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Prof. José Araújo (DIP) - Resumo Prova 2 (3ºC)

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Capítulo 14: Contratos Internacionais
A norma de DIPr apenas INDICA qual sistema jurídico deve ser aplicado, portanto cabe ao juiz, a partir dessa norma, determinar qual sistema jurídico irá regular o caso em questão. O que caracteriza a internacionalidade de um contrato é a presença de um elemento que o ligue a dois ou mais ordenamentos jurídicos. Ex.: um contrato celebrado em um país, mas que é cumprido em outro – as partes preveem situações futuras podendo determinar onde e como o litígio dali decorrente será julgado. Todo contrato internacional será regido por uma lei nacional, determinada pelo DIPr do Estado onde a questão estiver sendo julgada. Ao negociar as clausulas de contrato internacional é preciso considerar como decidem os tribunais locais (Ex.: no Brasil a regra do DIPr é a do local da celebração do contrato). Devido ao fato das regras de conflito variarem de país para país, procurou-se sua harmonização através da criação de normas conflituais internacionais uniformes, o que trouxe um caminho para a solução das regras de conflito. Além disso, trouxe também segurança jurídica e a eliminação das possibilidades de forum shopping (escolher outro tribunal com uma lei de foro mais favorável, mas não necessariamente mais adequada ao caso). Outras iniciativas:
Convenção da UNCITRAL (Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional) sobre a Compra e Venda Internacional
Conferência de Direito Internacional da Haia, que prepara convenções sobre regras conflituais
Instituto para Unificação do Direito Privado, que trabalha pela unificação de normas do Direito Privado.
As normas materiais uniformes promovem a modificação e unificação de uma parcela do direito privado.
14.1 Histórico das regras de conexão
A definição de regra de conexão aplicável aos contratos internacionais coube à escola estruturaria italiana, a idade média, e perdura em vários países, como no Brasil por exemplo. Tal regra é a do local da celebração do contrato.
Bartolo foi responsável pela sistematização dos princípios da escola estruturaria italiana. Para que fosse possível tal sistematização ele dividiu as questões contratuais entre as originadas do contrato e de sua forma (regidas pela lei do local da celebração), e, as posteriores (aplicando-se a lei do local da execução). Ele também defendia a possibilidade da aplicação de mais de uma lei para cada caso.
O uso da lei do local da celebração fazia sentido pela dificuldade de contratação entre ausentes. E, devido a mobilidade restrita das pessoas na época, o local da assinatura do contrato era onde os negócios se realizavam, como os portos, por exemplo. Assim, era comum os comerciantes irem ao porto oferecer mercadorias, o que fez com que muitos contratos eram ali celebrados.
Savigny criticou a regra do local da constituição por considera-la momentânea, assim preferia o da execução por ser um local onde ocorriam as ações mais importantes para a realização da obrigação assumida.
Com o avanço nos meios de comunicação, esses critérios foram substituídos pelo principio da autonomia da vontade. O qual, hoje, é aceito mundialmente, mas tem menor utilização em alguns países da América Latina que preferem a regra do local da celebração do contrato. A exemplo disso temos o Brasil.
14.2 Regra de conexão no Brasil
A regra geral para a lei aplicável é a do local da constituição da obrigação (ART 9º DA LICC) (repetindo a Introdução ao Código Civil de 1917), porém eliminou-se a expressão “salvo estipulação em contrário”, que resultou na proibição à autonomia da vontade. Art. 9º: cuida da lei aplicável à validade substancial, ou aos chamados aspectos intrínsecos ou de fundo de contrato, para contratos celebrados entre presentes. Parágrafo 2º: Para os contratos celebrados entre ausentes. Utilizado como conexão a lei de residência do proponente (Que ou aquele que propõe que apresenta uma proposta), sendo considerada uma proposta, para a lei brasileira, não a primeira feita, mas sim a ultima.
Noção de residência: depende da definição do direito brasileiro. Existem alguns conflitos para se intitular o conceito de domiciliar, o que causa incertezas e por isso o lugar escolhido deve ser onde o ofertante se encontra residindo no momento da oferta. Atribuído a Charles Dumoulin. Em sua época o direito francês não era codificado nacionalmente e as leis de cada província, assim como nas cidades italianas eram vistas como direito estrangeiro, o que causava certo desconforto na hora de manipular o direito no próprio país.
Otto Kahn-Freund: Autonomia da vontade: acompanha os fatos da vida, por isso até o século XVII a única questão relevante do DIPr dizia respeito à propriedade. Os contratos internacionais só passaram a ter relevância quando o transporte marítimo a vapor revolucionou o mercado de trocas e o transportador deixou de ser, ao mesmo tempo o comerciante. Antes tratava-se com o dono do navio e pode-se posteriormente tratar com o dono da mercadoria por meio de cartas (sujeito ausente), assim, as questões de DIPr passaram a ser sobre fatos que ocorriam na entrega da mercadoria, na definição da responsabilidade de cada parte.
Exemplo: caso American Co. = Uma carga da American Trend Co. foi transportada para um porto Francês por um navio da Quebec Steamship. A mercadoria (farinha de trigo) chegou estragada, então a American Co. contatou a Quebec Steamship e o capitão do navio para o ressarcimento do prejuízo. A Quebec Steamship alegou a existência de uma clausula de irresponsabilidade, enquanto a American Co. contra-argumentou que o contrato estava submetido à lei de Nova York, que anulava a clausula.
Na Inglaterra, os tribunais aceitaram a autonomia da vontade por diversos motivos, e posteriormente ela tornou-se universal, com adoção expressa tanto em convenções internacionais como na legislação interna de diversos países.
14.3.1 O princípio no Brasil
Em 1916, na introdução ao Código Civil, a autonomia da vontade foi considerada permitida pela doutrina por causa da expressão “salvo estipulação em contrário” (artigo 13). Bevilaqua era favorável ao princípio mas não o adotou. Para ele, para determinar qual a lei regente da capacidade de cada uma das partes, era preciso determinar seu estatuto pessoal e, para a execução a lei do lugar onde se efetuá-la, onde a autonomia da vontade não tinha lugar. Enunciou a Lex contractus como sendo a do local de celebração, salvo estipulação em contrário, ou quando ofensiva ao direito nacional dos contratantes ou à ordem pública.
No artigo 13 não fica claro qual lei deve ser aplicada, da jurisprudência da época a tendência era a aplicação da lei brasileira para todos os aspectos dos contratos internacionais cuja execução se desse no território nacional.
Eduardo Espíndola, Álvaro de Costa Machado Villela, Pontes de Miranda se posicionaram contrariamente ao principio.
Em 1942, com as Normas da Lei de Introdução ao Código Civil, discutiu-se a exclusão ou não do principio em face da supressão da expressão “salvo estipulação em contrario”, que antes permitia. Há muita divergência na interpretação.
Oscar Tenório, por exemplo, entendeu que a expresao excluía a teoria da autonomia da vontade.
A LICC apesar de não estabelecer expressamente a permissão para a autonomia da vontade, também não a proíbe, deixando sua permissão à lei do contrato, ou seja, sua aplicação indireta, sempre que a lei de celebração o permitisse.
Maria Helena Diniz ao tratar do artigo 9º entende não ter sido contemplada a autonomia da vontade como elemento de conexão pois trata-se de norma cogente que não pode ser alterada pelas partes.
O que tem sido feito no Brasil: Nos casos pesquisados nota-se que os juízes usaram o método conflitual para determinar a lei aplicável, sempre encontrando como resultado a lei brasileira ou a lei estrangeira, a partir de uma interpretação literal do artigo 9º, caput. No entanto, o STJ tem decidido várias questões em que se analisam contratos internacionais e tem discutido a lei aplicável indiretamente.
Embora a questão dacompetência internacional dependa da lei processual brasileira, “o juiz nacional pode aplicar a lei estrangeira escolhida para disciplinar negócios disponíveis pelas partes”, Ministro Ari Pargendler. 
O Brasil ainda não evoluiu como os países europeus. Na LICC, no seu artigo 9º, não é mencionado o principio da autonomia da vontade e embora muitos ministros sejam a favor, o principio é proibido.
Requisitos para que seja possível permitir de forma segura a utilização do principio da autonomia da vontade em contratos internacionais:
Revisão da LICC
Adoção de princípios consagrados na Convenção sobre o Direito Aplicável aos Contratos Internacionais. 
Possível solução: Substituição do artigo 9º da LICC pelas Normas da Convenção Interamericana sobre o Direito aplicável aos Contratos Internacionais. A Convenção serviria para regular os Contratos Internacionais entre os parceiros latinos e também como regra conflitual a todas as relações contratuais internacionais.
João Grandino Rodas se posiciona pela mudança na LICC pois as regras não estão adequadas ao desenvolvimento do tema no plano internacional.
Essa postura do Brasil tem conseqüências nefastas para o Mercosul e demais negócios transnacionais. Os contratantes levam em conta a certeza ou incerteza jurídica das regras internas e; o primitivismo e a inadequação das nossas regras de DIPr são incompatíveis com o papel que queremos desempenhar no mercado internacional.
14.4 Outras questões sobre a lei aplicável 
“A lei do local da celebração resolve tudo o que disser respeito à substancia e aos efeitos do contrato. No entanto, há ainda a possibilidade da aplicação de mais de uma lei às questões correlatas. Convencionou-se chamar tal aplicação de dépeçage ou fracionamento, havendo um consenso a esse respeito.”
É a metodologia empregada para análise do fracionamento de contrato; é a consequente aplicação de vários direitos a uma relação contratual internacional. Ou seja, o contrato é dividido em várias partes, que posteriormente serão submetidas a leis diferentes.
João Rodas “A complexidade dos tempos modernos impõe ao contrato ligação a mais de um sistema jurídico.” Não é possível manter posição unitarista e ter só uma lei aplicável ao contrato.
Situações passíveis da divisão em questões relativas:
capacidade da pessoa física ou jurídica 
aos aspectos extrínsecos ou formais
aos aspectos intrínsecos ou de fundo
A dépeçage pode ocorrer em dois níveis:
1º pelo próprio sistema de DIPr, pois a substância da obrigação pode ser regida por uma lei, enquanto a capacidade das partes, a forma e a execução poderão ser regidas por outra.
2º o dépeçage decorre da própria autonomia das partes que tem a faculdade de determinar mais de uma lei aplicável ao contrato. Assim tem-se o desdobramento da noção de autonomia da vontade, pois além de escolher a lei para o contrato, poderão ainda fazer mais de uma escolha em vista da complexidade de um determinado contrato multiconectado.
Exemplo: Pode ocorrer que a capacidade das partes seja regida pela lei pessoal; suas obrigações pela autonomia da vontade; e a forma pela lei da celebração.
No Brasil a utilização do parágrafo primeiro exige que se classifique o que é relativo à execução, à substancia e aos efeitos, que se dará a partir das regras materiais do direito brasileiro. Só assim poder-se-á proceder à aplicação da lei adequadamente.
Na questão de contrato entre ausentes o autor o diferencia do critério da residência do proponente e, a decisão de quem seja proponente será apurada pela lei brasileira. Artgo 1087 do novo Código Civil.
A permissão para a escolha das partes de mais de uma lei ao contrato é um dos pontos a ser introduzido em uma reforma da LICC, cujas regras estão muito aquém das necessidades dos Contratos Internacionais.
Solução ratificar a Convenção do México sobre o Direito Aplicável aos Contratos Internacionais de 1994 e substituir o artigo 9º pela Convenção. 
14.4.1. Eleição de foro
- Cláusula de eleição de foro: implicação exclusivamente processual: “traduz-se em indicar o compromisso das partes de submeterem-se a certo órgão jurisdicional para exame dos litígios emergentes do contrato”.
Pode-se escolher um determinado foro para se discutirem os litígios advindos da relação contratual e naquele local utilizar-se a lei de um terceiro país, seja porque as partes assim escolheram (através da cláusula de eleição de lei: direito material, inserida no âmbito da liberdade contratual e da autonomia da vontade, designando a lei aplicável ao negócio jurídico), seja por mandamento da norma de conflito de foro. A redação dessa dessas cláusulas deve ser consensual, uma vez que serão interpretadas por um único juiz.
A Cláusula de eleição de foro nas Convenções
O princípio da liberdade de eleição de foro tem por efeito a derrogação da competência internacional.
- Na Comunidade Europeia funciona, em matéria de jurisdição, a Convenção de Bruxelas sobre Competência Jurisdicional e Execução em Matéria Cível e Comercial, de 1968. Possui dispositivo expresso que determina ser o tribunal escolhido o único competente quando houver convenção expressa sobre o local do foro. Quando há uma cláusula de submissão a um determinado foro, só este é competente, e se outro tribunal for chamado a decidir, deverá declarar sua incompetência pela aplicação da Convenção de Bruxelas.
- A Convenção Interamericana sobre Competência na Esfera Internacional para Eficácia Extraterritorial das Sentenças Estrangeiras, que ainda não está em vigor no Brasil, acolheu o princípio, com a possibilidade da derrogação de competência por força da cláusula de eleição de foro.
- No Mercosul, o Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em Matéria Contratual, é no mesmo sentido da Convenção Interamericana, dando prevalência à cláusula de eleição de foro quando se define o foro do litígio do contrato.
- Nos vários casos decididos pelos tribunais não há uniformidade no manejo da cláusula, ora dando-lhe, ora dando-lhe prevalência, ora sustentando a competência do foro nacional como norma de caráter imperativo.
A Convenção de Haia sobre a cláusula de escolha de foro
Novidade: finalização da Convenção sobre escolha do foro, em 2005, no âmbito dos trabalhos da Conferência de Haia.
Aspectos: demonstra que há também em outros países inúmeras questões sobre autonomia da vontade e sobre escolha de foro; privilegia a autonomia das partes como regra geral para determinar o foro.
Contém 5 capítulos: 1. Âmbito de aplicação e das definições; 2. Jurisdição; 3. Reconhecimento e execução; 4. Cláusulas gerais; 5. Disposições finais (com cláusulas comuns a todos os tratados, mas especial atenção à relação da convenção com outros convênios internacionais).
Campo de aplicação: casos internacionais. É imperativo que haja uma cláusula específica sobre escolha de foro, o que lhe dá a qualidade de ser exclusiva. 
Forma: escrita ou documentada de alguma forma, em que apenas um local é escolhido. Isso exclui qualquer regra de litispendência internacional.
Divergência: embora de aparência simples, foi objeto de grande discussão em face da divergência entre sistemas jurídicos da commom law e do direito civil. Isso porque nos países do direito civil, quando há uma cláusula definindo foro, isto significava que este é exclusivo, portanto nenhum outro pode ser considerado. Por sua vez, nos países de commom law, a existência da cláusula não implica em exclusividade automática. Assim, era imperativo que o assunto tivesse uma regulamentação que não deixasse qualquer margem para a ambiguidade antes existente.
Filosofia da Convenção: se dirige às questões hoje conhecidas como B2B (business to business). Procura definir o que é uma relação comercial internacional, e alias a isso a necessidade do reconhecimento da sentença oriunda dessa relação de um estado em outro.
Para uma situação ser aceita como dentro do âmbito de aplicação da convenção é preciso possuir três elementos: internacionalidade da situação, existência do acordo de eleição de foro,e tratar-se de uma situação civil e comercial.
Jurisdição da corte: 3 regras para os tribunais: um tribunal designado pelas partes, sendo de um país signatário, não pode eximir-se de julgar a causa, salvo exceções bastante restritas (fórum non conveniens é proibido); se o tribunal em que a ação foi proposta não for o tribunal escolhido pelas partes, este deve abster-se de aceitar a jurisdição, se a causa lhe for proposta, com algumas exceções muito restritas; aspectos do reconhecimento e execução da decisão obtida na corte escolhida: a decisão obtida não deve correr risco de ser invalidada no estado em que será executada. Aqui, a convenção se coloca como um contraponto à Convenção de Nova York, ao dar uma garantia similar áquela, com relação às decisões obtidas através da arbitragem. A convenção só faz sentido quando a decisão necessitar de reconhecimento em outro país, porque a execução no país que aceitou a jurisdição é parte da aceitação.
Brasil: sua adoção seria benéfica, tendo em vista a jurisprudência vacilante sobre os efeitos da cláusula de eleição de foro nos contratos internacionais. Mesmo com a cláusula de eleição de foro remetendo o litígio a um tribunal estrangeiro, não há segurança de que os tribunais brasileiros declarem sua incompetência para julgar o caso. Convenção seria bem vinda.
Cláusula de eleição de foro no Brasil
No Brasil, a cláusula de eleição de foro "é permitida e amplamente utilizada", uma vez que a lei brasileira encontra dificuldades na escolha da lei aplicável. Sendo assim, a solução encontrada foi a "determinação de um foro no qual esta escolha seja permitida".
Contudo, um problema se coloca "quando há uma cláusula elegendo lei de foro estrangeiro, mas a competência brasileira é assegurada". Assim, dependendo do tipo de competência, os resultados podem variar:
Competência exclusiva (art. 89): a decisão tomada no exterior não tem validade no Brasil.
Competência concorrente (art. 88): não se pode prever o resultado.
Embora a possibilidade de eleger um foro traga benefícios por configurar uma extensão da autonomia da vontade, as decisões sobre o respeito ou não da cláusula são divergentes, fazendo com que um sentimento de insegurança se dissemine.
STJ determinou que a lei brasileira deve ser prestigiada, mesmo que as partes contratantes tenham optado pela justiça estrangeira por meio da cláusula de eleição de foro. Entretanto, seu posicionamento frente a esta questão está em discordância com a tendência internacional, que estimula uma maior mobilidade. Por outro lado, tribunais estaduais brasileiros, como o TJRJ, têm demonstrado um anseio por mudança.
Diretivas: São fontes de normas do direito internacional privado
“São entendidas como vinculadoras do destinatário em relação ao objeto, sendo flexíveis em relação à forma e ao meio de implementação nos Estados-membros”. 
Pode-se entender com isso que não importa o meio com o qual as normas são aplicadas, visto que há uma maior flexibilidade, o que importa é a relação do individuo com o caso concreto, o importante é solucionar a questão visando um melhor (mais digno) resultado para as partes. 
O Tribunal de Justiça da UE permitiu que as diretivas fossem aplicadas atendendo o principio de objetividade e clareza. Para isso ele indica os meios e o modo com o qual devem ser implantadas.
As diretivas tem como objetivo promover a harmonização do direito nacional entre os Estados-membros, e elas contem normas do DIPri.
Exemplo: Diretiva 93/13/CEE -> Estabelece que é dever dos Estados-partes evitar que o consumidor seja privado da proteção estabelecida. 
Dessa forma, é assegurado que o consumidor tenha uma segurança mínima e tal proteção constitui uma norma do DIPri.
A Codificação Nacional: 
Os tribunais europeus foram os primeiros a adotar outros métodos além do método conflitual tradicional, o que gerou algumas mudanças na disciplina.
Nos últimos 30 anos várias leis do DIPri foram alteradas e passaram então a prever mais de um resultado para as questões, a partir de alternativas. No entanto isso não significa que essas leis deixaram de se preocupar com o resultado final.
Essas modificações nas normas do DIPri podem ser observadas por toda a União Européia e um ponto marcante e comum entre elas é a maior flexibilidade do método tradicional somado à uma harmonização dos direitos internos de cada pais e as novas regras constitucionais.
Exemplo: Direito Alemão -> Adotou regras alternativas
Em relação ao regime de bens do casamento: É permitido que os cônjuges escolham a lei da nacionalidade ou do domicilio de um deles, assim como a lei do local da situação do bem.
Em relação ao contrato: É adotado o principio da autonomia da vontade, permitindo que as partes escolham a lei aplicável ao contrato, caso não haja escolha, torna-se válida a lei do Estado que tenha relação mais estreita com o contrato.
14.6 – Jurisprudência
- a questão da lei aplicável foi tratada ocasionalmente pela jurisprudência, e a da autonomia da vontade, na introdução de 1917, não foi tratada diretamente.
- a questão da autonomia da vontade ocorreu poucas vezes e foi tratada a partir de uma interpretação literal do artigo 9º da LICC
- a regra brasileira é a do local de celebração do contrato, mas a regra do local da execução foi mais usada na jurisprudência (por conta de ser geralmente onde o devedor tem seu domicilio, seus bens e etc.).
- o artigo 9º também foi usado em alguns casos de contratos celebrados no exterior (por exemplo, dívidas de jogo).
- não é porque foi decidido que a lei estrangeira é a aplicável que o foro competente também será o estrangeiro, não há problemas em uma lei alemã ser aplicada em um caso julgado no Brasil.
14.6.1 – Ausência de local de celebração determinado
- quando isso ocorre é necessário definir qual parte é a proponente, para aplicar a regra de sua residência. (essencial por conta dos numerosos contratos firmados entre ausentes). Questões determinadas pela regra local, usando o direito brasileiro para determinar o proponente. contratos firmados por correspondência ou casos de seguradores estrangeiras / brasileiras em resseguro.
14.6.2 Dépeçage ou fracionamento
Ocorre com fatos ocorridos no estrangeiro (aplicável a lei estrangeira) ou com aqueles ocorridos no Brasil, em casos de concorrência de execução (aplicável a lei local da realização -> brasileira)
14.6.3 A Cláusula de eleição de foro
A eleição do foro pode ser diretamente associada a autonomia da vontade. Contudo, a imperatividade da norma referente à competência internacional contrapõe a autonomia da vontade (observadas no artigo 88 do CPC).
14.6.3.1 Supremo Tribunal Federal
Tem a função de julgar a admissão dos atos provenientes do exterior no ordenamento júridico interno. A competência do STF é,portanto, a de conceder o exequatur,as cartas rogatórias e homologar decisões estrangeiras
STF: 1957 negou a cláusula de eleição do foro, pois não considerou válido o acordo entre as duas pessoas (caso de recurso extraordinário)
STF: aceitou a eleição do foro em contrato de adesão ( transporte marítimo)
contratos de adesão são muito 
Competência do foro Brasileiro: réu é domiciliado no Brasil (pode ser renunciada pelo próprio à legislação estrangeira)
Recurso extraordinário: obirgação regida pela lei francesa -> ação deve ser proposta e regida e executada no Brasil
Ações propostas no exterior
STF se posiciona por meio de cartas rogatórias e sentenças estrangeiras
STF modifica-se e recusa a justiça estrangeira somente em casos de competência exclusiva da justiça brasileira
Mello esclarece que as hipóteses de competência concorrente são guiadas pela norma do artigo 88 do CPC (Código Processual Civil)
14.6.3.3 Tribunais Estaduais
Artigo 88 do CPC: É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I  -  o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II  -  no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III  -  a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único:Para o fim do disposto no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
2 casos favoráveis à prevalência da eleição de foro estrangeiro
Exceção de incompetência: o tribunal decidiu que as partes elegeram validamente o foro estrangeiro, com base na súmula 335 do STF: "é válida a cláusula de eleição de foro para os processos oriundos do contrato"
Renúncia ao foro do domicílio: nada impedia a parte de abrir mão da proteção do foro brasileiro, e a renúncia foi considerável cabível através da cláusula contratual
3 casos de fixação de competência brasileira:
Contrato de adesão, cuja rescisão foi de forma unilateral e cujas partes não estavam em equilíbrio: a parte economicamente mais fraca estava impedida, por questões financeiras, de recorrer a foro estrangeiro. O desequilíbrio entre as partes foi usado como argumento para a invalidade da cláusula de eleição de foro estrangeiro
Contrato de acordo operacional sobre linhas de navegação marítima entre Brasil e Europa: Apesar da existência da cláusula de compromisso, a autoridade brasileira era competente por ter réu domiciliado no Brasil, e não se poder abolir a competência por vontade das partes, por ser regra do direito público
A justiça brasileira se declarou competente devido à impossibilidade de litispendência internacional. As empresas deveriam se sujeitar ao sistema brasileiro pois, caso contrário, o tribunal estaria violando um princípio constitucional
Tribunais de Justiça dos estados se São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul
Exceção de incompetência:
Contrato de representação comercial: firmado no exterior, com cláusula de eleição de foro no exterior, segundo a legislação do país da empresa estrangeira. O Tribunal acolheu a exceção de incompetência
Os demais casos consideram que, ainda que válidas, as cláusulas de eleição de foro não podiam impedir a autoridade nacional de apreciar a matéria
Em outros casos, as cláusulas foram consideradas inválidas 
 CONCLUSÃO: Os casos ilustram resistência dos tribunais com o julgamento de casos em que se tenha de decretar a incompetência da justiça brasileira.
Capítulo 15: Direito de Família no DIPr
A família, por ser um componente importante no contexto social, sempre foi protegida pelo Direito. Atualmente, no Brasil, está ocorrendo uma ampliação da noção do conceito de família, sendo um processo iniciado na jurisprudência e na legislação ordinária e posteriormente consagrado pela Constituição de 1988. Porém, o autor ressalta que com a entrada do Código Civil, vigorando desde 2003, a sociedade brasileira enfrenta novos desafios, uma vez que se desloca a tutela constitucional do casamento para as relações familiares que dele decorrem. 
A família moderna, num contexto marcado pela comunicação global, passa muitas vezes a se transnacionalizar, onde entra em vigor o DIPr. Os principais conflitos que o DIPr encara são em relação a: 1. Validade do casamento; 2. Regime de Bens; 3. Posterior repartição do patrimônio em caso de divórcio; 4. Sucessão; 5. Questões relacionadas às crianças. 
Surge, assim, e como fruto da facilidade de mobilidade das pessoas (pela globalização), uma dicotomia entre os Direitos Individuais e os Direitos da Família, sendo que os primeiros têm um caráter universal, enquanto que os segundos possuem um caráter mais específico, vinculado à cultura, tradição e religião de cada sociedade. 
No caso do Brasil, ele adota, desde 1942, com a LICC, o domicílio como elemento de conexão para reger as questões ligadas à capacidade e ao direito da família: Rege-se segundo a lei brasileira o caso do estrangeiro aqui domiciliado, sendo a nacionalidade um elemento irrelevante (Na mesma medida em que o brasileiro domiciliado no exterior será regulado pelas leis do local de seu domicílio). Essa é a norma do 1º§ do Artigo 7º.
Porém, o casamento é um ato bastante complexo, pois exige que o DIPr determine a lei aplicável para a prática e para a celebração do ato. Dada essa complexidade, o caput do Art. 7º não é suficiente para lidar com todos os problemas de conflito de leis no casamento simplesmente pela aplicação do elemento domiciliar. Por isso, do §1 ao §6 do Art. 7 poderão trazer casos onde há exceções ao critério de domicílio, como ocorre em relação a: 1. Celebração; 2. Invalidade; 3. Regime de Bens; 4. Efeitos do divórcio estrangeiro. 
 Predominantemente, as normas do DIPr são de caráter unilateral (que indicam a lei aplicável segundo a perspectiva do ordenamento do foro – Ex: norma do §1 do Art. 7, que prevê a aplicação da lei brasileira para os casamentos aqui realizados, em questões de impedimentos dirimentes e de formalidade da celebração), já que somente as normas do §3 e §4 são bilaterais (normas neutras, que levam em conta o assunto jurídico e, a partir da regra de conexão, indicam a lei aplicável de qualquer ordenamento – Ex: normas dos próprios §s 3 e 4, que indicam a lei do domicilio do casal como a lei aplicável, em questões de invalidade do matrimônio e o regime de bens). 
Sendo assim, para indivíduos casados no Brasil porém domiciliados no exterior, vigora a norma do §1 do Art. 7º, onde, em relação aos impedimentos dirimentes e às formalidades de celebração, não vigora o elemento do domicílio, mas sim o de realização do casamento, sendo neste caso a lei brasileira a que deve ser aplicada. Essa norma baseia-se, portanto, na regra de conexão lex loci celebrationis (territorialidade), cuja facultatividade em matéria de celebração do casamento não se dá pois essa norma do Art. 7º possui um caráter imperativo, explicando que o casamento deve ser realizado em cumprimento das normas brasileiras de celebração. 
Em relação aos impedimentos dirimentes, a exigência de aplicação das leis brasileiras se dá por ser um interesse em respeitas a cultura e a religião predominante no país, sendo que, pelo Art. 183, do Código Civil de 1917, estes impedimentos se baseariam na não permissão do casamento válido entre: 1. Ascendentes com descendentes; 2. Afins em linha reta; 3. Adotante com quem foi conjugue do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 4. Os irmãos, e demais colaterais (até o terceiro grau, inclusive); 5. O adotado com o filho do adotante; 6. As pessoas casadas; 7. O conjugue sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Atualmente, este artigo está sendo substituído pelo Código Civil de 2002, com os artigos 1521 e 1523.
A introdução ao Código Civil de 1917 definia a questão da capacidade e direito das famílias usando o critério da nacionalidade, enquanto que os atos jurídicos se sujeitavam à regra do local de celebração. Assim, ocorria uma diferença entre a lei aplicável à forma do ato (celebração) com a lei aplicável ao fundo do ato (capacidades e direitos pessoais/patrimoniais. Porém, em 1942, a LICC modifica o critério para o domiciliar, distinguindo a capacidade para o casamento da regra de capacidade civil. Como já foi dito, o 1º§ do Art. 7º dessa LICC dizia que casamentos realizados no Brasil deveriam atender aos requisitos de capacidade matrimonial da lei brasileira, fazendo com que se unifique a forma e o fundo do ato sob a mesma lei. 
15.1.2 – Habilitação de nubente divorciado no estrangeiro
No processo de habilitação para casamentos realizados no Brasil, onde um dos nubentes for divorciado e esse divórcio ter sido realizado no exterior, existe a necessidade de proceder-se à homologação dessa sentença (realizada no exterior) para conceder a habilitação. 
Havia uma polêmica devido à condição de divorciado dizer respeito a uma questão de estado, onde respeitando o parágrafo único do art. 15 da LICC, não haveria necessidade de proceder-se à homologação. Muitos, como Dolinger, pregavam a desnecessidade da homologação nesses casos, por entender que deveria ser feita uma distinção entre a sentença que produzirá efeitos imediatos no Brasil, daquelas que são apresentadas como mera prova de determinada situaçãojá consolidada.[1: DOLINGER, Jacob, Direito Civil..., p. 231.]
Porém, o Supremo Tribunal Federal interferiu no embate considerando ser obrigatória a homologação da sentença estrangeira (através do artigo 483 do Código de Processo Civil), antes da concessão da habilitação do casamento, já que esta virá a produzir efeitos no Brasil independente de sua natureza.
Art. 483 – “A Sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia no Brasil senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único – A homologação obedecerá ao que dispuser o regimento interno do Supremo Tribunal Federal”. 
15.1.3 – Casamento consular celebrado no Brasil
O casamento consular é reconhecido no Brasil, se houver reciprocidade, desde os tempos do Império. Baseado na ficção de extraterritorialidade das repartições diplomáticas, o casamento consular se estabelece como única exceção à norma geral da lex loci celebrationis, realizando-se aqui segundo as leis de outro Estado. 
“A LICC modificou a prática anterior, ao admitir o casamento consular, sendo só um dos nubentes domiciliado no país da autoridade consular, ainda que estrangeiro. Mas não era possível manter a unidade do princípio domiciliar com essa regra, e em 1957, a Lei nº 3.238 retomou o princípio anterior da nacionalidade, substituindo-a pela que exige serem ambos os nubentes da nacionalidade do país da autoridade celebrante”.
Assim, o casamento consular realizado no Brasil impõe estreitos limites, onde somente será considerado válido se ambos os nubentes forem estrangeiros e da mesma nacionalidade. Se algum dos nubentes, apesar de estrangeiro, for de outra nacionalidade, o casamento no Brasil perante o consulado será considerado nulo.
Para casamentos consulares realizados fora do Brasil, o Código Civil de 2002 inovou ao estabelecer um prazo de registro no Brasil, por pelo menos um dos cônjuges, de até 180 dias, porém não estabeleceu sanção se o prazo não for atendido. 
“Infeliz a modificação promovida pelo legislador, que acrescentou um prazo para o registro, mas evidentemente não lhe pode assinalar nenhuma sanção, pois o efeito do registro é mera publicidade”.
Registro de casamento consular no Brasil
A Lei de Registros Públicos não disciplina o registro do casamento consular no Registro de Pessoas Naturais. Mas se o casamento consular, apesar de realizado no Brasil, seguiu a lei do país do consulado, será permitido o registro somente a estrangeiros e sujeitar-se-á à regra para a validade dos documentos estrangeiros em geral.
Se um dos cônjuges também se naturalizar brasileiro, ai sim há necessidade de registro do casamento realizado em consulado estrangeiro no Registro de Pessoas Naturais.
15.1.4: Casamentos celebrados no exterior
O casamento de brasileiros no exterior, em que ambos os cônjuges são naturais do Brasil, ou mesmo em que apenas um dos dois seja brasileiro, sempre é considerado dentro do território nacional, não havendo grandes problemas para que a realização da cerimônia seja aceita dentro do território nacional.
Apesar de não haverem problemas para o reconhecimento do matrimonio, esse ato de casar no exterior pode trazer alguns efeitos para os envolvidos dentro do direito civil brasileiro, sendo, assim, exigido pela lei brasileira que o casamento de brasileiros no exterior, mesmo que estes não residam no país, seja registrado no Brasil.
Dentre os efeitos que o casamento, ou mesmo o divorcio de brasileiro nos exterior pode trazer podemos encontrar:
Casamento de estrangeiros, que se naturalizam, no exterior:
No caso de estrangeiros que se casam no exterior e decidem por se naturalizarem brasileiros, é necessário que haja uma transcrição da certidão de casamento do casal, tanto para validar o casamento quanto para que possa ser realizado o divorcio.
No Brasil, não há qualquer negação a transcrição de documentos estrangeiros relacionados ao matrimônio. Apesar de haver essa exigência, caso não haja papais que comprovem a união, também não há a invalidação do casamento dentro do Estado brasileiro.
Antes da Lei do Divórcio:
Caso haja um divórcio no Brasil é permitido que o segundo casamento, mesmo que em território estrangeiro, seja aceito em território nacional, mas, por exemplo, em caso de um desquite no Brasil, e um segundo casamento, posteriormente, no exterior, esse segundo casamento se faz invalido no Brasil, visto que um dos envolvidos se encontra desquitado, mas não divorciado. Há apenas a validade do casamento caso este tenha sido realizado em um casamento que permite a poligamia.
15.1.5: Casamento celebrado no exterior, perante autoridade consular brasileira:
O casamento dentro do consulado brasileiro pode ocorrer apenas em caso de os dois envolvidos serem brasileiros, caso contrário não se permite ou valida o matrimônio.
15.1.6: Os efeitos pessoais do casamento e as regras de DIPr
Mudanças que um casamento pode acarretar no DIPr: 
•	Constituição de um domicílio conjulgal;
•	Possibilidade de modificação do nome;
•	Qualidade de herdeiro do cônjuge;
•	Não expulsão do estrangeiro;
•	Estabelecimento de um regime de bens ao casal;
•	Proteção especial do patrimônio familiar;
•	Restrição à aquisição de bens;
•	Necessidade da outorga uxória.
Artigo 7º da Lei de Introdução: critério de domicílio para as questões envolvendo o direito de família.
O domicílio conjugal
É de fundamental importância para o DIPr que seja estabelecido um domicílio conjugal.
Anteriormente: a mulher era considerada incapaz, portanto a lei aplicável seria a do local de domicílio ou nacionalidade do marido.
Hoje: Em 1962 é criado o Estatuto da Mulher Casada, no qual a mulher é vista como capaz de ter um domicílio diferente se deu marido, e, na Constituição de 1988, é reconhecida a igualdade entre os cônjuges.
Com o Novo Código Civil, reconhece-se que os cônjuges podem morar em países diferentes, assim como dissocia-se o domicílio civil da pessoa física e o domicílio de suas atividades profissionais. Como esse Novo Códico também estabelece a autonomia da vontade nas relações de família, os cônjuges, no momento do casamento, devem apontar (escolher) qual será o domicílio conjugal, como requisito essencial para a habilitação do casamento e constará na certidão. Caso, no momento do casamento, os cônjuges morarem no mesmo país, o regime de bens será definido por esse local, e, caso contrário, esse regime será estabelecido pelo primeiro domicilio conjugal que o casal escolher. Exemplo do Uruguai, decisão do STF sobre a separação de bens.
Outorga Uxória
Definição: “necessidade de consentimento do cônjuge para a prática de certos atos, especialmente os de exposição direta ou indireta do seu patrimônio”. Só é excluída no caso de regime de separação absoluta de bens. Envolve:
Disposição sobre imóveis
Constituição de garantias ou doações 
No caso de imóveis situados no Brasil, a lex rei sitae prevalece mesmo no caso de o cônjuge sendo estrangeiro, por causa qualificação que foi atribuída à questão dos imóveis como sendo em função do estado de casado, permanecendo a necessidade de outorga uxória para a venda de imóveis (antes, essa questão era ligada somente à capacidade pessoal e não se aplicava a cônjuges estrangeiros). Também há as questões de doações: caso o ato seja praticado no Brasil, a lei que prevalece é a lex fori, sendo também necessária a outorga uxória.
Direito ao nome de família
“A regra da adoção, pela mulher, do nome de família do marido tinha por função tornar público o seu estado de casada, passando esta a fazer parte da família do marido”. 
Anteriormente, essa adoção do sobrenome do marido pela mulher era obrigatória, mas, especialmente pela instituição da igualdade entre os cônjuges pelo Novo Código Civil (art. 1565), essa adoção passou a ser facultativa, e agora homem também pode adotar o sobrenome da mulher, como direito. Esse direito tem a função social de identificar o estado civil de casado e a identificação familiar com os filhos e à família em geral. Também nesse Novo Código, com o objetivo demanter a noção de unidade familiar com os filhos. Caso haja conflitos de jurisdições, há uma tendência de se aplicar a lei do foro. Exemplo do casamento celebrado no Japão, em que não era permitida a adoção do sobrenome do marido pela mulher.
Não expulsão do estrangeiro.
Com base no artigo 75 do Estatuto dos Estrangeiros, um estrangeiro não pode ser expulso do país se casado comprovadamente com um brasileiro por mais de 5 anos (objetivo de proteger a família e garantir a união). Porém, caso o divórcio ocorra, esse direito a não expulsão é cessado. 
Capítulo 16: Sucessão Internacional
Sucessão internacional: é a transferência de todo o patrimônio de algum morto no exato momento da morte, todo o patrimônio da pessoa é transmitido aos seus sucessores (que são herdeiros e legatórios), o problema da sucessão necessita de regras e processos, é a partilha de bens, pra decidir quem fica com o que e então quem é competente para julgar, a sucessão é a mudança do titular dos direitos e obrigações da pessoa que morreu.
As questões relativas à sucessão internacional fazem parte do estudo das relações familiares transnacionais no DIPr. Desde 1942, com a adoção da LICC essas relações deixaram de ser regidas pelo critério da nacionalidade, substituídas pelo critério domiciliar como regra de conexão, exceção á regra quando a nacionalidade cuida da proteção de filhos e cônjuges brasileiros quando houver bens no Brasil (1º parágrafo do artigo 10 da LICC e inciso XXXI do art 5º da CF: “A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, a não ser que lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”.)
Exemplo: em uma sucessão cuja lei aplicável era a portuguesa, ultimo domicilio do morto, aplicou-se aquela lei, pois suas disposições eram mais benéficas para os filhos do que a brasileira, dois terços do patrimônio compunham a parte dos filhos.
O principio não abrange toda a unidade familiar, pois não considera a união estável como entidade familiar, ao aludir somente o cônjuge brasileiro. A regra constitucional é de caráter unilateral, pois na sua primeira parte, de forma expressa, a norma brasileira. Porem, uma análise mais atenta mostra que é necessária efetuar uma análise detida da lei estrangeira para que se possa avaliar se é ou não mais benéfica que a nossa lei.
16.1 A sucessão e o DIPr: o regime de sucessão causa mortis (por causa da morte)no Brasil continuou regulado pelo Novo Código Civil, da forma anterior, com duas formas de determinação da vocação hereditária: a testamentária e a legal
Testamento: ato solene de ultima vontade, pelo qual um indivíduo dispõe dos seus bens, mas essa vontade tem um limite imposto pela lei – a sucessão legítima, assim permite-se a disposição de apenas a metade dos bens em face da proteção legítima, ou seja, parcela dos bens reservados aqueles tidos pela lei como herdeiros necessários, porém isso no caso da sucessão realizada no Brasil.
No entanto, há situações em que o inventariado encontrava-se domiciliado fora do território nacional, embora haja bens no Brasil e mesmo no exterior, nesses casos usa-se o DIPr para determinar a jurisdição competente e a lei aplicável à sucessão.
A regra brasileira de conexão é a do ultimo domicilio do de cujus (morto), seja qual for a natureza e a situação dos bens, porém, se uma sucessão tiver bens em vários países não será possível aplicar o principio da universalidade sucessória, pois haveria pluralidade de foros sucessórios, isso se dá em decorrência da norma processual da competência absoluta, já que a maioria dos países não aceita a decisão proveniente do exterior sobre bens situados em seu território.
Embora a rega brasileira siga o princípio da universalidade, quando se trata de uma sucessão com repercussão em outros países haverá uma forma plural. Há possibilidade de ser aplicável, nos outros países, outra norma, dependendo da regra de conexão local a´plicável à sucessão. Equanto o brasil adota o critério de domicpilo outros países adotam o critério da nacionalidade para a sucessão internacional. Porem há situações em que, escolhida uma lei estrangeira, em razão de sua conexão com o caso concreto, não será aplicável em face do impedimento determinado pela ordem pública do foro. A determinação da regra de sucessão se dá em duas etapas: determina-se a competência jurisdicional e depois, verifica-se a lei aplicável à sucessão legítima e a testamentária abrangendo bens e imóveis, corpóreos e incorpóreos. A exceção a regra cuida de proteger os interesses de filhos e cônjuges brasileiros.
Em caso de falecimento de pessoa domiciliada no estrangeiro com bens situados no brasil, o inventário será no Brasil, podendo o juiz estar diante de duas hipóteses quanto a lei aplicável: não havendo filhos ou cônjuge brasileiro, o bem aqui localizado será regido pelas regras da lei estrangeira do ultimo domicílio do morto, ou havendo filhos ou cônjuge brasileiro, a sucessão seguirá as normas brasileiras, a menos que a lei estrangeira seja mais benéfica. 
Há também o reverso da situação que deve ser aceito pela justiça brasileira, quando a sucessão iniciar-se no Brasil e ainda integrarem o patrimônio do morto bens imóveis situados em outro país, estes não podem fazer parte do monte, conforme decidido pelo STF. 
STJ decidiu um caso sobre a condição de herdeiro, tratava-se da sucessão de bens do estrangeiro, domiciliado no brasil, sua filha fora adotada na Espanha, e lá domiciliada, habilitou-se como herdeira necessária, porém a adoção na lei espanhola não concedia à filha direitos sucessórios, o STJ então, determinou que a lei aplicável a sucessão era do ultimo domicílio do morto, portanto a lei brasileira, que não faz distinção entre filhos naturais ou adotados, e assim a filha adotada no estrangeiro foi considerada herdeira na sucessão dos bens situados no Brasil
16.2 O testamento com efeitos em outro país: o tema de testamento realizado no exterior deve ser visto por dois ângulos: o primeiro diz respeito à forma no ato, que segue as regras do local de sua elaboração (regra locus regit actum); esta rega, apesar de ter sido retirada da LICC é bastante utilizada pelos tribunais, sendo de caráter consuetudinário, e o segundo diz respeito a sua substância, dividindo-se em questões sobre a capacidade de testar no momento do ato, e as regras da sucessão.
Exemplo: Gabriela Lage que faleceu em Roma, onde era domiciliada, dispôs em testamento particular, de próprio punho, sobre seus bens, a competência da justiça brasileira foi determinada em face da situação dos bens, na sucessão discutiu-se a validade do testamento, decidiu-se que o testamento realizado na Itália, de acordo com as normas do Código Civil Italiano era válido e deveria ser cumprido no Brasil, pois não era contrário a ordem pública brasileira de testamentos particulares, as diferenças estavam na forma, pois na Itália podia se de próprio punho e no Brasil precisava de cinco testemunhas. Assim, esclareceu-se que em matéria de testamento o princípio dominante é sempre de preservar-se a declaração de vontade do testador, desde respeitada a ordem pública, e não seja uma fraude á lei
Capítulo 17: Arbitragem Internacional
“A arbitragem é um meio de solução de litígios utilizado no comércio internacional que permite uma utilização do direito, amoldando-se melhor às necessidades dos atores envolvidos nessa intensa atividade” (ARAÚJO, p. 509).
Comércio internacional: passou a exigir normas para regí-lo e, então, criou-se a lei 9.307/96.
17.1. Histórico:
A arbitragem já se encontrava no Código Comercial de 1850. Apesar de bastante antigo, o Juízo Arbitral só passou a ser previsto para o Brasil como um todo a partir de 1939 no Código de Processo Civil. Em 1996, com o Novo CPC, houve mudanças na arbitrariedade: os compromissos passaram a ser tratados com o intuito de resolver litígios entre as pessoas em condições de contratar e, ao mesmo tempo, inseriu cláusulas compromissórias nos contratos.
A arbitragemera pouco utilizada tendo em vista que não tinha credibilidade de ser um mecanismo de solução de controvérsias e também apresentava a ausência de eficácia executiva da cláusula compromissória. Haviam, também, barreiras internacionais para a arbitragem: duplo procedimento.
Essa situação foi revertida a partir do artigo 852 do NCC, em que equiparou-se a cláusula compromissória ao compromisso; atribuiu-se força obrigatória à sentença arbitral; prestigiou-se a autonomia da vontade das partes.
17.2. Validade, reconhecimento e força executiva perante o Judiciário local:
O fato de o compromisso arbitral afastar o Judiciário local da controvérsia é um efeito negativo, segundo a autora o réu tem a possibilidade de fazer isso por meio da exceção da convenção de arbitragem.
Por outro lado, a cláusula arbitral também possui seu efeito positivo: ela abre a possibilidade das partes recorrerem ao Judiciário a fim de construir o compromisso arbitral.
17.3. Arbitragem interna e internacional: admissibilidade:
A Lei de Arbitragem não define um regime jurídico específico para a realização de arbitragens internacionais no Brasil; além disso, os moldes da arbitragem internacional também não são definidos. O que é “adotado” é que a arbitragem internacional deve envolver relações jurídicas internacionais subjetivas ou possuir elementos objetivos.
Apesar desses fatores e de a arbitragem internacional não estar fundada como disciplina, ela se realiza com autonomia da vontade das partes. As brechas oriundas do fato de não estar fundada como disciplina devem ser supridas por analogias, costumes e princípios gerais do direito (Artigo 4° da LICC).
É dado que uma sentença preferida em arbitragem internacional realizada no Brasil será uma sentença nacional (Artigo 34). Caso sejam preferidas no exterior, são consideradas sentenças estrangeiras. 
Convenção de arbitragem: regras básicas:
O recurso da arbitragem praticamente exige a convenção de arbitragem. A autora diz que os efeitos da cláusula compromissória e compromisso não se diferem mais no Brasil (Art. 3° da Lei 9.307/96 e 268 do CPC).
Convenção de arbitragem: deve ser celebrada por pessoas capazes; seu objeto deve ser os direitos patrimoniais; a formalização deve ser feita por escrito; árbitros resolvem sobre a competência da convenção.
Compromisso arbitral: pode ser judicial ou extrajudicial. Se for extrajudicial, devem constar algumas características mais. 
Para que o compromisso seja válido ele deve conter alguns “requisitos”:
I. Nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II. Nome, profissão e domicílio do árbitro;
III. Matéria que será objeto de arbitragem;
IV. Lugar em que será proferida a sentença arbitral.
Clausulas multiparte 
Uma relação processual normalmente se configura com três agentes: Estado – juiz, autor e réu, porém, é possível ocorrer uma mudança nesta configuração com a entrada de outros sujeitos na relação processual. Desta forma as chamadas cláusulas multiparte ocorrem quando a arbitragem envolver mais de um agente em cada polo da relação jurídica.
Assim se configura Litisconsórcio, que nada mais é do que a pluralidade de demandantes e demandados em um processo. Toda vez que mais de um sujeito pleiteia em seu favor a tutela jurisdicional, ter-se-á  litisconsórcio. A autora afirma que, nesse caso, a constituição do tribunal arbitral deverá ser realizada a partir do acordo de todos os interessados no processo, sendo que o litisconsórcio poderá ser necessário ou facultativo. 
O litisconsórcio necessário decorre de imposição legal e impõe-se a presença de todos os litisconsortes. Assim, a arbitragem deverá envolver todos os interessados necessariamente, sendo que a ausência de algum deles resulta na falta de legitimidade dos que estiverem presentes e na extinção do processo sem resolução de mérito. Já o Litisconsórcio facultativo é aquele que se forma em função da vontade de quem propõe a demanda. Neste caso, a formação do litisconsórcio não é obrigatória.
Medidas cautelares (em sede arbitral ou judicial): admissibilidade de sua decretação nas arbitragens internas e internacionais: 
O árbitro não possui poder para efetivar as medidas cautelares, sendo que esse papel é necessariamente responsabilidade do juiz, contudo, o árbitro pode sugerir medidas cautelares para agentes envolvidos na arbitragem. Se uma arbitragem for realizada em país estrangeiro e decretar medidas cautelares que devem ser efetivadas no Brasil, o STJ concederá o exequatur de acordo com a lei de foro local, sendo que se o supremo considerar que a medida atenta para ordem publica, ele não concederá o exequatur. Contudo, se uma medida proferida em arbitragem internacional realizada no Brasil e que precisa ser cumprida em um país estrangeiro, o juiz envolvido deverá enviar uma carta rogatória para a autoridade estrangeira.
A autora explica que o STJ normalmente tem relutância a aderir medidas cautelares que foram proferidas em outros países por considerá-las atentatórias à ordem publica. O supremo tende a conceder exequatur em casos que apresentem o reconhecimento de tais medidas por convenções internacionais, como no caso do MERCOSUL com o protocolo de Ouro Preto, o qual trata de medidas cautelares.
Laudo arbitral e a sua motivação: 
O laudo arbitral ou sentença arbitral precisa conter, obrigatoriamente, alguns requisitos: relatório com nome da parte e resumo do litígio fundamentos da decisão, dispositivos nos quais conste a decisão dos árbitros além do prazo para cumprimento e data e local onde foi proferida. Quando o laudo for proferido em outro país ele vai seguir as leis locais e o STJ irá seguir suas peculiaridades, mas se o laudo não tiver motivação (justificativa), mesmo que se permitida pela lei do país, pode ser um impedimento ao seu reconhecimento pelo STJ. 
Recursos contra a sentença arbitral – sede de decisão e motivos:
Além de casos onde há qualquer erro material, ou que se esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença, existem dois meios de ataque à decisão arbitral doméstica: a ação anulatória ou rescisória e os embargos à execução por título judicial. Ambas referem-se à validade da sentença ou regularidade do processo. Os fundamentos da anulação são: incapacidade da parte, árbitro impedido, sentença proferida ultra petita ou infra petita, sentença resultante de crime contra a administração pública, sentença proferida contra os princípios do devido processo legal.
Tratados Internacionais nos quais o Brasil é parte de reconhecimento e execução de laudos estrangeiros:
As sentenças arbitrais estrangeiras não precisam de homologação judicial de seus países de origem para serem reconhecidas e executadas no Brasil. Contudo, os laudos arbitrais precisam ser homologados pelo STJ para apreciação do pedido com o intuito de verificar se não há ofensa à ordem publica, aos bons costumes ou à soberania nacional. Porém, a sentença estrangeira não ofenderá a ordem publica brasileira se a citação da parte domiciliada no Brasil tiver sido efetuada segundo a convenção arbitral ou de acordo com as leis do país do local da arbitragem. A sentença estrangeira nesse caso só não será reconhecida se houver provas de que a parte brasileira, por falta de tempo hábil, não conseguiu se defender. Dentre as várias convenções ratificadas pelo Brasil sobre a arbitragem internacional, a autora destaca a Convenção da ONU sobre a execução e reconhecimento de sentenças estrangeiras, realizada em Nova Iorque, em 1958.
O Brasil e a Convenção de Nova Iorque:
A Convenção de Nova Iorque sobre o reconhecimento e execução de laudos arbitrais estrangeiros foi reconhecida no Brasil em 2002, com o presidente Fernando Henrique Cardoso. O Brasil estava muito atrelado à doutrina (que estava ligada ao Protocolo de Genebra) e praticou resistência para aceitar a possibilidade do laudo arbitral ser válido a uma sentença estrangeira. 
Consultores jurídicos do MRE no século XX:
- Clóvis Bevilaqua: para Bevilaqua, havia a necessidade da homologação da sentença arbitralpelo juiz, no plano interno. Assim, existia a necessidade de que o Poder Judiciário desse o caráter de atos de autoridade pública no exterior para que, dessa forma, pudesse passar pelo procedimento de homologação no Brasil. 
- Haroldo Valladão: considerava que laudos arbitrais que viessem do exterior, antes da aprovação pelo Poder Judiciário local, eram considerados somente contratos. 
- Hildebrando Accioly: tinha a posição sobre a natureza privada do laudo arbitral e a não equiparação “automática” à uma sentença judicial. Para Accioly, o laudo arbitral só poderia passar pelo processo de homologação da decisão estrangeira se antes fosse convertida em uma sentença estrangeira, o que resultaria em um processo de dupla homologação. 
Na década de 1990, o tema sobre arbitragem voltou a ser discutido no Congresso Nacional da Convenção Interamericana de Arbitragem Comercial, que foi aprovada, ratificada e promulgada pelo país. 
Lei de Arbitragem: Lei 9307/06 – reconhecimento de que a sentença arbitral estava assemelhada à sentença judicial (baseada nos princípios da Convenção de Nova Iorque). 
A Convenção de Nova Iorque está completamente presente no sistema brasileiro de arbitragem. A Convenção é acolhida por cerca de 130 países de todas as regiões do mundo, dentre os quais se encontra a Alemanha, a França, os Estados Unidos e o Japão. Praticamente todos os países da América Latina fazem parte, inclusive os demais integrantes do Mercosul. Analisando o desempenho do Brasil no cenário internacional, a promulgação desta Convenção foi de extrema importância, pois, com isso, sentenças arbitrais brasileiras começaram a ser adotadas e executadas em territórios estrangeiros.
17.4. A prática arbitral:
A arbitragem teve admirável progresso no Brasil e vem sendo empregada em litígios comerciais. Em 1996 promulgou-se a lei 9.307/96 em nosso ordenamento encarregando poderes à área privada para solução dos conflitos pautados a direitos patrimoniais, beneficiando principalmente à área empresarial uma excelente alternativa para a resolução de seus conflitos sem se submeter à tutela estatal. A experiência brasileira com relação à arbitragem internacional tem sido positiva. Os casos que são recusados não o foram por problemas com a arbitragem, mas por outros fatores.
Capítulo 18: Alimentos no plano internacional
No plano interno o direito da família é regulado pelo Código Civil. Quando acontece a separação do casal, a lei se dá para garantir o amparo do que necessitam desse casal, ou seja, os filhos, por meio da obrigação alimentar. É uma das áreas do Poder Judicario mais utilizada pela população. 
A cobrança e fixação de alimentos deve ser rápida, pois não se pode suportar o atraso sem comprometer a sobrevivências dos que dependem de alimentos. O atraso pode até levar a prisão civil. 
No plano internacional a cobrança alimentar depende da cooperação jurisdicional ou administrativa e também por meio de tratados. No DIP, tal questão ultrapassa questão da lei aplicável devido. 
 A legislação brasileira: normas de origem interna e internacional
A norma do DIPr brasileiro não é especifica no que se diz respeito aos alimentos. A regra seria a mesma do direito de família.
As questões processuais se dão por meio de instrumentos já utilizados como cartas rogatórias, homologação de sentença estrangeira, convenções bilaterais e multilaterais de cooperação jurídica internacional. 
Fontes de origem interna são dadas pela LICC e de origem internacional são dadas pela Convenção de Nova York e Convenção Interamericana. 
 Iniciativas globais e regionais
Conferencia diplomática da ONU e Convenção de Nova York em 1956. 
América Latina código Bustamante.
1980 ocorreu uma conferencia especializada em direito internacional privado que deu origem a Convenção Interamericana sobre a obrigação alimentar. 
18.2.1 A Convenção de Nova York
Assinada em 1956 e em vigor no Brasil desde 1968; Primeiro instrumento a regular as obrigações alimentares. Se dirige a questão administrativa da cobrança de alimento, porém nada diz sobre a obrigação. Maior objetivo é facilitar a obtenção dos alimentos.
Duas competências principais: 1) criar uma figura de autoridades centrais com o fim de agilizar a cobrança sem passar por instancias administrativas ou diplomáticas. 2) dar ao credor assistência administrativa e jurídica. 
Em um caso transnacional o credor pode solicitar os alimentos no país onde reside cuidar da execução no país estrangeiro ou ir ao país onde reside o devedor e entrar com a ação diretamente.
Existem dois tipos de procedimentos: 1) os oriundos do exterior e 2)os que são originados no Brasil e precisam ser enviados ao exterior. 
1)Ministério Público Federal dá o encaminhamento devido após o recebimento, podendo conter : um pedido de reconhecimento da decisão, processamentos de cartas rogatórias ou , caso precise, iniciar uma ação de alimentos no Brasil por meio do Procurador da Republica onde reside o réu. 
2)Ministério Público Federal entra em contato com a autoridade central correspondente no exterior para processar o pedido. 
Quanto a competência interna, quem julga os feitos: justiça federal, estadual ou por tratados? É de competência da justiça federal quando há intervenção do Ministério Público Federal, na qualidade de autoridade central. Muitas vezes as partes fazem tudo sem utilizar a autoridade central e nesses casos a competências é da justiça federal. 
18.2.2 – Convenção Interamericana sobre Organizações Alimentares. CIDIP IV – 1989.
Ao todo fazem parte do tratado o montante de 10 Países.
1 – Reconhecimento Universal do Direito aos Alimentos para crianças, e em casos de casamento e divórcio.
2 – Escolha da Lei Aplicável – Beneficia o credor.
O julgamento pode ser realizador por um juiz ou autoridade onde:
- Local de Residência ou domicilio do credor.
- Local de residência ou domicilio do devedor.
- Onde o devedor tenha qualquer tipo de renda ou ganho econômico.
Âmbito nacional: O tratado acaba cobrindo uma série de lacunas da justiça nacional, já que há a necessidade de homologação das decisões estrangeiras.
*Em um eventual conflito de normas a constituição prevalece sobre o tratado.
- Apesar de não ter sido utilizada até o momento, devido a proporção da convenção de Nova York, a convenção Interamericana mostrou a preocupação do MERCOSUL com a questão dos alimentos.
18.3. Jurisprudência Brasileira Sobre Alimentos No Plano Internacional 
Na jurisprudência analisada pela autora, não houve casos de discussão da questão da lei aplicável. Em alguns casos, utilizou-se a legislação nacional, como é caso de situações em que o réu deve prestar alimentos ou o caso da aplicação do artigo 234 do Código Civil, que desonera o ex-marido a prestar alimentos devido ao fato de a mulher tê-lo abandonado sem justificativa, levando consigo a filha do casal.
A questão da alimentação no ambiente internacional está ligada aos problemas de competência internacional, cooperação jurídica internacional e reconhecimento/execução de decisões estrangeiras. Em grande parte dos tribunais estaduais, uma das partes é domiciliada no exterior; dessa forma, a primeira questão a se analisar é a da competência internacional. Tradicionalmente, o Brasil se considera competente, por dizer respeito a um direito de família envolvendo bem-estar de um cidadão brasileiro. 	Um único caso descrito pela autora discutiu a questão da competência internacional e o Tribunal declarou-se incompetente: tratava-se de um caso no qual a autora não era domiciliada no Brasil.
Outra característica da jurisprudência brasileira é o fato de recusar acusações de litispendência, a menos que a decisão estrangeira já tenha sido homologada no Brasil – assim, ainda que um caso de divórcio esteja em processo, a ação de alimentos pode continuar, até que a sentença estrangeira decretória do divórcio seja homologada no Brasil.
“A maioria dos casos cuida das dificuldades inerentes aos aspectos transacionais do processo, a citação do réu em país estrangeiro , questõesrelativas à prova e posterior execução da decisão”(pp.542-543) 
Essa frase mostra as dificuldades do da questão da prestação de alimentos no âmbito internacional, principalmente considerando que os meios de citação diferem em alguns países, como é o caso de Nova York, EUA, que recusa o cumprimento de cartas rogatórias – a citação lá deve ser feita por edital. 
Vale lembrar que a questão relativa às necessidades da alimentada e à capacidade do alimentante pode ser revista a qualquer momento, mediante modificação nas condições econômicas. Ainda, quando há dificuldade em obter alimentos de pai residente no exterior, pode-se impor a responsabilidade aos avós paternos, considerando que tenham possibilidades financeiras.
18.4 Iniciativas recentes no tema de alimentos: o trabalho da Comissão Especial sobre cobrança de alimentos da Conferência de Haia
1. Conferência de Haia: organização intergovernamental dedicada à uniformização das regras de DIPr (composta por 107 países). Objetivo: “tornar-se um centro mundial a serviço da cooperação internacional judiciária e administrativa em matéria de direito privado, notadamente no âmbito da proteção da infância”.[2: ARAUJO, 2011, p.544.]
Sobre OBRIGAÇÕES ALIMENTARES a Conferência de Haia já realizou 4 convenções
1950: (i) Convenção sobre Lei Aplicável às Obrigações Alimentícias com Relação aos Filhos (16 países partícipes) e (ii) Convenção Concernente ao Reconhecimento e Execução em Decisões em Matéria Alimentícia com Relação aos Filhos (19 países partícipes).
1973: (i) Convenção sobre Lei Aplicável às Obrigações Alimentícias (13 países partícipes) e (ii) Convenção Concernente ao Reconhecimento e Execução de Decisões Relativas às Obrigações Alimentícias (19 países partícipes). 
Inspiradas nos princípios da Convenção das Nações Unidas, o objetivo das convenções da Conferência de Haia era o de prover medidas apropriadas para os países a fim de garantir o pagamento de alimentos aos menores. Fez-se necessária a criação de uma Comissão Especial (2003) visando a cobrança de alimentos no plano internacional. 
2. Conferência Diplomática: os trabalhos e as propostas das Convenções realizadas pela Conferência de Haia foram finalizados com a criação da Conferência Diplomática (2007). Com uma nova Convenção e um novo Protocolo – embora com ideias-bases complexas, burocratizadas e de difícil implementação –, a Conferência Diplomática teve:[3: Foram ideias-bases para o novo documento da Conferência: “Prever, como um de seus elementos essenciais, disposições em matéria e cooperação administrativa; ser completo e inspirar-se nos melhores aspectos dos documentos já existentes; ter em conta, para as necessidades futuras, o desenvolvimento já obtido por diversos países, com ênfase nas questões relativas ao progresso das técnicas de informação; estar estruturada de forma a combinar máxima eficácia com flexibilidade necessária para o maior número possível de ratificações” (ARAUJO, 2011, p.545). Tais ideias, contudo, não exploravam convenientemente as novas tecnologias de informação e nem atingiam o número de pessoas realmente necessitadas do serviço. ]
Inovações: Concentrar-se nas questões até então não contempladas/inatendidas, sem procurar ser tão completa e complexa a ponto de sua inviabilidade. Deveria ter caráter universal. Para isso, a Conferência Diplomática visava o preparo de um documento que possibilitasse a obtenção internacional de alimentos para crianças e outros membros da família, com regras mais abrangentes que as anteriores e tratando da cooperação também com os outros documentos internacionais.
Ponto alto: importância dada à cooperação internacional; afinal, seus documentos são modernos e preocupados com o dia-a-dia da cooperação jurídica internacional. 
3.Aprovação da Convenção das Conferencias de Haia
Caráter da Convenção
Para que se pudesse aprovar uma convenção fora realizadas cinco reuniões da Comissão Especializada e afinal a Conferência Diplomática, nascedouro da convenção que, em verdade, buscava ser um documento moderno e preocupado com o dia a dia da cooperação jurídica internacional. Incorpora várias metodologias testadas anteriormente em outras convenções de Haia, dando as autoridades centrais um grande poder de coordenação do trabalho da convenção.
Na consolidação da convenção, o artigo 14, que cuidava da assistência jurídica, causou muita polêmica durante as negociações, devido aos interesses subjetivos intrínsecos, ficando acordado que, se os países desejassem era possível pedir uma declaração para analisar as condições econômicas das crianças e não dos pais, para depois dar o auxílio jurídico. 
A convenção também aborda itens como o reconhecimento de decisões estrangeiras, em seu artigo 20, que traz regras para um procedimento de reconhecimento e execução de decisão estrangeira, porém permite uma declaração do país para que continue com o seu sistema interno. Ainda foi incluída a previsão de aplicação da Convenção às pessoas incapazes nos pedidos diretos, por exemplo, pais incapazes que pedem assistência aos filhos, ou até mesmo tios e primos.
4. Questão da lei aplicável
Outro ponto de discussão foi o caso da lei aplicável, tema de diversas discussões e na última reunião da Comissão Especial (2007), que decidiu por sua separação da Convenção, consubstanciado em um Protocolo Opcional, cujo projeto foi elaborado por um grupo especial de trabalho.
 O protocolo tem como característica: 1) caráter universal do protocolo adicional, o que permite sua aplicação para países não signatários; 2) prevalecimento como regra geral de conexão e da residência habitual do credor, e em caso de mudança deste, a regra da nova residência habitual será aplicável; 3) as regras especiais, com relação À lei aplicável em caso de alimentos para crianças com outras pessoas, e de filhos para com seus pais foram incorporadas, objeto de grande debate, mas que foram incorporadas ao debate; 4) em relação à ex- esposa há uma regra especial, não se aplica se houver mais contato com o lugar de última residência comum; 5) o Reenvio foi excluído, em regra separada, o que facilita a aceitação do Protoloco pelo Brasil, já que a LICC também possui norma similar; 6) outra novidade do Protocolo é a possibilidade de autonomia das partes em designar uma lei aplicável para os alimentos, dentro de estreitos limites. Esta é uma nova tendência do DIPr, a possibilidade de escolha da lei em outras áreas do direito, seguindo a já consagrada autonomia da vontade nas obrigações; 7) o Protocolo cuida do seu âmbito de aplicação e da ordem pública, em disposições já clássicas sobre a matéria; 8) o artigo 14 trás uma norma de caráter material, de que em questões de lei aplicável aos alimentos dever-se-á levar em conta as necessidades do credor e as possibilidades do devedor.
Por todas as inovações trazidas pelo Protocolo, pode se perceber que esse não é só compatível com o direito brasileiro, mas também é um avanço para o aggiornamento(adaptação) da normativa existente resolvendo lacunas presentes.
A participação do país nos trabalhos da Comissão Especial foi muito interessante, o sistema jurídico brasileiro não apresentava grandes problemas de adoção, pois já mantinha um sistema de proteção a criança bem desenvolvido. Porém, alguns costumes brasileiros ainda geram muita polemica no âmbito internacional.
5. O Papel do Brasil na Comissão:
O grande objetivo do Brasil na Comissão Especial foi assegurar proteção a brasileiros que são credores de alimentos provenientes do exterior, até mesmo de outros brasileiros, a fim de permitir a maior cooperação com países que são credores de brasileiros, ou até mesmo de estrangeiros aqui residentes.
6. Pontos favoráveis para o Brasil da incorporação do Protocolo:
Permite implementar, no plano das relações internacionais, o respeito aos direitos fundamentais, no tema de proteção da família e da infância; Assim, é aplicada a mesma norma de maneira igualitária e não discriminatória garantindo direitos fundamentais.
Para que haja o respeitoe a cooperação no ambiente internacional, é preciso frisar o artigo 57: impõe aos Estados a obrigação de informar sobre o seu direito interno.
 A solução da Convenção representa uma ajuda às partes, que podem discutir previamente seus direitos e evitar a despesa com especialista para comprovar o direito estrangeiro.
É uma área em que há marcada diferença entre o sistema da common law do direito civil, pois no primeiro a prova do direito estrangeiro é uma questão de fato e deve ser comprovada em cada caso, enquanto no segundo, é uma questão de direito e pode ser aproveitada em mais de um processo.
No caso Brasil, esta é uma área em que a Universidade pode estreitar sua contínua colaboração com o Ministério da Justiça, e ajudar para que as informações sobre o Brasil estejam sempre atualizadas, sem maiores gastos do poder público.
Capítulo 19: Aspectos civis do sequestro de menores
- com o advento da família moderna, é necessário que haja um direito familiar de caráter internacional a fim de promover uma regulamentação específica, com a uniformização dos procedimentos e regras substantivas necessárias aos casos multiconectados.
- o tema da proteção à criança é recente, inclui-se no âmbito dos direitos humanos, servem de padrão as normas especificas da Convenção dos Direitos da Criança da ONU, interessam ao DIPr, por sua vez, os artigos que remetem às questões de cunho privado com repercussão em mais de um ordenamento jurídico. 
- os tópicos contemplados na Convenção da ONU foram regulamentados pela Conferência de Haia e pelas Conferências Especializadas da OEA.
- 1980: Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças – cooperação internacional, Conferência de Haia.
19.1 A regulamentação Brasileira
- DIPr brasileira utiliza o artigo 7º da LICC com a regra da lei do domicilio.
- mecanismos utilizados são genéricos, comuns a todas as causas internacionais.
- competência da justiça brasileira em cooperação com outros sistemas através da carta rogatória ou da homologação da sentença.
- antes de haver uma legislação especifica, quando uma criança era retirada ilicitamente do Brasil, cabia ao interessado o recurso à justiça estrangeira sem qualquer apoio das autoridades brasileiras; quando a criança era trazida para o Brasil ilicitamente, a decisão estrangeira ordenando sua restituição precisava ser homologada previamente no STF
19.2 Convenções internacionais e sua aplicação no Brasil
- Brasil aderiu à Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro de Menores e também à Convenção Interamericana sobre Restituição Internacional de Menores
- as convenções são aplicadas somente aos casos em que ambos os envolvidos são Estados-membros
19.2.1 A Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro de Menores e sua aplicação no Brasil
- inova em vários aspectos e foge do modelo tradicional, preocupa-se somente com as questões ligadas à lei aplicável.
- dispositivos de caráter legislativo, judicial e administrativo.
- objetivos: garantir instrumentos para o rápido retorno da criança, o respeito aos direitos de guarda e direitos de visitação.
*Análise da Convenção:
- possui duas ideias-força: a retirada ilícita provoca uma ruptura negativa na vida do menor e as autoridades do país de sua residência habitual são as que estão em melhor posição para tomar uma decisão sobre quem deve manter a guarda da criança e o local onde o menor deve viver.
- princípios de proteção que devem resguardar os melhores interesses da criança
- aplicação positiva da ordem pública, garantindo os direitos individuais de respeito ao patrimônio juridico que os indivíduos carregam consigo.
- artigo 3º: fatores da ilicitude da retirada da criança (até 16 anos) 
-operacionalização da Convenção se dá através das autoridades centrais.
*Aspectos processuais da Convenção
- primeira ação: pedido de restituição da criança = ordem de retorno ou indeferimento
- análise de exceções previstas em caso de pedido de retorno: artigos 12, 13 e 17
	- Artigo 12: preservar o bem-estar do menor, que depois de algum tempo já está adaptado à nova vida no Estado requerido (uso: comprovação do tempo decorrido e das condições de adaptação do menor a nova vida)
	- Artigo 13: análise das condições do exercício da guarda pelo progenitor requerente e a existência de um grave risco para a criança caso seja restituída ao Estado de sua residência habitual
	- Artigo 17: exceção da ordem pública, sob o prisma dos direitos fundamentais, que tem cunho essencialmente jurídico, mas exige também a comprovação de fatos subjacentes à situação concreta para embasar a alegação. 
- 2000: vigor da Convenção no Brasil
19.2.2 Convenção Interamericana sobre Restituição Internacional de Menores
- entrou em vigor no Brasil antes da Convenção de Haia
- objetivos idênticos ao da Convenção de Haia: rápido retorno da criança, o respeito aos direitos de guarda e direitos de visitação.
- pontos comuns: regra sobre menoridade (16 anos), residência habitual, direito aplicável para definir o direito de guarda, requisitos para requerimento, etc.
- diferente da Convenção de Haia, não foi designada nenhuma autoridade central no Brasil 
- artigo 34: em caso de países que também que fazem parte também do sistema de Haia, a Convenção Interamericana deve prevalecer; porém os Estados Partes têm a prerrogativa de convencionar entre si, bilateralmente, a aplicação prioritária da Convenção de Haia
- artigo 25: análogo ao artigo 20 de Haia, exceção da ordem pública.
- tanto a Convenção de Haia quanto a Interamericana estabelecem o prazo de um ano para a propositura da ação de restituição do menor.
O caso do menino Sean Goldman 
Em 16 de junho de 2004, David Goldman se despediu de sua esposa Bruna, brasileira, e do filho do casal Sean, que embarcavam de férias para o Rio de Janeiro. David se juntaria a eles uma semana depois. Antes disso, por meio de um telefonema David foi comunicado por Bruna de que ela queria o divórcio e a guarda do filho do casal, Sean, além de informar que eles ficariam no Brasil. 
Em agosto de 2004, um juiz da Corte Superior de New Jersey, onde morava a família Goldman, decidiu que a estadia de Sean no Brasil com sua mãe ia contra a lei, por tratar-se de sequestro internacional de criança nos termos da Convenção de Haia, e ordenou a repatriação imediata do menino, nascido nos Estados Unidos. 
Com a recusa da mãe em cumprir a ordem do juiz americano, David Goldman entrou com uma ação de busca e apreensão em face de Bruna. A ação foi julgada improcedente sob o argumento de que embora a retenção de Sean fosse ilícita, o tempo decorrido entre sua transferência e o julgamento da ação fora suficiente para caracterizar a sua adaptação ao Brasil. Desta decisão houve interposição de recurso especial para o STJ, que não foi conhecido.
David, então, interpôs recurso extraordinário no STF, alegando transgressão dos arts. 5º, LV, e 97 da Carta Federal. Como o recurso não foi recebido, interpôs agravo de instrumento, julgado prejudicado em razão do superveniente falecimento de Bruna. 
Em 22 de agosto de 2008, Bruna veio a falecer em decorrência de problemas ocorridos durante o parto de sua filha com João Paulo Lins e Silva, com que havia se casado. Ao saber da notícia de morte de Bruna, David Goldman veio ao Brasil para buscar seu filho. No entanto, a guarda do menino Sean, então com 8 anos de idade, já havia sido concedida ao padrasto, João Paulo, na ação de reconhecimento de paternidade socioafetiva, cumulada com posse e guarda de Sean, e consequente destituição do pai biológico da relação de poder familiar, promovida por aquele. 
David, então, requereu a intervenção da Autoridade Central dos Estados Unidos no caso. Foi encaminhado à Autoridade Central do Brasil o pedido de cooperação internacional jurisdicional, a fim de se providenciar a devolução de Sean ao seu país de residência habitual (Estados Unidos), para retornar aos cuidados de seu pai. 
Por essa razão, a Advocacia Geral da União promoveu uma ação de busca,

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