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Do inadimplemento das obrigações - PARTE I

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INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL III – OBRIGAÇÕES II
 
AULA: DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
1. Disposições Gerais
Conceito: o inadimplemento das obrigações consiste na falta da prestação devida ou no descumprimento, voluntário ou involuntário, do dever jurídico por parte do devedor.
A obrigatoriedade nos contratos
De acordo com o secular princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), estes devem ser cumprido, sendo que o não-cumprimento acarreta a responsabilidade por perdas e danos – CC, 389
A responsabilidade civil é patrimonial, pois todos os bens do devedor respondem pelo seu inadimplemento – CC, 391
Inexecução voluntária ocorre quando o obrigado deixar de cumprir, dolosa ou culposamente, a prestação devida, exceto se por caso fortuito ou força maior, devendo responder por perdas e danos, além dos juros, correção monetária e honorários advocatícios. 
A redação do art. 389, pressupõe o não-cumprimento voluntário da obrigação, ou seja, culpa.
Em princípio, todo inadimplemento presume-se culposo.
Incumbe ao inadimplente elidir tal presunção de culpa, demonstrando a ocorrência do caso fortuito ou da força maior – CC, 393.
Modos de inadimplemento voluntário: absoluto, quando a obrigação não foi cumprida total ou parcialmente; relativo, se a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma devidos, mas podendo ser com proveito para o credor ( mora.
Obrigação de não fazer: o devedor será inadimplente a partir da data em que veio a executar, culposamente, o ato de que devida abster-se – CC, 390
Contratos benéficos e onerosos (ex: comodato, transporte público, etc)
Conceito: são aqueles em que apenas um dos contratantes aufere beneficio ou vantagem; nesses contratos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele que não favoreça – CC, 392
Como a culpa grave ao dolo se equipara, pode-se afirmar que responde apenas por dolo ou culpa grave aquele a quem o contrato não favorece.
Assim, só o dolo, relativamente àquele que não tira nenhum proveito (comodante) poderá dar fundamento à responsabilidade por perdas e danos; já o favorecido (comodatário) responderá pelo ressarcimento dos danos que culposamente causar.
Nos contratos onerosos, respondem os contratantes tanto por dolo como por culpa, em igualdade de condições, salvo exceções previstas em lei (caso fortuito, força maior, e a hipótese do parágrafo único do art. 927).
Caso fortuito e força maior
Caso fortuito e força maior constituem excludentes da responsabilidade civil, pois rompem o nexo de causalidade - cf. art. 393, CC
A lei não faz distinção. Em geral, porém, a expressão caso fortuito é empregada para designar fato ou ato alheio à vontade das partes, como greve, motim, guerra, etc., e força maior para fenômenos naturais, como raio, tempestade, etc.
O traço característico das referidas excludentes é a inevitabilidade, ou seja, é estar o fato acima das forças humanas.
Requisitos para a sua configuração: 
O fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor;
O fato deve ser superveniente e inevitável;
O fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.
Inexecução da obrigação por fato inimputável ao devedor: a obrigação resolve-se e o credor não terá direito a qualquer indenização pelos prejuízos decorrentes do caso fortuito ou força maior
Exceções:
se as partes, expressamente, convencionaram a responsabilidade do devedor pelo cumprimento da obrigação, mesmo ocorrendo caso fortuito ou força maior;
se o devedor estiver em mora, devendo pagar os juros moratórios e os prejuízos decorrentes do caso fortuito ou da força maior ocorridos durante o atraso, salvo se provar que o dano ocorreria mesmo que a obrigação tivesse sido desempenhada oportunamente, ou demonstrar a insencao de culpa – art. 399
2. Da mora
2.1. Conceito: é o retardamento ou o cumprimento imperfeito da obrigação; configura-se não só quando há atraso no cumprimento da obrigação, mas também quando este se dá na data estipulada, mas de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da convencionada – CC, 394.
2.2. Mora e inadimplemento absoluto
Há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor (p.e. atraso no pagamento de parcelas); ainda interessa a este receber a prestação com os acréscimos legais – CC, 395
A hipótese será de inadimplemento absoluto se a prestação, por causa do retardamento ou do imperfeito cumprimento, tornar-se inútil para o credor (p.e. entrega de salgados para uma festa), que poderá enjeitá-la e exigir perdas e danos. 
Em ambos os casos, a conseqüência será a mesma: o devedor responde por perdas e danos.
É necessária a comprovação da culpa do devedor pelo inadimplemento.
3. Espécies de Mora
Mora do devedor: mora solvendi
Mora do credor: mora accipiendi
Mora de ambos os contratantes
3.1. Mora do devedor
Espécies: 
	a) mora ex re (em razão de fato previsto na lei – aplicação da regra dies interpellat pro homine, ou seja, o termo (vencimento) interpela em lugar do credor) – CC, 397, caput e 398;
	b) mora ex persona (não existe estipulação de prazo ou termo para a execução da obrigação, depende de providência judicial ou extrajudicial do credor) – ex: contrato de comodato sem fixação de prazo, o credor deve notificar o devedor a desocupar o imovel em dado prazo, e só a partir de entao, estará em mora.
Requisitos: 
Exigibilidade da obrigação, ou seja, o vencimento da dívida liquida e cerda;
Inexecução culposa da obrigação – CC, 396
Constituição em mora (somente quando for ex persona, pois se for ex re o dia do vencimento já interpela o devedor).
Efeitos:
Responsabilização de todos os prejuízos causados ao credor – CC, 395
Perpetuação da obrigação (CC, 399), pela qual responde o devedor moroso pela impossibilidade da prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior (o que não aconteceria, segundo a regra geral, se a impossibilidade provocada pelo fortuito surgisse antes da mora, quando a obrigação do devedor se resolveria sem lhe acarretar qualquer ônus) – a única escusa admissível é que o dano ocorreria ainda quando a obrigação fosse cumprida a tempo.
3.2. Mora do credor
Requisitos:
Vencimento da obrigação
Oferta da prestação
Recusa injustificada em receber
Constituição em mora, mediante a consignação em pagamento.
Efeitos:
Liberação do devedor, isento de dolo, da responsabilidade pela conservação da coisa – CC, 240 
Obrigação do credor moroso de ressarcir ao devedor as despesas efetuadas com a conservação da coisa;
Obrigação do credor de receber a coisa pela sua mais alta estimação, se o valor oscilar entre o tempo do contrato e o pagamento; logo, se no dia da entrega efetiva do bem, o preço se elevar, deverá o credor moroso pagar de conformidade com a cotação mais elevada e não conforme o preço anteriormente avençado, mas se houver diminuição do preço após a mora, pagará o preço do dia da mora.
Possibilidade de consignação judicial da coisa devida.
3.3. Mora de ambos os contratantes
Quando simultâneas (nenhum dos contratantes comparece ao local escolhido de comum acordo para pagamento), uma elimina a outra, pela compensação; se ambas as partes nela incidem, nenhuma pode exigir da outra perdas e danos.
Quando sucessivas, permanecem os efeitos pretéritos de cada uma. Os danos que a mora de cada uma das partes haja causado não se cancelam pela mora superveniente da outra, pois cada um conserva seus direitos.
Exemplo: se, num primeiro momento, o credor não quer receber o que o devedor se dispõe a pagar e, mais tarde, este não quiser mais pagar, a situação será a seguinte: quando afinal o pagamento for realizado e também forem apurados os prejuízos, cada um responderá pelos ocorridos nos períodosem que a mora foi sua, operando-se a compensação; os danos que a mora de cada uma das partes haja causado à outra, não se cancelam pela mora superveniente da outra.
3.4. Purgação da mora
É um ato espontâneo do contratante moroso, que visa remediar a situação a que deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade.
Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos.
CC, 401
Não pode ser confundida com cessação da mora.
3.5. Cessação da mora
Decorre da extinção da obrigação, por anistia, perdão, entre outras, e não de um comportamento ativo do contratante moroso, destinado a sanar sua falta ou omissão. Ex: o devedor em mora que tem suas dívidas fiscais anistiadas, deixa de estar em mora, sem o cumprimento da obrigação.
Produz efeitos pretéritos, ou seja, o devedor não terá de pagar a dívida vencida.
A purgação da mora só produz efeitos futuros, não apagando os pretéritos, já produzidos.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Janaína (residente na cidade de Itumbiara) comprou de Angélica (residente na cidade de Uberlândia) 2.000 unidades de bombons diversos, para serem servidos no seu casamento, pagando o preço no momento da celebração do negócio jurídico. Os bombons deveriam ser entregues no dia e local da festa do casamento, pelo menos três horas antes do início da cerimônia, ou seja, às 15h00, para que o buffet pudesse organizá-los no devido local. Ocorre que o carro de Angélica teve problemas mecânicos, ficando a mesma parada na estrada por mais de quatro horas, sendo posteriormente rebocada de volta à Uberlândia. Por conta disso, Angélica não conseguiu cumprir a obrigação no dia convencionado. No dia seguinte ao casamento, Angélica chega à casa de Janaína para entregar os bombons, purgando sua mora. Pergunta-se:
Quais as consequências jurídicas da mencionada situação? Explique, apontando os dispositivos legais pertinentes. 
Havendo recusa de Janaína em aceitar a prestação ofertada por Angélica, pode-se dizer que ela também está em mora? Por quê? 
2. Armando compra de Benedito, pelo preço de R$60.000,00 (sessenta mil reais), 1.000 sacas de café, para serem entregues no dia 02/09/2011, no Porto de Santos-SP, véspera da partida de um navio cargueiro em que as sacas de café serão embarcadas para a Europa. Esse navio é o único apto a chegar no tempo certo ao porto de destino, vez que Armando adquiriu o produto para revenda, se comprometendo a entregá-lo a uma empresa de beneficiamento européia no dia 20/09/2011, pelo preço de R$80.000,00 (oitenta mil reais). Ocorre que, vencida a obrigação, Benedito não entregou as sacas de café, e, consequentemente, Armando perdeu o negócio na Europa. 
	a) Considere que no dia 19/09/2011, Benedito procura Armando para entregar as 1.000 sacas de café, purgando a sua mora. Quais as consequências jurídicas dessa situação? Armando é obrigado a aceitar a prestação para que não se constitua em mora? Explique.
 
b) O contrato celebrado por Armando e Benedito nada dizia acerca do direito de escolha. Considere que Benedito escolheu e separou as sacas de café de média qualidade, comparecendo no porto para cumprir a obrigação. No entanto, Armando se recusou a receber a prestação, ao argumento de que Benedito deveria lhe entregar o café de alta qualidade. Visando não se constituir em mora, no dia seguinte, Benedito ajuíza ação de consignação em pagamento. Nesse caso:
	b.1) Quais as consequencias jurídicas decorrente dessa situação? 
b.2) Quando foi proferida a sentença na ação de consignação em pagamento proposta por Benedito, o preço do café elevou-se para R$100,00 (cem reais) a saca. Esse fato altera a obrigação celebrada pelas partes? Explique. 
3. Por força de um contrato escrito, Caio, fazendeiro no Mato Grosso do Sul, deveria restituir o cavalo de José (cujo sítio encontra-se no interior de São Paulo) no dia 02 do mês de julho. Até o mês de agosto, Caio ainda não havia restituído o cavalo por pura desídia, quando uma forte chuva imprevisível causou a morte do cavalo, que foi inevitável, de​vido à altura atingida pela água, bem como à sua força. 
O que se entende por mora? 
O direito distingue mora ex re e mora ex persona. Qual a relevância jurídica da distinção? 
Caio pode ser levado a alguma condenação? Explique. 
4. Carlos celebrou com Pierre, ar​tista plástico de renome internacional, um contrato, por meio do qual este se comprometia a pintar, pessoalmente, 2 (duas) telas com motivos alusivos à nova mansão campestre adquirida por Carlos. Pelo trabalho, Pierre receberia a quantia de R$ 200.000,00 (duzen​tos mil reais), dos quais, R$ 100.000,00 (cem mil reais) lhe foram adiantados, e as telas deveriam ser entregues no prazo de um ano. Passado o prazo, Pierre entregou as duas obras de arte a Carlos, as quais, contudo, foram elaboradas por Jacques, discípulo de Pierre. Carlos negou-se a receber as obras, uma vez que havia especifica​mente determinado que Pierre deveria ser seu autor. Nesse caso, Carlos, por ter se recusado a receber a prestação, está em mora? Quais as consequencias jurídicas da recusa? Explique.

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