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FORMAÇÃO CONTINUADA ONLINE: TEORIA E PRÁTICA PARA ATENDIMENTO PEDAGÓGICO AO ESCOLAR EM TRATAMENTO DE SAÚDE

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FORMAÇÃO CONTINUADA ONLINE:
TEORIA E PRÁTICA PARA ATENDIMENTO
PEDAGÓGICO AO ESCOLAR EM TRATAMENTO DE SAÚDE
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Ambientação Eureka e Facebook
- O ambiente virtual de aprendizagem (AVA), iniciando as atividades
- Uso do Facebook no curso Formação Continuada On-Line – Teoria e Prática para o 
Atendimento Pedagógico ao Escolar em Tratamento de Saúde
Apresentação do Curso
Políticas Públicas Educacionais Voltadas ao Escolar em 
Tratamento de Saúde 
- Políticas públicas e legislações sobre atendimento pedagógico hospitalar
 e domiciliar 
- Legislações sobre atendimento pedagógico hospitalar e domiciliar 
- Classes hospitalares 
- Exemplos bem sucedidos de políticas públicas sobre atendimento
 pedagógico hospitalar e domiciliar no Brasil
Atendimento Pedagógico Hospitalar
- A importância do atendimento pedagógico hospitalar
Planejamento, Avaliação e Inter-relação de Contextos (Hospitalar, 
Familiar e Escolar)
- Para começo de conversa
- Planejamento
- Avaliação
- Quatro contextos integrados
Corporeidade no Atendimento ao Escolar em Tratamento de Saúde
- Corporeidade no atendimento ao escolar em tratamento de saúde
Referências
Contação de Histórias
- A contação de histórias em ambientes hospitalares
- Como contar histórias de maneira envolvente e criativa
- Qual é a função das histórias?
- Tapete para contar história
- Passo a passo - Como fazer uma fantasia de joaninha para contar histórias
Mudança de Paradigmas na Educação e na Saúde e seus Reflexos
no Atendimento Pedagógico do Escolar em Tratamento de Saúde
- Mudança de paradigmas na educação e na saúde e seus reflexos no atendimento
pedagógico do escolar em tratamento de saúde
Retrospectivas e Perspectivas no Atendimento Pedagógico
ao Escolar em Tratamento de Saúde
- Retrospectivas e perspectivas no atendimento pedagógico ao escolar em 
tratamento de saúde
- Reflexões sobre o atendimento pedagógico ao escolar em tratamento de saúde
- Compartilhando experiências na pedagogia hospitalar
Atendimento Pedagógico Domiciliar
- Legislação do atendimento hospitalar e domiciliar
Educação e Saúde: Cuidados Básicos do Professor no Atendimento 
Pedagógico ao Escolar em Tratamento de Saúde
- Educação e saúde: cuidados básicos do professor no atendimento
pedagógico ao escolar em tratamento de saúde
- Formação continuada e o atendimento pedagógico educacional
ao escolar em tratamento de saúde - conceito, definições e desafios
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É preciso criar pessoas que se atrevam a 
sair das trilhas aprendidas, com coragem de 
explorar novos caminhos. Pois a ciência 
construiu-se pela ousadia dos que sonham 
e o conhecimento é a aventura pelo
 desconhecido em busca da terra sonhada. 
(Rubem Alves)
O curso Formação Continuada On-Line – Teoria e 
Prática para o Atendimento Pedagógico ao Escolar em 
Tratamento de Saúde tem como objetivo compartilhar 
saberes, fazeres e experiências, envolvendo um significati-
vo grupo de pesquisadores e profissionais que atuam e se 
engajam em estudos voltados ao atendimento aos esco-
lares em tratamento de saúde hospitalizados, em casa de 
apoio ou em atendimento domiciliar. Visa, ainda, a trazer 
contribuições por meio do ambiente virtual de aprendiza-
gem da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), 
o Eureka, favorecendo a formação continuada on-line para 
professores, estudantes e pesquisadores de diferentes áreas 
que tenham interesse em conhecer propostas voltadas ao 
atendimento desses escolares.
Nesse sentido, discorre sobre diversos aspectos referen-
tes à hospitalização de escolares em tratamento de saúde e 
a necessidade de atenção educativa mediatizada por meio 
de propostas pedagógicas desenvolvidas por professores, 
pedagogos e demais profissionais, bem como indica dife-
rentes situações em que os escolares se encontram e apon-
ta algumas necessidades educativas, desde os princípios 
legislativos que apoiam esse tipo de proposta de atendi-
mento até a real apropriação de profissionais que atuam em 
condições diferenciadas da escola formal.
Em suma, o curso visa a proporcionar um novo olhar 
na formação de profissionais para atender às finalidades e 
princípios que envolvem essa modalidade de ensino, bem 
como metodologias que ensejem a real atenção integrada 
de equipes de multiprofissionais que atuam em contextos 
de atendimento ao escolar, seja hospitalizado, em casas de 
apoio ou em atendimento domiciliar, defendendo a neces-
sidade de práticas diferenciadas, mas integradas para uma 
melhoria harmoniosa entre o biopsicossocial e o pedagó-
gico desses escolares. Essas realidades e implicações reves-
tem-se de grandes desafios nesses novos e diferenciados 
espaços de intervenção. 
Seja bem-vindo e acate essa ideia! 
 
Por Elizete Matos
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Ambientação Eureka e Facebook
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Ambientação Eureka e Facebook
O ambiente Virtual de Aprendizagem 
(AVA), iniciando as atividades
Convidamos você a desbravar o Ambiente 
Virtual de Aprendizagem (AVA), uma platafor-
ma de ensino dedicada exclusivamente ao de-
senvolvimento de pessoas e do aprimoramento 
de possibilidades educativas, sociais e culturais. 
Aproveite esta oportunidade, aceite o desafio e 
se entregue no sentidode fazer deste primeiro 
passo um facilitador para as muitas atividades 
que desenvolverá. Para tanto, neste primeiro mo-
mento, você terá disponível um tutorial; explo-
re-o atentamente, pois cada detalhe disponível 
na plataforma é importante. Você também terá 
à sua disposição um Manual AVA, no qual encon-
trará informações relevantes; explore, a partir do 
sumário, os diversos menus, clique sobre cada 
item e verifique atentamente cada função. 
Modificar a forma de ensinar tem sido uma 
das mais profícuas discussões no âmbito dos gru-
pos de pesquisas e as considerações quase sem-
pre caminham para o encontro com as tecnolo-
gias advindas do desenvolvimento tecnológico 
imposto pela necessidade de desenvolvimento 
econômico e social, impulsionado durante todo o 
século XX, que apresentou já na década de 1940 
visíveis evoluções, provavelmente como resul-
tado da busca frenética das grandes nações por 
uma dominação econômica, as quais percorre-
ram espaços temporais de guerra e paz. A neces-
sidade de se tornar uma grande nação também 
gerou, em alguns países, o desenvolvimento de 
novas políticas para a área da educação, pois se 
percebeu que as pessoas com uma boa e sólida 
formação seriam a base para tanto. 
No entanto, modificar e desenvolver aspec-
tos relacionados à cultura e educação requerem 
longos períodos de readaptação e constante ava-
liação; concomitantemente, deve ser observado 
o que está acontecendo no entorno. Portanto, 
os alunos deste curso, envolvidos que estão em 
um novo e desafiador contexto, não podem dei-
xar passar despercebido que estão em atividade 
com alunos em situação especial, de uma gera-
ção conhecida como nativo digital. 
Estas considerações iniciais não serão esten-
didas, pois nosso interesse é contextualizar a uti-
lização de um AVA na formação continuada, mas 
passamos, sem dúvida, por momentos históricos 
significativos, tendo havido um salto qualitativo 
e tecnológico, com o estabelecimento da grande 
teia comunicacional mundial, denominada inter-
net.
Por meio de um encadeamento de nós vir-
tuais, hoje mais de 2,5 bilhões de pessoas no 
mundo negociam, estudam, interagem em redes 
sociais, compartilham links variados, elaboram 
sites e blogs, e neles depositam conteúdos que 
são consultados no dia a dia. Aproximamo-nos, 
de fato, do mundo 3.0, que reúne jovens bem 
ambientados e acostumados ao manuseio dos 
artefatos tecnológicos, o que provoca o desen-
volvimento de ambientes diferenciados para 
incluir os imigrantes digitais, aproximando-os 
dos nativos digitais e inserindo-os numa nova 
sociedade em que há a possibilidade de estar 
presente virtualmente a qualquer momento e a 
partir de qualquer lugar.
Um AVA, segundo Behar (2009, p. 146), pode 
ser considerado:
[...] um contexto de aprendizagem diferenciado 
do contexto tradicional, no qual temos um es-
paço físico estabelecido e um tempo estipulado 
que determinam as interações e caracterizam 
uma sala de aula. No processo de virtualização 
desse ambiente de aprendizagem são exercidas 
diferentes formas de relação de tempo e de es-
paço que implicam profundas mudanças no pro-
cesso de aprendizagem. Este ambiente pode dis-
ponibilizar ferramentas síncronas e assíncronas 
para interação/comunicação entre os sujeitos. 
Essas ferramentas são uma característica impor-
tante desses ambientes, pois com elas todas as 
intervenções dos alunos e dos professores ficam 
registradas, sendo possível acessá-las a qualquer 
momento.
Dessa forma, os registros facilitam o acom-
panhamento da evolução dos alunos por parte 
dos professores/tutores, bem como as inter-
venções gerenciais dos coordenadores, quando 
necessário.
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUCPR), a partir de 1999, iniciou o processo para 
viabilizar o desenvolvimento de um software 
para aprendizagem virtual, denominado Eureka. 
Segundo Gomes (2003, p. 15-16), essa experiên-
cia pode ser dividida em quatro fases distintas:
Genaldo L. Sievert
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1999 – o Ano da Pesquisa – Neste ano, é criado a 
CEAD; o EUREKA sai das mesas de projeto, é usa-
do a nível BETA por alguns poucos e abnegados 
tecnófilos na instituição (os ditos visionários); A 
Universidade Virtual Siemens PUCPR surge e pro-
fissionais do Brasil inteiro passam a freqüentar o 
EUREKA para cursos de treinamento profissional; 
1000 pessoas se cadastram no sistema em no-
vembro de 1999.
2000 – Ano da difusão do EUREKA (ainda de for-
ma ‘underground’): 200 salas abertas em vários 
cursos de graduação, pós-graduação e para pes-
quisa; Parcerias com outras instituições; 10.000 
pessoas cadastradas no sistema em novembro 
de 2000.
2001 – Ano da institucionalização do EUREKA; 
Adoção pela Pró-Reitoria Acadêmica, através da 
criação do NTE (Núcleo de Tecnologias Educacio-
nais); Eureka/PUCPR apresentado no ‘Virtua Edu-
ca’ em Madri e no AACE-EdMedia na Finlândia; 
600 salas abertas; 20.000 pessoas cadastradas no 
sistema em novembro de 2001.
2002 – Ano de Consolidação do Eureka como 
Infra-Estrutura da PUCPR – No momento em 
que este livro estava sendo finalizado, o Eureka 
estava sendo transferido do LAMI para o Centro 
de Computação da PUCPR, e os direitos autorais 
bem com sua equipe de desenvolvimento sendo 
encampados pela universidade. Vinte e seis mil 
pessoas cadastradas em abril de 2002.
Num primeiro momento, para uma publica-
ção específica sobre o assunto, idealizada e or-
ganizada por Matos e Gomes (2003), vários pro-
fessores da instituição elaboraram artigos, que 
foram disponibilizados ao longo de 188 páginas. 
Nessa obra, verifica-se a utilização do Eureka por 
profissionais dos cursos de engenharia, compu-
tação gráfica, pedagogia, medicina, odontolo-
gia e medicina veterinária, além de serem des-
tacados aspectos como interação, integração e 
aprendizagem on-line. 
Na sequência, um Fórum de Ambientação e 
Integração foi oferecido com a intenção de pro-
porcionar um momento inicial de adaptação 
àqueles que já conheciam outras plataformas e, 
principalmente, aos alunos que nunca tinham 
vivenciado tal experiência. Essa ação propor-
cionou momentos de interação e/ou mediação, 
visto a necessidade de participação dos alunos 
e professores/tutores, o que nos leva a ressaltar 
a importância da utilização da tecnologia para 
inserir indivíduos rumo a uma experiência de 
aprendizagem mediada por computadores. Tor-
res (2003), na mesma linha, destaca a importân-
cia do trabalho colaborativo para a educação a 
distância e aponta que há inúmeras soluções pe-
dagógicas que podem auxiliar na superação do 
paradigma do trabalho individualizado. Salienta, 
ainda, que as soluções on-line visam à construção 
do saber no grupo ou no indivíduo, quando des-
tinadas a neutralizar a redução do distanciamen-
to físico e temporal. 
Certamente, muitas são as formas que podem 
evidenciar a presença de alunos no AVA, mas en-
tendemos que comunicar-se e partilhar sua ex-
periência e vivência por meio textual seja uma 
das mais importantes. Para Palloff e Pratt (2004, 
p. 47), a comunicação assíncrona, como a que 
ocorre em um fórum, é a melhor maneira de sus-
tentar a interatividade de um curso on-line, pois, 
uma vez que os alunos determinem um ritmo e 
comecem a interagir ativamente, eles assumirão 
a responsabilidade de sustentar esse contato, 
seja pela interação social, seja como uma res-
posta às perguntas para discussão enviadas pelo 
professor.
 
O fórum, portanto, é uma das ferramentas 
mais adequadas para dialogar em um ambiente 
on-line, proporcionando a socialização dos parti-
cipantes, que devem entregar-se ao diálogo e à 
troca escrita de relatos de experiência. Também 
é importante, por parte dos alunos, atender aos 
chamamentos dos seus tutores quando houver 
uma especificidade,como, por exemplo, apre-
sentar-se declinando seu currículo e sua vivência 
neste ou naquele campo de atuação. Além dos 
fóruns de discussão e/ou ambientação/adapta-
ção, são caracterizados pela atividade assíncrona 
a ferramenta blog, os exercícios, as questões, os 
projetos, entre outras possibilidades, conforme a 
necessidade da atividade ou a proposta do pro-
fessor.
Por outro lado, nas atividades síncronas, ca-
racterísticas de chats, por exemplo, os participan-
tes estão em tempo real em um mesmo ambien-
te, interagindo todos com todos de forma rápida, 
o que exige uma acentuada percepção do que 
está acontecendo no espaço on-line. Podem ser 
considerados elementos desse tipo de atividade: 
chats, videoconferências, webconferências, en-
contros em mundos virtuais, games multiusuá-
rios etc. Além desses elementos, outros, como a 
postagem de links, vídeos e arquivos em forma-
tos diversos, podem ser utilizados como prepara-
ção para um debate síncrono ou assíncrono.
Em suma, não estamos tratando de uma uto-
pia e, sim, de uma realidade palpável!
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- Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação 
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 
- Administrador, Professor Universitário, Especialista em 
Gestão Estratégica de Custos e Preços, Especialista em Forma-
ção Pedagógica do Professor Universitário. 
- Pesquisador: Ambientes Virtuais de Aprendizagem. 
- Diretor Comercial.
Genaldo Luis Sievert
Uso do Facebook no curso Formação 
Continuada On-Line – Teoria e Prática 
para o Atendimento Pedagógico ao 
Escolar em Tratamento de Saúde
As transformações que vêm ocorrendo no 
mundo, nas mais diversas áreas do conhecimen-
to, estão influenciando e alterando o modo de 
organização da sociedade, tendo sido o último 
século fértil no desenvolvimento de novas Tec-
nologias da Informação e Comunicação (TICs), 
que promoveram mudanças em grande par-
te das relações sociais e do saber previamente 
construído. Como consequência, a escola acabou 
influenciada por esse movimento, com frequên-
cia e rapidez equivalentes às das mudanças que 
ocorreram nas demais esferas. Muitas vezes, o co-
nhecimento, o educar e o aprender foram trans-
formados para acompanhar as revoluções da ci-
ência e para se adequar aos novos instrumentos 
que poderiam beneficiar a aprendizagem. 
Especificamente no Brasil, as TICs vêm cres-
cendo de maneira vertiginosa, encontrando den-
tro da sala de aula não somente um espaço para 
a brincadeira e a distração, mas um local onde se 
faz cada vez mais imprescindível a aprendizagem 
colaborativa. Segundo Belloni (2001, p. 9), as ten-
dências para as escolas que usam as TICs são:
integração dessas tecnologias de modo criativo, 
inteligente e distanciado, no sentido de desen-
volver a autonomia e a competência do estudan-
te e do educador enquanto ‘usuários’ e criadores 
das TIC e não como meros receptores; mediatiza-
ção do processo de ensino/aprendizagem apro-
veitando ao máximo as potencialidades comuni-
cacionais e pedagógicas dos recursos técnicos: 
criação de materiais e estratégias, metodologias; 
formação de educadores (professores, comuni-
cadores, produtores, tutores); produção de co-
nhecimento. 
Com o advento da internet, por exemplo, fa-
zer pesquisa se tornou mais fácil, uma vez que 
a amplitude de possibilidades para busca de in-
formações de qualidade e a quantidade de sites 
em que se pode procurar por determinado con-
teúdo são inerentes a ela, e tudo isso sem sair de 
casa ou da escola. Os professores, dessa forma, 
podem buscar aparatos e uma infinidade de in-
formações confiáveis para ampliar seus conheci-
mentos: vídeos em sites como o YouTube, maté-
Weber, M.
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rias em jornais e revistas de circulação nacional 
e internacional, teses e dissertações, fóruns de 
discussões, apresentações, artigos etc.; os alunos, 
por sua vez, podem participar ativamente do pro-
cesso de ensino-aprendizagem. Além disso, atu-
almente a própria internet incentiva o trabalho 
colaborativo, a produção de conteúdos inéditos 
e a interatividade – propostas da chamada web 
2.0 –, visto que a pesquisa na web envolve a leitu-
ra, a interação, a cooperação e a criação de algo a 
partir das ideias e da socialização da informação.
Para atender a esse novo momento educacio-
nal, professor e aluno devem mudar, como desta-
ca Kenski (2008, p. 126):
A característica dessa nova forma de ensinar é a 
ampliação de possibilidades de aprendizagem e 
o envolvimento de todos os que participam do 
ato de ensinar. A prática de ensino envolvida tor-
na-se uma ação dinâmica e mista. Mesclam-se 
nas redes informáticas – na própria situação de 
produção/aquisição de conhecimentos – autores 
e leitores, professores e alunos. A formação de 
‘comunidades de aprendizagem’, em que se de-
senvolvem os princípios do ensino colaborativo, 
em equipe, é um dos principais pontos de altera-
ção na dinâmica da escola. 
Nada mais enriquecedor para o aprendizado 
do educando do que realizar uma pesquisa pro-
posta pelo professor, colaborar com o conteúdo 
e ter a oportunidade de produzir materiais. Pos-
sibilidades como esta não existiam até bem pou-
co tempo e podem cooperar com o docente. Da 
mesma forma, as escolas dos dias atuais precisam 
tirar proveito do que a tecnologia pode fazer pe-
los jovens, até porque se sabe que a maior parte 
dos educandos gostaria de ser instigada, em tem-
po real, de maneira personalizada.
Os novos caminhos que estão surgindo na 
educação implicam indiscriminadamente apro-
veitar a mais efetiva forma de comunicação entre 
as pessoas, o que, sem dúvida, abrange o univer-
so tecnológico e, em especial, o das redes sociais. 
Lorenzo (2013), nesse sentido, ressalta que as re-
des sociais, no Brasil, são as páginas que mais têm 
tido visitação na web, superando até os serviços 
de e-mail. Uma das mais populares é o Facebook, 
ambiente de encontro virtual entre pessoas pré-
via e livremente escolhidas a participar, que ofe-
rece uma grande possibilidade de uso educacio-
nal, podendo os usuários contemplar assuntos 
da atualidade com profundidade, além de ser um 
meio para a postagem de notícias relativas aos 
conteúdos curriculares e arquivos que interes-
sam professores e estudantes. 
De acordo com Moran (2005, p. 20), “na so-
ciedade atual, em virtude da rapidez com que 
temos que enfrentar situações diferentes a cada 
momento, cada vez utilizamos mais o processa-
mento multimídico”. Essa união de diversas mí-
dias está presente no Facebook, que funciona 
gratuitamente como um grande sistema de cola-
boração e armazena digitalmente muitos dados. 
Além de oferecer a possibilidade de resgatar ou 
manter contato com amigos, permite a criação 
de um espaço fora da sala de aula para ampliar os 
estudos e viabilizar uma interação entre profes-
sor e alunos e entre alunos e alunos. 
Essa rede social é uma plataforma que mistura 
diversos elementos, como textos, links, reporta-
gens, artigos, imagens e vídeos, permitindo aos 
que a usam o compartilhamento dessas informa-
ções, que podem ser verificadas facilmente de 
dispositivos móveis. Ao mesmo tempo, estimu-
la a colaboração, uma vez que todos os partici-
pantes podem criar juntos, em um processo de 
coautoria. Portanto, os alunos podem produzir 
diversos conteúdos, discutir entre eles e voltar a 
trabalhar em conjunto no mesmo material, que 
estará enriquecido pelo coletivo.
Fernandes (2011) afirma, nesse sentido, que o 
Facebook pode ser explorado como ferramenta 
pedagógica importante, principalmente na pro-
moção da colaboração no processo educativo, 
que permite a construção crítica e reflexiva de 
informação e conhecimento. A vantagem é que 
quase todos os alunosjá estão familiarizados com 
essa rede social e sabem utilizar as ferramentas 
existentes, de modo que fica mais fácil explorar 
seus recursos. 
Tendo isso em mente, o curso Formação Con-
tinuada On-Line – Teoria e Prática para o Atendi-
mento Pedagógico ao Escolar em Tratamento de 
Saúde irá criar um grupo fechado no Facebook 
para seus participantes, cujas postagens serão 
relacionadas ao assunto de cada uma das disci-
plinas, lembrando que o conteúdo somente será 
visto pelos alunos e professores, não ficando 
nada aberto aos demais “amigos” dos integrantes 
do grupo. 
Por meio da rede social, alunos e professores 
poderão realizar chats – ferramenta muito sim-
ples que possibilita plena interação entre os que 
estão participando do curso, em tempo real –, 
fóruns de discussão e debates, deixando todos 
atualizados e abrindo espaço para a argumen-
tação dos conteúdos abordados. Ademais, os 
professores do curso on-line poderão lembrar os 
alunos das datas e eventos importantes, pois ca-
lendários e eventos podem ser facilmente com-
partilhados na plataforma. Os alunos, por sua vez, 
poderão formar outros grupos para desenvolver 
os projetos das aulas e compartilhar informações, 
contando com o envolvimento de todos.
Por fim, as atividades propostas em cada uma 
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- Doutoranda em Educação pela PUCPR. 
- Mestre em Educação pela PUCPR (2010). 
- Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela UP (2005) e 
Bacharel em Artes Cênicas pela FAP (1996). 
- Realizou os cursos de extensão: Telejornalismo Aplicado pela PUCPR e 
RPC - TV, com carga horária de 360h, em 2007 e Oficina de Atores da Rede 
Globo de Televisão, também com 360h, em 1996/1997. 
Atua nas áreas de educação, como autora e editora de materiais didáti-
cos (para impresso, web e vídeo), na formação de professores (oficinas de 
teatro, de contação de histórias e de roteiros para cinema), na área de co-
municação, como docente e repórter, e artístico-cultural, desenvolvendo 
projetos de literatura, teatro e cinema.
Maíra Weber
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das disciplinas do curso on-line poderão ser apre-
ciadas em conjunto no Facebook, podendo os 
alunos, quando for o caso, fazer enquetes com 
seus “amigos” para reunir informações e realizar 
pesquisas. Entre outros atributos, o espaço será 
muito usado para solucionar dúvidas, trocar ex-
periências, conversar e se atualizar sobre o curso; 
dessa forma, o aluno não ficará limitado apenas 
ao tempo de uma aula e terá a oportunidade de 
ampliar suas pesquisas. 
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Retrospectivas e Perspectivas no 
Atendimento Pedagógico ao 
Escolar em Tratamento de Saúde
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Retrospectivas e Perspectivas no 
Atendimento Pedagógico ao 
Escolar em Tratamento de Saúde
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Você já pensou quantos escolares estão nes-
te momento hospitalizados, em casas de apoio 
ou em atendimento domiciliar? Pense nesses 
momentos em que uma criança ou adolescen-
te em idade de escolarização necessita ser tira-
do de seu contexto social e interagir com outra 
realidade, neste caso, o hospital, o atendimento 
domiciliar ou a casa de apoio. Assim, é que nesta 
proposta busca-se apresentar, numa retrospecti-
va, perspectivas para o atendimento pedagógico 
e lúdico a docentes que atuam com escolares em 
tratamento de saúde. Destaca-se, a necessidade 
emergente de atuarmos com diferentes olhares 
nas diferentes realidades e sabermos criar estra-
tégias na organização do trabalho pedagógico, 
oferecendo momentos que possam favorecer o 
processo de aprendizagem e ludicidade, mesmo 
em contextos com realidades diferenciadas da 
sala de aula na escola. 
O preparo de profissionais que atuam nesses 
ambientes pode ser ampliado pelo compartilha-
mento em redes sociais hoje tão usuais, de modo 
a estabelecer trocas e colaborações numa ciran-
da na busca de novos saberes para dar conta dos 
diferentes desafios pedagógicos deste milênio. 
Diante disso, esperamos que as palavras a seguir 
possam aguçar sua curiosidade e seu ato criativo, 
bem como preencher algumas lacunas a partir 
de contribuições dos anos que temos nos envol-
vido junto à teoria, prática, pesquisa, reflexão e 
produção científica com diferentes partícipes e 
realidades. Deixamos nossa mensagem por meio 
de diferentes autores e atores experientes que 
se propuseram a compartilhar saberes e práti-
cas realizadas em contextos diferenciados, cujo 
espectro pretende ir além da reflexão e da sensi-
bilização, oferecendo propostas vivenciadas, ex-
ploradas e associadas à prática nesses cenários. 
Trata-se de interconectar educação e saúde, 
com o objetivo de oferecer atitudes de humani-
zação como aporte principal na concepção de 
novas práticas educativas, integrando a escola 
de origem desses escolares e os momentos em 
que estão sendo atendidos em realidades dife-
renciadas. Todos aqueles que compõem as en-
trelinhas e as imagens, nesse sentido, buscam 
apontar trilhas que possam ampliar a visão no 
momento da atuação e intervenção docente. 
Acreditamos numa grande corrente humana em 
prol de escolares em tratamento de saúde, a fim 
de que, por meio da educação cocriativa e com-
prometida, possamos ampliar cada vez mais esse 
espaço profissional e humano, integrando dife-
rentes profissionais que transitam as realidades 
de saúde, num enfoque específico a partir de sua 
área de atuação, porém de maneira inter/multi/
transdisciplinar. 
A presente abordagem está inserida no grupo 
de pesquisa Paradigmas Educacionais e Forma-
ção de Professores (PEFOP), do Programa de Pós-
Graduação, Mestrado e Doutorado em Educação 
da Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUCPR), no projeto Diferentes Níveis e Contex-
tos, coordenado pela professora doutora Elize-
te Lúcia Moreira Matos, o qual foi aprovado no 
projeto Produtividade em Pesquisa do Conselho 
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno-
lógico (PQ/CNPq), que tem como meta preparar 
profissionais que atuam com atendimento de es-
colarização a escolares em tratamento de saúde, 
estejam eles hospitalizados, em casas de apoio, 
tratamento ambulatorial ou domiciliar. 
Observa-se que o Conselho Nacional de Edu-
cação (CNE), na Resolução CNE/CEB nº 2/01 (BRA-
SIL, 2001a), determina a implantação de classes 
hospitalares, proporcionando o atendimento pe-
dagógico a escolares hospitalizados, permitindo 
ao professor um novo desafio: realizar ações pe-
dagógicas e educacionais fora do seu espaço de 
atuação, que é a escola; diante disso, passa a ser o 
hospital um novo ambiente de trabalho docente. 
Além disso, as práticas pedagógicas educacio-
nais ocorrem em diferentes níveis e contextos, 
visto que acontecem em espaços diferenciados 
na educação, podendo transformar e ampliar as 
relações de interação entre a escola e o aluno. 
Portanto, a possibilidade de a educação atingir 
públicos cada vez mais diversificados é presente, 
principalmente, nas situações diversas que, por 
motivos diferenciados, impossibilitam o acesso 
Matos, E. L.
Retrospectivas e Perspectivas no 
Atendimento Pedagógico ao 
Escolar em Tratamento de Saúde
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ao processo educacional formal. 
Nesse sentido, Ceccim (1999, p. 42) destaca 
a importância do processo educativo no espaço 
hospitalar e argumenta que 
o acompanhamento pedagógico e escolar da 
criança hospitalizada favorece a construção sub-
jetiva de uma estabilidade de vida não apenas 
como elaboração psíquica da enfermidade e da 
hospitalização, mas, principalmente, como conti-
nuidade e segurança diante dos laços sociais da 
aprendizagem (relação com colegas e relações 
de aprendizagens mediadas por professor), o que 
nos permitiria falar de uma ‘escola no hospital’ ou 
de uma‘classe escolar’ em ambiente hospitalar. 
Em comunhão com esse argumento, Matos 
(2009, p. 43) afirma que 
educar significa utilizar práticas pedagógicas que 
desenvolvam simultaneamente razão, sensação, 
sentimento e intuição e que estimulem a integra-
ção intelectual e a visão planetária das coisas, em 
nome da paz e da unidade do mundo. Assim, a 
educação - além de transmitir e construir o saber 
sistematizado - assume um sentido terapêutico 
ao despertar no educando uma nova consciên-
cia que transcenda do seu eu individual para o eu 
transpessoal. 
Sendo assim, o pedagogo/professor que atua 
junto a escolares em tratamento de saúde neces-
sita de uma reflexão crítica sobre seu papel frente 
às novas exigências do momento histórico, ne-
cessárias para uma percepção renovada de suas 
atitudes perante a sociedade, a qual lhe aponta 
novos saberes e fazeres em seu papel de educa-
dor. 
Nessa concepção, Matos e Mugiatti (2001 
apud LIRA, 2010, p. 309), pressupõem que 
o educador buscando novas soluções por meio 
do autoconhecimento, com o deslumbrar de 
outras fontes e assumindo o compromisso da 
transformação pessoal e social, passa a se tornar, 
juntamente com os profissionais de saúde, os ar-
tífices de uma proposta integrada, com a devida 
abertura para o desempenho de funções políti-
cas e sociais, em que se manifestem as eventu-
ais necessidades de educação. Assim, o trabalho 
pedagógico do professor, junto a escolares em 
tratamento de saúde tem o desafio de superar a 
práticas fragmentadas, descontextualizadas, para 
assumir uma postura reflexiva através do repen-
sar das ações praticadas em ambientes diferentes 
da sala de aula. 
Assim, cabe destacar o respaldo legal espe-
cífico, de acordo com Fontes (2004), na Política 
Nacional de Educação Especial, que garante o 
atendimento de crianças e adolescentes hospi-
talizados. O documento afirma que a classe hos-
pitalar é um ambiente hospitalar que possibilita 
o atendimento educacional de crianças e jovens, 
bem como “garante especificamente sobre os 
exercícios domiciliares as estudantes gestantes, 
também a internados que necessitam de educa-
ção especial e que estejam em tratamento hospi-
talar” (BRASIL, 2002). Assim, cabe às classes hospi-
talares e ao atendimento pedagógico domiciliar: 
[...] elaborar estratégias e orientações para possi-
bilitar o acompanhamento pedagógico-educa-
cional do processo de desenvolvimento e cons-
trução do conhecimento de crianças, jovens e 
adultos matriculados ou não nos sistemas de 
ensino regular, no âmbito da educação básica e 
que se encontram impossibilitados de frequen-
tar escola, temporária ou permanentemente e, 
garantir a manutenção do vínculo com as esco-
las por meio de um currículo flexibilizado e/ou 
adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou 
adequada integração ao seu grupo escolar cor-
respondente, como parte do direito de atenção 
integral. (BRASIL, 2002, p. 13).
Destaca-se, ainda, o art. 7º do documento (BRA-
SIL, 2000, p. 24), que descreve a responsabilidade 
do hospital de oferecer às crianças um ambien-
te que corresponda às suas necessidades físicas, 
afetivas e educativas, quer no aspecto do equipa-
mento, quer no aspecto pessoal e da segurança, 
e complementa: 
Onde se estabelece que os momentos de brincar, 
de recreio e de educação devem: Ter disponível 
material de jogo apropriado; Ser assegurados 
todos os dias da semana; Contemplar todos os 
grupos etários internados no serviço; Estimular 
a criatividade em todas as crianças; Permitir a 
continuação dos estudos no nível de educação já 
atingido. (BRASIL, 2000, p. 24).
Na busca de esclarecer sua proposta, define a 
classe hospitalar da seguinte forma: 
Denomina-se classe hospitalar o atendimento 
pedagógico-educacional que ocorre em ambien-
tes de tratamento de saúde, seja na circunstância 
de internação, como tradicionalmente conhe-
cida, seja na circunstância do atendimento em 
hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de 
atenção integral à saúde mental. (BRASIL, 2002, 
p. 13).
Ainda de acordo com o documento (BRASIL, 
2002), o atendimento educacional hospitalar 
deve estar associado aos sistemas de educação, 
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constituindo um trabalho pedagógico das secre-
tarias federais, estaduais e municipais, as quais 
devem atender à solicitação dos hospitais em re-
lação a esse atendimento, atuando na contrata-
ção de profissionais docentes, na formação conti-
nuada destes e em todas as outras necessidades 
para que seja desenvolvido o atendimento, como 
a solicitação de recursos financeiros e materiais. 
Com o objetivo de assegurar o direito de aten-
dimento pedagógico educacional ao escolar 
hospitalizado, a legislação vigente também esta-
belece que esse atendimento deve considerar as 
peculiaridades, desejos e necessidades da clien-
tela hospitalar, como dita o Parecer CNE/CNB nº 
1/01 (BRASIL, 2001b), que trata das Diretrizes Na-
cionais para a Educação Especial na Educação Bá-
sica e determina que o atendimento educacional 
especializado pode ocorrer fora do espaço esco-
lar, sendo, nesses casos, certificada a frequência 
do aluno mediante relatório do professor que 
atende à classe hospitalar. 
De fato, a educação é um direito de toda e 
qualquer criança ou adolescente, o que inclui o 
universo da criança e do adolescente hospitaliza-
dos; diante disso, a legislação brasileira reconhece 
esse direito por meio de diversas leis. Por exem-
plo, a Constituição Federal de 1988, no Título VIII 
– Da Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, 
da Cultura e do Desporto, Seção I, prescreve em 
seu art. 205 que “a educação é direito de todos e 
dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, vi-
sando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para exercício da cidadania e sua qualifi-
cação para o trabalho” (BRASIL, 1988). 
No mesmo sentido, a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 – deter-
mina a educação como direito de todo cidadão. 
Dela se destaca o Título II – Dos Princípios e Fins 
da Educação Nacional, como segue: 
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, 
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais 
de solidariedade humana, tem por finalidade o 
pleno desenvolvimento do educando, seu prepa-
ro para o exercício da cidadania e sua qualifica-
ção para o trabalho. 
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos 
seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e perma-
nência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e di-
vulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções peda-
gógicas. (BRASIL, 1996).
O atendimento pedagógico das crianças e 
adolescentes hospitalizados também encontra 
amparo legal junto ao Ministério da Educação, 
que define, por meio das Políticas de Educação 
Especial, responsabilidades quanto à execução 
do direito à educação desses sujeitos (BRASIL, 
1995). Incluem-se nesse rol as Diretrizes Nacio-
nais para a Educação Especial na Educação Bá-
sica (BRASIL, 2001a), que dedicam parte de sua 
proposição para recomendar o atendimento pe-
dagógico para crianças que se encontram, por 
determinado ou muito tempo, no hospital ou 
adoentadas e, por consequência, impedidas de 
frequentar a escola regular. 
Outra proposição legal importante é o docu-
mento Classe hospitalar e atendimento pedagó-
gico domiciliar (BRASIL, 2002), que avança legal-
mente ao propor que o atendimento educativo 
nos hospitais esteja conectado à escola regular, 
destacando-se: 
Tem direito ao atendimento escolar os alunos do 
ensino básico internados em hospital, em sérvios 
ambulatoriais de atenção integral à saúde ou 
em domicilio; alunos que estão impossibilitados 
de frequentara escola por razões de proteção à 
saúde ou segurança brigados em casas de apoio, 
casas de passagem, casas-lar e residências tera-
pêuticas. (BRASIL, 2002).
O documento indica, ainda, que o pedago-
go/professor necessita desenvolver propostas 
pedagógicas em classe hospitalar, atendimento 
pedagógico domiciliar ou realidades correlatas, 
assim como conhecer a dinâmica e o funciona-
mento peculiar dessas modalidades e as técnicas 
e terapêuticas que delas fazem parte ou as roti-
nas da enfermaria ou dos serviços ambulatoriais 
e das estruturas de assistência social, quando for 
o caso. Do ponto de vista administrativo, deve ha-
ver articulação com a equipe de saúde do hospi-
tal, com a Secretaria de Educação e com a escola 
de origem do educando, além de orientação dos 
professores da classe hospitalar ou do atendi-
mento domiciliar em suas atividades e definição 
de demandas de aquisição de bens de consumo 
e de manutenção e renovação de bens perma-
nentes. 
Em suma, o pedagogo/professor que atua em 
classe hospitalar ou em atendimento pedagó-
gico domiciliar necessita estar capacitado para 
atuar numa perspectiva humana, identificando 
as necessidades educacionais especiais dos alu-
nos impedidos de frequentar a escola, de modo a 
definir e implantar estratégias de flexibilização e 
adaptações curriculares.
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BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 
2002.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 1990. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: jun. 
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______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de 
Educação Especial. Brasília, DF: MEC, 1994. 
GONZÁLEZ-SIMANCAS, J. L. La pedagogia hospitalaria desde la perspetiva educativa. 
Madrid: [s.n.], 1984. 
GONZÁLEZ-SIMANCAS, J. L.; POLAINO-LORENTE, A. Pedagogia hospitalar: actividad 
educativa en ambientes clínicos. Madrid: Narcea, 1990. 
MATOS, E. L. M. Pedagogia hospitalar: inclusão digital, novas linguagens e novos cenários 
favorecendo o escolar hospitalizado. In: MATOS, E. L. M.; TORRES, P. L. Teoria e prática na 
pedagogia hospitalar: novos cenários, novos desafios. Curitiba: Champagnat, 2010. 
MATOS, E. L. M.; GOMES, P. V. (Orgs.). Uma experiência de virtualização universitária: o 
Eureka na PUCPR. Curitiba: Champagnat, 2003. 
MATOS, E. L. M.; MUGGIATI, M. M.T. F. Pedagogia hospitalar. Curitiba: Champagnat, 2001. 
MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: 
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MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. 
MUGGIATI, M. M. T. F. Hospitalização escolarizada: uma nova alternativa para o escolar 
doente. 1989. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do 
Sul, Porto Alegre, 1989. 
TORRES, P. L. Laboratório on line de aprendizagem: uma proposta crítica de 
aprendizagem colaborativa para a educação. Tubarão: Unisul, 2004.
Bibliografia Complementar
- Bolsista PQ - CNPq, Pedagoga, Especialização em Recursos Humanos 
e Psicopedagogia, Mestrado em Educação - PUCPR,
- Doutorado em Engenharia da Produção – UFSC. 
- Professora Titular na PUCPR atua no Mestrado e Doutorado em Edu-
cação, no curso de Pedagogia e Coordenadora nas Especializações: “For-
mação Pedagógica do Professor Universitário para Atuar em Contexto 
Presencial e On-line”, 
- Educação Especial com Ênfase em Inclusão e Alfabetização e Letra-
mento – PUCPPR. 
- Desenvolve projetos voltados para Formação de Professores em Dife-
rentes Níveis e Contextos, Pedagogia Hospitalar, Ambientes Virtuais de 
Aprendizagem e Meios Tecnológicos na Ação Pedagógica. 
- Palestrante. 
Elizete Lúcia Moreira Matos
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Reflexões sobre o Atendimento 
Pedagógico ao Escolar em 
Tratamento de Saúde
Wolf, R. A.
A doença interfere no ritmo de vida de qual-
quer pessoa e, no caso do escolar, acaba muitas 
vezes obrigando-o a ausentar-se para tratamen-
to, podendo até mesmo alterar seu desempenho 
biológico, em termos de locomoção, pelos cuida-
dos requeridos. Ainda, o tratamento pode levar 
não só ao afastamento da escola, mas também 
do convívio social, restrição que pode interfe-
rir nos aspectos afetivos/emocionais do escolar 
durante seu tratamento. No entanto, esse “iso-
lamento” não o impede cognitivamente de con-
tinuar a realizar atividades que propiciem o seu 
desenvolvimento intelectual, tanto que é um 
direito do escolar ter acesso à educação mesmo 
que afastado da escola. 
Encontramos esse amparo legal na Constitui-
ção Federal de 1988, que prevê o direito à educa-
ção a todo cidadão brasileiro, mesmo que impos-
sibilitado de frequentar a escola, pois “[..] é direito 
de todos e dever do Estado e da família, devendo 
ser promovida e incentivada com a colaboração 
da sociedade, tendo em vista o pleno desenvol-
vimento da pessoa, seu preparo para o exercício 
da cidadania e sua qualificação para o trabalho” 
(BRASIL, 1988). Além da Constituição Federal, 
outras leis, decretos e estatutos que fazem parte 
das políticas públicas educacionais reconhecem 
a importância da educação hospitalar, tais como:
• Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 
nº 8.069/1990;
• Resolução CONANDA nº 41/1995: defende, no 
item 9, que a criança e o adolescente hospitaliza-
dos têm o direito de desfrutar de alguma forma 
de recreação, de programas de educação para a 
saúde e de acompanhamento de currículo esco-
lar durante a permanência hospitalar;
• Lei nº 9.493/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional): determina que todo hospi-
tal deve ter uma classe hospitalar como forma 
alternativa que garanta o processo de aprendiza-
gem;
• Resolução CNE/CEB nº 2/2001: no art. 13, infor-
ma que os sistemas de ensino, mediante ação in-
tegrada com os sistemas de saúde, devem orga-
nizar o atendimento educacional especializado 
a alunos impossibilitados de frequentar as aulas 
em razão de tratamento de saúde que implique 
internação hospitalar, atendimento ambulatorial 
ou permanência prolongada em domicílio;
• Classe hospitalar e atendimento pedagógico 
domiciliar: estratégias e orientações: segundo o 
documento,
cumpre às classes hospitalares l e ao atendimen-
to domiciliar 2 elaborar estratégias e orientações 
para possibilitar o acompanhamento pedagógi-
co-educacional no processo de desenvolvimen-
to e construção do conhecimento de crianças, 
jovens e adultos matriculados ou não nos siste-
mas de ensino regular, no âmbito da educação 
básica e que encontram-se impossibilitados de 
frequentar escola, temporária ou permanente-
mente e, garantir a manutenção do vínculo com 
as escolas por meio de um currículo flexibilizado 
e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retor-
no ou adequada integração ao seu grupo escolar 
correspondente, como parte do direito de aten-
ção integral. (BRASIL, 2002, p. 13).
• Lei nº 11.104/2005: dispõe sobre a obrigatorie-
dade de instalação de brinquedotecas nas unida-
des de saúde que ofereçam atendimento pediá-
trico em regime de internação. Sendo assim, se 
faz necessária a adequação desse espaço, bem 
como a inserção de pedagogos preparados para 
desenvolver práticas de educação hospitalar. 
Apesar desses amparos legais, nem sempre é 
fácil e automático o processo de adaptação do 
escolar frente à hospitalização, como também 
o seu ingresso na escolarização hospitalar. Isso 
pode ocorrer por questões psicológicas e fisio-lógicas do escolar, por limitações da instituição 
hospitalar, como falta de espaço físico próprio, 
de profissionais ou de pedagogos para atuar com 
a escolarização hospitalar nas alas de pediatria, 
ou ainda por limitações dos profissionais, como 
falta de preparo e capacitação para intervir com 
práticas educativas significativas que auxiliem a 
retomada da vida escolar. 
No cenário atual, em que o fenômeno educa-
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Compartilhando Experiências na Pedagogia 
Hospitalar
cional ocorre em diversos contextos, inclusive no 
hospitalar, o ato educativo não pertence exclusi-
vamente à escola; isso significa que, a partir do 
momento que a educação ultrapassou os muros 
escolares, manifestando-se de diversas formas, 
se fizeram necessários o preparo e a qualificação 
de profissionais para atuar nesses novos con-
textos. Por essa razão e diante das necessidades 
emergentes, não cabe mais espaço para discus-
sões contrárias sobre a atuação do pedagogo 
em instituições não escolares, pois sua inclusão 
nesses ambientes não é algo inédito e já tem 
sua legitimidade garantida pelo Projeto de Lei nº 
1.077/2003, que determina que as grades curri-
culares dos cursos de pedagogia contemplem 
disciplinas que abordem teórica e metodologica-
mente a educação hospitalar.
Assim, durante a disciplina, buscaremos apro-
fundar essas discussões, com o intuito de propor-
cionar a percepção de que o tipo de atendimento 
ao escolar em tratamento de saúde pode variar, 
em razão do contexto em que ele estiver inserido; 
inclusive, esse tipo de atendimento pode apare-
cer com as seguintes denominações: educação 
hospitalar, pedagogia hospitalar, classe hospita-
lar e atendimento domiciliar.
16
Para esclarecer um pouco mais sobre o atendi-
mento pedagógico ao escolar em tratamento de 
saúde, acredito ser relevante falar um pouco da 
minha experiência com a pedagogia hospitalar, 
que iniciou em 2003, por meio da coordenação 
de um Projeto de Extensão Permanente da Uni-
versidade Estadual do Centro-Oeste (UNICEN-
TRO), na área de pedagogia hospitalar, na ala de 
pediatria do Hospital de Caridade São Vicente de 
Paulo, em Guarapuava-PR. Esse projeto objetiva: 
• propiciar ao acadêmico de pedagogia a 
oportunidade de desenvolver práticas e adquirir 
conhecimentos sobre a importância da atuação 
do pedagogo em instituições não escolares, nes-
te caso, a hospitalar;
• garantir a continuidade dos estudos das 
crianças hospitalizadas, com atividades didático-
-pedagógicas que envolvem a leitura individual e 
coletiva, como a contação de histórias da literatu-
ra infantojuvenil, as quais são dramatizadas pelos 
acadêmicos. 
Há dez anos o projeto proporciona aos aca-
dêmicos a oportunidade de se capacitar quanto 
à elaboração de atividades pedagógicas adapta-
das ao escolar em tratamento de saúde em ala 
hospitalar, contando, para tanto, com o Labora-
tório de Educação Hospitalar da UNICENTRO, no 
qual são orientados e supervisionados durante a 
preparação das atividades. 
Pela contribuição prestada aos hospitalizados 
durante anos, o projeto conquistou um espaço 
na ala de pediatria do Hospital de Caridade São 
Vicente de Paulo, o qual foi transformado em 
uma brinquedoteca, na qual são desenvolvidas 
as atividades pedagógicas elaboradas pelos aca-
dêmicos de pedagogia.
 Nesse ambiente, eles têm a oportunidade 
de realizar a verdadeira práxis pedagógica hos-
pitalar, relacionando a teoria estudada, seus co-
nhecimentos sobre a pedagogia hospitalar e as 
práticas exercidas e vivenciadas com os escolares 
hospitalizados. 
 O projeto vem garantindo também aos aca-
dêmicos a vivência da pedagogia hospitalar na 
tríade do espírito universitário: ensino, pesquisa 
e extensão – no ensino, por meio da disciplina 
Gestão em Instituição Escolar, que promove leitu-
ras sobre a pedagogia hospitalar como subsídio 
às atividades de estágio supervisionado; na pes-
quisa, com muitos acadêmicos com pesquisas 
de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre 
pedagogia hospitalar, buscando colher dados no 
projeto; na extensão, com a inserção dos acadê-
micos no projeto para cumprir horas de estágio 
em instituição não escolar, por meio do desenvol-
vimento de atividades escolares em ala hospita-
lar.
Quanto aos escolares hospitalizados, a me-
diação dos conteúdos pedagógicos pelos aca-
dêmicos colabora para sua adaptação, motiva-
ção e ocupação sadia do tempo ocioso, pois as 
atividades pedagógicas, além de colaborar para 
o desenvolvimento cognitivo, trazem benefícios 
psicológicos e emocionais, resultando em avanço 
e recuperação da saúde, bem como confortam os 
acompanhantes, pelo fato de eles perceberem os 
benefícios gerados ao hospitalizado. Isso é pos-
sível porque, na pedagogia hospitalar, o escolar 
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é envolvido em atividades pedagógicas lúdicas, 
como a leitura e a contação de histórias, que o es-
timulam cognitiva e emocionalmente, ativando 
seu raciocínio lógico, sua imaginação e sua cria-
tividade, o que consequentemente torna o am-
biente hospitalar mais leve e humano, refletindo 
na melhora do seu quadro sintomático. 
Enfim, após o relato da minha experiência 
com a pedagogia hospitalar, gostaria de firmar 
com você, cursista, o compromisso de contar com 
sua contribuição nas diversas atividades propos-
tas, como os fóruns de discussão, que poderão 
ser complementados qualitativamente com suas 
experiências na área; dessa forma, enriquecere-
mos a disciplina. Esse compromisso implica tam-
bém a consciência de que o envolvimento para 
a promoção de uma aprendizagem mútua, cola-
borativa e cooperativa no decorrer da disciplina 
possibilitará vislumbrar novos horizontes para 
o atendimento aos escolares em tratamento de 
saúde. Existe em nós a capacidade de realizar e 
dar vida nova a tudo que nos cerca. Pensemos 
nisso!
Bons estudos e sucesso na Educação a Distân-
cia (EaD)!
17
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doras. Niterói: Intertexto, 2007. 
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Bibliografia Complementar
- Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual 
do Centro-Oeste (UNICENTRO), em Guarapuava-PR. 
- Graduada em Pedagogia, com habilitação em Orientação Educacional 
(1996), especializada em Supervisão Escolar (1998) e Educação Ambien-
tal (2004) e mestra em Linguística Aplicada (2002) pela Universidade Es-
tadual de Maringá (UEM). 
- Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educa-
ção da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com pesquisa 
sobre a formação do pedagogo para atuar com escolar em tratamento 
de saúde, sob a orientação da professoraElizete Lucia Moreira Matos.
Maria Rosângela Abreu do Prado Wolf
Políticas Públicas Educacionais Voltadas 
ao Escolar em Tratamento de Saúde 
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Políticas Públicas Educacionais Voltadas 
ao Escolar em Tratamento de Saúde 
Políticas Públicas e Legislações 
sobre Atendimento Pedagógico 
Hospitalar e Domiciliar
Classes Hospitalares
Legislações sobre Atendimento 
Pedagógico Hospitalar e Domiciliar
Avanzini, C. M. V.
Silva, T.G.
Esta disciplina objetiva compreender as políti-
cas públicas relacionadas à pedagogia hospitalar 
e ao atendimento pedagógico domiciliar e definir 
ações nesse âmbito. Para tanto, cumpre primeira-
mente destacar que elaborar políticas públicas é 
buscar deslocar-se de uma situação diagnostica-
da para uma desejada; na educação, isso signifi-
ca elaborar um plano para o setor, planejando e 
executando ações julgadas importantes para sua 
melhoria. Aliás, o art. 214 da Constituição Federal 
de 1988 expressa o desejo da nação brasileira de 
um Plano Nacional de Educação, de duração plu-
rianual, que leve à:
• erradicação do analfabetismo;
• universalização do atendimento escolar;
• melhoria da qualidade de ensino;
• formação para o trabalho;
• promoção humanística, científica e tecnoló-
gica.
As primeiras experiências de intervenção es-
colar em hospitais ocorreram na França, em 1935, 
e posteriormente na Alemanha e Estados Unidos. 
Esse tipo de atendimento cresceu sensivelmente 
com a Segunda Guerra Mundial, quando alguns 
países da Europa receberam, como consequên-
cia cruel desse conflito, crianças mutiladas e com 
doenças contagiosas, como a tuberculose, por 
exemplo (VASCONCELOS, 2006). No Brasil, a ação 
educativa no espaço hospitalar teve início, em 
1950, no Hospital Municipal Jesus, no Rio de Ja-
neiro (AROSA, 2012). Atualmente,
[...] Classe Hospitalar é a denominação do aten-
dimento pedagógico-educacional que ocorre em 
ambiente de tratamento de saúde em circunstân-
cia de internação ou ainda na circunstância do 
atendimento em hospital-dia e hospital-semana 
ou em serviços de atenção integral à saúde men-
tal. (AROSA, 2012, p. 4).
• Decreto-Lei nº 1.044/1969: dispõe sobre tra-
tamento excepcional para alunos portadores de 
afecções.
• Lei nº 6.202/1975: em seu art. 1º, determina 
que “a partir do oitavo mês de gestação e duran-
te três meses a estudante em estado de gravidez 
ficará assistida pelo regime de exercícios domici-
liares” (BRASIL, 1975).
• Constituição Federal de 1988, especifica-
mente o art. 205.
• Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente).
• Resolução CONANDA nº 41/1995.
• Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação).
• Resolução CNE/CEB nº 02/2001 (Diretrizes 
Nacionais para a Educação Especial na Educação 
Básica).
• Classe hospitalar e atendimento pedagógico 
domiciliar: estratégias e orientações: documento 
editado pelo Ministério da Educação (MEC), em 
2002.
• Deliberação nº 02/2003 do Conselho Estadu-
al de Educação do Paraná (Normas para Educa-
ção Especial): em seu art. 14, determina que 
os serviços especializados serão assegurados 
pelo Estado, que também firmará parcerias ou 
convênios com áreas de educação, saúde, assis-
tência social, trabalho, esporte, lazer e outros, 
incluindo apoio e orientação à família, à comuni-
dade e à escola, compreendendo: [...] III – Classes 
hospitalares; IV – Atendimento Pedagógico Do-
miciliar [...]. (PARANÁ, 2003).
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Exemplos Bem-Sucedidos de Políticas 
Públicas sobre Atendimento Pedagógico 
Hospitalar e Domiciliar no Brasil
Segundo Ohara, Borda e Carneiro (2008, p. 94), 
o último levantamento realizado, em 2005, sobre 
o funcionamento de classes hospitalares no País, 
registrava que só 99 hospitais haviam instalado 
as classes hospitalares, assim distribuídas por re-
gião: Norte= 7; Nordeste= 10; Centro-oeste= 18; 
Sudeste= 47 e Sul= 17 Em sua maioria, esse tipo 
de atendimento decorre do convênio firmado 
entre as Secretarias de Educação e de Saúde dos 
Estados, mas existem classes hospitalares resul-
tantes de iniciativas de entidades filantrópicas e 
universidades. 
Em suma, de acordo com Amaral e Silva (2008, 
p. 1), 
a criação de classes escolares em hospitais é re-
sultado do reconhecimento formal de que crian-
ças hospitalizadas, independentemente do perí-
odo de permanência na instituição ou de outro 
fator qualquer, têm necessidades educacionais e 
direitos de cidadania, inclusive a escolarização.
Por fim, importa ressaltar que as classes hospi-
talares podem ser classificadas :
a) quanto à forma de atendimento:
- atendimento escolar: ênfase na aprendi-
zagem escolar e construção dos processos de 
aprendizagem;
- atendimento recreativo: educação lúdica e 
lazer;
- atendimento psicossocial: ludoterapia e jo-
gos de socialização;
- atendimento clínico psicopedagógico: ênfa-
se nas condutas emocionais. 
b) quanto ao vínculo dos professores:
- professores contratados pelo hospital;
- professores cedidos pelas Secretarias Estadu-
ais de Educação;
- professores cedidos pelas Secretarias Muni-
cipais de Educação;
- professores vinculados aos projetos de pes-
quisa e extensão universitária;
- professores pertencentes aos projetos de vo-
luntariado.
 c) quanto à estrutura escolar hospitalar:
- atendimento exclusivamente no leito;
- atendimento com salas de aula na unidade 
de internação;
- atendimento com salas de aula na unidade 
de internação, mais salas de apoio e sala de dire-
ção escolar. (CECCIM; FONSECA, 2000).
Paraná – Serviço de Atendimento à Rede de 
Escolarização Hospitalar (SAREH)
Normatizado pela Resolução nº 2.527/2007, o 
SAREH tem por objetivo propiciar atendimento 
educacional do 6º ao 9º ano do ensino fundamen-
tal e das séries do ensino médio para crianças e 
adolescentes que se encontram impossibilitados 
de frequentar a escola em virtude de situação de 
internamento hospitalar ou tratamento de saú-
de, permitindo-lhes a continuidade do processo 
de escolarização, a inserção ou a reinserção em 
seu ambiente escolar (PARANÁ, 2013).
Rio Grande do Norte – Núcleo de Atendi-
mento Educacional Hospitalar e Domiciliar do Rio 
Grande do Norte (NAEHD/RN) 
Programa instalado em 2010 e desenvolvido 
em seis instituições hospitalares conveniadas à 
Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande 
do Norte.
Rio Grande do Sul – Programa de Apoio Pe-
dagógico (PAP)
O Programa de Apoio Pedagógico (PAP) é um 
trabalho de classe hospitalar pioneiro no Rio 
Grande do Sul que é desenvolvido em parceria 
entre a Escola Estadual Técnica em Saúde (ETS) 
e o HCPA desde agosto de 1990. A discussão de 
implantação, que se originou como um projeto 
surgiu quando a equipe multidisciplinar do hos-
pital, responsável pelas internações pediátricas, 
constatou que as crianças com prolongadas e re-
petidas internações eram prejudicadas ao retor-
narem às escolas. 
Essa filosofia de vanguarda deu origem, não 
apenas à criação do PAP, mas também à funda-
ção da ETS, que é uma Escola de Ensino Médio 
voltada para a formação de profissionais na área 
da saúde e responsável pela equipe docente do 
Programa. Assim, usando a estrutura do Hospital, 
em 12 de janeiro de 1989 foi firmado um proto-
colo de intenções entre a Secretaria de Educação 
do Rio Grande do Sul e o HCPA. Isto possibilitou 
realizar uma ação interinstitucional integrada e, 
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esem setembro de 1990, oficializou-se o projeto de-
nominado Programa de Apoio Pedagógico que 
antecipou a legislação, (Estatuto da Criança e do 
Adolescente Hospitalizados – Resolução Nº 41 de 
outubro de 1995 – Ministério da Justiça –Brasília/
DF) que garante o direito à escola para crianças e 
adolescentes hospitalizados. (HCPA, 2013).
- Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná - UFPR, Pós-
Graduada em Educação Social Unisal. 
- Licenciada em Pedagogia – Unicamp – Campinas SP. 
- Pedagoga da Secretaria Municipal de Educação de Araucária – PR, 
atuando como Coordenadora da Documentação Administrativa e Peda-
gógica Escolar. 
- Conselheira Municipal de Educação de Araucária – PR. 
- Formadora ligada à UFPR no Pacto Nacional pela Alfabetização na Ida-
de Certa – PNAIC. 
- Professora convidada da PUCPR na Pós-Graduação em Pedagogia 
Hospitalar.
- Mestre em Educação pela UFPR. Especialista em Metodologia do Ensi-
no de Ciências pelo IBEPEX. 
- Licenciada em Ciências Biológicas pela UFPR. 
- Técnica Pedagógica da Secretaria de Estado da Educação do Paraná/
Depto de Educação Especial e Inclusão Educacional. 
- Professora-Tutora Pedagogia EaD/UFPR. 
Claudinéia Maria Vischi Avanzini
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Thais Gama da Silva
Atendimento Pedagógico Domiciliar 
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Atendimento Pedagógico Domiciliar 
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Legislação do Atendimento 
Hospitalar e Domiciliar
Santos, M. C. K.
Entender o atendimento pedagógico hospita-
lar e domiciliar como direito necessário e indis-
pensável é respaldar-se em legislações que au-
xiliam na construção de sua identidade e na sua 
execução.
A partir do que determina a Constituição Fe-
deral de 1988 (BRASIL, 1988), podemos entender 
que o direito à educação é de todos e para todos, 
em quaisquer circunstâncias que estejam. O mes-
mo preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional (LDB), que, apesar de ter como 
fundamento a Constituição Federal, informa mais 
detalhadamente como a educação para todos 
deve ser feita e com quais bases:
TÍTULO II Dos Princípios e Fins da Educação Na-
cional
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, 
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais 
de solidariedade humana, tem por finalidade o 
pleno desenvolvimento do educando, seu prepa-
ro para o exercício da cidadania e sua qualifica-
ção para o trabalho.
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos 
seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e perma-
nência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e di-
vulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções peda-
gógicas; [...]. (BRASIL, 1996).
Sendo, pois, a educação um direito de toda 
e qualquer criança e adolescente, inferimos que 
aqueles hospitalizados e em tratamento domi-
ciliar também devem tê-lo garantido. A esse 
respeito, foram decretadas algumas leis, como o 
Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969, 
que dispõe sobre o tratamento excepcional para 
alunos portadores de afecções em suas residên-
cias (BRASIL, 1969).
De modo geral, a LDB (BRASIL, 1996) atribui 
“ao poder público a responsabilidade de garan-
tir o direito à educação e criar formas alternativas 
de acesso aos diferentes níveis de ensino” (art. 
5º, § 5º), devendo “organizar-se de diferentes for-
mas para garantir o processo de aprendizagem” 
(art. 23). Ainda, define que, para os alunos com 
necessidades educacionais especiais, os sistemas 
de ensino devem assegurar currículos, métodos, 
técnicas, recursos educativos e organizações es-
pecíficas para atendê-los (art. 58).
Especificamente, somente na década de 1990 
foram criadas leis para as “classes hospitalares”, 
por meio das quais essa necessidade recebeu um 
olhar particular. Importa ressaltar que, até en-
tão, elas eram regidas pela Constituição Federal 
e pela LDB, apenas com base na ideia de que a 
educação é para todos, sendo referidas nessa lei 
como educação especial, em uma visão de edu-
cação inclusiva. Atualmente, incluem-se nesse 
contexto alunos com necessidades educacionais 
especiais, como aqueles com deficiências men-
tais, auditivas, físicas, motoras e múltiplas, síndro-
mes em geral, os que apresentam dificuldades 
cognitivas, psicomotoras e de comportamento, 
além daqueles alunos que estão impossibilitados 
de frequentar as aulas em razão de tratamento 
de saúde que implique internação hospitalar ou 
atendimento ambulatorial.
Entre as leis específicas, que visam a prote-
ger a infância e a juventude, sendo instrumentos 
para tentar garantir uma sociedade mais justa, 
podemos citar o Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (BRASIL, 1990), em especial seu art. 9, que 
trata do direito à educação: “Direito de desfrutar 
de alguma forma de recreação, programa de edu-
cação para a saúde”. Ainda, seu art. 3º enfatiza o 
olhar integral à criança e ao adolescente, garan-
tindo-lhe desenvolvimento pleno em todos os 
aspectos que perpassam a sua vida. Em outras 
palavras, a criança e o adolescente gozam de 
todos os direitos fundamentais inerentes à pes-
soa humana, sem prejuízo da proteção integral 
de que trata essa lei, que lhes assegura todas as 
oportunidades e faculdades, a fim de proporcio-
nar seu desenvolvimento físico, mental, moral, 
espiritual e social, em condições de liberdade e 
dignidade. Por sua vez, a Resolução CONANDA nº 
41, de 13 de outubro de 1995, por meio do item 
9, reconhece o “direito de desfrutar de alguma 
forma de recreação, programas de educação para 
a saúde, acompanhamento do currículo escolar 
durante sua permanência hospitalar” (BRASIL, 
1995).
O documento mais recente sobre o tema pu-
blicado pelo Ministério da Educação (MEC), por 
meio de sua Secretaria de Educação Especial, 
Classe hospitalar e atendimento pedagógico do-
miciliar: estratégias e orientações, define o aten-
dimento pedagógico domiciliar como o 
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atendimento que ocorre em ambiente domiciliar, 
quando o estudante encontra-se com problemas 
de saúde que o impossibilita de frequentar regu-
larmente os espaços escolares, ou esteja em casa 
de apoio/recuperação de saúde ou em outras es-
truturas de apoio da sociedade. (BRASIL, 2002).
Além disso, o documento traz estratégias e 
orientações para o atendimento nas classes hos-
pitalares, de modo a assegurar o acesso à educa-
ção básica, enfatizando que
tem direito ao atendimento escolar os alunos do 
ensino básico internados em hospital, em sérvios 
ambulatoriais de atenção integral à saúde ou em 
domicilio; alunos que estão impossibilitados de 
freqüentar a escola por razões de proteção à saú-
de ou segurança abrigados em casas de apoio, 
casas de passagem, casas-lar e residências tera-
pêuticas. (BRASIL, 2002).
Para estudantes nessas condições, as Secreta-
rias de Educação e de Saúde devem oferecer al-
ternativas para que continuem estudando até es-
tarem aptos a retornar à escola assim que cessar 
o tratamento ou a condição especial que os obri-
gou a ficar fora da rotina escolar. A classe hospita-
lar deve, portanto, favorecer o desenvolvimento 
de atividades físicas, lúdicas e pedagógicas, de 
acordo com o currículo escolar vigente, contan-
do com mobiliário adequado e espaço ao ar livre. 
O professor, nesse contexto, deve dar prossegui-
mento à escolarização da criança/adolescente 
que se encontra impossibilitado de frequentar a 
escola, fazendo a integração entre escola, saúde 
e educação.
Sobre o mesmo assunto, o art. 13 da Resolu-
ção CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, 
define que
[...] os sistemas de ensino, mediante ação integra-
da com os sistemas de saúde, devem organizar o 
atendimento educacional especializado a alunos 
impossibilitados de freqüentar as aulas em razão 
de tratamento de saúde que implique internação 
hospitalar, atendimento ambulatorial ou perma-
nência prolongada em domicílio. (BRASIL, 2001).
No âmbito estadual, a Deliberação nº 02, de 2 
de junhode 2003, do Conselho Estadual de Edu-
cação do Paraná disserta o seguinte: 
Atendimento Pedagógico Domiciliar - serviço 
destinado a viabilizar a educação escolar de alu-
nos com necessidades educacionais especiais 
que estejam impossibilitados de frequentar as 
aulas, em razão de tratamento de saúde que im-
plique permanência prolongada em domicílio, 
mediante atendimento especializado realizado 
por professor habilitado ou especializado em 
educação especial vinculado a um serviço espe-
cializado. (PARANÁ, 2003).
Portanto, a hospitalização em nada impede 
que novos conhecimentos e informações sejam 
adquiridos pela criança ou jovem, de modo a 
contribuir para seu desenvolvimento escolar.
Com base no exposto, podemos inferir que a 
ideia de viabilizar a educação a todos os cidadãos 
existe desde a Constituição de 1988, porém as 
maneiras pelas quais todos, sem exceção, podem 
ter acesso a ela só começaram a ser pensadas na 
década de 1990. Apesar de reconhecida oficial-
mente, devido a esse atraso, a classe hospitalar 
ainda não é de conhecimento da população, de 
modo que muitas crianças e adolescentes afas-
tam-se da escola durante o período de hospita-
lização.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâ-
metros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacio-
nais. Brasília, DF: MEC, 1997.
Bibliografia Complementar
- Graduada em Formação de Professores e Pedagogia pela Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná. 
- Especialista em Pedagogia Hospitalar pela IBPEX. 
- Atua como responsável pelo serviço de Atendimento Pedagógico 
Domiciliar na Prefeitura Municipal de Curitiba.
Maria Cecília Kuzmann Santos
Atendimento Pedagógico Hospitalar 
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O objetivo desta unidade é reforçar a signi-
ficância do atendimento pedagógico escolar a 
crianças e/ou adolescentes que fazem tratamen-
to médico e permanecem internados por perío-
dos relativamente longos em hospitais.
De acordo com nossas pesquisas, em conse-
quência da Segunda Guerra Mundial, inúmeras 
crianças e adolescentes em idade escolar foram 
mutilados e feridos, o que motivou sua perma-
nência em hospitais por longos períodos. Por 
essa razão, no ano de 1935, em Paris, Henri Sellier, 
prefeito de Suresnes, criou as classes hospitala-
res. No Brasil, a classe hospitalar surgiu no Rio de 
Janeiro, em 1950, no Hospital Jesus; no entanto, 
Mazzotta (1996) relata que há registros – nos re-
latórios anuais da Santa Casa de Misericórdia de 
São Paulo – que indicam o atendimento peda-
gógico especializado a deficientes físicos desde 
1931.
Em Curitiba, as primeiras preocupações com 
a inclusão escolar da criança hospitalizada fo-
ram apontadas pela assistente social Margarida 
de Freitas Muggiati, no ano de 1987, em sua dis-
sertação de mestrado Hospitalização escolariza-
da, uma nova alternativa para a criança doente, 
apresentada na Pontifícia Universidade Católica 
do Rio Grande do Sul. Entendendo a importân-
cia desse tipo de atendimento, a Prefeitura Mu-
nicipal, via Secretaria da Educação, por meio de 
convênios com instituições de saúde, iniciou no 
ano de 1988 o Projeto Mirim de Hospitalização 
Escolarizada, cedendo professores a hospitais da 
cidade. A partir de 2005, o atendimento à crian-
ça e/ou adolescente em tratamento de saúde 
passou a ser chamado, informalmente, de esco-
larização hospitalar, porém sua documentação 
manteve o termo ‘classe hospitalar’, entendendo 
que deveriam ser seguidas as recomendações 
do documento Classe hospitalar e atendimento 
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações, 
do Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 2002).
O termo ‘classe hospitalar’ é definido no docu-
mento do MEC como 
[...] o atendimento pedagógico-educacional que 
ocorre em ambientes de tratamento de saúde, 
seja na circunstância de internação, como tradi-
cionalmente conhecida, seja na circunstância do 
atendimento em hospital-dia e hospital-semana 
ou em serviços de atenção integral à saúde men-
tal. (BRASIL, 2002, p. 13).
Entendemos que esse conceito visa a assegu-
rar a continuidade dos conteúdos escolares às 
crianças e/ou adolescentes hospitalizados, tendo 
consciência de que esse acompanhamento cur-
ricular deve ser flexibilizado, garantindo a ma-
nutenção do vínculo com a escola de origem, de 
modo a possibilitar que seu retorno seja produti-
vo e apresente o mínimo possível de dificuldade.
 Na legislação brasileira, a Constituição 
Federal de 1988, no art. 5º, afirma que “todos são 
iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer 
natureza” (BRASIL, 1988), e mais adiante, no art. 
205, que “a educação, direito de todos e dever do 
Estado e da família, será promovida e incentivada 
com a colaboração da sociedade, visando o pleno 
desenvolvimento da pessoa [...]” (BRASIL, 1988). 
Dissertam sobre o mesmo assunto, entre outros, 
o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 
8.069/1990), a Resolução CONANDA nº 41/1995, 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei 
nº 9.394/1996), a Resolução CNE/CEB nº 02/2001, 
o documento Classe hospitalar e atendimento 
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações 
e a Deliberação no 02/2003 do Conselho Estadual 
de Educação do Paraná. 
A Resolução CNE/CEB nº 02/2001, por exem-
plo, tem como objetivo preconizar a garantia des-
se atendimento em âmbito nacional, esclarecen-
do que a parceria deve ser estabelecida entre os 
sistemas de saúde e educação:
Art. 13 – Os sistemas de ensino, mediante ação 
integrada com os sistemas de saúde, devem orga-
nizar o atendimento educacional especializado a 
alunos impossibilitados de frequentar as aulas 
em razão de tratamento de saúde que implique 
internação hospitalar, atendimento ambulatorial 
ou permanência prolongada em domicílio.
§ 1º. As classes hospitalares e o atendimento em 
ambiente domiciliar devem dar continuidade ao 
processo de desenvolvimento e ao processo de 
aprendizagem de alunos matriculados em esco-
las da Educação Básica, contribuindo para seu 
retorno e reintegração ao grupo escolar, e desen-
volver currículo flexibilizado com crianças, jovens 
e adultos não matriculados no sistema educacio-
nal local, facilitando seu posterior acesso à escola 
regular.
§ 2º. Nos casos de que trata este artigo, a certifi-
cação de frequência deve ser realizada com base 
no relatório elaborado pelo professor especializa-
do que atende o aluno. (BRASIL, 2001).
A Importância do Atendimento 
Pedagógico Hospitalar
Pacheco, M. C. P.
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Por sua vez, o documento Classe hospitalar e 
atendimento pedagógico domiciliar: estratégias 
e orientações (BRASIL, 2002) tem como finalidade 
estruturar a execução do sistema de atendimen-
to pedagógico nos hospitais e em domicílio, es-
clarecendo a operacionalização do serviço desde 
a adaptação de recursos e instrumentos didático-
-pedagógicos, a importância de reintegração da 
criança e/ou adolescente ao ambiente escolar e 
o perfil do profissional que o atende, bem como 
orientando sobre como deve ser a coordenação 
desse serviço.
Em relação aos profissionais que atenderão a 
esses educandos, o professor coordenador
irá coordenar a proposta pedagógica em classe 
hospitalar ou em atendimento pedagógico do-
miciliar deve conhecer a dinâmica e o funciona-
mento peculiar dessas modalidades, assim como 
conhecer as técnicas e terapêuticas que dela 
fazem parte ou as rotinas da enfermaria ou dos 
serviços ambulatoriais e das estruturas de assis-
tência social citadas anteriormente, quando for o 
caso.
Do ponto de vista administrativo, deve articular-
se com a equipe de saúde do hospital, com a Se-
cretaria de Educação e com a escola de origem 
do educando assim

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