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Disciplina: Química Analítica Experimental Universidade Federal de São Carlos - UFSCar Departamento de Química - DQ / Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia - CCET Experimento 1 Volumetria de complexação: Determinação de íons Cálcio e Magnésio (dureza da água) 1- Tópicos que serão abordados neste experimento - Volumetria de complexação - Dureza da Água - Indicadores Metalocrômicos - Agentes Quelantes 2- lntrodução Originalmente, a dureza da água foi interpretada como a medida da capacidade da água para precipitar sabões. Os sabões são precipitados principalmente pelos íons cálcio e magnésio, comumente presentes na água, mas também podem ser precipitados por outros íons metálicos polivalentes, tais como o ferro, alumínio, manganês, estrôncio, zinco, entre outros. Devido à presença significante dos dois primeiros (Ca2+ e Mg2+) nas águas naturais, a dureza é determinada através dos sais solúveis de cálcio e magnésio, por exemplo, os bicarbonatos, os sulfatos e os cloretos. Há dois tipos de dureza: a temporária e a permanente. A dureza temporária é aquela devida às presenças dos bicarbonatos de cálcio (Ca(HCO3)2) e de magnésio (Mg(HCO3)2). Quando a água que contém esses sais é fervida ocorre a precipitação de sais neutros (os carbonatos) e a dureza é parcialmente removida, de acordo com as seguintes equações: Ca(HCO3)2 → CaCO3 (s) + H2O + CO2 (g) Mg(HCO3)2 → MgCO3 (S) + H2O + CO2 (g) A dureza permanente da água é ocasionada pela presença de outros sais de cálcio e magnésio, usualmente os sulfatos. A dureza permanente não pode ser removida por fervura. A soma das durezas temporária e permanente é conhecida como dureza total da água e geralmente é expressa em mg/L de CaCO3. Titulações complexométricas com EDTA: O ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) pertence a uma categoria de substâncias, chamadas comumente de complexantes ou quelantes que, em condições adequadas de pH, formam complexos solúveis, extremamente estáveis, com a maioria dos íons metálicos, inclusive os alcalinos terrosos. Os complexantes encontram grande aplicação como reagentes titulométricos. Complexos formados com ligantes polidentados (isto é, ligantes capazes de ocupar várias posições de coordenação), como é o caso do EDTA (ver figura a seguir), são chamados quelatos. N CH2 CH2 N CH2 CH2 COOH COOH H2C H2C HOOC HOOC N CH2 CH2 NN CH2 CH2 N CH2 CH2 COOH COOHCH2 CH2 COOH COOH H2C H2C HOOC HOOC H2C H2C HOOC HOOC Na complexometria com EDTA comumente se faz uso de uma solução padrão de seu sal dissódico, Na2H2Y, que fornece em solução aquosa o íon H2Y2-. As reações com os íons metálicos podem ser representadas como: Renato Typewriter Renato Textbox Renato Textbox Disciplina: Química Analítica Experimental Universidade Federal de São Carlos - UFSCar Departamento de Química - DQ / Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia - CCET Mn+ + H2Y2- → MY(4-n)- + 2H+ Os complexos formados são do tipo 1:1, independentemente da carga do íon. Em qualquer dos casos, um mol de íons H2Y2- reage com um mol de Mn+. A solução de um íon metálico a ser titulado com H2Y2- deve ser tamponada, de tal maneira que o pH permaneça constante a um nível apropriado. Isso se faz necessário devido à liberação de íons H+ à medida que se forma o complexo no curso da titulação. Na reação entre um íon metálico e o H2Y2-, é preciso considerar a competição do íon hidrogênio. Os íons metálicos que formam complexos metálicos menos estáveis podem ser satisfatoriamente titulados em solução alcalina, por outro lado, os íons metálicos cujos complexos são muito estáveis, podem ser titulados mesmo em solução ácida. O pH mínimo admissível para a titulação de um íon metálico depende da constante de formação (ou de estabilidade) do seu complexo. Indicadores metalocrômicos: Os indicadores metalocrômicos são compostos orgânicos coloridos que reagem com íons metálicos formando quelatos com coloração diferente daquela do corante livre. O ponto final na titulação de um íon metálico com H2Y2- em presença de um indicador metalocrômico envolve uma reação do tipo: M-lnd + H2Y2- → [MY]2- + lnd (cor A) (cor B) A titulação com H2Y2- acarreta a progressiva complexação dos íons metálicos livres e, por fim, o íon metálico é deslocado do complexo M-Ind e convertido em [MY]2- com a liberação do indicador Ind. O ponto final é acusado pela mudança da coloração do complexo M-lnd para a do corante livre. O complexo M-Ind deve ser suficientemente estável, pois do contrário, em virtude de sua dissociação, não haveria uma mudança de coloração nítida. Porém, o complexo M-Ind deve ser menos estável que o complexo [MY]2- para que a reação acima possa ocorrer convenientemente. Finalmente, o indicador deve ser muito sensível com relação ao íon metálico para que a mudança de coloração possa ocorrer tão perto quanto possível do ponto de equivalência. A coloração assumida por um indicador metalocrômico em uma solução depende do pH e da concentração do íon metálico presente. Como exemplos de indicadores metalocrômicos podemos citar o negro de Ericromo T e a murexida. O negro de Ericromo T é usado nas titulações de magnésio, cálcio, estrôncio, bário, cádmio, chumbo, manganês e zinco. A solução é comumente tamponada a pH 10 com hidróxido de amônio-cloreto de amônio. A coloração do corante, que é vermelho-vinho em presença do íon metálico, muda para azul no ponto final da titulação. A murexida forma complexos suficientemente estáveis em solução alcalina com os íons cálcio, cobalto, níquel e cobre(II). A solução de murexida é vermelho-violeta abaixo de pH 9, violeta de pH 9 a 11 e azul acima de pH 11. O cálcio forma com murexida complexo de cor vermelha em pH 11-12. Disciplina: Química Analítica Experimental Universidade Federal de São Carlos - UFSCar Departamento de Química - DQ / Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia - CCET 3- Objetivos Determinar a porcentagem de cálcio e magnésio presentes em água e caracterizá-la quanto à sua dureza. 4- Procedimento Experimental 4.1- Reagentes e soluções - Solução padronizada de Na2H2Y~0,00500 mol/L - Indicador Murexida - Solução de NaOH 1,00 mol/L - Indicador Eriocromo T - Solução Tampão de NH3/NH4CI (pH 10) 4.2- Procedimento Experimental para Determinação de Ca+2 Pipetar uma alíquota de 50,0 mL de amostra de água em um erlenmeyer de 125 mL. Adicionar 1,00 mL de NaOH 1,00 mol/L (pH=12) e uma ponta de espátula do indicador murexida. Homogeneizar a solução. Titular com a solução padronizada de Na2H2Y até mudança de coloração de róseo, em presença do íon metálico, para violeta (roxo) no ponto final da titulação (esta mudança é bem sensível). 4.3- Procedimento Experimental para Determinação de Ca+2 e Mg+2 Pipetar uma alíquota de 50,0 mL de amostra de água em um erlenmeyer de 125 mL. Adicionar 1,00 mL do tampão NH3/NH4CI e uma ponta de espátula do indicador eriocromo T. Homogeneizar a solução. Titular com a solução padronizada de Na2H2Y até mudança de coloração de vermelho-vinho, em presença dos íons metálicos, para azul no ponto final da titulação. 5- Resultados Determinar a porcentagem de Ca+2 e de Mg+2 nas amostras de água e determinar suas características quanto à dureza. 6- Referências Bibliográficas 1. Golterman, H.L.; Clymo, R.S.; Ohnst, M.A.M. -"Methods for Physical and Chemical Analysis of Fresh Waters.” 2a ed., Oxford, Blackwell Scientific Publications, 1978. IBP Handbook No 8. 2. Christian, G .D., "Analytical Chemistry", John Wiley & Sons, 4th edition, New York, 1986. 3. Flaschka, H.A., "EDTA Titrations", Pergarmon Press, 2nd. Edition, Oxford, 1964. 4. Ohlweiler, O.A., "QuímicaAnalítica Quantitativa", Livros Técnicos e Científicos Ed., 2a ed., vol. 2, Rio de Janeiro, 1976. 5. Skoog. A.; West, D. M.; Holler, F. J.; Crouch, S. R., Fundamentos de Química Analítica, Thomson, São Paulo, 2004. 6. Mendham, J.; Denney, R. C.; Barnes, J. D.; Thomas, M. J. K., Análise Química Quantitativa, LTC Editora, Rio de Janeiro, 2002.
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