos, projetos etc.) são executadas, quantos e quais produtos/serviços são entregues e quais são os impactos finais alcançados. A figura 2 a seguir mostra a relação entre os elementos que compõem a cadeia de valor e sua contribuição para os resultados finais, também relaciona a pergunta que os indicadores associados procuram responder: 28 Uma combinação dos elementos da cadeia de valor com as dimensões do desempenho permite identificar seis categorias básicas de indicadores de desempenho: 4. Efetividade são os impactos gerados pelos produtos/serviços, processos ou projetos. A efetividade está vinculada ao grau de satisfação ou ainda ao valor agregado, a transformação produzida no contexto em geral. Esta classe de indicadores, mais difícil de ser mensurada (dada a natureza dos dados e o caráter temporal), está relacionada com a missão da instituição. Por exemplo, se uma campanha de vacinação realmente imunizar e diminuiu a incidência de determinada doença entre as crianças, a campanha foi efetiva. Indicadores de efetividade podem ser encontrados na dimensão estratégica do Plano Plurianual (PPA); 5. Eficácia é a quantidade e qualidade de produtos e serviços entregues ao usuário (beneficiário direto dos produtos e serviços da organização). Por exemplo, se, na mesma campanha citada, a meta de vacinação é imunizar 100.000 crianças e este número foi alcançado ou superado, a campanha foi eficaz. Indicadores de eficácia podem ser definidos a partir da Carta de Serviços do órgão; 6. Eficiência é a relação entre os produtos/serviços gerados (outputs) com os insumos utilizados, relacionando o que foi entregue e o que foi consumido de recursos, usualmente sob a forma de custos ou produtividade. Por exemplo: uma campanha de vacinação é mais eficiente quanto menor for o custo, ou seja, quanto menor for o custo da campanha, mantendo‐se os objetivos propostos. Indicadores de eficiência 29 podem ser encontrados na Carta de Serviços com seus elementos de custos e em informações de sistemas estruturantes do Governo,como o SIAFI; 7. Execução refere‐se à realização dos processos, projetos e planos de ação conforme estabelecidos. Indicadores de execução podem ser encontrados no monitoramento das ações do PPA; 8. Excelência é a conformidade a critérios e padrões de qualidade/excelência para a realização dos processos, atividades e projetos na busca da melhor execução e economicidade; sendo um elemento transversal. Indicadores e padrões de excelência podem ser encontrados no Instrumento de Avaliação da Gestão Pública (IAGP); e 9. Economicidade está alinhada ao conceito de obtenção e uso de recursos com o menor ônus possível, dentro dos requisitos e da quantidade exigidas pelo input, gerindo adequadamente os recursos financeiros e físicos. Indicadores de economicidade podem ser encontrados nas unidades de suprimentos. O processo de construção de indicadores de desempenho não possui um procedimento único ou uma metodologia padrão. No entanto, a partir da revisão das principais experiências de construção de indicadores para o setor público e privado, sugere‐se um conjunto de etapas (Figura 4) que asseguram a coerência da formulação e implementação do conjunto de indicadores que se planeja construir. 30 A medição de desempenho na gestão pública está entre os principais instrumentos para subsidiar os gestores e os dirigentes em suas decisões e escolhas. Atualmente, há a exigência cada vez maior em aperfeiçoar os níveis de esforços e resultados das organizações, bem como gerar e fortalecer os mecanismos de transparência e responsabilização para os cidadãos e partes interessadas, sendo estes os fundamentos básicos para impulsionar o desenvolvimento e implementação de indicadores de desempenho nas instituições públicas. No âmbito geral, os indicadores de desempenho fornecem informações sobre temas fundamentais da gestão pública, tais como nível de efetividade, eficácia, eficiência, qualidade, economia de recursos e produtividade dos produtos/serviços, além de apontar o grau de melhoria da gestão. 3.1 Gestão por competências “Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados, que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com o resultado/entrega, que pode ser medido segundo padrões pré-estabelecidos, e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento” (Parry) 31 32 As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação. • Não há processos unilaterais na interação humana: tudo que acontece no relacionamento interpessoal decorre de duas fontes: EU e OUTRO ( S). • O relacionamento interpessoal pode tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo trabalho cooperativo, em equipe, com integração de esforços, conjugando as energias, conhecimentos e experiências para um produto maior que a soma, ou seja a sinergia. Nível individual • O foco predominante é o intrapessoal e o interpessoal; • Trabalham-se as motivações, os objetivos pessoais, a problemática de inter-relação de afetividade e intimidade; • Procura-se obter o autoconhecimento e conscientização, habilidades de percepção, diagnose e comunicação para expressão verbal e emocional, para dar e receber feedback; • Parte-se do princípio de que o indivíduo que se conhece e aceita pode fazer opções realísticas de mudanças pessoais e preservar sua autenticidade. Nível grupal • O foco é interpessoal e grupal; • Trabalham-se as motivações e os objetos comuns aos grupos, como relações de poder, da autoridade, do controle e influência social; • Procura-se aperfeiçoar habilidade de comunicação efetiva,de diagnosticar e administrar conflitos, de liderança e participação no grupo; • Sendo a competência interpessoal alcançada nesse nível, os membros do grupo podem dispor-se a trabalhar em equipe de forma real, e não apenas de rótulo. Nível organizacional 33 • O foco é o sistema, a organização como um todo; • Trabalham-se as motivações e objetivos individuais, grupais e organizacionais, e a problemática de diferenciação e integração de subsistemas • Procura-se ampliar e aperfeiçoar a capacidade de trabalho em equipe, de diagnóstico e administração de conflitos intergrupais, a comunicação, interdependência e integração; • O desenvolvimento das relações interpessoais são orientadas para a interdependência de subsistemas e trabalho em equipe e para o desempenho organizacional como um todo. 4. Gestão estratégica MÓDULO 8 Gestão estratégica: planejamento estratégico, tático e operacional. SAFÁRI DE ESTRATÉGIA “Somos cegos e a formulação da estratégia é nosso elefante. Como ninguém teve a visão para enxergar o animal inteiro, cada um tocou uma ou outra parte e prosseguiu em total ignorância a respeito do elefante. Somando as partes, certamente não teremos um elefante. Um elefante é mais que isso. Contudo, para compreender o todo, também precisamos compreender as partes.” (MINTZBERG, ALHSTRAND e LAMPEL, 2000, pg. 13). CONCEITOS DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Segundo Ansoff (1993, p.70) estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão para orientação do comportamento de uma organização. Há quatro tipos distintos de regras: 1-padrões pelos quais o desempenho presente e futuro da empresa são medidos. Em termos qualitativos, esses padrões são chamados objetivos, e em seu aspecto quantitativo são chamados metas. 2- regras para desenvolvimento da relação da empresa com seu ambiente externo: que produtos e tecnologia a empresa desenvolverá, onde e para quem os produtos serão vendidos, como a empresa conquistará alguma vantagem sobre os concorrentes, este conjunto de regras é chamado de estratégia de produto e mercado, ou estratégia empresarial. 3- regras para estabelecimento das relações e dos processos internos na organização; isto é freqüentemente chamado de conceito organizacional. 4- as regras pelas quais a empresa conduzirá suas atividades do dia-a-dia, chamadas de políticas operacionais. Ainda segundo o mesmo autor uma estratégia possui várias características peculiares: O processo de formulação de estratégias não resulta em nenhuma ação imediata. Em vez disso, estipula as direções gerais nas quais a posição da empresa crescerá e se desenvolverá. 34 Existe uma diferença entre estratégia e objetivos. Os objetivos representam os fins que a empresa está tentando alcançar, enquanto a estratégia representa os meios para se atingir esses fins. Os objetivos são regras de decisão de nível mais alto. Uma estratégia válida dentro de um conjunto de objetivos pode perder sua validade quando os objetivos da organização são modificados. Para Ansoff (1993, p.71), estratégia é um conceito fugaz e um tanto abstrato. Sua formulação tipicamente não produz qualquer ação produtiva imediata na empresa. Acima de tudo, é um processo dispendioso, tanto em termos de dinheiro quanto do tempo dos administradores. Estratégia é uma ferramenta potencialmente muito poderosa para lidar com condições de mudança que cercam a empresa hoje em dia; mas é complexa, sua introdução é dispendiosa e seu uso é caro. Não obstante, há indícios de que ela é compensadora. A estratégia é uma ferramenta que oferece importante ajuda para lidar com a turbulência enfrentada pelas empresas. Portanto, merece atenção como uma ferramenta de gestão, não apenas para a empresa como também para uma ampla gama de organizações sociais. Segundo Padoveze (2004) planejamento é uma estratégia para aumentar as chances de sucesso de uma empresa em um mundo de negócios que muda constantemente. Planos estratégicos não são garantia de sucesso. O planejamento estratégico será eficaz quantoàs premissas que foram nele incluídas. O foco da controladoria estratégica é o planejamento estratégico. O planejamento estratégico é um processo que prepara a empresa para o que está por vir. Segundo Costa (2006) os conceitos básicos utilizados no direcionamento das estratégias de uma organização, são o propósito, o ambiente externo, e a capacitação. Para construir um edifício, uma ponte ou uma grande obra, é necessário alicerçá-lo muito bem no terreno. E não será diferente no projeto e construção do futuro de uma organização. Mais quais são os fundamentos para as estratégias de uma organização? Costa concorda com Ansoff no que diz respeito aos fundamentos, e coloca que também acredita que são: visão, missão; abrangência e posicionamento estratégico. O propósito de uma organização pode ser definido como um conjunto de elementos básicos que caracterizam aquilo que a organização gostaria de ser, no futuro, a sua vontade, seu desejo de agir. Enfim o propósito sintetiza sua vontade própria, sua auto-imagem e suas crenças básicas, transcendendo as circunstâncias, não se limitando nem pelo ambiente externo nem pela capacitação atual. Segundo Gaj (2002, p.144) o planejamento estratégico contribui para o enriquecimento no processo da aprendizagem da gestão de empresas, adotando uma metodologia que obriga a pensar no futuro e envolvendo as partes interessadas para um trabalho em equipe. É destinado a definir, entre as oportunidades e ameaças e entre as alternativas, quais as que serão escolhidas para o futuro da organização. Como processo, possui uma estrutura clássica composta de várias etapas: missão; objetivos; pontos fortes e fracos; oportunidades e ameaças; alternativas estratégicas, escolha da estratégia entre alternativas; implementação; reavaliação. Ainda Gaj (2002, p.145), análise tradicional que utiliza técnicas de brainstorming e que busca criar uma imagem comum sobre as fraquezas e as forças de uma entidade. O objetivo deste exercício é buscar neutralizar os pontos fracos empreendendo ações corretivas e fortalecer os fortes criando, dessa forma, uma invulnerabilidade perante os concorrentes. As fraquezas e as forças são mediadas sempre em relação às dos concorrentes. 35 Oportunidades e ameaças constituem as tendências do mundo exterior e sua observação permite adotar medidas para evitar as ameaças e aproveitar as oportunidades. Alternativas estratégicas consistem no mapeamento das possibilidades de crescimento, expansão, diversificação e desenvolvimento a partir do negócio atual, para opções alternativas. Trabalhar com opções é muito importante porque permite escolher a que, estrategicamente, melhor se ”encaixe” com o futuro desejado, listadas as opções é possível partir para a escolha. Neste caso, podem ser levados em conta fatores como: melhor resultado esperado sobre o investimento aplicado, ou melhor, estratégia de médio prazo. Importante é acreditar que é a melhor solução entre as alternativas e que todas as alternativas possíveis foram abordadas. Isto ainda não garante sucesso, mas é um processo racional que objetiva eliminar falhas e procurar os melhores caminhos. Segundo Hamel; Prahalad (1995, p.168) o planejamento estratégico é na prática, um “crivo da viabilidade”. É uma ferramenta para garantir que as questões de viabilidade sejam totalmente abordadas. O autor questiona se temos esses recursos, se o mercado está pronto se o valor presente liquido é positivo. Essas preocupações do planejamento estratégico e a definição orçamentária são, em essência, usadas para rejeitar metas quando os meios para se atingir essas metas não estão prontamente disponíveis. Exigem que os gerentes “sejam realistas”, o que não é de todo mal! São questões legitimas, não há desculpas para estratégias mal elaboradas, descuidadas, mas o que acontece se uma empresa tentar empurrar uma ambiciosa intenção estratégica de dez anos crivo abaixo? Simplesmente não passa. Segundo Chiavenato, (2004.p.234) o antigo conceito militar define estratégia como a aplicação de forças em larga escala contra algum inimigo. Em termos empresariais, podemos definir a estratégia como a “mobilização de todos os recursos da empresa no âmbito global visando atingir os objetivos no longo prazo. Tática é um esquema especifico de emprego de recursos dentro de uma estratégia geral. No plano militar, uma mobilização de tropa é uma tática dentro de uma estratégia mais ampla. O plano gerencial, o orçamento anual ou o plano anual de investimentos são planos táticos dentro de uma estratégia global a longo prazo.Uma guerra requer uma ou mais estratégias;cada estratégia requer proliferação de ações ou medidas táticas.O planejamento para cinco anos na empresa requer uma estratégia, a qual se liguem os planos táticos de cada ano compreendido nesse período.” FERRAMENTAS PARA DESENVOLVER O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO De acordo com Padovese (2004) um plano estratégico é uma visão específica do futuro da empresa, com as seguintes descrições: • Como será o setor de atuação da empresa; • Em quais mercados os competidores ela irá competir; • Quais os competidores no mercado; • Quais produtos e serviços a empresa estará oferecendo; • Quem são e como são seus clientes; • Que valor estará oferecendo a seus clientes através de seus produtos e serviços; • Quais vantagens ela terá no longo prazo • Qual será ou deverá ser a sua rentabilidade; • Quanto será agregado de valor aos acionistas. Informações analíticas necessárias para o planejamento estratégico SWOT. O planejamento estratégico emerge de um processo de tradução das informações existentes em planos para 36 atender as metas e os objetivos organizacionais. A base de todo o processo está em identificar, coletar armazenar, mensurar, analisar, entender, interpretar e julgar informações, além de consolidar idéias e conceitos baseados nessas informações para os processos decisórios subsequentes. A análise dos pontos fortes e fracos, das ameaças e das oportunidades (análise SWOT) é o procedimento mais recomendado. Alguns autores nacionais a chamam de análise FOFA, conforme suas iniciais. As forças e fraquezas referem aos aspectos internos das organizações, comparados com a competição e as expectativas do mercado, isto é, se comparativamente os negócios atuais estão relativamente bons ou não. Essa análise deve ser confrontada com os objetivos da empresa, que indicará quais áreas de forças ou fraquezas provavelmente serão importantes no futuro. As ameaças e oportunidades dizem respeito ao ambiente externo e devem identificar potenciais problemas que os fatores ambientais poderão trazer no futuro para a empresa. Além disso, as oportunidades podem revelar áreas a serem trabalhadas, que podem, inclusive, mudar os objetivos da empresa. Os principais fatores do ambiente externo são: concorrentes, fornecedores, clientes, mercados, ambientes econômicos, sociais e político, fatores legais e regulatórios, demografia, clima e desenvolvimento tecnológico. Segundo Padovese (2004) depois da interpretação do ambiente em que a empresa está, faz-se necessário elaborar a estratégia e traduzi-la em um plano formal. A estratégia a ser adotada deve estar em consonância com a missão da empresa, suas metas e objetivos. Basicamente, a estratégia é uma visão de longo prazo, que pode ser até configurada em número de anos. Não existe um horizonte temporal definido para o planejamento estratégico, mas pensar no mínimo para os próximos dois anos até um horizonte de cinco a oito anos é razoável. O plano estratégico deve conter claramente as intenções que a empresa tem, e como ela deve proceder com o máximo possível de dados quantitativos das metas incorporadas no plano estratégico. Balanced Scorecard (controle de metas
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