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Prof. José Araújo (DIP) - Resumo Prova 2 (3ºA)

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Resumo Direito Internacional Privado – Avaliação Semestral – 3º A
Seminário 13
CAPÍTULO 14 – Contratos Internacionais
Os estudos sobre contratos internacionais integram parte especial do DIP. Os critérios mais utilizados eram a lei do local da celebração (países de direito civil) e da lei do local da execução (países da common law), mas foram substituídos por critérios mais flexíveis no século XX pelo princípio da proximidade ou dos vínculos mais estreitos, após a criação da jurisprudência americana.
O que caracteriza a internacionalidade de um contrato é a presença de um elemento que o ligue a dois ou mais ordenamentos jurídicos, entretanto para prever situações futuras, é possível estabelecer algumas regras de direito substantivo como determinar onde e como o litígio será julgado, através de clausulas de eleição de foro e de arbitragem. Já que os contratos são regidos por uma lei nacional.
Para facilitar a solução de conflitos, procurou-se a sua harmonização através da criação de normas conflituais internacionais uniformes que trazem segurança jurídica e eliminam as possibilidades de forum shopping. Além de ter sido realizada a Convenção da UNCITRAL sobre Compra e Venda Internacional visando uniformizar regras substantivas. E em nível internacional, ressalta-se o papel da Conferencia de Direito Internacional da Haia e o UNIDROIT. Assim, há uma tendência observada em ambos os casos de uniformização no sentido de permitir às partes liberdade na escolha da lei aplicável.
Não será analisada a disciplina das obrigações extracontratuais, por a regra geral utilizada ser o local da celebração e gerar muitas críticas por nem sempre levar em conta as reais necessidades dos envolvidos. Por esta razão, foi a possibilidade da revolução americana se desencadear, com o caso Babcock.
14.1 Histórico das regras de conexão	
A definição da regra de conexão aplicável aos contratos internacionais coube à escola estatuária italiana, na idade média, e perdura até hoje em vários países, inclusive no Brasil, é a regra do local da celebração do contrato. Bartolo as sistematizou com a divisão entre as questões contratuais entre as originadas do contrato e de sua forma (regidas pela lei do local da celebração) e as posteriores, aplicando-se a lei do local da execução.
Antes era mais fácil por nao haver muita mobilidade das pessoas e mercadorias e o local de assinatura do contrato ser onde os negócios se realizavam. E Savigny adotou como critério de conexão a regra da lei do local de execução porque a submissão das partes a uma lei deve corresponder a um fenômeno visível na relação obrigacional. Posteriormente com o incremento das comunicações e viagens, ambos os critérios perderam importância, sendo substituídos por uma nova metodologia, a autonomia da vontade, adotada pelos Estados Unidos, pela via jurisprudencial, e depois na Europa, pela via convencional.
No Brasil, adotava-se o critério da celebração do local da celebração com algumas regras exceções para utilização da lei do local da execução. A tendência mundial do,principio da autonomia da vontade não encontrou eco em nossa legislação, é preciso modificar a LICC para adota-lá. Com a substituição do Código Civil há a incorporação de alguns princípios compatíveis com o principio da autonomia, e a utiliza para as arbitragens internas e internacionais.
Regra de conexão: o Brasil 
Como já dito, a regra geral para a lei aplicável no Brasil é a do local da constituição da obrigação [artigo 9º da LICC], ou seja, o critério do local da celebração. A única modificação, desde 1917, foi a supressão da expressão “salvo estipulação em contrário”, que foi vista como responsável por acarretar a proibição da autonomia da vontade. 
No caso da supressão dessa expressão, não há a possibilidade de exceções. A regra obrigatória é a citada no artigo 9º da LICC.
Assim, para os contratos celebrados entre presentes utiliza-se o caput do artigo 9º. Utilizando como conexão o local da celebração. 
Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
Ex: Se os contratantes estão presentes no Brasil para a celebração do contrato, deve ser a partir das leis internas do País. 
Já para os contratos celebrados entre ausentes, passa-se á norma do 2º parágrafo, utilizando como conexão a lei da residência do proponente.
			§ 2º - A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
Dessa forma, o critério adotado para a lei aplicável é a o local onde mora a pessoa que efetuou a proposta, a oferta, pendente de aceitação – é a partir da proposta que se tem início a formação do contrato.
 É importante ressaltar que a noção de residência também irá depender da definição do direito brasileiro por esta - composto por dois elementos:
Material, que seria a RESIDENCIA.
Anímico, que seria a vontade da pessoa de residir com caráter permanente.
Segundo Serpa Lopes, serve melhor á mobilidade aos contratos por sua flexibilidade, ao passo de que o conceito domiciliar apresenta dificuldades em ser aplicado por sua rigidez. Serpa Lopes ainda acrescenta que a residência pura e simples não é elemento bastante para identificar a sede do contrato e oferece margem para incertezas. 
Para ele, a jurisprudência, todavia, deve escolher o lugar em que ofertante se encontra residindo no momento da oferta (isso quando houver mais de uma residência)
O Principio da autonomia da vontade
 Foi o jurista Frances Charles Dumoulin responsável pelo desenvolvimento do principio da autonomia da vontade no Dipr. Ele introduziu no direito as ideias sobre a escolha pelas partes de uma lei para os contratos internacionais. Ou seja, há uma maior flexibilidade, sendo a regra de conexão a autonomia da vontade e não o local de celebração do contrato, por exemplo.
Conceito: O princípio da autonomia da vontade é o poder das partes de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses. 
O princípio envolve, além da liberdade de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não contratar, de escolher o outro contraente e de fixar o conteúdo do contrato, limitado pelas normas de ordem pública, pelos bons costumes e pela revisão judicial dos contratos.
Segundo o teórico O. Kahn-Freund, O DIPr acompanha os fatos da vida. Os contratos internacionais como conhecemos hoje, só passaram a ter importância com o desenvolvimento do comércio – evolução do transporte e comunicação, principalmente. Antes o que era internacional era a viagem, o transporte da mercadoria e não propriamente o contrato. 
Hoje, com a separação das atividades, a melhora no transporte e nas comunicações, os vendedores passaram a relacionar-se diretamente com os compradores – há então uma nova maneira de contratar (correspondência, entre ausentes).
O lugar da contratação, ao invés de representar um local que designa a parte com maior poder de barganha pode ser totalmente aleatória, dada a facilidade na locomoção dos comerciantes e das informações. Compra no amazon uma mercadoria inglesa que é comprada na china e transportada por uma empresa americana ao Brasil. 
Não é mais necessário comparecer, negociar e assinar um contrato em determinado lugar para definir a lei aplicável. Daí vem a maior importância das escolhas das partes, da lei que regerá suas relações jurídicas, bem como o local em que um litígio será julgado.
Há também a possibilidade de fugir inteiramente de um juiz nacional e escolher a arbitragem, na qual a liberdade das partes inclui a escolha não só da lei aplicável, como das normas processuais. 
Por exemplo: Na foi aceita, principalmente em casos nos quais a outra lei envolvida era americana, o Harter Act, cuja regra obrigatória sobre responsabilidade civil no transporte de mercadoria era mais abrangente que a lei inglesa. 
Dessa forma, o principio da autonomia da vontade tornou-se universalmente aceito, com adoção tanto em convenções internacionais como na legislação interna de diversos países.Principalmente nos países de comon Law, onde há plena aceitação.
14.3.1 - O princípio da autonomia da vontade no Brasil (autonomia das partes);
 Introdução ao Código Civil de 1916: Autonomia da vontade foi considerada permitida – expressão “salvo estipulação em contrário” [art. 13- Regulará, salvo estipulção em contrário, quando à substancia e aos efeitos das obrigações, a lei do lugar onde forem contraídas].
A Autonomia da vontade foi permitida pela doutrina na Introdução ao código civil de 1916, por causa da expressão ali existente “salvo estipulação em contrário”.
No entanto, alguns limites à adoção do principio da autonomia foram apontados - até onde ia a liberdade das partes para escolher a lei aplicável às obrigações livremente contraídas.	
Introdução ao Código Civil de 1942: Discussão de exclusão ou não do princípio – supressão da expressão “salvo estipulação ao contrário”. 
1942 - Normas de lei de introdução ao código civil – EXCLUSÃO OU NÃO DO PRINCIPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE.
Houve a supressão da expressão “salvo estipulação ao contrário”: uns acreditavam que por causa da supressão da expressão, a vontade do legislador era elimina-la, e outros acreditavam que um princípio jurídico que antes fora aceito, não poderia ser eliminado pela simples supressão da expressão.
Críticas ao princípio:
 O principio recebeu várias críticas – exclusão do princípio da LICC, mas também não proibia, isto é, era permitida sempre que a lei do local da celebração do contrato permitisse (APLICAÇÃO INDIRETA). Sendo assim, embora permitida não podia ser exercida senão no terreno supletivo.
LICC – omissão sobre o tema o permitia somente de forma indireta, ou seja, quando indicada pela lei do local da celebração. Com relação à matéria supletiva.
No Brasil utilizasse o método conflitual para determinar a lei aplicável:
É preciso ter cuidado na redação de uma Clausula de lei aplicável em um contrato internacional: tribunais brasileiros não enfrentam a questão diretamente:
Habitualmente Nos casos do Brasil é utilizado o método conflitual para determinar a lei aplicável, e não o principio da autonomia da vontade, sempre encontrando como resultado a lei estrangeira ou a lei brasileira a partir de uma interpretação literal do artigo 9°. No entanto, há um intensa discussão entre a questão da lei aplicável.
Conseqüências dessa postura do Brasil:MERCOSUL;-NEGOCIOS TRANSNACIONAIS
 Retrocesso sobre a matéria
Acusado de ser primitivo e inadequação de regras de DIPr no cenário internacional. EUROPA – Grande utilização do princípio – Aqui no Brasil ainda não evoluiu, a LICC se quer menciona no artigo 9 da constituição o princípio da autonomia da vontade, sendo o principio considerado no Brasil PROIBIDO.( DE ACORDO COM A LEITURA DO ARTIGO 9°). Sendo assim, somente com a adoção dos princípios consagrados na convenção sobre o direito aplicável aos contratos internacionais, realizada pela CIDIP V, poderá se permitir de forma segura a utilização do princípio da autonomia da vontade em contratos internacionais.
Portanto, apesar de ser amplamente aceito no comércio internacional, no Mercosul e no direito brasileiro o princípio da autonomia da vontade não recebeu o mesmo tratamento. Tanto as legislações como a jurisprudência têm demonstrado-se contrários à aceitação do princípio, para a escolha do direito material aplicável aos contratos internacionais.
A legislação brasileira, que em período remoto acatava a aplicabilidade do princípio, desde antes da metade do século passado já não mais admite a autonomia da vontade para escolha do direito material. O Supremo Tribunal Federal também não possui posicionamento favorável até o momento.
Solução: Reforma da LICC: A permissão para a escolha pelas partes de mais de uma lei ao contrato, pois a regras estão muito aquém das necessidade dos contratos internacionais.
Substituição do ARTIGO 9° da LICC pelas normas da Convenção Interamericana sobre o Direito Aplicável aos Contratos Internacional;
Outras questões sobre a Lei aplicável:
-A lei do local da celebração resolve tudo que disser respeito à substancia e aos efeitos do contrato.
-Dépeçage: Metodologia empregada para a análise do fracionamento de contrato. Quando há mais de uma lei regente do contrato internacional.
 A possibilidade da aplicação de mais de uma lei às questões correlatas, ou pode se chamar também de fracionamento, mas é necessário que haja consenso a respeito. Pois, com a complexidade dos tempos modernos impõe ao contrato ligação a mais de um sistema jurídico.
O dépeçage pode ocorrer em dois níveis: no primeiro pelo próprio sistema de direito internacional privado, onde a substância do contrato pode ser regulada por uma lei, enquanto a capacidade das partes ou a forma e execução poderá ser regida por outra lei ; no segundo, decorre da própria autonomia da vontade das partes, que têm a faculdade de determinar mais de uma lei aplicável ao contrato No segundo nível, portanto, há um desdobramento da noção da autonomia da vontade, pois além de escolher a lei para contrato, poderão ainda fazer mais de uma escolha, em face da complexidade de um determinado contrato multiconectado.
É controvertido na doutrina se as partes podem escolher qualquer direito como o aplicável ou se esta liberdade sofre certas restrições. O mínimo que se exige é que o direito escolhido tenha algum nexo de causalidade ou conexão com o contrato internacional celebrado.
Em virtude disso, o dépeçage é utilizado exatamente porque a autonomia da vontade das partes tem suas limitações, não podendo reger todos os aspectos do contrato. Assim, é necessário que se faça uma decomposição do contrato em seus vários elementos, para aplicar a cada uma de suas partes a lei pertinente.
Um contrato é dividido em várias partes, que depois são submetidas a leis diferentes
Situações passiveis de divisão:
Capacidade da pessoa física ou jurídica
Aspectos extrínsecos ou formais
Aspectos intrínsecos ou de fundo
Dépeçage: pode ocorrer em dois níveis: (i)Pelo próprio sistema (ii)Pela própria autonomia das partes;
No Brasil : Exige uma classificação do que seja relativo à execução e do que seja relativo à substância e aos efeitos.
Contrato entre ausentes: Critério da residência do proponente. A definição de quem seja o proponente será apurada pela lei Brasileira.
Reforma da LICC: A permissão para a escolha pelas partes de mais de uma lei ao contrato, pois a regras estão muito aquém das necessidade dos contratos internacionais.
Substituição do ARTIGO 9° pela Convenção de Roma.
Seminário 14
CAPÍTULO 14 – Contratos Internacionais
A ELEIÇÃO DE FORO:
Inexistência de um direito internacional interfere nos casos de DIPr;
A eleição do foro é uma realidade que se torna cada vez mais comuns nos litígios de DIPr;
Clausula da eleição de Foro: Permite que as partes escolham um foro diverso em contratos internacionais;
Este tema encontra amparo judicial interno aos países e devido a importância do tema, diversas conferências foram feitas em prol de promover uma certa codificação uniforme.
As convenções: 
Convenção de Bruxelas(1968): Estende aos países europeus, que ratificaram tal conferência, a competência de foros diversos em assumirem os casos;
Convenção interamericana sobre competência na esfera internacional: Trata sobre a eficácia extraterritorial das sentenças estrangeiras.
Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional: Trabalha no mesmo sentido, estendendo a cláusula aos países do MERCOSUL. 
Destaque para conferência de HAIA: Convenção sobre a escolha do Foro (2005)- da maior ênfase nas preferencias das partes quanto a escolha do Foro.
Problemática Common Law X Civil Law: Temática apenas direcionada para Situações B2B (Business to Business);
14.4.1A CLAUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO NO BRASIL
Dentro da lei brasileira existem lacunas para a escolha da lei aplicável. Uma solução para que a escolha seja permitida é a determinação de um foro ou brasileiro ou estrangeiro.
A clausula de eleição do foro é permitida e utilizada no Brasil.Porém, existem problemas quando se analisa a clausula em conjunto com as regras de competência internacional. Por exemplo: as normas de direito público são territoriais, então surge a dúvida quando há uma clausula elegendo o foro estrangeiro, mas, ainda assim, a competência brasileira é assegurada. 
Existem alguns problemas nessa clausula de eleição de foro no Brasil. Um deles é que o problema surge quando há uma clausula de eleição do foco estrangeiro e essa é concorrente da justiça brasileira. Se a ação for proposta no Brasil e a parte que está sendo julgada determinar que a lei é incompetente, o julgamento terá desfecho imprevisível. O outro é quando tanto a lei estrangeira quanto a brasileira podem resolver o mesmo problema.
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que não se pode afastar a competência internacional da autoridade judiciária brasileira quando elege foro estrangeiro. Deve prestigiar a brasileira ainda que as partes tenham escolhido pela justiça estrangeira com a clausula de eleição de foro.
14.4.2 CONTRATOS INTERNACIONAIS COM OS CONSUMIDORES
Devido á globalização e ao custo unitário dos produtos, torna-se caro para alguns consumidores arcar com custos de processos internacionais (preço do produto muito baixo em relação ao do processo. O Sistema favorece o fornecedor (que enviaria mercadorias a um "estranho"). Isso tornaria necessária uma mudança nessa legislação.
Problemas hoje: Não há grande autonomia das partes. Os contratos B2C (Business to consumer) geralmente não são favoráveis ao consumidor ou lhe dão capacidade de escolha. 
No Brasil há tendência de favorecimento ao consumidor(exemplo caso Panasonic).
Cláudia Lima Marques: propõe "Convenção interamericana sobre a lei aplicável aos contratos de consumo". Principais pontos: definição do consumidor, estabelecendo cláusulas sobre a lei aplicável (inclusive autonomia da vontade), estabelecendo normas imperativas e cláusula de exceção, regra de exclusão de contratos (Seguros, transportes, Convenção do México) e normas para turismo, viagem e multipropriedade. 
A proposta de Cláudia modifica o atual sistema brasileiro. LICC já não combina com situação do consumidor hoje. Assim, a DIPr sai da dimensão jurídica e entra na dimensão social.
14.5 AS REGRAS DO MERCOSUL
- Os contratos do MERCOSUL são regido pelas normas de DIPr de cada país. 
- Existem barreiras jurídicas que impedem a uniformização do DIPr no MERCOSUL.
- Necessidade de unificação das normas para que o sistema funcione
- A falta de ação de ação dos países membros do MERCOSUL é negativa para as relações comerciais do mercado comum pois causam uma instabilidade jurídica.
- Os tratados fazem parte da pauta de harmonização da legislação nacional dos Estados-membros.
- Não foi definido regras uniformes sobre a lei aplicável no MERCOSUL e dos contratos internacionais.
-Argentina, Paraguai e Uruguai: adotam critério do lugar de execução, conforme o Tratado de Montevidéu.
- ARGENTINA existe uma exceção: aceita em alguns casos a autonomia da vontade. - Brasil: pela lei local da celebração.
- Mesmo o Brasil assinando a Convenção Interamericana sobre o Direito aplicável não houve a ratificação do mesmo. Então somente quando a convenção entrar em ação o comercio interior de mercado comum terá um DIPr uniformizado gerando uma segurança jurídica.
Seminário 15
CAPÍTULO 14 – Contratos Internacionais
Recapitulando
A importância do tema: CONTRATO INTERNACIONAL;
Critérios iniciais e ainda utilizados para INDICAR o ordenamento responsável pelo conflito:
Lei do local da CELEBRAÇÃO do Contrato (países de Direito Civil)
Lei do local da EXECUÇÃO do Contrato (países de Common Law);
Revolução Americana e Contratos Internacionais:
Princípio da Autonomia da Vontade;
Princípio da Proximidade;
DIPr do Brasil acerca dos Contratos Internacionais – Artigo 9° da LICC.
Assinatura mas a não ratificação da Convenção Interamericana sobre Direito aplicável (Convenção do México).
14.6 A Jurisprudência
Coloca-se como objetivo, nessa parte do capítulo, apresentar a postura da jurisprudência brasileira (decisões e interpretações dos juristas) acerca do tema de contratos internacionais e como suas interpretações ajudaram na resolução do caso concreto. 
A questão da lei aplicável foi tratada episodicamente pela jurisprudência, quando havia um litígio a respeito do cumprimento de um contrato internacional, normalmente de compra e venda ou de transporte. Já a questão da autonomia da vontade, na Introdução do Código Civil de 1917, não foi enfrentada diretamente e a possibilidade de utilização ocorreu poucas vezes, decidida pela interpretação literal do artigo 9° (“para qualificar e reger obrigações aplicar-se-á a lei do país em que se constituem”).
Como sabemos, no Brasil, quando se trata de conflito de leis relativo aos contratos internacionais, usa-se a regra da lex loci contractus , estabelecida pelo artigo 9° § 1°, sem entrar em considerações sobre a existência ou não da autonomia das partes em escolher uma lei de sua preferência. Entretanto, apesar dessa regra ser a responsável por indicar o ordenamento jurídico (onde se celebra o contrato), o critério do local da execução teve preponderância na jurisprudência. 
 Isso decorre da interpretação dada pelos juristas ao fato de que é necessário considerar que o contrato está sujeito, também, às regras do local em que está sendo executado (que pode ou não ser onde o contrato fora celebrado). Uma vez que os litígios ocorrem normalmente no local da execução, onde o devedor tem domicílio, bens, estabelecimento comercial, torna-se mais fácil a obtenção do pagamento. Assim, a lei brasileira é invariavelmente a aplicável no local da execução (segue três exemplos sobre a questão da aplicação da lei do local de execução e não a do local da celebração por parte da jurisprudência brasileira). 
É necessário ressaltar que para a jurisprudência não se negou a vigência do Art. 9°, mas definiu-se que no caso julgado deveria ser aplicada a cláusula contratual de arbitragem, afastando o princípio da autonomia da vontade, o qual é negado pelo Art. 9°, e tornando aplicável a lei brasileira ao caso.
14.6.1 Ausência de local de celebração determinado
Na ausência de local de celebração é preciso verificar qual parte é proponente, isto é, qual parte entrou com o processo, para assim aplicar a regra de sua residência, já que a situação de contrato entre ausentes é comum. E é a lei local a responsável por qualificar a questão.
14.6.2 Dépeçage ou fracionamento
Acontece quando se estabelecem duas leis regentes para a mesma situação, como exemplo pode-se citar o Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro, que estabeleceu o seguinte em um contrato internacional: os fatos ocorridos no exterior deveriam ser julgados de acordo com a lei estrangeira e para as ocorrências de execução deverão ser julgadas com as leis utilizadas no local de realização, ou seja,  no Brasil.
14.6.3. A Cláusula de eleição de foro
A autora começa a expor a liberdade de escolha do foro versus a imperatividade da norma referente á competência internacional, por isso ela explica o papel do Supremo Tribunal Federal.
Seminário 16
CAPÍTULO 15 – Direito de Família no DIPr
De acordo com Nádia de Araújo, o núcleo de uma sociedade sempre foi a família e, por esse motivo, esta, a família, sempre foi muito bem protegida pelo direito. Protegida no sentido de garantir a dignidade de seus membros.
Nesse sentido, é importante entender quem está compreendido quando falamos de família: as pessoas que se unem, as pessoas que provem da união (filhos – adotivos ou não-, que seriam jovens), e as pessoas que dão origem as pessoas que se unem (que seriam os idosos).
A autora coloca como decorrência do aumento da comunicação global, da globalização, a crescente ocorrência de famílias transnacionais, ou seja, famílias em que cada uma das partes da união são de países distintos, o que acaba trazendo consequências e mais desafios para o DIPr em relação, por exemplo, à validade do casamento, ao regime de bens,à repartição do patrimônio em caso de divórcio, questões relacionadas à crianças.
Também com essa globalização que foi dita, começa a haver uma dicotomia entre os direitos individuais que tem um caráter universal, e o direito de família que tem um caráter mais cultural, que está mais ligado às tradições e religião de cada país
Como o Brasil concilia o uso de conceitos gerais do DIPr com a proteção de algumas situações ligadas à família: desde 1942, o Brasil utiliza o critério de domicílio. Ou seja, o estrangeiro que vive aqui do brasil vai ter de aceitar a lei brasileira e não a de seu país de origem. Da mesma maneira, um brasileiro que reside no exterior vai ser regido pela lei do país em que ele está vivendo. Encontramos essa regra no artigo 7o da Lei de Introdução ao Código Civil:
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
15.1 – O Casamento e seus efeitos para o DIPr
Assim, como o direito de família é algo complexo para o DIPr, o casamento, que se encontra dentro do direito de família também o é. Essa complexidade se dá pois esse ato exige tanto a determinação da lei aplicável à capacidade, como também a lei aplicável à celebração do ato.
Dessa forma, devido a essa complexidade, apenas o artigo 7, antes apresentado, não é suficiente para resolver todas as contradições. Por isso, foram criados os parágrafos 1 a 6 que, em alguns casos traz exceções ao critério domiciliar previsto no artigo 7.
A seguir vão ser tratadas questões relacionadas ao casamento, as quais dizem respeito a celebração; invalidade; regime de bens; e efeitos do divórcio estrangeiro
15.1.1 Casamento celebrado no Brasil
Ao falar sobre os casamentos celebrados no Brasil que tem repercussões no DIPr, é necessário fazer uma divisão em dois pontos dessa temática: 1) sobre as questões relativas à capacidade dos nubentes; 2) a análise dos efeitos de uma decisão estrangeira, quando um dos nubentes reside no Brasil, mas o divórcio foi feito no exterior. Nesta parte será tratado sobre a primeira parte.
Capacidade para casar de individuo domiciliado no exterior:
Em 1917 o sistema de DIPr firmado pela Introdução ao Código Civil, tratava a questão referente a capacidade e ao direito de família era determinado pela nacionalidade do indivíduo, porém isso mudou em 1942, com a LICC, o critério passou a ser domiciliar. Essa mudança evitou vários problemas que permeiam esse tema em relação a sua forma.
Foi com a LICC em que o parágrafo 1º do artigo 7º da Lei de Introdução do Código Civil introduziu uma regra específica para casamentos celebrados no Brasil. Essa norma regula as formalidades que devem ser seguidas por um casamento celebrado no Brasil, ou seja, que deve ser seguir a lei brasileira. E também regula sobre os impedimentos dirimentes, que são fatores que podem causar a anulação de um casamento, como: a) ter menos que 16 ou 14 anos, sendo homem e mulher respectivamente; b) ter demência notória, mesmo que tenha intervalos de lucidez; c) ter casamento anterior não dissolvido, seja católico ou civil.
Ao tratar dos impedimentos dirimentes da lei brasileira, é preciso analisar sobre a capacidade para contrair o matrimônio. O artigo 183 do Código Civil (1917), tratava dessa capacidade. Já o Código Civil de 2002 o substituiu pelos artigos 1.521 e 1.523, os quais além da capacidade também determinam as causas suspensivas de um casamento.
O parágrafo 1º, art.7º: apresenta poucas dificuldades quando utilizada, por ser uma aplicação da regra clássica locus regit actum (lei do local de celebração do ato que irá reger os atos jurídicos dessa ação) e que quando se trata sobre casamento, tem como regra de conexão a lex loci celebrationis (lei do local de celebração). Essa regra de conexão protege o favor matrimonni (proteção constitucional de preservação do casamento).
15.1.2 Habilitação de nubente divorciado no estrangeiro:
Habilitação para o casamento: 
-Em caso de casamento no Brasil, no qual um dos nubentes – noivos - é divorciado no estrangeiro, necessita-se de uma homologação da sentença em questão como condição à concessão de habilitação para que o casamento possa ocorrer.
-Polêmica: A condição de divorciado diz respeito a uma questão de estado, e por isso não haveria necessidade de haver homologação. No entanto, tal divergência entre juristas foi apaziguada pelo STF, que aboliu tal dispositivo pelo artigo 483 do Código do Processo Civil. Assim, decretou-se a obrigatoriedade da homologação da sentença estrangeira independentemente de sua natureza, dada sua implicação no Brasil. Segundo Celso de Mello: Decretou-se uma indispensabilidade da homologação prévia de qualquer sentença estrangeira, quaisquer que sejam os efeitos postulados pela parte interessada. Assim, com base nas mudanças a cima citadas, atualmente, todas as decisões estrangeiras devem ser homologadas no STJ.
15.1.3 Casamento consular celebrado no Brasil
Reconhecimento do casamento consular no Brasil:
-O casamento consular é aceito no Brasil desde o Império, caso haja reciprocidade entre os nativos dos países celebrantes.
-A ficção da extraterritorialidade, a qual significa a possibilidade da realização de um casamento segundo as leis estrangeiras, embora tenha sido abandonada no século XIX, permanece como exceção à norma geral do lugar da celebração no casamento consular. Assim, através desse fenômeno da extraterritorialidade se possibilita em casamentos consulares a realização da cerimônia no Brasil com base nas leis de outro Estado.
Introdução ao Código Civil de 1917:
-A introdução ao Código Civil de 1917 não dispunha expressamente sobre o casamento consular, no entanto este era aceito pelo art 204 deste mesmo Código.
Código Civil de 2002:
-Lei de Registros Públicos: o Código Civil de 2002 preocupou-se mais especificamente com a obrigatoriedade do registro posterior no Brasil de casamentos celebrados no estrangeiro por brasileiros.
-Inovação: determinação de prazo de 180 para registro do matrimônio no Brasil. Crítica da autora: no entanto, tal determinação não estabeleceu nenhuma sansão aos que não a seguissem, assim, o casamento não seria invalidado caso este não fosse declarado no Brasil. 
-Segundo a Lei de Registros Públicos, o registro do casamento consular não ocorre no Registro de Pessoas Naturais, no entanto, para ser efetivo no Brasil, se sujeita à regra para a validade dos documentos estrangeiros em geral, contida no registro de Títulos e Documentos.
-Em casos de naturalização brasileira, necessita-se de um registro do casamento no Registro de Pessoas Naturais.
Prova do Casamento celebrado fora do país:
-Em caso de casamento realizado no exterior, cuja prova já não estivesse mais disponível, seria possível promover uma justificação para validá-la.
-Modificação feita pela LICC: esta passou a admitir o casamento consular em casos nos quais apenas um noivo – ainda que estrangeiro - fosse domiciliado no país da autoridade consular. No entanto, a unidade do princípio domiciliar não conseguiu se manter com esta nova regra, havendo assim uma retomada do princípio da nacionalidade em detrimento da substituição deste pela exigência de ambos nubentes serem de nacionalidade do país da autoridade celebrante – a qual diz repeito ao mesmo país dos cônjuges.
-Atualmente, se um dos nubentes, embora seja estrangeiro, for de nacionalidade diferente, o casamento consular no Brasil será nulo.
Seminário 17
CAPÍTULO 15 – Direito de Família no DIPr
15.1.4 Casamentos celebrados no exterior
- A regra usada para regular as formalidades do casamento é a “lex loci celebrations”.	
- Validade do casamento: lei do local de celebração (Art. 32 da Lei 6.015/73). Casamento de brasileiros no exterior serão considerados válidos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules. Portanto, é inadmissível qualquer alteração do documento. 	
Exemplo casamento realizado na Califórnia: regime de comunhão total de bens.- Obrigatoriedade do registro no Brasil: a lei brasileira (LRP e o CC) determina a obrigatoriedade do registro no Brasil, dos casamentos de brasileiros realizados no exterior, ainda que eles não residam no Brasil. Aqui prevalece portanto, o critério da nacionalidade sobre o do domicílio (adotado em geral pelo Brasil).	
- Transcrição da certidão no Brasil: casamento celebrado no exterior, perante autoridade e segundo a lei do lugar, em que somente um ou ambos os nubentes sejam de nacionalidade brasileira, pode ter a respectiva certidão trasladada no cartório do registro civil nacional competente, quando tiver de produzir efeitos no país. Exemplo casamento realizado no Japão: direito ao uso do sobrenome de família (direito individual para preservar a unidade e integridade da família)	
- O caso dos estrangeiros (registro do casamento no Brasil): só será realizado em casos de naturalização posterior de um ou de ambos os conjugues. É necessário o registro da certidão no cartório de Títulos e Documentos para que o casamento tenha validade no Brasil, e assim, produzir efeitos aqui. 	
-Inexistência de documentos comprobatórios: não invalida a sua ocorrência, ou seja, caso haja perda de documentos comprobatórios, existem outros meios de comprovar o matrimônio (prova direta ou através do direito legal, isto é, até que se prove o contrário)	
Exemplo de perda de documentos (casamento realizado na Polônia)
- Antes da lei do divórcio de 1977: os brasileiros desquitados que contraíram matrimonio no estrangeiro queriam que o casamento fosse aceito no Brasil devido a lei do divórcio, mas como eles eram desquitados e não divorciados isso se torna impossível. No entanto, o TJRJ aceita que não há impedimento para o novo matrimonio, já que não há violação da ordem pública, mas o STJ revoga essa decisão, pois caso isso fosse aceito, como a desquite não era o fim do casamento, haveria poligamia o que é proibido no Brasil.
 - Desquite (relaxamento dos liames do casamento, dispensa deveres de coabitação e fidelidade, mas não rompe o vínculo conjugal) x Divórcio (dissolve o vínculo matrimonial de forma definitiva).
- Separação judicial: tem caráter temporário, ex-cônjuges podem se reconciliar x Divórcio: caráter definitivo e irreversível.
15.1.5 Casamento celebrado no exterior, perante autoridade brasileira 
LICC – Decreto Lei nº 4.657 de 04 de setembro de 1942
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº 3.238 , de 1º.8.1957)
- Cônsules estrangeiros podem realizar casamentos em território brasileiro, cônsules brasileiros também podem realizar casamentos em território estrangeiro, desde que as partes que vão casar sejam brasileiras.
15.1.6 Os efeitos pessoais do casamento e as regras do DIPr
Toda a matéria relativa aos efeitos do casamento é submetida aos preceitos do caput do artigo 7 da Lei de Introdução (“A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, capacidade e os direitos de família”), ela utiliza o critério de domicílio para a determinação das questões relativas ao direito da família. Para aplicar o DIPr é preciso verificar o mais importante efeito do casamento: o estabelecimento do domicílio conjugal.
O domicilio conjugal
Antes da proclamação da igualdade entre os cônjuges, no Brasil e no exterior, os sistemas de DIPr determinavam a lei aplicável à sociedade conjugal utilizando a lei pessoal do marido – fosse pelo critério de domicilio ou nacionalidade. Isso era justificado pela visão de que o domicílio era estabelecido pelo marido. Com a adoção do princípio da igualdade entre marido e mulher, os antigos critérios deixaram de trazer soluções satisfatórias.
A mulher agora pode fixar domicílio próprio, sem sujeitar-se a ter o mesmo do marido.
O Código Civil de 2002 inova ao estabelecer também como domicílio civil da pessoa física que, além do local de residência, passa também a ser o local de trabalho. Ocorre o rompimento com o dogma de domicílio único da pessoa natural, e também com a necessidade de haver um domicílio único para os dois integrantes do casal. O domicílio deve ser determinado por um acordo entre ambos os cônjuges.
O domicílio conjugal ajuda a determinar a lei aplicável aos efeitos patrimoniais do casamento. Quando os cônjuges residem em países diferentes ocorre uma dúvida acerca de qual lei aplicar.
As inovações em matéria de domicilio trazidas pelo Código Civil Brasileiro introduzem a autonomia da vontade – deixa livre a escolha dos cônjuges acerca da determinação do domicilio conjugal. Ocorreu a distinção entre domicilio pessoal e domicilio conjugal para fins de estabelecimento da vida em comum e usado pelo DIPr como elemento de conexão para a lei aplicável às relações decorrentes desta vida em comum. Ele não exclui a existência de um domicilio pessoal de qualquer um dos cônjuges, que será levado em conta para resolver as questões acerca da vida profissional de cada um.
Como proceder em relação ao domicílio conjugal é uma questão importante para o DIPr, pois a aplicação da regra supletiva do primeiro domicilio conjugal depende da existência ou não de domicilio comum. Essa regra está no artigo 7 da LICC, parágrafo 4: “O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílios, e, se este for diverso, à do primeiro domicilio conjugal”. Os cônjuges declararão um domicilio no processo de habilitação que constará na certidão de casamento. Se este domicilio for comum, será ele que determinará o regime de bens; se for diverso, poderão os cônjuges prestar declaração às autoridades do momento de estabelecer o primeiro domicílio conjugal, a partir do qual será estabelecido o regime de bens. A declaração do domicilio é requisito essencial para a habilitação do casamento.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que a declaração de domicilio feita no momento do casamento, ou seja, o que consta na certidão, prova a vontade das partes para fins de determinação do domicílio conjugal.
Outorga Uxória
O estado de casado impõe algumas restrições aos cônjuges, uma delas é a necessidade da aprovação do outro para a prática de certos atos, especificamente aqueles que são ligados ao patrimônio.
O Código Civil de 2002 introduziu o regime de separação total de bens, neste caso dispensa-se a outorga uxória. Nos demais é obrigatório o consentimento do casal para a realização de atos de disposição patrimonial.
Essa restrição à capacidade se impõe em função do estado civil de casado para os atos realizados em território brasileiro. Chama a atenção por se tratar de requisito ligado à questão de imóveis, na qual a Lex rei sitae (toda e qualquer ação que versar sobre imóvel situado no Brasil terá que ser proposta perante o juiz brasileiro) sempre prevalece sobre qualquer outra, sendo necessária a outorga uxória independente de haver essa disposição na lei domiciliar do casal.
Direito ao nome de família: A adoção do sobrenome do marido pela mulher tinha por função tornar pública a união, integrando a mulher a família do varão. Este fator indicava que o marido ocupava o primeiro plano na sociedade conjugal. Mas com o parágrafo único do art. 240 do CC a adesão do sobrenome passou a ser algo facultativo. E o novo Código Civil art 1,565 aplica o critério de igualdade a ambas as partes, estendendo esta faculdade ao marido também. . Essa questão tem relevência social pelo fato de que permite a identificação do estado civil de casado das partes, mas também seu parentesco com seus filhos somado ao ramo familiar a que pertencem.
Para o DIPr o direito ao nome rege pela lei pessoal, no caso do Brasil, a do domicílio. Como nesse caso a regulamentação é variada nos demais países, pode haver um conflito aqui entre a lei local da celebraçãoe a lei aplicável ao direito de família. Tendencia de se aplicar a lei de foro em casos em que se leva a questão ao Tribunal.
- Não expulsão do estrangeiro: Art 75 permite a permanência aqui do estrangeiro casado com brasileiro sempre que comprovado o vínvulo matrimonial no casamento de mais de cinco anos. Num divórcio, ou seja, cessado esse vínculo material, cessa-se também essa garantia de não expulsão do estrangeiro, mas não se aplica aos casos de deportação ou extradição. 
Seminário 18
CAPÍTULO 15 – Direito de Família no DIPr
A lei aplicável ao regime de bens do casamento. 
A continuidade do capítulo 15 vai tratar sobre a administração dos bens perante a situação do casamento. Mais especificamente, a autora fala do modo como será regido o patrimônio particular de cada uma das pessoas, antes, após e durante a sociedade conjugal. Justamente porque antes de casar, os envolvidos podem ter bens ou podem adquiri-los durante o casamento. É importante ressaltar que no caso do Brasil o regime de bens é fixado pela lei ou pelos nubentes diante do pacto antenupcial. Exemplo de administrado pela lei:
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: (...) II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos”. Ou seja, nessa situação, obrigatoriamente o regime de bens vai ser determinado/fixado como a separação de bens.
Uma grande transformação que ocorreu na situação do casamento foi antes e depois da introdução da lei do divórcio. Na vigência do cod civil de 1916, caso os consortes não optassem por fazer o pacto antenupcial, o regime de bens aplicável era o da comunhão universal de bens. Ai, com a lei do divorcio de 1977, no caso da ausência de pacto antenupcial, o regime aplicável é ate o hoje o da comunhão parcial de bens. Justamente porque agora, como há possibilidade de uma separação legal e não apenas o desquite, é muito mais fácil realizar a divisão dos bens adquiridos durante o casamento ao invés de realizar a divisão de todos os bens adquiridos ao longo da vida de ambos.
Já em relação a lei aplicável ao regime de bens, nos temos que: 
De acordo com o artigo sétimo, paragrafo quarto da Lei de introdução as normas do direito brasileiro (antiga LICC) temos que:
“O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do pais em que tiverem os nubentes domicílios, e , se este for diverso, à do primeiro domicílio conjugal.”
E, isso significa que se os nubentes morarem no mesmo país, a leis sobre o regime de bens será desse determinado pais. Porem, se os nubentes morarem em países diferentes, o regime de bens será regulado pela lei do pais em que eles forem morar primeiro.
Com relação ao regime de bens no casamento, o sistema brasileiro trabalha com a imutabilidade. Ou seja, tanto o regime, uma vez celebrado, quanto a lei a ele aplicada são imutáveis. Mesmo em caso de mudança de domicílio
As exceções com relação ao regime de bens são: quando um estrangeiro se naturaliza brasileiro, pode, com consenso do cônjuge, alterar o regime de bens. Porém cabe a ressalva de que a lei aplicada a partir de então será a brasileira. Outra exceção é a alteração do regime de bens permitida pela justiça quando há um pedido justificado e consentido pelos cônjuges. Esta exceção provém do Novo Código Civil. 
Pactos antenupciais realizados no exterior são entendidos pelo ordenamento brasileiro como um regime de bens legal e com isso passível das mesmas disposições legais, como a imutabilidade. Se tal pacto for celebrado no Brasil, a lei brasileira será aplicada.
Em relação a questão da comunicação dos aquestos (bens adquiridos durante o casamento), A noção de ordem pública do direito brasileiro privilegia o esforço comum em detrimento da regra rígida de separação de bens, quando esta não resulta de uma manifestação expressa da vontade das partes, como é o caso de um regime legal. A moderna aplicação da regra de respeito à ordem pública exige do julgador a utilização da técnica de ponderação de valores, no caso o da proteção dos bens da família e o da proibição de enriquecimento sem causa para determinar como se aplicaria o princípio da ordem pública nesse caso concreto. Saiu-se da lógica matemática que sempre regeu o DIPr, para uma noção de ordem pública que não descura (descuida) do resultado obtido e das situações individuais que devem ser protegidas. Deste modo, analisa-se caso à caso.
Em relação a restrição à aquisição de bens e imóveis por estrangeiro: Atualmente, o artigo 190 diz que: o estrangeiro casado com brasileiro, ou vice-versa, em que haja comunhão de bens, só pode adquirir imóvel rural com autorização do Incra. Porém, essa autorização é somente uma questão administrativa, não impedindo que aconteça.
A qualidade de herdeiro do cônjuge sobrevivente: a tradição brasileira sempre foi de NÃO considerar o cônjuge como herdeiro, e sim somente em casos em que não houvesse descendentes. Mas, com o novo Código Civil, o cônjuge que sobreviveu concorre com os descendentes na sucessão legítima.
Ordem de sucessão: cônjuge em concorrência com os descendentes legítimos tanto em comunhão total, separação de bens ou comunhão parcial (caso o falecido não deixe especificado) → Ascendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente → cônjuge sobrevivente → colaterais (irmãos, tios, sobrinhos, primos).
Para o DIPr, embora a lei brasileira não reconhecesse o cônjuge brasileiro como herdeiro, havia casos em que isso poderia acontecer com a regra de conexão, ou seja, aplicava a norma estrangeira ao caso. No Brasil, o artigo 10 da LICC prevê que se aplica a lei do país em que era domiciliada a pessoa que morreu.
Seminário 19
CAPÍTULO 16 – Sucessão Internacional
Estudo das repercussões das relações familiares transnacionais no DIPr
A sucessão se da por “regime de sucessão causa mortis”
Regra de conexão: Deixam de ser reguladas pelo critério da nacionalidade, desde a adoção da LICC em 1942, e passa a ser substituído pelo critério
Domiciliar
Exceção à regra ( quando se opta pelo critério da nacionalidade): quando se busca a proteção do cônjuge e/ou dos filhos brasileiros, se e quando houver bens no Brasil.
“Art. 5º Inciso XXXI – A sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira em beneficio do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus(se a lei do local onde o falecido residia  for mais favoravel essa sera utilizada).”
Em linhas gerais a lei se apresenta unilateral (utiliza a lei brasileira, mas o certo ê analisar qual a mais favoravel)  , mas o certo é se analisar qual lei é a mais benéfica para o beneficiado.
16.1 A sucessão e o DIPr
A sucessão causa mortis no Brasil pode ser feita por duas formas: a testamentaria e a legal
Pela forma testamamentaria há um limite imposto por lei para se testar, ou seja pode-se testar metade de seus bens, por conta da proteção legitima dos herdeiros necessários, essa regra se baseia na sucessão realizada no Brasil, de pessoas aqui domiciliadas (Art. 10 da LICC).
Tem que se fazer um inventario para levantar o patrimônio a ser legado, esse inventario deve ser feito nos Estados nos quais estao os bens).
A regra de conexão brasileira é a do ultimo domicílio do de cujus ( universalidade sucessória).
Se houver bens em outros países, haverá pluralidade de foros sucessórios ( outros países não aceitarão as decisões provenientes do exterior sobre bens situados em seu território), por isso haverá dupla regência legal da sucessão pois cada país aplicará a sua regra de DIPr.
“Aplicação da Lei Brasileira para deslinde da questão - Artigos 89 do ESTATUTO PROCESSUAL CIVIL. 1. O artigo 89 do Código de processo Civil estabeleceu a competência exclusiva – e, portanto, absoluta – do juiz brasileiro para proceder a inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro, ou tenha residido fora do território nacional. Nesse diapasão, pouco interessa à Justiça Brasileira se herdeiro italiano abriu ou deixou de abrir inventário em sua pátria para aceitarherança de bens localizados aqui no Brasil. 2. Havendo o de cujus deixado filhos brasileiros, embora tenha sido casado pelo regime de bens na Itália, regula-se pela lei brasileira a sucessão. 3. O artigo 10 §2º, da Lei de Introdução ao Código Civil, disciplina a aptidão para exercer o direito de suceder, reconhecido pela lei domiciliar do autor da herança e regido pela lei pessoal do herdeiro, e não a capacidade para ter direito de sucessor, que se rege pela lex domicilli do falecido. 4. Recurso Improvido. Unânime”
A LICC (Lei de Introdução ao Código Civil) disciplinou as sucessões do Direito Internacional Privado de maneira bastante simples.
A regra geral para a LICC é: A LEI DO DOMICÍLIO QUE A PESSOA TINHA AO FALECER SERÁ APLICADA A SEUS BENS QUALQUER QUE SEJA A SUA NATUREZA.
A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.§ 1° do Art. 10°: “A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”. § 2°: “A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder”. Esse dispositivo abrange todas as formas de sucessão causa mortis, seja ela legítima, testamentária ou ocasionada por ausência.
Sucessão Causa Mortis: causa mortis consiste na transmissão dos bens da pessoa falecida aos seus herdeiros, que podem ter essa qualificação por força da lei ou por força de testamento.
Sucessão por Ausência: desaparecimento sem deixar vestígios, sem dar notícias do seu paradeiro e sem deixar quem a represente. Uma vez declarada judicialmente a ausência, dá-se a sucessão provisória nos seus bens, tornando-se definitiva depois de certo tempo, diante da morte presumida do ausente.
LICC: adotou a Teoria da Unidade Sucessória
Teoria da Unidade Sucessória
A sucessão causa mortis deverá ser regida pela lei do domicílio do de cujus, desprezando-se a nacionalidade do autor da herança e a de seu sucessor e a natureza e a situação dos bens, unificando a jurisdição do último domicílio do de cujus para apreciação de todas as questões relativas à sucessão e, desta forma, simplificando as questões oriundas da mesma.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
O inciso 2° do art. 89 diz que o inventário de bens situados no Brasil são de competência da Justiça brasileira. Como reciprocidade, os bens situados fora do Brasil são de competência da Justiça situada no estrangeiro.
EXCEÇÃO: § 1º do Art. 10
“A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.”
Tem-se, assim, aplicação, como regra, da lei brasileira, e não da lei do país em que era domiciliado o de cujus, com o intuito de beneficiar o cônjuge ou os filhos brasileiros, mas apenas quanto aos bens situados no Brasil.
Esse § 1º é amparado pelo Artigo 5º, inciso XXXI da Constituição Federal, in verbis:
“XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal do "de cujus"“.
Capítulo 16.2 - O testamento com efeitos em outro país
O tema de testamentos realizados em países estrangeiros deve ser visto por dois ângulos: o primeiro diz respeito à forma do ato, que segue as regras do local de sua elaboração; o segundo diz respeito a sua substância, dividindo-se em questões sobre à capacidade de testar no momento do ato, e às regras da sucessão.
Três tipos de testamentos: os ológrafos ou particulares, os feitos por ato público e os cerrados. Os testamentos ológrafos necessitam para sua validade serem redigidos, datados e assinados, em sua totalidade, pelo próprio punho do testador, sendo somente estes os requisitos de forma exigidos. O testamento público é feito perante um tabelião. O testamento cerrado é uma variação que combina elementos do testamento particular e do público, o envelope cerrado é entregue ao tabelião, na presença de testemunhas. Respeita-se a lei do lugar em que foi feito o testamento, para as condições de sua validade, mas a capacidade do testador é determinada pela lei de sua nacionalidade.
Seminário 20
CAPÍTULO 17 – Arbitragem Internacional
É um meio de solução de litígios utilizado no comércio internacional que molda o direito às necessidades dos atores envolvidos numa relação. Trata-se de uma abordagem de solução de controvérsias que está sendo cada vez mais utilizada no plano internacional, o que mostra a intensa demanda por um direito com normas próprias e adequadas aos usos e costumes do comércio internacional. 
A prática arbitral é conhecida desde o Império, mas firmou-se de modo uniforme para todo o país no CPC de 1939. Essa prática então passou a resolver litígios entre pessoas capazes de contratar, impondo clausulas compromissórias nos contratos, o que dava disciplina aos envolvidos. 
A arbitragem não possuía muita credibilidade como mecanismo alternativo de resolução de conflitos, sendo pouco usada, uma vez que havia dificuldades para satisfazer todos os requisitos do compromisso arbitral (não havia muita eficácia na clausula compromissória). Sem contar que, no plano internacional, o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais estrangeiras era dificultada pela exigência de aval judicial do país de origem, antes de ser homologada pelo STF, o que exigia um duplo procedimento. 
É importante frisar que a arbitragem só é admitida entre pessoas capazes de contratar e para questões envolvendo direitos patrimoniais disponíveis. Esse teme de arbitragem foi em parte regulado pela Convenção de NY, que discute questões que não têm caráter estritamente patrimonial. Essa convenção criou a convenção de arbitragem, equiparando clausula compromissória ao compromisso, de fato. Assim, sem qualquer necessidade de homologação, atribuiu força obrigatória à sentença arbitral, dotando-a dos mesmos efeitos de uma sentença que fosse proferido pelo Poder Judiciário.
O instituto da arbitragem também prestigiou a autonomia da vontade das partes, dando liberdade de escolha de normas aplicáveis aos contratantes. Assim o Judiciário é afastado da resolução da controvérsia porque agora o compromisso arbitral validamente celebrado tem efeito de fato. 
17.2 Mas, essa obrigatoriedade da clausula arbitral (promessa que consta no contrato dizendo que as partes resolverão litígios por este meio) tem como ponto negativo a possibilidade de o réu condenar a incompetência do Judiciário por meio da exceção de convenção de arbitragem, ou seja, se há uma convenção entre as partes para solução de eventuais conflitos através da arbitragem, e sendo as mesmas capazes e o direito disponível, exclui-se a possível participação do Judiciário na solução de qualquer controvérsia. Isso também ocorre quando as arbitragens são realizadas em país estrangeiro e essa relação se enquadre numa das hipóteses de competência concorrente (art. 88 do CPC - a autoridade brasileira é sempre competente quando o réu é domiciliado no Brasil; a justiça brasileira é competente em função do local do cumprimento da obrigação; há competência brasileira se há fatos ocorridos em território nacional) da Justiça nacional. 
Já como efeito positivo da clausula, podemos citar a possibilidade das partes recorrerem ao Judiciário para constituir, dada a sentença, o compromisso arbitral (que é o contrato em si). Assim, se houver clausula arbitral num contrato, e uma das partes se recusar a participar da arbitragem, a parte que convocou pode instaurar procedimento judicial para obrigar a firmar o compromisso arbitral (julgamento do AgRg, 2001). + Exemplo: O grupo Casino é socio do Pão de Açucare tem na França o Carrefour como maior rival. Afirmou que seu sócio no Pão de açucar, a família Diniz, havia feito um contrato em segredo com o carrefour. Essa nova empresa que seria fundada aqui no Brasil, fruto da aliança Pão de Açucar e Carrefour teria como sócio o BNDES (que entraria com quase 4 bilhoes de reais). Se a fusão for aprovada, o novo negócio deverá controlar um terço do mercado de alimentos. Em maio de 2011 o grupo francês Casino e o empresário Abilio Diniz, sócios no Pão de Açúcar, fizeram a abertura de um processo de arbitragem, a partir do pedido feito pelo grupo francês na Câmara de Comércio Internacional, que com sede em Paris, é uma organização empresarial mundial fundada em 1919. O Casino em um documento entregue ao órgão regulador do mercado da França que pediu que a família Diniz respeitasse e cumprisse o pacto assinado em 27 de novembro de 2006 com relação à joint venture. Instaurado o processo, as empresas indicarão árbitros que deverão decidir, de forma isenta, como se fosse um julgamento comum, o desfecho da história e possíveis punições. Antes da deliberação dos árbitros, a família Diniz deverá apresentar sua defesa contra as acusações feitas pelo Casino, de violação do acordo de acionistas. Um árbitro será indicado pela holding Peninsula Participações, da família Diniz. Outro árbitro será escolhido pelo Casino. Em acordo, esses dois árbitros deverão nomear um terceiro, que presidirá o processo de arbitragem e terá a palavra final em caso de divergência. Caso não haja consenso para a nomeação desse terceiro árbitro, a indicação poderá ser feita pela CCI. Foram as notícias de que Abilio Diniz negociava uma fusão com o Carrefour no Brasil que fizeram com que o Casino alegasse quebra do acordo de acionistas. Isso porque esse documento exige consentimento dos sócios antes de qualquer aquisição superior a US$ 250 milhões ou maior que o equivalente a 15% (quinze por cento) do patrimônio líquido do Pão de Açucar. Um árbitro nomeado por uma empresa pode inclusive tomar decisões contrárias aos interesses dela. Caberá aos advogados de cada empresa fazer a defesa e a acusação perante os três juízes arbitrais. Disputas arbitrais sempre são cercadas de confidencialidade, previstas inclusive no acordo de acionistas, então não se sabe exatamente quais foram os pedidos do Casino de punição à família Diniz. Uma empresa pode pedir na arbitragem a mesma coisa que poderia pedir no juízo estatal. Ou seja, indenização, interrupção de transações etc. A decisão da câmara arbitral não pode ser contestada na Justiça. Uma fusão das operações do Carrefour com o Pão de Açúcar também poderia provocar investigações antitruste, já que as duas companhias combinadas controlariam boa parte do mercado.
17.3 No tocando a admissibilidade da arbitragem, ela deve envolver relação jurídica subjetivamente internacional, ou seja, ter partes de diversos países, ou conter algum objetivo de estraneidade (situação que não é natural do país onde se encontra o indivíduo, como o local de celebração, o local de cumprimento da prestação). A sentença proferida em arbitragem internacional realizada no Brasil será uma sentença nacional que independerá de homologação pelo STJ. Mas, toda sentença arbitral proferida fora do território nacional será considerada sentença estrangeira, tendo que se sujeitar à homologação pelo STJ para adquirir validade no Brasil. 
A convenção de arbitragem deve ser celebrada por pessoas capazes (21 anos) e ter por objeto direitos patrimoniais disponíveis. Sua formalização se dá por escrito. É assegurada plena autonomia à clausula compromissória e se confere aos árbitros o poder de decidir as questões sobre a validade da convenção, ou seja, cabe a eles resolver sobre a própria competência do acordo. Quanto ao compromisso arbitral, este pode assumir forma judicial ou extrajudicial (neste caso, deve ser escrito, assinado por duas testemunhas e estar circunscrito nas matérias que lhe são pertinentes). Para a validade do compromisso é preciso mencionar nome, profissão, estado civil e domicilio das partes e dos árbitros, bem como a matéria que será objeto da arbitragem e o lugar em que será proferida a sentença arbitral. Além disso, se houver clausulas multiparte, deverá haver acordo entre os interessados (tal circunstancia envolve o litisconsórcio facultativo e o necessário – arbitragem tem de envolver todos necessariamente, se não há nulidade da sentença). 
Já no se refere às medidas cautelares, o árbitro não tem poder, no curso do procedimento, para impor às partes medidas de caráter cautelar ou promover a realização de contestas de forma coercitiva, ou seja, quando uma parte estiver coibida a se submeter a arbitragem ou já estiver assim procedendo, poderá ver resguardado seu direito por meio judicial através de medidas cautelares ou coercitivas. Tais medidas somente podem ser postuladas no Judiciário. No caso de arbitragem realizada em país estrangeiro, pode haver necessidade de cumprir diligencia ou efetivar medida cautelar decretada pelos árbitros. Se a efetivação da medida tiver de acontecer no Brasil, ela deverá vir via carta rogatória a ser examinada pelo STF, pois este considera as cautelares atentatórias à ordem pública. Somente quando há convenção internacional que permita o reconhecimento de tais medidas é que o pedido estrangeiro merecerá o exequartur do STF (exemplo: Mercosul, onde o Protocolo de Ouro Preto prevê as medidas cautelares. 
Assim, quando o Brasil faz parte de tratados internacionais de reconhecimento e execução de laudos estrangeiros, as sentenças do exterior não precisam mais de homologação judicial nos seus países de origem, para que sejam depois reconhecidas e executadas no Brasil.
Os laudos (sentença) arbitrais são considerados estrangeiros se proferidos fora do território nacional e para adquirirem exequibilidade no Brasil se sujeitam a processo de homologação no STJ (para isso necessita da original da sentença e da convenção de arbitragem e traduções oficiais).
Apesar do sistema de homologação brasileiro se basear em delibação formal, o STJ acaba analisando o mérito do pedido para verificar se não houve ofensa à ordem pública, aos bons costumes ou à soberania nacional.
O laudo (sentença) proferido em país estrangeiro seguirá as leis do local e suas peculiaridades serão respeitadas, desde que não sejam contrárias à ordem pública. Caso se vá contra o laudo, os meios de ataque à esta decisão arbitral se dá por meio da ação anulatória ou rescisória e por meio de embargos à execução por título judicial. Os motivos de anulação se referem à validade da instituição do tribunal arbitral, à validade substancial da sentença arbitral ou à regularidade substancial do processo. Só se pode anular a sentença (laudo) arbitral nos termos do artigo 32 da Lei (quando for nulo o compromisso, quando emanou de alguém que não podia ser árbitro, quando for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem...). A lei de arbitragem brasileira, contudo, não previu a possibilidade de revisão da sentença, deixando-a a cargo das partes, de acordo com sua própria conveniência. 
A Convenção de NY sobre o reconhecimento e execução de laudos arbitrais estrangeiros foi internalizada no Brasil somente no início do sec. XXI. Essa demora se deve ao fato da nossa resistência em aceitar a possibilidade do laudo arbitral ser equiparado a uma sentença estrangeira, uma vez que acreditávamos que o laudo seria mero ato privado (apenas contratos, equivalendo-se a uma transação que necessitava da aprovação do Judiciário), e que não passível de execução judicial e força executória. Antes, pelo Protocolo de Genebra, exigia-se uma homologação prévia do laudo no local de origem, antes que fosse possível leva-lo à jurisdição estrangeira para reconhecimento e execução. Hoje essa visão da arbitragem como incapaz de gerar uma decisão equiparável à decisão judicial está ultrapassada. Foi preciso uma grande evolução da teoria do direito, adicionando um novo valor à autonomia da vontade das partes, aliada às necessidadesespecificas do comércio internacional, para que essa situação se modificasse (no plano internacional pela Convenção de NY, e no nacional com as regras da lei de arbitragem de 1996).
A Convenção de NY alçou os laudos arbitrais ao patamar de decisões judiciais, acabando com sua equiparação tão somente aos contratos. Além disso houve incremento da teoria da autonomia da vontade na área dos contratos internacionais, que foi aos poucos sendo adotada em diversas legislações internas e em convenções internacionais, passando a arbitragem a ser reconhecida para a solução das controvérsias advindas desses contratos, tendo os laudos a mesma força de uma decisão judicial.
A ratificação da Convenção Interamericana sobre arbitragem internacional, da Convenção Interamericana sobre eficácia extraterritorial das sentenças e laudos arbitrais estrangeiros e da Convenção da ONU sobre o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais estrangeiras, por exemplo, é de grande importância, não somente para a credibilidade externa do Brasil em matéria de arbitragem, como também para a adoção da jurisprudência internacional sobre aplicação dessas convenções.
Conclui-se que a arbitragem teve grande progresso no Brasil, sendo encarada como modo alternativo de solução de controvérsias e vem sendo utilizada em litígios comerciais, com a proliferação de instituições arbitrais ligadas a associações comerciais. Além disso, o judiciário tem favorecido os tribunais arbitrais, revelando maturidade na sua relação com o instituto.
A arbitragem é um dos meios privados de solução de controvérsias, evitando, por vezes, um litígio que poderia ser economicamente mais custoso e demorado se levado à justiça. 
Nos países latino-americanos, talvez em virtude das Ditaduras que centralizaram poder em demasiado nas últimas décadas do século XX, com o fechamento dos mercados e a centralização de poderes no Estado, a arbitragem foi, durante muito tempo, ignorada e até vista com desconfiança pelo jurídico e sociedade em geral. A partir da década de 80/90, com o final do período repressor nesses países, a abertura dos seus mercados para o comércio internacional e o surgimento de leis de arbitragem nacionais, além da adesão a convenções internacionais que tratam do reconhecimento de sentenças arbitrais é que se percebeu o avanço e maior aceitação dos meios alternativos de resolução de conflitos, como a mediação, a conciliação e a arbitragem.
Em comparação ao Poder Judiciário, pode-se dizer que a arbitragem tem algumas vantagens, como a celeridade, confidencialidade (que não é absoluta), flexibilidade dos procedimentos (valorização da autonomia das vontades), prevalência da oralidade/informalidade do procedimento, possibilidade da escolha de leis a serem aplicadas ao caso concreto, facilidade de execução das sentenças, maior disponibilidade de se aceitar a decisão e especialidade/tecnicidade do árbitro (pode ser alguém conhecedor especializado da matéria objeto do conflito). 
Algumas desvantagens, no entanto, podem ser apontadas. A decisão arbitral se dá  em uma única instância, não cabendo recurso, quanto ao mérito, ao Poder Judiciário. Os  árbitros podem ser bons especialistas nas práticas que estiverem analisando, mas, todavia,  sem um bom conhecimento jurídico. Suas decisões, apesar de a nova lei brasileira de  arbitragem dispor que não serão reformadas, no mérito, pelo Poder Judiciário, poderão ser  declaradas nulas se não atenderem as exigências da própria lei quanto aos aspectos  formais. Outra reclamação comum sobre a arbitragem é que a celeridade do procedimento  não permite a preparação suficiente de evidências e provas, ou seja, os árbitros internacionais  tendem a permitir um número limitado de material a ser apresentado. 
Mas, as  partes que optaram pela arbitragem como sistema de solução de conflitos, podem resolver  muitos dos problemas citados na própria cláusula que institui a arbitragem, minimizando  ou até mesmo eliminando tais desvantagens.  O instrumento jurídico de maior adesão entre os países para esse reconhecimento é, atualmente, a Convenção de Nova Iorque sobre o reconhecimento e a execução de sentenças arbitrais estrangeiras de 1958. A CNI avança em relação à Convenção de Genebra, pois reduz os requisitos para a parte solicitar o reconhecimento, desloca o ônus da prova para o requerido no procedimento da homologação, assim como confere maior autonomia das partes.
A tendência atual é que as legislações nacionais, seguindo os parâmetros estabelecidos nas convenções internacionais, respeite o máximo possível a autonomia das vontades quanto às sentenças arbitrais, sem, entretanto, olvidar de que a sentença arbitral não poderá ferir a ordem pública.
Mesmo os efeitos de uma decisão arbitragem serem, em suma, limitados às partes do litígio, as consequências são sentidas por toda a comunidade de negócios, seja ela nacional ou internacional, no sentido de muitas vezes servir de paradigma para futuras controvérsias. Por isso, sua consonância com os ordenamentos estatais coercitivos é primordial para a estabilidade e segurança das relações comerciais e econômicas.
Seminário 21
CAPÍTULO 18 – Alimentos no Plano Internacional
Introdução
Com a separação de casais ocorrendo mais frequentemente no Brasil, foi preciso que se regulasse no plano interno alguma legislação que desse maior segurança de sustento para a prole gerada pelo casal. Desse modo, no plano interno, o direito da família é regulado pelo Código Civil nos artigos 1.694 a 1.710 que irão assegurar aos filhos o amparo que é necessário por meio da obrigação alimentar. Inclusive, o descumprimento da obrigação alimentar pode implicar a prisão civil ao devedor. Em relação ao plano internacional é preciso uma atuação conjunta, por meio da cooperação, interjurisdicional ou administrativa; sendo assim, nesse ponto, assumem grande importância os tratados multilaterais ou bilaterais. Problemas da efetivação: depende das necessidades do dependente e das possibilidades do “credor”; necessita de agilidade por ser um assunto de sobrevivência; e depende das características de cada país a partir de suas tradições e sua legislação.
18.1: A legislação brasileira: normas de origem interna e internacional.
A legislação brasileira de DIPR não possui normas específicas sobre alimentos. A regra de conexão aplicável aos alimentos é a de domicílio. Caso exista o descumprimento do pagamento da obrigação alimentar, será preciso entrar nas questões processuais, como a citação do devedor domiciliado no exterior, a homologação da sentença estrangeira e esse processo será mediado por atos que estejam ligados a outros assuntos, por exemplo: as cartas rogatórias, convenções internacionais multilaterais ou de cooperação jurídica internacional. Vale ressaltar que há fontes internas para regular a questão de obrigação alimentar como a LICC, e as fontes internacionais como a Convenção de Nova York e Convenção Interamericana.
18.2: Iniciativas globais e regionais.
Apesar as iniciativas referentes à questão alimentar nos séculos XIX e XX, pode-se considerar um problema a cobrança de alimentos no plano internacional, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, quando foi discutido sob auspícios do UNIDROIT. Depois, o projeto foi encaminhado à ONU, que convocou uma conferência diplomática em 1956, a qual acarretou na Convenção de Nova York sobre a Execução e Reconhecimento de Obrigações Alimentares. Paralelamente, a Conferência de Haia, que normalizou a questão por meio de duas convenções, modificadas nos anos setenta. Na América Latina, o Código Bustamante, especificou três artigos sobre o tema alimentos Art.59, Art.67 e Art.682, sem destacar as questões relativas à cooperação jurisdicional, de forma especializada.
18.2.1: A convenção de Nova York
Foi assinada em 1956 e entrou em vigor no Brasil dois anos depois. A convenção criou um sistema complementar ao sistema instituído pela Conferencia de Haia, e ao logo do tempo, se tornou mais utilizado no mundo. Seu objetivo maior era facilitar a obtençãode alimentos. Foram criadas autoridades centrais afim de agilizar a cobrança das obrigações. Foram tratadas questões de natureza administrativa da cobrança de alimentos, além de estabelecer vantagens aos credores. Hoje se pode iniciar o processo tanto no país de residência, e posteriormente reconhecer no país estrangeiro, ou pode ser proposta a ação diretamente no país estrangeiro.
No Brasil, a autoridade central designada para atuar como autoridade remetente e intermediaria é a Procuradoria Geral da República, que utiliza a estrutura do Ministério Público para realizar suas operações nos estados. A questão da competência interna (da justiça federal ou da justiça estadual) a Justiça federal é competente quando há intervenção do Ministério Publico Federal.
18.2.2: A convenção Interamericana
A Convenção Interamericana tratou sobre obrigações alimentares em 1989, (e está em vigor em todos os países do Mercosul o que representa o direito uniforme do bloco sobre o tema alimentos). A Convenção trouxe normas de caráter material destinadas a assegurar o funcionamento das normas conflituais. Ela possui uma norma de caráter material a regra de ius cogens (direito cogente, imperativo) que estabelece o dever dos Estados de reconhecer, de forma universal, os direitos aos alimentos de acordo com o artigo 4º. A outra norma que orienta o direito brasileiro trata da proporcionalidade da fixação dos alimentos em total concordância com a necessidade versus possibilidade, ou seja, de acordo com o artigo 10º  a necessidade do alimentário, com à capacidade financeira do alimentante. Seu campo de aplicação se restringe às obrigações alimentares dos menores e das decorrentes do casamento ou do divórcio.
A escolha da lei aplicável foi tema tratado pela convenção a partir dos métodos mais modernos de DIPr, por meio de princípios e designação de uma regra de conexão alternativa. A autoridade competente escolhe a lei aplicável a partir de regras mais favoráveis ao credor. Fica entre duas alternativas: 1º a do domicílio ou residência habitual do credor; ou 2º a do domicílio ou residência habitual do devedor; e o objetivo maior é de proteção da criança. Em relação a competência internacional existe três possibilidades: Alínea ‘a’ aonde a competência conferida ao juiz ou autoridade do Estado de domicílio ou residência habitual do credor; Alínea ‘b’ aonde a competência conferida ao juiz ou autoridade do Estado de domicílio ou residência habitual do devedor; Alínea ‘c’ segundo o qual o juiz ou autoridade do Estado com o qual o devedor mantiver vínculos pessoais terá competência para conhecimento de questões referentes às reclamações de alimentos. *Caso o demandado no processo tiver comparecido sem objetar a competência, autoridades de outros estados também podem se dispor.
Este artigo apresenta especial valor para o direito brasileiro visto que a delimitação da competência internacional concorrente deixa de atender a evidentes interesses da comunidade brasileira. Pois é comum a ex- mulher voltar ao BR com os filhos e demandar daqui os alimentos. Desta forma esta convenção Interamericana acaba sendo utilizada para suprir as lacunas da lei em relação aos países que não são parte da mesma. A convenção é do tipo tradicional, e dispõe que a sentença estrangeira deverá ser cumprida sem demora e diretamente pelo juiz da execução, o que se contrapõe com nossas regras internas, que impõe o procedimento de homologação das decisões estrangeiras antes de seu cumprimento. Desta forma a previsão constitucional é clara sobre a necessidade de homologação, e em um eventual conflito de normas, a de hierarquia constitucional prevalece sobre a do tratado.
Apesar de suas vantagens, a convenção é pouco conhecida, e seu pouco uso acontece por dois motivos: desconhecimento dos operadores e utilização da convenção de Nova York em seu lugar, visto que a maioria dos países- parte também integram esse sistema; além de que a base de dados da justiça federal e de vários Estados, não informa sua utilização.  
Seminário 22
CAPÍTULO 18 - Alimentos no Plano Internacional
No item 18.3, Nádia Araujo continua sua discussão sobre alimentos, mais especificamente sobre pensão alimentícia. Não há muita discussão acerca qual legislação será utilizada, mas a brasileira foi eleita em dois casos, que ela trata nas notas 1026 e 1027: o primeiro caso seria para analisar o conjunto probatório (conjunto de provas), quando o réu deve pagar a pensão, ou seja, quando há separação ou algo semelhante e uma das partes deve pagar pensão alimentícia. O segundo caso faz referência à convenção de Nova Iorque em relação ao abandono do lar. Antonieta Azabache largou seu marido no Brasil, injustificadamente, abandonando assim seu lar e levando a filha do casal junto para o Chile. Dessa forma, o marido ficou isento da obrigação de pagar pensão alimentícia. 
Sempre quando uma das partes reside no exterior, deve-se atentar para duas questões: competência e litispendência. A primeira, competência, baseia-se no artigo 88 do Código Civil, e para que um caso seja julgado de acordo com a lei brasileira, esta deve ser competente. O problema é que em raros casos, avalia-se a competência. A segunda questão, litispendência, é proibida no Brasil, de acordo com o artigo 90 do Código Civil, a não ser que a decisão estrangeira tenha sido homologada pelo STF. [1: Litispendência é quando o mesmo caso, envolvendo as mesmas partes, é julgado por dois sistemas jurídicos diferentes. Isso é proibido no Brasil, a não ser que a decisão estrangeira seja homologada pelo STF. ]
Percebem-se certas dificuldades nos casos em relação a seu aspecto transnacional:
Citação do réu: alguns países como os EUA não aceitam cartas rogatórias para que o réu possa ser citado (nota 1030);
Questões relativas à prova: se quem tem que pagar pensão mora no exterior e o empregador não divulgar a quantia recebida como salário, “inverte-se o ônus da prova”, e então o salário deve ser divulgado (nota 1031);
Posterior execução da decisão: se os filhos moram no exterior, não precisam da pensão do pai/mãe e este tiver constituído outra família, não pode ser preso por falta de pagamento de pensão alimentícia, já que isso pode prejudicar a segunda família (nota 1032);
Se o pai residir no exterior e houver grande dificuldade de conseguir a pensão alimentícia, ela pode ser cobrada dos avós (da parte que tiver a obrigação de pagar a pensão), assim que provado o parentesco e se os avós tiverem condições financeiras. 
18.4) Iniciativas recentes no tema de alimentos: o trabalho da Comissão Especial sobre cobrança de alimentos da Conferência de Haia.
Conferência de Haia para o DIPri é uma organização intergovernamental, composta de 107 países, dedicada ao trabalho de uniformizar as regras de DIPri, inclusive já informou que seu objetivo é tornar-se um centro mundial a serviço da cooperação internacional judiciária e administrativa em matéria de direito privado;
Sobre a matéria de obrigações alimentares, a Conferência já realizou quatro convenções especializadas: duas na década de 50 e duas, para substituir as anteriores, na década de 70;
 As discussões a respeito destas começaram em 1992, decisão inspirada nos princípios adotados pela Convenção da ONU relativa aos direitos da Criança, de 1989, a qual estimula, no art.27, p.4, os países a tomarem as medidas apropriadas para garantir o pagamento de alimentos aos menores, mesmo em países diversos. Essa Convenção já foi ratificada pelo Brasil;
“Artigo 27:
Os Estados-partes reconhecem o direito de toda criança a um nível de vida adequado ao seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social;
Cabe aos pais, ou a outras pessoas encarregadas, a responsabilidade primordial de proporcionar, de acordo com suas possibilidades e meios financeiros, as condições de vida necessárias ao desenvolvimento da criança;
Os Estados-partes, de acordo com as condições nacionais e dentro de suas possibilidades, adotarão medidas apropriadas a fim de ajudar os pais e outras pessoas responsáveis

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