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1 FACULDADE UNIDAS DO NORTE DE MINAS SOEBRAS FUNORTE CURSO DE E ODONTOLOGIA 2016 Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Carvalho e Andrade, 2005 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA - SIDA (Acquired Immunodeficiency Syndrome – Aids) Definição: Um conjunto de enfermidades que surgem como resultado da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana ou Human Immunodeficiency Virus (HIV), desde que não haja outra causa para se determinar imunodeficiência, além da presença do HIV. Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Carvalho e Andrade, 2005 O vírus HIV não tem capacidade de se reproduzir por si próprio, por isso, age como um parasita, invadindo as células do hospedeiro. Ele infecta toda e qualquer célula do organismo que expresse em sua superfície o receptor CD4, tendo porém, uma maior afinidade pelos linfócitos T, do sistema imunológico. À medida que o vírus HIV se replica, causa depleção das células T, diminuindo a resistência orgânica contra infecções. INTRODUÇÃO: Os portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou que já apresentam a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) precisam de cuidados multiprofissionais que envolvem o cirurgião-dentista. O estado de imunossupressão causado pelo vírus HIV leva ao risco de aparecimento de infecções oportunistas ou neoplasias que podem se manifestar na cavidade bucal. Por meio da anamnese e do exame físico, o profissional pode se deparar com sinais e sintomas sugestivos da infecção pelo vírus HIV, e assim encaminhá-lo, contribuindo para o diagnóstico precoce da doença. Naqueles pacientes em que a infecção pelo HIV já foi diagnosticada, o CD exerce um papel igualmente importante, que é o de manutenção da saúde bucal, contribuindo para melhoria da sua qualidade de vida. Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Carvalho e Andrade, 2005 Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Carvalho e Andrade, 2005 INTRODUÇÃO Na área odontológica: desconhecimento inicial da doença e de seus aspectos clínicos, Preconceito. A grande maioria dos cirurgiões-dentistas ainda não se sente suficientemente preparada para atender portadores do vírus HIV, principalmente quando estes já apresentam complicações clínicas. O CD deve conheçer sobre a etiopatogenia da doença, testes diagnósticos, fases da doença, monitoramento laboratorial, medicações utilizadas, risco ocupacional/ conduta frente à acidentes, principais manifestações bucais causadas pela infecção. 2 Representação social da infecção pelo HIV/Aids Desconhecimento inicial da doença MINORIAS “Grupos de risco” Homossexuais Prostitutas e travestis MORTEMORTE SEXUALIDADESEXUALIDADE TABUSTABUS Cl ín ic a Od on to ló gi ca Cl ín ic a Od on to ló gi Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Tratamento Odontológico QUALIDADE DE VIDA HUMANIZAÇÃO E ÉTICA INTERRELAÇÃO MÉDICA VIGILÂNCIA SINAIS E SINTOMAS LOCAIS E SISTÊMICOS Objetivo do Tratamento Odontológico Atendimento imediato aos quadros infecciosos agudos Tratamento e controle das alterações de mucosa associadas ao HIV Restabelecimento e manutenção da saúde e conforto bucais Educação em saúde ESTIGMAESTIGMA PRECONCEITOPRECONCEITO DISCRIMINAÇÃODISCRIMINAÇÃO Condutas profissionais antiéticas Disposição em atender MEDOMEDO DESCONFIANÇADESCONFIANÇA Transmissão e progressão � Concentração do vírus � Exposições múltiplas � Eficácia dos anticorpos do hospedeiro � Abundância dos receptores celulares de superfície CD4 Varellis, 2013; Brasil 2006 Depende: O risco de transmissão do HIV é de 0,3% (0,2– 0,5%) em acidentes percutâneos e de 0,09% (0,006 – 0,5%) após exposições em mucosas Risco Transmissão HIV por saliva � Não existe evidência epidemiológica. � O vírus: encontrado em 20% dos portadores de HIV em concentrações abaixo de uma partícula infectante por mililitro de saliva, e aparentemente não guarda relação com a viremia do paciente. � A baixa concentração viral na saliva e a atividade inibitória da saliva sobre o HIV, resulta em risco pequeno. � As precauções devem ser adotadas, pois no tratamento odontológico há possibilidade de contato com sangue e de acidentes com artigos perfurocortantes. 3 Papel dos Cirurgiões Dentistas � Achados bucais podem ser os primeiros sinais ou sintomas de uma infecção pelo HIV ou manifestações iniciais da AIDS � Persistência ou reaparecimento de doenças oportunistas pode ser indicativo de baixa imunidade � A possibilidade de contaminação no atendimento do paciente é quase nula se seguidos os procedimentos de precaução padrão Varellis, 2013 Garantir o atendimento dentro das normas de biossegurança preconizadas Controle da infecção cruzada Estar atento às possíveis manifestações bucais relacionadas à infecção pelo HIV Orientar e encaminhar o paciente ao serviço de saúde, em caso de suspeita diagnóstica de infecção pelo HIV/Aids Incorporar ao seu cotidiano as ações de prevenção e solidariedade entre os seus principais procedimentos terapêuticos. Cl ín ic a Od on to ló gi ca Competências do cirurgião-dentista no atendimento ao portador do HIV / Aidsortador do HIV / Aids Brasil, 2000 Garantir a continuidade dos procedimentos de rotina odontológica Interagir com a equipe multiprofissional Garantir um tratamento digno e humano, mantendo sigilo e respeitando diferenças comportamentais Manter-se atualizado sobre a epidemia no que diz respeito aos seus aspectos técnicos, clínicos, éticos e psicossociais Identificar as suas próprias limitações e trabalhá-las de maneira a não prejudicar a relação profissional-paciente. Cl ín ic a Od on to ló gi ca Competências do cirurgião-dentista no atendimento ao portador do HIV / Aidsortador do HIV / Aids Brasil, 2000 Biossegurança Barreiras Esterilização Desinfecção Anti-sepsia BEDABEDA • Barreiras � Anteparos utilizados para evitar a passagem de MO. � EPI: • Esterilização � Exterminação de qualquer forma de vida de um local ou objeto • Assepsia � Mesmo processo em um ser animado Biossegurança Equipamento de Proteção Individual • Desinfecção � Redução do número de MO de um local ou objeto • Anti-sepsia � Mesmo processo em um ser animado Biossegurança 4 Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Brasil, 2000 Reforçar sempre que a informação é confidencial e da importância das mesmas para o diagnóstico e futuro tratamento. Não iniciar a anamnese com perguntas relacionadas à sexualidade ou ao uso de drogas. Estas perguntas podem ser abordadas quando o profissional sentir ou julgar que a relação de confiança com o seu paciente está suficientemente fortalecida. Lembrar ao paciente que a informação correta permite um tratamento adequado das doenças bucais sem interferir nas condições sistêmicas. Exemplificar como doenças e medicamentos podem afetar a saúde bucal. Não julgar o seu paciente pela aparência, pois esta não indica sorologia para o HIV/aids. Tal atitude apenas fomenta a discriminação. Respeitar a singularidade do paciente, ouvi-lo e falar com ele utilizando uma linguagem acessível, compatível com o seu nível cultural. Comunicando-se com o paciente... Atendimento Clínico Exame dos dentes Exame periodontal Exame físico dos tecidos moles bucais Exame físico extra bucal História odontológica História de saúde ou história médica História História médicamédica Deve ser freqüentemente atualizada ROTINA ANTES DOTRATAMENTO • Perguntar como está se sentindo • Revisar a história médica prévia, atentar para a data dos exames • Postergar procedimentos invasivos quando houver uma queixa médica não esclarecida • Fazer todas as anotações necessárias Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas História Médica DURANTE O TRATAMENTO • Utilizar linguagem acessível • O tratamento odontológico deve prosseguir conforme a necessidade do paciente, procurando-se coordenar este tratamento com os aspectos médicos de cada caso Determinação de estágio e curso da doença e do estado imunológico � Resultados de testes laboratoriais � � Conhecimento das medicações prescritas no passado e aquelas em uso no momento Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas História médicaHistória médica Medicamentos para o tratamento de infecções � Tuberculose (rifampicina, izoniazida e pirazinamida) � Toxoplasmose (azitromicina, clindamicina) � Candidíase (cetoconazol, fluconazol) � Pneumonia por Pneumocystis carinii (sulfametoxazol+ trimetoprima) 5 Resultados de testes laboratoriaisResultados de testes laboratoriais 1. Contagem de linfócitos T CD4+ periféricos - relação CD4/CD8 (6 em 6 meses) • Prognóstico da doença • Risco para infecções oportunistas Cl ín ic a Od on to óg ic a Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Determinação do nível de imunodeficiênciaDeterminação do nível de imunodeficiência Contagem de células CD4Contagem de células CD4 > 500 cel/mm3 Resposta imunológica razoável 200 – 500 cel/mm3 Comprometimento imunológico significativo < 200 cel/mm3 Comprometimento grave - aids Sinais e sintomas da supressão imuneC lín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Resultados de testes laboratoriaisResultados de testes laboratoriais 2. Determinação da carga viral (cópias de RNA / ml) � Reflete a dinâmica do vírus, quantificando as partículas que estão sendo produzidas e lançadas na circulação sangüínea Número de partículas virais é mais elevado durante a infecção primária e mais baixo na fase assintomática vírus↑↑ Progressão da doença↑↑ Deterioração sistema imune↑ ↑ Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas < 10.000 cópias / ml Baixo risco de progressão ou de piora da doença 10.000 – 100.000 cópias / ml Risco moderado de progressão ou de piora da doença > 100.000 cópias / ml Alto risco de progressão ou piora da doença Carga viral em cópias de RNA por mlCarga viral em cópias de RNA por ml História médicaHistória médica 3. Avaliação do hemograma e contagem de plaquetas • A anemia, leucopenia e trombocitopenia são achados comuns da AIDS e podem causar complicações no atendimento odontológico e alterações no plano de tratamento. Cl ín ic a Od on to ló gi ca História médicaHistória médica Hemograma Leucograma Plaquetas Avaliação do hemograma e contagem de plaquetas Achados comuns da aids e podem causar complicações no atendimento odontológico e alterações no plano de tratamento. Hemácias (por mm3) H: 4.500.000 a 6.000.000 M: 4000.000 a 5.500.000 Hematócrito H: 38-54% M: 36-47% Hemoglobina H: 14-18g M: 12-16g Leucócitos 4.500 a 10.000 Linfócitos CD4+ = 500 - 1500 CD8+= 400 -1000 CD4/CD8 = 1,2 – 2,2 130.000 a 400.000/mm3 6 AnemiaAnemia Comum entre pacientes HIV/Aids Redução do número de hemácias ou da dosagem de hemoglobina (eritrograma) • HB - < 7 g/dl = não realizar procedimentos invasivos Redução dos valores do hematócrito Cl ín ic a Od on to ló gi ca LeucopeniaLeucopenia • Contagem global de leucócitos contidos em 1 mm3 de sangue circulante (< 4000/mm3) • A linfocitopenia geralmente é a causa da leucopenia nos pacientes HIV / Aids • A neutropenia (< 500/mm3) pode também ser a causa da leucopenia – estágios avançados da doença Diminuição do número de leucócitos (série branca) Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas TrombocitopeniaTrombocitopenia Contagem de plaquetas < 130.000 mm3 – comprometimento da hemostasia • Sinais • Lesões púrpuras cheias de sangue • Equimoses na mucosa • Hematomas • Hemorragias Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas TrombocitopeniaTrombocitopenia � Redução do número de plaquetas – aumenta o tempo de sangramento � Contagem de plaquetas < 130.000 mm3 – comprometimento da hemostasia (desordem autoimune – deposição de complexos imunes sobre as plaquetas - ou formação de anticorpos específicos para a membrana das plaquetas) � Pode manifestar-se na forma de Púrpura Trombocitopênica Imune: � Sinais na cavidade bucal � Lesões púrpuras cheias de sangue � Equimoses na mucosa � Hematomas se formam com facilidade � Hemorragias História médicaHistória médica Avaliação da presença de outras infecções ocorrendo simultaneamente • Tuberculose • PACIENTES DE ALTO RISCO (altamente contagiosos) • Pacientes com tuberculose apresentando sintomas de atividade da doença (febre, calafrios, sudorese noturna, escarro, perda de peso) e pacientes com manifestações bucais de tuberculose Tratamento odontológico eletivo = Devem ser adiados e paciente encaminhado a seus médicos para avaliação. Tratamento odontológico de urgência = Recomenda-se isolamento – feito em ambiente hospitalar ou clínicas especializadas. Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Atendimento Atendimento odontológicoodontológico ExaExame físico extrame físico extra--bucal (cabeça e pescoço)bucal (cabeça e pescoço) Deve ser realizado rotineiramente Lesões de pele (Sarcoma de Kaposi, Herpes simples, Herpes zoster)Clí ni ca O do nt ol óg ic a Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas 7 Linfadenopatia cervical Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Molusco Contagioso Neville Interações Medicamentosas � Alguns antiretrovirais inibem enzimas do sistema citocromo P450, responsável pela metabolização de diversas drogas. � Os níveis sanguíneos de substâncias usadas em Odontologia como lidocaína, dexametasona e metronidazol podem ficar aumentados. � Na anestesia e ao prescrever medicamentos, o cirurgião- dentista deve usar sempre a menor dose capaz de produzir o efeito desejado. Greenwood et al. (1998) Manifestações bucais e maxilo-faciais na infecção pelo HIV Diniz Linfadenopatia Generalizada Persistente (LGP) � É um sinal clínico precoce que pode indicar a infecção pelo vírus HIV. � Prevalência em aproximadamente 70% dos pacientes infectados. � Aparece como um aumento de volume de linfonodos,flutuantes, geralmente com mais de 1 cm, variando de 0,5cm a 5 cm. � Os sítios mais frequentemente envolvidos são a cadeia cervical anterior e posterior, a cadeia submandibular, occipitais e axilares. Candidíase 8 � É a infecção oportunista bucal mais prevalente em pacientes infectados pelo HIV. � Muitas vezes é os sinal clínico que leva ao diagnóstico inicial da infecção. � Sua presença não é um diagnóstico definitivo de AIDS, porém é umapreditiva muito importante da doença. � Um terço dos indivíduos infectados pelo HIV e mais de 90 % dos pacientes com AIDS desenvolvem Cândida Oral em algum momento durante o curso da doença � As lesões são geralmente assintomáticas evoluindo para desconforto, alteração do paladar e as vezes dor. � Pode progredir para o esôfago associada a queixa de disfagia e desconforto retroesternal( candidíase esofágica). � Fatores de risco : Tabaco e uso de próteses totais ou parciais. A candidíase pode se manifestar de 4 formas: Candidíase Pseudomembranosa: � Caracterizada pela presença de placas brancas removíveis aderidas a mucosa bucal. � Após serem removidas a mucosa adjacente pode ter característica eritematosa. � Pode ser localizada no palato duro ou mole, na mucosa jugal, no dorso da língua e em qualquer outra região da mucosa oral. � Os sintomas são leves e consistem em sensação de queimação e gosto desagradável na boca. � Alguns pacientes se queixam da presença de falsas bolhas, que na realidade são placas elevadas. Candidíase Eritematosa � Aparece como máculas avermelhadas. � Acomete mais comumente o palato mole ou duro, a mucosa jugal e a língua (Glossite Rombóide Mediana). � Pode estar relacionada a relato de queimação ou desconforto. � Quando acomete a língua, aparece com uma área eritematosa bem demarcada localizada posteriormente na linha média da superfície dorsal. � É assintomática. � Pode ocorrer como “lesão beijada” . 9 Candidíase hiperplásica � Aparece com placas brancas não removíveis, geralmente em região anterior de mucosa jugal. � Clinicamente, não podem ser diferenciadas de uma lesão leucoplásica comum. � Para um diagnóstico definitivo e correto é necessário um exame histopatológico. � Comumente está associada a uma imunossupressão severa. Queilite Angular � Envolvimento dos ângulos da cavidade bucal. � Caracterizada por presença de eritema, fissuração e descamação. � Podem ser recobertas por membranas brancas removíveis. � Associada a xerostomia e perda de dimensão vertical. TRATAMENTO � Comumente, o tratamento para candidíases é realizado com medicação anti – fúngica. � Para tratamento tópico são usados : NistatinaNistatina, Anfotericina, Clotrimazol, Intraconazol ou Miconazol. � Para tratamento sistêmico são usados: Cetaconazol e Fluconazol. Leucoplasia Pilosa Oral � Está relacionada ao vírus Epstein – Barr. � Aparece como lesões brancas aderidas à mucosa, com superfície irregular. Apresentam hiperceratose típica. � Ocorre na borda lateral da língua. � É Assintomática. � Diagnóstico definitivo depende de exame histopatológico. � Sua presença deve alertar para a instituição ou a alteração da terapia retro-viral. Tratamento: � A interrupção do tratamento leva a recidiva. � Aciclovir, Glanciclovir, Ac. Retinóico e Podofilina são os fármacos utilizados para tratamento da leucoplasia pilosa oral. 10 Herpes Simples – HSV � Ocorre em pacientes infectados pelo HIV quase que na mesma proporção que na população imunocompetente(10 a 15%). � Em pacientes infectados as lesões aparecem amplamente disseminadas, com padrão atípico e podem persistir por meses. � Sua prevalência aumenta em pacientes com contagem de células T CD - 4 abaixo de 50 células/ mm. � A persistência das lesões causadas pelo vírus HSV por mais de um mês é um definidor de AIDS. Tratamento: � Baseia – se na administração de Aciclovir em doses de 200 à 400 mg de 4 em 4 h. durante 5 à 10 dias. Herpes Zoster - VZV � É causada pela reativação do vírus varicela zoster. � Em pacientes com contagem de T CD – 4 abaixo de 200 células/ mm, observa – se um aumento significativo das manifestações da doença. � É considerado um importante fator preditor do desenvolvimento da AIDS. � É associada a dor intensa. � Aparece na cavidade bucal na forma vesículas seguidas de úlceras com base eritematosa. � Complicações pós – herpéticas podem aparecer quando o dermatómo atingido é inervado pelo nervo trigêmeo. Tratamento : � Aciclovir: 4 gramas ao dia, até o controle das lesões. Podem ser realizadas aplicações intra – venosas. Sarcoma de Kaposi � É uma neoplasia com origem nas células endoteliais vasculares maligna e progressiva. � Suas lesões bucais são uma das primeiras observadas após a infecção pele vírus HIV. � Normalmente, aparece no palato, gengiva, língua e relaciona as glândulas salivares. � É sempre acompanhada de linfoadenopatia submandibular e cervical. � Apresenta – se como máculas azuis, púrpuras ou vermelhas, podendo ser nodular ou na forma de tumor extenso. 11 � Quando associadas à úlceras e infecções secundárias ocorre sintomatologia dolorosa. � A regressão significativa quando os pacientes fazem uso dos medicamentos anti – retro virais. Tratamento: � Responde bem a radiação ou quimioterapia sistêmica. Linfoma � É a segunda neoplasia maligna mais comum em pacientes infectados pelo HIV. � Ocorre com uma prevalência 60 vezes maior em pacientes infectados do que na população não infectada. � Na cavidade bucal, aparece como aumento de volume dos tecidos mole do palato ou gengiva. Pode ocorre envolvimento ósseo. Tratamento: � Geralmente é realizado uma combinação de quimioterapia e radioterapia Ulcerações aftosas � São lesões clinicamente semelhantes a ulcerações aftosas � Ocorrem com elevada freqüência, levando em consideração condições predisponentes como alergias, deficiência nutricional, anormalidade hematológica, influencia hormonal, agentes infecciosos e stress emocional. � Podem ser classificadas em ulceras menores , maiores e hipertiformes. � As ulceras menores podem ser múltiplas ou únicas , bem circuncristas, dolorosas e medem aproximadamente 0,2 a 0,5 cm 12 � As ulceras maiores também se apresentam de forma múltipla ou única e são dolorosas e medem acima de 0,5cm � As ulceras herpetiformes , são ulceras múltiplas e recorrentes e extremamentes dolorosas � Tratamento : corticoesteroides de media e alta potencia, que podem ser associados a antibióticos tópicos e antifúngicos. � Predinisona sistêmica 40 a 60mg diárias por 5 dias. � Talidomida 100 a 200mg diárias. Papiloma - HPV � As lesões orais podem se manifestar na mucosa labial, língua, mucosa jugal e gengiva. Podem apresentar grupamentos de projeções semelhantes a couve-flor ou pápulas sésseis ligeiramente elevadas. � Diagnóstico diferencial de carcinoma verrucoso e de células escamosas. Tratamento: � Remoção cirúrgica. As recorrências são freqüentes. � Podofilina tópica. � Ácido Tricloroacético 40% a 70% . � Interferon. � Crio cirurgia. Periodontopatias � O periodonto é um sítios que mais sofrem alterações em portadores HIV/AIDS . � A fisiologia periodontal fica completamente alterada, ocorrendo aumento do infiltrado inflamatório, com constituição celular e bioquímica bastante diferente dos pacientes não infectados. � Pacientes infectados devem realizar exames periódicos da saúde periodontal. 3 em 3 meses. 13 As periodontopatias parecem em 3 padrões diferentes: Gengivite relacionada ao HIV � Aparece como bordas lineares eritematosas envolvendo a gengiva marginal. Extensão de 2 a 3 mm no sentido apical. � Pode ocorrer juntamente de sangramento espontâneo e desconforto. � Pode estar associada ao fungo responsável pela candidíase. � Costuma não regredir com a remoção da placa bacteriana e cálculos relacionados. Tratamento: � Gluconato de clorexidina 0,12%. 10 ml por 2 vezes ao dia durante 15 dias. � Terapia anti – fúngica. Gengivite ulcero necrosante aguda – GUNA � Apresenta ulcerações e necrose gengival nas áreas interproximais. � Não há perda de inserção periodontal.� Ocorre sangramento, dor e halitose. � Higiene precária, tabagismo, trauma e distúrbios nutricionais são fatores de risco. 1ª Etapa: tratamento da fase aguda � O objetivo :eliminar a atividade de doença manifestada pelo desenvolvimento de necrose tecidual. � O debridamento mecânico, quando feito com cuidado e suavidade é o meio mais certo de aliviar a dor. � Anestesia tópica é aplicada e, depois de 2 a 3 minutos, as áreas são delicadamente limpas para remover a pseudomembrana e os resíduos superficiais não-aderidos. � Não fazer RAR � Bochechos 2x ao dia com clorexedina a 0,12%. � Evitar tabaco e álcool, assim como exercícios físicos ou prolongadas exposições ao sol. � A escovação deve ser delicada para remoção dos resíduos superficiais com um dentifrício suave. Se necessário para aliviar a dor, podem ser prescritos analgésicos. 2ª Etapa � Na segunda visita, 1 ou 2 dias a dor deverá estar diminuída ou ausente e a raspagem pode ser realizada, se a sensibilidade permitir. � É dada a orientação sobre os procedimentos de controle da placa, mantendo-se os bochechos com clorexidina por 2 ou 3 semanas. � RAR/ controle de placa. � Antibióticos são administrados em pacientes com complicações sistêmicas ou adenopatias locais. � O tratamento de suporte: consumo abundante de líquidos e administração de analgésicos para o alívio da dor e repouso absoluto em casos de febre alta, anorexia e debilidade geral. � A suplementação nutricional quanto as dores impedem a ingestão da dieta normal é difícil. 14 Periodontite ulcerativa necrosante – PUN � Evolução rápida � Apresenta ulceração gengival � Necrose associada a perda de ligamento periodontal. � Está relacionada a edema, dor e hemorragia espontânea. Sangramentos noturnos podem ocorrer. � É um importante preditor de imunossupressão SEVERA. Molusco Contagioso � Infecção causada por um vírus. � Aparece como pápulas pequenas, cerosas de forma cupular, podendo apresentar uma depressão central. � Pacientes portadores da AIDS podem apresentar lesões múltiplas, quem tem pouca tendência a remissão espontânea. � Aproximadamente 5 a 10% dos pacientes com AIDS são afetados pela doença. Tratamento: � Cauterização. Recorrências são comuns. � Crio cirurgia. � Curetagem. Trombocitopenia � Cerca de 10% dos pacientes infectados pelo HIV são portadores da trombocitopenia. � Pode ocorrer durante todo o ciclo da doença. � As lesões orais mais frequentes são encontradas nas formas de petéquias, equimoses e hemorragias gengivais espontâneas. � Antes de todo procedimento cirúrgico o profissional deve averiguar o estado plaquetário do paciente. 15 Alterações das glândulas salivares associada ao HIV � Ocorre em 5% dos pacientes infectados. � Principalmente em crianças. � O principal sinal clínico e o aumento de volume de alguma glândula salivar, normalmente a parótida. � É associada a linfadenopatia cervical e xerostomia. Atendimento odontológicoAtendimento odontológico Exame físico Exame físico intraintra--bucal (tecidos bucal (tecidos moles)moles) IMPORTÂNCIA Diagnóstico precoce (muitas vezes primeiro sinal clínico da infecção pelo HIV) Progressão para a AIDS Prognóstico de doença Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Ulcerações aftosas maiores Linfoma Leucoplasia Pilosa Atendimento odontológicoAtendimento odontológico Exame físico intraExame físico intra--bucal (Exame de tecidos moles)bucal (Exame de tecidos moles) Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Exame Clínico Intra Oral Avaliar a mucosa labial, a mucosa jugal, os palatos duro e mole, a língua, o assoalho da boca e a orofaringe utilizar técnicas diagnósticas básicas como coloração pelo azul de toluidina, citologia esfoliativa, biópsia, cultura, testes laboratoriais e radiografias; lesões dos tecidos moles forem detectadas, elas deverão ser avaliadas com prioridade, a menos que haja algum problema odontológico de emergência necessitando atenção imediata. Exame Periodontal � Não há diferença de prevalência de DP da população saudável mas alguns trabalhos indicam maior severidade de DP CD4 <200 mm3 � Genvivite Eritema linear gengival, com intensa faixa de eritema vascular circundando a gengiva marginal e áreas de pontilhado, podendo não ser notada por profissionais menos experientes. Em geral, é assintomático � Gun: gengivite ulcerativa necrozante � Periodontite � Pun: periodontite ulcerativa necrozante O tratamento baseia-se em curetagem, debridamento local, bochechos com clorexidina e antibióticos (metronidazol, amoxicilina/clavulanato ou clindamicina). 16 Exame dos dentes Todo paciente portador do HIV ou com AIDS (mesmo aqueles com prognóstico mais reservado) tem direito a receber um plano de tratamento, ser orientado quanto às alternativas disponíveis (benefícios, riscos e limitações), bem como optar por uma das soluções viáveis. Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Plano de tratamentoPlano de tratamento PLANO DE TRATAMENTOPLANO DE TRATAMENTO SeqüênciaSeqüência � Alívio da dor � Lesões de tecidos moles – devem ser avaliadas com prioridade � Adequação do meio bucal � Fase reabilitadora � Manutenção preventiva Identificar, remover e/ou controlar os fatores da doença; Fazer o controle da placa bacteriana através de higiene da cavidade bucal e profilaxia profissional; Remover parcialmente o tecido cariado e promover imediato preenchimento da cavidade com cimento de óxido de zinco reforçado, CIV ou soluções cariostáticas (Walter et al., 1997) Procedimentos cirúrgicosProcedimentos cirúrgicos Bacteremia e sangramento � Avaliar o paciente quanto a necessidade de profilaxia/cobertura com antibióticos � Avaliar o paciente quanto à tendência à hemorragia, anemia e leucopenia – avaliar resultados de exames complementares (laboratoriais) � Pedir avaliação do médico responsável pelo caso Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Uso de antibióticos Uso de antibióticos –– CAUTELA CAUTELA Profilaxia antibiótica para prevenção da Endocardite Bacteriana Fatores de risco para endocardite revelados pela história médica � Nenhuma consideração especial para o paciente HIV Não deve ser empregada apenas pelo fato do paciente ser portador do HIV/Aids ou com base na contagem de CD4+ Cobertura com antibióticos Contagem de linfócitos CD4+ < 200 cel/mm3 Revisão da história médica – não é indicação definitiva para antibióticos Contagem de neutrófilos < 500 cel/mm3 (neutropenia) Indicar profilaxia (verificar se já está fazendo uso – estágio avançado da doença) - Adotar mesmos regimes para prevenção de endocardite bacteriana Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas Profilaxia de endocardite recomendadaProfilaxia de endocardite recomendada IndivíduosIndivíduos dede riscorisco moderadomoderado AltoAlto riscorisco • A maioria de má-formações congênitas • Disfunção reumática e outra disfunção valvular adquirida, mesmo após cirurgia • Prolapso da válvula mitral com regurgitação valvular •Válvulas cardíacas protéticas incluindo válvulas bioprotéticas e enxerto homólogo •Endocardite bacteriana prévia mesmo na ausência de doença do coração •Doença cardíaca cianótica complexa congênita •Desvios ou condutos pulmonares cirurgicamente construídos.Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas 17 Regime padrão de antibiótico para profilaxia Regime padrão de antibiótico para profilaxia de endocardite bacteriana em pacientes de riscode endocardite bacteriana em pacientes de risco Droga Posologia (A dose pediátrica total não deve exceder a do adulto) Amoxicilina Adulto: 2 g (VO)Criança: 50 mg/Kg (VO) 1 hora antes do procedimento (dose única) Clindamicina Adulto: 600 mg (VO)Criança: 20 mg/Kg (VO) 1 hora antes do procedimento Cefalexina Adulto: 2 g (VO)Criança: 30 mg/Kg (VO) 1 hora antes do procedimento Pacientes incapazes de receber medicação oral Ampicilina Adulto: 2 g (IM ou IV)Criança: 50 mg/Kg (IM ou IV) 30 min antes do procedimento Clindamicina Adulto: 600 mg (IV)Criança: 20 mg/Kg 30 min antes do procedimento Cefazolina Adulto: 1.0 g (IM ou IVCriança: 25 mg/Kg (IM ou IV) 30 min antes do procedimento Cl ín ic a Od on to ló gi ca “A atenção odontológica ao paciente infectado pelo HIV, imunocompetente e assintomático, geralmente não requer nenhuma consideração especial, enquanto o paciente severamente imunocomprometido requer considerações de tratamento similares àqueles para qualquer paciente com comprometimento sistêmico”. ADA, 1995 Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas “Não há, portanto, nada de único na provisão de cuidados odontológicos ao paciente infectado e o tratamento pode ser conduzido com segurança no consultório do clínico geral, quando os procedimentos de controle de infecção são empregados”. ADA, 1995 Cl ín ic a Od on to ló gi ca Atendimento odontológico integral ao paciente HIV+/AIDS e suas implicações clínicas O tratamento odontológico do paciente portador do O tratamento odontológico do paciente portador do HIV...HIV... � Não requer cuidados especiais de controle de infecção, além das precauções-padrão � Não requer equipamento e ambiente especializado � Não envolve aumento nos custos operacionais do consultório � Deve ser especializado apenas em casos específicos, a serem avaliados individualmente, assim como ocorre para outros pacientes.At en di m en to o do n to ló gi co in te gr al ao pa ci en te HI V+ /A ID S e su as im pl ic aç õe s cl ín ic as Prognóstico � Saúde geral do paciente � Tipo de tratamento depende da disponibilidade do paciente � BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação Nacional de DST e Aids. Controle de infecções e a prática odontológica em tempos de aids: manual de condutas - Brasília : Ministério da Saúde, 2000.118p � Walter L RF, Ferelle A, Issao M.Tratamento curativo. In:Odontologia para o bebê. São Paulo. Artes Médicas, 1997: 197-206.
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