Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística – Materiais e Armazenagem Aula 1 Professora Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial A armazenagem não é uma atividade nova nas organizações, pois sempre houve necessidade de estocar produtos, seja por falhas no controle dos estoques, por questões sazonais ou até mesmo por inconsistência nas entregas dos fornecedores. Ao avaliar os aspectos históricos atrelados à armazenagem, observa-se que ela apresenta três grandes momentos: Inicialmente foi a necessidade humana de guardar alimentos, devido às sazonalidades e questões climáticas comuns na produção agrícola. Em um segundo momento, o imperativo da armazenagem esteve atrelado às questões militares (belicismo). Pense que para prover os exércitos, estratégias logísticas foram traçadas para garantir a movimentação e armazenagem de provisões suficientes para abastecer as linhas de frente. Isso fez a diferença entre nações vencedoras e vencidas. Atualmente, a armazenagem é um mecanismo chave no suporte às estratégias das organizações que têm como foco atender prontamente o mercado consumidor e também garantir os processos produtivos. Esses três grandes momentos ocorreram em tempos distintos de país para país e impactaram de forma diferenciada também, pois a necessidade de armazenagem tem suas particularidades. Especificamente no caso do Brasil, sempre houve necessidade de armazenagem para os produtos in natura, já que é um grande produtor agrícola. Pouco tempo atrás, uma visão bastante comum no interior do país e nas áreas portuárias eram os grandes silos repletos de produtos (principalmente grãos) aguardando transporte ou vazios aguardando a safra. Com o passar do tempo, a industrialização também exigiu dos empresários investimentos com armazenagem, com isso a paisagem urbana, principalmente nos parques industriais, passou a contar com grandes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 construções de armazéns gerais. Normalmente grandes estruturas metálicas próprias para guardar temporariamente produtos de diversas naturezas. Essa mudança teve como principal causa a abertura do comércio internacional, o que fez com que houvesse uma aceleração nos investimentos com movimentação interna e armazenagem. Com a real possibilidade de importar produtos de vários pontos do mundo, surgiu a necessidade de ter estrutura física para acomodar os estoques, uma vez que a reposição de produtos importados tem um lead time geralmente maior que a produção nacional. Ainda, para justificar uma importação, os lotes negociados são maiores e temporariamente a empresa pode ficar sem ter onde guardar os produtos, até serem disponibilizados para vendas. Outra causa de impacto nos investimentos em armazenagem foi o aumento no poder de compra das classes C e D. As empresas entenderam que essas classes estavam ávidas pelo consumo de uma infinidade de produtos. Perceberam também que para atender essa demanda, os produtos deveriam estar nos pontos de venda ao alcance dos compradores, os quais não apresentavam disposição para “encomendar” e aguardar sua entrega. Esses fatores fizeram com que as organizações começassem a contemplar em seus Planejamentos Estratégicos (PE) o debate sobre localizações estratégicas de armazenagem, para fazer com que o produto estivesse cada vez mais rapidamente ao alcance dos consumidores. Tema 1 – Fundamentos da armazenagem O entendimento sobre armazenagem é necessário porque a administração moderna enfatiza que manter estoques, ou seja, armazenar produtos, é prejudicial à saúde financeira da empresa, pois tecnicamente o capital que o gestor investiu em estoque não traz retornos. Observe o que Moura (2006) diz a esse respeito: a armazenagem é uma conveniência econômica, em vez de uma necessidade, no sistema logístico. As mercadorias podem ser colocadas em pontos de demanda, sem a necessidade de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 instalações de armazenagem (e de estoques). No entanto, o efeito pode ser a programação péssima de produção, o serviço péssimo ao usuário e o uso ineficiente dos serviços de transporte, o que contribui para as perdas de rendimentos ou para o aumento das despesas (MOURA, 2006). O autor menciona que é possível abastecer o mercado sem a necessidade de armazenagem, desde que a organização seja excelente em programação e gerenciamento dos processos de abastecimento. No entanto, para atingir esse patamar, os gestores necessitam estar capacitados e atentos aos movimentos da demanda, para saber o exato momento de iniciar o processo de reposição, seja da matéria-prima para garantir a fabricação ou do bem nas gôndolas dos varejistas. Nesse ponto ainda ocorrem algumas falhas, pois há dificuldade em captar as informações do mercado e traduzir em números factíveis de produção. Isso significa que enquanto houver descompasso entre o ritmo de produção e o de vendas, haverá necessidade de armazenagem em algum ponto da cadeia. A partir disso, compreende-se então que a operação de armazenagem impacta diretamente no nível de serviço que a empresa oferece ao cliente. Dessa forma os fundamentos da armazenagem necessitam ser conhecidos e estruturados de maneira que auxilie as organizações a atingir seus objetivos. No entanto, admite-se certa complexidade no gerenciamento dessa atividade devido à interdependência de vários departamentos da empresa e até mesmo da cadeia de fornecimento. Por isso, segundo Moura (2006, p. 6-7) os fatores que demonstram a necessidade de armazenagem são: Necessidade de compensação das diferentes capacidades das fases de produção Isso ocorre quando é necessário otimizar o setup (preparação das máquinas) e também quando se faz necessário manter uma reserva técnica de estoques para garantir a produção. Equilíbrio sazonal CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Acontece devido à dependência em que se encontram a fase de aquisição e a de armazenagem, tais como: periodicidade das colheitas e do cultivo dos produtos alimentícios; nos efeitos da moda, quanto à determinação dos artigos próprios da estação respectiva, no caso da indústria têxtil. Garantia de continuidade da produção É essencial regular a montagem dos produtos, principalmente quando os fornecimentos dependem da existência de matérias-primas ou produtos semiacabados os quais somente são conseguidos com programação de longo prazo. Custos e especulação Convém aguardar uma oportunidade de obtenção de ganhos ou de estabilização das conjunturas: quando houver ganhos econômicos na compra de quantidades maiores ou perspectiva de aumento dos preços dos produtos, por exemplo. Entretanto, existem fatores que impactam negativamente quando a organização mantém produtos em estoques, tais como: Os custos da armazenagem, entre os quais: instalações, estruturas físicas, mão de obra, equipamentos e movimentação dos materiais no armazém; O capital imobilizado no material estocado; Obsolescência e perda de material, devido sua perecibilidade. Esses elementos indicam que a armazenagem exige espaço físico interno ou externo à organização, onde estão alocados os produtos para venda, os quais serão movimentados e transportados conforme a necessidade da distribuição. Essa definição é complementada quando se entende que, para armazenar, mesmo que temporariamente, são necessários recursos físicos, tecnológicose de pessoas para que o processo seja efetivado. Segundo Ballou (2007), a empresa tem quatro razões básicas para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 destinar parte de seu espaço físico para armazenagem: reduzir custos de transporte e produção; coordenar suprimento e demanda; auxiliar no processo de produção e auxiliar no processo de marketing. A partir da visão do autor, percebe-se que a armazenagem é bastante ampla e sinérgica com outros setores das organizações. Na prática, trata-se de um dos pilares da logística interna da organização, conhecida como intralogística. Tema 2 – Princípios da armazenagem Com todo o investimento que já houve nas áreas de engenharia, arquitetura, organização e sistemas, muitos princípios, melhorias e métodos já foram propostos para aperfeiçoar o desempenho de um armazém. Para ilustrar esse desenvolvimento, a seguir serão apresentados os vinte princípios básicos da armazenagem adaptado do material de Moura (2006). Tal conteúdo é necessário para que o gestor tome conhecimento dos principais conceitos envolvidos na fase de idealização de um espaço que comportará uma armazenagem eficiente: Planejamento: planejar estrategicamente a movimentação, a armazenagem e o controle de materiais que contemplam os planos estratégicos de manufatura, marketing e distribuição. Sistema híbrido: planejar um sistema que integre as operações de movimentação, estocagem e controle de coisas diferentes de maneiras diferentes. Fluxo de materiais: implementar um layout para armazéns, com base no fluxo de entrada e saída de materiais. Controle: planejar e implementar sistemas que realmente auxiliem no controle físico dos materiais, bem como propiciar controles fiscais, de inventários e administrativos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Simplificação: primar pela simplificação das operações de movimentação, armazenagem e controle de materiais. Capacidade de reabastecimento: planejar um sistema que maximize a reposição para o armazém. Capacidade de espaço: maximizar a utilização da capacidade de estocagem com base no espaço cúbico. Tamanho unitário: incentivar a unitização de cargas para aumentar a quantidade, o tamanho e o peso da carga movimentada armazenada. Automação/mecanização: quando necessário, ou quando possível, automatizar as funções de movimentação, armazenagem e controle. Seleção do equipamento: investir em equipamentos de movimentação com base nas características e necessidade do fluxo de mercadorias, tamanho da carga, da armazenagem e do controle. Padronização: eleger padrões e métodos adequados que facilitem a movimentação, a armazenagem e o controle. Adaptabilidade/flexibilidade: planejar prédios e depósitos que consigam responder rapidamente às mudanças exigidas pelo mercado. Layout/corredor: garantir que comprimentos, larguras, alturas e disposições dos corredores atendam às necessidades de movimentação, armazenagem e controle. Utilização: maximizar a utilização de pessoal, dos equipamentos e do espaço de armazenagem. Manutenção: primar pelas manutenções preventivas e programar os reparos em prédios, equipamentos de movimentação e estrutura de armazenagem. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Obsolescência: adotar a revisão periódica para identificar se os itens e se a estrutura não está obsoleta e perdendo produtividade. Desempenho: acompanhar e mensurar periodicamente a produtividade do armazém. Auditoria: implementar programa de auditoria dos sistemas, por meio da movimentação, da armazenagem e do controle, para se certificar que o armazém atende as normas internas e externas. Instalação: projetar a instalação (pé-direito, estanterias, saídas de emergência, sistemas de ventilação, entre outros) de modo que seja suficiente para acomodar a quantidade de itens que a organização deseja. Segurança: investir em segurança do colaborador que trabalha no armazém, da movimentação dos materiais, da armazenagem e do controle dos itens. Esses princípios foram desenvolvidos ao longo dos anos com os mapeamentos das necessidades das organizações e de algumas implementações em empresas que investiram nas melhores práticas de mercado. No entanto, alguns desses princípios podem ser úteis para certas organizações e para outras não, o fato é que eles são os resultados de anos de estudos e aplicações práticas. Vale ressaltar ainda que a construção do conhecimento nas organizações é algo em constante movimento, e esses princípios podem ser alterados e complementados a qualquer momento. Tema 3 – Objetivos da armazenagem O objetivo da armazenagem é garantir a integridade física dos produtos e dos colaboradores. Até algum tempo, as empresas perceberam que uma parte de seus investimentos se destinam a essa área. Essa percepção finalmente se CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 traduziu em revitalizações para os armazéns já existentes, bem como em projetos meticulosamente desenvolvidos para novos espaços de armazenagem, para que garantissem a integridade física dos produtos e dos colaboradores. Com essa nova perspectiva, os gestores dos processos logísticos de armazenagem passaram a definir quais os objetivos básicos que esse setor deveria apresentar para justificar sua existência na organização. Isso porque o processo de armazenagem pode ser facilmente terceirizado para os operadores logísticos que contam com know-how suficiente para tal tarefa. Na prática, os objetivos da armazenam dependem do tipo da empresa e do tipo de produto que ela armazena. Mas para propiciar o entendimento, de forma genérica, um dos objetivos é maximizar a utilização do espaço físico disponível para ampliar a capacidade de armazenagem de produtos acabados. No entanto, observe que esse objetivo faz sentido quando a empresa atende uma cadeia varejista, mas pode não fazer sentido para outra, que atua em segmento diferente e que armazena insumos produtivos ou produtos commodities, por exemplo. Moura (2006) define que o objetivo básico da armazenagem é: “maximizar o uso efetivo dos recursos, enquanto são satisfeitas as necessidades dos usuários”. E isso leva em consideração os seguintes aspectos: Os armazéns têm três recursos escassos: espaço, equipamentos e pessoas. Os usuários de um armazém têm duas exigências básicas: que o produto certo esteja disponível no lugar certo e no tempo certo e que o produto seja recebido em condições. A partir disso, o autor ainda complementa que, com base nestes recursos escassos e nas necessidades do usuário, um armazém deve atingir objetivos primários, conforme a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Maximizar: Utilização da mão de obra; Utilização do equipamento; Utilização do espaço; Utilização da energia; Giro dos estoques; Acesso a todas as mercadorias; Proteção a todos os itens; Controle de perdas; Serviços aos consumidores; Produtividade. Minimizar: Custos. Esses objetivos são atingidos quando o armazém realiza com competência as suas funções básicas, como receber materiais, estocá-los até sua utilização e retirá-los do estoque quando necessário. Certamente uma organização pode ter dificuldade em atingir todos esses objetivos imediatamente, entretanto, os gestores vão buscar o maior deles sempre com o foco de tornar seu processo de armazenagem eficiente e eficaz, para que possa dar suporte à estratégia da empresa. Tema4 – Flexibilidade na armazenagem As atividades de movimentação e armazenagem por si só não agregam valor ao cliente. Essa frase, bem conhecida, passa a ideia de que essas tarefas são apenas custos ou despesas, sendo ainda um empecilho para a melhoria da competitividade da empresa. Isso em parte é verdade, mas há muito tempo essas tarefas passaram a fazer parte das estratégias operacionais das firmas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 que entendem movimentação e armazenagem como desafio e não como inibidor de crescimento. Essa mudança de visão fez com que pesquisas fossem desenvolvidas buscando a melhoria contínua no processo de movimentação e armazenagem. Sem dúvida, a Tecnologia da Informação (TI) foi a grande aliada, e com isso novas ferramentas de trabalho e novos equipamentos foram concebidos. Esses progressos trouxeram ganhos para as empresas, possibilitando a utilização do estoque como diferencial competitivo. Segundo Banzato (2003, p. 20), em linhas gerais, a melhoria contínua aplicada nos armazéns tem trazido ganhos nos seguintes aspectos: Redução do espaço físico dos armazéns; Aumento dos níveis de serviços ao cliente, com aumento da resposta de atendimento e da customização; Redução das devoluções de clientes e das cobranças; Níveis reduzidos de estoques obsoletos e lentos; Flexibilidade adicional para pedidos especiais ou críticos; Aumento dos giros dos estoques. Alguns desses aspectos apresentados ainda são desafios para muitas empresas no Brasil, mas é fato que cada vez mais a armazenagem terá que oferecer flexibilidade, pois os lotes estão cada vez menores e a variedade de produto cada vez maior. Além disso, o ciclo de vida do produto está cada vez menor, fazendo com que esse armazém seja flexível para mudar de configuração quantas vezes o marketing considerar necessário. Como o marketing nem sempre consegue trazer para a produção os números exatos das necessidades de mercado, é papel do Setor de Armazenagem dispor de espaço para acomodar os excedentes, seja de matérias-primas ou de material acabado. Dessa forma, a flexibilidade do espaço para armazenagem auxiliará a manter o equilíbrio entre a oferta e a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 demanda. Banzato (2003) defende que a flexibilidade do armazém deve ser projetada e deve ocorrer em todas as funções, tais como no recebimento, na movimentação de materiais, na estocagem, na separação, no sortimento, na expedição, na rotulagem, na embalagem e no sistema de gerenciamento e capital humano. Quando um armazém consegue imputar flexibilidade em todos os processos inerentes a armazenagem, o mesmo consegue manter suas vantagens competitivas. Outro fator determinante em quão flexível pode ser um armazém reside no conhecimento do volume da movimentação de itens diários do depósito. Quanto maior for o giro dos estoques desse depósito, maior será a velocidade das operações envolvidas e maior será a necessidade de flexibilidade. Tema 5 – Desafios da armazenagem Pode-se dizer que na atualidade as lojas virtuais são os maiores “clientes” dos armazéns e da logística de transporte. Diante disso, muitas organizações já passaram a utilizar os centros de distribuição ou os armazéns como mini fábricas, pois já estão desenvolvendo atividades de finalização dos produtos dentro de tais espaços. Com essa tática, reduzem o estoque de produtos acabados dentro da indústria e também nos depósitos dos grandes varejistas, pois o produto sai da fábrica semiacabado e aguarda o “pedido” do varejista. Esses produtos em processo são finalizados de acordo com o pedido e encaminhados ao varejista ou distribuidor. Com isso, atinge-se o objetivo de reduzir estoques sem aumentar o tempo de entrega. Entretanto, para que isso seja realizado com efetividade, as organizações envolvidas nesses processos necessitam ter estratégias bastante claras e acordos comerciais confiáveis. Assim, percebe-se que um dos maiores desafios da armazenagem hoje é se manter eficiente em agilidade e custo para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 as organizações. Pois para que esse departamento agregue valor ao produto, são necessários investimentos em tecnologia da informação, capacitação do capital humano, escolhas assertivas de localização e eficiência do sistema logístico disponível. Para uma visão dos desafios futuros, as organizações terão que estruturar melhor seus ambientes de armazenagem, para que possam utilizá- los de forma mais inteligente em termos econômicos. Devido a isso, é possível entender que a armazenagem do futuro será de períodos cada vez mais breves, pois não haverá interesse em manter produtos em estoque em nenhum ponto da cadeia. Outra situação que futuramente será o diferencial da armazenagem serão as automatizações maciças dos depósitos e a utilização de sistemas informatizados de controle, tudo isso para agilizar o processo de distribuição dos produtos para o mercado consumidor. Não deixará de ser considerado um desafio devido aos altos custos dos investimentos nesses equipamentos. Na prática Leia parte da matéria jornalística: “Setor Farmacêutico Impulsiona Crescimento da Logística no Brasil”, disponível em: <http://jornaldiadia.com.br/2016/?p=165672>. “São Paulo, junho de 2016 – Em abril de 2016, o setor farmacêutico alcançou um faturamento R$ 1,25 bilhões, movimentando 68,64 milhões de unidades de unidades de medicamentos. No mesmo período do ano passado, o faturamento correspondia a R$ 1,14 bilhão com a movimentação de 66,79 milhões de unidades de medicamentos, segundo a pesquisa realizada pelo IMS Health com base na rede de associados da Abradilan (Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos). Com base nos dados de crescimento citados acima, o setor farmacêutico é um dos poucos que cresce em cenário de crise, e ao mesmo tempo, impulsiona os negócios de outros segmentos, devido a sua demanda de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 armazenamento e distribuição de medicamentos em todo o país. Exemplo disso, é a Ativa Logística (www.ativalog.com.br), empresa com mais de 20 anos e considerada um dos maiores operadores logísticos de medicamentos e cosméticos no Brasil. Diante desse cenário, a Ativa cresceu 30% em 2014, em 2015 o crescimento foi de 18% e para 2016 a perspectiva é de 20%. Segundo o presidente da Ativa Logística, Clóvis A. Gil, a empresa tem crescido e prosperado. “Entre os setores que atendemos, alguns tiveram um pequeno declínio no movimento, mas outros, como o segmento de medicamentos genéricos, seguem crescendo.” Em 2015, o embarque de genéricos aumentou 24,6%. Atualmente, 45% dos mais de 1000 clientes atendidos pertencem ao segmento farmacêutico, responsável pela movimentação de 14 mil toneladas de produtos mensalmente. Ele explica que a especialização em medicamentos e cosméticos requer cumprir uma série de exigências feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os caminhões da Ativa são equipados com baús isotérmicos e a empresa tem câmaras frias com temperaturas entre 2°C e 8°C e salas climatizadas entre 15°C e 25°C. Além disso, em todas as unidades, a empresa mantém um farmacêutico responsável, que garante as condições adequadas de armazenamento. Para aumentar a produtividade e atender mais clientes e superar esse momento de dificuldade da economia interna, a Ativa Logística investiu R$ 8 milhões em renovação da frota e na ampliação dos centros de distribuição das cidadesde Viana (ES), Curitiba (PR) e Itapevi (SP). “No início de 2016 já inauguramos duas unidades próprias nas cidades de Resende (RJ) e Juiz de Fora (MG) para ampliar a abrangência geográfica e aumentar a capacidade de transporte na região em que já operamos”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 A partir da reportagem e do seu conhecimento inicial de armazenagem desenvolva as atividades a seguir: a. Contextualize em qual dos três grandes momentos da armazenagem essa reportagem se refere. b. Justifique porque o setor de medicamentos tem conseguido crescer durante a crise. c. Cite e justifique dois desafios da armazenagem que são mencionados na matéria jornalística. d. Explique a estratégia de crescimento que a empresa mencionada na matéria jornalística adotou. Síntese Nesse primeiro contato com os conceitos de armazenagem, assuntos pertinentes foram apresentados com o intuito de prepará-lo para a construção do conhecimento nesse tema, considerado de extrema importância para as organizações. Diante disso, alguns pontos de reflexão devem ser levados em consideração: A armazenagem tem como fundamentos: elevar o nível de serviço entregue ao cliente e combater a concorrência; A armazenagem requer investimentos em fatores essenciais, como espaço, instalações, pessoas e tecnologia da informação; Os princípios da armazenagem foram construídos a partir do conhecimento das pessoas, das iniciativas das empresas e dos estudos das academias e instituições especializadas nessa área; Os principais objetivos da armazenagem são maximizar o uso dos recursos e suprir as necessidades dos usuários; Compete aos gestores buscar incansavelmente imputar cada vez mais CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 flexibilidade para atividade de armazenagem, para que ela seja útil nas organizações; É importante estar atento às mudanças no mercado consumidor e às práticas adotadas pelas organizações, pois os desafios serão cada vez maiores, principalmente com o crescimento do e-commerce. Referências RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, Controle e Distribuição. Curitiba: InterSaberes, 2013. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. Tradução de Hugo T. Y. Yoshizaki, 1. ed., 18. reimpr. São Paulo: Atlas, 2007. BANZATO, Eduardo. et al. Atualidades na armazenagem. São Paulo: IMAM, 2003. MOURA, Reinaldo Aparecido. Manual de logística: armazenagem e distribuição física. Volume 2. São Paulo: IMAM, 1997, 4. ed., 2006. Sites consultados: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2003_TR0112_0473.pdf https://www.youtube.com/watch?v=Uf2LQ41m4yA https://www.youtube.com/watch?v=pCg2Lee7CXk http://www.imam.com.br/logistica/noticias/armazenagem/2290-localfrio-inicia- armazenagem-de-produtos-farmaceuticos http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/b2b1b880436841eb88f7ec74bfb02 411/RDC+39-2013+Concess%C3%A3o+de+CBPF.pdf?MOD=AJPERES http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-importancia-da- armazenagem/62513/ https://www.youtube.com/watch?v=ZnPMKW7ya-k https://www.youtube.com/watch?v=P1onrKGZmNo http://www.guialog.com.br/artigo/Y686.htm 1 Logística – Materiais e Armazenagem Aula 1 Profa. Rosinda Angela da Silva Aula 1 – Vídeo 1 Logística: Materiais e Armazenagem � Organização das aulas Materiais e Armazenagem 6 – Sistemas de Controles (T.I. e Indicadores) 2 – Operações e Armazenagem3 – Planejamentos da Estrutura Física do Armazém 1 – Conceitos Fundamentais da Armazenagem 4 – Métodos de Estocagem e Movimentação de Materiais 5 – Dispositivos de Segurança no Armazém Aula 1 Conceitos e Definições de Armazenagem 2 – Princípios da Armazenagem 3 – Objetivos da Armazenagem 1 – Fundamentos da Armazenagem 4 – Flexibilidade na Armazenagem 5 – Desafios da Armazenagem Introdução Por que devemos estudar a Armazenagem? O que precisamos? � Planejamento � Recursos humanos e físicos � Organização � Gerenciamento � Controle 2 Armazenagem moderna � Flexível � Organizada � Tecnológica � Automatizada � Estratégica Aula 1 – Vídeo 2 Armazenagem X Sistema JIT Proposta do JIT � “Puxar” o estoque � Meta: eliminar estoques � Economia de recursos (financeiros, espaços, equipamentos, pessoas) Proposta da Armazenagem � Reduzir distâncias � Otimizar custos de transporte � Resposta Rápida (RR) � Suportar estratégias de MKT Utilizando os dois sistemas � JIT na produção � JIT para itens críticos � Armazenagem de itens: críticos, sazonais, estratégicos 3 Aula 1 – Vídeo 3 Por que a Armazenagem precisa de princípios e regras? Fatores de impacto � Tipo de material � Embalagem (unitizada, granel, individual) � Volume de estoque � Espaço necessário E o que mais? � Fluxo da operação � Pessoas (quantidade e qualificação) � Equipamentos de movimentação interna Aula 1 – Vídeo 4 Objetivos estratégicos da armazenagem 4 Buscar o equilíbrio � O cliente quer o produto na gôndola � A empresa quer reduzir os custos de armazenagem Objetivos estratégicos � Disponibilizar o produto que o cliente deseja � Minimizar os custos desta estratégia � Chegar antes da concorrência Aula 1 – Vídeo 5 Flexibilidade na prática Tornando o armazém mais contemporâneo � Deixar de estocar “volume” de produtos para “estocar” variedade de produtos Customizando a armazenagem � Priorizar estruturas versáteis e modulares � De fácil mudança: fluxos, estanterias, layout 5 Aula 1 – Vídeo 6 Armazenagem estratégica Centro de Distribuição Avançado (CDA) � Estrutura escalonada � Recebe grandes carregamentos consolidados � Rápido atendimento Cross-docking � Múltiplos fornecedores � Clientes comuns � Não há estoque � Separação de pedidos � Intensa movimentação de cargas 6 � Transit Point � Atende geograficamente � Instalação passageira � Não mantém estoques � Recebem cargas consolidadas � Fracionam e despacham Merge in transit � Junção de JIT com cross-docking � Para itens de alto valor agregado � Consolida componentes � Monta e despacha Aula 1 – Vídeo 7 Síntese da aula 1 7 O que se espera da Armazenagem? � Versatilidade � Flexibilidade � Custo controlado � Estrutura adequada O que podemos fazer? � Atenção � Qualificação � Ferramentas � Sistemas � Flexibilidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística – Materiais e Armazenamento Aula 2 Professora Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Para a maioria das empresas, a atividade intralogística de Armazenagem (logística interna), é vista como complexa, geradora de altos custos e não agregadora de valor para o cliente. Tanto a complexidade do gerenciamento da armazenagem quanto os custos dependem dos volumes de estoques que a empresa decide manter. Então estima-se que, se a organização consegue gerenciar bem seus estoques, tecnicamente não terá dificuldade em gerir seu sistema de armazenagem e manter os custos controlados. Na realidade, se bem gerenciada, essa atividade é capaz de trazer competitividade para organização. Entretanto, para isso, os gestores precisam conhecer os conceitos e os fundamentos que regem essa função imprescindível para ascorporações que desejam abastecer o mercado consumidor com seus produtos. As atividades de Armazenagem e Movimentação de materiais interagem com as demais atividades da organização em maior ou menor grau e, para entender melhor como cada atividade pode interagir, o conhecimento sobre sua operacionalização se faz necessário. Pense que, para garantir insumos para sua produção em tempos de crise ou sazonalidades e até mesmo de transição de fornecedor, uma indústria opta por trabalhar com determinado volume de estoque. Da mesma forma, um atacadista, distribuidor e varejista também opta em manter certo volume de estoque em seus depósitos para abastecer mais rapidamente as áreas de venda. É importante saber que, por mais que diversas estratégias já tenham sido desenvolvidas para reduzir as operações de armazenagem, tais como Reposição Automática, VMI (Vendor Managed Inventory – Estoque Gerenciado pelo Fornecedor), e ECR (Efficient Consumer Response – Resposta Eficiente ao Consumidor), muitas organizações ainda mantêm seus CDs (Centros de Distribuição) ou Armazéns (próprios ou locados) em pontos estratégicos para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 garantir a reposição dos pontos de vendas. Certamente isso exige planejamento e controle de todas as atividades no processo de armazenagem e por isso é útil estudar as operações envolvidas em um Armazém. Tema 1 – Operação: Recebimento de materiais Em algumas corporações, na prática, a Armazenagem é um setor estruturado que possui rotinas diárias desenvolvidas por colaboradores capacitados. Segundo Moura, (1997) p. 9, as principais funções da Armazenagem são: Recebimento (descarga); Identificação e classificação; Conferências (qualitativa e quantitativa); Endereçamento para o estoque; Estocagem; Remoção do estoque (separação de pedidos); Acumulação de itens; Embalagem; Expedição; Registro das operações. A partir dessa classificação apresentada pelo autor, é possível mensurar a quantidade de atividades que ocorrem em um processo de armazenagem, as quais necessitam de procedimentos, acompanhamentos e controles para manter a eficiência da intralogística (termo utilizado para designar as atividades internas ligadas à logística) da empresa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Setor de Recebimento O Setor de Recebimento faz parte do Departamento de Almoxarifado, Armazém ou Depósito e é responsável pela conferência na entrada dos produtos adquiridos pela empresa. Segundo Paoleschi, (2013) p. 68, as principais conferências são: “quantidade, peso, classificação fiscal, empilhamento máximo, volume, validade, marca, cor, voltagem, vencimento da nota fiscal e embalagem retornável”. A atividade de recebimento pode ser dividida ainda em dois momentos: o fiscal e o físico. O recebimento fiscal é uma conferência que os colaboradores necessitam fazer quando a nota fiscal que acompanha os produtos chega até a empresa. Alguns autores preferem deixar claro que essa não é uma tarefa que deve ser realizada pelos Almoxarifes, e sim por pessoas do Departamento Fiscal. Mas na prática, no ato do recebimento, uma prévia conferência é realizada, até para que o colaborador identifique se é uma compra, uma devolução, um retorno, um complemento ou outra situação. Com o advento da Nota Fiscal Eletrônica (NFE) implantado no Brasil, atualmente as empresas recebem notificação de emissão do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE). Isso ocorre em tempo real, ou seja, assim que o material foi faturado pela empresa fornecedora. Com isso, realmente o setor fiscal recebe esse arquivo antecipadamente e pode conferi-lo previamente sem o envolvimento dos almoxarifes. Porém, boa parte das empresas continua conferindo apenas depois que o material chega a área de recebimento. A informatização das notas fiscais é benéfica para o setor de Recebimento porque tem informação da quantidade exata de itens que chegarão à empresa com antecedência. Com isso, os colaboradores podem se preparar melhor para receber os pedidos e consequentemente organizar espaço no armazém para acomodá-los. O recebimento físico consiste em avaliar qualitativamente os produtos que chegam: verificar a integridade da embalagem, aspecto visual do produto, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 prazo de validade e outros. Essa ação desenvolvida pelo Setor de Recebimento é apenas um filtro, pois parte do material será segregada para que o Controle de Qualidade possa analisar tecnicamente o material. Na conferência quantitativa é verificado se as quantidades físicas recebidas estão de acordo com os valores das notas fiscais. Nesse caso, o material segue o trâmite normal da operação; caso esteja diferente, o setor de Compras é acionado para comunicar o fornecedor e negociar a situação. Segundo Paoleschi, (2013), p. 70, essas conferências podem utilizar os seguintes métodos: Manual: pequenas quantidades. Por meio de cálculos: embalagens padronizadas com grandes quantidades. Por meio de balanças contadoras pesadoras: grande quantidade de pequenas peças, como parafusos, porcas ou arruelas. Pesagem: materiais de maior peso ou volume, pode ser feita com o veículo transportador em balanças rodoviárias ou ferroviárias, casos em que o peso líquido será obtido por meio da diferença entre o peso bruto e a tara do veículo. Materiais de menor peso podem ser conferidos por pesagem direta em balança. Medição: em geral efetuada por trenas, paquímetros, réguas, micrômetros ou balanças. Todos esses cuidados na fase de Recebimento farão com que os produtos que adentrem a empresa estejam de acordo com as negociações. Para garantir um procedimento padrão de conferência, normalmente um checklist é utilizado. A seguir, temos um exemplo genérico de checklist de Recebimento (Folha de Verificação): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Checklist de Recebimento Data: Fornecedor: Número da Nota Fiscal: Família de Produtos: Itens a verificar Sim Não Ocorrência Cód. Operador Há pedido de compra? Está no prazo? Número do Pedido? Quantidade de volumes? Embalagem adequada? Peso confere? Código de barras? Condição de Frete? Condição de pagamento? ........ ........ Nota fiscal Ok? Em caso de inconsistências, contatar o Departamento de Suprimentos, Ramal: _______ ***Família de produtos: MP (Matéria-prima) GGF (Gastos Gerais de Fabricação), EMB. (Embalagens), EPI (Equipamento de Proteção Individual) …*** O modelo de checklist apresentado pode e deve ser adaptado para a necessidade de cada empresa. Pense que a utilização de procedimentos já estabelecidos facilita o trabalho dos colaboradores envolvidos no recebimento, evita erros e traz agilidade para a aceitação ou recusa do material, respeitando o tempo dos transportadores, 0071ue normalmente têm pressa em descarregar a mercadoria para seguir viagem. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Tema 2 – Avaliação da Qualidade Entre as atividades do Controle de Qualidade, aprovar a entrada de matérias primas e componentes dentro das especificações exigidas pela empresa é uma das mais importantes do setor e requer extrema responsabilidade. A avaliação e aprovação dos insumos pelo Setor de Qualidade garantirá que os produtos que irão para linha de produção ou para estoque atendem às necessidades da organização.Com produtos de qualidade assegurada, é possível afirmar que os setores Produção, Marketing, Vendas, Finanças, Compras e Armazenagem não correrão o risco de parar suas atividades decorrentes de um material de qualidade inadequada. Para analisar os materiais que chegam à empresa, a inspeção técnica realizada pelo Controle de Qualidade deve seguir um procedimento padrão, o qual contempla, no mínimo, os itens propostos por Paoleschi, (2013) p. 70: Características dimensionais; Características específicas; Restrições de especificação; Embalagem para transporte; Embalagem final. Esses itens serão comparados com especificações técnicas do produto, as quais devem ter sido encaminhadas ao fornecedor com antecedência. Também serão conferidas com as descrições nas notas fiscais, ordens de compras ou contratos de fornecimento. Isso depende da criticidade do produto que a empresa adquire para suas atividades produtivas ou até mesmo para as revendas. Para tal, o Controle de Qualidade utiliza os instrumentos de medição (equipamentos metrológicos) para garantir que os padrões informados aos fornecedores estão sendo atendidos. Geralmente os principais instrumentos usados pelas indústrias são os paquímetros em suas diversas configurações, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 micrômetros, termômetros, relógios comparadores e apalpadores, réguas graduadas, trenas e afins. A utilização de cada equipamento depende do tipo de produto que a empresa utiliza em seu processo produtivo e tal prática tem como objetivos principais: Manter padrões dos produtos; Garantir a qualidade dos produtos finais; Permitir reprodutibilidade e repetibilidade; Auxiliar as empresas a manterem seus processos e produtos em conformidade com as normas; Permitir a intercambiabilidade de peças. Isso se tornou fundamental devido às novas necessidades do mercado, uma vez que os clientes estão mais exigentes e os produtos cada vez mais sofisticados. Questões como a globalização dos mercados, os avanços na tecnologia e as exigências de indústrias e fabricantes têm feito com que as empresas busquem garantir a qualidade dos seus produtos. E esse processo se inicia no momento em que os Setores de Recebimento e Controle de Qualidade avaliam adequadamente os produtos que adentram na organização. Tema 3 – Liberação ou recusa dos materiais Após o Setor de Controle de Qualidade fazer todas as avaliações pertinentes ao produto, ele estará apto a ser encaminhado para a linha de produção, para a estocagem ou para área de vendas. Para garantir que apenas as matérias primas e componentes aprovados pelo Controle de Qualidade seguirão para a linha de produção ou para armazenagem, um POP (Procedimento Operacional Padrão) ou uma Instrução de Trabalho (I.T.) deve ser seguido. Caso o material tenha sido rejeitado pelo Controle de Qualidade, terá CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 que ser segregado e identificado para não correr o risco de ser utilizado erroneamente até ser devolvido ao fornecedor ou encaminhado para o descarte. Esses procedimentos de liberação ou rejeição geralmente apresentam o seguinte padrão: O colaborador do Controle de Qualidade faz os testes pertinentes para a certificação de que o produto está de acordo com as especificações técnicas exigidas pela empresa. Na maioria dos casos, essa avaliação da qualidade é realizada apenas em parte do lote entregue (amostragem). Caso o produto esteja dentro do esperado, dá-se sequência na aceitação do item e os trâmites de entrada são executados. Entretanto, caso o material não atenda às exigências acordadas entre empresa cliente e empresa fornecedora, será necessário devolver o item ao fabricante. Para isso, o Setor de Compras será formalmente notificado (via e-mail, telefone, documentação interna ou outro) sobre a necessidade de troca ou devolução da mercadoria, entrando em contato com o fornecedor e negociando a devolução. É preciso esclarecer que, mesmo que a responsabilidade da devolução seja do Departamento de Compras (é dessa forma na maioria das organizações, mas não é uma regra rígida), o Controle de Qualidade dará todo o suporte técnico para que essa devolução seja justificada e registrada como ocorrência de fornecimento. Diante disso, o Controle de Qualidade emite um Relatório de Não Conformidade (RNC), o qual é enviado ao fornecedor, explicando os motivos técnicos da devolução e solicitando uma ação de melhoria por parte do fornecedor. O Controle de Qualidade acompanhará a negociação do Setor de Compras com o fornecedor para se certificar que o produto com defeito será substituído e garantir que o problema será sanado de tal forma que não ocorrerá mais. A seguir, temos um modelo padrão de RNC para uma devolução de material em desacordo com o pedido de compras. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Relatório para Ação: Corretiva X Nº XXX Preventiva Data: XX/XX/XXXX Controle da Qualidade Processo Fornecedor X Administrativo Reclamação de cliente Descrição: XXXXXXXXXXXX Código interno: XXXXXX Produto: XXXXXXXXXXXXX Qtde do Lote: XXXXXXXXX N. Fiscal: XXXXXXXX Data de Emissão: XX/XX/XXXX Desenho ou Especificação: XXX Fornecedor / U.F: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Cliente: XXXXXXXXXXXXXX DESCRIÇÃO DA NÃO CONFORMIDADE (REAL OU POTENCIAL). QUANTIDADE NÃO CONFORME. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXX Disposição do Material: Concessão N° => Aceito Condicional Sucatear Devolver ao Fornecedor Retrabalhar Rejeitado X Outros COLOCAR AQUI INFORMAÇÃO AO PRAZO QUE O FORNECEDOR TERÁ PARA RESPONDER A NÃO CONFORMIDADE, BEM COMO O PRAZO PARA CORRIGIR A FALHA DE FORMA QUE EVITE A REINCIDÊNCIA. 1) Possíveis causas da Não Conformidade: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 2) Abrangência da Não Conformidade: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 3) Ação Corretiva / Preventiva (para os campos 1 e 2): XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Resp: XXXXXXXXXXX Data: / / Prazo: / Verificação da Eficácia da Ação Corretiva / Preventiva: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. Resp: XXXXXXXXXXX Data: / / XXXXXX XXXXXXXXX XXXXXX Inspetor da Qualidade Coordenador de Qualidade Comprador ou Área de Recebimento RNC: Revisão: 02 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 O modelo padrão apresentado pode e deve ser adaptado e otimizado para cada tipo de organização, mas é válido lembrar que o ideal é que a devolução do material rejeitado pelo Controle de Qualidade seja realizada o mais breve possível para que não ocorra desabastecimento nas linhas de produção ou nas áreas de vendas. Tema 4 – Movimentação de materiais Das pirâmides do Egito à Muralha da China, ou qualquer outra grande obra que encanta a humanidade até hoje, todas necessitaram de grande movimentação de materiais. Por mais que verdadeiros exércitos tenham trabalhado nessas obras, foram as técnicas de movimentação e os equipamentos que, por mais rudimentares que fossem, auxiliaram o homem nesses empreendimentos. Com esse fato, percebe-se a importância da mecanização da movimentação. Atualmente, com todos osavanços tecnológicos aplicados na fabricação dos equipamentos, cada vez mais o colaborador torna-se o operador, deixando de utilizar a força física. Então, para que o Setor de Armazenagem tenha agilidade na execução das tarefas, a empresa precisa investir em equipamentos de movimentação interna para que seja possível movimentar mais em menos tempo. Esse conceito, que é o mesmo da produtividade, significa que não é possível conceber que uma empresa aspire velocidade nas atividades do armazém com operações manuais. Mas Moura (2000) contesta e afirma que um fator frequentemente negligenciado, a movimentação manual, pode ser na verdade a mais fácil, a mais eficiente e o método menos dispendioso de movimentar o material. Logo, somente depois de provado que o manuseio humano é o mais caro, perigoso ou lento é que poderá o analista voltar sua atenção para os equipamentos, que serão apresentados posteriormente. Para subsidiar a tomada de decisão mais assertiva, serão apresentados os princípios que norteiam um bom projeto de movimentação e manuseio de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 materiais. Segundo Gaither, (2002) p.199, estes princípios são: Os materiais devem movimentar-se entre as instalações em fluxos lineares, minimizando ziguezagues ou recuos; Processos de produção relacionados devem ser organizados a fim de proporcionar fluxos lineares de materiais; Dispositivos mecânicos de manuseio de materiais devem ser projetados e localizados, e localizações de armazenamento de materiais devem ser escolhidas a fim de que o esforço humano despendido em dobrar, alcançar, levantar e caminhar seja minimizado; Materiais pesados ou volumosos devem ser movimentados na distância mais curta quando da localização dos processos que os usam próximo às áreas de recebimento e embarque; O número de vezes que cada material é movimentado deve ser minimizado; A flexibilidade do sistema deve prever situações inesperadas, como quebras de equipamentos de manuseio, mudanças na tecnologia do sistema de produção e expansão futura de capacidades de produção; O equipamento móvel deve transportar cargas completas todas as vezes; cargas vazias ou parciais devem ser evitadas. Com essas informações percebe-se que, para determinar um Sistema de Movimentação interna e de manuseio de materiais adequados, um estudo do ambiente se faz necessário, pois o custo para alteração de um projeto que não atende à necessidade da organização é dispendioso. Ainda, percebe-se que os equipamentos de movimentação interna são ferramentas que prestam suporte para que a Armazenagem seja realmente estratégica para uma organização. Segundo Moura (2000), na escolha dos métodos de movimentação, o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 leitor deverá ter sempre em mente que a solução conveniente para a maioria dos problemas de movimentação envolve, dentro das condições físicas e de meio ambiente que existam ou que se pretendam, e no sentido de reduzir os custos de projeto, uma combinação apropriada de: Características do material; Exigências dos movimentos; Capacidade do método (equipamento). A movimentação de materiais não necessita exatamente ser um setor dentro da organização, pois na maioria dos casos é uma tarefa atrelada ao Almoxarifado ou Depósito. Segundo Paoleschi, (2013) p. 131: “O setor de movimentação de materiais tem como atividade fundamental manter a fábrica operando sem interrupção nas suas atividades, com o contínuo e incessante trabalho de movimentação e abastecimento de insumos, embalagens, componentes, produtos gerados e equipamentos utilizados pela produção”. Como no depósito a movimentação de materiais é uma das ações que mais ocorrem, a adequação do espaço, a estrutura física e os equipamentos de movimentação devem se complementar e buscar atingir alguns objetivos, tais como os citados por Tadeu, 2010, p. 294 e 295: Aumentar a capacidade de utilização do armazém; Aumentar a produtividade; Eliminar o manuseio onde for possível; Melhorar a segurança com a redução dos riscos de acidentes e utilização de critérios de ergonomia para reduzir a fadiga dos trabalhadores; Melhorar o fluxo de materiais no armazém, envolvendo o recebimento, a movimentação e a expedição; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Minimizar a distância e o estoque de produtos em processo; Minimizar perdas com refugo, quebras, desperdício e desvios; Proporcionar um fluxo uniforme, livre de gargalos; Reduzir custos. Por mais que a movimentação seja uma das ações que mais ocorrem no depósito, muitas vezes não é vista como agregadora de valor para o produto, sendo considerada custo. Por isso, nessa função é incessante a busca pela redução dos custos de mão de obra, materiais, equipamentos, perdas e outros. O lado positivo é que, mesmo com essa visão de custo, muito se tem investido na movimentação de materiais para agilizar as tarefas dentro dos depósitos, o que trouxe um pouco mais de destaque à função. Os estudos do Instituto de Movimentação e Armazenagem (IMAM) conceituada instituição da área de logística, têm corroborado para isso. Através deles foi concluído que um sistema de movimentação interna precisa propiciar velocidade nas operações e o papel de maior destaque nesse aspecto fica por conta dos equipamentos de movimentação, os quais trazem vários benefícios para as empresas, tais como: Redução do esforço físico do homem; Movimentação mais segura, sem acidentes e danos aos materiais; Redução do custo de movimentação de materiais; Aumento de produção e capacidade de estocagem; Redução de área utilizada para estocagem. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Exemplo de movimentação manual de materiais: Exemplo de movimentação de materiais com equipamentos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Comparação entre a movimentação manual e mecânica: Fonte: http://gcmeneghellologistica.blogspot.com.br/2012/03/movimentacao-de-material-os- oito.html Observa-se então que, em boa parte das empresas que trabalham com estoques, a movimentação de materiais ocorre dentro dos Almoxarifados, entre as linhas de produção, nas áreas de armazenagem, nos pátios externos da empresa e nos Centros de Distribuição e outros locais. Os procedimentos podem ocorrer por processos manuais ou mecanizados, o que deve ser monitorado para garantir a segurança de todos os envolvidos nos processos. Tema 5 – Os custos no processo de armazenagem Em relação aos custos que ocorrem nas atividades de armazenagem, o correto gerenciamento dependerá da capacidade da empresa em identificar e entender quais impactos serão gerados nos custos totais. A partir disso, é possível traçar um plano de ação para melhoria e controle desses custos. Os custos mais visíveis em um sistema de armazenagem são: Equipamentos e veículos de movimentação interna: compra ou substituição para suprir a necessidade do armazém. Combustível: impacta diretamente no custo da operação, pois quanto maior a demanda por movimentação, mais combustível será necessário. Mão de obra: o impacto pode ser medido pela quantidade de produtos armazenados ou pela qualificação exigida pelo sistema do armazém. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Manutenção dos equipamentos: os equipamentos não podem falhar em operações confiáveis, por isso a manutenção preventiva é imprescindívelpara manter todos os equipamentos em perfeitas condições de uso. Perdas por manuseio: o custo atrelado às perdas pelo manuseio nem sempre são fáceis de identificar. Isso dependerá da quantidade de itens no estoque, bem como da complexidade da operação de manuseio. É importante destacar que, quanto mais qualificada a mão de obra, menores serão essas perdas. Gastos com manutenção da infraestrutura e outros: o armazém deve ser mantido nas melhores condições possíveis, então manutenções prediais constantes trarão mais garantia na qualidade do material armazenado. Fato que merece atenção ao entender tudo isso é que os custos ocorrem em todos esses elos e afetam diretamente no preço final do produto ao consumidor. Diante disso, compete ao gestor da Logística da organização monitorar seus fornecedores e provedores de serviços logísticos, para que o esforço realizado internamente na organização atinja os objetivos almejados. Banzato, 2003, p. 263-264, sugere algumas dicas simples para reduzir os custos de armazenagem: Treinar os colaboradores para assegurar a produtividade; Reforçar o respeito aos funcionários pelos produtos; Evitar perda de tempo com atrasos, principalmente no retorno às atividades após o almoço; Implementar e gerenciar o housekeeping nos depósitos; Considerar a utilização de mão de obra temporária; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Negociar bem as manutenções das instalações físicas; Evitar todo e qualquer tipo de erro para minimizar retrabalhos; Tentar negociar entregas maiores com os clientes; Substituir o sistema de iluminação do ambiente com lâmpadas econômicas; Pensar de forma criativa em recompensas para os colaboradores, não apenas com valores monetários. Os resultados positivos serão percebidos mais rapidamente se, além do envolvimento interno da organização, houver aderência também dos fornecedores e provedores. Leitura complementar Complemente seus estudos sobre custos na armazenagem consultando o artigo disponível no link a seguir: http://www.ilos.com.br/web/os-custos-de-armazenagem-na-logistica- moderna/ Na Prática Leia parte da matéria jornalística a seguir: Correios: de medalhas a obstáculos, Olimpíada movimenta 30 milhões de objetos Por Sabrina Craide – Repórter da Agência Brasil - Data: 26/06/2016 Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-06/correios-de-medalhas-obstaculos- olimpiada-movimenta-30-milhoes-de-objetos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 “Quem assiste aos Jogos Olímpicos ao vivo ou pela televisão muitas vezes não se dá conta da estrutura que existe para que a competição aconteça. Cada arena, cada jogo e cada disputa exigem equipamentos e preparação específicos. Neste ano, a realização dos jogos no Rio de Janeiro envolve a movimentação de 30 milhões de itens, entre equipamentos esportivos, móveis, utensílios, bagagens, barreiras e alambrados. O armazenamento e transporte desses objetos estão sendo feitos pelos Correios. São 980 mil equipamentos esportivos, como 25 mil bolinhas de tênis, 2,9 mil bolas de futebol, 840 bolas de basquete. Para a competição de tiro esportivo, por exemplo, serão usados 320 mil pratos que servem como alvo para os atletas. Já os atletas paraolímpicos que disputarão o goalball vão utilizar 2,3 mil vendas para os olhos. Entre as 5 milhões de peças de mobiliário que serão usadas na Vila dos Atletas e outras instalações estão 100 mil cadeiras, 72 mil mesas, 34 mil camas e colchões, 24 mil sofás e 19 mil aparelhos de televisão. Todos esses itens estão sendo armazenados em três centros logísticos no Rio de Janeiro, sendo dois em Duque de Caxias e um na Barra da Tijuca, em uma área total de 100 mil metros quadrados. Para o transporte dos objetos serão utilizados cerca de 170 caminhões e dois mil equipamentos de movimentação, como paleteiras, empilhadeiras, tratores e guindastes”. (...) A partir das informações da matéria e do seu conhecimento adquirido até o momento com o estudo do material, faça o que se pede: a. Escreva quais operações de recebimento de materiais ocorrem no Centro de Logística dos Correios. b. Cite e explique qual tipo de Documento responsável pelo recebimento dos itens esportivos pode ser utilizado para recebimento dentro de um padrão previamente estabelecido. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 c. Justifique a necessidade da utilização de equipamentos de movimentação interna de materiais no Centro de Logística dos Correios. d. Apresente quatro objetivos que o uso de equipamentos de movimentação de materiais pode trazer para os Correios. Síntese Nessa aula, foram apresentadas parte das atividades envolvidas com o processo de armazenagem e seus impactos na organização. Em essência, é possível sintetizar os estudos nos seguintes tópicos: a. A decisão de armazenar é determinada pela estratégia de nível de serviço que a empresa quer oferecer ao cliente (por exemplo, atendimento a pronta-entrega demanda estoque, o que exige mais espaço para armazenagem); b. As atividades de Recebimento e Controle de Qualidade são as principais envolvidas na garantia de que apenas produtos de boa qualidade adentrem na empresa; c. Caso os produtos não atendam às especificações acordadas e informadas anteriormente aos fornecedores, serão devolvidos ou descartados; d. A movimentação de materiais é imprescindível para trazer velocidade e agilidade aos processos de armazenagem, porque reduz o esforço físico do colaborador e melhora a produtividade; e. Conhecer os princípios de movimentação interna de materiais auxilia a escolher equipamentos mais adequados às necessidades da empresa; f. Para manter itens em estoque alguns custos ocorrerão, como mão de obra capacitada, investimentos em estrutura física, equipamentos de movimentação interna e tecnologia da informação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Referências RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, Controle e Distribuição. Curitiba: InterSaberes, 2013. BANZATO, Eduardo. [et al.]. Atualidades na armazenagem. São Paulo: IMAM, 2003. CDD-658-785. GAITHER, Norman. Administração da produção e operações. São Paulo: Cengage Learning, 2002. MOURA, Reinaldo Aparecido. Manual de logística: armazenagem e distribuição física. Volume 2. São Paulo: IMAM, 1997, 4ª edição, 2006. PAOLESCHI, Bruno. Almoxarifado e gestão de estoques. São Paulo: Érica, 2009, 1ª edição. ISBN: 978-85-365-0254-0. TADEU, Hugo Ferreira Braga (org.). Gestão de estoques: fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas. São Paulo: Cengage Learning, 2010. ISBN: 978-85-221-0875-6. 1 Logística – Materiais e Armazenagem Aula 2 Profa. Rosinda Angela da Silva Aula 2 – Vídeo 1 Aula 2 Operações na Armazenagem 2 – Avaliação da Qualidade 3 – Liberação ou Recusa de Materiais 1 – Recebimento 4 – Movimentação de Materiais 5 – Os Custos no Processo de Armazenagem Logística: Materiais e Armazenagem � Organização da aula 2 Introdução � Dia a dia dos armazéns � Algumas operações internas � Recursos utilizados (Check List e R.N.C.) � Relevância das atividades de: • recebimento • controle de qualidade • movimentação interna • gestão dos custos internos Aula 2 – Vídeo 2 2 Quem é o responsável pelo recebimento? Perfil do almoxarife � Educado e atencioso � Organizado � Detalhista � Responsável � Caprichoso Conhecimento necessário� Noções básicas de: • Matemática • Informática • Contabilidade • controle de estoques Aula 3 – Vídeo 3 Garantindo a qualidade na entrada dos materiais Normas e procedimentos � Cada empresa pode ter as suas � Depende da criticidade do item e da confiabilidade do fornecedor 3 � Mas tem a ISO 9001 � Item 7.4 – Aquisição • 7.4.2 – As informações de aquisição devem descrever o produto a ser adquirido e incluir, onde apropriado a) Requisitos para aprovação de produto, procedimentos, processos e equipamentos b) Requisitos para qualificação de pessoal c) Requisitos do sistema de gestão da qualidade � A organização deve assegurar a adequação dos requisitos de aquisição especificados antes da sua comunicação ao fornecedor • 7.4.3 – A organização deve estabelecer e implementar a inspeção ou outras atividades necessárias para assegurar que o produto adquirido atenda os requisitos de aquisição especificados Aula 2 – Vídeo 4 Devolução de mercadorias 4 � Impacta no indicador de qualidade � Impacta na avaliação do fornecedor � Alerta para problemas mais graves E se for importação? � Direito internacional dá suporte a isso � Verificar se compensa devolver ou retrabalhar � Negociar o custo com o fornecedor Aula 2 – Vídeo 5 Quem são os clientes da operação interna: movimentação de materiais? Áreas de recebimento e expedição � Carga e descarga de caminhões � Movimentação do pátio até o almoxarifado ou até o armazém As linhas de produção � Transportam do almoxarifado até a linha e da linha até a expedição ou armazenagem � Puxam ou empurram o estoque 5 Áreas de vendas � Dos atacadistas � Dos distribuidores � Dos varejistas � Dos atacarejos Área de armazenagem � É o dia a dia do armazém � Movimenta sempre que necessário � Atende aos separadores de pedidos Área de movimentação de cargas � Transportadoras � Centros de distribuição � Aeroportos � Portos e outros Aula 2 – Vídeo 6 Composição do custo de armazenagem CA = Q x T x P x I 2 � Má notícia: o custo nunca é zero! CA = Q/2 x T x P x I � Onde: • Q = Quantidade média do item (por isso divide por 2) • T = Tempo • P = Preço do item • I = Coeficiente 6 Coeficiente de armazenagem � Mostra quanto custa guardar cada caixa em relação ao % do seu próprio preço � Quanto maior o volume de estoques, maior será esse o custo � Quanto maior o tempo que o item ficar estocado, maior será o custo e o risco Aula 2 – Vídeo 7 Síntese de aula 2 � Foco nas operações internas � Recebimento e papel do almoxarife � Qualidade, inspeção e liberação (ou recusa) � Movimentação interna com foco no cliente interno � Custo de armazenagem e custo decorrente da armazenagem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística: Materiais e Armazenamento Aula 3 Prof. Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Olá! Seja bem-vindo à disciplina Materiais e Armazenamento. Temos como objetivo, na aula de hoje: 1. Conhecer os elementos que impactam no planejamento da estrutura física do Armazém; 2. Compreender a importância da definição da capacidade dos armazéns na fase de projeto; 3. Analisar os tipos de layouts e docas existentes e o impacto das escolhas. Para saber mais sobre os assuntos que serão trabalhados nesta aula, assista ao vídeo que está disponível no material on-line! 1. Definição da Localização do Armazém 5. Docas de Recebimento e Expedição Aula 3 – Planejamento da Estrutura Física do Armazém 4. Layout do Armazém 2. Projeto das Instalações 3. Capacidade necessária para armazenagem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Investir em estrutura de armazenagem é uma necessidade para organizações que movimentam grandes volumes de mercadorias, por exemplo, os grandes supermercados, os atacadistas, distribuidores e varejistas em geral. Entretanto, decidir assertivamente sobre esse investimento requer análise crítica do negócio e também dos elementos operacionais envolvidos no processo. Isso significa dizer que a empresa precisa avaliar se realmente há necessidade de investir em espaço para armazenagem e conhecer a complexidade da operação que será executada para ter noção da dimensão do investimento necessário. O estudo do espaço da armazenagem deve começar pela determinação da localização mais adequada para a organização, a qual equilibre a relação benefício e custo. Nela o benefício significa compreender qual o diferencial competitivo que a empresa alcançará investindo em um Armazém, Centro de Distribuição (CD), Depósito, Galpão ou algo do gênero. Já o custo significa o dispêndio que a empresa realizará para construir esse espaço e adquirir todos os recursos necessários para viabilizar as operações em determinado local. Para isso, a ideia de fazer um projeto de construção de um novo espaço para armazenagem ou até mesmo para reformar um Armazém já existente (seja externo ou interno à empresa) é uma possibilidade interessante. Compreenda que os colaboradores envolvidos no processo decisório necessitarão de muitos dados, os quais serão transformados em informações úteis para as análises críticas. Para conseguir tais dados, as empresas precisam conhecer alguns fatores essenciais como: técnicas para escolha da localização, informações quantitativas e qualitativas sobre os produtos que serão armazenados, definição da capacidade de armazenagem que o armazém comportará, entre outros dados técnicos. Igualmente importante é conhecer os elementos essenciais que atendem as necessidades fisiológicas do capital humano, tais como refeitórios, bebedouros, armários, áreas de descanso e lazer, os quais devem ser contemplados desde a fase do projeto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Devido a esses e outros fatores, compreender como planejar a estrutura física de um armazém se faz tão importante nos dias atuais, pois por mais que as empresas busquem incessantemente reduzir sua armazenagem, essa ainda será uma necessidade para as organizações que possuem seus centros produtivos distantes do público consumidor de seus produtos. Definição da localização do Armazém Para escolher adequadamente o local para implementar um Armazém é necessário avaliar inúmeros elementos que impactam na atividade da armazenagem. Partindo do pressuposto que uma organização necessita definir onde construirá seu novo Centro de Distribuição (CD), as principais informações a serem consideradas no estudo da localização são: ■ Localização ampla: definição da região – metropolitana ou área urbana; ■ Localização restrita: definição da área – industrial ou comercial; ■ Localização exata: bairro e rua (endereço final). Para chegar a esse endereço final, inúmeros dados são levantados para se chegar à localização ótima para essa atividade. Geralmente a decisão sobre a localização do CD é responsabilidade do gestor de Logística em comum acordo com a área de Marketing e com os tomadores de decisões das organizações (altos executivos, proprietários, acionistas majoritários ou outros). Ballou (2006) sugere um esquema simples de análise de fatores de impacto na decisão da localização, os quais foram ranqueados porgrau de importância que a empresa considera, sendo 1 o mais importante e 10 o menos importante. Fator Geral Manufatura Varejo Distribuição Transporte acessível 1 1 2 1 Transporte externo 2 2 3 5 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Proximidade do cliente 3 3 6 6 Disponibilidade de mão de obra 4 5 1 3 Custos da mão de obra 5 6 7 4 Transporte interno 6 4 4 2 Situação sindical 7 7 5 9 Impostos 8 8 10 7 Leis estaduais de incentivo 9 10 ---- ---- Custos do terreno 10 ---- 8 8 Serviços públicos ----- ---- 9 10 Requisitos para JIT (Just in Time) ----- 9 ---- ---- Fonte: Adaptado de Ballou (2006, p. 398). Na tabela foram considerados elementos básicos que comumente são citados em estudos de localização de diversos tipos de empresas. No caso da Distribuição (escolha de um local para Centro de Distribuição - CD), percebe-se que as questões relacionadas com transporte e mão de obra (1. Transporte acessível, 2. Transporte interno; 3. Disponibilidade de mão de obra e 4. Custos da mão de obra) foram consideradas de alto impacto ocupando as quatro primeiras colocações no ranking. Vale reforçar que os fatores analisados dependem do segmento de atuação. Por exemplo: uma empresa que opera com produtos alimentícios, perecíveis, bebidas e medicamentos têm necessidades diferentes de empresas que operam com insumos industriais, componentes eletrônicos, produtos commodities como produtos agrícolas e outros. Gaither e Frazier (2002) afirmam que a localização de um armazém é de grande importância e que além de considerar os aspectos relacionados ao transporte e a mão de obra, a proximidade com os mercados os quais a empresa deseja atender também é relevante. Além disso, investimento na qualidade da comunicação com os destinatários dos produtos também auxilia a empresa a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 reagir rapidamente aos pedidos dos clientes. Esse é o papel estratégico do sistema de armazenagem: auxiliar a empresa a atingir suas metas de atendimento ágil e flexível ao mercado consumidor. Para a correta escolha de uma localização as empresas necessitam de grandes quantidades de dados e para facilitar esse trabalho utilizam modelos matemáticos e não matemáticos. De acordo com Bowersox e Closs (2008), os mais comuns são: ■ Técnicas analíticas: as quais abrangem geralmente métodos que identificam o chamado centro de gravidade geográfico de uma rede logística, o qual é indicado para a escolha da localização de uma única unidade de CD. ■ Técnicas de programação linear: também chamados de técnicas de otimização, pois seleciona o melhor curso de ação entre as opções disponíveis, considerando ao mesmo tempo as contingências específicas de cada negócio. ■ Técnicas de simulação: são tentativas de reproduzir uma situação real, a qual é utilizada para compreender o comportamento do sistema ou de avaliar várias estratégias dentro dos limites impostos por um critério, ou vários critérios para a operação do sistema. Após essa fase da escolha do modelo que será utilizado, o próximo passo é definir o tamanho do depósito. Essa decisão está vinculada ao volume de estoques que o mesmo terá que comportar. E para saber disso, o analista deve levantar todas as informações pertinentes das atividades que ocorrerão no armazém, as quais podem ser: ■ Recebimento de mercadorias; ■ Descarregamento, Inspeção e Separação; ■ Movimentação; ■ Unitização, Paletização; ■ Embalagem e reembalagem; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 ■ Separação de itens de pedido para o cliente (picking); ■ Etiquetagem e paletização dos produtos; ■ Montagem de pedidos para o cliente (packing); ■ Finalização de produtos semiacabados; ■ Montagem de kits; ■ Atividade de cross docking (recebimento da mercadoria e redespacho imediato, sem necessidade de armazenar); ■ Consolidação/Quebra/Mistura de cargas; ■ Expedição, Carregamento, Segurança; ■ Resolução de problemas de documentação; ■ Controle das condições climáticas dos armazéns, tais como temperatura, umidade, iluminação, ventilação, entre outros. A partir das definições das operações que serão realizadas e os custos prováveis das mesmas, é possível determinar o tamanho ótimo do depósito. Esse tamanho otimizado terá que considerar além do volume e a rotatividade dos estoques, questões como quantidade de equipamentos de movimentação interna, veículos industriais, mão de obra e suas necessidades (vestiários, banheiros, armários, refeitórios em alguns casos, ambiente para descanso e lazer, entre outros), espaço para atividades administrativas e para tecnologia da informação. Quer saber mais? Então assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Projeto das instalações Um armazém bem planejado agrega valor ao produto/serviço da empresa porque auxilia no equilíbrio da demanda e ainda faz com que os estoques estejam mais próximos do público consumidor. Para planejar eficientemente é necessário conhecer as principais atividades do Armazém e isso ocorre na fase da escolha da localização, pois influencia diretamente no nível de serviço que a empresa deseja entregar ao cliente e também nos custos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Nesse momento de projetar as instalações físicas, a informação das atividades que serão desenvolvidas no local é útil para que os colaboradores envolvidos no processo (engenheiros, projetistas, gestores de logística e interessados) possam idealizar os espaços necessários para cada atividade e, com isso, delinear com mais coerência qual estrutura física e tecnológica serão primordiais para atender tais necessidades. De acordo com Banzato (2003), no projeto de um armazém é necessário determinar o nível de flexibilidade desejado, com base no propósito da instalação. A empresa deve ter claro este objetivo, pois se o futuro depósito estocará itens de baixo giro, então não há necessidade de investir em recursos de resposta rápida como esteiras automatizadas, robotização e sistema porta pallets de última geração. Entretanto, se este espaço estiver sendo construído para que grandes cargas sejam rapidamente movimentadas para dentro e para fora da instalação, a empresa terá que investir em recursos que ofereçam flexibilidade. Exemplos de armazéns que exigem flexibilidade: armazéns para estoque de produtos acabados de alto giro, armazéns modelo cross docking e armazéns que servirão como suporte para manufatura (onde há finalização de produtos). Trabalhar sob a ótica de projeto auxiliará a empresa a atuar por etapas, iniciando no levantamento das necessidades dos recursos e o tempo que a equipe precisará para implementação. E tudo deve ser gerenciado com indicadores de acompanhamento para que o gestor visualize o progresso da implantação ou consiga corrigir os possíveis desvios em tempo hábil. Nessa fase do projeto, são identificadas as necessidades dos itens os quais serão estocados. Então, segundo Banzato (2003), é adequado registrar as informações a seguir, as quais fazem parte do perfil do produto: ■ Tamanho, forma e peso dos itens; ■ Tamanho, peso e forma das cargas; ■ Tipo de base das cargas; ■ Quantidade de reabastecimentos; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 ■ Nível de atividade de SKU (Stock Keeping Unit – Unidade de manutenção em estoque); ■ Quantidade recebida e expedida por carga; ■ Necessidades especiais de acesso aos contentores; ■ Necessidades especiais de movimentação e estocagem
Compartilhar