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EA D Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior 6 1. OBJETIVOS • Entender os benefícios fiscais da atividade exportadora. • Conhecer e analisar algumas possibilidades de financiamento. 2. CONTEÚDOS • Benefícios fiscais no comércio exterior: conceitos e drawback. • Financiamentos no comércio exterior: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Adianta- mento sobre Contrato de Câmbio (ACC), Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) e Programa de Financia- mento às Exportações (Proex). 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de dar início ao estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: © Comércio Exterior206 1) Para você melhor interagir com os assuntos que aborda- remos nesta unidade, é fundamental que conheça um pouco mais sobre a legislação que rege os benefícios e os financiamentos ofertados para o comércio exterior. 2) Para esse fim, sugerimos os sites: • Secretaria da Receita Federal (SRF), disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 12 jul. 2012. • Secex (Secretaria de Comércio Exterior), disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 12 jul. 2012. 3) A fim de saber um pouco mais sobre a relação de pro- dutos e de serviços elegíveis, acesse o site do Banco do Brasil, disponível em: <http://www.bb.com.br>. Acesso em: 12 jul. 2012. 4) O manual Exportação passo a passo define vários con- ceitos referentes ao tratamento tributário, à isenção de ICMS, aos benefícios fiscais e outras informações rele- vantes. Recomendamos que você faça a leitura do texto integral no site disponível em: <http//:www.brasilglobal- net.gov.br/. Acesso em: 20 jul. 2012. 5) Outro material sugerido para sua leitura está disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/>. Aces- so em: 20 jul. 2012. 6) Em virtude das limitações do programa deste Caderno de Referência de Contéudo, não abordaremos o módulo de fun- cionamento do drawback eletrônico, mas, caso você se inte- resse em conhecê-lo, acesse o site do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), disponível em: <http://www. siscomex.com.br/>. (acesso em: 26 jul. 2012). 7) No portal do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, você encontrará informações sobre as diversas modalidades de Financiamento. Para consul- tá-lo: <http://www.mdic.gov.br/sitio/> (acesso em: 26 jul. 2012). Claretiano - Centro Universitário 207© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Bem-vindo ao estudo da Unidade 6 de Comércio Exterior. Na Unidade 5, vimos a estrutura do comércio exterior no Brasil e as políticas comercial e tarifária, bem como os procedi- mentos operacionais das operações internacionais. Aqui, na penúltima unidade deste estudo, conheceremos al- guns conceitos pertinentes ao comércio exterior, como os benefí- cios fiscais e os financiamentos. Vamos lá?! 5. BENEFÍCIOS FISCAIS NO COMÉRCIO EXTERIOR: CONCEITOS Os governos, buscando seus interesses no comércio interna- cional, evitam onerar com tributos os produtos destinados à expor- tação, intuindo manter sua competitividade nos mercados externos. Por isso, eles costumam isentar os produtos exportados dos impostos indiretos, inclusive aqueles incidentes nos insumos (ma- térias-primas, embalagens, partes e peças), que são incorporados ao produto final. A Organização Mundial do Comércio (OMC) não considera esse tipo de procedimento um subsídio à exportação. Para entender melhor como funciona tal procedimento, veja uma breve abordagem a respeito de tais impostos nos itens subse- quentes, que foram retirados do manual Exportação passo a passo. Observe a definição de alguns conceitos e as informações sobre a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Confira: ● IPI: O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um tributo fede- ral incidente sobre o valor adicionado. Ao adquirir os insumos, o fabricante anota como crédito, no seu registro fiscal, o valor do IPI indicado nas notas fiscais. Ao efetuar a venda do produto elabora- do, deve contabilizar o valor do IPI como débito, no registro fiscal. © Comércio Exterior208 Assim, o montante de IPI que o fabricante deverá recolher é dado pelo saldo no registro fiscal ● Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um tributo estadual com alíquota uniforme, salvo algumas exce- ções, e, também incidente sobre o valor adicionado. O procedi- mento fiscal é equivalente ao do IPI. [...] ● Decreto-lei nº 406, de 31.12.1968 Dispõe sobre a não incidência do ICMS sobre a exportação de pro- dutos industrializados. ● Lei Complementar nº 24/1975 Dispõe sobre a concessão de benefícios do ICMS concedidos por meio de convênios. ● Artigo 155, parágrafo 2º, inciso X, alínea "a", da Constituição Fe- deral de 1988 Determina que o imposto não incidirá sobre operações que desti- nem ao exterior produtos industrializados. ● Lei Complementar nº 87/1996 Dispõe sobre a não incidência do ICMS nas operações que desti- nem ao exterior mercadorias, inclusive produtos industrializados semielaborados e serviços (Lei Kandir) (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados As isenções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ocorrem tanto nos casos de exportação direta quanto nos de ex- portação indireta. 3.1 Exportação direta A exportação direta consiste na operação em que o produto expor- tado é faturado pelo próprio produtor ao importador. Este tipo de operação exige da empresa o conhecimento do processo de expor- tação em toda a sua extensão. Cabe assinalar que a utilização de um agente comercial pela em- presa produtora/exportadora não deixa de caracterizar a operação como exportação direta. Nesta modalidade, o produto exportado é isento do IPI e não ocorre a incidência do ICMS. Beneficia-se tam- bém dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos utilizados no processo produtivo. No caso do ICMS, é recomendável consultar as autoridades fazendárias estaduais, sobretudo quando houver cré- ditos a receber e insumos adquiridos em outros Estados. Claretiano - Centro Universitário 209© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior 3.2. Exportação indireta A exportação indireta é realizada por intermédio de empresas esta- belecidas no Brasil, que adquirem produtos para exportá-los. Essas empresas podem ser: – trading companies (a venda da mercadoria pela empresa produ- tora para uma trading que atua no mercado interno é equiparada a uma operação de exportação, em termos fiscais); – empresas comerciais exclusivamente exportadoras; – empresa comercial que opera no mercado interno e externo; – outro estabelecimento da empresa produtora – neste caso a venda a este tipo de empresa é considerada equivalente a uma exportação direta, assegurando os mesmos benefícios fiscais – IPI e ICMS; e – cooperativa ou consórcios de produtores ou exportadores; – empresa industrial que atua comercialmente com produtos de terceiros. Apesar de bem-sucedidos em vários países, os consórcios de ex- portação encontram-se em fase crescente de desenvolvimento no Brasil. Trata-se de associações de empresas, que conjugam esfor- ços e/ou estabelecem uma divisão interna de trabalho, com vistas à redução de custos, aumento da oferta de produtos destinados ao mercado externo e ampliação das exportações. Os consórcios podem ser formados por empresas que ofereçam produtos com- plementares ou mesmo concorrentes (BRASIL GLOBAL NET, 2012). [...] 13.2. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) As exportações de produtosmanufaturados, semielaborados, pri- mários e de serviços estão isentas do pagamento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), cuja alíquota de 7,6% incide internamente sobre o faturamento das empresas. Esta isenção aplica-se também às exportações indiretas [...]. 13.3. Programa de Integração Social (PIS) As exportações de produtos manufaturados, semielaborados e primários estão isentas de pagamento do Programa de Integração Social (PIS), cuja alíquota de 1,65% incide, nas operações internas, sobre a receita operacional bruta. Esta isenção aplica-se às vendas do fabricante às trading companies. Não se aplica, porém, às ven- das para comerciais exportadoras, cooperativas, consórcios ou en- tidades semelhantes. [...] Secretaria da Receita Federal (SRF) – www.receita.fazenda.gov.br Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) – www.desenvolvimento. gov.br (GLOBAL NET, 2012). © Comércio Exterior210 6. BENEFÍCIOS FISCAIS NO COMÉRCIO EXTERIOR: DRAWBACK O drawback é um incentivo dado à exportação, cujo objetivo é: [...] propiciar ao exportador a possibilidade de adquirir, a preços internacionais e desonerados de impostos, os insumos (matérias- -primas, partes, peças e componentes) incorporados ou utilizados na fabricação do produto exportável. Assim, o regime de drawback permite a importação de insumos sem o pagamento do Imposto de Importação, do IPI e do ICMS. O módulo de funcionamento do drawback eletrônico está disponível no Siscomex. Em geral, podem ser importados sob o regime de drawback: – matérias-primas, produtos semielaborados ou acabados, utiliza- dos na fabricação do produto de exportação; – partes, peças, dispositivos que são incorporados ao produto de exportação; e – materiais destinados à embalagem de produtos destinados ao mercado externo (BRASIL GLOBAL NET, 2012). A operação de drawback compreende a importação com isenção ou suspensão do Imposto de Importação (II), do IPI e do Imposto sobre as Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e à prestação de serviços de transportes interestaduais e Intermu- nicipais e de Comunicação (ICMS). As operações realizadas sob o regime de drawback podem ser realizadas por meio de três modalidades: • Suspensão. • Isenção. • Restituição. As modalidades de isenção e de suspensão são tratadas no âmbito da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que emite o ato concessório de drawback, e a restituição é tratada no âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Drawback isenção Drawback isenção é a modalidade dos casos em que são utilizados matérias-primas e insumos anteriormente importados Claretiano - Centro Universitário 211© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior como o pagamento de todos os impostos na fabricação de bens a serem importados. Depois de concluir a operação de exportação, o fabricante importa as mesmas matérias-primas e os mesmos insumos sem encargos tributários, a fim de recompor seus estoques. A empresa tem o prazo de um ano, prorrogável por mais um ano, para solici- tar esse benefício (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Drawback suspensão O drawback suspensão compreende a interrupção dos tri- butos incidentes na importação de mercadorias e/ou de insumos a serem utilizados no processo de industrialização de produtos a serem exportados. O prazo de validade do ato concessório é de um ano e pror- rogável por mais um ano. No caso de importação destinada à fa- bricação de bens de capital de longo ciclo de produção, o prazo de validade do ato concessório de drawback poderá ser prorrogado para até cinco anos. Assim, a modalidade de drawback suspensão é a mais utilizada pelas empresas (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Drawback restituição Como ocorre no drawback isenção, a empresa também se utiliza de materiais e insumos como pagamento de todos os im- postos e, depois de concluir a operação de exportação, solicita a restituição dos encargos tributários. A devolução é efetuada sob a forma de crédito fiscal. A res- tituição é válida, apenas, para o IPI. O drawback restituição é uma modalidade pouco utilizada. Ou dito de outra maneira: O exportador solicita a restituição dos encargos tributários (totais ou parciais) pagos com relação aos insumos utilizados na fabricação de um produto cuja exportação já foi efetivada. A devolução é feita sob a forma de crédito fiscal, concedido pela Secretaria da Receita Fede- ral (SRF). A restituição é válida apenas para o Imposto de Importação e para o IPI. Trata-se de modalidade pouco utilizada. A habilitação a © Comércio Exterior212 esse crédito deve ser feita no máximo de 90 (noventa) dias da efetiva exportação da mercadoria, prazo este que pode ser prorrogado uma única vez por igual período (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Além das modalidades de drawback que acabamos de co- nhecer – isenção, suspensão e restituição −, há, ainda, a uma mo- dalidade particular brasileira, isto é, o drawback nacional. Acompanhe o texto a seguir. Drawback Interno ou Verde e Amarelo ––––––––––––––––––– As empresas exportadoras poderão adquirir os insumos no mercado interno, com suspensão do IPI. Para obter este benefício, as empresas deverão elaborar um Plano de Exportação, que constará de requerimento a ser dirigido à Delegacia da Receita Federal com jurisdição em sua área. Este deve conter as seguintes informações: – identificação completa do exportador e do fornecedor dos insumos; – relação dos produtos a serem exportados e dos insumos a serem utilizados, em ambos os casos com a indicação dos respectivos valores e quantidades e com os respectivos códigos da Tabela de Incidência do IPI (TIPI), classificação do IPI; – prazo previsto para a exportação; e – declaração em que o exportador assume o compromisso de recolher o IPI, em caso de não cumprimento da meta de exportação. O prazo previsto é de um ano, prorrogável por mais um ano. Nesta modalidade não ocorre a isenção do ICMS. [...] (BRASIL GLOBAL NET, 2012). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7. FINANCIAMENTOS NO COMÉRCIO EXTERIOR: BNDES O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atua no sentido de viabilizar as operações de longo pra- zo. Instituições credenciadas financiam as exportações de bens e serviços possibilitando a competitividade desses produtos no mer- cado externo. BNDES-Exim O BNDES/Exim é um programa do Banco Nacional de Desen- volvimento Econômico e Social cujo objetivo é a expansão das ex- Claretiano - Centro Universitário 213© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior portações brasileiras, mediante a criação de linha de crédito em condições competitivas com as linhas similares oferecidas no mer- cado internacional. O amparo do BNDES/Exim pode ser obtido nas instituições financeiras credenciadas pelo BNDES. Atualmente, existem mais de 170 instituições credenciadas, entre bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos de desenvolvimento, bancos de investimentos e financeiras. Existem três modalidades de financiamento no programa do BNDES/Exim: Pré-embarque Financia a produção de bens manufaturados, principalmente de longo ciclo, a serem exportados em embarques específicos. Pré-Embarque Especial Financia a produção, capital de giro e investimentos referentes aos bens a serem exportados, sem vinculação com embarques espe- cíficos, mas com período pré-determinado para a sua efetivação. Pós-Embarque Financia a comercialização de bens e serviços no exterior, por in- termédio do refinanciamento ao exportador, ou por meio da mo- dalidade buyer’s credit (crédito ao comprador) (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012b). 8. FINANCIAMENTOS NO COMÉRCIO EXTERIOR: ACC, ACE, PROEX E LETRAS DE EXPORTAÇÃO (EXPORT NOTES) É importanteconhecer as linhas de financiamento que são ofe- recidas aos exportadores, seja na fase da produção, seja na fase da comercialização. Os mecanismos de financiamento são condições ne- cessárias que garantem a competitividade do produto na exportação. Adiantamento sobre Contrato de Câmbio O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) constitui-se na antecipação parcial ou total, por conta do preço em moeda nacional, da © Comércio Exterior214 moeda estrangeira comprada para entrega futura, podendo ser conce- dida a qualquer tempo, a critério das partes. Dito em outras palavras: O que é? ACC é o adiantamento feito ao exportador na fase pré- -embarque através do financiamento à produção da mercadoria exportada. O ACE é contratação da antecipação das divisas a serem recebidas do comprador na fase pós-embarque da mercadoria. Os dois tipos de financiamentos podem ser realizados em uma mesma operação, mediante a transformação de um adiantamento de pré em pós-embarque. Para quem? Exportadores clientes de bancos que ofereçam esta linha de crédito. Quais os parâmetros da linha? Não há valor mínimo. O percentual do adiantamento é de até 100% do valor do contrato de câmbio. Para o ACC só existe contrato de câmbio como lastro da operação, sendo desnecessária a apresentação de quaisquer outros docu- mentos por parte do exportador. A partir da saída da mercadoria para o exterior, surgem os docu- mentos representativos da venda, entre os quais a Letra de Câmbio ou Saque, o financiamento concedido pós-embarque é o Adianta- mento sobre Cambiais Entregues (ACE). Qual o prazo da operação? Até 360 dias para contratação do ACC prévio ao embarque. Até 210 dias posteriores ao embarque da mercadoria ao exterior para fechamento do ACE. Qual o custo? De acordo com o prazo da operação e análise de crédito do cliente. Qual a forma de pagamento? ACC − Mediante a entrega dos do- cumentos de embarque ou ingresso de divisas; ACE − Mediante o ingresso de divisas (moeda estrangeira). Qual a garantia exigida? Definida de acordo com a análise de cré- dito do cliente. Características especiais: 1. o adiantamento possibilita competitividade negocial com o impor- tador estrangeiro, pois oferece melhores prazos e custos, em con- dições compatíveis com as praticadas pelo mercado internacional. 2. capital de giro de até 360 dias antes do embarque do bem ex- portado (ACC); 3. as vendas ao exterior realizadas a prazo − até 210 dias − são recebidas a vista pelo exportador (ACE); 4. isenção do Imposto sobre Operações Financeiras – IOF (APREN- DENDO A EXPORTAR, 2012a). Claretiano - Centro Universitário 215© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior Mediante as linhas de financiamentos as empresas exporta- doras obtêm recursos financeiros prévios ao embarque dos produ- tos a taxas de juros internacionais mais um spread. Spread é uma palavra inglesa que significa "extensão". No âmbito dos negócios, tal termo designa a diferença entre as taxas de juros, os cambiais etc. Por exemplo: suponha que a taxa de ju- ros internacional seja de 3% a.a. Ao fazer negócios com o Brasil, os bancos internacionais podem cobrar um adicional de 1% por conta do risco da operação. Dessa forma, os juros passariam de 3% para 4%, ou seja, cobra-se um spread de 1% sobre a taxa de juros, isto pelo risco do negócio. O ACC tem seu prazo máximo admitido na contratação de 360 dias e tem como objetivo o suporte financeiro à produção do bem a ser exportado. O exportador fica obrigado a embarcar seu produto no prazo previsto sob pena de devolução ao banco do valor do ACC com a devida correção monetária, ajustes das taxas cambiais, multas e outros encargos. Adiantamento sobre Cambiais Entregues O Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) é o finan- ciamento concedido após o embarque da mercadoria. Trata-se de um instrumento de financiamento à exportação, que consiste no desconto da cambial (letra de câmbio; saque) no banco escolhido pelo exportador, obtendo-se, dessa forma, tal re- curso financeiro. O ACE tem prazo máximo de 360 dias e, como objetivo, o suporte financeiro à comercialização do bem exportado. Não há impedimentos para que os dois tipos de financia- mentos sejam efetuados em uma mesma operação. Dessa forma, o exportador poderá dispor de recursos em até 720 dias antes do recebimento pela venda das mercadorias. © Comércio Exterior216 Financiamentos no comércio exterior O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) foi criado pelo governo brasileiro com a finalidade de proporcionar ao exportador brasileiro condições de financiamento compatíveis com as praticadas no mercado internacional: O Programa de Financiamento às Exportações, cuja gestão está a cargo do Banco do Brasil, é o mecanismo oficial do Governo Federal de apoio às exportações brasileiras, em sua fase de comercialização (pós-embarque), a custos compatíveis com os praticados no merca- do internacional, em duas modalidades de crédito: o financiamen- to e a equalização (MDIC, 2012a). A administração do Proex está a cargo do Banco do Brasil, que atua como agente financeiro da União. Os recursos utilizados provêm do Orçamento Geral da União e beneficiam tanto o expor- tador (supplier’s credit) quanto o importador (buyer’s credit). A relação de produtos e de serviços elegíveis é bastante ampla e consta de portarias do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A operacionalização desse financiamento ocorre em duas modalidades: • o Proex Financiamento; e • o Proex Equalização. Observe cada um deles, a seguir. Proex Financiamento O Proex Financiamento é uma modalidade de financiamento ex- clusivamente operacionalizada pelo Banco do Brasil e assim se define: Financiamento direto ao exportador brasileiro ou importador, com recursos financeiros obtidos junto ao Tesouro Nacional. Essa moda- lidade de apoio está voltada fundamentalmente para o atendimen- to às micro, pequenas e médias empresas. • Prazo de 60 dias a dez anos. Os prazos são definidos de acordo com o valor da mercadoria ou a complexidade do serviço pres- tado. • Parcela financiada – até 100% do valor da exportação para os fi- nanciamentos com prazo de até dois anos, e até 85% do valor da Claretiano - Centro Universitário 217© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior exportação nos demais casos. Taxas de juros de mercado inter- nacional. • Pagamento em parcelas semestrais, iguais e consecutivas. • Garantias – aval, fiança, carta de crédito de instituição financei- ra de primeira linha ou seguro de crédito à exportação (MDIC, 2012b). O valor a ser financiado pode alcançar até 85% do valor da exportação a taxas compatíveis com as praticadas no mercado in- ternacional (mínima Libor). Os beneficiários do crédito podem ser: • Exportadores: quando for concedido ao exportador me- diante o desconto de títulos representativos de vendas a prazo ou da cessão dos direitos creditórios. • Importadores: quando for concedido ao importador por meio de contratos de financiamento firmados entre o go- verno brasileiro e entidades estrangeiras do setor público, sem a vinculação do exportador aos títulos. Proex Equalização O Proex Equalização de Taxa de Juros é um crédito ao expor- tador ou ao importador de bens e de serviços brasileiros concedi- dos por instituições financeiras no país ou no exterior, na qual o Proex assume parte dos encargos financeiros, tornando-os compa- tíveis aos praticados no mercado financeiro internacional. O valor equalizável é de até 85%, podendo ser reduzido se o índice de nacionalização da mercadoria for inferior a 60%. Ele con- templa o valor da exportação financiada na modalidade Incoterm negociada,exceto a comissão de agente. O prazo do financiamento pode variar de 60 dias a 10 anos, e a amortização do financiamento deverá ser feita em parcelas semestrais. © Comércio Exterior218 Letras de exportação (Export Notes) Podemos definir Export Notes como: Termo que vem do inglês e significa notas de exportação. Contra- to usado por exportadores para financiar suas vendas ao exterior. Nestes contratos o exportador cede aos investidores os direitos de venda decorrentes dos contratos de exportação, e, em troca recebe moeda local. Título com remuneração vinculada à moeda estrangeira, emitido no mercado doméstico por um exportador, que possui um contrato com um importador de fornecimento futuro de mercadorias. É um produto financeiro que permite às empresas se posicionarem em face de diferentes expectativas de mercado, protegendo ou ga- rantindo resultados na arbitragem de indexadores financeiros (IGF, 2012). Isso significa que: A empresa exportadora emite uma nota promissória cujo valor é in- dexado pela variação cambial, com o compromisso de resgate, em uma determinada data (entre 30 e 720 dias). O pagamento é ga- rantido pelo contrato de exportação. Os bancos podem participar como avalistas, intermediadores e importadores finais. Em geral, o prazo obtido é superior ao do ACC (BRASIL GLOBAL NET, 2012). 9. QUESTÃO AUTOAVALIATIVA Confira, a seguir, a questão proposta para verificar seu de- sempenho no estudo desta unidade: 1) Quais são os principais aspectos da política brasileira de financiamento das exportações? Que avaliação você faz a respeito deles? 10. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final desta unidade. Aqui, aprendemos sobre algumas possibilidades de financiamento e sobre os benefícios fis- cais da atividade exportadora. Na próxima unidade, conheceremos a exportação de com- modities, responsáveis por resultados expressivos nas exportações Claretiano - Centro Universitário 219© U6 - Benefícios e Financiamento no Comércio Exterior brasileiras, e um pouco mais sobre a política brasileira para as im- portações. 11. E-REFERÊNCIAS APRENDENDO A EXPORTAR. Planejando a exportação. Conhecendo o comércio internacional − ACC e ACE. Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/ gemasejoias/html/planejando/financiamento_acceace.html>. Acesso em: 26 jul. 2012a. ______. ______. Incentivos fiscais e financeiros. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/calcados/frameset_planejando_incentivos_ financiamento_bndes.htm>. Acesso em: 26 jul. 2012b. BNDES. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. Homepage. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br>. Acesso em: 26 jul. 2012. BRASIL GLOBAL NET. Manuais. Exportação passo a passo. Disponível em: <http://www. brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/Manuais/PUBExportPassoPasso2009. pdf>. Acesso em: 19 jul. 2012. IGF. INTELECT GERENCIAMENTO FINANCEIRO. Disponível em: <http://www.igf.com.br/ aprende/glossario/glo_Resp.aspx?id=780>. Acesso em: 26 jul. 2012. MDIC. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. FINANCIAMENTO. Proex. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/ aprendex/default/index/conteudo/id/194>. Acesso em: 26 jul. 2012a. ______. ______. Proex Financiamento. http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/ aprendex/default/index/popup/id/363>. Acesso em: 26 jul. 2012b. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIAS, R.; RODRIGUES, W. (Org.). Comércio exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas, 2004. MAIA, J. M. Economia internacional e comércio exterior. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2007. SEGRE, G. (Org.). Manual prático de comércio exterior. São Paulo: Atlas, 2006 VAZQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 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