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Prof. José Araújo (DIP) - Resumo Prova 2

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FACAMP – Faculdades de Campinas 
Faculdade de Relações Internacionais 
Campinas, 14 de novembro de 2012 
 
 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Prof. José Evangelista 
 
 
 
 
Resumo 
Direito Internacional Privado 
Nádia Araújo 
 
 
2ª Prova Bimestral: 21/11/12 
 
 
 
3º Ano / 2º Semestre – Turma B 
Representante: Bárbara Hanashiro 
 
 
 
Sumário: 
 
Capítulo 14: Contratos Internacionais........................................................................01 
Ana Flávia, André Massei, Caio Barros, Caroline Ribeiro, Gustavo Krzizanski, Luciana de Oliveira, Luís Felipe 
 
Capítulo 15: Direito de Família no DIPr.....................................................................11 
Amanda Spinelli, Bárbara Hanashiro, Daniela Lopes, Desiree Almeida, Gabriella Karam, Juliana Franco, 
Karina Szücs, Rafael Soares, Vinícius Possari 
 
Capítulo 16: Sucessão Internacional............................................................................21 
Camille Mallis, Gabriela Ferreira, Isabella Micelli 
 
Capítulo 17: Arbitragem Internacional.......................................................................23 
Jóice Domeniconi, Júlia Landers, Karel Pianez 
 
Capítulo 18: Alimentos no Plano Internacional..........................................................29 
Diego Acciari, João Magaldi, Natalya Moraes, Rafael Chies, Raíssa Comisso, Túlio Nardacchione 
 
Capítulo 19: Aspectos Civis de Sequestro de Menores..............................................35 
André Maluf, Guilherme Garrido, Marcelo Moreira 
 
Caso Sean Goldman.......................................................................................................38 
Bruna Raffi, Ísis Gimenes, Natália Ferreira (3ºC), Yagho Toledo 
 
 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
1 
 
Capítulo 14: Contratos Internacionais 
 
 O que caracteriza a internacionalidade de um contrato é a presença de um 
elemento que o ligue a dois ou mais ordenamentos jurídicos. 
 As partes podem procurar prever situações de conflito, estabelecendo regras de 
direito substantivo para resolver eventuais problemas, como estabelecer o foro 
onde o contrato será julgado. 
 Todo contrato será regido por uma lei nacional. Ao negociar as cláusulas de 
contrato internacional é preciso saber como decidem os tribunais locais (no 
Brasil, o que vale é o local de celebração). 
 Como as regras de conflito variam, procura-se a criação de normas 
internacionais uniformes (evitar fórum shopping). Ex: Convenção UNCINTRAL 
sobre Compra e Venda Internacional. 
 As normas materiais uniformes promovem a modificação e unificação de uma 
parcela do direito privado material, o que possibilita as partes liberdade na 
escolha da lei aplicável. A Conferência de Haia cogita fazer uma futura 
convenção sobre a lei aplicável aos contratos internacionais, com ênfase na 
utilização da autonomia da vontade. 
 
14.1 – Histórico das regras de conexão 
 É a regra do local de celebração (Idealizada por Bartolo). 
 Regras de conexão definidas pela escola estatutária italiana (vigente em vários 
países, inclusive o Brasil). 
 A princípio, o uso da lei local de celebração fazia sentido pela dificuldade da 
contratação entre ausentes. (dificuldade de comunicação e deslocamento). 
 Savigny formulou sua teoria sobre conflito de leis, criticou a regra da lei do local 
de constituição, preferindo o da execução (local onde realmente ocorrem as 
ações importantes, como pagamento, etc.). 
 Com o desenvolvimentos da comunicação e transporte, ambas perdem 
importância, e a autonomia de vontade aparece como fator determinante da lei 
aplicável. Acolhida nos EUA pela via jurisprudencial e na Europa pela via 
convencional (Convenção de Roma). Contudo as regras criadas pela escola 
italiana ainda tem influencia nos países de tradição romano-germânica da 
América Latina. 
 
No Brasil, antes do advento do Código Civil, seguíamos as “ordenações” (lei do 
local de celebração), mas havia regras no Regulamento 737 (Código Comercial) que 
dispunham sobre os contratos comerciais ajustados em país estrangeiro, utilizando a lei 
do local de execução. Bevilaqua o utilizou como regra geral que continua até hoje (art 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
2 
 
13, mantido pela LICC, art.9). No Brasil, só com uma modificação na LICC e a 
substituição do Código Civil será possível adotar o principio da autonomia da vontade. 
 
14.2 – Regra de conexão no Brasil 
 Art. 9° da LICC, a regra geral para a lei aplicável é a do local da constituição da 
obrigação. A única mudança feita foi a supressão da expressão “salvo 
estipulação em contrário”, que acarretou a proibição à autonomia da vontade. 
 O caput do art. 9 cuida da lei aplicável à validade substancial, ou aos chamados 
aspectos de fundo de contrato, para os contratos celebrados entre presentes. Para 
os contratos celebrados entre ausentes vale a lei de residência do proponente. 
 A noção de residência também depende da definição do direito brasileiro, 
servindo melhor à mobilidade inerente aos contratos por sua flexibilidade, ao 
invés do conceito domiciliar, que por sua rigidez apresenta maiores dificuldades. 
 Domicilio: dois conceitos, um material (a residência) e um anímico (vontade de 
residir com caráter permanente). 
 
14.3 - O princípio da autonomia da vontade 
 Idealizador: francês Charles Dumolin. Distinguia-se da escola italiana por suas 
ideias sobre a escolha pelas partes de uma lei para contratos internacionais e 
regimes patrimoniais. 
 Os contatos internacionais só passaram a ter relevância quando houve uma 
revolução no transporte e na comunicação. Isso porque antes o que era 
internacional era a viagem, o transporte, não o contrato. A maioria levava suas 
mercadorias ao porto e as vendia ao dono do navio, que as transportava por seu 
risco. Com a separação das atividades, e a revolução, os vendedores passaram a 
se relacionar direto com os compradores, por meio de contratos. Nesse momento, 
as questões de DIPr passaram a ser sobre fatos que ocorriam na entrega da 
mercadoria, na definição da responsabilidade de cada parte. Hoje o lugar da 
contratação, ao invés de representar um local que designa a parte com maior 
poder de barganha, pode ser totalmente aleatória, dada a facilidade de 
locomoção dos comerciantes e das informações. Não é necessário comparecer, 
negociar e assinar um contrato em determinado local para definir a lei aplicável. 
Dai a importância das escolhas das partes, da lei que regerá suas relações 
jurídicas, bem como do local em que um litígio será julgado e das normas 
processuais. 
 Essa teoria só foi usada na prática na França no sec. XIX e XX. (Acórdão 
American Trading Co.). 
 Na Inglaterra os tribunais aceitaram a autonomia da vontade por diversas razões: 
 Laissez-faire (teoria predominante no sec. XIX); 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
3 
 
 Quando envolvia a lei americana, o Hanter Act, cuja regra obrigatória 
sobre responsabilidade civil no transporte de mercadoria era mais 
abrangente. 
 O principio da autonomia da vontade tornou-se universalmente aceito, com 
adoção expressa tanto em convenções internacionais como na legislação interna 
de vários países. Nos países da Common Law tem tido plena aceitação. 
 
14.3.1 – O princípio no Brasil 
 Código Civil de 1916 – Aprovação da autonomia da vontade graças á expressão 
“salvo estipulação em contrário”. 
 Bevilaqua pergunta até onde ia a liberdade das partes para escolher a lei 
aplicável ás obrigações livremente contraídas. 
 A vontade das partes só podia ser exercida com relaçãoá substância e aos efeitos 
do ato. A capacidade de execução (incidência de uma lei diferente daquela 
aplicável ao contrato internacional) lei do lugar aonde se efetua ela. 
 Não há uma clareza quanto á execução no Brasil. Ou ela iria se aplicar a lei 
brasileira não só as questões de execução, mas também nas relativas á substância 
e efeito. Na época a jurisprudência brasileira era á favor da aplicação das leis 
brasileiras para todos os aspectos dos contratos internacionais. 
 Oscar Tenário – A Lei de Introdução do Código Civil (LICC) não permitiu e 
nem liberou a autonomia da vontade. Isso levou a utilização indireta da lei de 
autonomia da vontade sempre que a lei de celebração permitisse. 
 Serpa Lopes – Acha que a lei de autonomia não é valida, graças ao artigo 9. Pois 
se trata de uma norma cogente que não pode ser alterada pelas partes. 
 Redação de uma cláusula de lei aplicável em um contrato internacional: 
 Tribunais brasileiros não enfrentam a questão diretamente. 
 Juízes usam o método conflitual para determinar a lei aplicável 
(encontram lei brasileira ou internacional, pela interpretação literal do 
artigo 9). 
 STJ – Decisão analisando os contratos internacionais e discussão da lei 
aplicável indiretamente (um exemplo disso é a homologação de 
sentenças estrangeiras com laudos arbitrais). 
 
Situação no Brasil não melhorou: 
 LICC (Artigo 9) não trata da autonomia da vontade e embora muitos juristas 
sejam á favor, o princípio é proibido. Uma saída seria a substituição do artigo 9 
da LICC pelas normas da Convenção Interamericana sobre o Direito Aplicável 
aos Contratos Internacionais. 
 Joao Grandino Rodas – O artigo 9 é taxativo e não pode confirmar a existência 
da autonomia da vontade. Ele defende a mudança na LICC. Ele afirma que a 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
4 
 
postura brasileira tem consequências ruins para o MERCOSUL, pois ao se 
analisar o “custo Brasil” os contratantes levam em conta a certeza ou incerteza 
jurídica das regras internas. Segundo ele, nosso primitivismo e a inadequação 
das nossas normas da DIPr são incompatíveis com o papel que queremos 
desempenhar no mercado internacional. 
 
Outras questões sobre a lei aplicável: 
 A lei do local da celebração resolve tudo que for a respeito da substância e aos 
efeitos do contrato. Contudo, existe a possibilidade de aplicação de mais de uma 
lei as questões correlatas, essa afirmação se chama dépeçage ou fracionamento. 
As situações possíveis de isso ocorrer são: 
1. capacidade da pessoa física ou jurídica; 
2. aos aspectos extrínsecos ou formais; 
3. aos aspectos intrínsecos ou de fundo. Portanto, a metodologia empregada 
para a analise de fracionamento de contrato se chama dépeçage. 
 Matéria de qualificação – procura definir diferentes institutos jurídicos. 
 Fracionamento – Ocorre toda na mesma área das questões relativas a atividade 
obrigacional. É nesse sistema pelo qual um contrato ou instituição é dividido em 
várias partes, que depois são submetidas á leis diferentes. 
 Na parte teórica, existe o dépeçage quando há mais de uma lei regente do 
contrato internacional. Existem dois níveis para ocorrer o dépeçage: 
1. no próprio sistema de DIPr, pois a capacidade das partes, forma e 
execução poderão ser regidas por autores e a substância pode ser regida 
por uma outra lei; 
2. decorre da própria autonomia das partes, que tem o papel de determinar 
mais de uma lei aplicável ao contrato. Nesse último caso temos o 
desenvolvimento do princípio da autonomia da vontade. 
 
 Pode acontecer de a capacidade das partes sejam regidas pela lei pessoal, suas 
obrigações pela lei escolhida (autonomia da vontade) e a forma pela celebração. 
A substância e os efeitos são rígidos pela lei de celebração, desde que não haja 
requisito especial da lei brasileira, se esta for aqui executada. Com relação aos 
bens imóveis, sempre se aplica a lei onde ele se encontra. No Brasil existe uma 
necessidade de se classificar a que cada um é relativo. 
 Conclui-se, portanto que a escolha pelas partes de mais de uma lei ao contrato é 
um dos pontos que precisa ser introduzido em uma futura reforma da LICC. 
 
14.4.1 – Eleição de foro 
 A diferença entre cláusula de eleição de foto e lei aplicável: 
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5 
 
 Cláusula de eleição do foro: implicação processual; indica comprometimento 
das partes. 
 Cláusula de lei aplicável: direito material; inserida no âmbito da liberdade 
contratual e da autonomia da vontade. 
 Escolha do foro: cláusulas devem ser consensuais. 
 
a) A cláusula de eleição de foro nas Convenções: 
 O princípio da liberdade de eleição de foro tem por efeito a derrogação da 
competência internacional. Esse tema foi objeto tanto da permissão nas leis 
nacionais como na codificação uniforme multilateral. 
 Como funciona: 
 Na Comunidade Europeia: dispositivo expresso que determina ser o tribunal 
escolhido o único competente quando houver convenção expressa no local 
no foro. 
 No MERCOSUL e na Convenção Interamericana: dá prevalência à cláusula 
de eleição de foro quando se define o foto do litígio do contrato. 
Entretanto, nos vários casos decididos pelos tribunais não há uniformidade no 
manejo da cláusula (sustenta a competência ou dando prevalência). 
 
A Convenção de Haia sobre a cláusula de escolha do foro: 
 Novidade sobre a cláusula do foro, 2005; Convenção privilegia a autonomia das 
partes como regra geral para determinar o foro. 
 5 capítulos da Convenção: 
1. Âmbito da aplicação e das definições; 
2. Jurisdição; 
3. Reconhecimento e execução; 
4. Cláusulas gerais; 
5. Disposições finais. 
 Quando aplicar a Convenção: aos casos internacionais; cláusula específica e 
exclusiva sobre a escolha do foro. 
 Polêmica: a cláusula foi objeto de discussão de divergência entre Commom Law 
e do direito civil. 
 Regras para os tribunais: 
 Tribunal designado pelas partes não pode eximir-se de julgar a causa; 
 Tribunal em que a ação foi proposta (diferente do tribunal escolhido pelas 
partes) deve abster-se de aceitar a jurisdição; 
 Corte em que a decisão deve ser executada. 
 
b) A cláusula de eleição de foro no Brasil: 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
6 
 
 Cláusula de eleição de foro é utilizada e permitida. Mas se caso a ação seja 
proposta no Brasil, é possível que o juiz brasileiro se julgue competente. Assim, 
a cláusula de eleição de foro não tem poder de garantir às partes a segurança 
desejada de que somente no foro estrangeiro a causa seria julgada. 
 Antes, a competência facultativa não era possível. Após LICC, passou a ser 
válida a cláusula de eleição de foro que não foi considerada uma violação da 
soberania nacional. 
 Problema: não há uniformidade quanto aos efeitos da cláusula e é difícil a 
distinção entre autonomia da vontade em escolher a lei aplicável e autonomia da 
vontade em estabelecer, por meio de uma cláusula, um foro em país estrangeiro. 
 Questão da competência internacional. 
 
14.4.2 – Contratos Internacionais com os consumidores 
 Dificuldade dos contratos internacionais com os consumidores: pequeno valor 
individual. Comparação com os contratos com os comerciantes (regras que 
asseguram a confiança). Já no consumo, o consumidor é a parte mais “fraca”. 
 Para DIPr é preciso uma regulação específica de caráter internacional em lei 
aplicável e competência internacional. É urgente essa discussão em conferências 
como a OEA. 
 Limites para garantir a proteção do consumidor. 
 Modificação do sistema brasileiro. 
 DIPr está adquirindo cada vez mais um caráter mais justo e adequadonão mais 
neutros em relação aos resultados (evidência é a fragilidade do consumidor). 
 
14.5 
 
No âmbito do MERCOSUL, os contratos internacionais são regidos de acordo 
com as normas de DIPr de cada país. Para a autora, a situação é bastante insatisfatória e 
burocrática, consistindo em barreiras jurídicas que impedem a uniformização do DIPr 
dos contratos dentro deste bloco. Apesar de ser item na pauta de harmonização da 
legislação nacional dos Estados-membros, não se definiram regras uniformes sobre a lei 
aplicável. 
 
Lei do lugar de execução: Argentina, Uruguai e Paraguai; Lei do lugar de 
celebração: Brasil -> impede que haja segurança jurídica no âmbito do MERCOSUL. 
 
A possibilidade de utilização da autonomia da vontade (cabe aos contratantes a 
livre escolha das normas que deverão reger o contrato firmado entre as partes) ocorreu 
poucas vezes, e foi decida pela interpretação literal do artigo 9º da LICC (lei de 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
7 
 
introdução ao código civil, diz que "para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a 
lei do país em que se constituírem"). 
 
Em 2002: o ministro Marco Aurélio concede a exequatur baseada na seguinte 
ideia: “Embora no Brasil as dívidas de jogo não possam ser cobradas, não ofendia a 
ordem pública aquelas contraídas validamente de acordo com a lei do local de 
celebração”. 
 
Tendo sido contraída a dívida de jogo em local no qual a atividade é legal, 
promovendo-se o pagamento através da emissão de cheque, há que se reconhecer a 
possibilidade de cobrança do valor como forma de se evitar o enriquecimento ilícito, 
posto que a obrigação fosse contraída de forma lícita pelo emitente do título. 
 
Tribunal de Alçada de São Paulo (antes de ser extinto com a Emenda 
Constitucional 45, examinou diversas situações pertinentes aos contratos 
internacionais): 
1. Competência internacional X Aplicação do direito estrangeiro: em casos 
de sentenças de 1º Grau (jurisdição brasileira incapaz de julgar a situação do 
contrato internacional), decidiu que não havia obstáculos a utilização da 
legislação estrangeira, contudo sem que a jurisdição brasileira fosse afastada. 
Decide que a lei estrangeira é pertinente na análise dos aspectos relativos aos 
juros, multas e condições contratuais. 
2. Aceita expressamente o princípio da autonomia da vontade, e dá provimento 
a um agravo para modificar a decisão que afastara a preliminar do agravante. 
3. Ausência de local de celebração determinado: quando isso ocorre é 
necessário definir qual parte propôs o contrato, para que a regra de sua 
residência seja aplicado (contrato entre ausentes é bastante comum). São 
sempre regidas pela lei local, utilizando-se a definição do direito brasileiro 
para determinar o proponente à contratos firmados via correspondência ou 
casos de seguradoras estrangeiras/brasileiras em resseguro. 
 
14.6.2 – Dépeçage ou fracionamento 
A técnica do dépeçage, que, por sua vez, é aplicável a lei estrangeira, apresenta 
dificuldades de aplicação pelos tribunais. Tal técnica se refere a um mecanismo pelo 
qual um contrato é dividido em partes diversas, onde cada uma delas será submetida à 
leis diferentes. 
Contudo, muitas vezes uma única lei aplicável pode resolver a maior parte dos 
problemas referentes aos contratos internacionais. 
 
 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
8 
 
14.6.3 – A cláusula de eleição de foro 
Vários acórdãos definiram ser a cláusula de eleição de foro uma manifestação da 
autonomia da vontade. Contudo, temos uma imprecisão dos conceitos de liberdade de 
escolher a lei com liberdade contratual de escolher o foro. Dentre a análise de diversos 
casos o que temos é que se destaca o embate entre a liberdade de escolher o foro versus 
a imperatividade da norma referente à competência internacional. 
 
14.6.3.1 – Supremo Tribunal Federal 
Cuidava da questão relacionada ao direito internacional em dois momentos. No 
primeiro era a corte revisora de todas as questões contrárias a lei federal, antes da 
Constituição de 1988. No segundo tinha a qualidade de estância única para julgar a 
admissibilidade no ordenamento jurídico interno de todos os atos provenientes do 
exterior. 
 
Ações propostas na justiça brasileira 
STF julgou, em 1957, um recurso extraordinário, no qual a cláusula de eleição 
de foro não prevaleceu por não ter sido considerado válido o acordo entre as partes. 
 
Ações propostas no exterior – cartas rogatórias e homologação de sentenças 
estrangeiras 
O STF, em casos de cartas rogatórias e sentenças estrangeiras, se posicionaram 
sobre a questão da competência internacional e a cláusula de eleição de foro. A mais 
polêmica foi em um agravo regimental de carta rogatória, proveniente do Uruguai. 
STF, posteriormente, modifica-se para recusar a justiça estrangeira somente em 
casos de competência exclusiva da justiça brasileira. Celso de Mello esclarece que as 
hipóteses de competência concorrente são guiadas pela norma do artigo 88 do CPC 
(Código Processual Civil). 
 
14.6.3.2 – Superior Tribunal de Justiça 
Considerando um caso onde: 
a) Haja a necessidade de uma eleição de foro e de competência internacional 
para se julgar o caso; 
b) A escolha do foro não acarretou na escolha automática da competência; 
c) Prevaleceu o princípio da submissão; ou seja, a jurisdição considerada 
mais competente teve que foi submetida às demais. 
Especificamente neste caso, a competência que prevaleceu foi a brasileira: a 
jurisdição brasileira. No entanto, o foro indicado na sentença foi a Holanda. Como 
proceder? 
A autora da sentença abriu uma ação rescisória; ou seja, a possibilidade de uma 
ação que não cabia mais recurso ser julgada novamente, sobre a sentença, alegando que 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
9 
 
o foro (Holanda) impediria a justiça brasileira de apreciar e analisar a questão. Porém, 
não foi assim que os acontecimentos decorreram. 
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) reagiu. O que foi feito? Ele acompanhou a 
decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) onde, mesmo com a eleição do foro 
estrangeiro na Holanda, a competência para julgar o caso era brasileira. 
Segundo o ministro Silvio Figueiredo, enquanto a ação ainda estivesse 
transitando em julgado (quando não se pode mais recorrer), não havia impedimentos 
para que a justiça brasileira se informasse sobre a ação. 
 
14.6.3.3 – Tribunais Estaduais 
Supomos um caso onde o foro estrangeiro é eleito e a justiça brasileira não. 
Neste caso, os tribunais têm decidido de forma diferente do STF. 
A partir dos incisos do art. 88, a justiça brasileira pode se autodeclarar 
competente para julgar determinado caso. Não há uma uniformidade da jurisprudência 
neste caso. Resultado: a parte pode recorrer tanto a justiça brasileira quanto a 
estrangeira para a resolução do caso. 
 
Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro 
Neste estado, houve dois casos onde o foro estrangeiro prevaleceu: prevaleceu a 
eleição das partes; ou seja, elas elegeram o foro estrangeiro e somente naquele local o 
litígio poderia ser iniciado. 
A ré alegava que o julgamento deveria ser no foro alemão, pois constava em 
contrato que este seria o foro de julgamento das controvérsias, enquanto a autora 
alegava que por ser o Brasil o local de cumprimento da ação, o foro também deveria ser. 
Baseado na Súmula 335 que diz que “é válida a cláusula da eleição do foro para 
os processos oriundos de contrato”, a decisão a favor da ré se manteve. 
“A renuncia Ao foro do domicilio foi considerada cabível, por força da eleição 
do foro estrangeiro através de clausula contratual” (ARAUJO, 2010. p. 411).Tribunal de Justiça dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e RS 
Esses tribunais posicionam-se contrariamente ao do Rio de Janeiro. Eles não 
aceitavam clausulas que resultassem na incompetência da justiça brasileira. 
Somente um caso foi favorável a clausula de eleição de foro estrangeiro: um 
contrato de representação comercial firmado no exterior. 
Ademais, foro estrangeiro não era aceito, bem como a jurisprudência estrangeira. 
 
Glossário: 
“Salvo estipulação em contrário” (art. 13): O Artigo 13 regulará, salvo estipulação em 
contrário, quando á substância e aos efeitos das obrigações, a lei do lugar ondem forem 
contraídas. 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
10 
 
CIDACI: Convenção Interamericana sobre o Dir. Aplicável aos Contratos Internacionais. 
 
Derrogação: É a revogação parcial de uma lei. 
Litígio: contestação, pendência contestada. 
TRF: Tribunal Regional Federal – Os Tribunais Regionais são responsáveis por julgar 
ações de qualquer estado da federação. 
Ação rescisória: é a forma de impugnar uma ação judicial transitada em julgado, para 
desconstituir a coisa julgada material. Ação de competência originária dos tribunais por 
meio do qual se pede a anulação ou desconstituição de uma sentença ou acórdão 
transitado materialmente em julgado e a eventual reapreciação do mérito. 
Trânsito em julgado: Expressão usada para uma decisão (sentença ou acórdão) da qual 
não se pode mais recorrer, seja porque já passou por todos os recursos possíveis, seja 
porque o prazo para recorrer terminou. 
Forum Non Conveniens: o poder discricionário de um tribunal para declinar a 
competência que lhe foi atribuída, em função da conveniência das partes (testemunhas, 
etc.), no interesse da Justiça. 
Denegação de justiça: Falta de acesso à prestação de serviço jurisdicional. 
Declinatoria Fori: declinação ao foro; recusa ao foro. 
Embargo infringente: Os embargos infringentes são recursos cabíveis contra apelação e 
ação rescisória, no caso em que ambas forem julgadas procedentes. Este recurso é 
corriqueiramente conhecido como o “recurso do recurso”, podemos fazer um paralelo 
entre ele e a impugnação de contestação no rito ordinário. 
Jurisprudência: conjunto de soluções dadas pelos tribunais as questões do Direito; na 
atualidade possui 3 funções distintas mas complementares: 1) função quase automática 
de aplicar a lei; 2) função de adaptação, consiste em pôr a lei em harmonia com as 
ideias contemporâneas e as necessidades modernas; 3) função criadora, destinada a 
preencher as lacunas da lei. 
Autonomia da vontade: Princípio no qual se funda a liberdade contratual dos 
contratantes, consistindo no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, 
mediante acordo de vontades, desde que se submetam à norma jurídica e seus fins não 
contrariem a ordem pública e os bons costumes. 
Depéçage: Mecanismo pelo qual um contrato é dividido em diversas partes, onde cada 
uma delas será submetida a leis diferentes. 
Homologação: confirmar ou aprovar por autoridade judicial ou administrativa. 
Acórdãos: São decisões que podem ser emanadas de um juiz embargador e etc. 
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11 
 
Capítulo 15: Direito de Família no DIPr 
 
“A família sempre foi a peça nuclear da sociedade, tendo recebido do Direito a 
correspondente proteção” (ARAÚJO, p. 441). Na concepção clássica, o casamento 
compreende as pessoas procedentes dessa união e aquelas que vinham de uma 
genealogia antepassada comum ou até mesmo pela adoção, mas hoje nota-se uma 
mudança da concepção clássica a partir da “família moderna”, que envolve inclusive o 
plano internacional. 
Um dos motivos dado pela autora da ocorrência dessa nova concepção de 
família é o avanço da comunicação global, possibilitando a relação das famílias 
transnacionais, o que afeta o DIPr principalmente em relação à validade do casamento, 
ao regime de bens e à questões relacionadas as crianças. Outra mudança, ressaltada por 
Renato Ribeiro, é que hoje a família como um todo se tornou mais empenhada em ser 
feliz, pois a sua manutenção não é mais obrigatória, “ela só sobrevive quando vale a 
pena”, estando estes, então, mais dispostos a correr riscos em busca dessa felicidade, 
sendo este um assunto delicado (ARAÚJO, p. 442). 
No plano interno sempre houve regras que regulassem as questões relativas ao 
casamento, mas com a globalização, segundo a autora, foi desenvolvida uma dicotomia: 
enquanto os direitos individuais são de caráter universal, as necessidades específicas do 
interesse da família estão atreladas à cultura, às tradições e à religião de cada sociedade, 
sendo o conflito entre culturas um dos maiores problemas para o DIPr lidar. Desde 1942, 
o Brasil adota o caráter domiciliar para reger as questões relativas à habilidade de julgar 
estes casos, excluindo os brasileiros domiciliados no estrangeiro dessas regras 
brasileiras. 
 
15.1.1 – Casamento celebrado no Brasil 
Em relação aos casamentos solenizados no Brasil que tem repercussões no DIPr 
depende de duas coisas: “da capacidade dos nubentes e de quando um dos nubentes está 
se habilitando no Brasil, mas seu divórcio se deu no exterior” (ARAÚJO. p. 445). De 
acordo com o artigo 7º, as formalidades da celebração do casamento realizado no Brasil 
seguem a lei brasileira, sendo, portanto, uma aplicação da locus regit actum (o lugar 
regula o ato) que especificamente segue a regra lex loci celebrationis (lei do lugar onde 
o casamento é celebrado). 
Em 1917, o LICC definiu o critério como sendo o da nacionalidade, mas os atos 
jurídicos estavam subordinados ao locus regit actum. Em 1942, esse sistema foi 
modificado para o critério domiciliar 
 
Para Amílcar Castro, como o casamento interessa a ordem pública não deve ser 
tratado em igualdade com qualquer outro contrato feito pelo direito de obrigações, até 
mesmo porque para Castro o próprio direito civil estabeleceu alguns limites para a 
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12 
 
capacidade de casar ao contrário dos outros contratos em geral. Portanto, para essa 
questão a LICC unificou a forma e fundo sob uma mesma lei e estabelece a 
territorialidade como princípio para resolver as pendências que permeiam esse assunto. 
 
15.1.2 – Habilitação de nubente divorciado no estrangeiro 
Nesse momento a autora explica e exemplifica que, atualmente, para que um 
casamento seja habilitado a ser realizado no Brasil, caso uma das partes tiver se 
divorciado anteriormente no exterior, é de extrema necessidade que proceda a 
homologação desta sentença como condição á concessão da habilitação. 
Em um primeiro momento, surge certa polêmica entre os tratadistas do DIPr, 
uma vez que a condição do divorciado diz respeito a uma questão de estado. Dessa 
maneira, Haroldo Valladão sempre defendeu a imprescindibilidade da homologação 
sem exceção. Já Eduardo Espíndola, juntamente com Serpa Lopes e Oscar Tenório, é 
contrário a necessidade para a questão de mero estado, sendo desnecessária a 
homologação. 
Porém, essas diferentes vertentes foram "pacificada" pela decisão do Supremo 
Tribunal Federal, que tornou a homologação da sentença estrangeira obrigatória; sendo 
que esta homologação é essencial na outorga de eficácia a qualquer sentença 
estrangeira; por meio do Art. 483: “A sentença proferida por tribunal estrangeiro não 
terá eficácia no Brasil senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal." 
Assim em 1973, quando entra em vigor o Código de Processo Civil entra em 
vigor, o sistema é modificado. 
 
15.1.3 – Casamento consular celebrado no Brasil 
Casamento consular é celebrado perante uma autoridade diplomática ou 
consular de ambos os noivos.,e é reconhecido no Brasil desde o Império, se existir 
reciprocidade. Esse tipo de casamento, baseado em leis estrangeiras, é permitido devido 
à ficção da extraterritorialidade, que é a validade da lei estrangeira dentro dos 
consulados e embaixadas. 
A Introdução ao Código Civil, de 1917 não abordava expressamente o 
casamento consular, que era aceito pelo artigo 204 do Código Civil desse mesmo ano. 
Já em 2002, o Código Civil passa a se preocupar com a obrigatoriedade do registro 
posterior para os casamentos de brasileiros. No entanto, apesar de estipular um prazo de 
180 dias para retorno de um dos cônjuges para o efetuar tal registro, a falta de sanções 
para a ausência do ato faz com que a ausência de registro não invalide o ato. 
A lei do local de celebração, primeiramente unilateral torna-se bilateral pelo 
costume e cortesia internacional, impondo o reconhecimento do ato celebrado no 
exterior, caso sua validade não tenha sido contestada no país de celebração. 
A LICC passa a admitir o casamento consular quando só um dos nubentes 
domiciliado no país da autoridade consular, ainda que estrangeiro. No entanto, isso 
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impossibilitou a manutenção da unidade do princípio domiciliar, e em 1957 a Lei de 
número 3.238 retomou o princípio de nacionalidade, substituindo-a pela que exige 
serem ambos os nubentes na nacionalidade do país da autoridade celebrante. 
O segundo parágrafo do artigo 7º da LICC diz o seguinte: “O casamento de 
estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país 
de ambos os nubentes.” Caso um dos nubentes seja estrangeiro, mas não brasileiro, o 
casamento no Brasil perante o consulado não será válido. 
No que diz respeito ao registro do casamento consular no Brasil, esse não é 
determinado pela Lei de Registros Públicos, mas caso este tenha seguido a lei do país 
do consulado, é permitido somente a estrangeiros. Para que esse casamento tenha efeitos 
no Brasil, por ser um documento de autoridade estrangeira, deverá ser sujeito à regra 
para validade dos documentos estrangeiros em geral, o registro em Títulos e 
Documentos. E caso um dos cônjuges se naturalize brasileiro, há necessidade de 
registro do casamento realizado em consulado estrangeiro no Registro de Pessoas 
Naturais. 
 
15.1.4. – Casamentos celebrados no exterior 
Regra geral: lex loci celebrationis. 
 
No caso de casamentos de nacionais no exterior: 
 Necessidade de registro: reminiscência do critério da nacionalidade. O 
registro deve ser feito no consulado brasileiro responsável. 
 Acesso aos direitos garantidos para o contrato conjugal. 
No caso de casamentos de estrangeiros no exterior (validade no Brasil): 
 Registro de sua certidão de casamento em um cartório (Art. 129, 
parágrafo 6º da LRP). 
 Nota: a não existência desse registro não invalida o casamento. 
 Casamento é relativo ao estado da pessoa. 
 História: casos de guerra; perda de documentos. 
A questão do divórcio antes da Lei do Divórcio: 
 Caso ocorrido no RJ, em 1977. 
 Duas modalidades de extinção da sociedade conjugal: 
1. Divórcio. 
2. Separação Judicial. 
 
15.1.5 – Casamento celebrado no exterior, perante a autoridade consular brasileira 
LICC (Artigo 18): Prevê a legalidade de casamento entre brasileiros realizado 
diante das autoridades consulares brasileiras. 
 
15.1.6 – Os efeitos pessoais do casamento e as regras de DIPr. 
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Os efeitos do casamento que interessam ao DIPr: 
 Constituição do domicilio conjugal; 
 Possibilidade de modificação do nome; 
 Qualidade de herdeiro do cônjuge; 
 Não expulsão do estrangeiro casado com brasileira; 
 Estabelecimento de regime de bens aplicável ao casal; 
 Proteção especial do patrimônio familiar; 
 Restrição à aquisição de bens caso um dos cônjuges seja estrangeiro; 
 Necessidade de Outorga Uxória pra modificações do patrimônio comum. 
Domicilio Conjugal: 
 Lei Anterior; 
 Estatuto da Mulher Casada – 1962; 
 Constituição de 1988; 
 Código Civil de 2002; 
 A importância do domicilio conjugal para DIPr. 
 Domicilio Pessoal; 
 Declaração do domicilio conjugal na hora do casamento como prova da 
vontade das partes. 
 
Alguns conceitos importantes: 
 
 Outorga uxória: 
O estado de casado impõe aos indivíduos algumas restrições. À exemplo, temos 
a questão da disposição do patrimônio. Com o Código Civil de 2002, a outorga uxória 
torna-se dispensável a respeito do casamento; ou seja, o artigo 1.647, onde nenhum dos 
cônjuges pode, sem autorização do outro, comprometer ou onerar o patrimônio comum 
do casal, é dispensado e surge, assim, o regime de separação absoluta de bens. 
É importante ressaltar, contudo, que o efeito pessoal do casamento (o regime que 
ele adota) não se impõe à função do estado civil de casado – por exemplo, na questão de 
imóveis. Nesse ponto, a lex rei sitae (outorga uxória) prevalece, independente do regime 
domiciliar, portanto, toda e qualquer ação que versar sobre imóvel situado no Brasil terá 
que ser proposta perante um juiz brasileiro, independentemente o domicílio do réu. 
Esse exemplo ressalta a importância da outorga uxória. Tratando-se de um ato 
praticado no Brasil, a lei estipula a necessidade de se cumprirem as formalidades da lex 
fori (lei do foro) para a sua realização, ainda que aplicável uma lei estrangeira – o que 
mostra, ainda, que os tribunais brasileiros privilegiam mais o elemento territorial. Por 
exemplo, no Uruguai, a doação entre cônjuges é vedada, enquanto que no Brasil, é um 
ato obrigacional. 
 
 Direito ao nome de família: 
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15 
 
A regra da adoção, pela mulher, do nome de família do marido é a matéria que 
mais sofreu mudanças expressivas. Podemos destacar três principais: 
1. Antes, a adoção era compulsória, e agora, é facultativa. 
2. Com o Novo Código Civil (art. 1.565) aplica-se o critério de igualdade 
entre os cônjuges para estender essa faculdade ao cônjuge varão (homem). 
Ou seja, o homem pode adotar o nome de família da mulher. 
3. E ainda com o Novo Código, surge a escolha de se manter o sobrenome 
de casado em caso de separação judicial. 
Embora haja uma tendência natural dos países a aplicarem a lex fori para tratar 
de questões relacionadas à esse tema, podem surgir conflitos de leis entre a lei do local 
de celebração e a lei aplicável ao direito da família, justamente porque esse tema possui 
uma regulamentação variada em outros países. O direito ao nome, por exemplo, para o 
DIPr, é regido pela lei pessoal, enquanto que no Brasil, é regido pela lei domiciliar. 
 
 Não expulsão de estrangeiro: 
O Estatuto dos Estrangeiros, que regula a situação no território nacional, garante 
o direito à permanência aqui do estrangeiro casado com brasileiro (art. 75) sempre que 
comprovado o efetivo vínculo matrimonial no casamento de mais de cinco anos. Ao fim 
desse vínculo, chega ao fim, também, a garantia, podendo o estrangeiro ser expulso. 
 
15.1.7 – Efeitos patrimoniais do casamento 
 A lei aplicável ao regime de bens do casamento: 
O regime matrimonial de bens é a regulamentação das relações derivadas do 
casamento, pois os parceiros muitas vezes já possuem bens e durante a vida conjugal 
poderão adquirir outros, por aquisição própria, doação ou sucessão. Faz-se necessário 
determinar: como os bens serão administrados, se são patrimônio comum ou particular, 
se podem ser alienados, e seu destino em caso de fim do casamento (divórcio ou 
falecimento de um dos cônjuges). 
No Brasil, o regime de bens vem da lei ou do pacto antenupcial. O regimede 
bens era imutável no Código Civil, com comunhão total. Contudo, isso foi modificado 
com a Lei do Divórcio (1977), a qual estabeleceu o regime da comunhão parcial. No 
Novo Código Civil (NCC), a comunhão parcial continua, mas é admitida a sua 
modificação se houver autorização judicial. 
Houve uma separação entre a lei de regência para o casamento e a do regime de 
bens, o que significou uma inovação da LICC. Isso por que a Introdução de 1917 
causava diversos conflitos quando os cônjuges eram de diferentes nacionalidades: 
somente a lei nacional da pessoa poderia ser aplicada ao regime de bens. Foi então que 
se acrescentou o critério do domicílio conjugal. 
Assim, o regime de bens será sempre regido pela lei do domicilio comum. 
Primeiramente se prioriza o domicílio do casal anterior ao casamento, se forem 
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16 
 
permanecer no local após o evento; ou no primeiro domicílio depois do casamento, no 
caso de os cônjuges morarem separados antes. 
Na doutrina clássica brasileira, sempre existiu a tendência de submeter o regime 
de bens à lei do domicílio conjugal. Na introdução de 1917, quando ainda era vigente o 
critério de nacionalidade, Beviláqua incluiu o domicílio como critério supletivo, em 
caso de ausência de nacionalidade comum do casal. 
O regime de bens, em caso de haver domicílio comum, não admitia autonomia 
da vontade, ou seja, não admitia a escolha de um domicílio diverso do domicílio comum. 
Só em caso de os parceiros terem domicílios diferentes é que poderiam determinar um 
novo domicílio comum. Hoje em dia, com o Novo Código Civil, a escolha é admitida e 
consensual, como permitiu o STF. 
Já para a segunda hipótese (casal com domicílios separados), o Brasil sempre 
aplicou a lei do primeiro domicílio conjugal. Assim, os Tribunais de Justiça de SP e do 
RJ determinaram que se o primeiro domicílio fosse estrangeiro, se aplicaria a lei do 
respectivo país para o regime de bens. Isso reforça a ideia de que a LICC tem o objetivo 
de que a lei aplicável ao regime de bens seja aquela referente ao primeiro domicílio 
comum depois do casamento. 
Com o Novo Código Civil e o domicílio conjugal estabelecido de comum acordo 
pelos cônjuges, a autonomia da vontade não se harmoniza com a regra de domicílio do 
chefe de família que se estende ao outro cônjuge. O NCC determina a utilização do 
domicílio comum, existente antes do casamento. 
Assim, hoje a autonomia da vontade (estabelecimento de um domicílio conjugal 
por mútuo consenso) deve ser respeitada; tanto para aqueles casais que tinham domicílio 
diverso, quanto para aqueles que tinham domicílio comum, mas que transferiram seu 
domicílio em ocasião do casamento. Por fim, sente-se ausência de modificação da LICC 
com o NCC, o que pode causar polêmicas. 
 
 A imutabilidade do regime de bens: 
A imutabilidade do regime de bens após a celebração do casamento sempre foi 
uma característica do sistema brasileiro, o que também se reflete no DIPr. Quando 
houve a mudança do critério de nacionalidade pelo de domicílio (LICC), o STF decidiu 
manter a imutabilidade da lei aplicável. 
Contudo, havia dúvidas, por exemplo, quando casais estrangeiros se casavam no 
exterior e posteriormente vinham se domiciliar aqui, ficando seus bens regidos pela lei 
estrangeira. Contudo, geralmente não foi reconhecida a alteração do domicílio do 
regime de bens para o Brasil. 
A única exceção à imutabilidade era a da naturalização do estrangeiro, e 
aceitação do cônjuge para mudar o regime para a lei nacional de comunhão parcial. A 
mudança do regime de bens implica mudança da lei aplicável, a qual passa a ser 
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17 
 
brasileira. Porém, esse movimento fazia mais sentido em 1917, quando ainda era 
vigente o critério de nacionalidade. 
O NCC inova ao permitir a alteração do regime, por via judicial, a pedido 
justificado de ambos os cônjuges e salvo o direito de terceiros. Para o DIPr, isso 
acarreta consequências: possibilita a substituição da lei aplicável ao regime de bens da 
época do casamento pela lei brasileira, mesmo quando a lei estrangeira inicialmente 
aplicável estabelecer a sua imutabilidade, se o requerimento for feito no Brasil. 
Sobre isso, há uma questão importante: quando o país estrangeiro onde se 
realizou o casamento não exige a comprovação do regime de bens aplicável, o Brasil 
também não o exige em caso de transcrição de assento do tal casamento realizado no 
estrangeiro. 
 
 Regime convencional de bens – pactos antenupciais: 
Na lei brasileira, não há distinção pela lei aplicável entre o regime de bens legal e 
o regime de bens convencional, sendo esse firmado por meio de um pacto antenupcial. 
Assim, a lei aplicável é a mesma para os dois regimes, sendo que é necessário 
considerar um domicílio comum e a imutabilidade desse regime. No Brasil, a lei 
brasileira será aplicada se o domicílio comum ou o primeiro domicílio for aqui fixado. 
Assim, um pacto pode ser entendido como “um acordo de vontades de caráter 
obrigacional, que não podem ignorar o disposto na lei local” (p. 479). Sua interpretação 
também será feita com base nas normas imperativas do direito brasileiro sobre o regime 
de bens, sendo que, nas considerações de Caio Mário, o pacto se subordina ao direito de 
família. 
No que tange à forma, as formalidades acabam sendo substituídas pela regra 
lócus regit actum, que se refere à validade da lei do local de celebração do pacto. Sendo 
assim, a forma da lei brasileira é dispensada e necessita-se apenas do registro do pacto 
no Registro de Imóveis. Caso existam imóveis no Brasil, e um pacto abordar esses 
direitos reais, é aplicável a lex rei sitae, ou seja, a lei brasileira. Para isso, é necessário 
expressar a existência de um pacto antenupcial nos registros desses imóveis, ou 
qualquer outro direito real existente. A ausência de registros gera a presunção de que o 
regime válido é o legal, ou seja, o do país de origem. 
Em relação ao conteúdo de um pacto, serão consideradas apenas as cláusulas que 
não violem a ordem pública brasileira, mesmo se a lei estrangeira for a aplicada. Pode 
ocorrer em um pacto validado pela lei local de sua celebração, a anulação de cláusulas 
relacionadas a bens aqui situados, caso ele seja cumprido no Brasil. 
 
 A questão da comunicação dos aquestos: 
Há grandes diferenças no direito internacional em relação à lei aplicável no que 
tange o regime de bens, sendo que a comunhão desses bens pode ser total, parcial, ou de 
separação de bens. Os sistemas jurídicos de origem romana remontam à separação total, 
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18 
 
ao passo que os sistemas de origem germânica remontam-se à comunhão universal de 
bens. Há casos de países que possuem sistemas mistos de comunhão e separação 
parciais. 
Caso um pacto antenupcial não seja criado, o regime de bens será sempre aquele 
do país de origem, tendo em vista sua imutabilidade. Ao longo da evolução jurídica 
brasileira, essa questão foi sendo modificada, devido a injustiças cometidas na resolução 
de alguns casos. Assim, “os tribunais brasileiros deram uma interpretação mais elástica 
a esse conceito de separação de patrimônio, de forma a privilegiar o esforço comum, 
mesmo quando a lei aplicável fosse a estrangeira e dispusesse de forma diferente” (p. 
482). Esse tema foi consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (súmula 377), assim 
como pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por “presumir-se uma conjugação de 
esforços na formação do patrimônio do casal” (p. 482). 
Com base em voto proferido pelo Ministro Luis Felipe Salomão frente à 
comunicação de aquestos em caso que envolviaBrasil e Áustria, uma decisão pode ser 
evidenciada. Embora seja necessário reconhecer a comunhão dos aquestos proveniente 
de um esforço comum do casal, a separação deve levar em conta outras variantes que 
estão em questão, como interesses econômicos. Assim, a comunhão de aquestos deve 
ser válida somente na medida em que pode ser comprovado o esforço comum na 
formação de um patrimônio, evitando que ocorra um enriquecimento sem causa. Diante 
dessa ótica, fica evidente na concepção do Ministro Salomão a necessidade de se fazer 
“uma ponderação entre o esforço comum e o enriquecimento sem causa que pode 
decorrer de sua aplicação indiscriminada a todos os bens adquiridos pelos cônjuges na 
constância do casamento” (p. 485). 
Um dos debates contemporâneos do DIPr diz respeito à autonomia da vontade e 
a área das obrigações para o direito de família. Isso se evidencia nas opções pelo regime 
legal ou convencional, tendo em vista que o regime convencional permite a execução da 
autonomia da vontade, sendo esta formada de modo absolutamente consciente pelo 
partícipe, ao passo que no regime legal isso é inexistente. Nesse contexto, evidencia-se 
Erik Jayme, que considera que a liberdade do indivíduo significa que “seu direito à 
plena expressão de sua personalidade também compreende a esfera econômica” (p. 486). 
Assim, de modo sintético pode-se considerar como ideias-chave do item: 1) 
“esforço comum em detrimento da regra rígida da separação de bens” (no Brasil); 2) 
ponderação de valores; 3) “proibição do enriquecimento sem causa”; 4) saída de uma 
lógica estritamente racional; e, por fim, 5) análise individual dos casos. (p. 486) 
 
 Restrição à aquisição de bens imóveis por estrangeiro: 
A Constituição Federal (art. 190) remete à legislação infraconstitucional a 
regulamentação sobre a aquisição ou arrendamento de propriedade rural por pessoa 
física ou jurídica estrangeira. Havia dúvida sobre a aplicação dessa matéria, pois, além 
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19 
 
de necessitar de autorização para a aquisição de imóveis rurais, limitava tal aquisição 
por municípios. 
O STJ decidiu que a exigência imposta ao estrangeiro se estenderia também ao 
cônjuge brasileiro quando fosse relacionado a uma propriedade que integrasse o 
patrimônio comum dos cônjuges. O artigo 190 define que “o estrangeiro casado com 
brasileiro, ou vice-versa, em regime de comunhão universal de bens, só pode adquirir 
imóvel rural, com área especificada na lei, com autorização do Incra”, a autorização 
prévia do Incra se aplica a todos os casos em que, de acordo com o regime de bens, o 
imóvel adquirido for propriedade comum de um casal em que um dos cônjuges é 
estrangeiro. 
 
 A qualidade de herdeiro do cônjuge sobrevivente: 
A tradição brasileira não considerava o cônjuge como herdeiro necessário, 
apenas quando não houvesse descendentes ou ascendentes. No regime de comunhão 
universal de bens, o cônjuge recebia metade do patrimônio conjugal; contudo, com a 
mudança, em 1977, para o regime da comunhão parcial de bens, a comunhão dos 
aquestos já era expressiva. Com o Novo Código Civil, o cônjuge supérstite concorre 
com os descendentes na sucessão legítima. 
Embora a lei brasileira não qualificasse o cônjuge sobrevivente como herdeiro, 
para o DIPr havia casos em que isso poderia ocorrer por força da regra de conexão que 
determinava a aplicação da norma estrangeira à sucessão (art. 10º da LICC). 
 
15.2 – A dissolução do casamento 
A dissolução do casamento pode ocorrer por três motivos: a) anulação, b) 
separação e posterior divórcio e c) morte de um dos cônjuges. 
Em relação à anulação proposta no Brasil, o Art. 7º da LICC indica que deve 
aplicar-se a lei do domicílio dos nubentes ou, sendo diverso este domicílio, a lei do 
primeiro domicílio conjugal. O ministro Luis Gallotti declarou que esse dispositivo 
resultou em um equívoco na transição do princípio da nacionalidade para o domiciliar 
no que tange o direito de família. Haroldo Valladão classificou o artigo como absurdo, 
pois a validade do ato do casamento não podia se submeter a uma lei diferente daquela 
que o presidiu. 
Quando o casamento é dissolvido pelo divórcio, há duas hipóteses: casamentos 
celebrados no exterior com divórcios realizados no Brasil, e divórcios no exterior (seja 
de casamentos celebrados no Brasil, seja no exterior). 
Se o casamento foi realizado no exterior, mas o casal está domiciliado no Brasil 
e quer aqui divorciar-se, segue-se a lei processual brasileira e torna-se competente a 
justiça brasileira para processar o feito. O juiz deve verificar a validade do ato 
estrangeiro e a regra aplicável relativa ao regime de bens por força da regra lócus regit 
actum. 
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Se o divórcio ocorreu no exterior, a produção de efeitos no Brasil depende da 
homologação do STJ. O parágrafo único do artigo 15º da LICC dispensava a 
homologação das sentenças que qualificava como “meramente declaratórias do estado 
das pessoas”, ou seja, as sentenças que não dispusessem sobre partilha de bens e 
alimentos não precisavam ser homologadas. Contudo, o STF modificou tal orientação e 
o ministro Celso de Mello revogou o artigo, dessa forma todas as sentenças estrangeiras 
passaram a necessitar de homologação. 
O parágrafo 6º do artigo 7º da LICC estabelecia a necessidade de observância do 
prazo previsto na lei brasileira para a conversão da separação judicial em divórcio se um 
ou ambos os cônjuges fossem brasileiros, inclusive nos casos de divórcios realizados no 
exterior. Porém, como o prazo estipulado pela lei era curto, essa questão tornou-se 
irrelevante. 
Houve controvérsia em relação à partilha de bens situados no Brasil quando o 
divórcio fosse realizado no exterior, havendo inclusive o indeferimento do STF ao 
pedido de homologação de um caso envolvendo o Paraguai. A partir de 1982, a questão 
foi modificada e passou-se a aceitar as partilhas feitas no exterior em casos de divórcios, 
pois era compatível com a lei brasileira que cuida de partilha de mortis causae (art. 89, 
II), não havendo, portanto, ofensa ao direito brasileiro. 
 
Glossário: 
Lex loci celebrationis: princípio jurídico que prega que o contrato deverá ser regido 
pelo Direito do local onde ele foi assinado. 
 
Lex rei sitae: toda e qualquer ação que versar sobre o imóvel situado no Brasil, terá que 
ser proposta perante juiz brasileiro. É um princípio quase que universalmente aceito que, 
em se tratando de ações relativas a esse imóvel, o foro competente é o da situação, 
independentemente do domicílio do réu. 
 
Outorga Uxória: para determinados atos, a Lei exige que a pessoa casada tenha o 
consentimento de seu cônjuge. Essa autorização recebe o nome de outorga uxória e um 
exemplo onde sua ocorrência é comum são as situações de cunho patrimonial. 
 
Aquesto: diz-se de ou cada um dos bens adquiridos durante o casamento. 
Locus regit actum: o lugar regula o ato. Princípio segundo o qual a forma extrínseca ou 
relativa à prova dos atos jurídicos deve ser regida pelas leis do lugar onde eles se 
celebram, qualquer que seja a nacionalidade dos estipulantes. 
 
Meação: ato ou efeito de mear. Divisão ao meio. Metade. 
 
Supérstite: que sobrevive. 
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21 
 
Capítulo 16: Sucessão Internacional 
 
Os temas e repercussões de casos familiares transnacionais (que envolvem 
estrangeiros) serão, necessariamente, temas que englobam a chamada sucessão 
internacional. Em 1942, o critério adotado para resolução será o domiciliar. A exceção à 
regra será somente quando houver bens em nome ou do cônjuge, ou dos filhos com 
nacionalidadebrasileira. 
 Por fim, a autora destaca a importância de se analisar anteriormente ao 
julgamento de um caso de sucessão internacional, qual sistema jurídico (brasileiro ou 
estrangeiro) traá mais benefícios para as partes nacionais, enquanto atualmente usa-se, 
sem questionar, o sistema jurídico brasileiro. 
 
16.1 – A sucessão e o DIPr 
O caso brasileiro: Quando há bens imóveis de um domiciliado no exterior no 
Brasil: determinação da jurisdição competente e determinação da lei aplicável; 
 Princípio da universalidade sucessória: não importa a natureza e a situação 
dos bens no Brasil, o que vale é o último domicílio do de cujus. Ele não 
poderá ser aplicado se a sucessão tiver bens em mais de um país, pois haverá 
uma pluralidade de foros; 
 Quando há fórmula plural: mesmo com o princípio da universalidade, uma 
lei estrangeira poderá ser aplicada em território nacional, podendo ser 
aplicada diversas leis. A sucessão de bens de um estrangeiro situado no 
Brasil vai responder ao critério legítimo em benefício do cônjuge e dos filhos 
brasileiros. A lei estrangeira pode ser impedida pela ordem pública, e assim a 
lei nacional prevalece; 
 A exceção do critério de domicílio no Brasil: a proteção dos filhos e 
cônjuges brasileiros. 
 Exemplo 1: pessoa domiciliada no estrangeiro com bens no Brasil 
morre; se o falecido não tiver filhos, o imóvel será regido no exterior, e 
se tiver filhos, a sucessão poderá ser no Brasil se a norma for mais 
benéfica. 
 Exemplo 2: se o falecido tiver bens no exterior, estes bens não farão 
parte do processo de sucessão brasileiro. - A utilização da norma mais 
benéfica: se uma norma estrangeira for mais benéfica aos filhos e 
cônjuges brasileiros, ela será aplicada. Há países que protegem mais o 
critério legal, como a França, a Itália e Portugal. 
 Exemplo – RJ: caso em que a lei estrangeira era mais benéfica aos filhos 
brasileiros do de cujus. 
 Haveria um conflito entre a regra que aplicará sobre o herdeiro com o caput 
ou com o parágrafo primeiro do artigo 10 da LICC se o herdeiro não fosse 
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determinado com a aplicação da lei de sucessão. - Exemplo: a sucessão de 
bens de um estrangeiro domiciliado no Brasil a uma filha adotada na 
Espanha, como o Brasil não faz distinção entre filhos adotivos e naturais, a 
filha adotiva foi considerada herdeira na sucessão dos bens situados no 
Brasil. Portanto, a lei do domicílio da herdeira só seria considerada para o 
recebimento da herança, sendo que isso não se confunde com a qualidade da 
filha de herdeira. 
 
16.2 – O testamento com efeitos em outro país 
Testamentos realizados em país estrangeiro podem ser vistos por 2 ângulos: 1) 
referente à forma do ato, seguindo as regras do local de elaboração "locus regit actum", 
e 2) referente a substância do ato, o qual leva em conta a sucessão e as questões sobre a 
capacidade de testar no momento do ato. 
Ex: Caso da cantora Gabriela B.Lage. Discutia-se a validade do testamento 
particular realizado na itália mas que afetaria os bens imóveis situados no Brasil. 
Cantora faleceu onde era domiciliada(Roma) ,mas as disposições do testamento sobre 
seus bens ,em particular imóveis, recairiam aqui no Brasil, onde estavam situados. O 
testamento foi considerado válido, pois não era contrário a ordem pública brasileira 
sobre testamentos particulares, sendo então aplicável as formalidades do ato a lei do 
lugar de origem. 
Princípio dominante - preservar a vontade do testador, desde respeitada a ordem 
pública, e não seja fraude à lei. 
 O testamento é regulado por lei na Itália. 
 Não havia proibição a testamento particular aqui no Brasil. 
 Lei aplicável a forma > as disposições do local do ato. 
Na Itália utiliza-se o critério da nacionalidade do indivíduo, respeita-se a lei do 
Estado no qual o testamento foi realizado. Assim, mesmo a lei americana sendo 
divergente da italiana sobre essa questão, num caso sobre um testamento realizado em 
Nova York, a jurisprudência italiana consideraria este válido segundo as formalidades 
locais. 
 
 
 
 
 
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23 
 
Capítulo 17: Arbitragem Internacional 
 
Arbitragem internacional é um meio de solução de pendências pertinentes a uma 
ação, utilizado no comércio internacional que permite a utilização do direito de modo a 
adaptar-se melhor às necessidades dos atores envolvidos. 
 
17.1 – Histórico 
Antigamente, a arbitragem não possuía a necessária credibilidade como 
mecanismo alternativo de solução de controvérsias, sendo pouco utilizada frente à 
ausência de eficácia executiva da cláusula compromissória
1
 e as dificuldades na 
satisfação de todos os requisitos do compromisso arbitral
2
, previstos no CPC. No plano 
internacional, a dificuldade se encontrava na existência de chancela judicial que 
importava um duplo procedimento. Atualmente, a arbitragem só é admitida entre 
pessoas capazes de contratar e para questões relacionadas a direitos patrimoniais 
disponíveis. Tentou-se modernizar o instituto da arbitragem a partir da utilização de 
mecanismos eficazes de preservação e garantia do procedimento. Entre as inovações 
favoráveis ao seu uso estão a equiparação da cláusula compromissória ao compromisso 
(chamado Convenção de arbitragem); a atribuição de força obrigatória à sentença 
arbitral, ou seja, dotando-a dos mesmos efeitos da sentença proferida pelo poder 
Judiciário e qualificando-a como título executivo judicial; e o prestígio prestado a 
autonomia da vontade das partes, permitindo ampla liberdade de escolha das normas 
aplicáveis aos contratantes. 
 
17.2 – Validade, reconhecimento e força executiva perante o Judiciário local 
A obrigatoriedade da cláusula arbitral apresenta como efeito negativo a 
possibilidade do réu condenar a incompetência do Judiciário por meio da exceção de 
convenção de arbitragem. Já o efeito positivo é a possibilidade das partes recorrerem ao 
Judiciário pela via da ação sumária para compor o compromisso arbitral. 
 
17.3 – Arbitragem interna e internacional 
Admissibilidade: os contornos da arbitragem internacional não têm seus 
contornos definidos, assim como não é previsto um regime jurídico distinto para as 
arbitragens internacionais no Brasil. O que a arbitragem exige é que as partes sejam 
domiciliadas em países diferentes ou que a relação jurídica contenha algum elemento de 
estraneidade. A lacuna jurídica advinda dessa ausência de disciplina deve ser suprida 
por analogias, costumes e princípios gerais do direito. 
 
 Convenção de arbitragem: 
 
1
 É aquela promessa que consta do contrato, de que as partes resolverão seus litígios por esse meio. 
2
 É o contrato firmado pelas partes que permite a instauração da arbitragem, mediante a satisfação de 
determinados requisitos. 
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24 
 
Regras básicas: A convenção deve ser celebrada por pessoas capazes e focar nos 
direitos patrimoniais disponíveis. A cláusula compromissória tem plena autonomia em 
relação ao seu contrato e o árbitro tem poder de resolver sobre a sua própria 
competência. Frente a validade do compromisso é necessário o nome, profissão, estado 
civil e domicílio das partes e dos árbitros, a matéria da arbitragem e o local em que a 
sentença será proferida. 
 
 Cláusulas multiparte: 
Quando a arbitragem envolve mais de uma parte em cada pólo da relação 
jurídica, de modo que a constituição do tribunal arbitral dependerá do acordo entre 
todos. Essa circunstância envolve aspectos do litisconsórcio
3
 facultativo ou necessário,no caso desse último, a arbitragem terá de envolver necessariamente todos os 
interessados sob pena de falta de validade da sentença arbitral. 
 
 Medidas cautelares: 
Um árbitro durante um processo de julgamento arbitral não possui poder para 
aplicar medidas cautelares nem mesmo diligências que envolvam de alguma forma a 
coerção (ação involuntária), pois essas questões estão a cargo do judiciário. Dessa forma, 
um juiz pode instituir uma medida cautelar antes do início da arbitragem, por um prazo 
determinado. Contudo, se a arbitragem ocorrer em outro país, há possibilidade de se 
aplicar uma medida cautelar ou diligência determinada por um árbitro internacional em 
algumas situações. Caso essa medida tenha que ser executada no Brasil, ficará a cargo 
da lex fori local, da lei brasileira, ficando a cargo, portanto, da análise do STF. No caso 
de ser arbitrada no Brasil para ser executada fora, a arbitragem deve ou requisitar 
diretamente com o foro estrangeiro tal aplicação da sentença, ou promover uma 
solicitação ao juiz brasileiro de que envie uma carta rogatória para o outro país. O STF 
não costuma conceder a exequatur às cartas rogatórias de caráter executório no Brasil, 
inclusive, às medidas cautelares, pois se entende que atentam contra a Ordem Pública. 
Essas medidas só são aplicadas na maioria das vezes quando estão inseridas em 
Convenções Internacionais específicas sobre o assunto das quais o Brasil faz parte, 
como o Protocolo de Ouro Preto (entre países do MERCOSUL). 
 
 Laudo arbitral e sua motivação (Referente à sentença do processo arbitral): 
No Brasil necessita de certas condições: 
a) Relatório com nome das partes e resumo do litígio. 
b) Fundamentos da decisão. 
c) Dispositivo no qual consta a decisão dos árbitros e prazo para 
cumprimento. 
 
3
 É um fenômeno processual caracterizado pela pluralidade de sujeitos, em um ou em ambos os polos de 
um processo judicial. 
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25 
 
d) Data e local onde foi proferida. 
O não cumprimento de algum desses requisitos ou de motivação da sentença 
resulta na nulidade da sentença de tal arbitragem. 
A que se considerar ainda que quando a arbitragem se dá em país estrangeiro, 
seu laudo ao ser aplicado no Brasil deverá seguir as leis do local de origem, respeitando, 
ademais, suas peculiaridades, no processo de execução da sentença, conquanto estas não 
se oponham ao princípio de Ordem Pública nacional. No Brasil, um laudo arbitral 
possui a mesma relevância de uma sentença, ou seja, sua motivação é garantida, visto 
que se assemelha aos direitos fundamentais defendidos pela Constituição. 
 
 Recursos contra a sentença arbitral: 
Além da possibilidade de uma correção material e de esclarecimento pontual em 
relação à sentença da arbitragem existem duas formas de contestar o laudo arbitral 
doméstico. A primeira forma é a ação anulatória ou rescisória, parcial ou total, da 
sentença proferida, através da contestação da: 
 Validade da instituição do tribunal arbitral. 
 Validade substancial da sentença arbitral. 
 Regularidade substancial do processo. 
A segunda forma pode dar-se através de embargos à execução das sentenças, por 
título judicial. Apesar das possíveis irregularidades no processo arbitral, não cabe 
considerar o processo inválido se ele atingiu seu objetivo. A anulação do laudo arbitral 
por parte do judiciário só ocorre em casos excepcionais, visto que não se deve 
questionar o mérito da arbitragem. Esses casos envolvem, por exemplo: 
1. nulidade do compromisso por incapacidade da parte 
2. incapacidade do árbitro 
3. não contiver os requisitos pressupostos no artigo 26 
4. sentença proferida ultra petita 
5. sentença proferida infra petita 
6. sentença resultante de crime contra a administração pública 
7. sentença proferida contra os princípios do devido processo legal 
Outra possibilidade de revisão da sentença arbitral envolve uma prévia 
existência de um mecanismo de revisão, ou seja, as partes ao acordarem pelo processo 
arbitral determinam um mecanismo ad hoc de revisão do laudo. 
 
 Tratados internacionais sobre arbitragem e o Brasil: 
No que diz respeito aos tratados internacionais de arbitragem e não apenas a 
uma arbitragem doméstica ficou definido que, no Brasil, não há mais a necessidade de 
que haja a dupla homologação dessas sentenças. Desse modo, o laudo de uma 
arbitragem passou a ser considerado uma “sentença estrangeira”, precisando apenas 
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26 
 
passar pelo processo de homologação no Brasil (STJ) para ser reconhecida e executada, 
e não mais no país estrangeiro E no Brasil. 
Para garantir essa homologação em território nacional, além dos pressupostos 
gerais já discutidos, são necessárias, de acordo com o artigo 37 da Constituição: 
a) O original da sentença ou cópia certificada; autenticação da sentença 
homologada realizada pelo Consulado brasileiro e sua tradução oficial, 
feita no brasil. 
b) O original da convenção de arbitragem ou cópia certificada e sua 
tradução oficial, feita no Brasil. 
A homologação da sentença ainda pode ser negada, contudo, nos casos em que 
não estiver de acordo com todos os requisitos necessários. 
Ademais, a resposta positiva em relação à homologação de uma sentença 
estrangeira no Brasil, é condicionada ao mérito definido pelo STJ para definir se este 
laudo fere de alguma maneira a Ordem Pública, os bons costumes ou a soberania do 
país. 
Sobre a o processo de regulamentação da via arbitral em âmbito nacional 
destaca-se a lei 9.207/96, a qual aborda a questão da citação do réu, ou seja, o aviso ao 
réu da existência de um processo jurídico no qual está envolvido. Assim, no Brasil, 
define-se que uma sentença arbitral estrangeira não ofende a Ordem Pública do país e é, 
portanto, reconhecida, se a citação do réu ocorrer de acordo com os pressupostos de seu 
processo arbitral ou com as leis do país de origem dessa arbitragem. 
No que diz respeito às Convenções Bilaterais das quais o Brasil faz parte, é 
possível destacar a Convenção Interamericana sobre Arbitragem Internacional (Panamá, 
1975) o Protocolo do Mercosul sobre a Cooperação e a Assistência Jurisdicional em 
Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa (Las Leñas, 1992), a e a 
ratificação pelo Brasil da Convenção da ONU sobre o Reconhecimento e Execução de 
Sentenças Arbitrais Estrangeiras (Nova Iorque, 1958). 
 
 O Brasil e a Convenção de Nova Iorque: 
A Convenção de Nova Iorque sobre o reconhecimento e execução de laudos 
arbitrais estrangeiros só foi internalizada no Brasil no início do séc XXI. A razão para a 
demora foi a grande resistência doutrinária ligada ao Protocolo de Genebra, de 1923, em 
aceitar a possibilidade de o laudo arbitral ser igualado a uma sentença estrangeira. 
Clóvis Bevilaqua em 1923, sobre as condições necessárias para que o laudo 
arbitral se tornasse definitivo no direito brasileiro, aludiu à necessidade da homologação 
de tais laudos no plano interno, pois isso era necessário para a sua execução. Ademais, 
para as sentenças arbitrais estrangeiras, aduziu à necessidade de que o Poder Judiciário 
lhes imprimisse o caráter de atos de autoridade pública no exterior. Assim, poderia 
passar pelo processo de homologação no Brasil. Essa doutrina também foi seguida por 
outros juristas, como Haroldo Valladão. Assim, era voz corrente nos primeiros sessenta 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
27 
 
anos do século XX, o valor de mero contrato do laudo arbitral. Foi somente com a 
evolução da teoria do direito, uma maior autonomia da vontade das partes, aliada àsnecessidades do comércio internacional, para que o cenário se modificasse, no plano 
internacional com a Convenção de Nova Iorque, e no plano interno, somente com as 
regras da lei de arbitragem, de 1996. 
Em 1950, houve uma convocação da ONU para a conferência internacional que 
resultou na Conferência de Nova Iorque. O consultor jurídico da época, Hildebrando 
Accioly deixou claro que a natureza do laudo arbitral era de caráter privado e a sua não 
equiparação automática para sentença judicial. 
O projeto sobre arbitragem que resultaria na Convenção de Nova Iorque foi 
comentado por Accioly, o qual caracterizou o projeto como judicialista, pois o projeto 
queria dar à sentença arbitral um caráter de julgamento de direito. Ele acreditava no 
caráter não judicial da arbitragem. Ademais, disse que o projeto não atendia a lei interna, 
pois, a partir da LICC, para ter efeito no Brasil era necessário antes homologar a decisão 
estrangeira. O laudo arbitral só poderia passar por esse processo se antes convertido em 
uma sentença estrangeira (dupla homologação). 
No plano internacional, a Convenção de Nova Iorque foi aos poucos sendo 
reconhecida como padrão no tema de arbitragem e foi adotada por inúmeros países. 
Alçou os laudos arbitrais ao patamar de decisões judiciais, acabando com a sua 
equiparação, tão somente, aos contratos. Também houve incremento da teoria da 
autonomia da vontade na área dos contratos internacionais. Portanto, a arbitragem 
passou a ser um modo reconhecido para a solução das controvérsias advindas desses 
contratos, tendo os laudos a mesma força de uma decisão judicial e sendo cumpridos 
diretamente, em especial no plano internacional. 
O assunto voltou a ser tratado no Brasil nos anos 90. Foi editada a Lei de 
Arbitragem, Lei 9307/06. Deu-se a possibilidade, no plano interno, o reconhecimento de 
que a sentença arbitral estava assemelhada à sentença judicial. Assim, o sistema de 
dupla homologação, ou seja, homologação do laudo arbitral por um juiz estrangeiro para 
depois ser homologado e executado por um juiz no plano interno perdeu sua relevância. 
Assim, em 1996, com a aprovação da Lei de Arbitragem, aboliu a necessidade da dupla 
homologação e, em 2002, a Convenção de Nova Iorque foi ratificada. 
 
Glossário: 
 
Diligência: atenção ou cuidado que deve ser aplicado pelo agente ou pela pessoa que 
executa um ato ou procede num negócio, para que tudo se cumpra com a necessária 
regularidade. Na terminologia jurídica, significa todo ato ou solenidade promovida por 
ordem do juiz, a pedido da parte ou ex officio, para que se cumpra uma exigência 
processual ou para que se investigue a respeito da própria questão ajuizada. 
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28 
 
Medida de caráter cautelar: “A Medida Cautelar é o procedimento judicial que visa 
prevenir, conservar, defender ou assegurar a eficácia de um direito. É um ato de 
prevenção promovido no judiciário, onde o juiz pode autorizar quando se manifestar a 
gravidade, quando for claramente comprovado um risco de lesão de qualquer natureza, 
ou na hipótese de ser demonstrada a existência de motivo justo, amparado legalmente. 
As Medidas Cautelares podem ser "Preparatórias", quando são requeridas antes da 
propositura do processo principal, ou "Incidentes", quando são requeridas depois de 
proposto o processo principal. A Medida Cautelar pode ser deferida pelo juiz antes que 
a outra parte possa apresentar defesa, ou até mesmo antes que a outra parte sequer saiba 
da existência do processo em juízo”. 
 
Lex fori local: lei do local, cabimento da ação de acordo com as leis do Brasil. 
 
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29 
 
Capítulo 18: Alimentos no Plano Internacional 
 
 “A célula familiar é uma entidade feita para funcionar em conjunto, promovendo 
seu sustento, especialmente com relação à prole”. 
 Por esse motivo que o Código Civil regula intensamente o direito da família, 
pois caso haja a separação, a lei precisa ter uma previsão de quem irá cuidar do 
amparo dos que mais necessitam da estrutura familiar, que, em grandes partes, 
são os filhos. 
 Essa é uma das áreas do Poder Judiciário mais utilizada pela população. 
 O descumprimento de tais obrigações pode acarretar até mesmo em prisão civil. 
 “No direito comparado, esta é uma área na qual as características individuais de 
cada país, a partir de suas tradições e se revela por inteiro nas opções legislativas 
de cada um”. 
 Como não há uniformidade entre as legislações sobre esse assunto, a cobrança 
de amparo à alimentação se torna um desafio. 
 É imprescindível uma atuação conjunta dos países, via cooperação 
interjurisdicional ou administrativa. 
 
18.1 – A legislação brasileira: normas de origem interna e internacional 
 “A legislação brasileira de DIPr não possui normas específicas sobre alimentos”. 
 A regra de conexão aplicável, que são normas estabelecidas pelo DIPr que 
indicam o Direito aplicável às diversas situações jurídicas conectadas a mais de 
um sistema legal, é a mesma regra do Direito da Família. 
 O Direito da Família é o ramo do DIPr que se destina a gerir as relações 
familiares, prevendo um conjunto de regras sobre a família e as relações que se 
estabelecem entre os seus membros (relação matrimonial, relações de parentesco, 
relações de afinidade e relações de adoção). 
 “As questões processuais, como a citação do curso do processo do devedor 
domiciliado no exterior, e a homologação da sentença estrangeira, são tratados 
através dos instrumentos utilizados nos demais outros assuntos: as cartas 
rogatórias e a homologação de sentenças estrangeiras [...]”. 
 Para o cumprimento das obrigações alimentares, há fontes de origem interna, 
como as regras da LICC, e de origem internacional, como a Convenção de Nova 
York, com um caráter mais universal, e a Interamericana, com um caráter mais 
regional. 
 Essas duas convenções também regulam as situações existentes entre o Brasil e 
não signatários. 
 
18.2 – Iniciativas globais e regionais 
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 A discussão sobre o problema da cobrança de alimentos no Sistema 
Internacional teve apoio da UNIDROIT (International Institute for the 
Unification of Private Law) após a Segunda Guerra Mundial. 
 “O projeto foi depois encaminhado à ONU, que convocou uma conferência 
diplomática, em 1956 e realizou a Convenção de Nova York sobre execução e 
reconhecimento de obrigações alimentares”. 
 Quase na mesma época, a Conferencia de Haia normatizou a questão através de 
duas convenções, depois modificadas nos anos 70 
 O objetivo era formar um “centro mundial a serviço da cooperação internacional, 
judiciária e administrativa em matéria de DIPr, notadamente no âmbito da 
proteção da infância”. 
 Na América Latina, o código de Bustamante, que ainda está em vigor no Brasil, 
possui dois artigos específicos sobre o tema dos alimentos, porém, não cuida das 
questões relativas à cooperação jurisdicional de forma especializada. 
 
18.2.1 – A Convenção de Nova York 
 A Convenção de Nova York foi assinada em 1956 e entrou em vigor no Brasil 
em 1958, sendo o primeiro instrumento de cooperação no que diz respeito às 
obrigações alimentares. Apesar de ser visto na época como um sistema 
complementar à Conferência de Haia, nos anos 50, adquiriu maior aceitação e 
utilização ao longo do tempo. A Convenção cria autoridades centrais para 
agilizar a cobrança da obrigação, sem ser necessário passar por outra instância, 
além de conceder algumas vantagens ao credor, como assistência judiciária 
gratuita, dispensa de caução, serviços gratuitos, etc. 
 A parte pode reclamar

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