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Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 0 www.cursoenfase.com.br Sumário 1. Contribuições previdenciárias em espécie ............................................................. 1 1.1 Contribuição do segurado ................................................................................. 1 1.1.1 Capacidade tributária .................................................................................. 1 1.1.2 Contribuinte ................................................................................................. 2 1.1.3 Responsabilidade tributária ........................................................................ 4 1.1.4 Fato gerador ................................................................................................ 6 1.1.5 Base de cálculo ............................................................................................ 6 1.1.6 Alíquotas .................................................................................................... 12 1.1.7 Observações .............................................................................................. 14 1.2 Contribuição das empresas sobre folha de pagamento ................................. 15 1.2.1 Sujeito ativo ............................................................................................... 15 1.2.2 Sujeito passivo ........................................................................................... 15 1.2.3 Fato gerador .............................................................................................. 16 1.2.4 Base de cálculo & Alíquota ........................................................................ 16 Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br 1. Contribuições previdenciárias em espécie Na aula de nº 07, criou-se um pequeno quadro esquemático, cuja leitura é recomendada nesse momento, contendo a classificação dos tributos, dando uma ênfase maior as contribuições. Viu-se que as contribuições para a seguridade social (saúde, assistência e previdência) fracionam-se em residuais, para a previdência do servidor público e nominadas/ordinárias. Essas últimas, por sua vez, compreendem as contribuições das empresas, do segurado, sobre o concurso de prognósticos e do importador. E, com efeito, explanou-se que somente as contribuições sobre folha de pagamento e do segurado eram previdenciárias, isto é, destinavam-se, exclusivamente, ao financiamento da Previdência Social. Posto isso, parte-se à análise das aludidas contribuições. 1.1 Contribuição do segurado Tem o fundamento de validade constitucional extraído do artigo 195, inciso II. A principal lei a regulamentar o referido dispositivo é a Lei 8.212/91, a qual cuida das contribuições do segurado de maneira esparsa, erigindo como principais artigos para o tema os de nº 20, 21 e 28. CRFB, Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; 1.1.1 Capacidade tributária A competência tributária pertence à União. A capacidade tributária, a seu turno, não mais pertence ao INSS. Na verdade, é da União, que a exerce por meio da Secretaria da Receita Federal do Brasil e, em juízo, é representada pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Assim, em eventual ação manejada por segurado a questionar contribuição por ele paga, figurará no pólo passivo a União, presentada1 pela PFN. 1 Na representação há sempre dois sujeitos, um representante, que age em nome do representado e um representado. É uma relação jurídica. O preposto é representante porque se revela como alguém distinto da pessoa jurídica, agindo, desta forma, em seu nome. Em contrapartida, a relação de presentação é uma Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 1.1.2 Contribuinte Assevera a Carta de Outubro que a contribuição sobre que se fala será vertida pelos trabalhadores e demais segurados. A redação original dispunha apenas acerca dos ‘trabalhadores”, tendo a expressão “demais segurados” sido acrescida pela EC nº 20/98. E isso permite entender situações curiosas apresentadas pelo artigo 12 da Lei 8.212/91, que, cabe dizer, caracteriza-se como verdadeiro espelho do artigo 11 da Lei 8.213/91. No artigo 12, inciso I, alocam-se duas alíneas com idêntica redação, quais sejam, “h” e “j”. Vejamos: Lei 8.212/91, Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I - como empregado: h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 30.10.97) (Vide Resolução do Senado Federal nº 26, de 2005) j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004). Como perceptível, a alínea “h” foi introduzida na Lei 8.212/91 pela Lei 9.506/97. A essa época, apenas os trabalhadores poderiam ser segurados obrigatórios da Previdência Social e, por consequência, contribuintes. Daí, os exercentes de mandados eletivos insurgiram-se contra a disposição legal que torna obrigatória sua contribuição à previdência, sob o argumento de que a Constituição republicana dispunha que, tão-só, os trabalhadores eram segurados obrigatórios e, dessa forma, somente eles deveriam contribuir. Ou seja, os exercentes de mandatos eletivos alegaram não ser trabalhadores, motivo pelo qual não poderiam contribuir para a Previdência Social. E o Supremo Tribunal Federal, em sede de controle difuso de constitucionalidade, acolheu a pretensão. Considerou que a Lei 9.506/97 extrapolou os limites constitucionais, na medida em que taxou de segurados obrigatórios aqueles que o Constituinte não classificou como tais. Sem embargo, a EC nº 20/98 elasteceu o rol dos segurados obrigatórios da Previdência Social. Ampliou, consequentemente, o rol daqueles que seriam, também, contribuintes, o que pavimentou o caminho para a edição da Lei 10.887/2004, que teve de ser criada em virtude de a alteração constitucional posterior, a qual incluiu os “demais relação orgânica, como no caso do Chefe do Executivo que presenta o Brasil, tanto assim, que se ele sofrer um ataque num país estrangeiro, será um ataque ao Estado Brasileiro. Quando um presidente age, quemage é a pessoa jurídica”. Disponível em <http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/101400/qual-a-diferenca-entre- representacao-e-presentacao-camilla-furegatto> Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br segurados”, não convalidar o vício de que padecia a alínea “h”, do inciso I, do artigo 12, introduzida pela Lei 9.605/97. Ou seja, tendo em conta de que esse dispositivo, à época de sua análise, era inconstitucional, a eventual mudança de paradigma não lhe devolve a torna válida novamente. Dessa sorte, houve a necessidade de produção de um novo diploma a dispor que os exercentes de mandato eletivo eram segurados obrigatórios, motivo pelo qual existem duas alíneas de idêntico teor. Observação: após essa breve digressão, dessume-se que, somente a partir da edição da Lei 10.887/2004, são devidas as contribuições dos segurados obrigatórios. Há reflexos tanto na contribuição sobre folha de pagamento (da empresa) quanto do segurado, o que significa dizer, por exemplo, que o Município não recolherá as contribuições de seus vereadores de período anterior a esse. A importância da expressão “segurados da previdência social” Positivou-se na Constituição, com uma clareza solar, serem as contribuições pagas pelos segurados da previdência social. Disso resulta que é vedada a cobrança de contribuições aos assistidos da seguridade social, bem como aos usuários do Sistema Único de Saúde. Nesse contexto, em diversas ocasiões, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucionais leis estaduais que cobravam parcela da contribuição dos servidores públicos com a finalidade de custear sistema de saúde específico para eles (exemplo: hospitais próprios, tratamentos específicos, etc.). Assinalou a Corte que a Constituição não respalda a exigência de tributo como condição para acessar ao sistema de saúde. Asseverou a possibilidade de acesso a um sistema (para obter-se acesso a um tratamento peculiar, por exemplo) mediante uma contraprestação. Porém, não de maneira compulsória. In casu, deve-se deixar ao arbítrio do servidor, a opção de escolher o sistema de saúde por ele desejado. Demais segurados Destacam-se, aqui, os empregados públicos, que se submetem ao Regime Geral de Previdência Social, e os servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão, os quais, também, são segurados do RGPS. SITUAÇÃO DESTINAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO Estado de Minas Gerais possui um servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão. Cofres federais, eis que, ainda que seja servidor estadual, pelo fato de ocupar exclusivamente Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br cargo em comissão, é segurado do RGPS. Estado/Município que ainda não instituiu a previdência complementar de seus servidores. Existem dois servidores a ganhar R$ 14 mil mensais, um ocupante exclusivamente de cargo em comissão e outro ocupante de cargo efetivo (i) O ocupante do cargo em comissão verterá contribuição sobre o teto da previdência social (R$ 4.390,24), e o valor pago irá para a Receita Federal; (ii) O ocupante de cargo efetivo pagará contribuição sobre os R$ 14 mil, e o valor arrecadado irá para os cofres da entidade de previdência estadual. 1.1.3 Responsabilidade tributária Na contribuição devida pelo empregado e pelo trabalhador avulso, a responsabilidade tributária é da empresa. Lei 8.212/91, Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: I - a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração; Quanto aos contribuintes individuais e aos segurados facultativos, como regra geral, a eles cabe o recolhimento da contribuição. Exemplo: advogado que presta serviço a pessoas naturais. Lei 8.212/91, Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: II - os segurados contribuinte individual e facultativo estão obrigados a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte ao da competência; Entretanto, prevê-se no artigo 4º da Lei 10.666/2003 uma exceção a essa regra, por meio da qual a responsabilidade tributária é deslocada do contribuinte individual para a empresa na hipótese de ele prestar serviços a esta última. Ocorre, pois, uma substituição tributária. Exemplo: no caso de advogado que presta serviço a uma pessoa jurídica (sociedade empresária), esta é que, no momento em que for pagá-lo, deverá reter a contribuição. Lei 10.666/2003, Art. 4º Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). Observação: em havendo a retenção, mas inexistindo o recolhimento da contribuição, ocorrerá crime de apropriação indébita previdenciária (artigo 168-A do CP). Em relação ao empregado doméstico, a responsabilidade pelo pagamento é do empregador. Lei 8.212/91, Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: V - o empregador doméstico está obrigado a arrecadar a contribuição do segurado empregado a seu serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo, no prazo referido no inciso II deste artigo; Quanto ao segurado especial, em princípio, recai sobre ele a responsabilidade tributária (exemplo: venda para pessoas naturais, exportação, etc.), salvo quando comercializa a sua produção perante uma empresa ou cooperativa, porquanto estas é que deverão recolher a contribuição. A responsabilidade tributária e os benefícios As peculiaridades das regras atinentes à responsabilidade tributária engendram diversos reflexos nos benefícios. Exemplo: não cabendo ao contribuinte individual, ao prestar serviço a uma empresa, não se pode exigir dele a comprovação do pagamento do tributo. Daí, no artigo 26, §4º, do Decreto 3.048/99, estatui-se a presunção do pagamento das contribuições para fins de carência. Decreto 3.048/99, Artigo 26, §4º, Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribuições do segurado empregado, do trabalhador avulso e, relativamente ao contribuinte individual, a partir da competência abril de 2003, as contribuições dele descontadas pela empresa na forma do art. 216. Seguindo a lógica aventada, a jurisprudênciada TNU assevera que, se esse contribuinte morrer sem o recolhimento dessas contribuições, caso não seja o responsável tributário, ocorrerá uma presunção de recolhimento, e os dependentes poderão pleitear a pensão por morte. Entretanto, em sendo ele o responsável pelo recolhimento, após seu Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br óbito, os dependentes não poderão efetuar o pagamento com vistas a regularizar a situação da carência e/ou qualidade de segurado. Verbete nº 52 – Súmula da TNU Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços. 1.1.4 Fato gerador É o trabalho remunerado, o que está intrinsecamente relacionado ao debate sobre a filiação (constituição do vínculo jurídico entre o segurado e a Previdência). Aqui, revela-se desnecessária a inscrição no RGPS para a materialização do fato gerador. Exemplo: camelô que, embora venda ordinariamente seus produtos, nunca foi a uma agência de previdência social para realizar sua inscrição. 1.1.5 Base de cálculo Salário de contribuição, conforme previsão do artigo 28 da Lei 8.212/91. Tal artigo elenca os componentes do salário de contribuição de acordo com a espécie de segurado. (i) Empregador e trabalhador avulso Lei 8.212/91, Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Tudo aquilo que receberem a título de remuneração da empresa (ou das empresas) consubstancia-se no salário de contribuição. Alerte-se que, ainda que o indivíduo seja empregado e contribuinte individual, haverá apenas um salário de contribuição por mês, o qual corresponde à soma de tudo o que o indivíduo recebe por suas atividades remuneradas. Ademais, se o indivíduo laborar em duas empresas e receber dois salários (vinculação ao RGPS), não verterá duas contribuições. Na verdade, a base de cálculo da Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 7 www.cursoenfase.com.br contribuição levará em consideração a soma dos rendimentos, de maneira que não há se falar em “duas aposentadorias”. Antes, quando tal indivíduo aposentar-se, terá um benefício, cujo valor obter-se-á mediante a aferição de seu salário de contribuição. O principal efeito prático no custeio relaciona-se ao teto da previdência social. Explique-se. No exemplo acima, se o indivíduo auferisse R$ 4 mil mensais em cada empresa e se considerasse uma contribuição por remuneração percebida, contribuiria ele sobre um valor total de R$ 8 mil (R$ 4 mil por cada empresa). Contudo, pelo fato de a contribuição incidir sobre a soma das remunerações, contribuirá ele sobre o valor-teto da previdência social (atualmente, pouco mais de R$ 4 mil). O conceito legal de remuneração, colacionado pelo dispositivo sob análise, é “retribuição ao trabalho”. Por conseguinte, valores recebidos a título de indenização não integram a base de cálculo da contribuição. Cumpre ressaltar que não apenas a remuneração paga ser tributada; antes, também o é a remuneração devida e a creditada. Exemplo: indivíduo que trabalha em determinada empresa. Fixamente, recebe R$ 3 mil mensais, acrescido de comissões. Em dado mês, ganhou R$ 2 mil de comissão. Porém, a empresa, alegando não ter dinheiro, pagou-lhe apenas os R$ 3 mil. O valor da contribuição terá como base de cálculo não só os R$ 3 mil, mas, sim, o teto da previdência social (pouco mais de R$ 4 mil). Isso porque, mesmo que os R$ 2 mil não tenham sido pagos ao emprego, para fins tributários, trata-se de situação irrelevante. Seguindo, vide o artigo 201, §11, da Constituição da República. Com base nesse dispositivo, combinando- com o artigo 28, inciso I, da Lei 8.212/91, pode-se afirmar que existem três tipos de remuneração: (i) em espécie (quantia em dinheiro paga pela realização do trabalho, dentro do que se alocam comissões, horas extras, etc.); (ii) em natura (utilidades pagas em retribuição do trabalho; algo diferente de dinheiro, tal como um carro dado ao gerente sênior de uma empresa); (iii) gorjetas (pagas por terceiros; exemplifica-se com a taxa de 10% destinada ao garçom). CRFB, Art. 201, § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (ii) Empregado doméstico Lei 8.212/91, Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 8 www.cursoenfase.com.br Se a remuneração auferida pelo empregado doméstico for diferente da que está prevista na CTPS, aplicar-se-á o artigo 9º da CLT. CLT, Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. (iii) Contribuinte individual Lei 8.212/91, Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: III - para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5º; Inexiste um valor fixo para fins da base de cálculo. A contribuição será paga conforme a remuneração auferida no mês. Findou-se, pois, a ideia de que se paga sobre um ou dois salários. Avive-se, inclusive, que se o indivíduo ganha R$ 4 mil, mas, contribui como se ganhasse R$ 1 mil mensais, está a cometer sonegação fiscal. 1.1.5.1 Verbas excluídas do salário de contribuição (i) Benefícios Previdenciários Em princípio, cumpre destacar estarem excluídas da base de cálculo do tributo aposentadorias e pensões. Como se trata de hipótese de isenção constitucionalmente qualificada, materializa-se verdadeira imunidade. Quanto aos demais benefícios, consoante o artigo 28, §9º, alínea “a”, da Lei 8.212/91, há uma isenção (não constitucionalmente qualificada). A exceção fica por conta do salário-maternidade, sobre o qual a lei determina aincidência tributária. Essa, apesar de uma única decisão em sentido contrário, é a posição do Superior Tribunal de Justiça. Assenta a Corte que, pelo fato de o salário-maternidade fazer as vezes do salário (interpretação do artigo 7º, XVIII, CRFB), sobre o tal se cobrará a contribuição previdenciária. t Lei 8.212/91, Art. 28. [...] § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário- maternidade; CRFB, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 9 www.cursoenfase.com.br (ii) Outras importâncias Lei 8.212/91, Art. 28. [...] § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT; e) as importâncias: 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-FGTS; 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; 8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria; g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; l) o abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público-PASEP; m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 10 www.cursoenfase.com.br n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio- doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário-de- contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. y) o valor correspondente ao vale-cultura. (Incluído pela Lei nº 12.761, de 2012) Vale-transporte Durante muitos anos, o Superior Tribunal de Justiça posicionava-se no seguinte sentido: se o vale-transporte fosse pago em dinheiro, seria considerado remuneração e incidiria a contribuição; caso fosse pago por outro meio (cartão magnético ou ticket), haveria isenção. Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 11 www.cursoenfase.com.br Tal entendimento, contudo, foi corrigido pelo Supremo Tribunal Federal, que assevera que o vale-transporte, pago em dinheiro ou não, estará isento da contribuição. Curiosamente, apesar dessa decisão do STF, significativa parte da jurisprudência não encampa raciocínio semelhante em relação ao auxílio-alimentação. A TNU insiste na ideia da forma de pagamento da parcela, tal qual o STJ, como fator determinante para incidência ou não da contribuição. Verbete nº 67 – Súmula da TNU O auxílio-alimentaçãorecebido em pecúnia por segurado filiado ao Regime Geral da Previdência Social integra o salário de contribuição e sujeita-se à incidência de contribuição previdenciária. Observação: em que pese esse raciocínio ser ilógico, é dizer, entendimentos diferentes para situações semelhantes, deve ele ser adotado em provas, eis que, quanto ao auxílio-alimentação, o STF não se manifestou, ao contrário da TNU que, inclusive, sumulou sua posição. Indenização pelas férias não gozadas As férias indenizadas excluem-se do salário de contribuição. No tocante ao terço constitucional de férias, a matéria pende de definição em relação ao RGPS. Quanto aos servidores públicos, o STF manifestou-se pela não incidência da contribuição. Isso porque, consoante raciocinou a Corte, somente ingressa na base de cálculo o valor que influenciar no valor de benefício, que não é o caso do acréscimo de um terço. Segundo o professor, essa lógica terá de ser revista, porque foi desenvolvida sob a égide do sistema de integralidade para o cálculo do valor de benefício. Em sede jurisprudencial, atualmente, há entendimento majoritário de que não incide a contribuição sobre o terço constitucional de férias. Malgrado pacífico, o entendimento não está consolidado. A Fazenda Pública, por exemplo, encampa a ideia de incidência. Décimo-terceiro salário Apesar de não ser utilizado no cálculo de benefícios, incide contribuição, como estampado no artigo 28, §7º, da Lei 8.212/91. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o cálculo dessa contribuição é feito separadamente, pois se trata de uma décima-terceira competência. Isso repercute sobre o teto da previdência, haja vista que o indivíduo que receba, por exemplo, R$ 4 mil mensais, contribuirá sobre R$ 8 mil. Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 12 www.cursoenfase.com.br Segurado que recebe quantia da empresa sem trabalhar O empregado, para receber auxílio-doença, tem de ficar incapacitado por período superior a 15 dias, na medida em que nos 15 primeiros dias serão pagos pelo empregador. Discute-se sobre se incide sobre essa parcela contribuição. A administração pública sinaliza positivamente e realiza a cobrança. Entretanto, a jurisprudência consolidada do STJ assevera que, pelo fato de essa parcela ter natureza indenizatória, está ela excluída do salário de contribuição. Observação: ordinariamente, labora-se com a lógica segundo a qual, se certo valor tem natureza indenizatória, não integrará o salário de contribuição; se sua natureza for remuneratória, impõe-se resposta em contrário. Excepcionalmente, desconsidera-se essa premissa concernentemente ao segurado facultativo, o qual, entre o piso e o teto da previdência, pode contribuir sobre qualquer valor. 1.1.6 Alíquotas Situam-se nos artigos 20 e 21 da Lei 8.212/91. QUEM PAGA ALÍQUOTA Art. 21. Contribuinte individual e segurado facultativo 20% Art. 21, §2º, I. Contribuinte individual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II deste parágrafo.2 11% Art. 21, §2º, II, ‘a’. Microempreendedor individual 5% Art. 21, §2º, II, ‘b’. Segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda 2 Sócios de microempresa ou empresa de pequeno porte enquadram-se nesse percentual, consoante exposto no artigo 18, §9º, da LC 123/2006. Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 13 www.cursoenfase.com.br Para evitar um desequilíbrio entre os contribuintes individuais que prestam e não prestam serviços a empresas, o legislador instituiu, no artigo 30, §4º, da Lei 8.212/91 Lei 8.212/91, Art. 30, § 4º Na hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a uma ou mais empresas, poderá deduzir, da sua contribuição mensal, quarenta e cinco por cento da contribuição da empresa, efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração que esta lhe tenha pago ou creditado, limitada a dedução a nove por cento do respectivo salário-de-contribuição. Observação: se essa empresa tiver imunidade (exemplo: entidade beneficente de assistência social), o contribuinte individual não terá direito a esse desconto. Quando o contribuinte individual presta serviço a uma empresa, a responsabilidade tributária é transferida para esta última, o que facilita a inibição da sonegação fiscal. Sem embargo, existe uma grande massa de contribuintes não prestadores de serviços a empresa que deixam de verter contribuição ao RGPS. E isso gera uma situação de exclusão previdenciária. De olhos postos nessa problemática, criou o legislador mecanismos de incentivo à contribuição. No caso do contribuinte individual, permitiu-se-lhe pagar 11% do salário mínimo, contanto que abdicasse do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. Tal regra estendeu-se ao segurado facultativo e ao sócio de microempresa (LC 123). Lei 8.212/91, Art. 21, § 2º No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de: (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte individual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II deste parágrafo; Para além, engendrou o legislador mais um mecanismo de incentivo ao recolhimento de contribuições, a saber, percentual de 5% para os segurados facultativos, sem renda própria, que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua família, desde que pertencentes à família de baixa renda (dona/dono de casa). A matéria tem assento constitucional nos artigo 201, §§ 11 e 12, os quais se encontram, parcialmente, regulamentados pela LC 128/2008: CRFB, Art. 201, § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 14 www.cursoenfase.com.br pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo‑lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário mínimo. § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. Lei 8.212/91, Art. 21, § 2º No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício deaposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de: b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda. Como se vê, a regra aplicável às donas/donos de casa incide nos casos do microempreendedor individual, assim entendido como empresário individual que tenha auferido receita bruta de até 60 mil reais no ano-calendário anterior, seja optante pelo SIMPLES nacional e não esteja impedido de optar pela sistemática estabelecida no artigo 18- A, §1º, da LC 103/2006. LC 106/2003, Art. 18-A, § 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. É considerada de baixa renda a família que esteja inscrita no CADÚnico e tenha renda mensal de até 2 (dois) salários mínimos. Lei 8.212/91, Art. 21, § 4º Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto na alínea b do inciso II do § 2º deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos 1.1.7 Observações A data de vencimento da contribuição do segurado variará conforme a responsabilidade tributária. Objetivando melhor assentar o conhecimento, faz-se pequeno quadro esquemático sobre o tema: Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 15 www.cursoenfase.com.br RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO DATA DE RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO Empresa Até o 20º dia do mês seguinte ao da competência (Art. 30, I, ‘b’) Empregador doméstico ou próprio contribuinte Até o 15º dia do mês seguinte ao da competência (Art. 30, II) Interessa ao candidato saber que o recolhimento do tributo dá-se no mês seguinte à materialização do fato gerador. Exemplo: no dia 02 de maio a empresa paga remuneração aos seus empregados. Apesar de a remuneração ser paga em maio, refere-se ao mês de abril. Assim, a empresa tem até o dia 20 de maio para recolher o tributo. 1.2 Contribuição das empresas sobre folha de pagamento Em sede constitucional, tem previsão no artigo 195, inciso I, alínea “a”; na Lei 8.212/91, artigo 22. 1.2.1 Sujeito ativo A capacidade tributária pertence à União, tal como no caso dos segurados, a cuja explicação remete-se. 1.2.2 Sujeito passivo Numa palavra: empresa, cujo conceito, para fins tributários, aloca-se no artigo 15 da Lei 8.212/91: Lei 8.212/91, Art. 15. Considera-se: I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; O parágrafo único traz o conceito de empresa por equiparação. Exemplo: dentista contratante de auxiliar de consultório. Além de contribuinte individual, é empregador, motivo por que terá de pagar a própria contribuição, bem como a contribuição patronal (em razão do serviço prestado pelo seu empregado). Art. 15. Considera-se: Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 16 www.cursoenfase.com.br Lei 8.212/91, Art. 15. [...] Parágrafo único. Equipara-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. O empregador doméstico também verte contribuição sobre folha de pagamento. Lei 8.212/91, Art. 15. Considera-se: II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. 1.2.3 Fato gerador É o trabalho remunerado. Consiste, por assim dizer, na “outra face da moeda” se comparada ao empregado. No ponto, vide o artigo 195, inciso I, alínea “a”, CRFB. CRFB, Art. 195. [...] I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; Tal como no caso do segurado, essa remuneração pode ser paga, creditada ou devida. É dizer, ainda que a empresa não tenha pagado seus funcionários por falta de verbas, o fato gerador já se materializou. 1.2.4 Base de cálculo & Alíquota Consigna a Constituição que a base de cálculo consubstancia-se na “folha de salários” e “demais rendimentos pagos ou creditados a qualquer título” (essa última expressão foi acrescida pela EC 20/98, haja vista a redação original contemplar apenas a primeira). A regulamentar o dispositivo original da Carta da República, a Lei 8.212/91 positivou que a contribuição incidia sobre o que as empresas pagassem a seus empregados, bem como sobre o que pagassem aos empresários, trabalhadores avulsos e autônomos que lhe prestassem serviços (à época, não existia a categoria de contribuintes individuais). Diante disso, as empresas socorreram-se ao Judiciário, insurgindo-se contra a necessidade de contribuição em relação aos autônomos, trabalhadores avulsos e empresários, porquanto estes não recebem salário, e a Constituição aventa que a Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 17 www.cursoenfase.com.br contribuição incide sobre a folha de salários. O Supremo Tribunal Federal chancelou a tese, declarando a inconstitucionalidade da cobrança, o que, naturalmente, gerou enorme impacto nos cofres da previdência social. Inicialmente, o legislador agiu no plano infraconstitucional. Porém, pouco tempo depois, editou-se a EC 20/98 e alargou-se a base de cálculo da contribuição das empresas. A EMPRESA PAGA EM RELAÇÃO A ALÍQUOTA Art. 22, I: Empregados e trabalhadores avulsos. Ingressam, aqui, todos os valores integrantes do salário de contribuição. Assim, o que está excluído do salário de contribuição está excluído da folha de pagamento, e vice-versa. Importante diferença deve-se ao fato de a folha de pagamento não estar submetida ao teto da previdência social. 20% Art. 22, III. Contribuinte individual que lhe preste serviços 20% Art. 22, IV. Cooperados que lhe prestem serviços por intermédio de cooperativas de trabalho. Ex. Banco que contrata cooperativa para prestar- lhe serviços de informática pelo valor de R$ 50 mil. A contribuição, paga pelo Banco, será de R$ 7.500,00 (15%). Não é caso de substituição tributária, porquanto o valor pago à cooperativafaz parte da folha de pagamento da empresa que a contrata. 15% Art. 22, II. SAT (Seguro de Acidente de Trabalho) ou RAT (Riscos Ambientais do Trabalho). O nome SAT tem origens históricas, pois a contribuição nada tem a ver com seguro ou acidente. A bem da verdade, relaciona-se aos riscos ambientais do trabalho e tem por fim fiscal financiar a aposentadoria especial. Com efeito, tem também nítido caráter extrafiscal, qual seja, reduzir os riscos ambientais de trabalho. Incide sobre a folha de pagamento aos empregados/trabalhadores avulsos e, por força da Lei 10.666/2003, aos contribuintes individuais cooperados. 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 18 www.cursoenfase.com.br Nota1: o exemplo citado acima em relação ao artigo 22, inciso IV, não se confunde com a situação delineada no artigo 31 da Lei 8.212/91, que estatui hipótese de substituição tributária. Imagine-se que, no caso narrado, o Banco resolva contratar uma empresa, chamada Vig Ênfase, para prestar-lhe serviços de segurança. Considere-se que a folha de pagamento da Vig Ênfase seja de R$ 50 mil reais. A contribuição será no valor de R$ 10 mil (20%) e deverá recolher-se pela Vig Ênfase, haja vista que os seguranças e vigilantes não funcionários do Banco, motivo por que não há se falar em pagamento pelo Banco. In casu, a instituição bancária contratou a prestação de serviços pela quantia de R$ 100 mil mensais. Sem embargo, dado o histórico de descumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias pelas empresas que cedem mão-de-obra, o legislador, com vistas a minorar o risco, resolver incumbir ao Banco (no exemplo) o dever de pagar essa contribuição sobre folha de pagamento no percentual de 11%. Ou seja, em vez de pagar R$ 100 mil, o banco descontará 11% do valor, isto é, R$ 11 mil reais. Nada obstante, a obrigação tributária da empresa é de 10 mil reais, haja vista sua folha de pagamento ser de R$ 50 mil. O quantum excedente (R$ 1 mil na hipótese) é-lhe devolvido pelo sistema de compensação tributária. Logicamente, se a retenção feita pela empresa contratante for menor, terá a empresa cedente da mão de obra de pagar a quantia restante. Lei 8.212/91, Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. Nota2: a classificação do grau de risco da atividade laborativa é realizada pelo Poder Executivo. Isso foi questionado, e tanto o STJ quanto o STF pontificaram que a sistemática do SAT não ofende o princípio da legalidade tributária, uma vez que a atividade de classificação é meramente administrativa, sendo certo que os elementos da hipótese de incidência já se encontravam descritas na lei. Argumentaram as Cortes que não teria fôlego o legislador para determinar as alíquotas, tendo em vista as constantes mutações sociais, razão pela qual tal tarefa caberia à administração. Surgiram dúvidas sobre o tema, tais como, se a empresa presta serviço em mais de um lugar, como se avaliaria o risco. Para o STJ, se o estabelecimento possuir CNPJ próprio, classifica-se o grau de risco da atividade especificamente para o aludido estabelecimento. Não possuindo CNPJ próprio, classificar-se-á de acordo com o grau de risco da atividade preponderante. Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 19 www.cursoenfase.com.br Verbete nº 351 – Súmula do STJ A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro. Se, eventualmente, a atividade da empresa gerar direito à aposentadoria especial, a alíquota do SAT é extremamente maior. Exemplo: se uma pessoa trabalha numa empresa e tenha direito a uma aposentadoria especial com 15 anos de contribuição, terá essa empresa de pagar mais 6% sobre as alíquotas de 1%, 2% ou 3% das quais o artigo 22, inciso II, da Lei 8.212/91 trata. Lei 8.213/91, Art. 57, § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do artigo 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. ALÍQUOTA NORMAL DO SAT/RAT EMPRESA QUE POSSUA EMPREGADOS OU TRABALHADORES AVULSOS QUE FAÇAM JUS À APOSENTADORIA ESPECIAL. OPERA-SE UM ACRÉSCIMO NO SAT/RAT INVERSAMENTE PROPORCIONAL AO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, QUE INCIDIRÁ APENAS NA CONTRIBUIÇÃO DESSE SEGURADO QUE FAÇA JUS A UMA APOSENTADORIA ESPECIAL. ACRÉSCIMO DO SAT/RAT TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; 12% Quinze anos 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; 9% Vinte anos 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave 6% Vinte e cinco anos Direito Previdenciário – Custeio da Previdência Social Aula 08 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 20 www.cursoenfase.com.br Sem embargo do que se disse, esclarece-se que a contribuição do SAT/RAT tem fortíssimo caráter extrafiscal. Segundo a Lei 10.666/2003, a alíquota do SAT pode ser reduzida até a metade ou dobrada, conforme a postura da empresa na adoção de mecanismos de inibição de riscos ambientais de trabalho. Ventila a aludida lei que, dentro de cada atividade econômica, estabelece-se um ranking das empresas. Por exemplo, a 1ª colocada tem uma redução de 50% da alíquota, ao passo que a última sofre uma duplicação no valor de sua alíquota. A posição ocupada por cada empresa em tal ranking nomina-se Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Lei 10.666/2003, Art. 10. A alíquotade contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até cinqüenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de freqüência, gravidade e custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social.
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