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Prof. José Araújo (DIP) - Resumo Prova 1 (3ºA)

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DIREITO PRIVADO INTERNACIONAL – 3º A
SEMINÁRIO I
Método de direito internacional - Capitulo 3 – Métodos de escolha da lei aplicável
O direito internacional privado não possui regras diretas, é composto por regradas indiretas ou indicativas. Quem vai decidir, qual regra será aplicada. Ele indica se a divisão de bens será feito com base no direito do Brasil ou da Arábea Saudita, por exemplo.
Conceito do direito internacional privado
É ramo da ciência jurídica – é um sistema, independente mais complementar. Resolve conflitos de leis no espaço, e disciplina os fatos em conexão com leis divergentes e autônomas. Se o sistema de westifalia não tivesse dado certo, o direito internacional privado não existiria. O direito internacional privado vai resolver os problemas criados pelo sistema de soberania. Sem o sistema adequado, a plena extensão do comercio mundial se torna problemática. Não há preocupação pela distribuição da riqueza; Quando dois ordenamentos jurídicos se cruzam, o direito internacional privado é imprescindível. 
Introdução:
Direito Internacional Privado
O que é direito internacional privado?
O Direito Internacional Privado é o ramo do Direito que visa a regular os conflitos de leis no espaço em relações de caráter privado que tenham conexão internacional, determinando qual a norma jurídica nacional que se aplica a esses vínculos, que poderá tanto ser um preceito nacional como estrangeiro.O direito Internacional de acordo com uma citação do autor é o ”Direito sobre o Direito”, COM regras sobre a aplicação de um determinado direito em situações conectadas a mais de um sistema jurídico. Essas regras são chamadas de regras de conexão ou de Normas diretas.
O capitulo fala sobre as transformações e as mudanças do Direito Internacional Privado de acordo com os contextos históricos em que ele atua. Ou seja, o direito internacional vem sofrendo mudanças desde seu surgimento na Idade Média, assim como um de seus métodos de aplicação, o método conflitual.
 	O método do direito internacional privado, o chamado método conflitual surgiu Durante a Idade Média a partir de conflitos surgidos da colisão de regras entre cidades-estado. Além disso, junto a esse método surgiram também princípios importantes como o do territorialismo e o principio da autonomia da vontade. 
	Já no século 19, o direito internacional privado era caracterizado como positivista. Havia a predominância de um carater universalista, em que o DIPr deveria ser o mesmo em todos os Estados, ou seja, previa a resolução de leis de forma universal . No entanto, existiam também outras correntes, como a Particularista, a qual considerava a diversidade dos sistemas nacionais e corrente que defendia o direito comparado para a resolução de conflitos de leis. Apesar da predominância da corrente universalista no século 19, ao fim da primeira guerra mundial, e já no período entre guerra, há um declínio das tendências universalistas, cedendo seu lugar predominante para a corrente particularista, principalmente com a identificação de uma falta de uniformidade entre as normas adotadas, além dos ressentimentos deixados após a guerra e um aumento das relações internacionais.
EX. Estatuto pessoal
O particularismo positivo também ascendeu nessa época,evidenciando os interesses dos indivíduos.
Após a Segunda Guerra Mundial, as tendências voltaram a se transformar, principalmente com a multiplicação de situações internacionais que exigiam a utilização das regras de conflitos, com um aumento do número de países e com a maior intervenção dos Estados. Sendo assim, todos esses fatores resultaram em algumas mudanças no DIPr, o qua depara com novos problemas com maior complexidade de resolução. Com isso há o surgimento das chamadas REGRAS MATERIAIS, as quais atuam diretamente na situação jurídica, e são normas ou leis de aplicação imediata. 
Atualmente além das regras materiais existem também regras alternativas, o princípio da proximidade e a busca pelo direito mais adequado, fazendo com que as regras indiretas perdessem a exclusividade perante o DIPr,
Resultaram em algumas mudanças no Direito Internacional Privado – Novos problemas com maior complexidade de resolução.
MÉTODO CONFLITUAL
No âmbito do direito internacional privado, quando temos um conflito encontramos dois elementos, o fato (na área do direito privado) e o elemento estrangeiro (estraneidade). Para que tenhamos um conflito internacional privado é sempre necessária a presença de um fato jusprivatista internacional.
O método conflitual é o método utilizado para a resolução dos conflitos jusprivatistas internacionais. Segue dois passos: o elemento de conexão (pontos que a lei identifica e faz a ligação da lei para resolver o conflito) e a teoria das qualificações. Enfim, para solucionarmos um conflito internacional privado é necessário qualificar o direito e utilizar a teoria das qualificações.
Qualificar o fato dentro do Direito é realizar a análise do fato, verificar se trata-se de conflito privatista, se há estraneidade, é família, obrigações, contratos, indenização?
O elemento de estraneidade é o componente encontrado no fato ligando-o a mais de um ordenamento jurídico, por exemplo, domicílio, local de trabalho, nacionalidade, local do falecimento, local do contrato, etc.
A análise da norma indicativa possui dois quesitos, o objeto de conexão (qualificação) e o elemento de conexão (ponto que conecta o fato à norma). No Brasil a norma indicativa é a LICC (Lei de Introdução ao Código Civil).
Os elementos de conexão determinam qual o ordenamento jurídico que se aplica a uma determinada questão. Os principais elementos de conexão são o domicílio, nacionalidade, residência, lugar de nascimento, situação do bem, etc.
Exemplo: duas pessoas são domiciliadas no Brasil, possuem nacionalidade estrangeira e pretendem se casar trata-se de um americano e de um francês. Neste caso, quais regras de casamento irão seguir?
Neste caso, o elemento de conexão encontrado na LICC é o domicílio, a qualificação do fato é o casamento. Neste caso, as regras a serem seguidas serão aquelas do domicílio de ambos, ou seja, o Brasil segue-se, portanto o Código Civil brasileiro. A norma jurídica é o artigo 7º, I da LICC, o objeto de conexão são as formalidades de celebração e impedimentos inerentes ao casamento, o elemento de conexão é o local do casamento.O casamento que respeitar as regras do local da celebração dá valor ao casamento no país.
Reenvio imagine-se o conflito em que a lei brasileira diz que deve ser ele julgado na Argentina e a lei argentina diz que é competência do Brasil, neste caso a lei brasileira possui competência, por quando retorna, possui competência quem recebe novamente.
E quando os dois países se dizem competentes? Ingresso com a ação nos dois países, o primeiro que transitar em julgado e ser homologado no outro país terá validade (pois irá gerar litispendência).Normas que firam a ordem pública, a soberania e os bons costumes não são aplicadas no Brasil (art. 17, LICC).
Passos para solucionar um conflito: 1º Relação Privatista; 2º Elemento de Estraneidade.
3º Verificar norma indicativa (LICC);4º Qualificar os fatos (qual o conflito?); 5º Encontrar o elemento de conexão que indicará a norma competente para a resolução do problema.
 Na aplicação das convenções surge com frequência o problema dos conflitos de normas, ou seja, a sua aplicação entra em conflito (por incompatibilidade) com outras normas potencialmente aplicáveis à mesma situação. 
Em termos gerais, os conflitos de normas podem solucionar-se através de métodos objectivos (as chamadas regras de conflitos, que existem em todas as ordens jurídicas, ainda que por referência subsidiária aos princípios gerais de direito) ou subjectivos (não questionando a validade dos actos, mas tão só, determinando a prioridade relativa). 
O problema do conflito tem no entanto de analisar-se distintamente, conforme se trate de conflitos entre normas internacionais e normas de direito interno, ou exclusivamente entrenormas internacionais.
3.2 Metodo Conflitual Tradicional
Conflito de leis no espaço: DIpr
Quando ocorre o conflito de normas: sua aplicação entra em conflito incompatibilidade com outras normas potencialmente aplicáveis a mesma situação. 
DIpr: A função do direito internacional privado é determinar qual lei deve ser aplicada?
O método conflitual tradicional ainda é utilizado na Europa e na América Latina, com algumas modificações. O método conflitual tem uma regra de direito internacional privado, que seria a regra de conflito.
Regra de conflito: ela dá solução a uma questão de direito contendo um conflito de leis através da designação da lei aplicável pela utilização da norma indireta. Dessa forma, não soluciona a questão em si mas indica o direito interno aplicável. O direito internacional privado apenas designa o ordenamento jurídico ao qual a norma aplicável devera ser requerida.
Regras indiretas: indicam qual, dentre os sistemas jurídicos, de alguma forma ligados a hipótese, deve ser aplicada.
Na concepção clássica um direito de DIpr: é através das normas de conflitos que o direito internacional privado cumpre sua missão de promover a regulamentação da vida jurídica internacional
Não se trata em escolher a melhor lei, mas a melhor colocada para intervir – em razão da localização dos fatos, por exemplo: Se duas pessoas se casam na França, mas moram no Brasil, a norma diz que o divorcio tem de ser feito na frança e não aqui.
Erik Jayme define os objetivos do DIPR:
- harmonia das decisões sobre uma mesma relação jurídica
- previsibilidade das soluções encontradas
- relações jurídicas universais
Os elementos de conexão determinam qual o ordenamento jurídico que se aplica a uma determinada questão. Os principais elementos de conexão são o domicílio, nacionalidade, residência, lugar de nascimento, situação do bem, etc.
Exemplo: duas pessoas são domiciliadas no Brasil, possuem nacionalidade estrangeira e pretendem se casar, trata-se de um americano e de um francês. Neste caso, quais regras de casamento irão seguir?
Neste caso, o elemento de conexão encontrado na LICC é o domicílio, a qualificação do fato é o casamento. Neste caso, as regras a serem seguidas serão aquelas do domicílio de ambos, ou seja, o Brasil segue-se, portanto o Código Civil brasileiro. A norma jurídica é o artigo 7º, I da LICC, o objeto de conexão são as formalidades de celebração e impedimentos inerentes ao casamento, o elemento de conexão é o local do casamento. O casamento que respeitar as regras do local da celebração dá valor ao casamento no país.
SISTEMA UNILATERAL
O outro sistema, chamado de unilateral, é aquele no qual a norma que soluciona o problema de uma relação multiconectada propõe-se apenas a delimitar o domínio de aplicação das leis materiais do ordenamento jurídico onde vigora. No entanto, começou a surgir a doutrina norte-americana, os críticos como Currie, acreditavam que os Estados tinham um interesse na escolha das leis, não só para os casos locais, mas também os multiconectados. Mas ainda assim, com divergentes opiniões dentro da doutrina norte-americana.
E Juenger classifica como mos americanus: a maioria dos tribunais proclama seguir a "analise de interesses" com ênfase no resultado e não no método utilizado, diferentemente dos europeus. Ou seja, os americanos buscavam ser mais justos, sem dar tanta importância a que método e qual lei seria utilizada. Por exemplo, há o caso Babcock, que o o primeiro a utilizar essa nova teoria, quando houve um acidente de carro em Ontario, Canadá com outros pontos de contato de Nova York, tais como passageira, motorista e seguro. Nesse caso foi aplicada a lei de Nova York, flexibilizando e buscando a justiça, por as leis nova iorquinas preverem indenização.
Portanto, essas mudanças resultaram no Restatement 2nd, foi revisado e procurou solucionar problemas a partir de seu resultado, para depois ser escolhida a melhor norma material para soluciona-lo.
Pra quem quiser os tópicos da introdução:
TÓPICOS INTRODUÇÃO
Regras de aplicação de um determinado direito – situações conectadas a mais de um sistema jurídico, que são chamadas:
- Regras de conexão ou Normas Indiretas
 Breve Histórico
-Método de direito internacional privado:
MÉTODO CONFLITUAL – Surgiu na Idade Média a partir dos conflitos surgidos da colisão de regras entre cidades-estados.
Principio da autonomia da vontade e territorialismo – Escola francesa
Territorialismo com uma relação de cortesia – Escola Holandesa
Século XIX – DIPr POSITIVO – predominância do caracter universalista: O DIPr deveria ser o mesmo em todos os Estados. (Até a Primeira Guerra mundial) 
Teorias
Universalista
- Resolução de leis do caráter internacional
- Comunidade do direito Internacional – Resolução de conflitos através da paridade de tratamento entre a LEI DO FORO e a LEI ESTRANGEIRA.
- Prol da nacionalidade – Movimento de codificação internacional do Direito Internacional Privado.
No entanto existiam também mais duas correntes, dentre elas a:
					X
Particularista (que ganhou força com o fim da 1 guerra mundial) 
- Diversidade dos sistemas nacionais – Diversidade estrutural dos estados no que diz respeito as normas de direito privado.
X
Direito Comparado – para a resolução de conflitos de leis.
Fim da primeira Guerra Mundial - Período entre guerras: 
Percepção de uma grande diferença entre as normas adotadas entre os países – Falta de uniformidade.
EX: Diversidade de normas a respeito da regulamentação do estatuto pessoal.
Europa – Critério da nacionalidade 
América Latina e os EUA – Critério do domicilio
Declínio das tendências universalistas e ascensão do Particularismo. Particularismo Ganha força.
- Ressentimentos deixados pela 1 Guerra Mundial;
- Aumento das relações comerciais internacionais;
Particularismo Positivo:
- Inspiração nos interesses dos indivíduos;
- Investigação comparativa;
-Soluções codificadoras de caráter internacional;
Após a Segunda Guerra Mundial
- Multiplicação de situações internacionais que exigiam a utilização das regras de conflitos;
-Maior número de países;
- Maior intervenção dos Estados;
Resultaram em algumas mudanças no Direito Internacional Privado – Novos problemas com maior complexidade de resolução.
- Surgimento de REGRAS MATERIAIS de DIPr.
-Regras Materiais: atuam diretamente na situação jurídica;
- Normas imperativas ou leis de aplicação imediata; 
Hoje as regras indiretas perderam sua exclusividade no DIPr. Há regras de caráter:
-Material;
-Alternativas;
-Busca do direito mais adequado;
-Princípio da proximidade
SEMINÁRIO II
13. 2 SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
Visando a estabilidade e a boa convivência da comunidade internacional – a qual nós adquirimos pela cooperação jurídica internacional -, o reconhecimento e a execução das sentenças estrangeiras sempre foram ligadas à questão da circulação internacional dos julgados, ou seja, o princípio do respeito aos direitos adquiridos no exterior está atrelado ao acatamento da coisa julgada. Assim, se o DIPr aceitar a aplicação de um determinada lei estrangeira, terá de reconhecer também a eficácia da sentença estrangeira. 
Dado que a sociedade internacional não apresenta um poder central coercitivo, cada Estado possui sua própria sistemática para executar sentenças estrangeiras, e somente poucos Estados não as reconhecem. Assim, torna-se necessária a distinção entre juiz prolator e o juiz executor:
JUIZ PROLATOR: aquele que promulga uma lei ou profere uma sentença. 
JUIZ EXECUTOR: executa a sentença que proferida, põe em prática.
Para auxiliar essa maior circulação de decisões, vários convênios internacionais multilaterais têm surgido para uniformizar essa prática. 
Exemplos:
Regulamento n 44/2001 na União Europeia relativo à Competência Judiciária no reconhecimento e na execução das decisões em matéria civil e comercial. 
Nas Américas, além dos Tratados de Montevidéu e do Código Bustamonte, existe também a Convenção Interamericana 
que trata sobre a EXECUÇÃOE RECONHECIMENTO DE LAUDOS ARBITRAIS E SENTENÇAS ESTRANGEIRAS e também sobre COMPETÊNCIA INTERNACIONAL. 
Para que as sentenças tenham efeito no território nacional, as decisões oriundas da justiça estrangeira antes eram somente homologadas (aprovadas) pelo STF, agora, no entanto, precisam da aprovação do STJ, este que usa as mesmas premissas utilizadas pelo STF.
A sentença proferida pelo tribunal estrangeiro só terá eficácia no Brasil depois de ser homologada. A maioria dos casos das sentenças estrangeiras é de pedidos de divórcio proferidos do exterior.
Seguindo o sistema italiano, adotou-se o SISTEMA DE DELIBAÇÃO para a verificação dos requisitos formais e da ofensa à ordem pública, bons costume e soberania nacional. OU SEJA, o Poder Judiciário conferirá o valor formal da sentença estrangeira decidindo se ela poderá ou não ser aplicada e executada. 
Segundo Barbosa Moreira, “não há lugar em nosso vigente ordenamento para a delibação incidental, pois inexiste uma figura de reconhecimento distinta da homologação”. A homologação reveste-se de caráter de verdadeira ação, e tem natureza tipicamente jurisdicional. 
13.2.1 REQUISITOS DA HOMOLOGAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA[1: Aprovação jurídica; confirmação jurídica de sentença estrangeira para ser executada em território nacional.]
* Objeto da Homologação: a sentença Estrangeira
O conceito de “sentença estrangeira” foi entendido pelo Supremo Tribunal Federal de forma ampla, assim são aceitas decisões tomadas por órgãos com função de expedir determinações com eficácia sentencial, na Dinamarca, por exemplo, as decisões são proferidas por decreto real.
Assim, a sentença estrangeira é objeto de homologação para que seja dada executariedade interna às sentenças proferidas nos outros países. No Brasil, a competência para a homologação é dada pelo STF em acordo com a constituição.
Os itens abaixo representam os requisitos necessários para que ocorra a homologação da execução da sentença estrangeira.
Competência do Juiz prolator: o STJ examinará primeiramente a sentença estrangeira cuja execução está sendo solicitada, dentro do aspecto da competência do juiz. Em suma, o sistema instaurado é de contenciosidade limitada, assim não cabe ao STJ analisar o mérito da questão, e, por isso, são deferidas cartas rogatórias para citação e existem limites do procedimento de delibação.[2: Juiz responsável por promulgar ou proferir uma sentença.]
Citação do réu: É preciso que aja citação. A ausência de citação, afasta o contraditório e a homologação. Dessa forma, a ausência de citação válida, é um dos grandes obstáculos na aceitação das leis estrangeiras. No Brasil, só são consideradas as citações efetuadas através de carta rogatória,para que se garantisse a segurança jurídica do réu.[3: A carta rogatória é um instrumento jurídico de cooperação entre dois países. É similar à carta precatória, mas se diferencia deste por ter caráter internacional. A carta rogatória tem por objetivo a realização de atos e diligências processuais no exterior, como, por exemplo, audição de testemunhas, e não possui fins executórios.]
Trânsito em julgado: É um dos requisitos fundamentais para a homologação. É uma expressão usada para uma decisão judicial da qual não se pode mais recorrer. E isso, pois a decisão pode já ter obtido certo grau de estabilidade no país de origem – isso a torna definitiva e o pedido denegado. Assim, o transito em julgado significa que a sentença estrangeira é final, segundo o direito local.
Exemplo: Na CR 131, entendeu-se que havia transito em julgado e foi permitida a citação editalícia de um dos conjugues que alegava não saber o paradeiro do outro, uma vez que o divórcio havia sido proferido treze anos atrás.[4: É feita em casos excepcionais, devendo ocorrer, somente quando for impossível localiza o acusado para ser chamado a se defender na relação processual.]
Autenticação dos documentos: para que se proceda a análise da homologação da sentença estrangeira, é preciso comprovar veracidade e autenticidade. Os documentos devem estar consularizados (com a chancela do consulado tanto brasileiro quanto do local de origem da sentença). As únicas exceções estão vinculadas aos tramites diplomáticos ou convenções bilaterais.
Tradução realizada por tradutor juramentado: Significa dizer que a tradução só poderá ser feita por tradutor oficial ou, na sua falta, por pessoa devidamente autorizada pelo relator, uma vez que a tradução da decisão é de suma importância, e assim, o tradutor deverá ser juramentado e possuir fé pública.
Denegação da homologação por ser a sentença contrária à ordem pública brasileira: No sistema brasileiro de delibação, o STF analisa o mérito da decisão em estreitos limites para ter certeza de que não houve violação à ordem pública, à soberania nacional e aos bons costumes. Isso funciona como válvula de escape para quando for necessário impedir a homologação de uma norma estrangeira. Assim, caso a norma estrangeira fira a ordem pública brasileira, por exemplo, ela não será homologada.
Exemplo: SEC 819 sobre a decisão francesa de visitação do filho. A justiça brasileira já havia decidido, entretanto, embora ainda não houvesse transito em julgado, o STJ decidiu que a sentença francesa era contrária a soberania nacional, e por isso não a homologou.
13.2.2 Outras hipóteses de homologação de sentenças estrangeiras
a) Homologação de sentenças declaratórias de falência.
 	O STF entendeu que seria comando da lei brasileira, pois as consequências também recaem sobre imóvel aqui situado. A sentença de falência no Brasil só produzirá efeito depois de homologada pelo STF
b) Homologação de sentença estrangeira que declarou inválida e revogou patente inglesa.
Caso da patente de remédio que foi registrada no Brasil pelo pipeline (direto pelo INPI – registro de marcas e patentes) em que houve necessidade de homologação para que se pudesse buscar, no futuro, qualquer manifestação com relação à patente nacional.
c) Homologação de laudos arbitrais.
A lei de arbitragem tira a necessidade de dupla homologação, cabendo apenas ao STF (agora STJ) homologar. Adotou-se a regra de distinção geográfica (de onde o laudo é proferido). A lei de arbitragem passa a se constitucional.
d) Convenção Interamericana sobre eficácia extraterritorial das sentenças e laudos arbitrais estrangeiros.
Vigente no Brasil desde 97, no entanto, não é usada pelo STF, pois caminha na mesma direção da lei brasileira, não havendo conflitos. (Sem contar que a lei da arbitragem está mais atualizada). Há também a convenção sobre competência internacional que, apesar de assinada pelo Brasil, não foi aprovada pelo congresso nacional. Isso porque está nos moldes da comunidade europeia, e não foi bem aceita pelos países latino-americanos.
e) Mercosul.
Ao usar o protocolo Las Leñas, simplifica a via de homologação dos países membros. Pois envia a sentença direta pela justiça do país estrangeiro através de carta rogatória.
13.2.3 Execução da sentença estrangeira
	A sentença estrangeira só é passível de execução após o processo de homologação. Hoje, em casos excepcionais, se admite tutela antecipada (de urgência), ou seja, a execução vem antes da homologação.
SEMINÁRIO III
Capítulo 5: A situação na América Latina e no Brasil
2 raízes históricas dos esforços para codificação do DIP nas Américas através de convenções:
Primeiros congressos da América espanhola para garantir independência frente às potências européias e consolidar os princípios do DI para regular as relações entre os novos Estados
Tradição européia e pensamentos de grandes internacionalistas do velho mundo que visavam regular o convívio pacífico entre as nações.
3 diferentes âmbitos que tem ocorrido modificações para promover uma uniformização do DIPr:
Internacional: promovida pela OEA por meio do labor das CIDIPs (Conferências Interamericanas Especializadas sobre Direito Internacional Privado);
Regional: Iniciativas no Mercosul, que repercute no DIPr de cada Estado-Membro;
Interno: Via reformada legislação interna de DIPr de alguns países.
1º âmbito: Internacional
O movimento de harmonização entre as legislações dos países das América Latina(AL) iniciou-se desde o século XIX, com a tentativa de uma uniformização da matéria através das codificações.
O primeiro estudo do DIPr na AL foi realizado por André Bello, que publicou em 1832 o livro “Princípio de Derecho das Gentes”, no qual previa que “as leis de cada Estado regiam todos os assuntos que desenvolviam no território do país e ainda se estendiam aos atos feitos no estrangeiro, sempre que houvesse conexão pessoal ou territorial com o próprio Estado”.
A AL foi considerada uma vanguardista, pois foi a primeira a promover uma iniciativa do DIPr, sendo que em 1875 o governo peruano realizou uma reunião com os demais governos latino-americanos cuja proposta era a de harmonização das legislações entre esses. Segue abaixo a sequência histórica das tentativas de harmonização no âmbito internacional:
Conferência de Lima (1877-1878) – resultado: TRATADO DE LIMA: estabeleceu regras uniformes em matéria de DIPr (grande influência dos ideais mancinianos) optou-se pelo critério da nacionalidade para reger o estado e a capacidade das pessoas – Justificativa pela escolha desse critério: pag. 78. Mas tal critério foi um dos elementos que dificultou a aceitação dos países.
Congresso de Montevidéu (1889-1890) – aproximação entre Argentina e Uruguai: resultado: 8 tratados em diversas áreas, especialmente: TRATADO NA ÁREA DE DIREITO CIVIL INTERNACIONAL. Brasil compareceu ao Congresso, porém discordou das conclusões da conferência em especial quanto ao Direito Civil – diferença entre os critérios: Brasil: critério da nacionalidade; O tratado: critério do domicílio.
1889 – Primeira Conferência Pan-Americana, em Washington.
1906 – Terceira Conferência Pan-Americana, no Rio de Janeiro, responsável pela formação da Comissão Internacional de Jurisconsultos, embrião da Comissão Jurídica Interamericana, atual órgão da OEA. Este órgão foi responsável por elaborar dois códigos: Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado.
1912 – Comissão de Jurisconsultos, no Rio de Janeiro, em que foram apresentados os dois códigos, que vinham sendo elaborados desde 1906. Essa comissão determinou a formação de sub-comissões para analisar projetos sem grande repercussão.
1928 – Reunião em Havana, em que foi ratificado o Código Bustamante, que determinava regras gerais de DIP na América Latina. O código foi incorporado ao direito brasileiro em 1932, e em outros 14 Estados.
1939/40 – Revisão dos Tratados de 1889/90 (50 anos dos Tratados de Montevidéu). Segundo Congresso Sul-Americano de Derecho Internacional Privado de Montevidéu, que resultou no Tratado de Direito Civil de 1940, até hoje em vigor na Argentina, Paraguai e Uruguai. O Brasil não aprovou por duas razões:
Adoção do critério do domicílio (no Brasil era o de nacionalidade)
Adoção da lei local da execução para reger obrigações (no Brasil era o local de celebração)
Anos 50 – OEA planeja atualizar tratados da AL
1965 – Comissão Jurídica Interamericana alerta OEA sobre necessidade de aprofundar a análise dos aspectos jurídicos para viabilizar a integração econômica. A metodologia utilizada seria semelhante a da Conferência de Haia, com diplomas setoriais e temáticos.
AS CIDIPs
1971 – Primeira Conferência Especializada Interamericana sobre Direito Internacional Privado (CIDIPs), convocada pela Assembléia Geral da OEA. Seis CIDIPs foram realizadas até hoje.
1975 – CIDIP I, no Panamá. É o primeiro passo para renovação do movimento unificador latino-americano, que tinha como objetivo desenvolver estrutura jurídica adequada em matéria comercial, para estimular a integração regional.
1979 – CIDIP II, em Montevidéu. Conferência que garantiu continuidade à primeira.
1984 – CIDIP III, que ocorreu em La Paz.
1989 – CIDIP IV, em Montevidéu. Destacam-se 3 convenções: restituição internacional de menores; alimentos e transporte internacional de mercadorias.
1994 – CIDIP V, na Cidade do México, em que se destacam duas convenções: contratação internacional e aspectos civis e penais do tráfico de menores.
2002 – CIDIP VI, que ocorreu em Washington e inovou ao utilizar a técnica de Lei-Modelo, ou seja, uniformização de direito material, mas de caráter não vinculante.
Vantagem das Conferências Especializadas:
Aproximação de dois sistemas jurídicos do continente: Commom Law e a Civil Law
Possuem concepção universal e permissão para reservas apenas de caráter especial
Inserção de cláusulas de interpretação para futura aplicação pelo juiz nacional
CIDIP VII – Deveria ter sido realizada em 2008. O tema já está definido, e será o CONSUMIDOR, que ganhou importância devido ao crescimento de movimentações turísticas, negócios via internet e outras formas de relação privada internacional.
Novos formatos de codificação derivados das Convenções Interamericanas:
Normas de DIP matérias – estabelecem o fim desejado, e cabe ao juiz escolher a lei aplicável
Normas flexíveis
Normas alternativas
Normas narrativas – normas glossário, que visam facilitar a interpretação
Dupla função das normas narrativas:
Regulamentam determinados casos
Permitem a criação de uma ordem de valores, na qual podem ser medidas pelas jurisdições nacionais
5.1.1 – A Convenção Interamericana sobre o direito aplicável aos Contratos Internacionais
Criada durante a CIDIPr V, na Cidade do México (1994)
Aspectos mais interessantes: o campo de aplicação da convenção se restringe somente aos contratos internacionais.
Inova no sentido de que define o campo de aplicação. É uma regra substantiva (contém definição – nem mesmo os Princípios do Unidroit nem Convenção de Roma contém uma definição). A definição do campo de aplicação, a saber, os contratos internacionais, está no Artigo 1°. 
Existem dois critérios para a definição de um contrato internacional:
 - geográfico: quando as partes que celebram o contrato têm sua residência ou local da empresa em países diferentes 
 - contrato tiver pontos de contato objetivos com mais de um Estado parte.
Efeito da convenção: modificação das legislações internas dos países que a adotarem (elemento uniformizador importante).
Artigo 2°: a convenção tem caráter como universal: o direito designado pela convenção será aplicável, mesmo que se trate do direito de um Estado não parte.
Regra Geral para estabelecer a lei aplicável (a norma de qual ordenamento jurídico): autonomia da vontade (as partes definem no contrato previamente)
Pode aceitar uma lei que não tenha vínculo com o contrato
Dépeçage voluntário: as partes podem determinar mais de uma lei aplicável ao contrato internacional.
Possibilidade de modificação do mesmo posteriormente
Admissão da escolha tácita, quando evidente 
Permite escolher um conjunto de princípios ou da Lex mercatoria para reger um contrato.
 - é válida a escolha de uma lei neutra, sem qualquer conexão 
 com o contrato e com as partes
 - possibilita uma lei de regência mais moderna e adequada à 
 problemática do contrato
 - a inclusão desta permissão de usa da Lex mercatoria significa 
 um maior avanço/inovação e exemplo de normativa material.
Artigo 9° “Não tendo as partes escolhido o direito aplicável, ou se a escolha do mesmo resultar ineficaz, o contrato reger-se-á pelo direito do Estado com o qual mantenha os vínculos mais estreitos”
Isto quer dizer que a regra de conexão passar a ser o princípio da proximidade. Este conceito evoluiu nesta Convenção do México para uma acepção mais genérica. Caberá ao juiz analisar os elementos objetivos e subjetivos existentes no contrato para determinar quais serão (com quem serão) esses vínculos mais estreitos, e determinar qual será o direito aplicável (de alguns dos Estados das partes contratantes).
Artigo 10° - INOVAÇÃO: agrega à lei aplicável de um determinado direitoàs normas, costumes e princípios do direito comercial internacional, nos casos pertinentes. É uma inovação, ao passo que soma à utilização do direito tradicional as experiências tribunais arbitrais, responsáveis por decisões baseadas em critérios mistos.
Nood Taquela acredita que o artigo 9° é uma mudança de mentalidade, em face da tradição anterior de regras de conexão tradicionais (local de execução ou local de constituição). Contudo, existem dificuldades iniciais: flexibilidade pode parecer por demais indeterminada aos juízes e às partes.
Utilização da Convenção: A Convenção é um instrumento de uniformização na área da ALCA – se todos os países envolvidos a adotarem, significando uma harmonização da legislação nos Estados-parte.
 Atualmente: as regras sobre lei aplicável nos contratos internacionais dos países que estão em negociação com a ALCA possuem diferenças irreconciliáveis. Logo, a adoção da Convenção representaria a possibilidade de uma solução rápida para um problema crescente na área da ALCA.
5.2 - A Codificação do MERCOSUL
MERCOSUL: não possui instituições supranacionais (poder atribuído a organização comunitária)
DIPúblico: as decisões são incorporadas por tratados internacionais. A vigência de protocolos é simultânea no MERCOSUL. 
Há três maneiras diferentes de solucionar controvérsias:
 - via institucional: disputa entre os Estados regulados pelo Protocolo de Brasília.
 - via judicial: quando está em questão o uso e estipulação de uma norma do
 MERCOSUL já incorporada (interesses privados).
 - via arbitral: interesses provados são resolvidos pela arbitragem comercial. 
Com relação ao DIPr na aplicação das regras do MERCOSUL, cada país pode interpretá-la do seu jeito. 
Existem três grandes grupos de normas vigentes no Brasil emanadas pelo MERCOSUL:
- não auto-aplicáveis: são aquelas que passam a viger após o cumprimento do procedimento de internalização de cada Estado-membro.
- parcialmente auto-aplicáveis: aquelas que passam a viger após a internalização através de simples ato do Poder Executivo.
 - auto-aplicáveis: não necessita a adoção de qualquer medida por parte dos Estados-membros para entrarem em vigor. Elas são dividias em:
 - normas administrativas: aquelas que por sua natureza regulamentam as atividades dos órgãos do MERCOSUL, dividindo competências, definindo diretrizes.
- normas recomendatórias: são aquelas que por sua natureza estabelecem linhas gerais de atuação dos órgãos do MERCOSUL. Seja propondo “caminhos’’ para a convergência entendimento sobre uma determinada matéria, seja definindo regras iguais e critérios comuns. 
	“Esta é a tendência moderna, uniformizar as normas de conflitos de lei para promover a certeza jurídica necessária ao bom andamento dos negócios do comercio internacional’’ Isso alinha o MERCOSUL as modernas tendências acerca de contratos internacionais. 
5.3 A codificação nacional
A codificação editada pela OEA, através das CIDIPs tem servido também de guia para as modificações do DIPr em países da América Latina.
Na Venezuela, em 1998, além de normas do DIPr tradicionais, permite a flexibilização do método conflitual, ao outorgar ao juiz a faculdade de procurar, em suas decisões, a justiça material de cada caso.
No México, depois de mais de 60 anos de territorialismo, incorpora ao seu direito interno inúmeras convenções internacionais, especialmente da OEA.
Na Argentina o Código Civil está em processo de revisão e o projeto inclui parte relativa ao DIPr, concebida a partir do modelo das CIDIPs, em especial nas regras para os contratos internacionais,
5.4 O exemplo brasileiro - Codificação do DIPr no Brasil
O Brasil iniciou sua trajetória codificadora no Império com a elaboração da Constituição e do Código Comercial (com normas de conflito de leis para contratos), mas essas normas eram a de Portugal. Somente com o Código Civil de 1917, na República, o país teve um conjunto de normas específicas, que eram fortemente influenciadas pela técnica europeia e por isso situadas no Código Civil. Mas, as deficiências da introdução ao CC, especialmente a do critério de nacionalidade para o estatuto pessoa, só foram corrigidas com a mudança para a LICC, de 1942, vigente até hoje. A maior modificação da LICC foi a substituição do critério de nacionalidade pelo domiciliar, alinhando o Brasil aos demais países da América Latina.
O DIPr positivo brasileiro continua regulado pelas noções clássicas do século XIX, utilizando o sistema de regras de conexão bilaterais rígidas.
O único exemplo de uma norma material de DIPr brasileira, com a finalidade de proteção ao nacional, ocorre na sucessão internacional. Esta norma brasileira, alçada à condição de princípio constitucional é uma regra que se preocupa com o resultado.
Esta regra é de caráter unilateral, pois a sua primeira parte privilegia, de forma expressa, a norma brasileira. A opção pelo direito brasileiro s[o ocorre se a norma estrangeira for menos benéfica que a nossa.
No mais, o DIPr brasileiro continua regulado pelas normas conflituais clássicas da LICC. Essa situação está sofrendo um processo de mudança de fora para dentro. Nos últimos ano o país ratificou inúmeras convenções interamericanas, e, recentemente, as de Haia sobre restituição de menores e adoção.
As Convenções internacionais contendo a nova metodologia e com a finalidade de proteção dos direitos humanos também para o DIPr , poderiam ser utilizadas como fonte também para os países não signatários, substituindo as regras da LICC já ultrapassadas. a jurisprudência do DIPr brasileiro, em especial na produção do STF, e agora o STJ já utiliza a exceção de ordem pública e poderia utilizá-la também para aplicar essas convenções.
SEMINÁRIO IV
Seminário 4 –Cap. 6: Os limites à aplicação da lei estrangeira (6.1, 6,2. 6.2.1)
6.1. Ordem pública e regras de caráter imperativo
Existem duas maneiras de afastar a lei estrangeira, sendo elas:
-1º modo de afastamento: exceção da ordem pública: vai ser um afastamento da lei designada (poligamia é aceita em 50 países, mas se o cara casado com 3 mulheres, aqui não é aceito). Então, mesmo que lá é aceito, nós temos não temos o D de não aceita-la. O juiz afasta a lei brasileira que mandava seguir a lei estrangeira. É uma válvula de segurança, para não criar constrangimentos ao juiz ao aplicar uma lei estrangeira, por determinação da própria lei brasileira. O Br não pode ir contrário às leis nacionais. Existem 2 efeitos: o positivo e o negativo. O efeito positivo é que não necessariamente você não vai usar a lei do foro, se usa a lei mais adequada. O efeito negativo é conseq. do efeito positivo, e é negativo, pois gera conflitos de leis territoriais. A exceção da ordem pública dá flexibilidade ao sistema, fazendo com que ele possa ser aplicado atualmente.
-2º modo de afastamento: normas de aplicação imediata: geralmente é utilizada em normas de trabalho e consumo. Nesse sentido, a lei de segurança do trabalho brasileira vai ser levada em conta imediatamente antes da lei estrangeira, pois a tendência é a elaboração de regras nacionais. 
-Diferenças entre Ordem Pública e Norma de Aplicação: 
A ordem pública surge posteriormente à regra de conflito, ou seja, é uma solução para esse impasse entre a lei estrangeira e a lei nacional (leva-se em conto a lei mais adequada e não a lei do foro). As próprias normas definem sua própria aplicação. 
Na Norma de Aplicação, o conflito de leis não é nem considerado. Há uma maior preocupação com a preservação do ordenamento jurídico interno. Nem todas as leis tem caráter imperativo (não são resolvidas de toda maneira). Logo, cabe ao juiz decidir quando vai salvaguardar a ordem pública, e para tanto o juiz deve ter um senso de necessidade dessa norma para que ela não se torne banal.
6.2 – Ordem pública no DIPr e os direitos fundamentais
Os direitos fundamentais estão acima da ordem pública e das normas imperativas, por garantirem à proteção à dignidade, a liberdadee a igualdade entre os humanos. São as normas dos direitos fundamentais que permanecem caso ocorra algum conflito dentro do sistema de normas. 
As normas do DIPr defendem os princípios dos direitos fundamentais, os quais são as normas chaves do sistema jurídico. Essa relação começou a partir do artigo 38 da Liga das Nações. Um país não pode ferir os direitos fundamentais do outro. 
A aplicação dos direitos fundamentais pode ser vertical e também horizontal. Sendo vertical no sentido da relação entre Estado e o índividuo. E a horizontal é a relação entre os indivíduos, ou seja, nenhum individuo de um estado pode ferir os direitos humanos de um indivíduo de outro estado. 
Desse modo, a forma prática da aplicação desses conceitos são das mais variadas, porque não possível deixar que cada juíz em cada país decida sem nenhum critério. Segundo a autora é necessário ter parâmetros na aplicação do DIPr, é preciso se basear em uma nova metodologia cientifica, a qual para a autora deve ser a perspectiva retórico argumentativa, porque de acordo com esta deseja-se encontrar a solução mais justa a partir de uma lógica razoável, e não apenas mais pelo aquilo que estava contido no ordenamento jurídico. 
Portanto o DIPr não é imune à mudanças já que se relaciona muito com a compreensão da metodologia jurídica e dos direitos fundamentais. Sendo assim, devido a generalidade das normas do DIPr, essa disciplina acaba dependente de um grand esforço interpretativo baseado na argumentação, já que existem vários espações que somente a discussão principiológica pode solucionar. 
6.2.1 Breves notas sobre a argumentação jurídica.
Filósofos, estudiosos e juristas se encarregaram de fazer uma nova leitura do direito. Embora o autor trate destas diferentes pessoas e as especificidades de suas teorias, todas partem de um método chamado tópico-argumentativo que, como sugere o nome, coloca um grande peso na capacidade de argumentação dentro de um processo jurídico.
Um filósofo chamado Ronald Dworkin, fez um trabalho que reestabelece a ligação entre filosofia do direito e filosofia política. Ele reestabelece essa ligação apresentando o papel dos princípios a partir do que ele chama hard cases. Nesses casos os princípios fazem com que seja possível articular o direito e a moral
O DIPr esta cheio de casos difíceis que “clamam” por uma solução diferente daquelas que normalmente são utilizadas, clamam por uma solução mais abrangente, menos restritiva, como é o caso do método chamado de tópico-argumentativo. Para que seja possível entender esse método é importante entender o que seria o métodos tradicional do direito, o positivista.
Primeiramente, o q seria o método tradicional do direito: ver qual norma se aplica ao caso, e simplesmente aplicá-la.
Já no método tópico argumentativo é diferente: eu vejo qual norma se aplica ao caso, mas também levo em conta diversos princípios, circunstancias, opiniões e ideias que fazem parte do contexto do caso antes da sentença. 
Ou seja, ele promove uma nova leitura da do direito e interpreta a noção de ordem pública tendo em vista os princípios presentes na constituição e a proteção da pessoa humana.
Dessa forma, surge um campo de estudo que evidencia o uso da argumentação para que o direito seja melhor entendido.
Nesse sentido, surge um filósofo do direito chamado Chaim Perelman. Ele apresentou, através de suas reflexões, a utilização da argumentação na compreensão do fenômeno jurídico, e a utilização dessa argumentação também para o desenvolvimento da escola de pensamento chamada de pós positivista, já estudada pela gente.
Dessa forma, as idéas de Perelman reforça o que ja foi dito: as regras para esse estudioso estariam no mesmo patamar que os princípios, oq ue faz com que os dois possam ser utilizados para fundamentar as normas, de acordo com seu potencial persuasivo.
Ele diz isso porque ele parte do pressuposto de que os homens são racionais, e se um homem age com a razão ele não decide aleatoriamente, de forma arbitrária, ele pondera, reflete e decide.
Nesta mesma linha, surge um estudioso de filosofia e direito que se chama Theodor Viehweg que recupera um método chamado de TÓPICA – no qual são levados em conta diferentes pontos de vista capazes de servir de argumentos pó ou contra a solução ponderada.
Outro jurista e filosofo de direito que segue o mesmo raciocínio é Manuel Atienza. Ele fala da TEORIA DA ARGUMENTAÇAO JURÍDICA. Essa teoria parte do pressuposto de que as decisões jurídicas “devem e podem” ser justificadas da melhor maneira possível. Pois essas justificativas fazem com que as decisões se tornem aceitáveis.
para Atienza, essa teoria atinge 3 campos:
-o primeiro é da produção de normas – que se dedica à fase legislativa
-o segundo se refere à aplicação de normas – que decide os hard cases relativos à interpretação e aplicação do direito
-já o terceiro campo é o da dogmática jurídica – que diz quando uma norma deve ser aplicada ao caso concreto, ou seja, ele oferece critérios de tomada de decisão aos órgãos jurídicos.
Voltando para o filósofo Dworkin, ele apresenta o papel da aplicação dos princípios para fornecer as diretrizes usadas para fundamentar as decisões jurídicas, u seja, a aplicação desses princípios evitava que o magistrato decidisse de acordo apenas com sua vontade.
Para explicitar seu ponto de vista, ele apresenta uma distinção entre os princípios e as normas jurídicas:
-normas jurídicas – ele diz que estas normas seguem a regra do tudo ou nada, ou seja, ele são possíveis ou não de serem aplicadas a uma situação concreta. E essas normas podem apenas serem cumpridas ou descumpridas, e se cumpridas, exigem um cumprimento pleno.
-princípios – já o principio é algo mais abstrato e general, é necessário coloca-lo diante de cada situação para ver se é aplicável ou não. Os princípios são mandados de otimização que se caracterizam por poder ser cumpridos em diversos graus
Ainda em relação aos princípios e normas, um jurista alemão chamado ROBERT ALEXY faz um estudo a respeito da situação em que há colisão de princípios e conflitos de regras
-conflito de normas: se desenrola na dimensão de validade – a prevalência de uma invalida a outra
-colisão de princípios: pondera o valor de cada um dos princípios envolvidos , mas nenhum deles é excluído do sistema, ou seja, o descartado na ocasião pode ser utilizado no futuro.
Ao fazer essa ponderação três elementos são analisados para dar uma resposta a um caso concreto:
-sua adequação – ou seja, o ato deve ser adequado para produzir o resultado desejado
-sua necessidade – que é a escolha do menos custoso ao direito fundamental
-e sua proporcionalidade em sentido restrito – que é o meio mais vantajoso na promoção do direito fundamental, ou seja, representa o menor desrespeito possível aos outros direitos também protegidos.
SEMINÁRIO V
Apresentação- seminário DIPr. Capítulo seis: Os limites à aplicação da lei estrangeira.
Sub tópicos: 6.2.2 “A aplicação da nova concepção de ordem pública no DIPr atual.”
 Inicialmente é importante saber que a aplicação da lei estrangeira amparada pela regra de conexão (circunstâncias diretamente ligadas ao caso, usadas pela norma de DIPr para indicar a lei aplicável EX: nacionalidade, domicílio) deve ser analisada pelo juiz a partir de uma metodologia principal. E a autora afirma que essa metodologia principal se refere aos princípios como sendo as normas-chave de todo o sistema jurídico.
 Dessa forma, ressalta-se que o conceito de dignidade humana funciona como o eixo fundamental tanto dos direitos humanos, no plano internacional, como dos direitos fundamentais, no plano interno, exercendo grande influência nas decisões dos juízes. Parece ser um pouco confuso, mas é só vocês se atentarem ao fato de que existe uma diferença no conceito de direitos humanos e direitos fundamentais.
Só pra eu não passar por cima e pra não ficar uma coisa vaga, essa distinção eu procurei em um contexto fora do capítulo já que a autora não fala dessa distinção . . O fator diferencialé o local onde estão previstos esses direitos. Os direitos fundamentais estão reconhecidos e protegidos pelo direito constitucional de cada Estado, previstos no texto constitucional; os direitos humanos estão presentes em tratados internacionais, na esfera dos direitos internacional
Bom, então retomando o que eu acabei de dizer aqui, nós temos que a dignidade humana é um eixo central tanto dos direitos humanos como dos direitos fundamentais. 
E o que a autora também vai afirmar nesse capítulo é que na hora da aplicação da norma estrangeira, os princípios têm primazia sobre a norma, principalmente se a presente questão girar em torno da violação da dignidade humana. Então se a gente tem um caso internacional em que se a norma internacional for aplicada e isso ferir a dignidade humana, essa norma vai ser posta de lado em detrimento dos princípios. 
Bom, eu acho válido fazer tbm, apesar de não ser citado no capítulo uma breve distinção entre normas e princípios. Existem três correntes principais que analisam essas diferenças: a primeira delas diz que é totalmente possível fazer essa distinção na medida em que normas e princípios se diferem claramente, uma outra corrente diz que essa diferença entre eles é muito tênue na medida em que é difícil achar as diferenças e a terceira corrente acredita ser totalmente fácil e possível distingui-los. 
Concluindo: Então, se uma regra estrangeira entrar em colisão com um princípio, essa regra será considerada contrária ao princípio da ordem pública. Ai a autora vai fazer uma exemplificação de um caso em que ocorre exatamente isso: uma regra estrangeira entra em colisão com um princípio e fere a dignidade humana. 
	A Convenção Européia dos Direitos Humanos constitui um ponto de referência na evolução do Direito Internacional Privado. A sua influência foi sentida não só na Europa, mas em todos os continentes e em todos os países onde foram feitos esforços para garantir uma melhor proteção dos Direitos Humanos. (BR caso adoção – Convenção Haia). Dessa forma, a convenção possui caráter de verdadeira instituidora de uma ordem pública europeia, consistindo numa pauta interpretativa dos direitos fundamentais dos países signatários.
	Tecnicamente, a Convenção Europeia é um Tratado Internacional, uma espécie de contrato em virtude do qual os Estados assumem determinadas obrigações jurídicas. Tais obrigações apresentam todavia uma característica peculiar enquanto sua essência consiste principalmente no reconhecer que os indivíduos são titulares de certos direitos. Assim, quando um juiz é chamado para aplicar o direito estrangeiro, deve ter em conta os direitos fundamentais protegidos pela Constituição e pelas Convenções Internacionais.
	As disposições da Convenção permitiram também aos indivíduos que se consideram lesados nos seus direitos iniciar uma ação contra o governo que reputam responsável no âmbito das instituições Europeias dos Direitos Humanos. Os governos têm a obrigação de fazer com que cada pessoa submetida à sua jurisdição, e não só os que possuem a nacionalidade daquele determinado país usufrua dos direitos e das liberdades tuteladas pela Convenção; isto obrigou alguns Estados a iniciar reformas com a finalidade de adequar o próprio direito nacional à disposição da Convenção.
	Um exemplo foi o caso Marckx, na Bélgica, em que uma mãe se sentiu lesada por não ter a tutela da sua filha por não ter sido uma filha legítima. E, dessa forma, a mãe biológica deve que adotar a própria filha. A mãe se sentiu lesada acionou a Corte Europeia de Direitos Humanos e foi constatado que havia um descompasso entre a legislação belga e a os Direitos Humanos. Assim, a legislação belga foi modificada.
	Para fechar o capítulo, a autora conclui que a aplicação do principio da ordem pública se apóia nos princípios gerais do sistema jurídico, o qual inclui os Direitos Fundamentais. E essa aplicação pode ser mais eficiente com o uso da teoria da argumentação jurídica não a pós-Positivista. O Pós-Positivismo é muito mais amplo, não se preocupa com os meios, e sim com os resultados, se analisar o caso concreto, aproxima o Direito e a Justiça.
SEMINÁRIO VI
Os cursos jurídicos foram criados no Brasil em 1827 nas Faculdades de São Paulo e Recife.
O DIPr como disciplina autônoma surgiu em 1907 na Faculdade de Ciências jurídicas do RJ.
Pimenta Bueno e Teixeira Freitas trataram da matéria no século XIX de maneiras distintas, de modo que Bueno defendia que os juristam optassem pelo critério de nacionalidade – critério adotado no Brasil -, que ressaltava a importância da regulamentação dos atos dos indivíduos; e Freitas que defendia o critério de domicílio – critério adotado por alguns países da América Latina como Argentina -, onde o conceito de sede deveria ser utilizado para delimitar os limites locais das leis que deveriam ser aplicadas.
Lafayette Rodrigues Pereira elaborou o Código de DIPr no Brasil, mas que não foi adotado.
E por fim, a autora ressalta dois pontos importantes, na história da disciplina no Brasil temos ela oscilando repetidas vezes ao longo da história como matéria obrigatória e matéria optativa dos estudos de Direito Internacional, o que, segundo a autora, justifica o número reduzido de obras gerais sobre o assunto escritas no Brasil. A volta da matéria como disciplina obrigatória têm provocado um “renascimento” dos estudos em torno do assunto. 
E o segunto ponto seria a importância internacional que o DIPr têm ganhado devido à inexistência de barreiras espaciais e o aumento das facilidades de comunicação global.
7.2 – fontes do DIPr no Brasil
7.2.1 – Fontes de origem nacional
No Brasil a principal fonte legislativa é a Lei de Introdução ao Código Civil, que trata da DIPr. A Constituição Federal de 1988 trata da nacionalidade, dos direitos e deveres dos estrangeiros, das questões referentes aos tratados internacionais, da sucessão internacional, além de determinar a competência do Supremo Tribunal de Justiça em temas de cooperação internacional e da Justiça Federal. O Código do Processo Civil regulamenta a questão da jurisdição internacional e questões relativas às cartas rogatórias, prova do direito estrangeiro, e sentença estrangeira.
Além das fontes legislativas, conta-se com a doutrina (que se manifesta como interprete e guai para a jurisprudência) e a jurisprudência (que aparece nas decisões do Supremo Tribunal Federal).
A justiça estadual: cuida das casos referentes ao direito da família, sucessão e contratos internacionais.
A justiça federal: julgamentos de ações nas quais a União Federal, suas autarquias, fundações e empresas públicas federais fiquem na condição de autoras ou rés. 
Sendo: Lei de introdução ao código civil: regula as normas jurídicas de uma maneira geral, quer sejam do direito público ou privado, é considerado uma norma sobre as normas.
Constituição Federal de 1988: é a atual constituição do Br. E é chamada constituição cidadã.
O Código do Processo Civil: é a lei que atualmente regula o trânsito do processo judicial civil.
Jurisdição internacional: conflito entre particulares em nível internacional, sendo necessária uma cooperação jurídica internacional, objetivando por fim ao litígio.
Cartas rogatórias: tramitação internacional de atos processuais (quando o poder Jurídico de um Estado soberano solicita a outro país que realize diligencias como provas, depoimentos, acesso a pericias).
Sentença estrangeira: reconhecimento e execução de sentença estrangeira.
Jurisprudência: aplicação e interpretação das leis.
7.2.2- Fontes de origem internacional
As fontes de origem internacional também são de caráter legislativo (tratados e convenções), doutrinário (as principais obras de outros países) e jurisprudencial (como a corte internacional de justiça, OEA, Corte Europeia de Direitos Humanos, etc). E também utilizam da doutrina e da jurisprudência.
Apesar do Brasil participar ativamente em foros internacionais que buscavam uniformizar o DIPr, só a partir de 1990 muitas convenções passam a fazer parte das fontes do direitointerno. É com a ratificação e a promulgação de inúmeras convenções interamericanas de DIPr, elaboradas pelas CIDIPs que passamos a fazer parte de um sistema latino-americano de uniformização setorial do DIPr.
Outra fonte normativa são os documentos do MERCOSUL, mas este tem um caráter regional, que busca a uniformização dos direitos dos países do bloco e ao DIPr (em especial o direito processual civil internacional, contratos internacionais, responsabilidade civil,etc.). E muitos deles já estão em vigor no Brasil. 
Além da codificação regional, a conferencia de Haia é o fórum específico do DIPr de caráter universal. E duas convenções importantes integram o sistema nacional: a convenção sobre as Aspectos Civis do sequestro internacional de menores e a convenção sobre cooperação Internacional e proteção de crianças e adolescentes em matéria de adoção internacional.
Conflitos de fontes	
É normal que haja situações em que fontes internas de DIPr se choquem com fontes internacionais, sendo que a lei interna indica uma solução para determinado conflito e um tratado ou uma convenção, ratificado pelo país, indica outro tipo de solução. Para entender os conflitos de fontes do DIPr é necessário nos remeter à uma velha discussão da doutrina e da jurisprudência, ou seja, é preciso rever o debate entre os dualistas (chefiados pot Triepel e Anzilotti) e os monistas (liderados por Hans Kelsen).		
 	Por um lado, os dualistas após analisar as características distintas do direito internacional e do direito interno, concluíram que eles constituem sistemas jurídicos distintos. São sistemas que um não se sobrepõe ao outro, apenas se tangenciam. As relações que regem são diversas, portanto, não há conflitos entre as fontes que regem os dois sistemas jurídicos. O direito interno rege relações intra-estatais, enquanto que o direito internacional rege relações jurídicas interestatais, não havendo assim confusão. 	Por outro lado, os monistas, liderados por Kelsen, sustentava a não existência de dois sistemas jurídicos, válidos e independentes. As relações de direito interno e de direito internacional convergem, se sobrepõem, e, segundo Kelsen, é necessário encontrar um método que discipline estas duas categorias dentro de uma única ordem jurídica.	
 	Ao longo do tempo surgiram três escolas monistas: a que defende a primazia do direito interno sobre o direito internacional; a que defende a primazia do direito internacional sobre o direito interno; e a que os equipara, dependendo a prevalência de uma fonte sobre a outra da ordem cronológica de sua criação, isto é, monismo moderado. Por sua vez, Kelsen defendeu a primazia do direito internacional sobre o direito interno e a partir disto, ele cria a imagem da pirâmide das normas, em que uma norma tem sua origem e tira a sua obrigatoriedade da norma que lhe é imediatamente superior. No ponto mais alto da pirâmide encontra-se a norma fundamental (regra do DIPu), que dá origem as demais normas inferiores à ela. 	
 	No Brasil, ainda no Império, o direito da propriedade intelectual foi uma das primeiras áreas a se deparar com conflitos entre as fontes internas e internacionais. A propriedade intelectual compreende o campo da Propriedade Industrial, ou seja, direito autorais e outros direitos sobre bens imaterias de vários gêneros. Portanto, é uma propriedade que garante a proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico, permitido assegurar o monopólio ou o uso exclusivo sobre uma determinada invenção. (Primeiro tratado multilateral sobre propriedade industrial, assinado pelo Brasil em 1883, foi a Convenção Internacional de Paris, promulgada pelo Decreto n. 9.233, de 28 de junho de 1884. A Convenção de Paris, ou CUP, continua em vigor desde aquela época, com modificações introduzidas ao longo do tempo). 	
 	Nos últimos anos, o Direito Constitucional também se ocupa da matéria, quando estuda os casos sobre a aplicação interna de tratados internacionais. Além disso, o conflito de fontes aparece em outras áreas: responsabilidade do transportador aéreo; direito tributário; direito do trabalho; na aplicação das Convenções da OIT; direito da integração econômica. Sobre os protocolos assinados no âmbito do MERCOSUL; direitos humanos e aplicação do Pacto de San José da Costa Rica; direito de família.
Pacto San José da Costa Rica (ou Convenção Americana de Direitos Humanos): é um tratado celebrado pelos membro da OEA (Organização de Estados Americanos), em San José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, sendo que entrou em vigor no dia 18 de julho de 1978 e foi ratificado pelo Brasil em 1992. A convenção internacional procura consolidar entres os países americanos um regime de liberdade pessoal e de justiça social, baseado no respeito aos direitos humanos essenciais, independentemente da nacionalidade ou do domicílio. Estes direitos são: o direito à vida, à liberdade, à dignidade, à integridade pessoal e moral, à educação, entre outros. A convenção proíbe a escravidão e a servidão humana, trata das garantias judiciais, da liberdade de consciência e religião, de pensamento e expressão, bem como da liberdade de associação e da proteção a família. Quando ocorre uma violação a qualquer tipo de Direitos Humanos, em qualquer um dos países, e o governo deste permaneça indiferente, é dada a oportunidade à vitima de fazer sua denúncia à comissão, que levará o caso à corte, para que seja julgado.
	A questão do conflito de fontes voltou ao centro do debate nos tribunais superiores (STF e STJ). Em especial, houve o julgamento, pelos Supremo Tribunal Federal, da Ação Direta de Inconstitucionalidade (instrumento utilizado no chamado controle direto da constitucionalidade das leis e atos normativos, exercido perante o STF brasileiro) n. 1480-3, na qual contestava a compatibilidade de alguns artigos da Convenção n. 158 da OIT frente à atual Constituição brasileira.
Incorporação dos tratados no direito interno brasileiro
A expressão tratado foi escolhida pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969:
“Um acordo internacional, qualquer que seja sua denominação específica”
Esta é uma terminologia bastante imprecisa na prática internacional. Lafayette Rodrigues Pereira: aos tratados dava-se, indiferentemente, a denominação de convenções, acordos, pactos e ajustes internacionais. Celso D. de Albuquerque Mello: o termo pode ser utilizado em diversas acepções, não havendo uniformidade na sua utilização internacional. 	
 	Portanto, a definição mais utilizada pela doutrina encontra-se na Convenção da ONU sobre Direitos dos Tratados, de 1969 (Convenção de Viena):
“Art. 1º. .... ‘tratado’ significa um acordo internacional celebrado entre Estados em forma escrita e regido pelo direito internacional, que conste, ou de um instrumento único ou de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua denominação específica”.
Suas condições de validade são: capacidade das partes contratantes, habilitação dos agentes signatários, consentimento mútuo e objeto lícito e possível. A norma pacta sunt servanda, de aceitação ampla no direito internacional público, confere obrigatoriedade aos tratados, integrando o conjunto dos princípios gerais de direito, reconhecidos e respeitados pela sociedade internacional. E os tratados, em princípio, só produzem efeitos entre as partes contratantes desde que tenham entrado em vigor. 	
 	Uma vez que celebrados, os tratados estabelecem uma relação jurídica entre Estados (ou entre Estados e organizações internacionais) e aplicam-se em todo o território estatal, desde o momento de sua internalização, além daquelas relativas à vigência internacional do ato, estabelecidos no próprios tratado.
7.3.3 “A Polêmica entre os dualistas e monistas”
A autora retoma a controvérsia dos anos 20 entre as ideias defendidas pelos chamados dualistas e pelos monistas – até hoje tal controvérsia, segundo as próprias palavras da autora, “assombra” a doutrinanacional, muitas obras a discutem.
Dualismo: Triepel – autor alemão que afirmava a existência de dois sistemas distintos, sendo eles: a ordem jurídica internacional e a ordem jurídica interna.
O direito interno é aquele estabelecido pelo Estado no âmbito nacional; ele cumpre a função de regular as relações entre os sujeitos privados e entre o Estado e estes sujeitos. 
O direito internacional trata da relação entre os Estados, que são os sujeitos de direito, como iguais. As partes privadas ficam de fora desse sistema.
Para Triepel, não haveria “concorrência” entre essas normas. Os dois sistemas possuíam fontes jurídicas (origem, veículo do direito) diferentes. O direito interno tem sua origem na vontade do Estado; já o direito internacional deriva sua fonte da vontade coletiva dos Estados, a lei de um determinado Estado, portanto, não pode obrigar os demais.
A autora coloca uma nota com um trecho da obra do autor que é relevante para explicitar o que é essa relação para ele (página 154, nota de rodapé 118): 
“(...) Um tratado internacional não é em si um meio de criação de direito interno. Ele pode constituir apenas um convite para a criação deste direito, mas a formação do direito repousa sempre no Estado, em um ato de vontade particular do Estado, diferente de sua participação no desenvolvimento jurídico internacional.”
Portanto, um tratado internacional possui validade interna quando esta é estabelecida pelo Estado. O autor concluiu que, por esse sistema, era necessário que a transposição da norma de origem internacional pata o âmbito interno fosse feita por uma manifestação legislativa – somente após isso a norma seria internalizada. Quando um Estado aceita as normas provenientes de um tratado, ele está realizando um novo ato de vontade, sendo este diferente daquele do plano internacional, mesmo se for somente transposição da norma internacional. O que é obrigatório para o Estado é a lei interna publicada, e não o tratado internacional que lhe dera origem.
Monismo: o monismo é fundamentado na ideia de Kelsen – ele entende a existência de uma única ordem jurídica, com projeções interna e internacional. Para ele, todo o direito está baseado em uma norma fundamental, logo, direito interno e internacional estão na mesma pirâmide. Não há a necessidade de internalização das obrigações estabelecidas pelo tratado internacional; não há a separação entre os dois, a aceitação é automática. Há a possibilidade de conflitos entre as normas internas e as normas internacionais, este seria resolvido pela supremacia do direito internacional ou do direito interno. O tratado, uma vez aprovado, integra automaticamente a ordem interna.
Nesta corrente temos ainda subdivisões em três escolas:
Defende a primazia do direito interno sobre o direito internacional: o Estado privilegia sua soberania, deixa a desejar na ordem internacional;
Primazia do direito internacional sobre o direito interno: o Estado beneficia a ordem, o conjunto de normas do sistema internacional. Tal escolha sacrifica mais sua soberania, pois o Estado fica submetido à regras que estão acima dele próprio;
Equiparação entre os dois, fazendo depender a prevalência de uma fonte sobre a outra na ordem cronológica de sua criação.
Crítica de Kelsen ao dualismo: Segundo ele, o dualismo é insustentável pelo fato de o direito internacional e nacional possuir normas consideradas válidas para o mesmo espaço e ao mesmo tempo. Temas nacionais poderiam também ser objetos de tratados; ademais, segundo Kelsen, não há nenhuma matéria que pudesse ser regulamentada apenas pelo direito nacional. A criação da ordem jurídica nacional dependeria do princípio da eficácia, que é de origem internacional, e o direito internacional determinaria não apenas sua esfera de validade como também a ordem interna.
SEMINÁRIO VII
Capítulo 7.3.4.
A jurisprudência
	Classificações
	Radical Extremado
	Moderado
	Dualismo
Critério: dualidade de sistemas - o interno e o internacional – que não se comunicam. Daí a necessidade de mecanismos de internalização dos tratados, para que tenham vigência no território nacional.
	
Necessidade da edição de lei para a incorporação do tratado à ordem jurídica nacional.
	
A incorporação prescinde de lei, embora seja necessária a observância do iter procedimental previsto no direito interno. No Brasil: aprovação congressual e promulgação presidencial.
	Classificações
	Radical Extremado
	Moderado
	Monismo
Critério: o direito interno e o internacional integram o mesmo e único sistema. Daí a admissibilidade da existência de conflitos entre tratados e a ordem jurídica nacional.
	
Prevalência do tratado sobre a ordem jurídica interna.
	
Equiparação hierárquica do tratado à lei ordinária. 
Consequências:
Subordinação do tratado à
Constituição;
Quanto à lei ordinária, aplicação dos critérios temporal e da especialidade para a solução de antinomias.
Sobre a jurisprudência como base do dualismo moderado: 
O ato internacional passa a ser incorporado ao sistema jurídico doméstico com a aprovação presidencial e congressual. Manifestação essencial e insuprimível, especialmente se considerados os três efeitos básicos que lhes são pertinentes: (a) a promulgação do tratado internacional; (b) a publicação oficial de seu texto; e (c) a executoriedade do ato internacional, que passa então a vincular e a obrigar no plano do direito positivo interno.
Sobre a existência de dois momentos distintos no processo descrito: Incorporação e Posição Hierárquica:
Os atos internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se no mesmo plano de validade e eficácia das normas infraconstitucionais.
Existe uma mera relação de paridade normativa entre tratados internacionais e leis internas brasileiras.
No que concerne à hierarquia das fontes, os atos de direito internacional publico se posicionam no mesmo plano em que se posicionam as leis internas, e correrá eventual precedência de atos internacionais sobre as normas infraconstitucionais em face da aplicação do critério cronológico (lex posterior derotat priori).
O parágrago 3º do artigo 5º da Constituição Federal
Antônio Augusto Cançado Trindade.
Tratados de Direitos Humanos tem um status superior aos demais.
Equiparação dos Tratados de Direitos Humanos com as emendas constitucionais.
Emenda Constitucional 45
Esclarece a situação, uma vez que a nova classe de tratados de Direitos Humanos passa a um patamar constitucional.
Ministro Gilmar Mendes
Tratados anteriores Á Emenda Constitucional 45 não têm como atingir o status de Emenda Constitucional.
Hierarquia legal para o estabelecimento do lócus para os tratados anteriores à Emenda Constitucional 45. Tratados anteriores estão numa categoria denominada supralegal, acima das leis ordinárias e abaixo da Constituição Federal.
SEMINÁRIO VIII
Cap. 8 – processo civil internacional e Cap. 9: Competência Internacional no Brasil
A jurisdição tem como papel administrar a justiça aos que a solicitarem. Pode ser vista também como uma forma de exercício de soberania estatal. A jurisdição é o poder de julgar, de aplicar lei a um caso concreto. Ela deve ser determinada pelo Estado, a fim de que ele exerça sua soberania (que é o poder de organizar-se juridicamente). O problema, antes de ser processual, é de ordem pública internacional, restringindo-se a eficácia das leis de cada Estado ao respectivo território. A competência é a delimitação da jurisdição, levando em consideração os juízes, uns em relação aos outros.
 A jurisdição pode sofrer limitações a partir do momento em que produzir efeitos em outro território (com outra jurisdição). No Direito Brasileiro existem limitações pelos artigos 88 e 89, pelos critérios de homologação (limites à jurisdição estrangeira) e pelo princípio da Ordem Pública.
O Código de processo civil define quando o judiciário brasileiro poderá ou deverá ser chamado a solucionar casos com características internacionais.
No Brasil as regras de competência internacionalfixam monopólio jurisdicional absoluto para si. Apenas nos casos de competência concorrente é que esse monopólio é quebrado.
Exemplo: Contrato de distribuição de produtos por empresa sediada no Reino Unido com execução contratual no Brasil. Como o contrato ocorre aqui, prevalece o artigo 88 do Código Processual Civil, a sentença de um conflito ocorreu aqui (apesar da parte vencida querer que a decisão fosse tomada no exterior – visto que no Reino Unido se davam melhores pagamentos indenizatórios).
A partir desse exemplo temos que existem cláusulas de foro, e nesse caso o foro inglês foi desprezado. Também podemos ver através desse caso que existem normas de competência internacional, cuja finalidade é conhecer uma lide (Lide é a disputa judicial por um direito) –uma vez que por sua pluriconexidade- pode ser julgada pela Justiça de um ou mais Estados- e reconhecer decisões estrangeiras e laudos arbitrariais (que, para ter eficácia no território nacional precisam ser homologados pelo STF). Em resumo, as normas de competência regulam o conhecimento dessa disputa, que pode ser julgada pela Justiça de um ou mais Estados. Também regulam eficácia das decisões em território nacional.
A determinação da competência ocorre em duas etapas: na primeira, o Poder Judiciário define sua jurisdição cuidando dos limites espaciais (artigos 88 e 89 do Código Processual Civil). Depois, o Poder Judiciário define os contornos da competência interna. O Juiz deve verificar, em primeiro lugar, se a causa se inclui dentro dos limites que fixam a extensão da jurisdição nacional, para depois verificar se, tendo competência internacional, veria se tem competência interna para dar uma sentença. Determinar a competência internacional de uma autoridade consiste em decidir se a situação que a eles está submetida pode ou não ser conhecida pelo tribunal.
O Código Processual Civil dividiu a competência internacional entre concorrente (artigo 88) e exclusiva (artigo 89). A partir das regras desses artigos, a justiça se declara como competente ou não para analisar um caso de conflito internacional. Basta a ocorrência de qualquer das hipóteses desses artigos para se fixar a competência da autoridade judiciária brasileira.
Os casos de competência concorrente caracterizam-se quando não há exclusão da jurisdição de outros Estados; quando é possível a homologação da decisão estrangeira. Artigo 88: a autoridade brasileira é sempre competente quando o réu é domiciliado no Brasil; a justiça brasileira é competente em função do local do cumprimento da obrigação; há competência brasileira se há fatos ocorridos em território nacional. Em todas as hipóteses presentes no artigo 88, se a ação for proposta no Brasil, terá curso normal. Se for proposta no estrangeiro, será válida no Brasil, após a homologação da sentença. É admitida clausula de eleição de foro. Deve-se observar o princípio da efetividade nessa escolha.
Nos casos de competência exclusiva só vale a jurisdição brasileira; há exclusão da jurisdição de outros Estados, não sendo possível a homologação de sentença estrangeira. São de nossa competência exclusiva todas as ações de natureza real sobre imóveis situados no Brasil. Não é admitida clausula de eleição de foro. Assim, a competência exclusiva (artigo 89) dirige-se às ações relativas a bens imóveis situados no Brasil, e ao inventário e partilha de quaisquer bens no país. A regra do artigo 89 tem por escopo impedir a intromissão de juízo do exterior nas ações de inventário e partilha de bens situados no Brasil, sem qualquer consideração à nacionalidade. É uma tendência os Estados soberanos terem competência exclusiva para causas relativas a imóveis situados em seu território, por serem estas uma questão de ordem publica e de segurança jurídica. OBS: O STF tem entendido como aceitável a partilha realizada no exterior de bens aqui situados, quando for relativo ao divorcio.
Exemplo: Discutia-se o cumprimento de uma promessa de compra e venda de imóvel situado no Paraguai, cujo contrato fora celebrado no brasil e executado no Brasil. O STF afastou uma aplicação do artigo 89, afirmando a competência da jurisdição brasileira, não obstante o imóvel estar situado em Estado estrangeiro, pois se tratava de uma obrigação a fazer, de cunho pessoal, e o foro do domicilio dos contratantes – Brasil – havia sido eleito para execução do contrato.
A clausula de eleição de foro, no plano interno, é critério de competência. No plano internacional, não é. É válida a clausula de eleição de foro para os processos oriundos do contrato. A cláusula de eleição de foro é permitida desde que não tenha por objetivo fraudar a lei e que não venha ferir a ordem pública, bem como não pode haver denegação de justiça.
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Tem-se vários foros e todos eles são competentes para conhecer da ação. Ex.: situações em que há foro de eleição; a ação pode ser ajuizada em diversos locais, deve ser feita uma escolha pelo que seja mais conveniente.
É quando o autor de uma ação pode escolher, dentre os vários foros competentes, em países diferentes, aquele que lhe parece mais favorável.
O reconhecimento da conexão com a ação já proposta no exterior, pedida pelo réu, implicaria a aceitação da litispendência (ocorre a litispendência quando duas causas são idênticas quanto às partes, pedido e causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza uma nova ação que repita outra que já fora ajuizada, sendo idênticas as partes) no plano internacional, ao contrário do estabelecido na lei.
Muitas pessoas veem nas hipóteses não previstas na lei um motivos de dúvida sobre a competência da justiça brasileira, vendo-a com um sentido negativo, uma vez que acham que as normas de competência visam limitar o âmbito de atuação jurisdicional legítima do Estado brasileiro.
No entanto, o grupo acha que é uma grande conquista do DIPr essa a aplicação do direito estrangeiro sempre que a relação jurídica tiver maior conexão com outro sistema jurídico do que com o do foro. E a forma de se fazer melhor justiça não é vista como ofensa à soberania. Aí está a grandeza do DIPr, pois no momento em que restringirmos a possibilidade do foro internacional, estaremos limitando a capacidade negocial do país em um mundo que, hoje, rapidamente processa os contratos em termos supranacionais.
Deve-se sempre observar a eficácia. Se a eficácia está no estrangeiro, devemos considerar a possibilidade de aceitação daquele foro de sua decisão. Se a eficácia é no Brasil, a existência do elemento de fixação da competência basta para que a Justiça brasileira seja competente em analisar o caso.
Exemplo: tribunal de justiça do RS se declarou competente em um pedido de divórcio no qual a mulher estava domiciliada no Brasil, mas o réu estava domiciliado no exterior. O casamento foi feito no exterior.
As lacunas da lei devem ser supridas com as normas de competência interna, ou seja, a disposição legal que indica a competência interna para esses casos também serviria para determinar a competência internacional.
É importante sabermos que existe a hipótese na qual as partes podem optar por não utilizar a justiça nacional ou mesmo estrangeira, sem que isso represente um caso de denegação de justiça. Quando existir no contrato uma clausula arbitral significa que o juiz não pode impor a jurisdição sobre a causa (a não ser que ela fira a soberania do país). Em contratos internacionais, o processo inclusive deve ser feito em duas etapas: na primeira, o juiz se declara competente se estiver diante de uma das hipóteses do artigo 88; em seguida, declara-se incompetente por força da exceção da clausula arbitral e, portanto, se declara incompetência para julgar o caso. A primeira etapa diz respeito à jurisdição, enquanto a segunda diz respeito à competência. Há, portanto, um limite à jurisdição, que é a clausula arbitral – que simboliza a convenção das partes e a sua livre expressão de vontade. Nesse caso, as questões pertinentes ao contrato devem ser resolvidas pelos arbítrios eleitos. Cabe a cada Estado definir o alcance de sua própria

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