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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO TURMA UERN – 2016 Pietro Medeiros Professor Coach @professorpietromedeiros @cafeedireito PRINCIPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PRINCÍPIOS ALGUNS PRINCIPIOS IMPLÍCITOS!!! PRINCIPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO HAVENDO NECESSIDADE O ESTADO LIMITA INTERESSES PÚBLICOS INDIVIDUAS ATRAVÉS DE PRERROGATIVAS, GARANTIAS, PARA ASSEGURAR O INTERESSE DA COLETIVIDADE. EXEMPLO: DESAPROPRIAÇÃO, MULTA, GUINCHO, CLAUSULAS EXORBITANTES E ETC. E O LIMITE?? O LIMITE SERIA O OUTRO PRINCIPIO: A INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. ASSIM, O ADMINISTRADOR NÃO PODE ABRIR MÃO DO INTERESSE PÚBLICO EM DETRIMENTO DE INTERESSES INDIVIDUAIS. PRINCIPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICOC AS PRERROGATIVAS X AS LIMITAÇÕES SÃO INTERLIGADAS. EXEMPLO: CONTRATO ADMINISTRATIVO, TEM CLAUSULAS EXORBITANTES, VANTAGENS E ETC, MAS EM CONTRAPARTIDA TEM LICITAÇÕES, PRAZOS E ETC. EXEMPLO: OS SERVIDORES TEM ESTABILIDADE, GARANTIAS, VANTAGENS, MAS DEPENDEM DE CONCURSO, NÃO PODEM ACUMULAR CARGOS E EMPREGOS E ETC. TUDO ISSO É O REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2001, p. 256): São cláusulas exorbitantes aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas em contrato celebrado entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a Administração) em relação à outra; elas colocam a Administração em posição de supremacia sobre o contratado. Alteração Unilateral: As alterações são autorizadas quando a administração tiver de alterar o projeto de execução do contrato, ou tiver que alterar o valor contratado. O particular é obrigado a aceitar tais alterações até o limite de 25% do projeto original, e em se tratando de reforma de prédios, o limite amplia-se para 50%. PRINCÍPIOS PEDRAS DE TOQUE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA VETORES AXIOLÓGICOS (FUNDAMENTOS QUE GUIAM A ATUAÇÃO DO ADMINISTRADOR) PRINCIPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO O Princípio da Supremacia do Interesse Público existe com base no pressuposto de que “toda atuação do Estado seja pautada pelo interesse público, cuja determinação deve ser extraída da Constituição e das leis, manifestações da vontade geral”. Dessa maneira, os interesses privados encontram-se subordinados à atuação estatal. Este supraprincípio fundamenta todas as prerrogativas de que dispõe a Administração como instrumentos para executar as finalidades a que é destinada. Neste sentido, decorre do Princípio da Supremacia do Interesse Público que havendo conflito entre o interesse público e o privado, prevalecerá o primeiro, tutelado pelo Estado, respeitando-se, contudo, os direitos e garantias individuais expressos na Constituição, ou dela decorrentes. A superioridade não é do Administrador ou da Máquina Administrativa. A Superioridade é do Interesse Público. É um principio implícito na CF. Não esta previsto de forma expressa na CF. Requisição de Bens - imagine quando o governo requisite bens, em caso de iminente perigo, para socorrer determinadas pessoas. Nesse caso, o direito de propriedade do particular é menosprezado em nome do Interesse Público. Desapropriação - o Poder Público pode desapropriar em nome do interesse público (ex: construção de um hospital). Prevalece o Interesse Público. EXEMPLO Em nome da Supremacia, o Interesse Público tem um patamar de superioridade. Porém a Administração não pode dispor desse interesse público. Passamos a ver então o Principio da Indisponibilidade do Interesse Público. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público É imprescindível, antes de mais nada, destacar que quando se fala em Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público, tem- se aqui interesse público em seu sentido amplo, abrangendo todo o patrimônio público e todos os direitos e interesses do povo em geral. Após este esclarecimento, se faz interessante dizer que deste princípio derivam todas as restrições especiais impostas à atividade administrativa. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DESSE PRINCIPIO DA INDISPONIBILIDADE Fraude ao concurso publico; Fraude a licitação representam violação ao principio da indisponibilidade do interesse púbico. (CESPE - 2013 - MJ - Analista Técnico – Administrativo) As restrições impostas à atividade administrativa que decorrem do fato de ser a administração pública mera gestora de bens e de interesses públicos derivam do princípio da indisponibilidade do interesse público, que é um dos pilares do regime jurídico- administrativo. CERTO PRINCÍPIOS (CESPE - 2013 - Telebras - Especialista em Gestão de Telecomunicações - Advogado) O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público pela administração, ou seja, erige- se sobre o binômio “ prerrogativas da administração – direitos do administrado. CERTO PRINCÍPIOS EXPRESSOS CF/88 - Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência e, também, ao seguinte: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso; a eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar, significando “deve fazer assim”. Legalidade é a base de um Estado de Direito (Estado politicamente organizado que respeita as suas próprias leis). O principio da Legalidade deve ser visto sobre dois enfoques: 1º) Legalidade para o Direito Privado - para o particular, vale o critério de não contradição a lei, ou seja, pode fazer tudo que não contrarie a lei. 2º) Legaliadade para o Direito Público - para a administração pública, vale o critério da subordinação a lei, ou seja, o administrador só pode fazer o que esta autorizado na lei. Segundo Seabra Fagundes, "Administrar é aplicar a lei de oficio." PRINCIPIO DA LEGALIDADE X PRINCIPIO DA RESERVA Legalidade é fazer ou não fazer o que a lei determina. Reserva de lei é a escolha da espécie normativa. É a exclusividade de determinada espécie normativa para tratar sobre determinado assunto. CONTROLE DE LEGALIDADE Deve ser entendido atualmente em sentido amplo. Significa que quando analisamos a legalidade da lei, devemos submetê-la não só a compatibilidade com a lei mas também os princípios constitucionais. (CESPE-2011-TJ-ES-Analista Judiciário) O princípio da legalidade está relacionado ao fato de o gestor público agir somente de acordo com a lei. CERTO Ano: 2015 Banca:CESPE Órgão: FUB Prova: Administrador O agente público só poderá agir quando houver lei que autorize a prática de determinado ato. CORRETO - Para o Particular: Pode fazer tudo que não é proibido. (autonomia da vontade) - Para o Agente Público: Só pode fazer o que a lei permite. (subordinação legislativa) Princípio da Finalidade e Impessoalidade Impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Assim, a Constituição Federal indica expressamente apenas o princípio da impessoalidade, porém, impossível não vetorizá-lo com o princípio da finalidade. CONCEITO DE IMPESSOALIDADE POR CELSO A. B. DE MELO Impessoalidade traduz a idéia de que a Administração tem que tratar a todos sem discriminações benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa. Dois exemplos que representam, expressos na CF, o instituto da impessoalidade: 1º) Licitação 2º) Concurso Público Impessoalidade é a ausência de subjetividade. (atuação de forma impessoal, abstrata e genérica). O Ato Administrativo também é um ato impessoal. Principio da Impessoalidade segundo Hely Lopes Meireles Principio da Impessoalidade esta ligado ao Principio da Finalidade. Para a doutrina tradicional (HLM), o principio da impessoalidade e principio da finalidade são sinônimos. Para a doutrina moderna (CABM) os princípios são autônomos. Princípio da Impessoalidade é ausência de subjetividade. Princípio da Finalidade significa buscar a vontade maior da lei, ou seja, o espírito da lei. Tal entendimento foi reforçado pela Lei 9784/99. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da LEGALIDADE, FINALIDADE, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Princípio da Moralidade A moralidade administrativa constitui, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (CF, art.37), sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto; a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum. Em nosso pensar, acreditamos que o comportamento ético, onde um de seus elementos, a moral, deve estar ínsita em todo o exercício do administrar a coisa pública, desde os atos administrativos até os contratos administrativos, no seus sentidos mais amplo possível. Diz respeito a obediência a princípios éticos e agir com honestidade. Administrador tem que agir com boa-fé e com lealdade. Na pratica, o principio da moralidade dificilmente vem só. Os Tribunais acabam atrelando esse principio a um outro, pois o conceito de moralidade ainda é muito vago, indeterminado. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TCU Prova: Técnico Federal de Controle Externo - Conhecimentos Básicos Ofenderá o princípio da impessoalidade a atuação administrativa que contrariar, além da lei, a moral, os bons costumes, a honestidade ou os deveres de boa administração. Gabarito: ERRADO Ofende os princípios da legalidade e moralidade. Ofenderá o princípio da impessoalidade a atuação administrativa que contrariar, além da lei (princípio da legalidade), a moral, os bons costumes, a honestidade ou os deveres de boa administração (princípio da moralidade). STF- SUMULA VINCULANTE 13 – “NEPOTISMO” A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 1ª hipótese - O nomeado não pode ocupar cargo em comissão e não pode exercer função gratificada na mesma pessoa jurídica da autoridade nomeante. CARGO EM COMISSÃO Serve para direção, chefia e assessoramento. Era, antigamente (até CF/88), denominado de Cargo de Confiança. Atualmente é também chamado de cargo de livre nomeação e exoneração (exoneração "ad nutum" - que não precisa ser explicada) A nomeação para o Cargo em Comissão pode ser dada a qualquer pessoa. Porém, o Constituinte, preocupado com a continuidade do serviço público, garantiu uma cota mínima reservada para os servidores de Cargo Efetivo. FUNÇÃO DE CONFIANÇA Também é utilizada para direção, chefia e assessoramento. Baseia-se também na confiança. A diferença é que na Função de Confiança só pode ser dada a quem tem Cargo Efetivo. O servidor recebe uma gratificação por exercer essa função de confiança, por isso chama-se também de Função Gratificada. 2ª hipótese - Proíbe-se o exercício, na mesma Pessoa Jurídica um servidor que ocupa cargo de direção, chefia ou assessoramento com outro servidor que ocupa cargo em comissão ou função gratificada. STF - os agentes políticos não estão sujeitos a Sumula Vinculante 13. (recl. 6650, Recl. 7854, Agrav. Recl. 66750) "1. A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada situação de fraude à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita o conteúdo normativo do enunciado da Súmula Vinculante 13." (RE 825682 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, julgamento em 10.2.2015, DJe de 2.3.2015) 20/07/2015 - 08h04 DECISÃO Prefeita que nomeou marido para cargo político é condenada por nepotismo A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão que condenou a prefeita do município de Pilar do Sul (SP) pela prática de nepotismo. Ela nomeou seu marido para ocupar o cargo de secretário de Gabinete, Segurança Pública e Trânsito. http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/noticias/noticias/Prefeita-que- nomeou-marido-para-cargo-pol%C3%ADtico-%C3%A9-condenada-por- nepotismo Em 2013, o Ministério Público de São Paulo moveu ação civil pública contra a prefeita por improbidade administrativa. Afirmou que a escolha da prefeita teria sido única e exclusivamente em virtude da relação pessoal com o nomeado. Disse que a prática foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e fere os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e eficiência. (TÉCNICO CIENTÍFICO – BASA – CESPE/2010) Os princípios da moralidade, da legalidade, da publicidade, da eficiênciae da impessoalidade, estipulados pelo texto constitucional, somente se aplicam à legislação administrativa referente à administração pública no âmbito federal, com desdobramentos na administração direta, na indireta e na fundacional. Observe que o mandamento constitucional prescrito no art. 37, caput, determina a aplicação dos princípios administrativos a todas as esferas de governo, ou seja, a Administração Pública direta e indireta, de quaisquer dos poderes da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme o seguinte: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Gabarito: Errado. Princípio da Publicidade É a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade; Publicidade é condição de eficácia dos atos administrativos. Só passam a produzir efeitos a partir do momento em forem publicados. (Ex: um contrato administrativo não publicado, apesar de ser considerado válido, não produzirá efeitos). A publicidade também representa inicio de contagem de prazos, pois, por exemplo, num contrato em que prevê um prazo de 30 dias para ser entregue determinada mercadoria (merenda). Esse prazo iniciará a partir da publicação. Um outro exemplo é a notificação de infração administrativa (multa de trânsito), em que o prazo para se defender de 30 dias deve ser contado a partir da notificação ao administrado. Publicidade também significa um Mecanismo de Controle. (As contas municipais devem ficar a disposição para controle e questionamentos) – Portal da Transparência LEMBRAR DA PECULIARIDADE DO HABEAS DATA Art. 5º LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; EXCEÇÕES AO PRINCIPIO DA PUBLICIDADE 1) Art. 5º, X da CF X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 2) Art. 5º, XXXIII da CF XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 3) Art. 5º, LX da CF (atos processuais que correm em sigilo) LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Exemplo: processo ético profissional é sigiloso (imaginar medico sendo processado por erro medico. Nesse caso, se houvesse publicidade dessa investigação, a careira do profissional estaria comprometida) OBS: vale a pena olhar a Lei 12.527/11 (regulamenta o direito a informação do art. 5º, XXXIII da CF) ART. 37, §1º DA CF § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Na primeira parte do art. Há um dever de publicidade. A CF diz a forma (caráter educativo, informativo, de orientação social). Não publicar os seus atos, caracteriza a improbidade administrativa (Lei 8429 - art. 11) Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: IV - negar publicidade aos atos oficiais; Tudo que vincula a pessoa do administrador não pode constar da publicidade da Administração (cor, símbolos, nomes, imagens, etc). A segunda parte do dispositivo (art. 37, §1º) significa o dever de impessoalidade. Veda a promoção pessoal. Caso descumpra, responderá por improbidade. Para caracterização dessa impessoalidade, a doutrina diz que o bom senso, a razoabilidade são fundamentais para balizar os atos. OBS: vale a pena dar uma olhada na Lei 131/09 (lei da transparência) Princípio da Eficiência (EC nº 19, de 15.6.98) É o exercício da atividade administrativa dirigida sempre para alcançar um resultado de interesse público. Primeiramente, vale destacar que o principio da eficiência ganha roupagem expressa na CF, somente a partir da EC 19/98 (essa emenda foi a famosa reforma administrativa) Não é que a Administração não tinha que ser eficiente antes da emenda. Ele apenas se tornou expresso. A Administração sempre teve o dever de ser eficiente. Inclusive já existia de forma expressa em legislação infraconstitucional (lei 8987/95 - art. 6º, §1º). § 1º - Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. PERGUNTA: o que significa ser eficiente? R: Produtividade Economia Ausência de Desperdícios Agilidade no Serviço Público CONSEQÜÊNCIAS DA INTRODUÇÃO DO P. DA EFICIÊNCIA NO ART. 37 a) alterou a estabilidade do servidor (art. 41 CF) Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 1º - O servidor público estável só perderá o cargo: III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. § 4º - Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. DIREITO ADMINISTRATIVO NOÇÕES INTRODUTÓRIAS CONCEITO ? ATIVIDADE NÃO CONTENCIOSA?? NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Para Di Pietro, no entanto, o Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública. Direito Administrativo pátrio é considerado não contencioso, ou seja, não existe a previsão legal de Tribunais e Juízes Administrativos ligados ao Poder Judiciário, em face do Princípio da Jurisdição Única, onde a CF/88 não concede a este Poder a atribuição típica de julgar os litígios. A prova de técnico da Receita Federal/2003 feita pela Esaf considerou CORRETA a afirmação: "No conceito de Direito Administrativo, pode- se entender ser ele um conjunto harmonioso de normas e princípios, que regemrelações entre órgãos públicos, seus servidores e administrados, no concernente as atividades estatais, mas não compreendendo a regência de atividades contenciosas". NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Esse é o critério adotado por Hely Lopes Meirelles, para quem o Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. A prova de Assistente Administrativo elaborada pela Fepese /SC considerou CORRETA a afirmação: "O direito administrativo sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e indiretamente os fins desejados do Estado". TAXONOMIA DO DIREITO ADMINISTRATIVO Taxinomia e a natureza jurídica de determinado instituto do direito. Indicar a natureza jurídica consiste em apontar a qual grande categoria do direito o instituto pertence. Quando se trata de um ramo do direito, a indagação sobre sua natureza jurídica resume-se em classifica-lo como ramo do Direito Publico ou do Direito Privado. RAMOS DO DIREITO PÚBLICO Estudam a disciplina normativa do Estado: Administrativo, Tributário, Constitucional, Eleitoral, Penal, Urbanístico, Ambiental, Econômico, Financeiro, lnternacional Publico, lnternacional Privado, Processo Civil, Processo Penal e Processo do Trabalho. RAMOS DO DIREITO PRIVADO Compreensão do regramento jurídico dos particulares. Atualmente, enquadram-se nessa categoria o Direito Civil, o Empresarial e o do Trabalho. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO Súmula em sentido lato, nada mais é que o resumo do resultado dos julgamentos resultantes de teses jurídicas que demonstram o posicionamento da jurisprudência reiterada e predominante dos Tribunais. Nelson Nery Junior muito bem pontua neste sentido ao afirmar que a súmula é o conjunto das teses jurídicas reveladoras da jurisprudência dominante do tribunal e vem traduzida em forma de verbetes sintéticos numerados SÚMULA Nº 346 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS. SÚMULA Nº 419 OS MUNICÍPIOS TÊM COMPETÊNCIA PARA REGULAR O HORÁRIO DO COMÉRCIO LOCAL, DESDE QUE NÃO INFRINJAM LEIS ESTADUAIS OU FEDERAIS VÁLIDAS. SÚMULA VINCULANTE Trata-se de decisão normativa que obriga todos os órgãos da Administração Pública e do Judiciário a atuarem conforme seus parâmetros. De acordo com o artigo 103-A, da Constituição Federal: "o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei". SÚMULA VINCULANTE Nº 5 A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO OFENDE A CONSTITUIÇÃO. SÚMULA VINCULANTE Nº 13 A NOMEAÇÃO DE CÔNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE EM LINHA RETA, COLATERAL OU POR AFINIDADE, ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, DA AUTORIDADE NOMEANTE OU DE SERVIDOR DA MESMA PESSOA JURÍDICA INVESTIDO EM CARGO DE DIREÇÃO, CHEFIA OU ASSESSORAMENTO, PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU DE CONFIANÇA OU, AINDA, DE FUNÇÃO GRATIFICADA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA EM QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS, COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, VIOLA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA O princípio da segurança jurídica, também chamado de proteção da confiança, estabelece a necessidade de estabilidade das relações jurídicas em virtude do transcurso de tempo e da boa-fé do administrado. Princípio da Segurança Jurídica Canotilho elenca “O Direito propõe- se a ensejar certa estabilidade, um mínimo de certeza na regência da vida social, e acrescenta que “esta segurança jurídica coincide com uma das mais profundas aspirações do homem: a da segurança em si mesma.” A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. (Art. 5°, XXXVI) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. (Art. 5°, XXXIX) A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. (Art. 5°, XL) A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Art. 16, caput) Princípio da Segurança Jurídica Princípio da razoabilidade e proporcionalidade RAZOABILIDADE Agir de forma razoável significa coerência, lógica, congruência. É a proibição dos excessos. É afastar as condutas, despropositadas. PROPORCIONALIDADE Significa agir de forma equilibrada. Quando se pensa em proporcionalidade a palavra chave é "equilíbrio". Deve haver um equilíbrio entre os benefícios e os prejuízos. Precisa-se de equilíbrio entre os atos e as medidas aplicadas em razão dele. Esses princípios estão implícitos no texto constitucional e expressos na norma infraconstitucional (Lei 9784/99 - art. 2º) Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA CONTRADITÓRIO Significa ciência, conhecimento da existência do processo. Constitui nesse momento, a bilateralidade da relação processual. Quando se fala em contraditório deve pensar em duas bases: a lógica, em que se tem a bilateralidade e a base política, pois ninguém pode ser julgado sem ser ouvido. AMPLA DEFESA Significa dar a parte a oportunidade de defesa. Deve- se oportunidade essa defesa, concedendo um prazo para fazê-la. Os princípios do contraditório e ampla defesa então previstos no art. 5º. LV da CF/88 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA Esse principio traz para a Administração a possibilidade de rever seus próprios atos. Se os atos forem ilegais devem ser anulados. Se o atos forem inconvenientes ou iniportunos a Administração pode revogá-los. Ilegais devem ser anulados. Inconvenientes ou inoportunos a Administração pode revogá-los. ATOS ADMINISTRATIVOS NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ATOS ADMINISTRATIVOS Somente interessam os fatos que têm reflexo na ordem jurídica, denominando-se fatos jurídicos. Em relação aos fatos interessa-nos aqueles que têm alguma influência no cotidiano da Administração Pública FATOS ADMINISTRATIVOS Toda atividade material que tem, por objetivo, efeitos práticos no interesse da Administração Pública. Assim, conforme lição da ilustre professora Di Pietro, os atos da Administraçãoseria gênero, que teria as seguintes espécies: Por isso, nem todos os atos praticados pela Administração se caracterizam como atos administrativos, alguns, por exemplo, são considerados atos privados, tal como a assinatura de um cheque, o pagamento de uma fatura de telefone, a locação de um imóvel, visto que são atos regidos por regras de direito privado. CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO PROVA!!! ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO SÃO CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE É o atributo segundo o qual todo ato administrativo é proferido de acordo com o ordenamento jurídico (legalidade) e são seus fundamentos verdadeiros. Trata-se de presunção relativa (iuris tantum), ou seja, admite-se prova em contrário. Tal atributo é que permite a imediata execução dos atos administrativos, ainda que defeituosos ou inválidos, enquanto não pronunciada sua nulidade. IMPERATIVIDADE Também denominada por alguns de coercibilidade, é a possibilidade que tem a Administração de criar obrigações ou impor restrições, unilateralmente, aos administrados. Decorre do chamado poder extroverso do Estado (PODER DE POLÍCIA), ou seja, poder de restringir direitos ou criar obrigações para particulares. Com efeito, podemos constatar que esse atributo somente estará presente nos atos administrativos que criem obrigações ou restrições (atos de polícia, por exemplo), não estando em outros atos (emissão de certidão), por não criarem qualquer obrigação. AUTOEXECUTORIEDADE É o poder que tem a Administração de imediata e diretamente, executar seus atos, independentemente de ordem judicial. Pode-se dividir tal atributo em exigibilidade e executoriedade. EXIGIBILIDADE EXECUTORIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE EXIGIBILIDADE Seria a obrigação do particular em cumprir as determinações da Administração (coerção indireta). EXECUTORIEDADE Seria o poder de a Administração fazer o particular cumprir suas obrigações e em caso de não cumprimento ela mesma adotar as medidas inerentes ao cumprimento do ato (coerção direta). TIPICIDADE É o atributo no qual o ato administrativo deve corresponder às figuras estabelecidas previamente no ordenamento jurídico, ou seja, o ato deve estar tipificado, deve constar na lei como apto a produzir determinados efeitos. REQUISITOS OU ELEMENTOS DO ATO COMPETÊNCIA FINALIDADE FORMA MOTIVO OBJETO COMPETÊNCIA É o poder conferido por lei a um determinado agente público para desempenho de certas atribuições. A competência sempre decorre de lei, sendo portanto um dever seu exercício, ou seja, dever-poder, visto que o agente não cabe escolher exercitá-la ou não, devendo atuar sempre e quando for determinado por lei. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!!! Nestes termos dispõe o art. 11 da Lei nº 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo) que “a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos”. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA DELEGAÇÃO É a transmissão de poderes para que outrem realize certos atos pelo agente delegante. E, AVOCAR é chamar para si certos poderes de outro agente. DELEGAÇÃO Assim, devemos observar que a regra é a possibilidade de delegação, conforme dispõe a Lei nº 9.784/99, na medida em que, conforme estabelece o art. 13, somente é vedada a delegação de: a) edição de atos de caráter normativo; b) a decisão de recursos administrativos; c) as matérias de competências exclusivas do órgão ou autoridade. DELEGAÇÃO Diante disso, pode-se concluir que a delegação pode ocorrer quando: a) não existir impedimento legal; b) houver conveniência administrativa em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Não poderá, no entanto, ser total, deve ser apenas de parcela da competência e tem que ser temporária, ou seja, feita por prazo determinado. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA DELEGAÇÃO A delegação poderá ser feita para órgão ou agentes que estejam subordinados à autoridade delegante, como também poderá ser feita quando não exista subordinação hierárquica. Significa dizer que o delegado, ou seja, aquele que recebe a delegação, órgão ou agente, não precisa ser necessariamente subordinado ao delegante. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA DELEGAÇÃO Os atos praticados pelo delegado, no exercício da delegação, deverão constar tal fato, ou seja, que age na qualidade de delegado, de modo que os atos que praticar nessa condição deverão ser considerados editados pelo delegado. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA DELEGAÇÃO Por fim, o ato de delegação poderá a qualquer momento ser revogado pelo delegante, devendo, tanto este ato como o da própria delegação ser publicado no meio oficial. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA AVOCAÇÃO É a possibilidade de um superior hierárquico chamar para si o exercício, temporário e excepcional, de parte de competências conferidas a um subordinado. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA AVOCAÇÃO Portanto, é sempre temporária e se dará por motivos relevantes devidamente justificados, não podendo ocorrer quando se tratar de competência exclusiva do subordinado. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA AVOCAÇÃO Dessa forma, a Lei nº 4.417/65 (Lei de Ação Popular – LAP) diz que são nulos os atos praticados com vício de incompetência, e que a incompetência caracteriza-se quando o ato não se incluir nas atribuições legais. CARACTERÍSTICAS / COMPETÊNCIA Podemos, então, dizer que a competência será sempre um elemento ou requisito vinculado, ou seja, sempre é definida por lei. FINALIDADE É outro requisito ou elemento do ato administrativo e diz respeito ao fim perseguido pelo ato, ou seja, qual o seu objetivo. Com efeito, todo e qualquer ato administrativo tem por objetivo, por fim, atender ao interesse público. FINALIDADE Essa finalidade está sempre, expressa ou implicitamente, estabelecida na lei, de modo que a finalidade é sempre elemento vinculado. FORMA É o meio pelo qual se exterioriza a vontade da Administração, ou seja, consiste na realização do ato segundo os procedimentos ou solenidades descritas na norma. É como se materializa o ato administrativo. FORMA A doutrina clássica tem entendido que se trata também de um elemento vinculado, pois a lei determina como o ato deva ser praticado. Assim, em princípio, todo ato administrativo seria formal, adotando-se, como regra, a forma escrita. FORMA DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA!!! No entanto, nos termos do art. 22 da Lei nº 9.784/99, e entendimento doutrinário mais moderno, ao qual aderimos, nem sempre a forma está prevista em lei, ou seja, às vezes ela é livre. Explico. Muito embora a Lei nº 9.784/99 determine que os atos do processo administrativo sejam realizados por escrito, o citado artigoestabelece que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”. FORMA FORMA De mais a mais, é importante destacar que poderemos ter atos administrativos exteriorizados não só pela forma escrita, mas por meio verbal, por gestos ou mímica, até mesmo por meio de equipamentos ou sinais. MOTIVO É o fundamento de fato e de direito que serve de suporte ao ato administrativo, ou seja, como bem destacado por Hely Lopes Meirelles, motivo ou causa, “é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. MOTIVO É preciso, no entanto, diferenciarmos motivo e motivação. A motivação, conforme leciona Celso Bandeira de Mello, integra a formalização do ato, sendo a exteriorização, exposição, dos fundamentos de fato e de direito que deram suporte a prática do ato, ou seja, é a demonstração ou exposição dos motivos. MOTIVO TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES Para esta teoria os motivos que deram suporte à prática do ato integram a sua validade, de maneira que se os motivos forem falsos ou inexistentes o ato estaria viciado, sendo inquinado de nulidade. Tal teoria aplica-se a qualquer ato, mesmo para aqueles que não se exige motivação, mas se declarou o motivo, está vinculado ao declarado. OBJETO Objeto é o resultado prático que a Administração se propõe a conseguir. É denominado, por alguns, como conteúdo, ou seja, é o efeito jurídico imediato do ato administrativo, é a coisa, a atividade, ou a relação de que o ato se ocupa e sobre o qual tende a recair. O objeto do ato administrativo pode ser discricionário ou vinculado, consoante tenha ou não margem para escolha, entre um objeto ou outro, pelo Administrador. MÉRITO ADMINISTRATIVO Conforme se enunciou, alguns dos elementos do ato administrativo são sempre vinculados e outros, não. Vinculação quer dizer que a lei não deu liberdade de atuação do administrador, que deverá observar os estritos termos da norma. Por outro lado, quando há certa margem de liberdade para atuação do administrador, cabendo-lhe avaliar a conveniência e oportunidade da prática do ato, diz-se que o ato é discricionário. MÉRITO ADMINISTRATIVO Será sempre vinculada a competência, a finalidade e, como regra, a forma, eis que lei irá dispor sobre seus limites. Porém, no tocante ao objeto e a valoração dos motivos, poderá a lei não dispor de forma exaustiva, permitindo que a Administração possa escolher qual o objeto a ser perseguido, bem como escolher dentre as razões de fato e de direito que dão ensejo à prática do ato. MÉRITO ADMINISTRATIVO CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A LIBERDADE DE AUTUAÇÃO VINCULADO; DISCRICIONÁRIO; CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A LIBERDADE DE AUTUAÇÃO VINCULADO; Ato vinculado é aquele em que a lei fixa todos os requisitos de sua realização, não havendo margem de liberdade para atuação do agente público, de modo a proceder à avaliação da conveniência e oportunidade da prática do ato. Ex. licença paternidade, eis que ao nascer o filho do servidor este, automaticamente, saíra em licença. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A LIBERDADE DE AUTUAÇÃO DISCRICIONÁRIO; O ato discricionário é aquele em que há margem de liberdade para atuação do agente público, cabendo-lhe decidir acerca da conveniência e oportunidade em se praticar o ato. Exemplo: concessão de férias que poderá ser de acordo com a conveniência e oportunidade da administração. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE SIMPLES; COMPOSTO; COMPLEXO; CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE SIMPLES; Ato simples é o que decorre da manifestação de vontade de um único órgão, colegiado (comissão disciplinar) ou singular (ato do chefe). Este ato estará completo com a emanação de vontade desse órgão, não dependendo de qualquer outra manifestação para ser considerado perfeito e eficaz. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE COMPOSTO; Ato composto é aquele que resulta da manifestação de um só órgão, mas cuja produção dos efeitos depende de outro ato de um outro órgão que o aprove. Ex. nomeação de Ministro do Tribunal Superior. Uma vez nomeado, deverá ser sabatinado pelo Senado e se aprovado poderá tomar posse no cargo. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE COMPLEXO; Ato complexo é o que decorre de manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, que se somam formando um único ato. Importante destacar que o ato só se considera formado quando há as duas manifestações, uma delas apenas é insuficiente para dar existência ao ato, somente com a junção das duas é que estará formado. Nesse sentido, se dá como exemplo o ato de aposentadoria de servidor. Sendo esse o entendimento, majoritário, no âmbito do STJ e do STF. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AO SEU DESTINATÁRIO GERAIS; INDIVIDUAIS; CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AO SEU DESTINATÁRIO GERAIS; Gerais são aqueles que não possuem destinatários determinados, são abstratos e impessoais, ou seja, buscam atingir a todos que se enquadrem na mesma situação, indistintamente. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AO SEU DESTINATÁRIO INDIVIDUAIS; Os individuais possuem destinatários determinados, certos, ou seja, faz previsão de uma situação concreta, cuja beneficiário é determinado. Assim, resoluções e portarias são exemplos de atos gerais e não individuais. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO CONSTITUTIVO; EXTINTIVO; DECLARATÓRIO; ALIENATIVO; MOTIVO; ABDICATIVO; CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO CONSTITUTIVO; O ato constitutivo é aquele que cria uma nova situação jurídica para seu destinatário. Tem-se a criação de uma situação jurídica nova. Ex. nomeação de servidor, promoção do servidor, concessão de licença etc. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO EXTINTIVO OU DESCONSTITUTIVO; É aquele que põe fim, extingue, situações jurídicas existentes. Ex.: demissão, cassação de autorização. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO MODIFICATIVO; Ato modificativo é o ato que tem por fim alterar situações já existentes, sem, contudo, suprimi-las. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO DECLARATÓRIO; Ato declaratório é aquele que declara uma situação preexistente, visado preservar o direito declarado. Trata-se de mera certificação de fato ocorrido. Ex: certidão, atestado, homologação, anulação. A Profa. Di Pietro entende que declaratório seria o ato que reconhece um direito quejá existia antes do ato. Ex: uma isenção, admissão, licença etc. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO ALIENATIVO; É o ato que trata de transferência de bens ou direitos de um titular a outro. Por isso, também é considerado ato modificativo. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUANTO AOS SEUS EFEITOS ATO ABDICATIVOS; Ato abdicativo são os atos por meio o administrado abre mão, abdica de um determinado direito. A Profa. Di Pietro ainda cita os atos enunciativos, nos quais a Administração apenas atesta, reconhece determinado fato ou emite juízo de conhecimento ou opinião, separando-o dos declaratórios, como exemplo as certidões, declarações, pareceres etc. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS O ato administrativo pode ser extinto por diversos motivos, seja o ato eficaz ou ineficaz, podendo ocorrer sua extinção de forma natural ou por vício que o inquine de ilegalidade ou ilegitimidade, podendo, ademais, ser retirado por razões de mérito administrativo. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS O ato administrativo pode ser extinto por diversos motivos, seja o ato eficaz ou ineficaz, podendo ocorrer sua extinção de forma natural ou por vício que o inquine de ilegalidade ou ilegitimidade, podendo, ademais, ser retirado por razões de mérito administrativo. Podemos apresentar as seguintes formas de extinção do ato administrativo: EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO POR RETIRADA Revogação; Anulação; Cassação; Caducidade; Contraposição. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO POR RETIRADA Dá-se a cassação quando as condições ou requisitos que foram estabelecidos para a prática do ato restaram desatendidas pelo beneficiário, quando deveriam ser observadas a fim de que pudesse continuar desfrutando dos benefícios decorrentes do ato. (autorização para porte de arma, contudo, posteriormente, o agente sofreu condenação criminal, restando, portanto, as condições estabelecidas para tal autorização desatendidas, de maneira que incidirá o poder de cassar a autorização anteriormente dada). EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO POR RETIRADA A caducidade ocorre porque sobreveio norma que não se permite mais os efeitos do ato antes autorizado. Trata-se, portanto, de norma superveniente contrária à que permitia a prática do ato. Exemplo de mudança de locais que eram destinados a espetáculos em virtude de nova lei de zoneamento. Assim, aqueles que tinham autorização para realizar espetáculo em tal local, assim, o ato caducou, de modo que já não poderá mais se apresentar ali. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO POR RETIRADA A contraposição diz respeito à prática de novo ato administrativo, cuja competência é diversa do que gerou o ato anterior, porém o conteúdo é ditado em contradição ao daquele. Ex. Um superior hierárquico de um setor X concede diárias para um subordinado realizar um curso oferecido pela Administração. No entanto, após a autorização, a autoridade desse órgão baixa uma portaria determinando que não será autorizada a realização de cursos fora da sede. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO POR RETIRADA Por fim, a renúncia, como causa de extinção do ato, ocorrerá quando houver a rejeição pelo próprio beneficiário da situação jurídica que lhe era favorável, decorrente do ato administrativo praticado, tal como no caso de renúncia à promoção, renúncia à remoção a pedido etc. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS EXTINÇÃO POR RETIRADA Por fim, a renúncia, como causa de extinção do ato, ocorrerá quando houver a rejeição pelo próprio beneficiário da situação jurídica que lhe era favorável, decorrente do ato administrativo praticado, tal como no caso de renúncia à promoção, renúncia à remoção a pedido etc. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS REVOGAÇÃO X ANULAÇÃO A revogação é a extinção do ato administrativo por não mais se coadunar com os interesses perseguidos pela Administração na consecução do interesse público. Trata-se de reavaliação dos critérios de conveniência e oportunidade na manutenção do ato. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS REVOGAÇÃO Assim, diz-se que a revogação é expressa quando o novo ato diz peremptoriamente que fica revogado o ato anterior, e é implícita ou tácita quando o novo ato trata do mesmo conteúdo disposto no ato anterior EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS REVOGAÇÃO É bom ressaltar que o competente para revogar é a mesma autoridade que praticou o ato a ser revogado, tendo por objeto, em regra, um ato válido, pois na revogação não se discute a legalidade e legitimidade do ato, apenas se este atende aos anseios da coletividade no sentido de ser oportuno ou conveniente. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS REVOGAÇÃO É importante ressaltar que a revogação do ato administrativo opera-se sempre de forma exclusiva pela Administração Pública, de modo que os outros poderes não podem revogar ato emanado pelo juízo de mérito administrativo, ressalvado, por óbvio, se o ato administrativo emanou de suas funções atípicas. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS REVOGAÇÃO Significa dizer que o Poder Judiciário não detém competência para revogar ato administrativo de outro poder, podendo, contudo, revogar seus próprios atos administrativos, quando agindo na função administrativa. A revogação tem por fundamento o poder discricionário da autoridade administrativa em praticar o ato. Assim, se tem poder para praticá-lo segundo a conveniência e oportunidade, também terá o poder de reavaliar tal juízo em momentos futuros EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS REVOGAÇÃO Por se tratar, portanto, de poder que incide sobre ato válido, a revogação deverá operar apenas para frente, de modo que seus efeitos são ex nunc, ou seja, futuros – dali para frente, não alcançado as relações pretéritas. Desse modo, os efeitos pretéritos do ato são mantidos até a incidência do ato revogador, quando a partir de então não se verificará mais a incidência do ato revogado. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ANULAÇÃO Outrossim, no tocante aos vícios incidentes sobre a legalidade ou legitimidade, passa-se pelo estudo da anulação do ato. Anulação, portanto, é a extinção do ato administrativo por razões de ilegalidade, ou seja, por estar o ato em desconformidade com as determinações constantes do ordenamento jurídico. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ANULAÇÃO A anulação do ato pode ocorrer por motivo de ilegitimidade ou ilegalidade, por isso, os seus efeitos são retroativos, de maneira a fulminar o ato desde o seu nascedouro, ou seja, efeitos ex tunc. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS CONVALIDAÇÃO A convalidação ou saneamento é o ato administrativo pelo qual se supre o vício do ato ilegal, de modo a validá-lo com efeitos retroativos, ou seja, ab initio. Com efeito, de acordo com a Lei nº 9.784/99, podemos dizer quehá duas hipóteses em que se permite a convalidação: EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS CONVALIDAÇÃO Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiro, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS CONVALIDAÇÃO Assim, na primeira hipótese, ou seja, pelo decurso de prazo, qualquer vício existente em ato administrativo, uma vez alcançado o prazo decadencial de cinco anos, e beneficiário esteja de boa-fé ficará convalidado. Outrossim, na segunda hipótese, convalidação por ato administrativo, ou seja, decisão administrativa, entende-se que se trata de ato discricionário, pois a Administração poderá convalidar ou não. Significa que temos um ato nulo, porém o vício é considerável sanável.
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