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a igreja em casas - atos

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ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 11 / ATOS OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2001
1 / ATOS OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2001
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002
Volume 17 / Número 2
EDIÇÃO PORTUGUÊS
PARE! Antes de você ler esta revista, por favor, olhe para a etiqueta de endereço em seu envelope.
No topo direito de sua etiqueta, depois
da palavra "EXPIR", está sua data de ven-
cimento da assinatura da Revista ATOS.
(month/year).
Por favor, escreva essa
data aqui:
________ / _________
mês ano
No topo esquerdo de sua etiqueta está o seu número de ATOS.
Por favor, escreva esse número aqui.
Você deverá dar esta informação cada vez que escrever ao World MAP, ou quando preencher
seu Formulário de Renovação de Assinatura ou solicitação do livro O Cajado do Pastor.
A IGREJA
EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de Congregações
Bob Fitts
ATOS
2 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
“Saudai Priscila e Áqüila, meus
cooperadores em Cristo Jesus...
saudai igualmente a igreja que se re-
úne na casa deles” (Rm 16:3-5).
‘’As igrejas da Ásia vos saúdam.
No Senhor, muito vos saúdam Áqüila
e Priscila e, bem assim, a igreja que
está na casa deles” (l Co 16:19).
“Saudai os irmãos de Laodicéia,
e Ninfa, e à igreja que ela hospeda
em sua casa” (Cl 4:15).
“Ao amado Filemom... e à igreja
que está em tua casa” (Fm 1,2).
Com base nos versículos acima, é
óbvio que a Igreja Primitiva reunia-
se em casas. Essas casas não eram o
que poderíamos chamar de um prédio
característico e específico de uma
igreja. Eram casas em que as pessoas
moravam, e eram abertas como um
local de reunião para a igreja.
A Igreja Primitiva não tinha prédi-
os de igreja. Os prédios não aparece-
ram até o ano 232 d.C. O período mais
explosivo do crescimento da Igreja na
história, até recentemente, aconteceu
durante os primeiros anos, quando não
havia nenhum prédio de igreja.
Contudo, neste exato momento, na
China, há um incomum mover do Es-
pírito de Deus que é até mesmo maior
que o crescimento inicial da Igreja.
Isso está acontecendo sem o uso de
prédios de igreja. Esse reavivamento
é um movimento de igrejas em casas.
A seguinte citação foi extraída do
Relatório Calebe da edição de Jan/Fev
de 1990 da REVISTA MINISTÉRIOS.
Este relatório foi feito por Loren
Cunningham, fundador e presidente da
JOCUM (Jovens com Uma Missão):
“De acordo com o U.S. Center For
World Mission (Centro Americano
Para Missões Mundiais), mais de
22.000 chineses estão vindo a Cristo
a cada dia. É o equivalente a 7 dias de
Pentecostes a cada 24 horas. Isso está
acontecendo neste exato momento. A
maior parte dessa explosão de uma
nova fé está vindo das comunidades
rurais da China, onde vive 80% da
população chinesa.
“Jonathan Chão, fundador da
Chinese Church Research Center
(Centro de Pesquisas da Igreja Chi-
nesa), contou-me como o reavivamen-
to chinês está sendo espalhado por
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de Congregações
Bob Fitts
Capítulo 1
A RAZÃO PARA TERMOS
IGREJAS EM CASAS
jovens, em sua maioria com idades de
15 a 19 anos. Os adolescentes vão aos
vilarejos e compartilham o Evangelho
onde ele nunca foi ouvido antes.
“Quando os convertidos são organi-
zados em pequenos grupos, os adoles-
centes chamam os ‘presbíteros’ ou
‘anciãos’ (crentes de 20 a 30 anos de
idade) para virem e ensinarem as recém-
formadas igrejas em casas. Ao mesmo
tempo, os adolescentes seguem adian-
te, para alcançarem o próximo vilarejo.
“Os pastores e mestres chineses
não têm barreiras financeiras para es-
palharem a mensagem cristã. Eles
moram com os camponeses e fazen-
deiros em cada região nova, e não
constróem edifícios. Eles têm muito
pouco e precisam de muito pouco.
“Através deste meio simples, as
Boas-Novas estão saltando sobre os
campos e montanhas da China.”
O explosivo crescimento da Igreja
que está acontecendo agora na China
tem algo em comum com o crescimen-
to da Igreja Primitiva do Livro de
Atos. Ambos são um movimento de
igrejas em casas. Este mesmo tipo de
crescimento é visto em outros países
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 3
hoje, onde os prédios de igrejas não
são permitidos.
Há um princípio simples que é ex-
presso aqui: Quanto mais obstáculos
que atrapalham a implantação de no-
vas igrejas forem removidos, tanto
maior será o crescimento que veremos.
Já tive experiências, tanto na im-
plantação como no pastoreamento de
igrejas em casas.
Vejo algumas claras vantagens na
implantação de igrejas em casas para
a multiplicação de igrejas:
AS IGREJAS EM CASAS SÃO
FÁCEIS DE SE INICIAR
Para se implantar uma igreja numa
casa, você não precisa comprar propri-
edades, nem construir um prédio. Você
não precisa de um púlpito, bancos de
igreja, hinários, nem de um piano. Você
pode ficar sem um batistério, uma es-
cola dominical, e um pastor de jovens.
Você não precisa pertencer a uma
denominação, nem tornar-se membro.
Você não precisa ter uma reunião aos
domingos, ter um boletim da igreja,
nem ter uma reunião no mesmo lugar
todas as semanas.
Você não precisa ter uma placa
com o nome da sua igreja. Ela não pre-
cisa de um nome. Na verdade, você
nem mesmo precisa chamá-la de
“igreja”, contanto que você saiba que
ela é uma igreja. Nenhuma das situa-
ções acima são ruins ou erradas, mas
também não são necessárias. O Após-
tolo Paulo não usava nenhuma das
coisas acima em seu ministério de im-
plantação de igrejas.
Muitas das nossas igrejas moder-
nas deixaram a simplicidade do Novo
Testamento e acrescentaram tantas
coisas extras, que na verdade não são
necessárias. Por essa razão, tem fica-
do cada vez mais difícil iniciarmos
uma nova igreja.
Não podemos ir a nenhum país
hoje onde o Apóstolo Paulo implan-
tou igrejas e apontarmos para um pré-
dio e dizermos: “Aquela é a Igreja de
Corinto!” ou “Olhe para aquele lindo
prédio! É a Igreja dos Efésios!” ou
“Eis aqui a Igreja dos Tessalonicen-
ses!” Não há nenhum prédio assim.
Pelo que saibamos, as igrejas que Pau-
lo iniciou reuniam-se em casas.
Ray Willians, um amigo íntimo, é
missionário no México há 25 anos. Ele
tem sido usado por Deus para iniciar
dezenas de igrejas no México, das
quais centenas de outras igrejas têm
sido geradas.
Ele me contou recentemente, que
EDIÇÃO PORTUGUÊS
Volume 17 / Número 2
Índice
1. A Razão Para Termos Igrejas em Casas .... 2
2. As Igrejas em Casas no Novo
Testamento .................................................... 6
3. O que é Uma Igreja? ................................... 9
4. Implantação de Igrejas por Saturação .... 13
5. Uma Roda ou Uma Videira? ..................... 17
6. Será que os Prédios de Igrejas São
Mesmo Necessários? .................................. 18
7. Um Passo à Unidade .................................. 21
8. O que Fazemos Numa Igreja em Casa? .. 24
9. Perguntas e Respostas ............................... 27
Suplemento A – Por que a JOCUM (Jovens
com Uma Missão) Implanta Igrejas .............. 30
Suplemento B – Por que Implantar Novas
Igrejas ............................................................... 32
Como Fazer a Sua Igreja Crescer ................. 34
O Crescimento da Igreja e as Escrituras ...... 37
Diretor Responsável ................... Ralph Mahoney
Diretores ......................... Frank & Wendy Parrish
Diretores Administrativos
África .................................. Loreen Newington
Índia .................................................... Bill Scott
Internacional ................................ Gayla Dease
Artes Gráficas ... Dennis McLain & Vander Santos
Tradutor ....................................... Marcos Taveira
Revisora ........................................... Nadya Denis
Leitora de Provas ...................... Maura Ocampos
Impressão Gráfica ................ Editora Betânia S/C
VISÃO E MISSÃO
Como umministério ao Corpo de Cristo, o
World MAP existe para:
1. Fornecer aos líderes de igrejas nos paí-
ses da Ásia, África e América Latina um
treinamento prático que os torne efica-
zes ministros do Evangelho.
2. Compartilhar com os crentes das nações
ocidentais as vitórias e as tribulações de
obreiros de igrejas nacionais, a fim de
que a Igreja: Ore mais fervorosamente e
dê mais sacrificialmente para abençoar
e desenvolver a obra dos que servem nas
linhas de frente do evangelismo.
ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publi-
cada a cada três meses pelo “World MAP”, 1419
N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA.
Toda correspondência deve ser dirigida para o en-
dereço acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-
970 Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-
mail: revista.atos@uol.com.br
SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudan-
ças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal
5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil.
Todas as passagens das Escrituras serão da
Bíblia Sagrada, traduzida em português por João
Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil
– 1981, a menos que outra fonte seja indicada.
ATOS
A IGREJA EM CASAS
4 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
certa vez, iniciou uma igreja num tri-
gal. A igreja cresceu, e dela surgiu uma
multidão de “igrejas-filhas e netas”, e
cada uma delas com uma visão de im-
plantação de novas igrejas.
Temos a tendência de tornar nos-
sas igrejas complexas demais. Deus
está nos chamando de volta à simplici-
dade e naturalidade da multiplicação.
AS IGREJAS EM CASAS
SÃO DESCONTRAÍDAS
E INFORMAIS
Vários anos atrás, levei minha fa-
mília a uma igreja cujo pastor era um
notável mestre da Bíblia. Eu gostava
muito daquela igreja e queria
freqüentá-la. No entanto, todos os
membros de lá vestiam-se com rou-
pas que eram muito caras para as con-
dições financeiras da minha família.
Algumas pessoas não frequentam
certas igrejas hoje porque o nível do
padrão do vestuário é alto demais.
Eles transformaram a igreja num even-
to “formal”. Muitos que não frequen-
tam uma igreja do tipo formal, fre-
quentam uma igreja numa casa por-
que ela é mais descontraída e tem um
ambiente informal e familiar.
Em seu livro UNDERSTANDING
CHURCH GROWTH (Comprendendo o
Crescimento da Igreja), o Dr. Donald
McGavran cita “Oito Chaves Para o
Crescimento da Igreja nas Cidades”.
A primeira delas nos dá a idéia do Dr.
McGavran sobre a importância da
implantação e multiplicação das igre-
jas em casas. Ele afirma:
“As oito chaves que estou para
mencionar não são meras adivinha-
ções. Elas descrevem princípios com
os quais concordam homens especi-
alizados no crescimento da Igreja.
“Em primeiro lugar, enfatize as igre-
jas em casas. Quando a igreja começa a
crescer, cada congregação precisa en-
contrar logo um lugar para se reunir.
“A congregação deveria reunir-se
nos ambientes mais naturais. Deveria ser
um lugar em que os não-cristãos pos-
sam vir com a maior tranqüilidade. Ela
deveria estimular os próprios converti-
dos a darem prosseguimento aos cultos.
A obtenção de um lugar de reunião não
deveria colocar um peso financeiro so-
bre as pequenas congregações.
“A igreja em casas supre todos es-
ses requisitos de forma ideal. Elas de-
veriam sempre ser consideradas, tan-
to para uma implantação inicial como
para expansões posteriores.”
AS IGREJAS EM CASAS SÃO
FERRAMENTAS
EVANGELÍSTICAS
O Dr. Peter Wagner é considerado
por muitos como a maior autoridade
sobre o crescimento de igrejas hoje.
Ele diz: “O melhor método debaixo
do céu para a evangelização é a im-
plantação de igrejas. Nunca houve um
método melhor e nunca haverá.”
IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS POR
SATURAÇÃO é o nome dado à visão
que agora está sendo adotada por lí-
deres de missões no mundo todo.
Uma igreja que se divide a fim de
multiplicar-se experimenta uma adi-
ção. Uma igreja que tem o seu enfoque
somente na adição tem a tendência de
atolar-se e estagnar-se.
O objetivo de muitos líderes de
igrejas tem sido o de se tentar fazer
uma só congregação muito grande, em
vez de se multiplicar as congregações.
Contudo, a Igreja de qualquer cidade
aumenta muito mais rapidamente pela
multiplicação das congregações do
que pela tentativa de se edificar uma
só super-congregação.
A maior igreja do mundo encon-
tra-se em Seul, Coréia, sob a lideran-
ça pastoral do Dr. Yonggi Cho, que
tem aplicado o princípio de multipli-
cação. A sua igreja está evangelizan-
do a Cidade de Seul de uma maneira
notável, multiplicando as congrega-
ções, que são chamadas de “células”.
Eles se dispuseram a dividir-se a fim
de se multiplicarem, e a adição tem
sido incrível.
AS IGREJAS EM CASAS
FACILITAM O TREINAMENTO
DE PASTORES E LÍDERES
Os educadores têm entendido há
muito tempo que o melhor método de
treinamento ainda é o método de apren-
dizagem, isto é, o treinamento de “um
mestre a um aprendiz na prática”. É o
que um ferreiro, encanador, ou advo-
gado teria recebido há cem anos atrás.
Eles aprendiam observando e pratican-
do, e, ao mesmo tempo, sendo respon-
sáveis a um mestre na profissão.
Esse era o método de Jesus. Seus
discípulos aprendiam observando, ou-
vindo e praticando, enquanto con-
viviam com o Próprio Mestre dos mes-
tres.
Nas igrejas em casas os pastores
podem ser treinados no sentido de fa-
zerem de fato a obra de pastoreio. Ao
mesmo tempo, eles estão sob a super-
visão de um pastor sênior. Eles cres-
cem à medida que a igreja cresce sob
a liderança deles.
Os pastores que têm empregos re-
munerados de tempo integral podem
continuar, a trabalhar até que a igreja
possa sustentá-los financeiramente. Al-
guns pastorearão mais do que uma igre-
ja numa casa, uma vez que nem todas
elas se reúnem no domingo de manhã.
AS IGREJAS EM CASAS
AJUDAM A ESTREITAR OS
RELACIONAMENTOS
Uma pequena igreja numa casa
tem uma probabilidade muito maior
de que as pessoas tímidas encontrem
sua identidade no Corpo de Cristo.
Em nossa igreja em casa geralmen-
te almoçávamos juntos nos domingos.
Todas as famílias participavam, pre-
parando e servindo as refeições. A for-
mação de relacionamentos ocorre
muito mais facilmente neste tipo de
situações “familiares”.
Em seu periódico Church Growth
Report (Relatório do Crescimento da
Igreja), Win Arn faz a seguinte afir-
mação sob o título “UM PRINCÍPIO
DE CRESCIMENTO COMPROVADO”:
GRUPOS PEQUENOS EFICAZES:
“Em nossos estudos de igrejas cres-
centes, descobrimos que uma carac-
terística comum é o alto nível de ‘cola
relacionamental’ entre os membros.
Podemos chamar esta característica de
‘amor’, ‘amizade’, ‘solicitude’..., mas
é o que genuinamente atrai e retém os
membros.”
AS IGREJAS EM CASAS SÃO
ECONÔMICAS
Uma igreja numa casa pode cana-
lizar para o ministério quase todos os
seus recursos financeiros. Já que as
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 5
reuniões são feitas em casas, todas as
despesas com construções são evita-
das. Desta forma, somente dez famí-
lias que dizimam poderiam sustentar
financeiramente um pastor em tempo
integral.
Já que um pastor poderia supervi-
sionar mais do que uma igreja em
casa, ele não precisa receber todo o
seu sustento de uma só congregação.
As reuniões podem ser feitas em ou-
tros dias ou noites, como também aos
domingos. Ouvi sobre um pastor que
estava fazendo regularmente 12 reu-
niões em casas toda as semanas. Não
há nada no Novo Testamento que diga
que domingo às 11 horas da manhã é
a hora de a igreja se reunir. Aliás, o
padrão do Livro de Atos é que eles se
reuniam diariamente. O primeiro dia
da semana é raramente mencionado,
e nunca é enfatizado como um dia es-
pecial, separado para a adoração.
Obviamente, muitas destas igrejas
em casas são dirigidas por pastores em
treinamento. Estas pessoas possuem
empregos regulares e pastoreiam uma
igreja numa casa à medida que seu
tempo permitir.
A honra deum salário razoável de-
veria ser dada aos que estão em tem-
po integral na obra. Contudo, até mes-
mo os que servem como pastor em
tempo parcial deveriam receber uma
honra semelhante. Eles deveriam re-
ceber algumas ofertas de amor e uma
remuneração proveniente dos dízimos
e ofertas. Isso ressarciria seus gastos
e os encorajaria na obra do ministé-
rio. Quer esteja em tempo parcial ou
integral, “digno é o trabalhador do
seu salário” (Lc 10:7).
AS IGREJAS EM CASAS
PODEM RESOLVER O
PROBLEMA DO
CRESCIMENTO
Algumas das nossas congregações
crescem tanto que precisam construir
prédios maiores, alugar instalações
maiores, ou fazer dois cultos. Isso é o
que chamamos de um “problema agra-
dável”.
No entanto há também uma solu-
ção agradável. Comece a treinar pas-
tores, designando-lhes uma área da ci-
dade. Em seguida, dê-lhes algumas fa-
mílias para iniciarem uma igreja em
casa nestas áreas da cidade, com o pro-
pósito de “terem um bebê”.
A coisa mais vivificante que uma
igreja pode fazer é ter um bebê. Te-
nho visto muitas e muitas igrejas mor-
rendo por causa de um espírito pos-
sessivo na liderança. As igrejas que
Deus está abençoando são as igrejas
que continuamente dão tudo o que
Deus lhes dá.
Jesus disse: “dai, e dar-se-vos-á”
(Lc 6:38). Uma igreja que dá é uma
igreja que cresce.
Michael Green é o diretor da Fa-
culdade de Saint John de Nottingham,
Inglaterra. Em seu discurso no Con-
gresso Internacional sobre a Evange-
lização Mundial em Lausanne, Suíça,
em 1974, ele falou sobre os Métodos
e Estratégias na Evangelização da
Igreja Primitiva. Ele disse: “Na Igre-
ja Primitiva, os prédios não eram im-
portantes. Eles não tiveram nenhum
prédio de igreja durante o período de
seu maior avanço.
“Hoje em dia, os prédios de igreja
parecem importantíssimos a muitos
cristãos. A sua manutenção consome
o dinheiro e o interesse dos membros.
Isso geralmente os afunda em dívidas
e os isola dos que não frequentam a
igreja.
“Em alguns casos, até mesmo a pa-
lavra ‘igreja’ mudou o seu significa-
do. Ela não significa mais um grupo
de pessoas, como significava na épo-
ca do Novo Testamento. Nos dias atu-
ais, ‘igreja’ muitas vezes significa in-
corretamente um prédio.”
Há muitas vantagens nas igrejas
em casas. A mais importante delas é a
simplicidade e facilidade de multipli-
cação.
Os movimentos de igreja que cres-
ceram mais rapidamente na história
foram os que não tiveram enormes es-
truturas organizacionais. Os movi-
mentos mais bem-sucedidos têm
enfocado os aspectos essenciais sem
hesitações. n
6 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 2
AS IGREJAS EM CASAS NO
NOVO TESTAMENTO
Durante a vida de Jesus na terra,
residências comuns e simples eram
usadas para a propagação do Evange-
lho e para o discipulado de novos con-
vertidos. Isso também aconteceu du-
rante a expansão da Igreja no Livro
de Atos. Os versículos abaixo mos-
tram isto:
Uma Casa Onde Jesus Foi
Adorado
“Entrando na casa, viram o meni-
no com Maria, sua mãe. Prostrando-
se, o adoraram; e, abrindo os seus te-
souros, entregaram-lhe suas ofertas:
ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11).
A primeira vez em que um grupo
se reuniu para adorar a Jesus e ofere-
cer-Lhe presentes foi numa casa – a
casa de Maria e José.
A Casa de Pedro Foi Usada Para
Uma Reunião de Curas
“Tendo Jesus chegado à casa de
Pedro, viu a sogra deste acamada e
ardendo em febre. Mas Jesus tomou-
a pela mão, e a febre a deixou. Ela se
levantou e passou a servi-lo. Chega-
da a tarde, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados; e ele meramente
com a palavra expeliu os espíritos e
curou todos os que estavam doentes”
(Mt 8:14-16).
Nos primeiros dias do Seu minis-
tério, Jesus usou a casa de Pedro para
fazer reuniões de pregação, cura, e li-
bertação.
O Primeiro Culto de Ceia foi
Realizado Numa Casa
Na última semana do ministério de
Jesus, Ele disse aos Seus discípulos:
“Ide à cidade ter com certo homem e
dizei-lhe: O Mestre manda dizer: O
meu tempo está próximo; em tua casa
celebrarei a Páscoa com os meus dis-
cípulos” (Mt 26:18).
O nosso Senhor poderia ter esco-
lhido celebrar a primeira Ceia com os
Seus discípulos numa sinagoga, no
Templo, ou em algum outro lugar de
importância religiosa. Contudo, Ele
escolheu celebrá-la numa casa comum
e simples.
Assim sendo, Ele deu a Sua apro-
vação à residência comum como sen-
do um lugar consagrado e santifica-
do, digno dos mais solenes cultos de
adoração.
Jesus Pregou a Multidões
Reunidas em Casas
“Vários dias mais tarde, Ele vol-
tou a Capemaum e as notícias da Sua
chegada espalharam-se rapidamente
por toda a cidade. Logo, a casa em
que Ele estava ficou tão lotada de vi-
sitantes que não havia espaço para
nem mais uma pessoa, nem mesmo
fora da porta. E Ele lhes pregou a
Palavra” (Mc 2:1,2 – A Bíblia Viva).
Jesus fez em casa as mesmas coi-
sas que fazemos em nossos prédios de
igrejas hoje em dia. Ele também fez
estas coisas ao ar livre e no pátio do
Templo.
O Pentecostes Veio a Uma Igreja
em Casa
“Ao cumprir-se o dia de Pentecos-
tes, estavam todos reunidos no mes-
mo lugar; de repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e
encheu toda a casa onde estavam as-
sentados” (At 2:1,2).
Muitos de nós nunca consideramos
o número de eventos bíblicos funda-
mentais que aconteceram em residên-
cias particulares.
LEMBRETES:
• O primeiro culto de adoração
aconteceu numa casa
• O primeiro culto de Ceia foi numa
casa
• O primeiro culto de curas foi rea-
lizado numa casa
• A primeira ocasião de pregação
do Evangelho aos gentios aconteceu
na casa de Cornélio
• O derramamento do Espírito San-
to no Dia de Pentecostes foi numa
casa, e
• As primeiras igrejas que o Após-
tolo Paulo iniciou foram todas or-
ganizadas em casas.
Através dos séculos nós perdemos
a vida que pode ser encontrada na sim-
plicidade. Ao contrário, temos acres-
centado coisas que retardaram o pro-
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 7
gresso e a expansão da Igreja a todas
as nações.
Nas Ruas e nas Casas
“Eles adoravam juntos, regular-
mente, no Templo, todos os dias, reu-
niam-se em pequenos grupos nas ca-
sas para a comunhão, e compartilha-
vam as suas refeições com grande ale-
gria e gratidão” (At 2:46 – A Bíblia
Viva).
A Igreja Primitiva não somente se
reunia em pequenos grupos nas casas,
mas também em reuniões maiores em
lugares públicos. O crescimento mais
rápido da Igreja acontece quando ela
não usa locais formais de reunião. Por
toda a história, a Igreja cresceu mais
rapidamente quando ela permaneceu
flexível, móvel e militante.
Saulo, o Perseguidor, Ataca as
Igrejas em Casas
Saulo começou a perseguir a Igre-
ja. Indo de casa em casa, ele arrastava
os crentes e os colocava na prisão.
“Saulo, porém, assolava a igreja,
entrando pelas casas; e, arrastando
homens e mulheres, encerrava-os no
cárcere” (At 8:3).
Onde ia Saulo de Tarso para en-
contrar o “povo do caminho” a fim de
arrastá-los à prisão e à morte? Ele os
encontrava nas casas. Ele próprio,
mais tarde, iniciaria igrejas em casas
em suas viagens missionárias.
Onde Vocês se Reúnem?
“E todos os dias, no templo e de
casa em casa, não cessavam de en-
sinar e de pregar Jesus, o Cristo” (At
5:42).
Os crentes não se reuniam no Tem-
plo em si, mas nos pátios, ou perto do
Templo, onde as pessoas se reuniam.
Eram reuniões ao ar livre.
A HISTÓRIA DO CRISTIANISMO de
Lion afirma que os cristãos não ti-
nham nenhum prédio especial, mas
reuniam-se em casas particulares:
“Rústico, o Perfeito, perguntou o
8 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
A Igreja Primitiva não
somente se reunia em
pequenos grupos nas casas,
mas também em reuniões
maiores em lugares
públicos. O crescimento
mais rápido da Igrejaacontece quando ela não
usa locais formais de
reunião. Por toda a
história, a Igreja cresceu
mais rapidamente quando
ela permaneceu flexível,
móvel, e militante.
seguinte a Justino Mártir (100-165
d.C.): ‘Onde vocês se reúnem?’ Justi-
no disse: ‘Onde as pessoas escolhem
e podem, ou você supõe que todos nós
nos reunimos exatamente no mesmo
lugar? Nada disto, porque o Deus dos
cristãos não está confinado (restrito)
a um só lugar’.”
Em seu livro CELLS FOR LIFE (Cé-
lulas Para a Vida), Ron Trudinger diz:
“Eles iniciaram a prática de se reu-
nirem diariamente no Templo e de
partirem o pão de casa em casa.
Esta última frase também pode-
ria ser traduzida por: ‘nas várias
casas particulares’.
“A oposição dos judeus logo
impediu o uso do Templo pêlos
cristãos. As sinagogas foram usa-
das por algum tempo, mas não de-
morou muito até que muitas de-
las fossem fechadas aos cristãos
(veja Atos 19). No entanto, con-
tinuamos encontrando muitas re-
ferências em Atos e nas Epísto-
las de igrejas em casas.”
A Igreja em Casa que Abriu o
Evangelho às Nações
“No dia imediato, entrou em
Cesaréia. Cornélio estava espe-
rando por eles, tendo reunido
seus parentes e amigos íntimos.
Aconteceu que, indo Pedro a en-
trar, lhe saiu Cornélio ao encon-
tro e, prostrando-se-lhe aos pés,
o adorou... Pedro... entrou, en-
contrando muitos reunidos ali” (At
10:24-27).
Esse é um bom exemplo de como
iniciarmos uma igreja em casa. Al-
guém que esteja faminto por Deus re-
úne vários membros de sua família e
amigos. Aí então esta pessoa pede que
o homem de Deus venha e comparti-
lhe a Palavra de Deus. Tão simples
assim!
A reunião na casa de Cornélio foi
um irrompimento histórico. Ela con-
venceu os crentes judeus que as Boas-
Novas eram para todas as nações, e
não somente para os judeus.
A Casa de Lídia Foi a Primeira
Igreja da Europa
“Tendo-se retirado do cárcere, di-
rigiram-se para a casa de Lídia e,
vendo os irmãos, os confortaram. En-
tão, partiram” (At 16:40).
A Igreja de Filipos foi formada na
casa de Lídia. O Livro de Atos não
conta como a igreja cresceu. Muito
provavelmente, quando o grupo não
podia mais caber na casa de Lídia, os
membros formaram uma outra igreja
em casa em alguma outra parte da ci-
dade. Desta maneira eles continuaram
a dividir-se e a multiplicar-se.
A Casa Alugada de Paulo
“Por dois anos, permaneceu Pau-
lo na sua própria casa, que alugara,
onde recebia todos que o procuravam,
pregando o reino de Deus, e, com toda
a intrepidez, sem impedimento algum,
ensinava as coisas referentes ao Se-
nhor Jesus Cristo” (At 28:30,31).
Estas palavras finais do Livro de
Atos revelam que, em Roma, Paulo
usou sua casa alugada para divulgar
as Boas-Novas do amor de Deus.
O movimento que cresce mais ra-
pidamente no mundo hoje começou
em casas. O movimento cristão teve
o seu maior crescimento enquanto os
seus membros permaneceram flexí-
veis e móveis. Os cristãos multiplica-
ram-se mais quando o seu objetivo
principal era os relacionamentos, e
não os rituais.
Da Sombra à Substância
Todos os tipos e sombras do Anti-
go Testamento foram totalmente cum-
pridos em Cristo. Não precisamos
mais do Tabernáculo, das vestes sa-
cerdotais do Templo, da sua mobília,
ou de nenhuma outra coisa semelhan-
te. Cristo é tudo e em todos. Somos
completos n’Ele.
Não precisamos mais de um
“Lugar Santo”, como tinham os
judeus. Não precisamos de um al-
tar de incenso, da pia, dos pães
da proposição, nem do Urim ou
Tumim. Não precisamos das som-
bras, pois temos a substância – O
NOME DELE É JESUS.
Analisemos agora João 4:20-
23, quando a mulher de Samaria
disse a Jesus: “Nossos pais ado-
ravam neste monte; vós, entretan-
to, dizeis que em Jerusalém é o
lugar onde se deve adorar. Dis-
se-lhe Jesus: Mulher, podes crer-
me que a hora vem, quando nem
neste monte, nem em Jerusalém
adorareis o Pai. Vós adorais o
que não conheceis; nós adoramos
o que conhecemos, porque a
salvação vem dos judeus. Mas
vem a hora e já chegou, em que
os verdadeiros adoradores ado-
rarão o Pai em espírito e em ver-
dade; porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores”.
Jesus esclareceu que DA SUA ÉPO-
CA EM DIANTE Jerusalém não era um
lugar mais santo que Samaria. Isso se
devia ao fato de que ELE HAVIA VIN-
DO. Em Sua vinda, Ele colocaria um
fim para sempre na idéia de lugares
santos. Isso porque Ele Próprio havia
cumprido todos os tipos e sombras do
Antigo Testamento.
Louvemos ao Senhor por termos
sido libertos de toda escravidão refe-
rente a um lugar onde possamos ado-
rar a Deus. Regozijemo-nos porque
fomos libertos do legalismo. Somos
livres para adorá-Lo quando estiver
mos a sós ou com outras pessoas. So-
mos livres para adorarmos a qualquer
hora, dia ou noite, em qualquer lugar
que escolhermos. n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 9
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 3
O QUE É UMA IGREJA?
“Talvez você pense que foi uma ta-
refa fácil. No entanto, ficamos muito
frustrados.
“Considere todas as circunstânci-
as das pessoas na terra. Aí então exa-
mine todos os vários modelos da Igre-
ja na Bíblia. Agora você começará a
entender a nossa frustração. Após
muitas horas de discussão havíamos
produzido muitos modelos bons. Con-
tudo, não encontramos nenhuma de-
finição absoluta para a Igreja, a não
ser ‘pessoas movendo-se juntamente
sob o senhorio de Jesus’.”
Gosto da definição “pessoas mo-
vendo-se juntamente”. A maioria de
nós fomos levados a crer que a igreja
é um prédio – algo imóvel.
Se Deus estremecesse e retirasse
Uma igreja certamente não é aque-
le prédio da esquina, com as lindas ja-
nelas de vitrais e o campanário em
cima. A igreja talvez se reúna lá, mas
este prédio não é a igreja.
A palavra original no grego,
ekklesia, é composta por duas palavras:
ek, que significa “para fora de” e kalleo,
que significa “Eu chamo”. O signifi-
cado pleno e simples de “igreja”, de
acordo com a palavra grega original, é
“Eu chamo para fora de”.
Quando Jesus disse: “Edificarei a
Minha Igreja”, Ele estava dizendo:
“Chamarei o Meu povo para fora do
mundo. Eles se reunirão em Meu Nome
e as portas do Inferno não prevalece-
rão contra eles.” Isso mostra que o povo
de Jesus chamado para fora se agrupa-
rá como um exército. Eles tomarão o
mundo para Ele. O inimigo não será
capaz de parar este avanço. Este exér-
cito invencível será motivado pelo
amor de Deus no coração de seus mem-
bros. Eles terão uma mensagem de
amor e perdão em seus lábios.
Na verdade, ekklesia tem dois sig-
nificados: o de sermos chamados para
fora e o de estarmos reunidos. Não
podemos experimentar a Igreja até que
nos reunamos.
A minha esposa e eu somos UM.
Somos UM até mesmo quando estiver-
mos separados um do outro, por mui-
tos quilômetros de distância. Porém,
não experimentamos os benefícios e
bênçãos da nossa união matrimonial
até que nos reunamos.
Semelhantemente, você e todos os
outros crentes da sua cidade constitu-
em a Igreja desta cidade. Mesmo quan-
do vocês não estiverem reunidos, ain-
da assim são a Igreja. Mas vocês não
podem receber os benefícios e bênçãos
da Igreja até que se reúnam.
“Reunir-se” não significa que vocês
precisam estar no mesmo lugar ao mes-
mo tempo. Isso provavelmente nunca
acontecerá em nenhuma cidade.
“Pessoas Movendo-se
Juntamente”
John Dawson, em seu livro TAKING
OUR CITIES FOR GOD (Tomando Nos-
sas Cidades Para Deus), diz: “Não há
nenhum modelo absoluto para o que
deveria ser uma igreja local.
“Certa vez eu passei uma tarde
com mais de cem líderes espirituais
de várias denominações. Tentamos en-
contrar uma definição universal de
uma igreja local bíblica.
10 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
todas as coisas até que não houvesse
nada, senão uma simples e básica igre-
ja neo-testamentária,o que teríamos
de sobra?
Imagine que eu tirasse todas as
coisas desnecessárias do que eu en-
tendo ser uma igreja. O que permane-
ceria? O nosso propósito neste capí-
tulo é respondermos essa pergunta.
Em primeiro lugar examinemos a
palavra “paraigreja”.
O que é Uma Paraigreja?
Li recentemente um livro que pro-
curava explicar a natureza da igreja.
Um subtítulo do livro era “Qual é o
Relacionamento da Igreja com as Or-
ganizações Paraeclesiásticas?” O au-
tor fez a seguinte observação:
“A Bíblia é clara no sentido de que
é através da Igreja que Deus realizará
o Seu grande propósito. Contudo, a
Igreja nem sempre tem sido o que de-
veria ser. Por esta razão, muitos cren-
tes ficam desanimados com a Igreja.
Eles percebem que a Igreja, da forma
como é, não supre certas necessida-
des óbvias.
“Cristãos cuidadosos e solícitos
têm desejado suprir as necessidades
urgentes. Por essa razão, eles têm es-
tabelecido sociedades missionárias,
orfanatos, organizações para homens
de negócios cristãos, e outras institui-
ções semelhantes.
(Nota do Editor: Estas organiza-
ções são geralmente chamadas de “mi-
nistérios paraeclesiásticos”. A palavra
“paraigreja” ou “paraeclesiástico” sig-
nifica “fora da igreja” ou “paralelo à
igreja”.)
“À medida que Deus continuar a
restaurar e fortalecer a Sua Igreja, a
necessidade dessas organizações exis-
tirem diminuirá. As comunidades
eclesiásticas estarão ministrando às
necessidades das pessoas em toda par-
te.”
É óbvio na citação acima que o es-
critor tinha um forte sentimento de que
“paraigreja” não era realmente “igre-
ja” absolutamente. Parece que ele acha
que algo inferior à “igreja” apareceu,
até que a igreja verdadeira possa ser
curada ou despertada para fazer a obra
que deveria estar fazendo. Este é um
clássico exemplo da seguinte idéia: “Se
você não for parecido com uma igreja,
então não é uma igreja.”
O fato é que, quando uma organi-
zação “paraeclesiástica” é constituí-
da de crentes nascidos de novo em
Jesus e eles se reúnem para servi-Lo
e adorá-Lo, ela não é uma “paraigre-
ja” – é uma igreja!
A Igreja São Pessoas
A igreja não é uma organização,
instituição, ou denominação. São
“pessoas movendo-se juntamente sob
o senhorio de Jesus”.
Seria difícil encontrarmos uma
verdadeira organização “paraeclesiás-
tica”. Uma organização destas, com-
posta por cristãos, não seria uma “pa-
raigreja”. Seria uma IGREJA – O
POVO DE DEUS CHAMADO PARA
FORA! Até mesmo se alguns membros
não fossem nascidos de novo, ainda
assim seria uma igreja. Qual é a igre-
ja que não tenha algumas pessoas não-
salvas frequentando os cultos?
Há alguns anos eu também tinha
uma idéia incorreta sobre as paraigre-
jas. Em meu ministério de ensino eu
geralmente dizia: “Se a igreja estives-
se fazendo o que deveria estar fazen-
do não precisaríamos de todas estas
organizações paraeclesiásticas.”
Nunca me ocorreu que as pessoas
paraeclesiásticas constituíam uma
igreja exatamente da mesma maneira
que nós, muito embora o prédio em
que se reuniam não tivesse o mesmo
formato que o nosso. Eu não percebia
que elas eram o povo de Deus, mo-
vendo-se juntamente sob o senhorio
de Jesus.
Meu filho mais velho é membro de
uma organização “paraeclesiástica” há
muitos anos. Seu grupo está fazendo
um trabalho notável em missões e
evangelização. Ele está crescendo
muito rapidamente em todo o mundo.
Alguns anos atrás meu filho e eu
estávamos discutindo o futuro dele
com essa organização específica.
Compartilhei que eu tinha algumas
idéias negativas sobre aquela orga-
nização, porque ela não era uma igre-
ja, e sim uma organização “paraecle-
siástica”.
Aparentemente ele foi apologético
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 11
e concordou plenamente comigo. Ele
disse que o que ele e os outros esta-
vam fazendo naquela organização es-
tava sendo maravilhosamente abenço-
ado por Deus. No entanto, ele achava
que o ministério da organização ainda
não era o que Deus realmente queria.
Isso se devia ao fato de que aquele mi-
nistério não estava sendo feito através
de uma igreja, mas sim de uma
“paraigreja”. (Ele também estava con-
fuso sobre “igreja” e “paraigreja”.)
Um dia ou dois mais tarde eu esta-
va dirigindo o meu carro e pensando
sobre a minha conversa com o meu
filho. Senti o Senhor docilmente me
perguntando: “O que é que faz de uma
organização uma igreja?”
Enquanto eu tentava responder
esta pergunta, senti que Deus estava
me dando uma revelação. Eu nunca
havia visto antes tão claramente como
vi naquele momento.
Uma organização não é uma igre-
ja pelo fato de ter um prédio com um
certo formato que as pessoas chamam
de igreja.
Não é uma igreja pelo fato de ter
sido devidamente registrada pelo go-
verno federal como sendo uma igreja.
Não é uma igreja pelo fato de ter
sido reconhecida por uma sede
denominacional como sendo uma
igreja.
Não é uma igreja pelo fato de ter
cultos regulares aos domingos pela
manhã, e por praticar o batismo e a
Ceia do Senhor.
Não é uma igreja pelo fato de se
reunir regularmente ou num determi-
nado local.
É UMA IGREJA SIMPLESMENTE
E SOMENTE PELO FATO DE SER O
POVO DE DEUS CHAMADO PARA
FORA, MOVENDO-SE JUNTAMEN-
TE SOB O SENHORIO DE JESUS.
O autor do livro / WILL BUILD MY
CHURCH (Edificarei a Minha Igre-
ja), Alfred Kuen escreveu:
“E fácil ficarmos atolados com as-
suntos e questões insignificantes. Apa-
rentemente não há uma forma bem
clara e precisa de se definir uma igre-
ja local.
“Quando, então, um corpo de cren-
tes poderá ser chamado de Igreja? Eu
pessoalmente tenho a tendência de
aceitar uma definição simples: um
corpo de crentes pode ser chamado de
igreja sempre que um grupo se reunir
regularmente para uma edificação mú-
tua.
“Porque, onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, ali estou
no meio deles” (Mt 18:20).
“É claro o que Tertuliano, um dos
patriarcas da Igreja Primitiva, achava
ser o significado das palavras de Je-
sus. Tertuliano disse: ‘Onde houver
dois ou três crentes, até mesmo lei-
gos, aí haverá uma igreja’.”
Jim Montgomery, autor de DAWN
2000: 7 MILLION CHURCHES TO GO
(Alvorada 2000: Ainda Faltam 7 Mi-
lhões de Igrejas) também aborda a
questão “O que é uma igreja?”. Ele
escreve: “Estou impressionado com a
maneira pela qual um grupo de cris-
tãos enfrentou esta questão bem fun-
damental na China.
“Esses crentes chineses comenta-
ram: ‘Muitos cristãos mais velhos dis-
seram que não podiam predizer a for-
ma futura das igrejas chinesas. Eles
recorreram à Bíblia para encontrarem
uma resposta. Eles descobriram que
o formato de igrejas em casas era uma
igreja legítima. Paulo menciona uma
igreja em casa em l Coríntios 16:19.
“Mais tarde encontramos um livro
escrito por Wang Ming-dao. Ele era
talvez o crente mais respeitado na
China no que se refere à igreja. Por
causa da sua fé ele ficou preso por
mais de 20 anos. Ele acreditava que
onde houvesse cristãos havia uma
igreja.
“Estávamos felizes com relação a
isto. O nosso grupo consistia de ape-
nas algumas pessoas. Contudo, supú-
nhamos que éramos de fato uma igre-
ja e que a nossa Cabeça era Jesus.
“A afirmação de Wang Ming-dao
‘Onde há cristãos há uma igreja’ é uma
definição profunda, especialmente
pelo fato de ser proveniente de uma
igreja que está crescendo rapidamen-
te e que está trabalhando sob as mais
difíceis circunstâncias.”
Uma Congregação de Crentes é
Uma Igreja
Há alguns meses eu estava ensi-
nando um pequeno grupo de crentes
na vila de La Rumurosa, no Antigo
México. Eu estava explicando Mateus
18:20 – “Porque, onde estiverem dois
ou três reunidos em meu nome, ali
estou no meio deles.”
Em espanhol, este versículo é o se-
guinte: “Donde hay dos o três con-
gregados en Mi Nombre, alli estoy en
médio de ellos.”
Uma palavra saltou aos meus
olhos. Eu nunca a havia notado antes.
É a palavra espanhola congregados,que significa “reunidos” em por-
tuguês.
“Reunidos” significa “congrega-
dos”. “Onde dois ou três estiverem
CONGREGADOS em Meu Nome, aí es-
tou Eu no meio deles.” Isto me fez
lembrar da palavra “congregação”.
Então perguntei ao grupo de cren-
tes mexicanos: “De acordo com este
versículo, quantas pessoas são neces-
sárias para termos uma congregação?”
Enquanto eu aguardava que eles res-
pondessem, fui surpreendido com o
peso da resposta que estava se forman-
do em minha própria mente.
Duas ou três pessoas é tudo o que
é necessário para termos uma congre-
gação – uma congregação de crentes
com Jesus no meio é uma igreja! Isso
não significa que os dois ou três se-
jam simplesmente quaisquer pessoas.
Significa duas ou três pessoas que se-
jam chamadas pelo nome de Jesus,
porque pertencem a Ele.
Jesus no Meio
“Jesus dentro do coração” é a ex-
periência do indivíduo em seu cami-
nhar particular com o Senhor.
“Jesus no meio” tem o mesmo sig-
nificado no contexto de uma comuni-
dade de igreja.
“Jesus no meio” significa Jesus
andando em nosso meio, tocando-nos,
falando conosco através dos dons do
Espírito. É Jesus fluindo por intermé-
dio dos membros do Seu Corpo, a
Igreja.
“Jesus no meio” é a experiência
corporativa. “Jesus dentro do cora-
ção” é a experiência particular.
Quando dois ou três crentes ver-
dadeiros, nascidos de novo, se reúnem
em Seu Nome, Jesus está NO MEIO.
Jesus em nosso meio é IGREJA!
12 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
Essa experiência é diferente de
quando temos Jesus no coração. Não
podemos experimentar Jesus em nos-
so meio enquanto estamos sozinhos.
Somente podemos ter essa experiên-
cia quando estivermos na companhia
de outros – pelo menos uma ou duas
outras pessoas.
Será que dois ou três juntos são
uma igreja no mais pleno sentido da
palavra? Sim, são uma igreja no mais
pleno sentido da palavra. É a igreja
básica.
Podemos ter mais do que dois ou
três, e, ainda assim, ser uma igreja, uma
igreja no sentido mais pleno, mas ela
não se torna mais igreja pelo fato de
haver mais de dois ou três membros.
Ela apenas se torna uma igreja maior.
O Papel dos Líderes de Igrejas
E os pastores, mestres, apóstolos,
evangelistas, e profetas? Será que uma
organização poderá ser uma igreja sem
que esses ministérios estejam presen-
tes? Sim, será uma igreja, até mesmo
sem todos os ministérios citados aci-
ma.
O quarto Capítulo de Efésios diz
que o Senhor deu esses cinco minis-
térios à Igreja. Ele deu esses dons a
algo que já existia.
Quando Paulo saiu de Antioquia
em sua Primeira Viagem Missionária,
ele estabeleceu igrejas em quatro ci-
dades. Em seu caminho de volta à
Antioquia, ele ordenou presbíteros
para essas igrejas.
Isso indica que o Espírito Santo,
que é o Autor do Livro de Atos, sabia
que elas eram igrejas ANTES que a li-
derança fosse designada.
“E, tendo anunciado o evangelho
naquela cidade efeito muitos discípu-
los, voltaram para Listra, e Icônio, e
Antioquia, fortalecendo a alma dos
discípulos, exortando-os a permanecer
firmes na fé; e mostrando que, através
de muitas tribulações, nos importa
entrar no reino de Deus. E, promoven-
do-lhes, em cada igreja, a eleição de
presbíteros, depois de orar com jejuns,
os encomendaram ao Senhor em quem
haviam crido” (At 14:21-23).
Os presbíteros foram escolhidos
dentre os discípulos que constituíam
as igrejas. Os discípulos eram pesso-
as chamadas por Deus das trevas para
a luz. Esse tipo de pessoa constitui a
IGREJA! Observe que o escritor de
Atos usa as palavras “discípulos” e
“igreja” de uma forma intercambiável.
Observe também que Paulo achou
seguro deixar aquelas igrejas recém-
formadas nas mãos do Senhor, em
quem as pessoas haviam crido. Esta é
uma afirmação fundamental e precisa
ser compreendida mais plenamente.
Nós, que estamos em posições de
liderança na igreja, às vezes coloca-
mos erroneamente uma importância
demasiada sobre nós próprios. Faze-
mos isso quando presumimos que a
igreja não pode funcionar sem a nos-
sa total “supervisão e vigilância” com
relação ao rebanho.
O bispo, presbítero, ou pastor é um
supervisor e alimentador. Ele funcio-
na como um pai ou uma enfermeira
aos seus “filhos” espirituais. No en-
tanto, é preciso que haja um limite à
sua supervisão espiritual. Muitos lí-
deres violam esse princípio frequen-
temente.
A nossa violação principal como
líderes de igreja é que tiramos quase
que por completo a capacidade de
ministração dos membros e entrega-
mos esta capacidade ao “clero profis-
sional”.
O que é Então Uma Igreja?
Se retirarmos tudo o que não é es-
sencial na igreja sobrará somente o
que é essencial. Teríamos então a Je-
sus e pelo menos duas pessoas que se
reuniram em Seu Nome.
Duas pessoas que nasceram de
novo, reunindo-se para reconhecerem
a presença de Jesus, são uma igreja
em seu nível mais básico. Não impor-
ta onde e nem quando estas duas pes-
soas se reúnem. Quando elas se reú-
nem para honrarem a Jesus isto ainda
é uma igreja.
Isso, obviamente, não significa que
esse nível essencial é onde o Senhor
quer que operemos o tempo todo. Lou-
vado seja Deus por grupos maiores.
No entanto, nunca percamos de vista
a igreja básica. Se o fizermos teremos
a tendência de cairmos de volta em
formalismos, rituais, cerimônias, re-
ligiosidade, e legalismo. n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 13
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 4
IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS
POR SATURAÇÃO
O principal defensor de implanta-
ção de igrejas do Século XX foi o fa-
lecido Dr. Donald McGavran. No
DAWN REPORT (Relatório da Alvora-
da), Jim Montgomery conta o seguin-
te incidente:
“Durante os últimos meses da en-
fermidade de Mary McGavran, a mi-
nha esposa Lyn passava frequente-
mente algum tempo com ela. O
Donald McGavran estava presente
também. Ele não fazia caso do seu
próprio câncer doloroso enquanto to-
mava conta da sua amada Mary.
“ ‘Vocês podem ter a certeza de que
o Jim e eu continuaremos o nosso
compromisso com relação ao cresci-
mento das igrejas depois que você fa-
lecer’, disse Lyn ao Donald certo dia.
‘“Não o chame mais de crescimen-
to de igreja’, foi a sua rápida respos-
ta. ‘Chame-o de multiplicação de igre-
jas!’
“Duas semanas antes da sua morte
ele disse: ‘A única maneira pela qual
completaremos a tarefa da Grande
Comissão é implantando uma igreja
em todas as comunidades do mundo.’”
O Movimento A. D. 2000 e Além
O Movimento A.D. 2000 e Além
está ganhando um impulso em todo o
mundo. O seu objetivo é mobilizar o
Corpo de Cristo a trabalhar diretamen-
te no cumprimento da Grande Comis-
são em nossa época.
É uma visão que está sendo adota-
da por igrejas, organizações missio-
nárias e denominações em todo o mun-
do. Há mais interesse hoje em missões,
na evangelização do mundo, e na implan-
tação de igrejas do que em qualquer ou-
tra época da história.
O seguinte diagrama mostra o nos-
so progresso na conclusão da Grande
Comissão:
Não Crentes
Para Cada Crente
Ano = D.C. Proporção
100 360 para 1
1000 220 para 1
1500 69 para 1
1900 27 para 1
1950 21 para 1
1970 11 para 1
1990 7 para 1
2000
?
O Dr. Ralph Winter é o fundador
do U.S. Center For World Mission
(Centro Americano Para Missões
Mundiais). Com relação a este diagra-
ma ele diz o seguinte: “Nos últimos
20 séculos, os mansos têm herdado a
terra silenciosamente!”
Ao estudar o diagrama acima você
perceberá que há 1900 anos, havia 360
pessoas não-salvas no mundo para
cada crente nascido de novo. Esta era
uma proporção de 360 para 1.
No ano de 1500, esta proporção já
havia sido reduzida a apenas 69 para
1. No início do século passado, esta
proporção já havia caído a 27 para 1.
Veja agora o que está acontecen-
do. Desde 1950 somente, a propor-
ção de não-cristãos para verdadeiros
crentesfoi reduzida em 67%. Ela
passou de 21 para l a apenas 7 para
l!
Exatamente como Jesus predis-
se, a Sua Igreja está penetrando
irresistivelmente em toda a Terra.
Estamos chegando mais perto do
tempo em que verdadeiramente “a
terra se encherá do conhecimento da
glória do Senhor” (Hc 2:14).
Igrejas em Todos os Bairros
Jesus ordenou que a Igreja fosse a
todo o mundo e discipulasse todas as
nações.
A palavra “nação” significa grupo
étnico, ou um grupo em que as pesso-
as compartilham da mesma cultura e
língua. De acordo com líderes missi-
onários, há aproximadamente seis mil
nações ou grupos étnicos que ainda
não possuem uma igreja.
São necessárias mais do que algu-
mas igrejas para se discipular uma
nação. A única maneira de fazê-lo é
por intermédio de implantação de
muitas igrejas dentro dessa nação.
Isso requer uma estratégia de IM-
PLANTAÇÃO DE IGREJAS POR SATU-
RAÇÃO, que significa a implantação de
igrejas em todos os bairros com uma
população de 500 a 1000 pessoas.
Esta visão de IMPLANTAÇÃO DE
IGREJAS POR SATURAÇÃO não é so-
mente para nações em desenvolvimen-
to. É para todas as nações, incluindo-
se as da Europa, América Latina e
América do Norte.
14 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
A maioria dos líderes das igrejas
existentes não ficam nervosos ao pen-
sarem sobre um movimento de igre-
jas em casas, se esse movimento esti-
ver localizado do outro lado do mun-
do. No entanto, se o movimento esti-
ver acontecendo em suas cidades, po-
derá haver uma reação bem diferente.
Damos brados de louvores a Deus
por todos os chineses que estão sendo
salvos por causa do movimento de igre-
jas em casas na China. Contudo, os
brados param e, às vezes, tornam-se um
resmungo de protesto se esse movi-
mento chegar em nossas cidades. Por-
quê? Muitos temem que isso cause uma
divisão dentro de suas igrejas e leve
embora alguns de seus membros.
Seria bom se pudéssemos ver o
movimento de igrejas em casas como
uma multiplicação de congregações.
Aí então todas as igrejas de uma dada
cidade poderiam tornar-se ativas na
multiplicação de congregações, em
vez de tentarem edificar uma só con-
gregação gigantesca.
Seríamos desafiados na área do
preparo de novos líderes. Nós já de-
veríamos mesmo estar treinando líde-
res.
“O campo é o mundo” (Mt 13:38).
Sempre é o tempo certo para alcan-
çarmos todos os não-salvos em todo
o mundo.
Ninguém deveria dizer: “Ei, não
comece uma igreja aqui. Este é o MEU
território!” Não há nenhuma igreja
que esteja alcançando todos os não-
salvos em uma cidade, ou mesmo em
alguma região ou bairro. Precisamos
de toda ajuda que pudermos obter para
alcançarmos os necessitados.
Se um movimento de igrejas em
casas acelerasse a evangelização da
minha cidade, eu gostaria de iniciar
tantas igrejas em casas quanto possí-
vel. Eu tomaria as providências para
que elas se multiplicassem e eu tam-
bém estimularia a quaisquer outros
pastores que amam a Jesus a multi-
plicarem as congregações na minha
própria cidade ou em outra qualquer.
Desenvolvam Líderes Leigos
Não-Remunerados
Alguns se preocupam, achando
que a multiplicação de igrejas em ca-
sas produz líderes não-qualificados.
Há uma preocupação de que líde-
res ineptos possam causar um aumen-
to de heresias e de ignorância.
Esse argumento supõe que a rápi-
da multiplicação de congregações es-
vazia o nosso suprimento de líderes
qualificados. Alguns acham que essa
multiplicação torna necessária a co-
locação, como líderes nas igrejas em
casas, de homens e mulheres que Deus
não pode usar.
Precisamos manter em mente que
Jesus não foi às instituições religio-
sas da Sua época para escolher líde-
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 15
res para a Sua Igreja. Ele escolheu ho-
mens que eram pescadores ignoran-
tes e leigos simples e comuns. Em se-
guida Ele os capacitou com o enchi-
mento do Espírito Santo.
Deus gosta muito de usar coisas
pequeninas e fracas. Considere a se-
guinte passagem bíblica:
“Irmãos, reparai, pois, na vossa
vocação; visto que não foram chama-
dos muitos sábios segundo a carne,
nem muitos poderosos, nem muitos de
nobre nascimento; pelo contrário,
Deus escolheu as coisas loucas do
mundo para envergonhar os sábios e
escolheu as coisas fracas do mundo
para envergonhar as fortes; e Deus
escolheu as coisas humildes do mun-
do, e as desprezadas, e aquelas que não
são, para reduzir a nada as que são; a
fim de que ninguém se vanglorie na
presença de Deus” (l Co 1:26-29).
Têm havido muitos movimentos
mundiais significativos na divulgação
do Evangelho por toda a história da
Igreja. Em cada um deles, homens e
mulheres ordinários e comuns têm
tido um papel importante.
João Wesley era um homem muito
instruído, com anos de aprendizado e
treinamento religioso. Ele foi o líder
de um dos grandes movimentos de
reavivamento e implantação de igre-
jas da história. No entanto, Wesley não
foi às escolas estabelecidas de treina-
mento religioso para encontrar os seus
pastores e líderes.
Ele disse: “Dê-me doze homens
que amem a Jesus com todo o seu co-
ração e que não temam os homens ou
os demônios. Não dou a mínima im-
portância se forem clérigos ou leigos.
Com estes homens eu mudarei o mun-
do.” E foi exatamente isso que João
Wesley fez.
Pregar o Evangelho ao ar livre na
época de Wesley era o cúmulo do sa-
crilégio. Era considerado como uma
grave afronta à Igreja estabelecida. A
Sagrada Palavra de Deus não podia
ser proclamada fora de um prédio de
igreja.
Os Irmãos Wesley e George
Whitefield sofreram anos de persegui-
ções por quebrarem as antigas tradi-
ções da Igreja estabelecida. No entan-
to, isso não os deteve.
Eles conheciam as Escrituras. Eles
estavam convencidos de que se Jesus
podia quebrar as tradições, era acei-
tável para eles fazerem o mesmo.
Agora citaremos uma vez mais os
escritos do Dr. McGavran, o “Pai” do
Movimento de Crescimento de Igre-
jas. Em seu livro UNDERSTANDING
CHURCH GROWTH (Compreendendo
o Crescimento da Igreja), ele afirma:
“Desenvolva líderes leigos não-
remunerados. Os leigos têm tido um
papel importante nas expansões urba-
nas da Igreja.
“Desde o início do crescimento de
igrejas nas cidades da América Lati-
na, homens comuns não-remunerados
dirigiram as congregações.
“Em alguns lugares, trabalhadores,
mecânicos, balconistas, ou motoristas
de caminhão ensinam a Bíblia, dirigem
as orações, contam o que Deus tem fei-
to por eles, ou exortam os irmãos. Nes-
tes lugares, o cristianismo realmente
parece natural a homens comuns.
“Estes leigos que estão no minis-
tério estão sujeitos aos mesmos ris-
cos e estão limitados pelo mesmo ho-
rário de trabalho que os membros de
suas congregações. Talvez eles este-
jam carentes na precisão dos ensinos
bíblicos ou na beleza de suas orações.
Contudo, eles compensam abundan-
temente essa falha através do contato
íntimo com as pessoas comuns.
“Nenhum obreiro remunerado que
venha de fora pode saber tanto sobre
uma região ou bairro quanto alguém
que tenha dezenas de amigos íntimos
e parentes ao seu redor.
“É verdade que em ‘território no-
vo’, alguém de fora deve ser a pessoa
indicada para iniciar novos trabalhos.
No entanto, seria melhor a pessoa en-
tregar logo a direção das novas igre-
jas a homens da própria região.”
Em seu livro BREAKING THE
STA1NED GLASSBARRIER (Quebran-
do a Barreira das Janelas de Vitrais),
David Womack escreveu: “Há somen-
te uma maneira pela qual a Grande
Comissão pode ser realizada, a saber,
estabelecendo-se congregações que
preguem o Evangelho em todas as
comunidades sobre a face da terra.”
Roger Greenway, um especialista
na evangelização de cidades, diz em
DISCIPLING THE CITY (Discipulando
a Cidade): “A tarefa evangelística da
Igreja exige que cada bairro, prédio
de apartamentos, e vizinhança tenha
uma igreja fiel à Palavra de Deus
estabelecida.”
Igrejasaos Milhões
Há pouco tempo eu estava lendo o
livro de Jim Montgomery intitulado
DAWN 2000 (Alvorada 2000). Ele tem
um subtítulo que eu quase não conse-
guia crer: AINDA FALTAM SETE MI-
LHÕES DE IGREJAS. Pensei comigo
mesmo: “Como alguém consegue até
mesmo ousar pensar em termos de
milhões de igrejas?”
Eu ainda não havia lido muito até
descobrir que eu também poderia crer
que sete milhões de igrejas pudessem
ser implantadas por todo o mundo nos
próximos anos.
Creio que seja provável porque es-
tamos no limiar do mais forte movi-
mento missionário da história do mun-
do. Há mais interesse agora em alcan-
çarmos todas as línguas, tribos e na-
ções do que jamais houve desde que
Jesus subiu ao Pai.
Há um grande clamor subindo em
todo o mundo, a saber: VAMOS TER-
MINAR A TAREFA! VAMOS CUMPRIR
O MANDAMENTO DE CRISTO DE
PREGARMOS O EVANGELHO A TO-
DAS AS CRIATURAS. VAMOS OBE-
DECER O SEU MANDAMENTO DE
DISCIPULARMOS TODAS AS NA-
ÇÕES.
VAMOS TRAZER CRISTO DE
VOLTA PARA REINAR EM JUSTIÇA.
VAMOS VER OS REINOS DESTE
MUNDO TORNANDO-SE OS REINOS
DO NOSSO DEUS E DO SEU CRISTO.
Há uma grande onda que está ga-
nhando impulso diariamente.
Certamente a pedra que foi corta-
da sem mãos, que o profeta Daniel viu
em sua visão, é Cristo. Daniel nos
conta como ele viu a pedra descendo
para ferir e golpear os pés da estátua
que representa os poderes do mundo
(Dn 2:34).
Essa pedra, que é Cristo, está fi-
cando cada vez maior e ganhando im-
pulso. Ela já colidiu ruidosamente
contra os pés do sistema deste mun-
do. Em breve ela crescerá e se trans-
16 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
formará numa montanha que cobrirá
a terra “do conhecimento do SE-
NHOR, como as águas cobrem o mar”
(Is 11:9).
A chave para o cumprimento da
Grande Comissão é a implantação de
igrejas.
Há um plano que está atraindo a
atenção de muitos estrategistas de
missões hoje em dia. É a implantação
de uma congregação de crentes em
todas as comunidades com 500 a 1000
habitantes. Isto é a IMPLANTAÇÃO
DE IGREJAS POR SATURAÇÃO.
Teremos de jogar fora o nosso con-
ceito de igreja com janelas de vitrais.
Não podemos mais pensar em “igre-
jas” como sendo uma construção de
tijolos.
Precisamos começar a pensar em
igreja como sendo pessoas, que se re-
únem em nome de Jesus. Essas pes-
soas estão se reunindo em casas, lo-
jas, escritórios, fábricas, armazéns, es-
colas, salões fúnebres, parques, peni-
tenciárias, prisões, hospitais, prédios
abandonados, esquinas, saguões, clu-
bes femininos, clubes de serviço, e até
mesmo em prédios de igreja.
O Sistema de Aprendizes
A pergunta urgente é a seguinte:
Onde vamos arrumar todos os pasto-
res que serão necessários para dirigi-
rem todas essas novas igrejas?
Há alguns anos, na América Lati-
na, vários missionários se reuniram
para traçarem um plano para o treina-
mento de jovens para o ministério. A
maioria das pessoas em suas regiões
eram muito pobres. Portanto, era mui-
to improvável que qualquer um daque-
les homens fossem enviados a uma
cidade para serem instruídos numa
escola teológica.
Aqueles missionários apresenta-
ram um plano chamado de ETE – Edu-
cação Teológica por Extensão. Era um
curso que os rapazes podiam fazer em
casa. Foi uma idéia oportuna para o
tempo em que estavam vivendo e tor-
nou-se um programa muito bem-su-
cedido.
Mais tarde, um outro missionário
chamado George Patterson acrescen-
tou um outro “E” ao nome deste pro-
grama. Ele chamou o seu plano de
ETEE – Educação Teológica e Evan-
gelização por Extensão. Era um pla-
no para os pastores treinarem rapazes
para o ministério através de um siste-
ma de aprendizes.
O plano exigia que cada pastor su-
pervisionasse o treinamento pessoal
do aprendiz. Ele deveria dar ao jovem
um “laboratório” para que ele apren-
desse a pastorear uma igreja.
O “laboratório” era uma igreja ver-
dadeira, um pequeno grupo de pessoas
que se reuniam numa casa ou em al-
gum outro lugar. O aprendiz era envia-
do para pastorear esse grupo. De vez
em quando o aprendiz recebia tarefas
especiais do pastor patrocinador. Al-
gumas destas tarefas eram: ler certos
livros, ouvir fitas, frequentar reuniões,
ou participar de seminários. Semana
após semana, o aprendiz cumpria as
tarefas dadas pelo seu pastor-mestre.
A visão de multiplicação aconte-
cia à medida que cada aprendiz era en-
sinado a patrocinar também outro ho-
mem da própria congregação. Assim
sendo, a visão do movimento de im-
plantação de igrejas estava se cum-
prindo. n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 17
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 5
UMA RODA OU UMA VIDEIRA?
Pense numa roda caída no chão,
com raios saindo em todas as direções,
procedentes de seu eixo no centro.
Pense agora numa videira, crescen-
do no chão, que começa num lugar e
estende os seus ramos em todas as di-
reções. Cada um dos ramos está in-
troduzindo raízes no solo que também
crescem e transformam-se em plantas.
Cada raiz está gerando uma outra
planta exatamente igual à primeira.
Todas essas novas plantas têm o mes-
mo potencial de enviarem ramos, os
quais também introduzem raízes no
solo.
Qual das duas, a roda ou a videira,
descreve melhor a estratégia de IM-
PLANTAÇÃO DE IGREJAS POR SA-
TURAÇÃO? A VIDEIRA, obviamente.
Não é uma questão de qual das
duas funciona. Ambas funcionam.
Uma delas, no entanto, funciona me-
lhor do que a outra. Algumas igrejas
estão usando o conceito da roda e ou-
tras estão começando a ver a sabedo-
ria do conceito da videira com rela-
ção à implantação de igrejas.
A Roda
O conceito da roda requer que to-
das as igrejas-bebês estejam intima-
mente ligadas e dependentes da igre-
ja-mãe. Normalmente elas não são
chamadas de igrejas. Às vezes são
chamadas de “grupos familiares” ou
“células”. Elas são consideradas como
uma extensão da igreja-mãe.
Todos os membros dos pequenos
grupos reúnem-se durante a semana a
fim de poderem freqüentar a igreja-
mãe no domingo de manhã. Todos os
dízimos e ofertas são canalizados à
igreja-mãe.
Os líderes das células não são con-
siderados como pastores. De vez em
quando uma das igrejas-células é li-
berada no sentido de tornar-se uma
igreja adulta e um pastor é designa-
do.
Esse, em essência, é o conceito da
roda. Ele tem sido muito bem-sucedi-
do em alguns lugares e tem produzi-
do algumas congregações bem gran-
des.
A Videira
O conceito da videira com relação
à implantação de igrejas pode ser ilus-
trado pela “planta-aranha”. Ela tem fo-
lhas longas, graciosas, e diversifica-
das, e assemelha-se a um chorão em
miniatura. De suas folhas crescem lon-
gos ramos que produzem “plantas-ara-
nhas” menores em intervalos ao lon-
go dos ramos.
A “planta-aranha” geralmente é
plantada num vaso suspenso. As
“plantas-aranhas” bebezinhas nunca
se tornam tão grandes quanto a plan-
ta-mãe. Isso se deve ao fato de que,
diferentemente da planta-mãe, que
tem as suas raízes plantadas no solo,
as “plantas-aranhas” bebês são deixa-
das pendentes no ar. Elas recebem
toda a sua vida da planta-mãe.
Imagine agora que você tirou essa
linda planta de sua posição suspensa
e a plantou no chão. Cada uma das
“plantas-aranhas” bebezinhas come-
çarão a introduzir suas raízes no chão.
Quando isso acontece, cada plan-
ta-bebê começa a crescer e a enviar
novos ramos em todas as direções.
Dessa forma, ela eventualmente gera
um infindável número de lindas e ma-
duras “plantas-aranhas”.
Tendências
A roda tem a tendência a atrair os
raios para si mesma; a videira, a libe-
rar os ramos para fora.
A roda tem a tendência a ser local;
a videira, a estar tanto dentro como
fora de sua área local.
A roda tem a tendência a adição; a
videira, à multiplicação.
A roda tem a tendência a edificar
uma só igreja; a videira, a edificar
muitas igrejas.
A rodatem a tendência a restringir
a visão missionária; a videira, a incen-
tivar a visão missionária.
A roda abrange a cidade; a videi-
ra, o mundo.
A roda treina líderes de grupos; a
videira, pastores e líderes.
A roda tem a visão de células, es-
tudos bíblicos, ou de grupos familia-
res; a videira tem a visão de igrejas
reunindo-se em casas.
Igrejas em Casas
Que o Senhor da Colheita nos dê
uma visão de longo alcance para a im-
plantação de igrejas. Que essa visão
permita uma liberdade total para que
a vida da igreja possa expressar-se.
Que não haja nenhuma restrição na
expressão da vida da igreja! Esta é a
nossa oração. Amém! n
18 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 6
SERÁ QUE OS PRÉDIOS DE IGREJAS
SÃO MESMOS NECESSÁRIOS?
Howard Snyder escreveu um livro
muito importante, intitulado THE
PROBLEM WITH WINESKINS (O
Problema com os Odres). Nesse livro,
ele aborda detalhadamente os proble-
mas das estruturas eclesiásticas.
Ele fala sobre os propósitos de
Deus para a Sua Igreja que estão sen-
do revelados. Ele fala da nossa inca-
pacidade, algumas vezes, em fazermos
os ajustes apropriados com relação a
esses propósitos. O texto a seguir é
do capítulo intitulado “Os Prédios de
Igrejas São Supérfluos?”
“Imagine só! Imagine que você
está em qualquer cidade importante do
Primeiro Século, onde o cristianismo
havia penetrado.
“Agora faça a pergunta: ‘Onde está
a igreja?’ Você seria dirigido a um gru-
po de adoradores reunidos numa casa.
“Não havia nenhum prédio espe-
cial e nenhuma evidência de riqueza
com que pudéssemos associar a igre-
ja. Havia somente pessoas.”
Walter Oetting, em seu livro THE
CHURCH IN THE CATACOMBS (A
Igreja nas Catacumbas), escreveu:
‘“Os cristãos não começaram a
edificar prédios de igrejas até aproxi-
madamente o ano 200 d.C. Esse fato
sugere que os prédios não são essen-
ciais para um crescimento numérico
ou profundidade espiritual.
‘“A Igreja Primitiva possuía tanto
o crescimento quanto a profundidade.
Até épocas recentes, o maior período
de vitalidade e crescimento da Igreja
ocorreu durante os dois primeiros sé-
culos d.C. Em outras palavras, a Igre-
ja cresceu mais rapidamente quando
ela não tinha a ajuda – ou o estorvo –
dos prédios de igrejas.’”
Creio que o Senhor está chaman-
do Seu povo para arrepender-se da ên-
fase demasiada que se tem dado aos
prédios nos últimos séculos. Ele está
nos dizendo para nos livrarmos de to-
das as barreiras à rápida implantação
de igrejas.
O objetivo é que “a palavra do Se-
nhor se propague e seja glorificada”
(2 Ts 3:1). Um dos principais obs-
táculos, em muitos casos, é a constru-
ção ou prédio que chamamos de “igre-
ja”.
Quebrando a Barreira dos
Vitrais da Igreja
O Dr. Donald McGavran, em seu
livro Understanding Church Growth
(Compreendendo o Crescimento da
Igreja), diz: “As igrejas em casas pos-
sibilitaram que a pequenina Igreja do
Primeiro Século crescesse poderosa-
mente. Com uma só cajadada, eles
venceram quatro obstáculos ao cres-
cimento, com os quais a Igreja se de-
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 19
parou, à medida que liberava novas
populações:
(1)”O custo de um prédio de igreja.
Sem desembolsar absolutamente,
nenhum dinheiro, as igrejas em ca-
sas forneceram tantos lugares de
adoração quanto havia grupos de
cristãos. Esse primeiro obstáculo
comum à multiplicação de igrejas
nunca apareceu.”
(2)“O obstáculo da conexão judaica.
As igrejas em casas tiraram a Igre-
ja da sinagoga e a introduziu na po-
pulação gentia.”
(3)“O obstáculo de nos voltarmos
para dentro. Cada nova igreja em
casa expunha um novo grupo de
amigos e parentes a um contato ín-
timo com cristãos ardentes.”
(4)“O obstáculo de uma liderança li-
mitada. Cada igreja em casa lan-
çava as responsabilidades e o
prestígio da liderança em homens
capazes da nova congregação. Os
líderes trabalhavam de acordo
com os ensinamentos do Antigo
Testamento, com a tradição oral
da vida de Jesus, e uma ou duas
das Cartas de Paulo. Com esses
limites flexíveis, eles eram livres
para seguirem a direção do Espí-
rito Santo.”
“Em nosso contexto moderno, es-
ses quatro obstáculos e suas soluções
ainda são importantes. Ao falarmos
sobre as causas do crescimento da
Igreja Primitiva, deveríamos levar em
consideração o fato físico das igrejas
em casas.
A IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS
POR SATURAÇÃO exige um irrompi-
mento. Precisamos irromper através
das “barreiras das janelas de vitrais”
e entrar na comunhão simples e aber-
ta do povo de Deus. Precisamos ver
essa comunhão no maior número pos-
sível de aspectos em que o Espírito
Santo nos conduzir, e não termos
medo de chamar de igreja.
Quer estejamos nos reunindo em
nome de Jesus numa catedral ou numa
cozinha, ainda assim é “igreja”. É o
povo de Deus chamado para fora e
reunido.
Sim, usaremos prédios. No entan-
to, nunca permitiremos que os prédi-
os atrapalhem a nossa mobilidade,
visão, ou zelo de multiplicarmos as
congregações.
O Fiasco de Constantino
James Rutz, em seu livro THE
OPEN CHURCH (A Igreja Aberta), diz:
“O que realmente nos matou foram os
tijolos! Na maior asneira de sua histó-
ria, a Igreja começou a construir um
grande número de prédios.
“Ela desalojou as catacumbas (tú-
mulos subterrâneos) e os estreitos va-
les florestais em que os santos se reu-
niam. Ela terminou para sempre com
as calorosas e preciosas reuniões na
sala de estar das pessoas.
“Seguindo o modelo dos tribunais
romanos, os novos prédios tinham ca-
pacidade para centenas de cristãos.
Obviamente não podemos ter uma
interação íntima e fácil com uma mul-
tidão deste tamanho. Um novo santu-
ário, desde o primeiro domingo em
que foi aberto, colocava limites na li-
vre expressão das pessoas. O novo
berço sufocou o bebê.
“Imagine que você estivesse viven-
do naquela época.
“Talvez você se sentisse à vonta-
de, confessando um pecado a vinte ou
trinta amigos na casa de Josephus e
Johanna (ou vamos chamá-los de Zé
e Maria). Mas será que conseguiria
fazer ISTO na frente de quinhentas
pessoas desconhecidas?
“Se Deus colocasse algo muito for-
te em seu coração nesta semana, você
não hesitaria em levantar-se para pas-
sar dez ou quinze minutos comparti-
lhando isto na sala de estar do Zé e
.da Maria. Mas aqui, no novo salão,
há provavelmente doze homens e
mulheres, no mínimo, com uma men-
sagem queimando em seu coração.
Você provavelmente nunca teria a
chance de se expressar!
“Na casa do Zé e da Maria, todos
se envolveram na hora da adoração.
Você pôde louvar ao Senhor de cora-
ção, vez após vez, da forma como se
sentia dirigido. Foi o momento mais
significativo e benéfico da sua sema-
na. Mas e aqui no novo prédio? Você
teria de esperar por sua vez que tal-
vez nunca chegue!
“Eu poderia prosseguir, mas você
já faz idéia de onde quero chegar. Sem
os modernos equipamentos eletrôni-
cos de som, as reuniões ao ar livre
tornaram-se difíceis. Não difíceis
DEMAIS, note bem, somente difíceis.
Assim sendo, as reuniões em locais
fechados assumiram a supremacia.
“Tudo o que era falado ficou cen-
tralizado num púlpito. A ordem foi
mantida. Parecia uma boa idéia na
época.
“Na casa do Zé e da Maria você
era um participante. Aqui, você é um
espectador – um ouvinte passivo. De
alguma forma você não se sente mais
importante ou necessário.”
Paraíso Perdido
“Quando mudamos das salas de
estar para os prédios de igreja com
uma equipe profissional, perdemos
todo o impulso. A igreja local tornou-
se fraca e fria.
“Os que não eram sacerdotes fo-
ram chamados de ‘leigos’, uma pala-
vra que nem mesmo é encontrada na
Bíblia – e por uma boa razão.
“Como ‘leigo’ num prédio de igre-
ja do Quarto Século, você não mais
se aproximava de Deus diretamente.
O sacerdote fazia isso por você.
“Destamaneira, um problema
arquitetônico tornou-se um problema
doutrinário. Foi perdido o sacerdócio
do crente.
“A Bíblia foi tirada das mãos do
leigo e entregue ao sacerdote. E se não
lhe é permitido decidir o que ela sig-
nifica, por que você deveria se inco-
modar em lê-la?”
O Caminho da Ruína
“O que de fato saiu errado? Como
eu já disse, a Igreja ficou tão grande e
popular que ela conseguia erigir os
próprios prédios.
“Infelizmente, isto resolveu um an-
tigo ‘problema’ que deveria ter sido
deixado sem solução. Sempre que
uma sadia igreja em casa ficava gran-
de demais para a sua sala de estar, ela
tinha que se dividir – em duas salas
de estar. Desta forma, novos líderes
estavam sempre sendo empurrados
para cima através da hierarquia.
“Mas quando os prédios de igre-
jas começaram a surgir em toda par-
te, as congregações não tiveram mais
20 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
que enfrentar esse ‘problema’. Não
havia mais aquela embaraçosa agonia
de se saber quem ficaria com os pres-
bíteros favoritos e quem teria que se
separar com os presbíteros menos po-
pulares. Todo mundo ficava com todo
mundo.
“O problema era que o comparti-
lhamento e a intimidade ficavam com-
plicados numa multidão de quinhen-
tas pessoas. As grandes multidões da-
vam muita importância aos discursos
eloqüentes. Portanto, os novos conver-
tidos gaguejantes começaram a ficar
escondidos ‘em suas cascas’.
“A situação em que nenhum mem-
bro conhecia os outros membros subs-
tituiu a comunhão. A comunicação du-
rante as reuniões começou a ser do-
minada pêlos poucos que tinham li-
vros e sabiam ler. No final, isso pas-
sou a significar os sacerdotes.
“Os leigos (ou não-sacerdotes)
eram cidadãos de um Império Roma-
no que já estava ruindo há muito tem-
po. Eles foram transformados em
‘eunucos’ espirituais. Eles perderam
a força que o Império necessitava tão
desesperadamente naquela época.
“Em 476, Roma caiu pela última
vez. Aí então a Igreja abriu o cami-
nho para a Idade Média ou ‘Eras Es-
curas’.”
O Uso Apropriado dos Prédios
Não estamos sugerindo que os pré-
dios não têm lugar algum na expan-
são do Reino de Deus. O Senhor cer-
tamente nos dará sabedoria e direções
com relação a como utilizarmos os
prédios de todos os tipos no cumpri-
mento da Grande Comissão.
No entanto, nunca podemos cair
numa atitude doentia e não-bíblica
com relação à importância de um pré-
dio quando estivermos implantando e
edificando igrejas.
As igrejas podem certamente fun-
cionar sem a ajuda de prédios especi-
almente construídos para essa finali-
dade. Isto tem sido provado na histó-
ria da igreja em todas as épocas. Ali-
ás, a história mostra que a Igreja, na
verdade, cresce mais rapidamente e
fica mais sadia sem prédios de igrejas
do que com eles.
O movimento de igrejas em casas
é somente uma parte do mover de
Deus de volta à simplicidade. Deus
está Se movendo em muitas frentes no
sentido de levar a Sua Igreja à santi-
dade e pureza. Essa sempre foi Sua
vontade e Seu plano.
Não é como se Deus subitamente
acordasse um dia com relação à ne-
cessidade da Igreja e iniciasse um mo-
vimento para supri-la. A questão é que
finalmente há cada vez mais pessoas
ouvindo o que o Senhor tem dito o
tempo todo: “DEVOLVAM-ME A
MINHA IGREJA!!!”
Estou convencido de que a atitude
da Igreja deveria ser: “Senhor, a me-
nos que Tu nos digas especificamen-
te para construirmos, comprarmos, ou
alugarmos prédios, vamos implantar
e multiplicar igrejas sem eles.”
Estou aberto à idéia de prédios,
mas não estou aberto a restringirmos
a implantação de igrejas à tradicional
idéia de igrejas centralizadas em cons-
truções. A necessidade de uma IM-
PLANTAÇÃO DE IGREJAS POR
SATURAÇÃO é grande demais.
Nunca cumpriremos a Grande Co-
missão num futuro previsível, conti-
nuando a adotar o conceito tradicio-
nal de “igreja”. Essa idéia simples-
mente não permitirá um movimento
em grande escala de implantação de
igrejas que será necessário para
discipularmos as nações.
Durante séculos a Igreja, requin-
tada e pomposamente, projetou e de-
corou lindos e imponentes prédios,
que foram chamados de “igrejas”.
Em alguns casos, os prédios cha-
mados de “igrejas” tornaram-se, eles
próprios, objetos de adoração. Enormes
quantias de dinheiro dedicadas a Deus
foram gastas na construção e manuten-
ção destes prédios “sagrados”.
Esta era está chegando a um fim.
Há um movimento no meio do novo
de Deus de volta à simplicidade. E um
movimento que está se afastando do
cristianismo institucionalizado, poli-
tiqueiro, e super-organizado.
O Novo Testamento precisa ser o
nosso guia de fé e prática em todas as
coisas. Que ele seja também o nosso
guia nesta questão de prédios de igre-
jas. Que ele guie a nossa compreen-
são com relação ao lugar verdadeiro
dos prédios na expansão mundial da
mensagem de Jesus Cristo, nosso Se-
nhor. n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 21
A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 7
UM PASSO À UNIDADE
Alguém pode perguntar: “Mas to-
das as pequenas igrejas em casas, es-
palhadas em uma cidade, não causa-
rão uma divisão e desunião no Corpo
de Cristo daquela cidade?
A verdade é que as igrejas peque-
nas não causam mais divisões do que
as grandes. As igrejas muito grandes
e as igrejas muito pequenas têm o mes-
mo desafio quando a questão é a uni-
dade.
Unidade Organizacional ou
Unidade Espiritual
No final da década de 1970 eu es-
tava envolvido com uma nova orga-
nização cristã chamada “João
Dezessete Vinte e Um”, que era um
esforço no sentido de ajudar a estimu-
lar e promover a unidade dentro do
Corpo de Cristo, tanto nos Estados
Unidos como em outros países.
Essa organização baseava-se na ora-
ção de Jesus encontrada em João 17:21:
“afim de que todos sejam um; e como
és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, tam-
bém sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste.”
Num período de vários anos tenta-
mos reunir o povo de Deus em retiros,
encontros, eventos, paradas, marchas,
reuniões de oração, e em todas as ma-
neiras possíveis. Acreditávamos que
por intermédio da nossa “unidade” or-
ganizada o mundo veria e creria.
Foi uma das tentativas mais frus-
trantes de que eu já havia participa-
do. Isso não significa que esses even-
tos não tenham o seu lugar de impor-
tância. Certamente são importantes.
No entanto, estávamos tentando orga-
nizar a unidade, e a unidade simples-
mente não estava acontecendo.
A unidade nunca acontecerá por
meio de uma organização. Ela preci-
sa acontecer no espírito mediante uma
compreensão do que é a unidade.
Certo dia comecei a questionar a
nossa compreensão de João 17:21 e
vi, em primeiro lugar, que não havía-
mos interpretado corretamente a ora-
ção de Jesus. Ele não estava orando
por uma unidade organizacional nes-
ta passagem. Ele estava orando por
uma unidade espiritual.
Além disso, Jesus não estava oran-
do por uma unidade espiritual no meio
dos crentes. Ele estava orando pela
união do crente individual com o Pai,
22 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
e não pela união dos crentes uns com
os outros.
Toda esta passagem da oração de
Jesus aborda a união do indivíduo com
o Pai e o Filho. Ela não aborda o rela-
cionamento do crente com outros
crentes.
Uma interpretação errônea desta
passagem causa uma grande e dolo-
rosa frustração. Isso também faz com
que percamos o verdadeiro significa-
do daquilo pelo qual Jesus está de fato
orando.
João 17:21 poderia ser parafrase-
ado da seguinte maneira: “Para que
cada um deles possa ser um Contigo,
Pai, exatamente como Tu és em Mim,
e Eu sou em Ti, a fim de que o mundo
possa crer que Tu Me enviaste.”
O mundo nunca se convencerá de
que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus
Vivo, através de uma união organiza-
cional. Deus sempre usa homens

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