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03/08 Anatomia Patológica I 1. Introdução à Anatomia Patológica A patologia estuda as doenças no indivíduo ou em partes do corpo do indivíduo por métodos científicos. Neste âmbito, o conceito de doença é a variação anormal na estrutura ou função de qualquer parte do corpo. A patologia, por sua vez, estuda as causas e efeitos das doenças. 1.1 Aspectos dos processos patológicos a) Etiologia - Intrínseca ou genética - Adquirida (infecção, nutricional, quimica ou física) b) Patogênese - Sequência de eventos da resposta celular ou tecidual mediante a um agente etiológica (são os mecanismos de instalação das doenças/lesões) c) Alterações morfológicas - Alterações estruturais nas células (microscopicamente) ou tecidos (macroscopicamente) que são características da doença ou diagnósticas do processo etiológico d) Significado clínico A natureza das alterações morfológicas e sua distribuição nos diversos órgãos e tecidos influencia a função normal e determina as características clínicas, curso e prognóstico da doença A isso se chama fisiopatologia. É a expressão clínica de tudo que o paciente teve a partir da patogênese e das alterações morfológicas desencadeadas pelo agente etiológico. É o sintoma ou sinal expresso por aquele agente etiológico propriamente dito. *** A patologia geral estuda os processos patológicos gerais comuns às diferentes doenças, dando ênfase a lesão em si, suas causas e efeitos nas células e tecidos A patologia especial estudas essas lesões nos diferentes aparelhos e sistemas 1.2 Processos patológicos básicos Classificamos em 5 os processos patológicos básicos: a) Adaptações b) Lesão celular c) Inflamação d) Distúrbios hemodinâmicos e) Neoplasias Todos as progressões lesivas tem algo em comum: o processo patológico básico. NÃO CONFUNDIR COM CAUSA!!! P.e.: um abcesso hepático e um edema de perna. Qual o processo patológico básico? Inflamação, apesar das causas serem por motivos diferentes. 1.3 Métodos de estudos do patologista a) Biópsia ou peça cirúrgica: são materias obtidos através de procedimentos cirúrgicos e que serão examinados de forma macro e microscópica após procedimentos técnicos específicos de preparo. Ou seja, ou se retira um fragmento da lesão (biópsia) ou então se retira a peça inteira para análise (peça cirúrgica). A patologia cirúrgica é o estudo anatomopatológico de órgãos ou partes deles retiradas cirurgicamente através: - Biópsia incisional: retira uma fração da lesão, sem retirada de tecido normal perilocal - Biópsia excisional: retira a lesão toda, inclusive com tecido normal perilocalizado, o que chamamos de margem de segurança (ex.: um carcinoma de mama que é retirado junto com o músculo peitoral maior não afetado adjacente) - Retirada parcial ou total de um órgão. b) Necropsia ou autopsias Visa analisar as alterações orgânicas após a morte Pode ser subdivida em três tipos: forense (médico-legal), verificação de óbito e hospitalar Os de maior interesse são as de cunho médico legal ou hospitalar. No ambiente hospitalar é uma necrópsia muito detalhada, vai desde o cérebro até a retirada da panturrilha. Todos os órgãos são retirados para estudos. Objetivos: - Identificar a causa do óbito - Fonte de informação pra a Secretaria de Saúde - Material para ensino - Controle de qualidade do diagnóstico e tratamento do hospital em questão - Material para pesquisa científica - Reconhecimento de novas doenças e padrões de lesoes - Reconhecimento do efeito do tratamento na evolução da doença - Esclarecimento de casos sem diagnóstico c) Citopatologia É o nome dado ao exame do material obtido por uma das seguintes formas: - Colheita de secreções contendo células naturalmente esfoliadas - Raspagem ou escoriação de superfícies - Lavagem e coleta de líquido - Aspiração por agulha de cavidades naturais ou neoformadas - Aspiração por agulha fina de órgaos sólidos - Líquidos eliminados naturalmente (urina) - Imprint (quando se pega a superfície de um tecido e a encosta em uma lâmina: as células que ficam ali grudadas são analisadas), squash (faz-se um sanduíche do tecido com duas lâminas e arrasta, fazendo um perfil celular também preso a superfície da lâmina) Tipos: Citopatologia esfoliativa Citopatologia aspirativa Roteiro: 1) Esfregaços fixados em álcool a 50% e corados com papanicolau 2) Líquidos são centrifugados, pega-se o sedimento e são feitos esfregaços 3) Parte do sedimento é colocado no fixador e feito cell-block (coloca o material dentro do formol, fixa) processa como biópsia e faz-se como coloração HE 4) Sobra do material é mantida na geladeira ou acrescida de fixador por determinado tempo Importância - Método rápido, barato e em mãos experientes tem alta acurácia - Citologia cérvico vaginal – prevenção de CA de colo uterino d) Congelação Nesse método de estudo o patologista trabalha dentro do CC e durante a cirurgia o fragmento retirado da lesão no ato cirúrgico é entregue para a patologia, para que o material seja rapidamente analisado macroscopicamente, congelado, cortado, montado, analisado e tenha o laudo emitido. Isso tudo com o cirurgião ainda em sala e aguardando o laudo para determinar qual o procedimento a ser seguido; ou seja, é inter-operatório). Indicações: 1) Estabelecer a natureza da lesão (benigno ou maligno) 2) Análise das margens cirúrgicas (precisar se todo o tumor foi ou não retirado) 3) Verificar se o tecido é representativo da lesão a ser examinada (ver se o material retirado é suficiente para análise histopatológica posterior) A congelação não serve para congelar ou preservar o material!! O exame de congelação é inter-operatório, com os objetivos já descritos. 1.4 Roteiro para análise histopatológica a) Preenchimento adequado da requisição com nome, sexo, idade, material, dados clínicos e laboratoriais completos e hipóteses diagnósticas - Amostragem do material: deve ser uma quantidade de material razoável para análise b) Fixaçao do material em formol a 10%, tamponado ou não.. Outros fixadores: Bowin, Carnoy, glutaraldeído (para material congelado) c) Identificação do frasco com o nome e o número de registro do laboratório d) Exame macroscópico com descrição, medidas e peso do material. É feita a clivagem em pequenos fragmentos que são colocados em cassetes. e) O tecido é incluido em parafina e realizados cortes para análise microscópica, pós-coloração. As lâminas prontas são analisadas pelo patologistas, que emitem os laudos histopatológicos. 1.5 Métodos empregados no estudo da biópsia e peças cirúrgicas a) Imunohistoquímica (pesquisa de antígenos do tecido por banho com anticorpos específicos): é importante em casos de linfoma, ou para determinar a origem do tumor. Não é técnica diagnóstica, é um adjuvante para um diagnóstico previamente estabelecido. b) Microscopia eletrônica c) Biologia molecular d) Genética e) Imunofluorescência: similiar a imunohistoquímica, mas a revelação é fluorescente.
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