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Apostila FGV Organizacao Juridica da Grande Empresa 2015

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GRADUAÇÃO
 2015.1
OrganizaçãO 
Jurídica da 
grande empresa
AUTORES: MARCELO MOURA E MARCIO GUIMARÃES
COLABORAÇÃO: GUILHERME MELLO E PEDRO GARCIA DE SOUZA
Sumário
Organização Jurídica da Grande Empresa
ROtEiRO DO CURSO ............................................................................................................................................. 3
AUlA 1: A ERA DAS GRAnDES EmpRESAS .................................................................................................................. 5
AUlA 2: SOCiEDADE AnônimA: EvOlUÇÃO hiStóRiCA, nOÇõES GERAiS E CARACtERíStiCAS pRinCipAiS............................... 14
AUlAS 3 E 4: COmpAnhiA AbERtA E fEChADA. mERCADO DE vAlORES mObiliáRiOS. COmiSSÃO DE vAlORES mObiliáRiOS. 
nOÇõES GERAiS. ............................................................................................................................................... 27
AUlAS 5 E 6: AÇõES E OUtROS vAlORES mObiliáRiOS. .............................................................................................. 41
AUlA 7: ACiOniStAS E ACiOniStA COntROlADOR: nOÇõES GERAiS; DiREitOS E ObRiGAÇõES; pODER DE COntROlE; 
ACORDOS DE ACiOniStAS .................................................................................................................................... 57
AUlAS 8 E 9: óRGÃOS ADminiStRAtivOS: ADminiStRAÇÃO. COnSElhO DE ADminiStRAÇÃO E DiREtORiA: CARACtERíStiCAS, 
COmpOSiÇÃO, fUnCiOnAmEntO E COmpEtênCiA. DEvERES E RESpOnSAbiliDADES DOS ADminiStRADORES. ........................ 76
AUlAS 12 E 13: GOvERnAnÇA CORpORAtivA ......................................................................................................... 103
AUlAS 14 E 15: tRAnSfORmAÇÃO, inCORpORAÇÃO, fUSÃO E CiSÃO. ............................................................................ 121
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 3
RoteiRo do CuRso
1.1. ApresentAção GerAl
O principal objetivo da disciplina é entender a Sociedade Anônima, como 
organização jurídica mais adotada pela Grande Empresa, mediante a análise de 
conceitos jurídicos, da legislação, da regulamentação da CVM e de casos reais.
1.2. MAteriAl didático e MetodoloGiA
O material didático apresenta o roteiro das aulas, indicação de textos para 
leitura, casos práticos e outras questões relevantes para cada aula. Para um 
melhor aproveitamento do curso, recomenda-se que tanto o material didáti-
co quanto os textos indicados sejam lidos antes de cada aula.
Também serão indicados textos de leitura complementares, que permiti-
rão um maior aprofundamento acerca de temas específicos de especial inte-
resse dos alunos.
Pretende-se utilizar bastante em aula a metodologia de análise de casos.
1.3. ForMAs de AvAliAção
Serão realizadas 02 (duas) provas, em sala de aula, compreendendo toda 
a matéria ministrada até a data de cada prova. As provas poderão ser feitas 
com consulta apenas à Lei das Sociedades Anônimas, sem comentários ou 
anotações.
Eventualmente, poderão ser feitas avaliações complementares com base 
em atividades ou em trabalhos sobre temas específicos a serem indicados pelo 
professor.
Com base em tais avaliações, obter-se-á a média aritmética referente à 
disciplina. Caso o aluno obtenha média aritmética inferior a 7 (sete), deverá 
realizar uma terceira prova, a qual compreenderá toda a matéria do semestre.
1.4. livros texto:
A maior parte da matéria pode ser acompanhada pelo Volume 2 do Curso 
de Direito Comercial de Fábio Ulhoa Coelho, Editora Saraiva. Além desse, 
recomenda-se o Curso de Direito Comercial de Rubens Requião, Volume 2, 
Editora Saraiva e os Comentários à Lei das Sociedades Anônimas de Modesto 
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 4
Carvalhosa, Editora Saraiva. Para a primeira aula, o Volume 1 do Curso de 
Direito Comercial de Rubens Requião é a leitura indicada.
Professor: também indico o livro A Lei das S/A Comentada. Nelson Eizirik, 
2011, Quartier Latin.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 5
1. Tal foi a afirmação de J. X. Carvalho 
de Mendonça, autor que propôs co-
nhecidíssima classificação dos atos de 
comércio, nos seguintes termos: “Os 
códigos e tratados de direito comer-
cial não oferecem conceito jurídico 
unitário e completo sobre os atos de 
comércio. Legislação e doutrina não se 
harmonizam em tão relevante assunto, 
o que multiplica os embaraços à cons-
trução de sólido sistema científico” (J. 
X. Carvalho de Mendonça, “Tratado de 
Direito Comercial Brasileiro”, vol. I, livro 
I, 6ª ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 
1957, p. 419). na mesma obra, o autor 
revela a amplitude do problema no di-
reito comparado, citando entre os que 
compartilham de seu entendimento 
Lyon Caen et Renault, na França, Vidari, 
Vivante e navarrini, na Itália, alem do 
suíço Muzinger, do espanhol Estasén 
e do argentino Segovia (pp. 419-421).
2. Arnoldo Wald, “O espírito empresarial, 
a empresa e a reforma constitucional”. 
Revista de Direito Mercantil, Industrial, 
Econômico e Financeiro nº 98/51-57, 
São Paulo: Ed. RT, abril/junho, 1995, p. 
55 (grifou-se).
AulA 1: A eRA dAs GRAndes empResAs
A) MAteriAl de leiturA
leitura Básica
Curso de Direito Comercial, Rubens Requião, Vol.1, págs. 75-88;
B) roteiro de AulA
Para que possamos analisar a organização jurídica que mais comumente 
adota a grande empresa, temos antes de lembrar o que é empresa, conceito 
discutido nos períodos anteriores à luz da teoria da empresa.
B.1) o que é A eMpresA?
Observada a imprecisão científica e a insuficiência da teoria dos atos de 
comércio1, impôs-se a necessidade de construir um novo sistema adequado 
aos avanços da economia que delimitasse o âmbito de aplicação das normas 
comerciais, de forma a adaptar a disciplina às necessidades da sociedade con-
temporânea.
De fato, é inquestionável a importância do papel ecônomico e social atu-
almente exercido pela empresa — em especial a grande empresa —, tendo-se 
tornado esta imprescindível na ordem econômica globalizada. Tal relevância 
é salientada por economistas e juristas dos mais renomados, chegando-se a 
afirmar, com todo acerto, que:
“A evolução da empresa representa, na realidade, um elemento 
básico para a compreensão do mundo contemporâneo. Do mesmo 
modo que, no passado, tivemos a família patriarcal, a paróquia, o Mu-
nicípio, as corporações profissionais, que caracterizam um determinado 
tipo de sociedade, a empresa representa, hoje, a célula fundamental 
da economia de mercado”2.
No mesmo sentido, Fábio Konder Comparato resume bem a importância 
da empresa nos dias atuais:
“Se se quiser indicar uma instituição social que, pela sua influência, 
dinamismo e poder de transformação, sirva de elemento explicativo e 
1. Tal foi a afirmação de J. X. Car-
valho de Mendonça, autor que propôs 
conhecidíssima classificação dos atos 
de comércio, nos seguintes termos: 
“Os códigos e tratados de direito co-
mercial não oferecem conceito jurídico 
unitário e completo sobre os atos de 
comércio. Legislação e doutrina não se 
harmonizam em tão relevante assunto, 
o que multiplica os embaraços à cons-
trução de sólido sistema científico” (J. 
X. Carvalho de Mendonça, “Tratado de 
Direito Comercial Brasileiro”, vol. I, livro 
I, 6ª ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 
1957, p. 419). na mesma obra, o autor 
revela a amplitude do problema no di-
reito comparado, citando entre os que 
compartilham de seu entendimento 
Lyon Caen et Renault, na França, Vidari, 
Vivante e navarrini, na Itália, alem do 
suíço Muzinger, do espanhol Estasén 
e do argentino Segovia (pp. 419-421).
2. Arnoldo Wald, “O espírito em-
presarial, a empresa e a reforma 
constitucional”. revista de direito 
Mercantil, industrial, econô-
mico e Financeiro nº 98/51-57, 
São Paulo: Ed. RT, abril/junho, 1995,p. 
55 (grifou-se). 
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 6
3. Fábio Konder Comparato, Direito 
empresarial: estudos e pareceres, São 
Paulo: Saraiva, 1990, p. 3.
4. Walter Lippkann, A cidade livre, 1938, 
p. 329 apud Georges Ripert, Aspectos 
jurídicos do capitalismo moderno. Cam-
pinas: RED livros, 2002, p. 67.
5. Tullio Ascarelli vê a manutenção de 
um critério objetivo, pela importância 
que se dá à atividade na qualificação do 
empresário (“O empresário” (Tradução 
de Fábio Konder Comparato, in “Corso 
di Diritto Comerciale — Introduzione 
e Teoria dell’Impresa”, 3ª ed., Milano: 
Giuffrè, 1962; pp. 145-160). Revista de 
Direito Mercantil, Industrial, Econômico e 
Financeiro n.º 109/183-189, São Paulo: 
Malheiros, janeiro/março, 1998).
6. Constata Rubens Requião que “são 
juristas italianos os que mais se dedi-
cam ao estudo da empresa. Já sabemos 
que o moderno direito privado da Itália 
funda-se sobre a teoria da empresa. 
Mas, antes mesmo da reforma de 1942, 
os comercialistas peninsulares indaga-
vam, como Vivante, sobre o seu concei-
to, em face das referências a ela feitas 
na enumeração dos atos de comércio” 
(Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24a ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 53).
7. Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24ª ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 50.
8. O jurista italiano Vivante igualou o 
conceito jurídico ao conceito econô-
mico, consoante apontado por Rubens 
Requião, “Curso de Direito Comercial”, 
vol. I, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2000; 
p. 53.
9. Sylvio Marcondes, “Questões de Direi-
to Mercantil”, São Paulo: Saraiva, 1977; 
p.8. no mesmo sentido temos a lição 
de Waldírio Bulgarelli, nos seguintes 
termos: “Os economistas vêm-se esfor-
çando desde a Revolução Industrial em 
conceituar a empresa, nem sempre com 
êxito. Hoje, contudo, é quase unânime a 
idéia de que a empresa é uma unidade 
organizada de produção e comercia-
lização de bens e serviços para o mer-
cado” (Waldírio Bulgarelli, “Sociedades, 
Empresa e Estabelecimento”, São Paulo: 
Atlas, 1980; p. 19). O mesmo autor, em 
obra diversa, demonstra o seu aceite 
pelo conceito econômico de empresa: 
“Uma vez, portanto, que há verdadeira 
unanimidade em relação ao conceito 
econômico de empresa, como aliás 
assinala muito bem Sylvio Marcondes, 
nada há de errado na sua aceitação por 
parte do Direito, e foi nessa conformi-
dade que a legislação veio regulando os 
seus vários aspectos (...)” (Waldírio Bul-
garelli, “Estudos e Pareceres de Direito 
Empresarial: o Direito das Empresas”, 
São Paulo: Ed. RT, 1980; p. 17).
definidor da civilização contemporânea, a escolha é indubitável: essa 
instituição é a empresa”3.
Essa constatação é também freqüente entre os economistas. Referindo-se 
especificamente às sociedades anônimas, assevera-se que “o capitalismo mo-
derno não teria podido se desenvolver se a sociedade por ações não existisse”4.
No entanto, sob a égide da teoria objetiva, diversas atividades de caráter 
intrinsecamente empresarial eram ignoradas pelo Direito Comercial, visto 
não se enquadrarem nas acepções legais de ato de comércio. Apenas para ci-
tar um entre diversos exemplos admissíveis, o desenvolvido setor de serviços, 
por não se enquadrar nas definições elaboradas para os atos de comércio, não 
se encontrava regulado pelas normas comerciais, o que per si demonstrava a 
imprescindibilidade de uma nova sistemática.
Como já citado, a teoria subjetiva moderna apresenta como núcleo fun-
damental o conceito de empresa5. Ocorre que mesmo entre os adeptos da 
“teoria da empresa”, em especial os italianos, marcados pelo seu pioneirismo6, 
tem-se encontrado dificuldades para definir o seu conceito jurídico, não obs-
tante sua pacífica conceituação nas ciências econômicas. A esse propósito, 
vale registrar a lição de Rubens Requião:
“Em vão, os juristas têm procurado construir um conceito jurídico 
próprio para tal organização. Sente-se em suas lições certo constran-
gimento, uma verdadeira frustração por não lhes haver sido possível 
compor um conceito jurídico próprio para a empresa, tendo o comer-
cialista que se valer do conceito formulado pelos economistas. Por isso, 
persistem os juristas no afã de edificar em vão um original conceito ju-
rídico de empresa, como se fosse desdouro para a ciência jurídica trans-
por para o campo jurídico um bem elaborado conceito econômico”7.
Ensina Giuseppe Ferri que a noção econômica de empresa, sob a qual deve 
se assentar o seu conceito jurídico8, incorpora-se na organização dos fatores 
de produção, baseada em princípios técnicos e leis econômicas, propondo-se 
à satisfação de necessidades alheias, vale dizer, do mercado. A esse propósito, 
vale citar, pela clareza, os ensinamentos precisos de Sylvio Marcondes:
“O conceito econômico de empresa está na organização dos fatores 
de produção de bens ou de serviços para o mercado, coordenada pelo 
empresário, que lhe assume os resultados. Sobre este conceito econô-
mico ninguém põe dúvida. Mas, como o Direito trata este conceito 
econômico?”9.
Para responder à indagação formulada pela doutrina, deve-se atentar para 
uma observação feita por Alberto Asquini, o qual com muito acerto indicou 
3. Fábio Konder Comparato, Direito 
empresarial: estudos e pareceres, São 
Paulo: Saraiva, 1990, p. 3.
4. Walter Lippkann, A cidade 
livre, 1938, p. 329 apud Georges 
Ripert, Aspectos jurídicos do ca-
pitalismo moderno. Campinas: 
RED livros, 2002, p. 67.
5. Tullio Ascarelli vê a manutenção 
de um critério objetivo, pela impor-
tância que se dá à atividade na quali-
ficação do empresário (“O empresário” 
(Tradução de Fábio Konder Comparato, 
in “Corso di Diritto Comerciale — Intro-
duzione e Teoria dell’Impresa”, 3ª ed., 
Milano: Giuffrè, 1962; pp. 145-160). 
revista de direito Mercantil, 
industrial, econômico e Finan-
ceiro n.º 109/183-189, São Paulo: 
Malheiros, janeiro/março, 1998).
6. Constata Rubens Requião que 
“são juristas italianos os que mais se 
dedicam ao estudo da empresa. Já sa-
bemos que o moderno direito privado 
da Itália funda-se sobre a teoria da em-
presa. Mas, antes mesmo da reforma 
de 1942, os comercialistas peninsulares 
indagavam, como Vivante, sobre o seu 
conceito, em face das referências a 
ela feitas na enumeração dos atos de 
comércio” (Rubens Requião, “Curso de 
Direito Comercial”, vol. I, 24a ed., São 
Paulo: Saraiva, 2000; p. 53).
7. Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24ª ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 50.
8. O jurista italiano Vivante igualou 
o conceito jurídico ao conceito econô-
mico, consoante apontado por Rubens 
Requião, “Curso de Direito Comercial”, 
vol. I, 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2000; 
p. 53. 9. Sylvio Marcondes, “Questões de 
Direito Mercantil”, São Paulo: Saraiva, 
1977; p.8. no mesmo sentido temos a 
lição de Waldírio Bulgarelli, nos seguin-
tes termos: “Os economistas vêm-se es-
forçando desde a Revolução Industrial 
em conceituar a empresa, nem sempre 
com êxito. Hoje, contudo, é quase unâ-
nime a idéia de que a empresa é uma 
unidade organizada de produção e 
comercialização de bens e serviços para 
o mercado” (Waldírio Bulgarelli, “So-
ciedades, Empresa e Estabelecimento”, 
São Paulo: Atlas, 1980; p. 19). O mesmo 
autor, em obra diversa, demonstra o 
seu aceite pelo conceito econômico de 
empresa: “Uma vez, portanto, que há 
verdadeira unanimidade em relação 
ao conceito econômico de empresa, 
como aliás assinala muito bem Sylvio 
Marcondes, nada há de errado na sua 
aceitação por parte do Direito, e foi 
nessa conformidade que a legislação 
veio regulando os seus vários aspectos 
(...)” (Waldírio Bulgarelli, “Estudos e 
Pareceres de Direito Empresarial: o Di-
reito das Empresas”, São Paulo: Ed. RT, 
1980; p. 17).
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESAFGV DIREITO RIO 7
10. Apud Sylvio Marcondes, “Questões 
de Direito Mercantil”, São Paulo: Sarai-
va, 1977; p.8.
11. Apud Rubens Requião, “Curso de 
Direito Comercial”, vol. I, 24a ed., São 
Paulo: Saraiva, 2000; p. 55.
12. A referida tese foi publicada na 
Rivista del Diritto Commerciale, fascs. 
1 e 2, 1943, sob o titulo “Profili 
dell’Imprensa”, conforme Rubens Re-
quião, “Curso de Direito Comercial”, vol. 
I, 24a ed., São Paulo: Saraiva, 2000; p. 
71. Em português, a tese foi publicada, 
com tradução de Fábio Konder Com-
parato, na Revista de Direito Mercantil, 
Industrial, Econômico e Financeiro n.º 
104/109-126, São Paulo: RT, outubro/
dezembro, 1996.
13. Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24a ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 55.
14. Art. 2.082 do Codice Civile italiano de 
1942: “Imprenditore — È imprenditore 
chi esercita professionalmente una atti-
vità economica organizzata al fine della 
produzione o dello scambio di beni o di 
servizi”.
15. Art. 966 do novo Código Civil: “Art. 
966. Considera-se empresário quem 
exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços”.
16. Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24a ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 55.
17. Waldírio Bulgarelli, “Sociedades, 
Empresa e Estabelecimento”, São Paulo: 
Atlas, 1980; p. 22.
que as dificuldades da conceituação jurídica de empresa derivam do fato de 
esta ser um “fenômeno poliédrico”. Com essa afirmação, quis o eminente 
comercialista italiano demonstrar que a empresa apresenta um conceito eco-
nômico unitário, o mesmo não ocorrendo com o seu conceito jurídico, rece-
bendo a empresa tratamentos legislativos diversos10.
Firmado esse entendimento, sugere o jurista italiano que se abdique da 
tentativa de elaboração de um conceito jurídico de empresa, devendo-se fo-
car no estudo dos “aspectos jurídicos da empresa econômica”, na expressão 
de Giuseppe Ferri11. Sob esses argumentos, Asquini elabora a sua difundida 
“teoria dos perfis da empresa”12, bem resumida por Rubens Requião:
“Vislumbra, então, Asquini a empresa sob quatro diferentes perfis: 
a) o perfil subjetivo, que vê a empresa como o empresário; b) o perfil 
funcional, que vê a empresa como atividade empreendedora; c) o perfil 
patrimonial ou objetivo, que vê a empresa como estabelecimento; d) o 
perfil corporativo, que vê a empresa como instituição”13.
O Codice Civile italiano de 1942, pioneiro ao sugerir um modelo que 
superasse o sistema francês, não chega a estabelecer um conceito jurídico de 
empresa, preferindo definir o seu perfil subjetivo — o empresário — em seu 
art. 2.08214, como sendo aquele que exerce profissionalmente uma atividade 
econômica organizada para a produção e circulação de bens ou serviços.
O legislador brasileiro, inspirado pelo modelo italiano, não apresenta ino-
vações em relação ao Codice Civile de 1942, ao definir o empresário como 
sendo “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para 
a produção ou a circulação de bens ou de serviços15“.
Das definições legais supracitadas decorrem os elementos essenciais à em-
presa, quais sejam, no entendimento de Rubens Requião, o sujeito de direito, 
a sua atividade particular, a finalidade produtiva e o caráter profissional16. En-
contramos também em Waldírio Bulgarelli a referência a quatro elementos. 
Contudo, o renomado comercialista os apresenta como sendo a organização, 
a atividade econômica, o fim lucrativo e a profissionalidade17. Bugarelli acres-
centa o fim lucrativo como elemento essencial à empresa, posto que não há 
empresa que não vise o lucro.
Por esse contexto, cabe observar que, no esforço de construir um conceito 
jurídico de empresa, pouco se afastou da noção econômica. A esse propósito, 
é incisiva a conclusão de Waldírio Bulgarelli, centralizando o conceito de em-
presa no seu perfil subjetivo, seguindo a opção legislativa italiana e brasileira:
“Dessume-se, assim, o conceito de empresa daquele de empresário, 
podendo-se conceituá-la como a organização da atividade econômica 
para o fim de produção ou de troca de bens ou serviços. Verifica-se, 
10. Apud Sylvio Marcondes, “Ques-
tões de Direito Mercantil”, São Paulo: 
Saraiva, 1977; p.8. 
11. Apud Rubens Requião, “Curso 
de Direito Comercial”, vol. I, 24a ed., 
São Paulo: Saraiva, 2000; p. 55. 
12. A referida tese foi publicada na 
rivista del diritto commer-
ciale, fascs. 1 e 2, 1943, sob o ti-
tulo “Profili dell’Imprensa”, conforme 
Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24a ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 71. Em português, a 
tese foi publicada, com tradução de Fá-
bio Konder Comparato, na revista de 
direito Mercantil, industrial, 
econômico e Financeiro n.º 
104/109-126, São Paulo: RT, outubro/
dezembro, 1996.
13. Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24a ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 55.
14. Art. 2.082 do codice civile 
italiano de 1942: “Imprenditore — È 
imprenditore chi esercita professional-
mente una attività economica organi-
zzata al fine della produzione o dello 
scambio di beni o di servizi”.
15. Art. 966 do novo Código Civil: 
“Art. 966. Considera-se empresário 
quem exerce profissionalmente ati-
vidade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou 
de serviços”.
16. Rubens Requião, “Curso de Direito 
Comercial”, vol. I, 24a ed., São Paulo: 
Saraiva, 2000; p. 55.
17. Waldírio Bulgarelli, “Sociedades, 
Empresa e Estabelecimento”, São Paulo: 
Atlas, 1980; p. 22.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 8
18. Waldírio Bulgarelli, “Sociedades, 
Empresa e Estabelecimento”, São Paulo: 
Atlas, 1980; pp. 22-23.
19. Disponível em http://www.sebrae.
com.br/br/aprendasebrae/estudose-
pesquisas.asp. Acesso em outubro de 
2006.
portanto, a transmudação que ocorreu no conceito econômico na sua 
passagem para o âmbito jurídico, sob a égide do empresário, ou seja, de 
organização da atividade econômica para o de exercício profissional da 
atividade econômica organizada”18.
B.2) o que é A GrAnde eMpresA?
Relembrado o conceito de empresa, cabe, neste momento, uma indaga-
ção: o que é precisamente a grande empresa? É notório que a grande empresa 
exerce atualmente influência dominante no cenário econômico-social con-
temporâneo, igualando ou, em muitos casos, superando o poder antes atribu-
ído aos Estados. Mas quais são os critérios para definir uma grande empresa? 
O que a diferencia da pequena empresa?
Diversos critérios podem ser utilizados. Por exemplo, o SEBRAE classifica 
a empresa em função do número de pessoas ocupadas. Ao definir a micro e 
pequena empresa, entender-se-ia, a contrario sensu, que o SEBRAE classifica 
como grandes empresas aquelas que, na indústria e na construção, empregam 
mais de 100 (cem) pessoas, e que, no comércio e serviços, empregam mais de 
50 (cinqüenta) pessoas19. Também por via indireta, a interpretação conjunta da 
Lei nº 9.841/1999 (Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte) 
com o Decreto nº 5.028/2004 levaria à conclusão de que são grandes empresas 
aquelas que tivessem uma receita bruta anual superior a R$ 2.133.222,00 (dois 
milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois reais).
A Lei 11.638/2007, que estende às sociedades de grande porte às dispo-
sições da Lei das Sociedades Anônimas sobre escrituração e elaboração de 
demonstrações financeiras, define como sendo de grande porte “a sociedade 
ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício so-
cial anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quaren-
ta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 
(trezentos milhões de reais)”. Seria essa, então, a grande empresa no Brasil? 
É um critério.
No entanto, esses critériosexemplificativos são insuficientes para definir 
o fenômeno que se pretende analisar, por não se coadunarem com a realida-
de sócio-econômica. O conceito de grande empresa é histórico, variando de 
acordo com cada época e lugar. Na verdade, constata-se que, apesar da noção 
quase que intuitiva do que é a grande empresa, é difícil a tarefa de apresentar 
critérios objetivos e precisos que a definam. Em geral, podemos utilizar pa-
râmetros comparativos: compara-se uma empresa com outra de uma mesma 
região, ou, ainda, faz-se uma confrontação com os dados do país ou do mun-
do. A grande empresa de Moçambique poderá ser uma pequena ou média 
empresa nos Estados Unidos.
18. Waldírio Bulgarelli, “Sociedades, 
Empresa e Estabelecimento”, São Paulo: 
Atlas, 1980; pp. 22-23.
19. Disponível em http://www.se-
brae.com.br/br/aprendasebrae/estu-
dosepesquisas.asp. Acesso em outubro 
de 2006.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 9
20. Alfredo Lamy Filho, “A reforma da Lei 
de Sociedades Anônimas”. In: Temas de 
Direito Societário. Rio de Janeiro: Reno-
var, 2006, p. 39.
21. BORBA, José Edwaldo Tavares. Direi-
to Societário. Rio de Janeiro: Renovar, 
2009.
Em geral, as sociedades anônimas são o instrumental adequado para a 
constituição da grande empresa, pois por meio delas é possível realizar uma 
dupla função, primordial para o desenvolvimento econômico: 1) limitar a 
responsabilidade da sociedade e de seus participantes e 2) capitalizar a socie-
dade sem necessidade de pagamento de juros, nem de constituição de dívi-
das. Para Alfredo Lamy Filho,
“admitindo a limitação de responsabilidade de todos os sócios, a 
S/A tornou possível a mobilização de recursos em montante ilimitado, 
através de junção de capitais das mais variadas procedências de grandes 
e pequenos investidores, movidos pelas mais diversas inspirações, em-
bora com o denominador comum da colimação de lucros. Por outro 
lado, a livre transferibilidade do papel que incorporava essa partici-
pação tornava-o extremamente atraente porque possibilitava liquidez 
imediata. Com esses atributos, revela-se a S/A dotada de explosiva força 
de expansão”.20 
Embora a sociedade anônima seja a forma jurídica mais adotada para a 
grande empresa, não é a única. São muitas as grandes empresas no Brasil que 
adotam a forma de limitadas e mesmo consórcios, cooperativas e sociedades 
profissionais. O professor José Edwaldo Tavares Borba, em sua obra, coloca 
que a atual Lei de S.A. buscou inspiração no direito europeu e norte-america-
no. Segundo o professor, a “renovação ocorrida na Itália, na Alemanha e prin-
cipalmente na França, com a Lei nº 67.537, de 25 de julho de 1966, influiu 
decisivamente na elaboração de nossos legisladores”21. É preciso ressaltar que 
a prática norte-americana, extremamente rica e diversificada, principalmente 
no que concerne a valores mobiliários e procedimentos de mercado, serviu de 
matriz a muitos dos institutos consagrados na lei atual.
As grandes empresas têm um relevante papel na economia mundial. Em 
algumas situações, o poderio econômico de determinadas empresas é tamanho 
que ultrapassa o PIB de inúmeros países. Nas palavras de Gustavo Franco,
“Países e empresas vivem em dimensões diferentes, e são medidos 
com escalas próprias, os primeiros por meio do PIB, ou seja, pelo valor 
adicionado total gerado dentro de suas fronteiras, enquanto o tamanho 
das empresas é medido pelo faturamento. Conciliando as escalas, um 
cálculo para o ano 2000, feito pela Conferência das Nações Unidas 
sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), mostrou que, entre 
os cinqüenta maiores países e empresas, há apenas duas empresas, mas, 
dentro dos cinqüenta seguintes, 27 são empresas. Ou seja, para o total 
dos 100 maiores países e empresas, 29 eram empresas, sendo que a 
maior delas, a ExxonMobil, tinha um “PIB” estimado em cerca de 63 
20. Alfredo Lamy Filho, “A reforma da 
Lei de Sociedades Anônimas”. In: te-
mas de direito societário. Rio 
de Janeiro: Renovar, 2006, p. 39.
21. BORBA, José Edwaldo Tavares. 
direito societário. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2009.
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FGV DIREITO RIO 10
22. FRAnCO, Gustavo. “Globalização e 
poder”., In: VEJA, Edição 1857, de 09 de 
junho de 2004. In: http://www.econ.
puc-rio.br/gfranco/VEJA121.htm
23. Fábio Konder Comparato. Aspectos 
jurídicos da macroempresa. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais. 1970, 
pp. 4 e 5.
24. FRIEDMAn, Thomas. O mundo é pla-
no: uma história breve do século XXI. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2005.
bilhões de dólares, ligeiramente inferior ao do Chile e das Filipinas e 
maior que o do Paquistão”22. 
Percebe-se que o poder econômico das grandes empresas pode, em última 
instância, influenciar social e politicamente uma determinada sociedade e, 
até mesmo, a ordem mundial. Esta constatação se mostra ainda mais presente 
quando se verifica a expansão do fenômeno da concentração.
A concentração, em seu sentido econômico, representa a aquisição de 
mais meios de produção. A tendência à concentração e à necessidade de cres-
cimento de empresas refere-se, em última instância, à capacidade de realizar 
de forma mais adequada os investimentos de que necessitam para o seu de-
senvolvimento. De acordo com Fábio Konder Comparato,
“(...) a evolução da economia capitalista nos últimos 40 anos, e no-
tadamente a partir da Segunda Guerra Mundial, tem sido comandada 
pelo fenômeno da concentração empresarial. Desde a primeira Revolu-
ção Industrial as vantagens da constituição dessas ‘economias internas 
de escala’, segundo expressão consagrada por ALFRED MARSHALL, 
eram de todos conhecidas: baixa do custo unitário de produção com 
o aumento do volume de unidades produzidas; possibilidade de auto-
financiamento, libertando a empresa das injunções do mercado finan-
ceiro; multiplicação de estabelecimentos, permitindo que atingissem 
diretamente os diferentes centros de consumo, com a supressão dos 
intermediários; estocagem de matéria-prima, atenuando as variações de 
preços; estudos de mercado e publicidade em larga escala”.23
Quanto maior uma empresa, mais vantagens, portanto, ela retira de sua 
posição dominante no mercado, pois maior é sua capacidade de diminuir 
custos de produção, angariar lucros e aumentar seus investimentos.
Atualmente, além do processo de integração econômica internacional, por 
meio das grandes empresas e da concentração, percebe-se uma nova onda de 
crescimento das empresas, por meio do fenômeno da pulverização de capital, 
em que se estabelece uma difusão das ações entre milhares de acionistas, sendo 
o controle da companhia exercido não mais por acionistas, mas por meio de 
órgãos de administração, fenômeno que classicamente se denomina de con-
trole gerencial. Thomas Friedman tem uma obra interessante que demonstra 
o fenômeno de pulverização de controle acionário e espraiamento geográfico 
das empresas por diversas localidades do globo, com intuito de conquistar 
mercados e diminuir os custos de produção da empresa. O título da obra é 
bem sugestivo — “O mundo é plano” 24, e retrata bem esse fenômeno.
A pulverização do controle acionário existe em todos os países em que 
há um mercado de valores mobiliários forte, que atrai a poupança popular 
22. FRAnCO, Gustavo. “Globalização e 
poder”., In: VEJA, Edição 1857, de 09 de 
junho de 2004. In: http://www.econ.
puc-rio.br/gfranco/VEJA121.htm
23. Fábio Konder Comparato. As-
pectos jurídicos da macroem-
presa. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais. 1970, pp. 4 e 5.
24. FRIEDMAn, Thomas. o mundo 
é plano: uma história breve do 
século xxi. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2005.
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FGV DIREITO RIO 11
25. Gustavo Franco. In: http://www.
econ.puc-rio.br/gfranco/VEJA121.htm
e que é acessado em grande escalapelas S.A. locais (as corporations america-
nas, ou public limited companies inglesas). Em geral, as empresas nascem por 
iniciativa e capacidade de um líder, o empreendedor sob o qual crescem e 
se afirmam. Para se expandirem, contudo, precisam de recursos financeiros, 
recorrendo ao mercado de capitais, onde encontra capital farto e barato.25 
Constitui-se, assim, a empresa “sem dono”, mas capitalizada ao extremo. So-
bre este tema, voltaremos em aulas seguintes.
d) texto de Apoio
“Megaempresa.com — Fusão entre Americanas.com 
e Submarino cria companhia de R$ 2 bi de olho no exterior
A Americanas.com e o Submarino, maiores lojas de vendas pela Internet 
do país, anunciaram ontem a fusão de suas operações para enfrentar o avanço 
das grandes redes de varejo tradicional e, também, investir em mercados in-
ternacionais. O negócio, que ainda depende da aprovação dos acionistas do 
Submarino, resultará na criação da B2W Companhia Global de Varejo, que 
nascerá com receitas anuais de mais de R$ 2 bilhões e valor de mercado de 
R$ 6,5 bilhões.
‘Eles querem ser grandes, ter escala para ter preços competitivos, pois seus 
fornecedores são os mesmos de redes como Ponto Frio, Casas Bahia, Pão 
de Açúcar e Wal-Mart’, disse um executivo de um banco que participou do 
negócio.
Embora cresça a taxas de 40% ao ano, o comércio eletrônico deve movi-
mentar pouco mais de R$ 4 bilhões este ano no Brasil, 2% apenas das vendas 
totais do varejo brasileiro. Além das vendas pela Internet, a B2W deve valer-
-se de outros canais de venda, em que a Lojas Americanas já atua, como o 
Shoptime (com TV), para enfrentar as grandes redes.
‘Esse movimento é estratégico e nós temos obrigação de procurar bons 
negócios para nossos acionistas’, disse o presidente do Submarino, Flavio 
Jansen.
CVM vai investigar possível vazamento
O Submarino ingressou em abril no Novo Mercado, com a pulverização 
de ações na Bolsa de Valores de São Paulo. Como não tem mais controlado-
res, a proposta de fusão com a Americanas.com será analisada em assembleias 
de acionistas no próximo mês. A expectativa é de que as duas empresas pas-
sem a operar como B2W já a partir de janeiro de 2007.
25. Gustavo Franco. In: http://www.
econ.puc-rio.br/gfranco/VEJA121.htm
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 12
‘Estamos criando uma grande companhia, com receitas de U$ 1 bilhão e 
enorme potencial de crescimento’, disse o diretor de Relações com Investido-
res da Americanas.com, Roberto Martins, ao justificar seu otimismo.
Segundo Martins, países latino-americanos em que o comércio eletrônico 
tem grande potencial, como México, e emergentes de outros continentes, 
como a Índia, são mercados de interesse da nova empresa.
‘As oportunidades internacionais hoje são muito efetivas e temos que 
aproveitar nossos conhecimentos nos canais em que atuamos’, confirma Jan-
sen, que deve dividir a direção da B2W com Anna Saicali, que preside a 
Americanas.com.
Pela proposta, as Lojas Americanas S.A. (Lasa), controladora da Ameri-
canas.com, passarão a deter 53,25% do capital total da B2W. Os acionistas 
do Submarino ficariam com 46,75%. Além da aprovação dos acionistas, a 
transação também precisa passar pelo crivo do Conselho Administrativo de 
Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, pois a empresa resultan-
te da fusão terá mais de 50% das vendas do varejo online do país.
Na prática, será a segunda operação de fusão envolvendo companhias 
abertas no país em que uma delas não tem controlador. Na anterior, a Sadia 
fez uma oferta hostil pela Perdigão, mas o negócio não prosperou. Agora, a 
fusão resultou de consenso entre os dirigentes das duas empresas.
A Lasa é controlada por um trio de financistas: Jorge Paulo Lemann, 
Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. À frente do banco Garantia, ou da 
GP Investimentos, os três lideraram operações como a fusão de Antarctica e 
Brahma, que resultou na criação da AmBev, e mais recentemente sua união 
com a belga Interbrew (InBev).
As ações ordinárias (com direito a voto) do Submarino subiram ontem 
15,80%, cotadas a R$ 60,80, após abrirem em alta de 20% no pregão da 
Bolsa de São Paulo. Já as ações preferenciais das Americanas caíram 8,25, 
fechando a R$ 100. Na abertura, a alta chegou a ser de 6,4%. Segundo Da-
niella Marques, gestora de renda variável da Mercatto Gestão de Recursos, o 
mercado não reagiu bem à falta de informações: ‘Enquanto os acionistas da 
Americanas.com ficam sem informação, os do Submarino receberão um belo 
prêmio (R$ 500 milhões em dividendos antecipados) na operação’.
Nos últimos 30 dias, as ações do Submarino subiram 54%, contra 8,86% 
do Ibovespa. ‘Tudo indica que houve vazamento (de informações)’, disse o 
presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Marcelo Trindade. A 
CVM abriu investigação.
(...)
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 13
26. O Globo. Disponível em www.oglobo.
globo.com. Acesso em 24 de novembro 
de 2006.
27. Portal Exame. Disponível em http://
portalexame.abril.com.br. Acesso em 
27 de dezembro de 2006.
Operação preocupa varejistas menores
Para o analista do Banco Modal, Eduardo Roche, a fusão também teve 
como objetivo proteger o mercado de concorrentes estrangeiros, como a 
americana Amazon.com. Ele lembrou ainda que, recentemente, a America-
nas.com comprou o Shoptime.com, que também tem canal de vendas na TV.
A fusão entre as duas maiores empresas de vendas pela Internet gerou 
preocupações no setor, que este ano movimenta cerca de R$ 4,3 bilhões. ‘As 
vendas ficarão concentradas. A tendência é um mercado mais apertado para 
as empresas menores que não aderirem à guerra dos preços’, disse Marcos 
Zignal, vice-presidente da rede de locadoras Blockbuster.
Empresas que trabalham em parceria com as duas maiores do setor ainda 
não sabem o futuro dos negócios. ‘A Americanas.com representa entre 10% 
e 15% de nosso faturamento. Hoje, nosso principal concorrente é o Sub-
marino. Não sabemos como a nova companhia vai funcionar’, diz Marcelo 
Franco, diretor da Sacks, responsável por 60% das vendas do setor de beleza 
pela rede e que atua com Americanas.com e Shoptime”26.
2. “Cade avaliará união de Americanas.com e Submarino após 17 de 
janeiro 
A avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) 
sobre a união entre a Americanas.com e o Submarino terá início apenas a 
partir de 17 de janeiro, data da próxima reunião do órgão, quando o proces-
so a respeito da operação será destinado a um dos conselheiros. De acordo 
com o Cade, não há prazo para a emissão do parecer definitivo sobre a pos-
sibilidade de operação da B2W, fruto da união das duas empresas. O último 
encontro do órgão ocorreu em 13 de dezembro, mesmo dia da aprovação 
da união pelos acionistas do Submarino em assembleia geral extraordinária. 
O Cade deverá se basear em instrução fornecida pela Secretaria de Direito 
Econômico. Inicialmente, a Lojas Americanas, controladora da B2W, e o 
Submarino previam o funcionamento da nova empresa ainda para o início 
de janeiro. Ontem, a B2W anunciou a criação de quatro filiais. De acordo 
com a empresa, as unidades referem-se a endereços já existentes da America-
nas.com e do Submarino. Três deles estão no Estado de São Paulo e outro, 
na cidade do Rio de Janeiro. A decisão da oficialização das filiais foi tomada 
em reunião do conselho de administração da B2W ocorrida no último dia 
20. Ainda em 13 de dezembro, logo após a reunião do Submarino, a B2W 
realizou a primeira assembleia, destinada à aprovação da constituição da 
empresa. Na ocasião, esteve em pauta também a aprovação dos laudos de 
avaliação de cada companhia e o estatuto social da B2W, além da eleição do 
conselho de administração”27.
26. O Globo. Disponível em www.
oglobo.globo.com. Acesso em 24 de 
novembro de 2006.
27. PortalExame. Disponível em 
http://portalexame.abril.com.br. Aces-
so em 27 de dezembro de 2006.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 14
28. nesse sentido aponta Fran Martins: 
“Dentre as diversas sociedades co-
merciais, a anônima sempre requereu 
normas muito especiais para a sua 
constituição e funcionamento. Deve-se 
isso ao fato de, em regra, se destinarem 
essas sociedades a grandes empreen-
dimentos, exigindo capitais avultados 
e um relacionamento especial com o 
público e os credores, em face dos prin-
cípios, dominantes nas companhias, de 
que todos os acionistas têm responsa-
bilidade limitada às importâncias com 
que concorrem para a sociedade e de 
que não há alteração na estrutura so-
cial com a entrada ou saída de qualquer 
sócio” (Fran Martins, Comentários à Lei 
das Sociedades Anônimas, vol. I. Rio de 
Janeiro: Forense, 1977, p. 3).
29. nos termos do artigo 1.052 do Código 
Civil Brasileiro.
30. Conforme dispõe o artigo 1º da Lei 
das S.A.
AulA 2: soCiedAde AnônimA: evolução históRiCA, noções 
GeRAis e CARACteRístiCAs pRinCipAis
c) MAteriAl de leiturA
leitura Básica
Fabio Ulhoa Coelho, Curso de Direito Comercial, Vol. 2, págs. 63/69;
leitura complementar
Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, Vol.2., págs 23/42 e 49/50
d) roteiro de AulA
Na aula anterior, foi avaliada a importância da grande empresa no atual 
cenário econômico e social. Ainda, concluiu-se que a sociedade anônima é a 
principal forma jurídica adotada, em escala mundial, pelas grandes organiza-
ções empresariais28.
Passaremos, então, a analisar as principais características que distinguem 
as sociedades anônimas — também denominadas “companhias” — dos de-
mais tipos societários no ordenamento jurídico brasileiro.
O artigo 1º da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (“Lei das S.A.”), 
define de modo expresso 2 (duas) características principais das sociedades 
anônimas, quais sejam: (i) a divisão do seu capital social em ações; e (ii) a 
limitação da responsabilidade dos acionistas pelas dívidas e obrigações sociais 
ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Além dessas duas, 
há uma terceira característica, que decorre da primeira e que torna a S.A. 
particularmente atraente: a facilidade de venda da participação societária, em 
outras palavras, a livre circulação das ações.
José Edwaldo Tavares Borba resume bem as características da sociedade anô-
nima: a) sociedade de capitais; b) sempre empresária; c) capital é dividido em 
ações transferíveis pelos processos aplicáveis aos títulos de créditos; d) a respon-
sabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas.
Note-se que há pequenas variações no regime de responsabilidade dos só-
cios das sociedades limitadas e anônimas: enquanto nas sociedades limitadas 
“a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos 
respondem solidariamente pela integralização do capital social”29, nas socie-
dades anônimas, a abrangência da responsabilidade é, em regra, ainda menor, 
já que “a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de 
emissão das ações subscritas ou adquiridas”30.
28. nesse sentido aponta Fran Mar-
tins: “Dentre as diversas sociedades 
comerciais, a anônima sempre reque-
reu normas muito especiais para a sua 
constituição e funcionamento. Deve-se 
isso ao fato de, em regra, se destinarem 
essas sociedades a grandes empreen-
dimentos, exigindo capitais avultados 
e um relacionamento especial com o 
público e os credores, em face dos prin-
cípios, dominantes nas companhias, de 
que todos os acionistas têm responsa-
bilidade limitada às importâncias com 
que concorrem para a sociedade e de 
que não há alteração na estrutura so-
cial com a entrada ou saída de qualquer 
sócio” (Fran Martins, comentários 
à lei das sociedades Anôni-
mas, vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 
1977, p. 3).
29. nos termos do artigo 1.052 do 
Código Civil Brasileiro.
30. Conforme dispõe o artigo 1º da 
Lei das S.A.
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FGV DIREITO RIO 15
Importa destacar que as características acima indicadas não são as únicas 
que diferenciam as sociedades anônimas dos demais tipos societários, exis-
tindo diversos institutos e conceitos que são peculiares das companhias. Isso 
se deve principalmente, à sua concepção como instrumento eficaz para a 
captação de recursos junto ao público investidor, de maneira a se financiar 
diretamente, sem necessariamente recorrer a bancos e instituições financeiras 
para esse fim. Essa captação se dá mediante a emissão de valores mobiliários 
tais como ações ou debêntures para venda aos investidores, propiciando a 
capitalização da companhia.
A doutrina diverge quanto à origem das Sociedades Anônimas. Em um 
breve resumo, há quem diga que a Casa di San Giorgio, uma associação de 
credores da cidade de Gênova, criada para financiar a guerra contra Veneza 
na Renascença italiana foi o “embrião” da Sociedade Anônima, na medida 
em que os credores trocaram seus créditos por frações ideais dessa associação 
e passaram a administrar seus créditos conjuntamente. Muitos, contudo, re-
jeitam a ideia que a Casa di San Giorgio foi a origem das S.A.s, assemelhan-
do-se mais à uma comunhão de credores.
Na verdade, a Sociedade Anônima como conhecemos hoje se originou nas 
grandes sociedades coloniais do Século XVII, que financiaram o comércio 
com o oriente e a exploração de colônias, empreendimentos com custos ele-
vadíssimos e forte interesse do Estado. A primeira dessas grandes empresas foi 
a Companhia das Índias Orientais holandesa, fundada em 1602. Em 1621 
foi fundada a Companhia das Índias Ocidentais, que teve grande importân-
cia na história do Brasil, tendo patrocinado a invasão holandesa no Nordeste 
brasileiro.
Várias sociedades similares foram criadas na França, Inglaterra e Portugal, 
sempre com o intuito de financiar grandes empreendimentos ultramarinos. 
O primeiro grande movimento especulativo com ações de uma sociedade 
anônima aconteceu em 1720 com as ações da South Sea Company, uma 
companhia formada para explorar o monopólio do comércio entre a Ingla-
terra e a América espanhola. Esse movimento especulativo, conhecido como 
“South Sea Bubble”, gerou o famoso “Bubble Act”, obrigando todas as novas 
empresas a serem formadas apenas mediante um ato de outorga do parla-
mento.
No seu início, portanto, as sociedades anônimas começaram como verda-
deiras sociedades de economia mista, com forte participação e interesse esta-
tal, buscando a poupança privada para financiar grandes empreendimentos 
de interesse público. As sociedades eram criadas por outorga estatal, criando 
um mecanismo de controle da captação de recursos da poupança popular.
No Brasil, exemplos de sociedades constituídas sob o regime de outorga 
são a Companhia Geral do Grão Pará, criada para colonizar o norte do país 
e o Banco do Brasil.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 16
31. Artigo 11 da Lei das S.A.: “O estatuto 
fixará o número das ações em que se 
divide o capital social e estabelecerá se 
as ações terão, ou não, valor nominal”.
Na França, o Código Civil napoleônico, instituiu em 1807 um sistema de 
autorização governamental para a constituição de uma sociedade por ações, 
que passou a vigorar em todo o continente. Para a constituição de uma so-
ciedade anônima não era mais necessária a outorga estatal, mas apenas uma 
autorização regulatória.
Em meados do Século XIX, Inglaterra e Estados Unidos, em plena Re-
volução Industrial, buscavam maneiras de facilitar o acesso ao capital para o 
financiamento dos empreendimentos, o que fizeram mediante a abolição do 
sistema de outorga, substituindo-o por um sistema de regulamentação. Em 
outras palavras, desde que seguisse a regulamentaçãovigente, a constituição 
de uma sociedade anônima não dependia mais da autorização governamen-
tal. Esse sistema foi adotado pela França em 1867, após o acordo de livre 
comércio com a Inglaterra firmado em 1862, que fez com que as sociedades 
anônimas constituídas na França ficassem em desvantagem comercial em re-
lação às sociedades anônimas constituídas na Inglaterra.
No Brasil, o regime de outorga da colônia e do primeiro reinado foi subs-
tituído pelo regime de autorização primeiro por Decreto de 1849, confirma-
do depois no Código Comercial de 1850. Em 1882 o regime de autorização 
foi abolido e o Brasil passou a adotar o regime de regulamentação, sendo 
necessária autorização apenas em casos excepcionais, como bancos, segura-
doras, sociedades estrangeiras, etc.
Com a Lei das S.As., de 1976, e a criação da CVM, o Brasil passou a 
conviver com um regime dualista: regulamentação para as sociedades fe-
chadas e autorização para as companhias abertas, que precisam de autori-
zação prévia da CVM para se constituírem ou terem suas ações negociadas 
em bolsa de valores.
Como vimos, a primeira e evidente característica de uma sociedade anô-
nima é a divisão de seu capital em ações. A ação representa uma fração do 
capital social de uma sociedade anônima, por meio da qual se atribui ao seu 
titular a qualidade de acionista31.
As ações são, portanto, títulos que representam o investimento do acio-
nista na companhia. Diferentemente do relacionamento dos sócios em uma 
sociedade limitada, os acionistas são primariamente investidores na sociedade 
anônima e têm com ela e com os demais acionistas uma relação primordial-
mente financeira e não pessoal. Portanto, o princípio é que as ações podem 
ser livremente negociadas, a não ser em casos excepcionais. Essas ações têm 
capacidade de circulação autônoma, tal como os títulos de créditos.
Nesse momento, cabe tratarmos brevemente dos requisitos para a consti-
tuição de uma sociedade anônima.
Em primeiro lugar, a constituição da companhia exige a subscrição, pú-
blica ou particular, por pelo menos dois acionistas, de todas as ações repre-
sentativas do capital social e a integralização de pelo menos 10% do preço 
31. Artigo 11 da Lei das S.A.: “O esta-
tuto fixará o número das ações em que 
se divide o capital social e estabelecerá 
se as ações terão, ou não, valor nomi-
nal”.
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FGV DIREITO RIO 17
32. Rubens Requião, Curso de Direito Co-
mercial, Vol. 2, pág.50.
33. José Edwaldo Tavares Borba, Direito 
societário. 8ª ed. Rio de Janeiro: Reno-
var, 2003, p. 194.
34. Idem, ibidem.
35. GUIMARÃES, Márcio Souza. O Con-
trole Difuso das Sociedades Anônimas 
pelo Ministério Público. Rio de Janeiro: 
Lúmen Juris, 2005.
36. REsp 480.418-RO, 3ª Turma, Rel. Min. 
Carlos Filho, julgado em 21/10/2003.
de emissão das ações subscritas em dinheiro, mediante o depósito da quan-
tia correspondente no Banco do Brasil ou em outro banco autorizado pela 
CVM.
Além disso, a Companhia se constitui na Assembleia Geral de constitui-
ção (ou mediante escritura pública) em que os acionistas fundadores apro-
vam a constituição da sociedade, subscrevem o capital social e estabelecem 
os Estatutos Sociais. O regime institucional das companhias determina que 
o Estatuto Social é o conjunto de normas que irá reger as relações sociais. 
Ao contrário do Contrato Social, que é o contrato entre os quotistas de uma 
limitada que só pode ser alterado mediante alteração contratual, os Estatutos 
têm um caráter normativo, institucional, estabelecendo “as normas segundo 
as quais a sociedade atuará e se desenvolverá” 32 e é instituído ou reformado 
em Assembleia Geral dos acionistas.
Toda companhia possui um estatuto, que é “a lei interna da sociedade, 
funcionando como corpo normativo da atuação social e como instrumento 
de polarização dos acionistas, através da definição de seus direitos e obriga-
ções” 33. Os estatutos sociais trazem em si previsões necessárias e facultativas. 
Nas palavras de Tavares Borba:
“O estatuto deverá dispor sobre a denominação e o domicílio da 
sociedade, o capital e as características das ações, a administração da 
sociedade, as assembleias gerais, o exercício social, as demonstrações 
financeiras, a distribuição do lucro, a duração da sociedade e a forma 
de liquidação, bem como sobre tudo o mais que for considerado 
relevante”34.
Como vimos anteriormente, o regime das Sociedades Anônimas é o mais 
adequado para o desenvolvimento da grande empresa. Pela facilidade de atra-
ção de capitais e liberdade de circulação do investimento, ele permite o finan-
ciamento de grandes empreendimentos a um custo infinitamente menor que 
os juros que seriam cobrados em uma transação creditícia. Esse mecanismo 
fez florescer as grandes corporações com capital pulverizado e receitas supe-
riores a de países, de que tratamos na aula anterior.
A S.A., em seu art. 154, também define que a grande empresa deve ob-
servar, prioritariamente, o tríplice interesse institucional, definido a seguir: 
(i) capital — acionistas; (ii) trabalho — empregados; (iii) sociedade — co-
munidade. O professor Márcio Guimarães discute em sua obra a ação do 
Ministério Público na proteção do interesse difuso e sua relação com a S.A35. 
O professor aponta que hipótese indicativa de interesse difuso foi chancelada 
pelo STJ ao reconhecer a legitimidade do MP para intentar ação de responsa-
bilidade civil em fase dos ex-administradores de instituições financeiras em li-
quidação extrajudicial36. A jurisprudência selecionada no STJ demonstra que 
32. Rubens Requião, Curso de Direito 
Comercial, Vol. 2, pág.50.
33. José Edwaldo Tavares Borba, 
direito societário. 8ª ed. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2003, p. 194.
34. Idem, ibidem.
35. GUIMARÃES, Márcio Souza. o 
controle difuso das socieda-
des Anônimas pelo Ministério 
público. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 
2005.
36. REsp 480.418-RO, 3ª Turma, 
Rel. Min. Carlos Filho, julgado em 
21/10/2003.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 18
37. GUIMARÃES, Márcio Souza. O Con-
trole Difuso das Sociedades Anônimas 
pelo Ministério Público. Rio de Janeiro: 
Lúmen Juris, 2005.
houve evolução da atuação do MP na tutela dos interesses transindividuais 
societários, tendência que se intensifica diante do fortalecimento institucio-
nal do Parquet. Desse modo:
“ A relação jurídica clássica credor-devedor, com enfoque à proteção 
do direito individual, traduzida por um feixe de retas paralelas, desde 
1977, está fadada a apresentar-se como exceção. Os interesses da coleti-
vidade, representativos de uma sociedade de massa, afigurando-se como 
feixes convergentes, assumem proporções cada vez mais acentuadas — 
denominados de direitos transindividuais ou metaindividuais”37.
Outro ponto interessante é que o nome empresarial da sociedade anô-
nima revestirá sempre a forma da denominação, já que esta se compõe de 
expressões ligadas à atividade da sociedade, às quais se adicionará a locução 
“sociedade anônima” (ou, abreviadamente, S.A.) que poderá figurar indife-
rentemente no começo, no meio ou no fim da denominação. Pode-se adotar 
o vocábulo “Cia”., o qual deverá constar no início da denominação. A Lei 
6.404/76 não exigia que a denominação indicasse os fins da empresa, ao 
passo que a CC/02, em seu art. 1.160, indica que a denominação terá que 
“designar o objeto social”.
A denominação deverá ser original, cabendo ao registro de empresas recu-
sar o arquivamento de sociedades anônimas cuja denominação seja idêntica 
ou semelhante àquelas já existentes. Como exemplos de denominação, pode-
mos elencar abaixo:
— S.A. COSTA PINTO DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA
— MONTREAL BANK LEASING S.A. — ARRENDAMENTO MER-
CANTIL
— BANCO BRADESCO S.A.
— COMPANHIA NACIONAL DE TECIDOS NOVA AMÉRICA
— CIA. BRASILEIRA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA— CBCI
Nas próximas aulas, iremos explorar mais detalhadamente esse regime das 
sociedades anônimas, de forma a entender os conceitos que lhe são peculia-
res e a sua aplicação prática. Faremos a distinção entre companhia aberta e 
fechada, registro da companhia perante a Comissão de Valores Mobiliários, 
dentre outros aspectos.
37. GUIMARÃES, Márcio Souza. o 
controle difuso das socieda-
des Anônimas pelo Ministério 
público. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 
2005.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 19
c) texto de Apoio
A Sociedade Anônima e a Vocação de ter Sócios
Autor: Luis Antonio de S. Campos (Diretor da CVM)
Fonte: Revista CVM 34 (Janeiro — 2002)
Muito se tem discutido sobre a reforma da Lei de Sociedades por Ações 
(Lei nº 6.404/76), notadamente no que toca ao reforço aos direitos e garan-
tias dos acionistas minoritários. As críticas ao projeto finalmente convertido 
na Lei nº 10.303, na Medida Provisória nº 8, e no Decreto Presidencial nº 
3.995, todos do dia 31 de outubro de 2001, são feitas por ambos os lados, 
tanto por acionistas controladores como por acionistas minoritários.
Felizmente, vivemos numa democracia e o Congresso Nacional detém a 
representação de todos os setores da sociedade. Seria ingênuo, então, supor 
que o projeto aprovado, após passar pelas duas casas do Congresso Nacional, 
pela Câmara dos Deputados pudesse atender apenas a um interesse. Não se 
deve, portanto, esperar que uma reforma na Lei de Sociedades por Ações seja 
imposta, mas sim que seja o resultado de amplo debate por parte da socieda-
de, conciliando-se, no que for possível, os interesses. Não há dúvidas de que 
o projeto tem coisas boas e coisas ruins e este artigo não é o local adequado 
para discutir se o projeto avançou muito ou pouco em termos de companhias 
abertas. Certamente, a reforma que ocorreu não é o ideal nem para os acio-
nistas controladores, nem para os acionistas minoritários.
Mas o que me parece ser o maior mérito de toda a discussão em torno da 
Lei de Sociedades por Ações é que o debate serviu para criar, pelo menos por 
parte dos investidores, um certo grau de consenso do que seria um complexo 
mínimo de direitos desejáveis para os acionistas minoritários. Muitos desses 
direitos chegam mesmo a estar compilados nos códigos daquilo que se con-
vencionou chamar de boa governança corporativa (ou governo societário, 
como preferem alguns) que começam a surgir, na esteira de um movimento 
que não é local, mas sim mundial, observadas, evidentemente as peculiarida-
des dos respectivos mercados de capitais e legislações.
Hoje, então, os investidores mais ou menos organizados, já reconhecem 
os direitos e comportamentos mínimos que devem exigir de uma companhia 
aberta e de seu controlador em troca do investimento de seus recursos. Co-
meça a haver uma padronização nestas pretensões mínimas.
Aí está, a meu ver, a grande virtude de todo o longo debate que vem sendo 
travado em torno da boa governança corporativa e da reforma da Lei de So-
ciedades por Ações. E este fator chega a ser mais importante do que a própria 
lei em si, pois decorre da conscientização dos investidores.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 20
É cediça a experiência de que não se mudam os hábitos por promulgação 
de lei; antes, as leis devem ser fruto de um razoável nível de consenso e cla-
mor em torno de uma determinada conduta. Daí certamente uma das razões 
porque no Brasil se diz que algumas leis pegam e outras não. De muito pouco 
adiantaria mudar a lei sem que houvesse essa uniformidade de pensamento 
por parte dos investidores. Como disse Carlos Drummond de Andrade “as 
leis não bastam: os lírios não nascem da lei”. Aliás, complementaria para 
dizer que a conscientização dos investidores já valeria mesmo que a lei não 
sofresse reforma.
Veja-se, então, que existem pessoas que têm vocação para ter sócios e ou-
tras que são destituídas desta vocação. Da mesma forma, há sociedades que 
têm vocação para ser companhias abertas. De fato, temos hoje no Brasil di-
versas companhias abertas que não têm efetivamente o propósito de sê-lo; 
companhias abertas que exerçam, sua atividade deve ser exercida em benefí-
cio de todos os acionistas e não apenas de alguns; que entendam a necessida-
de de prestar contas ao mercado em geral e em especial, à sua comunidade de 
acionistas, através de ampla divulgação de informações.
Estas companhias são fruto de uma outra época, de um outro Brasil-que 
vem sendo referido como o “Brasil velho”, onde não se sabia exatamente o 
que era ser companhia aberta; no qual havia incentivos fiscais e tratamento 
mais benéfico para as companhias que fossem abertas; onde havia uma forte 
indução governamental para a aplicação de recursos nas companhias abertas. 
E tudo isto, diga-se, sem que houvesse preocupação com a qualidade dos 
administradores das companhias abertas, dos seus acionistas controladores e 
dos direitos que estavam sendo entregues aos acionistas minoritários em troca 
dos recursos que eram investidos.
Companhias assim dificilmente obterão sucesso se recorrerem, novamen-
te, ao mercado de capitais. Para estas companhias, decididamente, não adian-
ta alterar a Lei de Sociedades por Ações, são companhias que não têm voca-
ção para ter sócios e não desejam, de fato, ser uma companhia aberta.
Mas, nesse ponto, a questão fundamental que precisa ser resolvida passa 
necessariamente pelo convencimento dos empresários de que o mercado de 
capitais é uma alternativa eficiente de obtenção de recursos e de financiamen-
to da atividade empresarial; e mais, que o mercado sabe reconhecer as com-
panhias que respeitam e consideram seus acionistas, dando-lhes o tratamento 
adequado, e que tal reconhecimento se traduz na valorização das ações. O 
empresário deve ver o mercado de capitais como uma fonte permanente de 
recursos, que auxiliará no financiamento do seu projeto e sempre que houver 
um bom plano empresarial a ser executado.
Existem estudos científicos nesse caminho. Esse convencimento certa-
mente dará grande impulso ao relacionamento entre acionistas minoritários 
e controladores, eliminando o perverso antagonismo entre estes acionistas 
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 21
que certamente destrói valor da companhia para permitir o alinhamento de 
interesses no crescimento e na lucratividade da companhia.
Aos investidores e ao mercado em geral recomenda-se a judiciosa escolha 
das companhias para seus investimentos; compete a eles investir seus recursos 
apenas nas companhias que lhes garantam um complexo de direitos aceitáveis 
dentro do consenso que se vem formando. A companhia que não oferecer tais 
direitos não deverá receber investidores e se os receber certamente pagará um 
preço maior do que pagaria acaso estivesse disposta a conferir os direitos que 
caracterizam a boa governança corporativa.
O Governo, de sua parte, vem incentivando esta postura, não só mediante 
a reforma da Lei de Sociedades por Ações e pelas reiteradas manifestações 
da CVM, mas também através da regulamentação aplicável aos fundos de 
previdência privada, de que é exemplo a recente Resolução do Conselho Mo-
netário Nacional nº 2829/01.
A Bovespa, a seu turno, também vem se empenhando nessa tarefa, de per-
mitir a listagem das companhias abertas em diversos níveis, conforme o rol de 
direitos que estas companhias estão dispostas a conferir aos seus acionistas mi-
noritários, o que se dá através dos níveis 1 e 2 e finalmente do novo mercado.
Esse caminho, o da liberdade e do convencimento, que é caro ao liberalis-
mo, parece-me sem dúvida acertado, pois não limita nem tolhe o direito de 
se escolher o caminho que melhor apraz às companhias e a seus acionistas, 
arcando, evidentemente, com os ônus decorrentes destas escolhas. É assim 
que funciona nos mercados mais desenvolvidos,onde o investidor decide se 
vai ou não participar do produto que lhe é oferecido.
O investidor deve estar atento para escolher companhias que efetivamente 
têm vocação para ser companhias abertas, para ter acionistas minoritários, 
que deseja ter sócios, que devem ser respeitados.
E, nesse passo, deve-se dizer que a atual Lei de Sociedades por Ações — 
embora não imperativamente — já permite que todos esses direitos sejam 
conferidos aos acionistas minoritários, inclusive através do estatuto social. A 
companhia é livre para estabelecer estes direitos. É verdade que a atual lei não 
os impõe, mas o mercado pode exigir que sejam conferidos aos acionistas. Já 
temos visto isto em algumas companhias abertas;
o caminho já está traçado. Portanto, devem os investidores exigir estes 
direitos mesmo que a lei não os estabeleça.
O maior avanço, este sim imprescindível, da reforma da Lei de Sociedades 
por Ações e da Lei nº 6.385 está na parte relativa à Comissão de Valores Mo-
biliários, cujos poderes dependem exclusivamente de lei que os estabeleça; 
o projeto permite que a CVM atue de forma mais eficiente na proteção dos 
investidores das companhias abertas, inclusive
para fiscalizar melhor se o pacto estabelecido entre os acionistas da companhia 
aberta está sendo cumprido e para zelar pela integridade do mercado em geral.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 22
e) suGestão de leiturA
A inclusão da micro, pequena e média empresa no mercado brasileiro 
de Valores Mobiliários
Raul Fernando Portugal Neto (Universidade Federal do Rio De Janeiro — 
Instituto De Economia — 2005)
Dissertação de monografia para conclusão do conclusão do Curso de Re-
gulação do Mercado de Capitais, a título de Pós-Graduação Lato Sensu, no 
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ. 
Disponível em www.cvm.org.br
F) JurisprudênciA
TRIBUTÁRIO. COFINS. LEI Nº 9.430/1996. ISENÇÃO. REQUISI-
TOS. INDEFERIMENTO DA INICIAL. SOCIEDADE ANÔNIMA. 1. 
Conforme se infere da ata de Assembléia Geral de Constituição de So-
ciedade Anônima, a impetrante passou a ser regida pela Lei 6.404, de 15 
de dezembro de 1976, portanto, ainda que seu “objeto social” volte-se 
para a prestação de serviços educacionais, passou a ter a natureza mer-
cantil, nos exatos termos desse ordenamento. 2. Correto o indeferimento 
da inicial, quando verificado não ser a impetrante regida pelo Decreto-lei nº 
2.397, de 21 de dezembro de 1987, destinado à argüir a ilegalidade do ato 
de autoridade, consistente na exigência da COFINS, nos moldes do artigo 
56 da Lei 9.430. 3. Apelação improvida. Apelação Cível — 276909; relatora 
Eliana Marcelo, TRF 3ª Região, julgado em 28.06.2007.
RECURSO ESPECIAL. —SOCIEDADE ANÔNIMA — PEDIDO DE 
DISSOLUÇÃO INTEGRAL — SENTENÇA QUE DECRETA DISSO-
LUÇÃO PARCIAL E DETERMINA A APURAÇÃO DE HAVERES.— 
JULGAMENTO EXTRA PETITA — INEXISTÊNCIA.— Não é extra pe-
tita a sentença que decreta a dissolução parcial da sociedade anônima quando 
o autor pede sua dissolução integral. II — PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA 
DO AUTOR. CONTROVÉRSIA. DEFINIÇÃO POSTERGADA À FASE 
DE LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME 
DA ALEGADA ILEGITIMIDADE ATIVA. 1. A Lei 6.404/76 exige que o 
pedido de dissolução da sociedade parta de quem detém pelo menos 5% do 
capital social. 2. Se o percentual da participação societária do autor é contro-
vertido nos autos e sua definição foi remetida para a fase de liquidação da sen-
tença, é impossível, em recurso especial, apreciar a alegação de ilegitimidade 
ativa. III — SOCIEDADE ANÔNIMA. DISSOLUÇÃO PARCIAL. POS-
SIBILIDADE JURÍDICA.REQUISITOS. 1. Normalmente não se decreta 
dissolução parcial de sociedade anônima: a Lei das S/A prevê formas especí-
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 23
ficas de retirada —voluntária ou não — do acionista dissidente. 2. Essa pos-
sibilidade é manifesta, quando a sociedade, embora formalmente anônima, 
funciona de fato como entidade familiar, em tudo semelhante à sociedade 
por cotas de responsabilidade limitada. IV — APURAÇÃO DE HAVERES 
DO ACIONISTA DISSIDENTE. SIMPLES REEMBOLSO REJEITADO 
NO ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. 
SÚMULA 283/STF.— Não merece exame a questão decidida pelo acórdão 
recorrido com base em mais de um fundamento suficiente, se todos eles não 
foram atacados especificamente no recurso especial. REsp 507490; relator 
Humberto Gomes de Barros, 3ª Turma do STJ, julgado em 19.09.2006.
G) questões de concurso
(28º Exame de Ordem OAB-RJ) 35 — Assinale a resposta correta:
a. A companhia terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade 
dos acionistas será sempre ilimitada;
b. A sociedade anônima não pode ter fim lucrativo;
c. A contribuição do sócio para o capital social na limitada pode con-
sistir em prestação de serviços;
d. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita 
ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela 
integralização do capital social.
(24º Exame de Ordem OAB-RJ) 50 — Não é uma característica da socie-
dade anônima:
a. Capital social dividido em ações, respondendo os acionistas pelo 
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas
b. Independentemente de seu objeto social, a sociedade anônima é 
sempre mercantil
c. A sociedade anônima pode exercer a sua atividade sob firma ou 
razão social, da qual só farão parte os nomes dos sócios diretores ou 
gerentes
d. A assembleia geral ordinária e a assembleia geral extraordinária são 
órgãos de deliberação da sociedade anônima
(11º Exame de Ordem OAB-RJ) 23 — Assinale a resposta correta:
a. O estatuto não precisa definir o objeto social de forma clara, o que 
pode ser feito pelo regimento interno da companhia;
b. A sociedade anônima tem o seu capital dividido em ações, e os acionis-
tas respondem solidariamente até a importância total do capital social;
c. A companhia não pode ter por objeto participar de outras sociedades;
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 24
d. Qualquer que seja o objeto, a sociedade anônima é mercantil e se 
rege pelas leis e usos do comércio.
(11º Exame de Ordem OAB-RJ) 25 — As características da sociedade 
anônima são:
a. O capital dividido em ações e a responsabilidade dos acionistas li-
mitada ao preço de emissão das ações;
b. O capital dividido em ações e a responsabilidade dos sócios até o 
valor do total do capital social;
c. O capital social dividido em quotas;
d. O capital social dividido em ações ou debêntures, e a responsabili-
dade dos sócios até o valor do capital social.
(3º Exame de Ordem OAB-RJ) 25 — Ação é:
a. A parte mínima em que se divide o capital;
b. A parte do lucro atribuída a cada acionista;
c. Um título de crédito próprio;
d. Título representativo de empréstimo tomado pela SA.
(1º Exame de Ordem OAB-RJ) 26 — As duas formas de constituição da 
sociedade anônima são:
a. Aberta ou fechada;
b. Simultânea ou sucessiva;
c. Por ações ou por cotas;
d. Pública ou privada.
No que tange à sociedade anônima, analise as proposições abaixo e assina-
le a alternativa correta (TJ-SC — 2013 — Juiz)
I. As sociedades anônimas classificam-se em dois tipos distintos: sociedade 
anônima de capital aberto e sociedade anônima de capital fechado. Distin-
guem-se conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não ad-
mitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão.
II. Uma sociedade anônima de capital aberto deve obrigatoriamente emi-
tir debêntures.
III. Em havendo inadimplemento do acionista, a sociedade anônima po-
derá promover contra ele e os que forem solidariamente responsáveis, pro-
cesso de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo como título 
extrajudicial o boletim de subscrição e o aviso de chamada.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 25
IV.O acionista controlador de uma sociedade anônima somente pode ser 
pessoa física.
a. Somente as proposições I e III estão corretas.
b. Somente as proposições II e III estão corretas.
c. Somente as proposições I, III e IV estão corretas.
d. Somente as proposições III e IV estão corretas..
e. Nenhuma das alternativas.
Assinale a opção correta a respeito das sociedades anônimas. (TJ-BA — 
2012 — Juiz)
a. O valor de emissão da ação não pode coincidir com o valor do capi-
tal divido pelo número de ações, e não há impedimento, em se tra-
tando de ações com ou sem valor nominal, a que lhes seja aplicado 
deságio ou acrescido ágio.
b. Conversão é a operação pela qual as ações de determinada classe 
ou espécie são transformadas em ações de outra classe ou espécie 
mediante previsão estatutária, podendo as ações preferenciais ser 
transformadas em ações ordinárias, assim como as ordinárias em 
preferenciais, desde que se obedeça à limitação legal de três quartos 
das ações emitidas.
c. O capital social da companhia é intangível, ou seja, os acionistas 
não podem receber, a título de restituição ou dividendos, os re-
cursos aportados à sociedade sob a rubrica de capitalização, não 
prevendo a Lei das Sociedades por Ações capital social mínimo para 
a constituição da sociedade anônima, fato que a torna compatível 
com os pequenos negócios.
d. As debêntures subordinadas gozam de garantia e contêm cláusula 
de subordinação aos credores da companhia, o que implica, no caso 
de liquidação da companhia, preferência dos debenturistas em rela-
ção aos demais credores para o ressarcimento do valor aplicado.
e. Pode ser objeto da sociedade anônima qualquer empresa de fim 
lucrativo não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes; 
contudo, caso venha a explorar atividade tipicamente de natureza 
civil, como é o caso da comercialização de bens imóveis, não será a 
sociedade anônima considerada sociedade empresarial.
H) Glossário
Cisão: Operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimô-
nio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, 
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 26
extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimô-
nio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
CVM: Comissão de Valores Mobiliários. Agência reguladora do mercado 
de capitais, responsável pela fiscalização e autorização de atuação de socieda-
des no mercado financeiro.
Debênture: é um título de crédito representativo de empréstimo que uma 
companhia emite junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito 
contra a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão.
soCieDaDes ColigaDas: Sociedade de cujo capital outra sociedade partici-
pa com dez por cento ou mais do capital, sem controlá-la
soCieDaDes ControlaDas: 1) Sociedade de cujo capital outra sociedade 
possua a maioria dos votos nas deliberações dos cotistas ou da assembleia 
geral e o poder de eleger a maioria dos administradores; ou 2) sociedade cujo 
controle esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por 
sociedades ou sociedades por esta já controladas (Fonte: www.bovespa.com.
br).
PartiCiPação aCionária PulVerizaDa: participação de múltiplos acionistas 
numa sociedade anônima por meio de aquisição de ações que não perfazem 
um poder acionário majoritário, de forma a gerar “companhias sem dono” e 
multiplicar a capacidade de investimentos.
títulos De CréDito: papéis representativos de uma obrigação e emitidos 
de conformidade com a legislação específica de cada tipo ou espécie. Exem-
plos: cheque, nota promissória, duplicata etc.
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FGV DIREITO RIO 27
38. Fabio Ulhoa Coelho — Curso de Di-
reito Comercial, p. 28.
39. Modesto Carvalhosa — Comentários 
à Lei de Sociedades Anônimas. 5ª ed. 
Vol. I. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 5.
40. Por exemplo, nas aulas 6 e 7 estuda-
remos os valores mobiliários; nas aulas 
10 e 11, o funcionamento do controle 
acionário; e na aula 18, os procedimen-
tos para transformação, incorporação, 
fusão e cisão das sociedades anônimas.
AulAs 3 e 4: CompAnhiA AbeRtA e feChAdA. meRCAdo de 
vAloRes mobiliáRios. Comissão de vAloRes mobiliáRios. 
noções GeRAis.
F) MAteriAl de leiturA
leitura Básica
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. Vol. 2. 6ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2003, pp. 69-79.
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. 2. 23ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2003, pp. 31-44.
leitura complementar
TRINDADE, Marcelo F. “O papel da CVM e o mercado de capitais no Bra-
sil”. IN: Fusões e Aquisições: aspectos jurídicos e econômicos”. São Paulo: IOB, 
2002, pp. 296-329.
G) roteiro de AulA
Na aula passada, vimos algumas noções gerais e características próprias das 
sociedades anônimas. Também identificamos a importância estratégica, do 
ponto de vista econômico, social e político, da constituição de uma sociedade 
anônima quando comparada com a sociedade limitada.
Agora, passaremos ao exame mais detido da Sociedade Anônima, seu con-
ceito, suas classificações e tipos, bem como sua forma de constituição.
Nesse sentido, inicialmente indaga-se: Qual o Conceito de S.A.?
De acordo com Fabio Ulhoa Coelho, a sociedade anônima “é a sociedade 
empresária com capital social dividido em ações, na qual os sócios, chamados 
acionistas, respondem pelas obrigações sociais até o limite do preço de emissão 
das ações que possuem.”38 Modesto Carvalhosa possui mesmo entendimento 
acerca da S.A., e acrescenta que as ações possuem livre negociabilidade, o que 
reforça a característica da S.A. de ser uma sociedade de capitais39.
Há ainda peculiaridades específicas — as quais serão estudadas ao longo 
no nosso curso40 — caso se esteja tratando de companhias abertas ou fecha-
das. Vale assinalar que o artigo 4º da Lei das S.A. distingue as sociedades 
anônimas de capital aberto ou fechado, nos seguintes termos:
38. Fabio Ulhoa Coelho — Curso de 
Direito Comercial, p. 28.
39. Modesto Carvalhosa — Comen-
tários à Lei de Sociedades Anônimas. 5ª 
ed. Vol. I. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 5.
40. Por exemplo, nas aulas 6 e 7 
estudaremos os valores mobiliários; 
nas aulas 10 e 11, o funcionamento 
do controle acionário; e na aula 18, os 
procedimentos para transformação, 
incorporação, fusão e cisão das socieda-
des anônimas.
ORGAnIZAÇÃO JURíDICA DA GRAnDE EMPRESA
FGV DIREITO RIO 28
41. José Edwaldo Tavares Borba. Direito 
Societário. 11ª ed. Rio de Janeiro: Re-
novar, 2008.
42. Alfredo Lamy Filho e José Luiz Bu-
lhões Pedreira, A Lei das S.A. 3ª ed. Vol. 
I. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 84.
43. Fábio Ulhoa Coelho. Curso de direito 
comercial. Vol. 2. 6ª ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2003, p. 136. São exemplos de 
valores mobiliários as ações, já tratadas 
superficialmente na aula passada.
44. Informações baseadas no site da 
Comissão de Valores Mobiliários (www.
cvm.org.br).
“Art. 4º Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada 
conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não ad-
mitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.
Em termos iniciais, companhia aberta é aquela cujos valores mobiliários 
estejam admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários (bolsa de 
valores ou mercado de balcão); fechada, ao invés disso, é a que não conta com 
essa admissão. O professor Tavares Borba conclui que a companhia aberta 
se encontra sujeita a normas mais rígidas, a publicidade mais acentuada e a 
constante fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)41.
Em relação ao tratamento jurídico que é dado a um ou outro tipo de 
sociedade, apontam Alfredo Lamy Filho e José Luiz Bulhões Pedreira, co-
-autores do anteprojeto da Lei das S.A.:
“Os mecanismos básicos do funcionamento interno das companhias 
abertas

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