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Fisiologia digestiva canina e felina básicas Cachorro Verde

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20/5/2014 Fisiologia digestiva canina e felina básicas | Cachorro Verde
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Fisiologia digestiva canina e felina básicas
by Sylvia Angélico | Aug 29, 2013 | Benefícios, Blog, Dieta Caseira X Ração, Referências, Segurança Alimentar | 0
comments
Há cerca de 10 a 30 mil anos atrás, alguns Canis lupus, os lobos cinzentos, membros da família Canidae e da ordem
Carnivora, se deixaram domesticar. Foi o início da parceria homem-cão. Milhares de anos se passaram, nós
transformamos o lobo em centenas de raças caninas super distintas entre si, mas nosso peludo que adora brincar
de bolinha e tirar um cochilo no sofá permanece essencialmente um lobo doméstico.
Não acredita? Pois veja só: cães e lobos compartilham mais de 99% do seu DNA mitocondrial. Podem acasalar entre si
e gerar descendentes férteis. São tão próximos geneticamente que o Smithsonian Institution, grupo norte-americano
fundado em 1846 que engloba museus, galerias e zoológicos, mudou o nome científico do cão – antes Canis familiaris –
para Canis lupus familiaris.
Do chihuahua ao buldogue: todos os cães descendem do
lobo cinzento. (Créditos: Wikipedia)
Descendentes dos lobos, todos os cães – todos mesmo, do minúsculo chihuahua ao caricato buldogue – evoluíram
como carnívoros oportunistas e exibem distintas características anatômicas e fisiológicas que refletem essa
adaptação.
E os gatos? Bem, nossa amizade com os gatos não fica muito atrás em termos de tempo, não. Nosso Felis catus
provavelmente descende do Felis lybica, gato selvagem africano que se associou aos humanos de 10 mil anos atrás. E
se mantém tão carnívoro quanto um leão, uma onça ou um guepardo. 
Nosso bichano vem desse felino africano, o Felis lybica.
(Créditos: http://www.causafelina.blogger.com.br)
Nossa proximidade milenar com cães e gatos proporcionou para esses animais um ambiente muito diferente da
floresta ou deserto, de segurança e comida farta. Cães desenvolveram recursos para digerir melhor o amido que
compõe a base da nossa dieta desde a conquista da agricultura. Gatos se tornaram interessados em leite e peixe,
alimentos que não fazem parte da alimentação natural de seus ancestrais.
Atualmente, esses peludos integram nossas famílias e compartilham tão intimamente da nossa rotina, demonstrando
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interesse por tudo o que comemos, que se tornou mais fácil enxergá-los – e, consequentemente, alimentá-los – como
“pequenas pessoinhas peludas” do que como descendentes de lobos e felinos selvagens.
Tendo evoluído ao nosso lado por milhares de anos, esses bichos adquiriram uma certa tolerância a dietas
desbalanceadas. Ofereça frutas a uma cobra, por exemplo, e ela morrerá – tamanha sua inflexibilidade com
alimentos estranhos à sua dieta natural, carnívora. Com cães e gatos, os danos por equívocos alimentares são
cumulativos e de progressão consideravelmente mais lenta. Com isso, não vemos a ligação entre a obesidade, a
alergia ou a inflamação crônica do pet e o excesso de frutas e pães (que naturalmente contêm açúcar) que tantos de
nós oferecem diariamente aos peludos com a melhor das intenções.
No meio de tanta informação conflituada e equivocada, nunca foi tão importante compreender um pouco sobre
nutrição canina e felina para fazer as escolhas dietéticas mais corretas, verdadeiramente saudáveis e apropriadas à
biologia dos nossos pets. Cães e gatos são animais diferentes de nós fisiologicamente e para se manter saudáveis
requerem alimentos diferentes dos exigidos por nós.
O primeiro passo é entender as diferenças entre animais herbívoros, onívoros e carnívoros para compreender qual
“combustível” melhor atende às necessidades de cada uma dessas “máquinas”.
Herbívoros: a arte de processar plantas
Animais como o cavalo, a vaca e o coelho são herbívoros. Eles não comem carne, somente alimentos de origem
vegetal. Só que transformar capim e grama em nutrientes não é tarefa fácil. Para isso, a natureza os dotou de:
um sistema digestório infinitamente mais complexo, 10x mais longo que o comprimento do próprio corpo, com
intrincadas câmaras de fermentação (onde bactérias dão uma mão indispensável ao processo digestivo).
dentes molares achatados e quadrados, perfeitos para esmagar e moer plantas, e maxilares com movimentação
lateral (é a vaca mascando capim, sabe?). Tudo porque esse tipo de comida requer uma caprichada maceração
prévia na boca para ser bem digerida depois.
enzimas na saliva próprias para digestão de carboidratos, como a amilase. A elaborada mastigação dos herbívoros
vai misturando os vegetais na saliva cheia de amilase e a digestão dos carboidratos tem início ali na boca mesmo.
Crânio de uma vaca, dotado de molares especializados
em maceração de capim. (Créditos:
http://www.nhc.ed.ac.uk)
Sistema digestório do cavalo: intestino complexo, com câmara de
fermentação potente para aproveitamento dos vegetais. (Créditos:
horsetrailerworld.org)
Onívoros: a turma dos flex
Caso do porco, do rato, do homem e do urso, que possuem sistemas digestórios mistos, adaptados tanto à digestão de
matéria vegetal como de matéria animal. O barato aqui é combinar, um pouco de carnes, um pouco de vegetais.
Ferramentas que a natureza concedeu a esse grupo pau-pra-toda-obra:
Trato digestório de comprimento médio, igualmente adaptado ao processamento de vegetais e de proteína animal.
Vômitos
Referências
Segurança Alimentar
Suplementos e
Nutracêuticos
Viagens
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Molares chatos e alguns dentes afiados, para um pouco de maceração de vegetais e um pouco de ‘rasgação’ de
carnes.
Saliva contendo a enzima digestiva amilase, para digestão de amido (carboidrato) presente nas plantas ingeridas.
Crânio de um porco: molares achatados e algumas “presas”.
(Créditos: diversityofsystems.wikispaces.com)
Trato digestório do porco: consideravelmente menos sofisticado que o de herbívoros
como a vaca, mas ainda dotado de uma câmara de fermentação (ceco) para processar
vegetais. (Créditos: www.agrovetmarket.com)
Carnívoros: os predadores
O termo significa literalmente “comedor de carne”, embora carnívoros consumam grande parte da presa e não
apenas a carne, e comam também em menor quantidade matéria vegetal. Bons exemplos são nossos cães e gatos,
considerados, respectivamente, carnívoros oportunistas e carnívoros estritos (ou obrigatórios). As característicasanatômicas dessa turma são:
Sistemas digestórios bem mais simples, curtos e bastante ácidos. Comparando com plantas, digerir carne e
gordura é tarefa fácil, que dispensa um aparato sofisticado. O estômago desses animais é extremamente ácido,
atingindo um pH de 1 a 2 (o pH do nosso, para efeito de comparação, fica entre 4 e 5). Isso porque a acidez ajuda a
quebrar proteína e destrói bactérias, abundantes na comida dos carnívoros: carcaças vivas ou em decomposição.
Dentes longos e afiados, apropriados para perfurar a carcaça e rasgar carne, e não para macerar plantas e grãos
cereais. Os molares inferiores e superiores possuem forma de triângulo com bordas serrilhadas que se fecham
como as lâminas de uma tesoura quando o animal morde a caça.
Uma enorme abertura oral (pense num gato bocejando) e articulação mandibular que permite somente movimento
vertical (de abre-e-fecha), sem capacidade de mastigação lateralizada (como a vaca mastigando capim). Tudo para
conseguir engolir sem mastigar grandes nacos de carne (entendeu por que seu cão come tão rápido?).
Ausência da enzima amilase na saliva, aquela que dá início à digestão do carboidrato. Por que a natureza gastaria
tempo e energia equipando cães e gatos com essa enzima se eles não foram feitos para mastigar bem direitinho os
alimentos e, principalmente, se não vão comer plantas?
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Pra que esse bocão? É pra te abocanhar melhor!
Por dentro de um carnívoro: estômago grande e ácido e
intestino curto e simples, sem aparatos especiais para
processar vegetais. (Créditos: www.caninecancerdiet.com)
Como pudemos ver acima, uma série de adaptações evolutivas, refletidas em aspectos anatômicos, claramente
separam cães e gatos de onívoros clássicos, como o porco e o rato, e definitivamente não há como confundi-los com
herbívoros, como o boi e o cavalo. Nossos cães e gatos evoluíram para consumir uma dieta predominantemente
carnívora.
Gatos
Os felinos são carnívoros estritos (ou obrigatórios), o tipo mais extremo de predador que existe. Na natureza
consomem os tecidos dos animais que abatem e um pouquinho de gramíneas (hábito que nosso bichano cultiva até
hoje) que auxiliam o trânsito gastrintestinal e previnem problemas com bolas de pelo.
O metabolismo felino é tão carnívoro, mais tão carnívoro, que simplesmente não consegue aproveitar certos
nutrientes presentes em alimentos vegetais. Felinos não são capazes, por exemplo, de converter o beta-caroteno da
cenoura em vitamina A, o que os obriga a consumir a vitamina A pronta, como a presente no fígado. Também não
conseguem conjugar os aminoácidos metionina e cisteína para fabricar taurina, um aminoácido essencial à saúde dos
olhos e ao coração dos bichanos. Felizmente, taurina é o que não falta na dieta natural dos gatos, já que é abundante
em carnes e vísceras cruas (o cozimento destrói esse aminoácido).
Os felinos possuem inúmeros outros requerimentos particulares, como os aminoácidos arginina e niacina, o ácido
araquidônico (uma gordura essencial da série ômega-6 que está presente somente em tecidos de animais) e ômegas-
3 de origem animal (peixe, krill) – eles simplesmente não assimilam ômegas-3 vegetais, como os contidos na
linhaça. Nomes técnicos à parte, basta oferecer ao gato saudável uma dieta predominantemente carnívora, variada e
devidamente balanceada que seus requerimentos específicos serão bem atendidos. Como ocorre na natureza.
Seu gato: um predador por excelência!
Cães
Um lobo pode subsistir perfeitamente, crescer, se reproduzir e criar seus filhotes se alimentando exclusivamente dos
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tecidos de suas presas. Complementam a dieta dando suas bocadas, aqui e ali, em frutas, raízes e gramíneas. Mas
em momentos de escassez de alimentos, eles se viram como podem, ingerindo até fezes de outros animais. E com a
domesticação foram adquirindo algumas adaptações limitadas para aproveitar os restos da nossa dieta rica em
carboidratos.
Por isso dizemos que os cães são carnívoros mais flexíveis que os gatos. São carnívoros oportunistas, predadores com
tendências onívoras. Mas é preciso ter cuidado com interpretações precipitadas. O fato dos cães apresentarem
certas adaptações para digestão de amido (carboidrato) não quer dizer que uma dieta com pouca (ou, pior ainda,
nenhuma) proteína de origem animal e uma abundância de vegetais seja uma opção saudável.
Um cão pode sobreviver comendo uma dieta sem carnes, balanceada, com adições que supram as limitações do
vegetarianismo. Mas no nosso modo de ver, sobreviver não é o mesmo que florescer, que atingir todo o potencial
genético com a dieta que a evolução preparou o animal ao longo de milênios para consumir.
Como relata em seus livros o Professor de Nutrição Veterinária da universidade francesa de Alfort, Dominique
Grandjean: “o responsável pela domesticação do cão e do gato, o homem, tem o dever de alimentá-los de acordo com as suas
verdadeiras necessidades específicas, e não em função das suas projeções humanas. Esta é a primeira regra do verdadeiro
respeito ao animal.”
Embora sejam mais flexíveis que os felinos, lobos são
carnívoros. Carnívoros oportunistas.
OK, cães e gatos são em maior ou menor medida, carnívoros. (Aproveito para esclarecer que, ao contrário do que
muita gente pensa, carnívoros não comem somente carne. Eles ingerem boa parte dos tecidos da presa como um
todo – vísceras, tendões, ossos, cartilagem, até mesmo um pouco de pelos e penas (que atuam como fibras insolúveis),
além de parte do conteúdo gastrintestinal (vegetais em processo de digestão) e obviamente também devoram a
musculatura (carne) do animal. E complementam a dieta com insetos, ovos, frutas, sementes e gramíneas. É dessa
forma que garantem uma dieta balanceada e completa, com todas as vitaminas, minerais, ácidos graxos e outros
elementos fundamentais à sua saúde. Oferecer apenas carne a um animal carnívoro não garante o fornecimento de
todos os nutrientes necessários e conduz rapidamente a graves deficiências nutricionais.)
Estabelecido isso, é hora de entender a importância de incluir fontes adequadas de proteína, gordura (sim, gorduras
saudáveis) e carboidratos (fibras etc) na dieta dos cães e gatos.
Proteína
Verdadeiros blocos de montar, literalmente tudo o que existe no corpo é feito de proteína, nosso composto orgânico
mais abundante. Mas sua relevância não é “apenas” estrutural. Sem proteína não ocorre transporte de nutrientes
pelo sangue, nem coagulação sanguínea, não há produção de enzimas (necessárias para digestão, por exemplo), nem
síntese de certos hormônios e não há um adequado funcionamento do sistema imunológico.
 Mas nem todo tipo de proteína é adequada a carnívoros. Existem diferenças no perfil de aminoácidos de proteínas
vegetais e animais. Enquanto um alimento de origem animal de alta qualidade (ovos, carne magra, fígado etc) fornece
proteína completa, facilmente assimilada pelo organismo de cães e gatos, a proteína vegetal, por sua vez, fornece
uma proteína incompleta, limitada.
 O valor de uma proteína para um animal carnívoro está na sua unidade básica, os aminoácidos. Proteína animal de
boa qualidade contém todos os aminoácidos essenciais para nossos carnívoros de estimação, na proporção
correta para garantir sua saúde, manutenção e crescimento. O mesmo não pode ser dito sobre as proteínas do
milho, da soja e proteínas vegetais isoladas. Esses alimentos podem ser adequados para a nutrição humana (somos
onívoros), mas costumam ser pobres em aminoácidos importantes aos nossospets, como arginina, taurina, metionina,
lisina e triptofano.
Outro ponto qualitativo importante é o grau de digestibilidade da proteína, ou seja, a facilidade com que o organismo
processa (digere) a proteína para obter matéria-prima (aminoácidos) e com ela manter tudo funcionando no
organismo. No curto intestino delgado dos cães e gatos, a proteína animal é facilmente quebrada e assimilada. Já as
proteínas vegetais encaram uma digestão mais trabalhosa e limitada no mal equipado intestino carnívoro.
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Proteína fornece aminoácidos, que atuam como blocos de montar,
formando tudo o que existe no corpo!
Proteínas adequadas a um animal carnívoro são as encontradas em
carnes, vísceras, ovos e peixes. (Créditos: diyhealth.com)
Gorduras
Elas representam, provavelmente, o grupo de macronutrientes mais mal compreendido, injustamente temido e
envolto em meias verdades que existe. (Leia aqui uma excelente discussão, escrita pelo médico Dr. Alexandre
Feldman, sobre os interesses por trás da vilanização das gorduras.) Existem gorduras saudáveis e gorduras terríveis.
Vamos discutir aqui as mais adequadas aos pets, sobre as quais você encontra detalhes em outros artigos nesse site.
Mas, adiantando, estamos falando de gordura animal, de manteiga, iogurte integral, da gordura dos peixes, ovos e
vísceras, mas também de algumas gorduras vegetais saudáveis que entram como complementos nas nossas dietas,
como azeite de oliva extravirgem e óleo de coco.
A gordura torna a dieta mais saborosa (por esse motivo nós humanos adicionamos queijo às nossas massas e azeite a
pizzas), promove saciedade, apresenta excelente digestibilidade, é a melhor fonte de energia para carnívoros (fornece
2x mais calorias que proteína e carboidrato). Sem gordura, não há transporte de vitaminas A, D, E e K – que
justamente por isso são classificadas como lipossolúveis, não há fornecimento de ácidos graxos ômegas-3 e 6,
essenciais para o sistema imunológico e para a saúde da pelagem. Gordura atua também fornecendo acolchoamento
interno, protegendo os órgãos internos de colisões e aumentando a resistência ao frio. Sem gordura, não há produção
de hormônios. Quer mais? Gordura é parte integrante de todas as células. Pasme: 60% do cérebro é feito de gordura!
Por todos os motivos acima, jamais devemos omitir gordura da dieta de nossos pets saudáveis – salvo quando
existe um bom motivo médico para isso. Até porque, diferentemente de nós, cães e gatos não costumam
desenvolver doenças coronarianas por acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos ou por colesterol alto. Eles são
carnívoros, lembra?
O que nos traz aos ácidos graxos essenciais. Eles têm esse nome porque são fundamentais ao organismo e só podem
ser obtidos pelos alimentos – não há maneira de sintetizá-los no organismo. Os mais importantes são o ácido graxo
linoleico e o araquidônico (série ômegas-6) e os DHA (ácido docosahexanóico) e EPA (ácido eicosapentanóico), as
estrelas da série ômega-3. Um balanço adequado entre ômegas-6 e ômegas-3 seria de 2:1 a 5:1, dependendo da fonte
consultada.
Na verdade, deficiência de ômega-6 é muito rara, pois esses ácidos graxos são resistentes, estáveis e estão presentes
em vários alimentos (grãos, oleaginosas, gordura de carnes, ovos etc). Muito mais frequente é a deficiência de
ômegas-3, uma vez que essas moléculas oxidam facilmente com o processamento industrial e até com cozimento
excessivo e são encontradas apenas em um punhado de alimentos: peixes marinhos que nadam em águas frias
(salmão selvagem, cavalinha, sardinha, arenque, atum), krill (camarãozinho minúsculo que é comida de baleia) e na
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gordura de laticínios, carnes e ovos de animais criados soltos, à base de forrageira (ou seja, que pastaram grama, não
que comeram ração de grãos em regime de confinamento).
Existem vegetais que fornecem ômegas-3 de outro tipo, chamado ALA (ácido alfa-linolênico), um ácido graxo de cadeia
curta encontrado na soja, na canola e na linhaça. Acontece que o ômega-3 vegetal (ALA) precisa ser convertido pelo
organismo em ômegas-3 DHA e EPA para ser aproveitado, e nossos carnívoros de estimação não fazem
adequadamente essa conversão. Ou seja, para eles, ácido graxo ômega-3 precisa ser o DHA e EPA, aquele encontrado
em peixes como a sardinha.
Gorduras animais saudáveis para nossos carnívoros de
estimação: as presentes em carnes, vísceras, ovos, laticínios
e peixes.
Algumas fontes de gorduras vegetais saudáveis:
óleo de coco e azeite de oliva extravirgem.
(Créditos: skynnyms.com)
Carboidratos
De acordo com inúmeros tratados de nutrição pet, cães e gatos adultos e saudáveis não possuem necessidade de
receber carboidratos em suas dietas. Faz sentido, afinal, esses animais evoluíram consumindo carcaças de outros
animais – um alimento essencialmente pobre em carboidratos e rico em gordura e proteína.
Mas então como cães e gatos obtêm a energia que associamos ao consumo de carboidratos – pães, massas, batatas?
Ora, eles a obtêm diretamente da proteína e da gordura, por um fenômeno bioquímico chamado gliconeogênese,
capaz de converter carne e gordura em glicose (a moeda de energia no organismo).
Não é que cães e gatos não podem receber uma pequena porção de alimentos contendo carboidratos saudáveis
em suas dietas. Mas de maneira geral eles não requerem carboidratos. 
Graças à falta de amilase na saliva, aquela enzima que dá início à digestão dos vegetais e que está presente na saliva
de herbívoros e onívoros, cabe inteiramente ao pâncreas produzir a amilase necessária para digerir os carboidratos
que os cães e gatos ingerem.
O mais fisiológico (“normal”) para esses animais é o pâncreas produzir em maior quantidade enzimas para digerir
proteína e gordura, que são os principais macronutrientes da dieta natural deles. Mas quando comem dietas
excessivamente ricas em carboidratos, o pâncreas canino e felino é forçado a trabalhar dobrado e secretar muito
mais amilase para digerir todo o carboidrato, o que pode causar estresse metabólico.
Um excesso de carboidratos na dieta está relacionado ao diabetes mellitus (sim, porque carboidratos simples são
açúcar), obesidade, tártaro, alergias de pele e otite, queda na imunidade, infecções urinárias, diarreia e gases
intestinais. Continue lendo nossos artigos e você aprenderá que alguns carboidratos devem ser evitados (pães, bolos,
macarrão, fubá) enquanto outros podem ser benéficos à saúde dos pets quando preparados da forma correta e
oferecidos com moderação.
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O inhame é uma excelente fonte de carboidrato, assim como a
batata-doce e o cará. (Créditos: www.saudecerto.com)
Vitaminas e minerais
Vitaminas são grandes catalisadores de reações do organismo. Pense numa reação fisiológica, qualquer uma –
exemplo: coagulação do sangue – e pode apostar que em algum momento dessa reação há participação de pelo
menos uma vitamina.
Existem basicamente dois grupos de vitaminas: as lipossolúveis (solúveis em gordura) – A, D, E e K – e as
hidrossolúveis (solúveis em água) – a famosa vitamina C e as vitaminas complexo B. Todas são fundamentais para o
adequado funcionamento do organismo.
A importância dos minerais vai muito além da manutenção da saúde óssea. Assim como as vitaminas, minerais
desempenham papel fundamental nos processos fisiológicos, como síntese de hormônios e o equilíbriode ácidos e
bases (regulação do pH) de todos os tecidos do corpo.
Minerais e vitaminas são fornecidos por alimentos nutricionalmente densos, como ossos carnudos crus, folhas verde
escuras, fígado, rim e outras vísceras, ovos, algas, iogurte, sal integral, peixes, frutas, tubérculos e legumes.
Alimentos densos em micronutrientes essenciais, como as vitaminas e
os minerais, incluem o fígado (foto), mas também ovos e vegetais.
Outros elementos valiosos
Acima discutimos a importância da proteína, da gordura, do carboidrato, das vitaminas e minerais na dieta de cães e
gatos. Mas existem muitos outros elementos essenciais à boa saúde.
Um deles é a água, embora não estejamos acostumados a considerá-la um nutriente. Mas água é um nutriente, e é o
mais importante deles. Sem água sobrevive-se muito menos tempo que sem comida. A água está naturalmente
presente em alimentos in natura em quantidades generosas: 70 a 80% de alimentos como carnes frescas, ovos, peixes,
vegetais, frutas e grãos cereais cozidos são, basicamente, água.
Isso é fantástico, porque o consumo de alimentos úmidos (naturais) é muito mais fisiológico para predadores como
cães e gatos. As carcaças que eles consomem na natureza também apresentam cerca de 70% de umidade. Essa água
que faz parte da comida otimiza a digestão e mantém o animal bem hidratado, ajudando a prevenir cistites (infecções
urinárias), cálculos urinários e desgaste dos rins.
Esse benefício da água é especialmente interessante para os gatos. Como vimos acima, nosso bichano descende de
felinos do deserto africano, que, frente à ausência de lagos em seu território, evoluíram para extrair a água
naturalmente presente no corpo das suas presas. Manter um gato em uma dieta desidratada – ração seca –
aumenta MUITO as chances dele desenvolver doenças renais e urinárias por viver em constante estado de sub-
hidratação.
Leia aqui um artigo nosso sobre como escolher a melhor água para seu pet.
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Originários do deserto, nossos gatos evoluíram para extrair água de suas presas.
Uma dieta rica em água poupa seus rins e sistema urinário. (Créditos: wildcat.org)
Outros elementos valiosos que certos alimentos fornecem incluem antioxidantes, prebióticos, probióticos e
fitonutrientes.
Antioxidantes, como a vitamina C, combatem a ação prejudicial de radicais livres no corpo, ajudando a neutralizar
danos causados por poluentes, radiação, agrotóxicos, inflamação, toxinas. Em outras palavras, protegem o organismo
contra doenças crônicas, como o câncer. Alimentos ricos em antioxidantes são, via de regra, os mesmos que fornecem
vitaminas e minerais: folhas verde escuras, legumes e frutas, peixes, ovos, fígado, algas e castanhas.
Prebióticos e probióticos, por sua vez, ajudam a regular a função intestinal. “Grande coisa”, você pode pensar. “Só
isso?” Mas hoje sabemos que a saúde começa e termina pelo intestino, considerado o maior órgão do sistema
imunológico. Desequilíbrios no intrincado ecossistema microbiológico intestinal (imagine trilhões de bactérias e
alguns milhões de protozoários) atrapalham a síntese de vitaminas, dificultam a digestão dos alimentos e a absorção
dos nutrientes. Disso podem surgir quadros de desnutrição, alergias, doenças auto-imunes (no qual o organismo
ataca a si próprio), septicemia (infecção generalizada) e toda sorte de doenças inflamatórias crônicas. Então, nada de
banalizar a importância dos prebióticos e probióticos.
É aí que entram os probióticos e prebióticos. O primeiro grupo consiste em bactérias “do bem” que estão presentes
em alimentos fermentados. O exemplo mais clássico é o dos lactobacilos vivos presentes no Yakult, mas os
probióticos podem ser encontrados em outros tipos de comidas fermentadas, como iogurte, kefir e o sauerkraut
(conserva de chucrute). Essas bactérias boazinhas colonizam o intestino e assim contribuem para manter no intestino
uma proporção saudável entre a maioria de bactérias legais e uma minoria de bactérias patogênicas, as do mal.
Prebióticos, por sua vez, são carboidratos que não são digeridos pelo trato digestório e que funcionam como “adubo”
para as bactérias boazinhas. Bem alimentadas, essas bactérias tem maior chance de crescer, se espalhar pelo
intestino e virar o jogo contra as bactérias “vilãs”. Prebióticos estão presentes em alimentos como o levedo de cerveja,
a banana, o tomate e o alho.
Vegetais como legumes, verduras, frutas, hortaliças e algas
concentram fitonutrientes e antioxidantes que protegem o organismo
contra danos relacionados ao estresse, as doenças e o
envelhecimento. (Créditos: diabetes.info.com)
Para se aprofundar:
- Artigo escrito pela médica-veterinária holística norte-americana Karen Becker sobre dietas adequadas ao
carnivorismo oportunista dos cães e obrigatório dos
gatos: http://healthypets.mercola.com/sites/healthypets/archive/2013/04/01/raw-food-diet-part-1.aspx
- White paper do fabricante de dieta comercial canadense para pets Orijen, predominantemente
carnívora: http://files.championpetfoods.com/ORIJEN_White_Paper.pdf
- Nutrient Requirements of Dogs and Cats, National Research Council (NRC), 2006.
- Unlocking the Canine Ancestral Diet, Steve Brown, 2010.
- Your Cat: Simple, New Secrets to a Longer, Stronger Life, médica-veterinária Elizabeth Hodgkins.
20/5/2014 Fisiologia digestiva canina e felina básicas | Cachorro Verde
http://www.cachorroverde.com.br/index.php/fisiologia-digestiva-canina-e-felina-basicas/ 10/10
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