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DINÂMICA DA ÁGUA NO SOLO PauloLeonelLibardi SUMÁRIO r. TensãoSuperficial... 11 1. Introdução................... 11 2. Contratilidadeda SuperficiedosLíquidos 11 3. DefiniçãodaTensãoSuperficial......................................................16 4. Ângulo de Contato 18 5. Fórmulade Laplace 21 6. Capilaridade 27 7. Exercícios........... 32 11.EstruturadaÁgua 35 1. Introdução 35 2. Estruturado VaporD'Água 35 3. Estruturado Gelo Comumou Gelo I.............................................37 4. EstruturadaÁgua Líquida...............................................................37 IH. Retençãoe CálculodaÁguano Solo 41 1. RetençãodaÁguapelosSolos 41 2. CálculodaÁguano Solo 43 3. Exercícios 64 IV. TermodinâmicacomoBaseparaEstudosde SistemasBiológicos 69 1. Introdução............... 69 2. NomenclaturaTermodinâmica 69 3. PrimeiraLei daTermodinâmica 73 8 • Sumário 4. SegundaLei da Termodinâmica 78 5. RelaçãoFundamentalda Termodinâmica ,.............. 82 6. Transformaçõesde Legendreà PotenciaisTermodinâmicos 83 7. SignificadodasFunçõesEntalpia,EnergiaLivre deHelmholtze EnergiaLivre deGibbs 90 8. PotencialQuímicode umaSubstância 94 9. Influênciado CampoGravitacionalTerrestre 96 10. Exercícios 98 V. PotenciaisdaÁguano Solo 101 1. Introdução......................................................... 101 2. PotenciaisdaSoluçãono Solo 101 3. Potenciaisdo ComponenteÁguano Solo 121 4. Unidadesde Potencial......................................................................122 5. Exercícios........ 124 6. Apêndices........................... 124 VI. MedidasdosPotenciaisdaÁguano Solo 129 1. PotencialGravitacional......................................................................129 2. Potencialde Pressão 131 3. PotencialMátrico 132 4. Potencialde Soluto.... 151 5. ExercÍcios 153 VII. MovimentodaÁguano Solo 159 1. Introdução... 159 2. Equaçãode Darcy 159 3. Equaçãode Darcy-Buckingham.............................................. 162 4. RegraPráticaparaDesignaro SentidodosMovimentos Horizontale VerticaldaSoluçãono Solo 168 5. EquaçõesFenomenológicasde Onsager 171 6. Eauacãoda Continuidadeparaa Soluçãono Solo 176 3. Equaçãode Greene Ampt 210 4. Equaçãode Kostiakov(1932) 213 5. Equaçãode Horton (1940) 214 6. Equaçõesde Philip (1955e 1957) 215 IX. Métodosde Medidada CondutividadeHidráulicadosSolos.......... 231 1. Introdução............ 231 2. Métodosde Laboratório 231 3. Métodosde Campo 239 4. OutrosMétodos 249 5. ExercícioIlustrativo..... 250 X. BalançoHídrico . 261 1. O Balanço........ 261 2. ExemploIlustrativo 265 3. Exercício- Cálculoda Evapotranspiraçãode umaCultura de Milho pelaEquaçãodo BalançoHíbrido no Solo 270 ApêndiceI - DiferenciaisTotais 275 ApêndiceII - AnáliseVetorialcomoBaseparaEstudodaÁguano Solo 279 1. Introdução............ 279 2. Conceitode Vetor 279 3. RepresentaçãodosVetores 279 4. Somae SubtraçãodeVetores 280 5. ComponentesCartesianosde um Vetor.........................................282 6. Produto de Vetores 284 7. ProdutoMisto 288 8. Duplo ProdutoVetorialTriplo 289 9. Produto de QuatroVetores 289 10. DerivadaVetorial 289 11. Derivadade Somase Produtos 290 12. Componentesda Derivadade um Vetor 291 10 • Sumário 13. Gradiente............. 291 14. Divergência....... 296 15. Outros Operadores 302 ApêndiceIII - EnergiaPotencialGravitacional........................................303 ApêndiceIV - RespostasdosExercícios 307 CapítuloI............................................ 307 CapítuloIII 308 CapítuloIV 310 CapítuloV................ 314 CapítuloVI... 314 CapítuloVII 314 BibliogTafia 323 Índice Remissivo.. 331 I TENSÃO SUPERFICIAL 1.INTRODUÇÃO o estudodatensãosuperficialé defundamentalimportânciaparao completoentendimento dofenômenodaretençãodaáguanosolo.Estecapítuloabordaatensãosuperficialnosseusaspectos básicose,nestesentido,comoreferênciacomplementar,sugerimosumbomlivrodeFísicacomo, porexemplo,o dePerucca(1953).A maioriadoslivrosdeFísicadoSolotambémtratadoassunto, masodeKirkhamePowers(1972),especificamenteseucapítuloI, desenvolve-odetalhadamente. 2. CONTRATILIDADE DA SUPERFÍCIE DOS LÍQUIDOS 2.1Evidênciasdofenômeno Diversassãoasexperiênciasquepodemcomprovaraexistênciadeuma"membranacontrátil" nasuperficiedoslíquidos. Um exemplocotidianoéa fonnaçãodegotículasquandosederramaáguaemumasuperfície encerada,mostrandoquea águaestácomoqueenvoltaporumamembranaquea mantémnessa fonna.Isto é tambémobservadomuitofacilmentequandomercúrioé colocadonumasuperfície limpademadeira. O examedeumagotadeágualentamenteformadanumconta-gotasou nabocadeuma torneiratambéméumexemplobastantecorriqueiro.Nessecaso,aáguaseacumula(comosefosse coletadanumamembranainvisível)atéumdeterminadotamanho,quandoé,então,desprendidana fonnadeumagotaesférica. Se salpicannostalcona superfíciedo mercúriocontidonumrecipientesuficientemente profundo,e emseguidaaprofundarmoscuidadosamenteestasuperficiecomumbastãodevidro, verifica-sequeo talcodesaparecenoorificiofeitopelobastãodevidro,reaparecendoeretomandoa suaposiçãooriginalquandoobastãoéretirado.Estaexperiênciaéumaevidênciadequeexisteuma certaresistêncianasuperfíciedomercúrioqueimpedea introduçãodaspartículasdetalcono seu interior. Demonstra-setambéma contratilidadeda superfíciedos líquidospela fornlaçãodas conhecidasbolhasdesabão,asquaispodemserexpandidasoucontraidasconformemaisOll menos arsejapermitidoentraremseuinterior. 12 • TensãoSuperficial Se, na mesmaáguacom sabãoutilizada para fom1aras bolhas,mergulham10suma armação fechadafeita de aramebem fino, verifica-se,ao retirá-Iacuidadosamentedo líquido, a fonnação de uma película desteno seu interior. Colocando-se nestapelícula um fio de seda de extremidades unidas,estetomaráuma fonna qualquer.Se, no entanto,furannos a película intema ao fio de seda, estetomaráumafonna circular. Ora, paraum perímetroconstante,a figura demaior áreaé o CÍrculo. Logo, estaexperiênciamostraque a película de líquido remanescente(palie extemaao fio) tendea ocupara áreamínima,evidenciandoclaramentea contratilidadedapelículaformada. 2.2Explicação molecular Imaginemos um detenninado líquido (água, por exemplo) em repouso dentro de um recipiente.Cada moléculado líquido é atraídapelasmoléculasque a rodeiampor forças conhecidas como forças molecularesde London-van der Waals de atraçãocoesiva, ou simplesmenteforças molecularesde coesãoou, ainda,apenasforças de coesão.Esta atraçãodiminui rapidamentecom a distânciae setoma nula a uma distânciar, querecebeo nome de raio da esferade açãomolecular. Este raio, portanto,é a distâncialimite para a qual a molécula consegueexercerforças de atração sobreasoutras,seuvalor não excedendo0,5nm paraa água. Nestascondições,moléculascomo MIou M2 (Figura 1.1),cujasesferasde açãomolecularou de influência se encontramtotalmentedentrodo líquido, atraeme são atraídassimetricamentepor todasasmoléculasvizinhas, isto é,as forçasde coesãosãoequilibradase suaresultanteénula. Entretanto,paraqualquermoléculacuja esferade açãonão estejainteiramenteno interiordo líquido, como M3 e M4, por exemplo (naFigura 1.1),as forçassobreelanão se equilibramporquea calota inferior da sua esfera de ação (áreahachurada,Figura 1.1)estácheia de moléculas que as atraem,mas a calotacorrespondentesuperiorcai fora do líquido e, não estandocheia de moléculas como a inferior, a força de coesãoresultantedo hemisfériosuperiorda esferade ação molecular se toma menordo que a resultantedo hemisfério inferior. Como conseqüência,tal molécula é atraída para o interior do líquido pela resultantedessasforças de coesãonão equilibradas.Evidentemente estaresultanteé nula quandoa distânciaentrea moléculae a superfíciedo líquido for maior ou igual a r (moléculaM2, Figura 1.1)e vai aumentandoà medidaque a moléculase aproximada superfície do líquido atéum máximo,quandoseencontrana interface(moléculaM4,Figura 1.1). --F2=O- -=--=- -'- _ - - F3- ~- - ~~- - -F4 - - - - @----- ~~ ~ ~ ~ ~ - -~ -- - - - - - ---jJ- - ~ ~ ~ -=- M_L-:---=--=--=--=--=- ~~ ~ - - - -FI=O-=--=--=--=--=--=- F.'gUrGi.i Forças nasmoléculasdeumlíquido. DinâmicadaAguQ 110 Solo • 13 Estacamadasuperficialdeespessurar échamadade"camadaativa". Portanto,pela açãodestasforçasnasmoléculasda camadaativa,a superficiedo líquido se contrai,minimizandosua áreae adquirindouma energiapotencialextraque se opõe a qualquer tentativadedistendê-Ia,ou seja,ocorrendoumadistensão,atendênciadasuperficieé semprevoltarà posiçãooriginal.Em outraspalavras,devidoa essasforças,a superficiedo líquido setomaconh·átil. 2.2.1Pressãointerna Além de tomar a superficiedos líquidos contrátil,essasforças molecularesde coesãonão equilibradasdacamadaativacausam,ao puxartodasasmoléculasdacamadaativaparao interiordo líquido,umaenonnepressãochamadapressãointernaP '.Paraa água,P' == 1700MPa. I----- Z f- Pj):.( P M P p Figura1.2 Pressãoe.xercidapor umlíquido. Todos sabemos,por outrolado,queumadashipótesesfundamentaisdahidrostáticaelementar é de que a pressãoexercidapor um líquido se devea seupeso e à suapropriedadede transmitir pressãoem todasas direções.Assim, se considerannosa situaçãoda Figura 1.2,na qual o líquido possuiumadensidadep e sobresuasuperficieestáatuandoapressãoatmosférica(Pa1m), apressãoP no pontoMlocalizado naprofundidadez dorecipienteé dadapor: P=~IIIII +pgz, (1) sendog a aceleraçãodagravidade. Entretanto,tendoemvistao expostoa respeitodapressãointernasoba superficiedo líquido, o valor corretodapressãoP a umadistânciaz abaixodeumasuperficieplana(Figura 1.2)não é, na realidade,dadopelaequação(1),massimpelaequação(2) abaixo: P =POIIII +p' +pgz. (2) No entanto, esta pressão interna é cancelada nas medidas hidráulicas comuns, não necessitando,portanto,serconsideradanessasmedidas,daía equação(1) sersuficiente. 2.2.2Níveisdepressão ofatodeP' sercanceladanasmedidashidrostáticastoma-semaisfácil deserentendidocom a definição de termos importantes,como pressãoabsoluta,pressãobarométrica(ou pressão atmosféricalocal)epressãomanométrica(ou efetiva).Na realidade,taistelmossereferema níveis 14 • TensãoSupeljicial depressão.Assim,teríamosumníveldezero absolutonoqualhaveriavácuocompleto(inexistência de pressão),de tal maneiraque todasas medidasde pressãofeitasem relaçãoa estenível representariampressõesabsolutas.A pressãoatmosféricalocaléumamedidadepressãoabsolutado aratmosféricoemqualquerelevaçãoe,sendomedidapormeiodebarômetro,étambémchamadade pressãobarométrica.Alémdoníveldezeroabsoluto,definiu-se,então,umoutronível,odapressão barométricaem relaçãoao qualse definempressõesmanométricas,pelo fatode o "zero"dos manômetrossersemprea medidadapressãoatmosféricado localondea medidaestásendofeita. Destemodo,se chamannosdeP a pressãoabsolutae de Pallll a pressãobarométrica,a pressão manométrica,PI/I>édadapeladiferençaentreP ePallll, istoé, P =P-Pm (11m· (3) ":; '§ .D." o .~I leiturabarométricaK local(pressão absoluta) pressãoabsoluta:P Á í P >O(pressão) mlI pressãoatmosféricalocal:P atm T Pm<O(vácuo) 1 pressãoabsoluta:P ":;õ Vl .D" o." Vl Vl~." zeroabsoluto (vácuocompleto) Figura 1.3Definição depressãoabsoluta(P), pressãoatmosféricaou barométrica(Pall/J epressão manométrica(PI/J. Observequeapressãomanométricaouefetivaé,narealidade,umadiferençadepressão.É porissoque,quandoP >Pallll, seuvalorépositivo(PlII >O) e,quandoP <Pali", negativo(PlII <O), istoé,o medidor,o manômetro,estámedindoumvácuoou,maisconetamente,umapressãomenor doqueapressãoatmosféricalocal.O esquemadaFigura1.3ilustrabemestasdefinições. Exemplollustrativo A pressãodeardeumpneudecanoémedida,pormeiodeummanômetro,emumlocalA emqueapressãobarométricaéde93kPa.O resultadoobtidoéde0,2MPa.Estepneué levadopara um outrolocalB, quese encontraà mesmatemperaturaqueo localA, mascomumapressão barométricade 80 kPa. Em B, a pressãode ar do pneué novamentemedida,por meiode um manômetrolocal.DequantoseráovalordaleituradomanômetronolocalB? Solução: Pela equação(3), percebe-sefacilmentequea pressãomanométricaé influenciadapelo ambientedomedidordepressãooumanômetro. Assim,pelamesmaequação,apressãoabsolutaemA vale: P =p,,, +Po1m ou Dinâmica da Aguano Solo • 15 P =0,2+0,093=0,293MPa, umavez que,no caso,emA, Pm=0,2MPa ePalm=93kPa =0,093MPa. Em B, a pressãoabsolutaé,evidentemente,igual à deA, ou seja,nadaaconteceu(variaçãode temperatura,devolumeou demassadear)paraqueelasemodificasse.Portanto,a pressãoou leitura manométrica,emB, vale: Pm =P-Palm ou Pm=0,293- 0,080=0,213MPa. Ou seja,o manômetrodo local B lê um valor (0,213MPa) maior do queo valor (0,2 MPa) lido pelo manômetrodo local A, porquea pressãobarométricade B é menordo quea deA. Note, portanto,que isto não querdizerqueo pneuemB estámais"cheio" do queemA. Quem comanda estefato é a pressãoabsoluta,uma vez que asparedesdo pneu sãorígidas.Note aindaque,neste caso,a diferençaentreos valoresdePm é pequena(6%) entreos dois locais,porque,emrelaçãoa pressãode ar do pneu,aspressõesbarométricassãomuitopequenas.Isso nos levaa concluir quea variaçãoda pressãoatmosféricaentreos locais onde a medidafoi feita não foi muito relevante, apesardestater sido de,aproximadamente,14%.À medida,entretanto,queos valoresdaspressões absolutae atmosféricaforem se tomandomais próximos entre si, toma-semais relevanteesta variaçãode Pall1l e, conseqüentemente,menosrecomendávelo uso da pressãomanométricapara compararvaloresdepressãoentreambientescomPalmdiferentes. Para explicaro esquemada Figura 1.3,principalmenteno casoem queP <PaI"" e também paracomprovarqueapressãointernaP' secancelanasmedidashidrostáticas,considereos desenhos daFigura IA. reservatóriode _a~comprimido :::::::;:~;f:~:~~ =:=:::=:::-:::=::: ::::::~::~~~~~~~ª reservatóriode arsobvácuo~~~ -- - - P ~>~ h rIm :, 'f I P' (b) P,n=- pgh Figura 1.4 Exemploilustrativomostrandoquando(a)Pm>O e (b)Pm<O (vácuo). Esta figuramostraum tuboem "U"com água(manômetrodeágua);numcaso,comum dos ramos conectadoa um reservatóriocom ar comprimido(Figura lAa), portantocom uma pressão maior do que a atmosféricalocal Patim e no outro conectadoao mesmo reservatório,porém parcialmentecomvácuo(Figura lAb), portantocompressãomenordo quea atmosféricalocal Palm• Note quea leiturah do manômetrodá diretamenteo valor dapressãomanométrica,isto é,P - P"lm, semsernecessárioconsiderarP '. 16 • TensãoSuperficial Este fato da pressãointernaP' não necessitarser consideradanas medidasde PII1, como acabamosdever,nãoocorrequandoseestudamfenômenoscapilares(ascensãoe depressãocapilar), os quais, pelo contrário, só podem ser explicadoscom base na existênciadestapressão,mais especificamentede seuincrementoquandoa interfacelíquido-gássetomacurva(ver item5).Neste caso,aequação(l) nãoé suficienteea equação(2) temqueserutilizada. 3.DEFINIÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL Como vimosno itemanterior,a superficiedos líquidosé contrátil,isto é,ao serdistendidasua tendênciaé semprevoltar à posiçãooriginal,mostrandoque se encontranum estadode constante tensão.Uma películade uma soluçãode águae sabãoilustrabemestefenômenoe pennitedefinir comclarezaa tensãosuperficialdeum líquido. Consideremos,então,uma armaçãoABCD de fio de cobre fino, com seu lado AB, de comprimentoL, móvel.Mergulhemosestaarmaçãonumasoluçãodeáguacomsabãoe obtenhamos, na sua retirada,uma películado líquido no seu interior,conforn1emostraa Figura 1.5.Quandose puxaAB comumadeterminadaforçaparabaixo,a películarespondea esteestímuloe sedistendee, quando se libera a aplicação destaforça, ela se contrai, mostrando,portanto,que a película é contrátil.Uma conclusãoimportanteé que estacontratilidadeé completamenteindependenteda espessurada película, isto é, o trabalhoa se fazerparaaumentara superficieé sempreo mesmo, estejaa películamuitoou poucoesticada,ouseja,sejaelafina ou espessa.Isto aconteceporqueeste trabalhoconsisteunicamenteemtrazermoléculasdo interiorparaassuperficiesdapelícula,contraa forçadapressãointerna.Igualmente,quandoa forçadeesticamentoé liberada,a contraçãodo filme nãoénadamais,nadamenosdo queumamanifestaçãodaforçadapressãointernaemtrazerdevolta as moléculaspara o interiorda película. Conseqüentemente,o trabalhofeito pelo agenteexterno, quandoa superficieestáaumentando,ou pela pressãointerna,quandoestádiminuindo,é sempre proporcionalao aumentoou decréscimodasuperficie,independentementedo estadode esticamento do filme. Esta conclusãoestáem desacordocom a lei quegovernao esticamentodos sólidos(umatira de câmarade pneu,por exemplo),paraos quaisa força de esticamentodependede seuestadode esticamento,istoé,desuaespessura;no entanto,é completamentecomprovadapelaexperiência. Segue-se,destasconsiderações,que seAB for puxadoparabaixo com uma forçaF em uma distânciad (figura5),o trabalhow realizadopor estaforçaserá: w=F.d, (4) e o aumentode áreada superficieserá2Ld,uma vez que ambosos lados da película devemser considerados;observequea forçaF atuapormeiodofio AB na linhadecomprimento2L dapelícula (lL paracadaladodesta). Como estetrabalhoéproporcionalaoaumentodesuperficie,seuvalor,por unidadedeáreade superficiedistendida,é uma constante(j para cada líquido, numa detenninadatemperatura.Por expressara magnitudedo estadode tensãoda superficiedo líquido,tal constanterecebeuo nomede tensãosuperficialou coeficientedetensãosuperficial,istoé,parao arranjodaFigura 1.5: ~=2;d~ [,:2] (5) L ·CD. A i7'7S~777'h'7'777777"7'7<;~.B ://///////, ://////~ / Id t I y-, F Figura1.5 Medidadatensãosuperficialdeumlíquido. Portanto,por definição,tensãosuperficialdeumlíquidoé o trabalhopor unidadedeárea astoparadistenderasuperficiedesselíquido. A substituiçãodaequação(4) naequação(5) resultaparaaovalor: a =.!.- -7[N], (6)2L m S(Q é,a forçanecessáriaparadeslocarAB deumamesmadistânciad é proporcionalao comprimento 2L da linhadasuperficienaquala forçaF éaplicadae aconstantedeproporcionalidadeé 0". Portanto,a tensãosuperficial,querepresentaum trabalhoporunidadedeárea,éequivalentea ma força por unidade de comprimento.Analisemos um pouco mais este fato. A partir da uação(6),quando2L=1,obviamente: a =F (numericamente), (7) ondese conclui quea tensãosuperficialasemanifestana superficiedequalquerlíquidocomoa orçaF contrátil,tangenteà superficieenumericamenteigualaotrabalhonecessárioparatrazerdo interiorpara a superficiedo líquidoumnúmerosuficientede moléculaspara criar umaárea mitáriadesuperficienova. Face a estasconsiderações,pode-sevisualizarO" daseguintemaneira:setraçannosumalinha arbitráriade comprimento.t sobrea superficiede qualquerlíquido, pelo fato de a superficiese encontrarnum estadode constantetensão,a superficiede cadalado da linha puxa a superficiedo ladoopostocomumaforça igual ajperpendicular à linha e paralelaà superficie(Figura 1.6),de tal odo que O"=fi/.É evidentequese a linha sobrea superficiefor diminuídade f'para 112 a força passarádejparaj12,pois aéconstante. • TensãoSuperficial Figura1.6 Tensãonumasuperfieiedelíquido. ovalordocoeficientedetensãosuperficialdependenãosódo líquido,mastambémdomeio circundante.Paranossosobjetivosinteressaapenaso casoemqueo ar é o meio.Quandoaquio meiocircundantenãoé mencionadoestáimplícitoquesejao ar.Dependetambémdatemperatura, diminuindoà medidaqueestaaumenta.A seguir,apresentamosalgunsvaloresde (J paraa água,a diversastemperaturas,tendooarcomomeiocircundante. Tabela1.1Coeficientedetensãosuperficialparaa água. Temperatura (K) 265 268 273 278 283 288 291 293 298 303 313 323 373 4.ÂNGULO DE CONTATO Coeficientedetensão superficial(J (N/m) 0,07700 0,07640 0,07560 0,07490 0,07422 0,07349 0,07305 0,07275 0,07197 0,07118 0,06956 0,06791 0,05880 DinâmicadaAguanoSolo • 19 tivessequalquerforça-componenteparalelaà superfície,asmoléculasmover-se-iamemrespostaa estaforça-componentee não haveriaequilíbrio.Imaginemos,então,um líquido dentrode um detenninadorecipienteeanalisemosasforçasqueatuamnasmoléculassituadasnalinhadecontato, istoé,na linhacompostapelospontoscomunsàstrêsfases:sólida(parededo recipiente),líquida (líquidoemestudo)e gasosa(o ar atmosférico,por exemplo).Em corte,a linhade contatoé um pontoconhecidocomoponto de contatoP, conformemostraa Figura1.7,no qual atuamas seguintesforças: a) A forçadagravidade:devidoaotamanhoextremamentepequenodaesferadeinfluência,o peso daspartículascontidasem seuinterioré completamentedesprezívelem comparaçãocom as forçasmoleculares. b) A resultanteF dasforçasmolecularesdeLondon-vanderWaalsdeatraçãocoesivadasmoléculas dolíquidodoquadrantePAB sobreapartículaP. c) A resultanteG dasforçasmolecularesdeLondon-vanderWaalsde atraçãoadesivado sólido s9breapartículaP; estaforçapodeserdivididaemduaspartes:aqueladevidaàpartedosólido acimadasuperfíciedo líquido(quadrantePCD), de intensidadeG1 e aqueladevidaà partedo sólidoabaixodasuperfíciedo líquido(quadrantePBC), de intensidadetambémG1; portanto,a intensidadedaresultantedasforçasG deadesãosobreapartículaP seráigualàG I '1/2 (teoremado paralelogramo). É pormeiodarelaçãoentreasintensidadesdestasduasforçasmoleculares(a resultantedas forçasdecoesãodo líquidoe a resultantedasforçasdeadesãoentreo sólidoe o líquido)quese detenninase o ânguloformadono líquidoentreo planotangenteà suasuperfícieno pontode contatoe a parededo recipienteseráreto(superfícieplana),agudo(superfíciecôncava)ou obtuso (superfícieconvexa),comoveremosnos trêscasosa seguir.Esteângulodenomina-seângulode contato. sólido G gás líquido A o Figura 1.7 Angulodecontatoa=90 . ]O caso:quandoF =2G}ouF =GV2 Nesta situação,como se podeobservarpela Figura1.7,a resultantefínal R das forças molecularesatuantesemP é paralelaà parededo recipiente,istoé, perpendicularà superfíciedo 20 • TensãoSuperficial líquido.Conseqüentemente,existeequilíbrionacondiçãoassumidaeo ângulodecontatoaéiguala 90°. rcaso: quandoF <2Gj ouF < GY2 Nestecaso,a resultantefinalR cairáno quadrantePCB (Figura1.8).Conseqüentemente,não podehaverequilíbrioatéquea superficiepróximadeP setomecôncava,istoé,atéqueo ânguloa se tomeagudoe a resultanteR fiqueperpendicularà superficie.Esteé o casodos líquidosque molhama parede.Para substânciascomo o querosenee o vidro,por exemplo,o equilíbrioé alcançadosomentequandoa=26°. Quandoa=0° (casodaáguapuraemvidro),dizemosqueo líquidomolhaperfeitamentea superficiesólida,istoé,um fino filmedelíquidoseespalhasobrea facedo sólidoe a resultantefinalR seráperpendicularàparede,o queindicaquea resultantedas forçasdecoesãodolíquidosetomadesprezívelfaceàgrandeintensidadedaresultantedasforçasde adesãoentreosólidoeo líquido. sólido gás líquido -, F Figura 1.8 Ângulodecontatoa<90°. 30caso:quandoF >2Gj ouF >GY2 Quandoistoacontece,istoé, quandoa coesãodo líquido(F) for maiordo que.,j2vezesa adesão(G) entreo sólidoeo líquido,entãoa resultantefinalR cairánoquadrantePAB (Figura1.9). Conseqüentemente,só haveráequilíbrioquandoa superficiede líquidopróximadeP se tomar convexae, portanto,o ângulode contatoobtuso(a>90°). Esteé o casodos líquidosquenão molhama parede.Para as substânciasmercúrioe vidro,por exemplo,o equilíbrioé alcançado somentequandoa=148°. DinâmicadaAguanoSolo • 21 sólido G líquido F A o Figura 1.9 Angulodecontato(X> 90 . 5.FÓRMULA DE LAPLACE Uma conseqüênciaimportantedo fenômenoda tensãosuperficialé o fato de que se a superficiedeumdetenninadolíquidodeixardeserplana,surgeumanovapressãop quepodeatuar nomesmosentidoqueapressãoP " queéo queocorrenumasuperficieconvexa,ouopostamentea P " comonumasuperficiecôncava.A fónnuladeLaplacemostracomosepodecalcularo valor destanovapressãop que aparecequandoa superficiedo líquidose tomacurva.Vejamossua dedução. Pelo fato de a pressãointemase manifestarcomouma contratilidadenasuperficiedos líquidos,deveserpossívelobter,apartirdestacontratilidade,aquantidadep. Consideremos,então, umapequenaporção(infinitesimal)ou elementoretangularABCD de umasuperficiede líquido convexaseparandoduasfases(X (gás)ef3(líquido)(Figura1.10). Qualquersuperficiecurvapequenapode ser caracterizadapor dois raios principaisde curvatura.No caso,aosarcosAB =DC (quesãoaproximadamenteiguaisà linhamédiaEG) e aos arcosAD =BC (aproximadamenteiguaisà linha médiaHl) correspondemos raios RI e Rz, respectivamente. Lembrandoda definiçãode tensãosuperficial(item2), o restanteda superficie,da quala pequenaporçãoABCD éparte,exerceumatensãoaolongodetodooperímetrodoelementoABCD, tangencialà superficiee perpendicularàs arestasdo elemento.Exemplificando,emcadaum dos arcosopostosAD eBC, decomprimentoinfinitesimaldiz,atuaumaforçaiguala (J dizeemcadaum dosarcosopostosAB eDC, decomprimentoinfinitesimaldi" atuaumaforçaiguala (J di" forças estastangentesàsuperficieenormaisaosarcoscorrespondentes,portanto,quatroforças:duas(J dll e duas(J diz (Figura1.10).Porcausadacurvaturadasuperficie,estasquatroforçastêmumaresultante infinitesimaldF nadireçãodo eixoN, evidentementeperpendicularà superficie,comoveremosa segUir. 22 • TensãoSuperficial ~ (líquido) B a (gás) c crdlj AB=DC=EG=dll AD=BC=HT=dI2 Figura1.1ORaiosdecurvaturadeumaporçãoinfinitesimaldeumasuperficiecurva. Vejamos inicialmentea resultantedF1 das duas forças (J dl2 que atuamnos arcosAD e BC. Pela Figura 1.11, que é um corte da Figura 10 e que mostrano plano o arco de raio RI, é fácil perceberqueestaresultanteé perpendicularà superfíciedo líquido e vale dF1 =2(Jd12 cosr=2(Jd12 seneI . N I crd12 EG=dll EO=OG=dll2 1°1 (8) Figura 1.11Ilustraçãodasforças queatuamsobumainteifacelíquido-gásdevidoà curvaturada inteiface. No entanto,como EG =dI] é uma distânciainfínitesimal,no limite, isto é, 81 tendendopara zero,EJ tendea setomar igual a EO eJOI tendea setomarigual a 001,pelo que DinâmicadaAguanoSolo • 23 ou dl/2 sen81=-I-, RI umavezqueEO =dl/2 e 00, =R, (Figura 1.11). A substituiçãodaequação(9) naequação(8) fornece: dF =adl2dllI RI (9) (10) Seguindoo mesmoraciocínio,evidentemente,a resultantedFz dasduasforçasa d/l, queatuamnos arcosAB eDC, valerá dF =adlldl2(11)2 R 2Como dF =dF;+dF2, (12) resulta,pelasubstituiçãodasequações(10)e (11)naequação(12): dF =a dI dI (~+_1 ).2 I RI R2 (13) Ora, a pressão sob o elementode superficie (convexa)ABCD, causadapela resultantedF é, obviamente,igual à resultantedF divididapelaáread/!dlzdo elemento,umavez que,por definição, pressãoéforçaporunidadedeárea.Conseqüentemente,apressãop devidaà curvaturaé: _ d F _ adl2 dll (11RI +11R2)p---------- d/l dl2 d/l dl2 ou p=a(~+_l).RI R2 (14) A equação(14),comosepodenotar,relacionaa tensãosuperficiale os raiosdecurvaturacom essanovapressãop devidaàcurvaturada interface.É afórmuladeLaplace. A superficieda Figura 1.10,a qual tem ambosos raios de curvaturade um mesmolado, é chamadade supeiflciesinclástica,e a pressãoextracausadapela curvaturada superficieé, como acabamosde demonstrar,dada pela equação(14). Note ainda que, pelo fato de a superficieser convexa,portantocomos dois raiosno lado do líquido, a resultantedF, e conseqüentementep, atua no sentidoda superficieparao interiordo líquido, isto é, a favor dapressãoP'. Com isso,podemos dizer que a pressãointernaque atuasob uma superficieconvexade um líquido é igual a P' +p. Considerandoa mesmasuperficieABCD daFigura 1.10,masqueao invésdeconvexasejacôncava, a deduçãoda equaçãode Laplace leva ao mesmo resultadoparap (equação14), porque esta superficietambémé sinclástica;no entanto,nestecaso,pelo fatodeos dois raiosficaremdo ladodo gás,verifica-sequea resultantedF e,conseqüentemente,p atuano sentidodasuperficieparaforado líquido, isto é, contraa pressãoP " pelo quea pressãointernasobuma superficiecôncavade um líquido seráigual a P' -p. Resumindo,temosas trêssituaçõesesquematizadasna Figura 1.12,ou 24 • TensãoSuperficial seja,a pressãointerna(a) sob uma superficieplana é igual a P', (b) sobuma superficieconvexaé igual a P'+p e (c) sob uma superficiecôncavaé igual a P' -p. Note que, na realidade,p não representaumanovapressãomassimum incrementonapressãointernadeumasuperficieplanaque seencurva. Quando a superficie curva tem seus raios de curvaturaem lados opostos, isto é, um estendendo-separao líquido e o outroparao gás,por raciocíniosemelhante(exercício7), chega-seà fónnula p=a(~__1 ),RI Rz (15) na qualRI <Rz , e portantodFj >dFz e o sentidodaforça dFj é o inversodo sentidoda força dFz. Esta superficieé conhecidapelo nome de supeifícieanticlástica,e nelap pode atuartantocontra comoa favordeP' ou mesmoatésernula,dependendodasmagnitudesdedFI edFz. Paraumasuperficieesférica,RI =Rz =R, e,comoelaé obrigatoriamentesinclástica, Paraumasuperficieplana: P''i' (a) interfuce plana 2a P=R' RI =Rz ~ 00e p =O . P' Lp (b) interfuce convexa 0=- - ].P'-pyP' (c) interfuce côncava (16) Figura 1.12Pressãointernasobumasupeifíciede líquido: (a)plana, (b)convexae (c) côncava. Exemplosllustrativos 1. Qual éo diâmetrodeumabolhadesabãoquandoapressãomanométricano seuinterioré 9 N/mz e atensãosuperficialdasoluçãodesabão0,027N/m? DinâmicadaAgua110 Solo • 25 Solução: O esquemaa seguirà esquerdamostraa bolhadesabãocomaspressõesexternasatuantesem suapelícula.O esquemaà direitaéumapequenaporçãoampliadadapelículaquemostratambémas pressõesinternasquenelaatuam. Pa11ll -~f~~~~p~~~~_ -_.- -----, -P.'--,-~-- -.- .~ -- -', _. p Observeque a superfícieda bolha voltadapara o exterioré convexa,pelo que a pressão internaquenelaatuaé igual àP' +p, enquantoquea superfícievoltadaparao seuinterioré côncava e, conseqüentemente,nelaapressãointernaatuanteéP' -p. Como estaspressõesexternase intemas queatuamnapelículaestãoemequilíbrio,então: Paflll+ p'+ P =P+ P' -p ou P-Paflll=2p. 2a Como PIIl=P-Pafllle p =-: R 4a P,I/= R Substituindoos dadosdo exercício: R =4xO,027 =0,012m. 9 Como o diâmetrodabolhaD =2R, entãoD =0,024111 =24 111111. 2. Um métodocomumde semedira tensãosuperficialdeum líquido consisteemborbulhá-Iocom um gásinerte,por meiodeum pequenotubocilíndrico,logo abaixodesuasuperfície,Proveque, no processodeborbulhamento,a pressãodo gásé máximaquandoo raio dabolhaem formação for igualao raio dopequenotubo.Com basenisso,calculea tensãosuperficialdeum líquidocom densidade1500kg m-3, sabendo-seque o tubo de borbulhamentotem I llliTI de raio, que sua extremidadeabertano interiordo líquido estáa 9 llliTI da superfíciee quea pressãomanométrica deborbulhamentomáximaobtida,sobestascondições,foi de 187N/mz. Solução: O esquema,mostradona figura a seguir,ilustrao procedimentoexperimentalde medidado coeficientedetensãosuperficialapor estemétodo.Nesteesquema,R =raio decurvaturadabolhac r =raio do tubo. 26 • TensãoSuperficial /// P'-p Analisandoqualquerumadassituaçõesdafiguraacima,é fácilverificarque: P +P' - p =Pa1m+P' +pgz ou P - Pa1m=p +pgz. Mas,comoP/lI =P - Pa1mep =2 eJ/R, então: 2eJ P =-+pgz. m R Ora,pelaequaçãoacima,paraquePm sejaum máximo,R deveserum mínimoe issovai acontecerquandoR =r, pois,comopodeservistonaseqüênciamostradanafigura,àmedidaquese aumentaapressãodogás,R sópodediminuiratéovalorlimite(mínimo)quandoelesetomaiguala r,porquequalqueraumentodepressãoapartirdessepontofarácomqueabolhasejaperdida,istoé, elaseexpandiráesedestacarádotubo. Nesteponto,portanto,quepodeservistonoesquemamaisàdireitadafigura, P _ 2eJ ( )m(Max) - +pg I +r ,r sendoI=comprimentodotubodentrodolíquido. ExplicitandoeJ, p (J = m(Max)r 2 pg(Z +r)r 2 SubstituindoosvaloresPm(Max)= 187N/mz, r = 1mm= 10.3m,p = 1500kg m·3, 1=9 mm=9.10.3meg= 9,8m.s'z,resulta (J =187.10-3 2 1500X 9,8(1O-Z )10-3 =2,0.10-2N/m. 2 DinâmicadaAguanoSolo • 27 6.CAPILARIDADESabemosda hidrostáticaque, quando se preenchemvários vasos comunicantescom um detem1inadolíquido,estesempreatingea mesmaalturaemtodosos ramos.Entretanto,paratubosde pequeno diâmetro(= tubos capilares) esta afirmaçãonão é verdadeira,devido aos fenômenos relacionadoscoma tensãosuperficialdo líquido em contatocomumaparedesólida(ver item3), os quaissãomuitomaisacentuadosnostuboscapilares,originandooschamadosj€?nômenoscapilares. Assim, se tomarmosum tubo de vidro em U, no qual um dos ramos é capilar (diâmetro intemo de, por exemplo,0,2mm) e outro não (diâmetrointemo de, por exemplo,20 mm) e o preenchem10scom águaou com mercúrio,obtém-se,depoisdo equilíbrio, contrariandoas leis de hidrostática,o queévistonasfiguras1.13ae 1.13b,respectivamente. (a) (b) vidro -..". água Figura 1.13Ascensãocapilar (a)edepressãocapilar (b). Observa-se,pelaFigura 1.13,quea superficielivre dos líquidosnos tuboscapilaresf0I1113um meniscocôncavoquandoo líquido molha (água)a parededo tuboe convexoquandonão a molha (mercúrio).No primeiro caso,resultaum desnívelh entreas duassuperficieslivres, sendoo nível maisalto no tubocapilar,enquantoqueno segundoo nível no tuboé maisbaixo. Isto é, quandoo líquido molhaa parede,ocorreumaascensãocapilar h e quandoo líquido nãomolhaa parede,uma depressãocapilar h. Estesfenômenosde capilaridadesãoexplicadospelafÓ11nuladeLaplace.Vejamoso casoda ascensãocapilar,que mais nos interessa;se quiséssemosestudara depressãocapilar,o raciocínio , seriao mesmo(exercício8).Para maiorfacilidadedeexplicação,emvez deutilizar o tuboem U da Figura 1.13,imaginemosque o tubo capilarde vidro é colocadoverticalmentedentrode umacuba com água(Figura 1.14).A ascensãocapilaré iniciadapela atraçãodasmoléculasque compõema superfíciedo vidro, fazendocom que a águase curvepara cima num menisco(ver item3). Esta curvaturapara cima faz com que, de acordocom a fónnula de Laplace, a pressãointemasob o menisco(côncavo)se tomemenorquea pressãointemasoba superfícieplana,isto é, o sinaldepé negativo,comojá esclarecemosno itemanterior.Nestascondições,o valor corretodapressãoauma distânciaz abaixoda superfíciecôncavano capilar (pontoA da Figura 1.14a)é, de acordocom a equação(2) e o expostono item4: P(l/m +(p' - p)+ pgz . (17) Ora, como a pressãoà mesmadistânciaz, porém abaixo da superfícieplana (ponto B da figura 14a),vale 28 • TensãoSuperficial Parll/+p' +pgz, Patm-Pargh I p,_~~ItA- h P fP~patm r r_I -A I T ,1- P'.:. ,l''- - - - A (a) I"m í"m lr=:l" (b) Figural.14 Ascensãodaáguanumtubocapilar:(a)formaçãodomeniscocôncavo,(b)ascensão. que é a equação(2) já explicadaanterionnente,e tendoem contaa lei de Pascal da igualdadede transmissãode pressão,não pode haver equilíbrio enquantoa pressãointernamais forte sob a superficie plana na cuba empurre para cima o líquido no tubo capilar até a uma altura h (Figura 1.14b),coma qual,emqualquerpontono mesmoplanohorizontaldentrodacúba,a pressão totalé amesma.Assim, paraospontosA e B (Figura 1.14b), Palll/+p' +pgz =(Palll/- Pargh) +(p' - p) +pgh +pgz ou p =(p - PaJgh donde P17=-----, g(p - pJ (18) sendoPar =densidademédiado ar entreo meniscono capilare a superficiedo líquido na cuba. Observe que a pressãoatmosférica,que atua no meniscona condição natural de equilíbrio da Figura 1.14b, é igual a Palll1 - Pmgh, isto é, menos a quantidadep",gh em relação à pressão atmosféricaPall1l queatuanasuperfíciedo líquidona cuba,devidoà alturadearh a maisqueatuana mesmasuperfície,quandoseatingeo equilíbriodaFigura 1.14b. No casode a superfíciecôncavaser esféricae de raio R (Figura 1.15),resultaquep =2cr/R (equação16),porquantoa expressão(18)setoma: 17= 2cr (p - PaJg R' (19) DinâmicadaAguanoSolo • 29 Por outrolado,daFigura 1.15: rR=--, cosa sendor =raio do capilar.Resulta,então,parah, a expressão: h= 2crcosa (p- pJgr' Figura 1.15Detalhedasuperficiedo líquido no capilar como ângulodecontatoa. (20) Devido ao seubaixo valor em relaçãoa p (no caso, aqui, da água),a densidadedo ar par nonnalmentenão é consideradanas equações(18), (19) e (20); daí, numaprimeiraaproximação, utilizar-seasexpressões e h=L, pg h=~ pgR h =2 crcosa pgr ' (21) (22) (23) respectivamente,parao cálculoda alturadaascensãocapilardo líquido.No caso,entretanto,deque, emvez do ar, tenha-seum outrofluido, um líquido dedensidadepróximaà daágua,por exemplo,a utilizaçãodasequações(21), (22) ou (23)pode levara obtençãodeum valor h muitodiferentedo real. ExemplosIlustrativos 1. Um tubocapilarde vidro deraio 0,1 mm é inseridonumacubacom água.Ocorreumaascensão capilar de 147 mm. Sendo o ângulo de contatoigual a 0° e as densidadesda água e do ar 1000kg m'3e 1,293kg mo3,respectivamente,calculara tensãosuperficialdaágua. 30 • TensãoSuperficial Solução: A partirdaequação(20): (5 = (p - Par )grh . 2.cosa Substituindoosvaloresdoexercício: (1000-1,293)9,8 X 10--4X 147.10-3=0,07194N/m. (5 = 2.cosO' Seos cálculosacimaforemrefeitossemconsiderara densidadedo ar,istoé,utilizandoa equação (23)emvezdaequação(20),verifica-sequeo resultadoobtidoépraticamenteo mesmo,porquea densidadedo ar é muitopequenaemrelaçãoà densidadeda água(aproximadamentemil vezes menor). 2. Consideremosamesmasituaçãodoexemploanterior,mascomsubstituiçãodoarporbenzenode densidade800kgm-3,confonueafiguraabaixo. Nestasituação,a ascensãocapilardomeniscoágua-benzeno é 40 mm,e o ângulode contatovidro-água-benzeno,40°. Qual o valor da tensãosuperficialda água,agoratendo benzenocomomeiocircundante,isto é, qualé o valorda tensãointerfacialentreaáguaeobenzeno? Solução: Este é um exemplotípico em que a densidadedo meio circundanteé relevante.Assim,nestecaso,bastautilizara equação(23)substituindoa densidadedo arpeladensidade do benzeno.A propósito, a equação(23) pode ser generalizadapara h = 2(5cosa , (p - Pm )gr emquePm =densidadedomeiocircundante. Portanto,noexemploemquestão,tem-se,apartirdaequaçãoacima,que: (1000- 800)9,8x10--4x40.10-3 =0,0051N/m. (5= 2cos40' Evidentemente,aexpressão(20)ou(23)podetambémserutilizadaparaoslíquidosquenão molhamo tubo,comoo mercúrioem vidro,paraos quais,ao invésde ascensãoocorreuma depressãocapilar.Nestecaso,a> 90°e cosa<O,edemonstra-sefacilmentequeàsexpressões(20) ou(23)háqueseinserirumsinalnegativo(verexercício8).Deveserlembradoquenaequação(20) ou(23)entraemjogo o raior docapilarnopontoondesefonuao menisco,porquantoconstrições ouexpansõesabaixodestepontonãointeressam(Figura1.16),daío enunciadodalei deJurin: "para DinâmicadaAgua110 Solo • 31 um mesmo líquido, a uma mesma temperatura,a altura de ascensãoou depressãocapilar é inversamenteproporcionalao diâmetrodo tubonaregiãoemquesefonna o menisco". f1 h A B c Figura 1.16Tuboscapilarescomdiferentesvolumesdeágua. É evidenteque,quandose submergeo tuboA (Figura 1.16)na água,o desnívelh se fonna naturalmente,como acabamosde demonstrar.No entanto,nos casosdos hlbosB e C, é necessário, paraa obtençãodo desnívelh, quea águasejaantesforçadaa subirpelaspartesnãocapilaresdestes hlbose,então,ao encontrarsuaporçãocapilar,mantera colunadealturah comono casodo hlboA. 6.1 Tensãoda água Como pudemosobservar,os fenômenosde ascensão(ou depressão)capilar só aparecerão quandohouvera fonnação de menisco(superfícielíquida curva).Nos casosem que a superfície líquidafor plana,nuncairão ocorrertaisfenômenos.Assim, à semelhançado quevimosno casodos níveisdepressãoparaos quaisselecionamosa pressãobarométricacomonível dereferência,por ser a condiçãoreinantesempreexistente,por que não considerarcomo nível de pressão,no casodos fenômenoscapilares,apressãosoba superfícieplanado líquido,por sera superfíciede líquido mais comum?Se assimfízennos,apressãoefetiva(Pe), nestecaso,seriaigual à diferençaentrea pressão imediatamenteabaixoda superfíciecurva(Pc) e a pressãoimediatamenteabaixoda superfícieplana (Pp), istoé, (24) e, comojá demonstramos,nocasoda superfíciecurvaser côncava,Pc =P' - P - e sendoPp =P " entãoPe =-p. Nesta situaçãoem que a pressãoefetivaé negativa(Pc<Pp), introduz-seum novo tenno-r chamadotensão,detalmaneiraque 'r=p, (25) isto é, o líquido sendoa água,defíne-setensãoda água como a pressãoque atuaimediatamente abaixodesuasuperfíciequandocôncavaemrelaçãoàpressãoqueatuaimediatamenteabaixodesua superfíciequandoplana(Pc - Pp), como sinaltrocado:o tennotensãoeliminao sinalnegativo.Note, portanto, que quanto maior for a concavidade da superfície da água, maior será p e, conseqüentemente,maiora tensãodaágua'r. 32 • TensãoSuperficial 7.EXERCÍCIOS 1. Se,aosecolocarumtubocapilardevidroverticalmentedentrodeumavasilhacomdeterminado líquido,fonnar-seummeniscocomângulodecontatode90°,o líquidosubiráoudesceránotubo capilar?Qualseráaformadasuperfíciedolíquidonocapilar? 2. No experimentodeascensãocapilardaFigura1.14,aquealturah águapuraa298K subiránum tubo capilar de vidro de 0,1 mm de diâmetro?Dados: p = 1000 kg/m3; a = O'; a=71,97.10.3N/m. 3. Se o tubocapilarcheiode águado problemaanteriorfor quebrado,de tal modoqueseu comprimentoacimada superfícielivre da águase tomeh/2, a águaesguicharáatravésda extremidadesuperiordocapilar?Porquê? 4. Se,emvezdeágua,utilizássemosmercúrio(a=513.10.3N/m,p=13600kg/m3e a= 140°)no exercícion.2,dequantoseriaadepressãocapilar? 5. Um tubocapilarcom0,88mmdediâmetrointernoémergulhadonumacubacomglicerina.A glicerinasobe23,3mmnotubo.Sendosuadensidadeiguala 1260kg/m3, qualéseucoeficiente detensãosuperficial?Assumaa=0°. 6. Seno exercícion. 2, emvezdeum tubocapilarde0,1mmdediâmetro,imergíssemosduas placasdevidroverticais,distantesentresi deO,llmn, qualseriao valordeh? A fónnulada ascensãocapilarseriaamesma?(nãoconsiderequalquertipodebordadura). 7. Provequeparaasuperfíciecurvadafiguraseguinte,aequação(14),fónnuladeLaplace,setoma p =a(l--..!-J.RI R2 líquido 8. Deduzaa fórmula(20),considerandono processode deduçãoum líquidoquenãomolhea superfíciesólida,istoé,umlíquidoemquea>90°(ouseja,umlíquidoquesofreo fenômenode depressãocapilar). 9. Um recipientequalquertememseufundoumorifíciocircularcapilarde0,04mmdediâmetro. Calculequalaalturamáximadeáguacomqueesserecipientepodeserpreenchidosemquehaja gotejamentoatravésdoorifício. DinâmicadaAguanoSolo • 33 O.Seo experimentoparademonstrara ascensãocapilarfossefeitonaLua,naqualagravidadeé seisvezesmenordoquenaTerra,o resultadoseriao mesmo?E sefossefeitonaprópriaTerra, masnovácuo,qualseriao resultado?Demonstreambososcasos,nãoconsiderando,emambos,o aspectodaevaporaçãodolíquido. li. osmesmosexperimentosdedemonstraçãodaascensãocapilar,o queaconteceria,depoisdea águater estabilizadoa uma alturah, se umapartedela fosse,por um processoqualquer (evaporação,porexemplo),retiradadocapilar?A alturah diminuiria?Explique.E seoprocesso fosseo inverso,istoé, depoisdo equilíbrioaindaexistissecapilaracimado meniscoe fosse possívelcolocarágua(semaprisionarar)nocapilar,aalturah aumentaria?Porquê? II , ESTRUTURA DA AGUA 1. INTRODUÇÃO Em trêspontosparecehaverconcordânciaentreos especialistassobrea estruturadaágua.O primeiro é de que o vapor d'água consistede moléculassimplesdiscretas,isto é, há muito pouca evidênciade que estasmoléculasna forma de vapor se associam,a não ser em casosmuito raros, quandomoléculasquese colidempodem,ocasionalmente,combinar-see fonnar dímeros(Dyke et aI., 1977).O segundoé o da existênciadeuma estruturado gelo comum(a estruturaem láticesdo gelo- I), e, fInalmente,o terceiropontodeconcordânciaé o dea águalíquidapossuirumaestrutura desmoronadado gelo- Icomligaçõesdehidrogêniomantendomoléculasjuntas. Este capítulo tratará,resumidamente,da exposição destes três pontos a respeito desta substânciaque,emboraemgrandeabundânciananatureza,aindanãoé completamenteentendida. 2. ESTRUTURA DO VAPOR D'ÁGUA Uma moléculaisoladade águaé compostadeum átomode oxigênioe dois dehidrogênio.O átomo de hidrogêniopossui um próton positivamentecarregado(em seu núcleo) e um elétron negativamentecarregadomovendo-seao seuredor.O átomode oxigêniotemoito prótons(em seu núcleo) e oito elétronsmovendo-seao seuredor, seisdos quaisna camadaexternada eletrosfera. Paraalcançarum estadodegásnobre,o oxigênioprecisa,portanto,demaisdoiselétrons,enquantoo átomodehidrogêniodeapenasmaisum elétron.Por essemotivo,estesátomostêmafInidadeentresi e na moléculadeágua,conseqüentemente,um átomode oxigêniocompartilhadois elétronsdedois átomosdehidrogênioparaquea camadaexternadaeletrosferado átomodeoxigêniofIquecomoito elétronse a dos átomosde hidrogêniocom dois elétrons.Portanto,na moléculade água,existem duasligaçõescovalentesO-H A partirdadifraçãoderaios-X e outrosestudos,hojesesabequeuma moléculadeáguaindividualtemumafonna de V, na qualo ânguloformadopelaslinhasqueunem os dois núcleosde hidrogênioao do oxigêniofoi estimadoem 104°31',a distânciaentreos núcleos de oxigênioe hidrogênioem 0,096nm e a moléculatodaem um diâmetrode 0,33nm, com o raio variandoentre0,12nme 0,14nm,umavez queelanãoéumaesferaperfeita(Figura2.1). 36· EstruturadaAgua j/ Figura2.1Moléculadevapord'água(Camp,1963). Além disso, há duas regiõescom excessode carga positiva associadasa cada átomo de hidrogênioe outrasduasregiõescom excessode carganegativaassociadascom os dois paresde elétronsnão compartilhadosdo átomode oxigênio,dandoà moléculade águauma distribuiçãode carga líquida que se assemelhaa uma figura geométricade quatro lados. Se conectannosestes prótonsparticularese os pares de elétronsnão compartilhados,obtém-seum tetraedrocom dois vérticespositivose dois negativos(Figura2.2, Davis & De Wiest, 1960).Com estadistribuiçãode cargas,o centroresultanteda cargapositivanão coincidecomo centroresultanteda carganegativa, fazendocomquea moléculadeáguasetomeum dipoloelétrico,possuindo,conseqüentemente,um momentodipolar,o qualtemsidoestimadoem6,14.10,30cm.(Davis& Day, 1961). /' ~ /' ~ / / \ ! /\ \ / HO_/ _\ _OH I I ,/ \' ' / \ /. .'\', / \ /, cD.' ': / "'--../ '2~ \ 0/ '" "- ./ "'- ~e Figura2.2 Arranjo da moléculade água,como núcleodo átomodo oxigêniono centrodo tetraedroeaposiçãomédiadosdoisnúcleosdehidrogênioecadaumdosdoisparesde elétronsnãocompartilhados,nosseusápices(Davis&De Wiest,1960). É por causadestemomentodipolar que uma moléculade águatema capacidadede atrair ,outrasmoléculasde água, ou mesmooutrassubstânciasestranhasquandono estadolíquido ou sólido, DinâmicadaAguanoSolo • 37 3. ESTRUTURA DO GELO COMUM OU GELO-I o gelocomuméchamadode"gelo-I"pelofatodehaveroitooutrasformasdegelo,gelo-lIa gelo-IX,asquaistêminteresseapenasacadêmico,poisnãosefonnamnaturalmente. Quandoduasmoléculasdeáguaseaproximam,elasseunemdevidoàumaatraçãoelétrica entreumvérticepositivodeumtetraedroeumvérticenegativodeumoutrotetraedro.Nestaligação entreduasmoléculasdeágua,umprótondehidrogênioé envolvido;daíestaligação(denatureza elétrica)sechamarligaçãodehidrogênio. Seolhannosparaumamoléculaparticulardeáguanumaestruturadegelocomum,verifica-se queelatemquatromoléculasdeáguavizinhas,resultandoemquatroligaçõesdehidrogênionum alTanjamentotetraedral(Figura2.3,Home,1972). Nota-se,pelaFigura2.3,quenãosetratadeumtetraedrodequatroesferasencostadasumas àsoutras,massimumgrupobemabertodecincoesferas,umadasquaisestánocentrodotetraedro fonnadopelasoutrasquatro. . A energiadestasligaçõesde hidrogêniona estruturado gelo comumfoi estimadaem 18,8kJ/mol. ligaçãocovalente(713,1kJ/mol) ligaçãoH (18,8kJ/mol) Figura2.3Arranjamentotetraedraldequatromoléculasdeáguaao redordeumaquinta,nogelo (Horne,1972). EstudosdesenvolvidosporFrank(1970)têmmostradoqueadistânciaentredoisoxigêniosna estruturadogelo-Ié 0,276nm,e quea distânciaentreosnúcleosdehidrogênioeoxigênio,numa mesmamolécula,é 0,099nm,umpoucomaiordo quenamoléculadevapord'água(0,096nm), resultandoumvalorde0,177nmparaadistânciaentreo núcleodeoxigêniodeumamoléculaeo núcleodehidrogêniodamoléculavizinha. 4. ESTRUTURA DAÁGUA LÍQUIDA No casodaestruturadaáguanoestadolíquido,asituaçãoémaiscomplexaeaindanãobem definida,havendoalgumasespeculaçõesquepassamosadescrever. 38· EstruturadaAgua 1.Setodasasligaçõesdehidrogênionaestruturadogelo-I fossemquebradasno processodefusão,a água líquida deveriater um arranjamentobem compacto,isto é, cadamoléculade água seria rodeadapor muitasmoléculasde água e não apenaspor quatro.Se o raio molecularda água líquidapermaneceem0,14nm (comonamoléculadegeloou do vapord'água),entãoa densidade da água líquida seria computadaa 1840 kg.m-3,o que sabemosnão ser verdade.Assim, esta especulaçãonão convence,pelo que então,aparentemente,nem todasas ligaçõesde hidrogênio sãorompidasquandoo geloderrete. 2. Se assuminnosque as ligaçõesde hidrogênionão são quebradasno processode fusão e que a densidadeda águalíquida a 273 K seja 1000kg m-3,entãoo raio moleculardo gelona suafusão teria que aumentarde 0,14 para 0,172nm. Mas os pioneiros no estudoda estruturada água afinnamqueo raio da moléculanaágualíquidaé aproximadamenteo mesmoquena estruturado gelo-I ou no vapord'água.Assim, emvez demudaro raio damoléculadeágua,há quesepensar emoutrasmudanças,comonaestrutura. 3. A 273 K, a água líquida, assim como o gelo, tem quatromoléculasde águavizinhas, mas a distânciaque separaos núcleos de oxigênio é 0,29nm, em vez de 0,276nm. Assim, nesta interpretação,a águalíquida teriauma estruturamuitosimilarà do gelo-I, masnão exatamentea mesma.Por estahipótese,isto é, se a estruturada água líquida fosse idênticaà do gelo, este pequenoaumentona distânciaentreos núcleosde oxigênio (de 0,276para 0,29nm) tomariaa densidadedaáguaaproximadamenteiguala780kg m-3,emvezde 1000kg m-3.Portanto,assumir quea estruturada águalíquida é a mesmado gelo, apenascomum aumentonadistânciaentreos núcleosdeoxigênio,tambémnãosatisfaz. Estespontosde controvérsiaqueaindaestãosendodecifradoscontinuavamaté1933,quando Beruale Fowler publicaramseutrabalhopioneirosobreaestruturadaágua. Antes de apresentarmosos modelos de estruturada água líquida, consideremosalgumas relaçõesde energianas ligaçõesde hidrogênio.A energiamédiadas ligaçõesde hidrogênioé de 18,8kJ/mol, e o calorde fusãodo gelo,334,4kJ/kg x 0,018kg/mol=6 kJ/mol. Assim, pelo fato de o calordefusãosermenordo quea energiada ligaçãodehidrogênio,ao sederretero gelo,é muito provávelqueapenasumafraçãodasligaçõesdehidrogênioserompa.A literaturarelataquesomente 14- 16% das ligações de hidrogênio são quebradasquando o gelo se funde a 273 K. Outros pesquisadoresafirmamque,na realidade,as ligaçõesde hidrogêniosão simplesmentedistorcidas porqueo calor de fusãoé demasiadopequenoem comparaçãoà energiade ligaçãode hidrogênio. Estudossobrea estruturada águaa altastemperaturas(298- 373K) indicamquea porcentagemde ligaçõesdehidrogênioquebradasa 298K variade20 a 50%, e a 373K entre50 e 75%. É por isso queaágualíquidatemumaestruturadesmoronadadaestruturado gelo-I. 4.1 ModelodeBernaleFowler(1933) Estemodeloconsideraqueas ligaçõesde hidrogêniona águalíquida estãocontinuamentese quebrandoe serearranjando.Assim, os autoresdefendema hipótesede quecadamoléculade água temsomenteumpoucomaisquequatromoléculasdeáguavizinhas. Quando a temperaturada águaé aumentadaa partirde 273K, observa-seque entre273 e 276,94K suadensidadeaumentaatéum máximode 1000kg m-3, e a partir daí diminui. Este fato incomumqueocorrecoma água,de aumentoda densidadecom aumentodetemperatura,é porque ao se awnentara temperaturade 273 para 276,94K, mais e mais ligações de hidrogênio são quebradase, assim,ela se tomamais compacta.Mas, para valoresde temperaturamaioresdo que 276,94K, a agitaçãotérmicaé maiordo queo rompimentodasligaçõesdehidrogênioe a densidade diminui.Assim, de acordocomBernal e Fowler, o aumentodadensidadedaáguaquandoseelevaa DinâmicadaAguanoSolo· 39 temperaturade 273 e 276,94K é causadopelo colapsodas ligaçõesde hidrogênioe que,acimade 276,94K, a agitaçãotérmicapredominae adensidadesetomamenor. 4.2 ModelodeFrank& Wen(1957) Os autoresdestemodeloacreditamquea estruturada águalíquida consiste,na realidade,de umamisturade aglomeradosde moléculasde águaligadascomono gelo-I, rodeadospor um fluído de moléculasde águanão ligadasentresi (Figura2.4). Dentro dos aglomerados,as moléculasde água estão mais ou menos rígidas, como na estruturado gelo-I, enquantoque, por fora dos aglomerados,asmoléculasdeáguasãomenosrígidas.Frank e Wen (1957)sereferema estemodelo dinâmico como um modelode aglomeradososcilantes.Essencialmente,eles explicam que estes aglomeradosapareceme desaparecemcontinuamentenumintervalodetempode aproximadamente 10-10segundos.Destamaneira,em nível microscópico,há algunspontosfrios e outrosquentesno volume global da água;o que nós medimosmacroscopicamenteusandoum tennômetroou um telmistoré, na realidade,uma temperaturamédiada águacomoum todo.No entanto,estudomais recentedesenvolvidopor Stillinger (1980) parecerejeitarestemodelo dinâmico, considerandoa águalíquida comouma redetridimensionalde ligaçõesdehidrogênioquemostramumatendência paraageometriatetraedral,mascontendomuitasligaçõestensasou quebradas. aglomerado aglomerado Figura2.4 Representaçãoesquemáticados aglomeradosde moléculasde água ligadase não ligadasnaágualíquida,deacordocomo modelodeFranke Wen(Cavanau,1964). III RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO 1. RETENÇÃO DA ÁGUA PELOS SOLOS Paranossospropósitos,vamosconsideraro solocomosendo,simplesmente,um material natural,sólidoeporoso.A partesólidadestematerialporosoconsisteprincipalmentedepartículas mineraisesubstânciasorgânicasdeváriasfonnasetamanhos,eéchamadadeesqueleto,sólidosou matrizdo solo. A parteporosa,isto é, a partenão ocupadapela matriz,consistede poros interconectadoserecebeo nomedeespaçoporosoouporosdosolo.Soloscontendo,nacamada superficialde°a 0,5m deprofundidade,maisde 85%dematériamineralsãochamadossolos minerais,e aquelescontendomaisde 15%dematériaorgânicanestacamadasãochamadossolos orgânicos.Os porosdo soloabrigam,emseuinterior,quantidadesvariáveisa) deumasolução aquosade várioseletrólitos(Na+,K+,Ca2+,Mg2+,CI-, NO;, SO~-etc)e outroscomponentes, denominadaáguaousoluçãonosoloeb) deumasoluçãogasosa,compostaprincipalmentedeN2, 02'vapord'água,CO2epequenasquantidadesdeoutrosgases,denominadaarnosolo. Imaginemosa situaçãoemqueo espaçoporosoestejatotalmentecheiodeágua,istoé,solo saturado.Quandoaáguaemumsolonestascondiçõesédrenada,ardeveentrarparasubstituí-Iano espaçoporoso,resultandoo solonãosaturado.Portanto,umsolonãosaturado,tambémchamado por algunsde solo agrícola,é aquelecujo espaçoporosoé parcialmentecheiode águae parcialmentecheiodear.Estasaídadeáguadocomplexoespaçoporosodosolofazcomqueocorra a fonnaçãodeinterfacesar-água,resultantesdosprocessosderetençãodaáguapelamah-izdosolo. A Figura3.1mostra,de[onnaesquemática,comoa águaéretidanoarranjoporosodosoloapósa drenagem. Doisprocessosexplicam,basicamente,aretençãodaáguapelossolos. No primeirodeles,a retençãoocorrenos microporos(verdefiniçãona página47) dos agregadosepodeserilustradapelofenômenodacapilaridade,o qualestásempreassociadoauma interfacecurvaar-água,comojá estudamosnocapítuloI. Entretanto,o solonãoéumsimplestubo capilar,massimumacomposiçãoirregulardeporose canaisformadospelosseussólidos.Isto, evidentemente,complicaadescriçãodoestadodaáguanosolo. 42 • Retençãoe Cálculo daAgua no Solo partícula dosolo filmecontínuo deágua mlcroporo interfacecurva ar-água agregado arno solo (macroporo) Figura 3.1 Retençãoda águapor agregadosdosolo apósa drenagem. No seglUldoprocesso,a retençãoocorre nas superfíciesdos sólidos do solo como filmes presosa ela,pelo chamadoprocessodeadsorção.Três sãoosmecanismosprincipaispropostospara explicar esta adsorção da água sobre as superficies sólidas, os quais passamos a explicar, resumidamente,a seguir. 1. A superficie dos minerais de argila é cobertacom átomos de oxigênio e gmpos oxidrilas negativamentecarregadosdevido à subStitlÜçãoisomorfade cátions.Desse modo, cria-se ao redordaspartículasdessesmineraiswn campoelétricocuja intensidadedeorescecom adistância dasuperficiedapartícula.Devido à naturezadipolardasmoléculasdeágua(vercapítulolI), elas seorientamnestecampoelétricoe experimentamumaforçanadireçãodasuperficiedapartícula, a qual decrescegraduahnentecom a distânciadestasuperfície,atésetomarnula lllun pontoem quenãohámaisinfluênciado campo. 2. Os paresdeelétronsnão compartilhadosdo átomodeoxigêniodasmoléculasde águapodemser eletricamenteatraídosacátionstrocáveisquepodemestaradsorvidossobrea superfíciedaargila, ou seja,os cátionsquesãoretidosà superfícienegativamentecarregadade argila(a concentração iônica é crescentena direçãoda superfíciesólida)ocasionamtambéma adsorçãodasmoléculas deágua. 3. Finahllente,asmoléculasde águapodemaindaseratraídasàs superfíciessólidaspelasforçasde London-van der Waals que, como já vimos, são forças de curto alcance que decrescem rapidamentecom a distânciada superfície,de modo queuma camadamuito fina é adsorvida destamaneiraaoredordaspartículasdo solo. É importantereforçarque,tambémno casoda adsorção,essapelícula de águaadsorvidaàs superfíciesdos sólidos do solo possui, como resultadodestasforças de adsorção,wna energia potencialextra,wna vez que,seafastarmosumadetenllinadaporçãodessapelícula auma distância dentrodo raio de açãodestasforças e a abandonannos,ela volta à posiçãooriginal realizandoum 2. CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO Imaginemosuma dada porção de solo não saturadono campo. Imaginemos,ainda, que a formadestaporçãosejaa deumparalelepípedo,comumadesuasfacescoincidindocomasuperfície do solo,comomostraa Figura3.2. Chamandoo volume dessaporção de volumedo solo V =XYZ (Figura3.2), o volume dos sólidosdessaporçãodevolumedossólidosdo solo V" e o volumedo espaçoporosodessaporçãode volumedo espaçoporoso ouporos dosolo Vp, evidentemente (1) Como o espaçoporosoestásemprepreenchidopor águae/ouar, chamandode Vao volumedeágua e de Varo volumedear existentesno espaçoporoso,numdetem1inadomomento,então, (2) z x sólidos + água + ar Figura 3.2 Volumedesolo no campo. Num solo de estruturarígida, Vp=constantee, portanto,quando Va aumenta(ou diminui), Var diminui (ou aumenta)do mesmovalor. Igualmente,chamandoa massados sólidos da porção de massados sólidos do solo llIe. a massade águana porção,num dado instante,de massade água no solo m , e a massade a _2 porção,no mesmoinstante,demassadear nosolo marentãoamassadaporçã~de solo nãosaTh--a'0 ou massadosolo nãosaturadom,no referidoinstante,valerá: 44 • Retençãoe Cálculo daAgua noSolo m=ms +ma+mar. Evidentemente,seo solo estiversaturado,mar=O, e então,pelaequação(3), m=ms +ma· (3) (4) Por outrolado, em comparaçãocom a magnitudede ms +ma,martoma-sedesprezível,pelo quea equação(4)podeserutilizadatambémparasolonãosaturado. DensidadedosSólidos (p) A palavradensidaderefere-seàmassaqueo volumedeum detenninadocorpopossui,isto é, densidadede um corpo é, por definição, o quocienteda massapelo volume dessecorpo. Não confundir com o tenno massa específica,que se refere à densidadede uma substânciapura. Exemplificando,uma esferade ferrooca,comvolumede4.10'5m3e massade 0,01kg, possuiuma densidadeigual a 250kg m,3,ao passoquea massaespecíficado ferro (da substânciapura ferro)é 7800kg m,3. Portanto,a densidadedos sólidos de uma amostrade solo é, por definição,a razão entrea massatotale o volumetotaldossólidosdaamostra,istoé: m p s =--t (kgm'3).s (5) 2500- 2600kg m,3 2700- 3000kg m,3 2500- 2800kg m,3 2200- 2600kg m,3 2650kgm,3. ocálculodePs deumaamostradesolo,por meiodaequação(5),envolve,portanto,a medida de ms e V,. Detalhes do procedimentoe instnunentalpara a determinaçãode ps podem ser encontrados,por exemplo,emBlake eHartge(1986),Embrapa(1986)eKiehl (1979). Um aspectoimpOliantea notaré queparaos solosmineraiscomuns,a densidadedos sólidos deumaamostradesolo é dadapor feldspato 111lCa qualizo mineraisdeargila média Portanto,paraum solo mineralmédio,pode-se,numaprimeiraaproximação,assumirps como sendoigual a 2650kg m,3.Estevalor aumentaquandoo solo contémaltaporcentagemde minerais como dióxido demanganêse dióxido detitânioe diminui quandoseaumentao seuteordematéria orgânica.A densidadedamatériaorgânicavariade 1300a 1500kg m·3. A densidadedossólidosé tambémconhecidapelosnomesdensidadedaspartículasdo solo e densidadereal dosolo. ExemploIlustrativo Na detem1inaçãoda densidadedos sólidos de uma amostrade solo pelo métododo álcool, foramutilizadosum balãovolumétricoe umaburetade 50 x 10,6m,3.Seguindoo procedimentodo método,o valor da massadesólidosobtidafoi de 5,4x 10'3kg e a leiturada buretafoi de48 x 10,6 m3.Qual o valor dadensidadedossólidosdessaamostra? equaçãodedefiniçãodeP", a equação(5), Há necessidade,portanto,damedidadam,l' e do V, do solo.Paraa medidada m,I', a amostracoletadadeve,primeiramente,serdeixadasecarao ar no laboratórioe, a seguir,passadaempeneirade malha2 mm.Estaamostraassimpeneiradaé, tradicionalmente,conhecidapelonomede terrafina secaao ar. Em seguida,umaalíquotadesta terrafinasecaaoar,quevai serutilizadaparadetenninaçãodaPs> é colocadaemestufaa 378K durante24 horasparaa retiradadaáguanelaexistente,e apósestetempopesadaembalançade precisãoadequada;o valordamassaobtidaseráa ms daamostra.Estaamostraassimpeneiradae assimsecaemestufaé,tradicionalmente,conhecidapelonomedeterrafina secaemestufa.Paraa medidado V", utiliza-seum conjuntode umaburetae um balãovolumétricode capacidades exatamenteiguais,isto é, quequandocheiosdevemmedirexatamenteo mesmovolume(Vb), confonnemostraa figuraa seguir.Coloca-se,então,a amostrasecade massams no balão volumétrico,enche-seaburetacomálcooleprocede-seà transferênciadoálcooldaburetaparao balão,conformemostraa figura,atéo completopreenchimentodeste.Tenninadoo enchimentodo balão,comodentrodeletem-sea amostrademassams, evidentementesobraráálcoolnabureta, porqueestatemexatamenteo mesmovolumedo balãoVb. Portanto,a leituraL daburetaneste momentosubtraídadeVh forneceráovalordeV,. Substituindoosdadosdoproblema: m, 5,4xlO-J P" =v:=(50-48)10-6=2700kgm-J +-0 Buretacheia - deálcool +-Vb +-Vb Balãovolumétrico ~ sócomossólidos o Buretaparcialmente .4<- cheiadeálcool ~Vb Balãovolumétricocom ~ ossólidos,cheiode álcool Sólidos DensidadedoSolo(p) Na definiçãoanteriordadensidadedossólidos,o espaçoporosoentreossólidosfoi excluído. Quandoesteespaçoé consideradoe emvezdeseutilizarV" utiliza-seV, o volumedo solo,a 46 • RetençãoeCálculodaÀguanoSolo densidadepassaachamar-sedensidadedosolo,umavezqueamassadonossocorpoporoso,o solo, éigualamseseuvolumeiguala V.Assim, m 3 P =-'-7(kgm'). V (6) Em solosexpansivos,istoé,aquelesemqueV variacomaquantidadedeáguanosporos,o valordadensidadedosoloobtidodeveviracompanhadodovalordoconteúdodeáguanomomento daamostragem. Basicamente,estãoemusomaiscorrentequatrométodosdedetenninaçãodep : métododo anelvolumétrico,métododo torrão,métododa escavaçãoe métododa radiaçãogama.Os três primeiros(tradicionais)encontram-sedescritos,comdetaIbe,emBIakeeHartge(I986)eo quarto (nuclear)emVose(1980).UmaboavisãosobreoassuntopodetambémserencontradaemErbach (1987). Em tennosgerais,a densidadedo solodeamostrasdesolomineralnaturalvariade700 a 2000kgm'3.Sobcondiçõesdeestruturacomparáveis,pode-sedizerquequantomaisargilosoo solo, menorsuadensidade.Algunsvaloresrepresentativossãoapresentadosa seguir,paraamostrasde solodacamadasuperficial. solosarenosos: 1300- 1800kgm-3 solosargilosos: 1000- 1400kgm-3 solosorgânicos: 200- 600kgm'3 A densidadedosoloé tambémconhecidapelonomededensidadeglobal(traduçãodotermo inglêsbulkdensity). Exemplo!lustrativo Coletou-seumaamostradesolocomestruturaindefonnadadeumadadaprofundidade,por meiodeamostrador,numanelvolumétricodediâmetro7,5 . 10,2mealturade7,5 . 10,2m.Apósa coleta,aamostradesolonãosaturadofoi colocadanumaestufaa 378K e,após24horas,verificou-sequeasuamassapennaneceuconstanteeiguala0,458kg.Qualovalordadensidadedosolo? Solução: Estaé amaneiratradicionalediretadesedeterminara densidadedo soloemsolosnormais livresde cascalhose rochas.O amostradorreferidono enunciadodo problemaé o conhecido amostradordeCoile(1936)comasmodificaçõesfeitasporUhland(1949). Pelosdadosdoproblema,ovolumedaamostravale 2 (2)2V = nd x h = 3,147,5.10- x 75.10-2 4 4 ' ou V =3,31.10-4m3. PorosidadedoSolo (cx) É um índice que quantificaa fração do volume do solo ocupadapelos poros, isto é, em símbolos v V +V V -V ( )a=f= a V ar -~-7 m3 m-3 , (7) sendo,evidentemente,Vp = Va +Var= V- Vs=volumedosporosou volumedo espaçoporoso.Em porcentagem: (8) Uma expressãotambémmuitoutilizadaparao cálculodaporosidadedo solo é a equação(9) a segUIr, (9) a qualpodeserfacilmentededuzidaapartirdasequações(5), (6) e (8). Como se pode notar por esta expressão(9), a porosidade do solo está inversamente relacionadacom a densidadedo solo, isto é, quantomaior essadensidade,menor a porosidade. Alguns valores representativosde p e a para as classesde texturaargila, franco e areia são apresentadosa seguir. classetextural argila franco arem p (kgm"3) 1000- 1250 1250- 1400 1400- 1800 a(%) 61,5- 52,8 52,8- 47,2 47,2- 32,1 Em Física do Solo, define-setamanhodeporo como o diâmetroda maior esferainscritano interiordo espaçoocupadopelo poro.É por essemotivo queos porosdo solo sãoclassificadosem tennosdediâmetrodeporo.Assim, KoorevaaretaI. (1983)classificam,empiricamente,osporosdo solo emtrêsgrupos: macroporos: poros comdiâmetromaiorque 100).lm.Suaprincipal funçãoé de aeraçãodamatriz do solo e conduçãoda águaduranteo processode infiltração.Afetam, portanto,a aeraçãoe a drenagem. mesoporos: poros com diâmetroentre30 e 100).lm.Suaprincipal funçãoé a conduçãoda água duranteo processo de redistribuição,quando após a infiltração se esvaziam os macroporos. microporos: poros com diâmetromenor que 30 ).lm.São tambémchamadosporos capilarese atuam na armazenagemda água. Nestes poros, a água se move, mas muito vagarosamente. Muitos detalhesmostrandoa importânciadaporosidadedo solo no crescimentovegetal,suas relaçõescom a estrutura,aeraçãoe manejo do solo, seus métodosde avaliaçãoetc. podem ser encontradosemBaveret aI. (1972)eTaylor eAshcroft (1972). (10) 48 • RetençãoeCálculodaAguanoSolo Razãodevazio(e) É um índice que,à semelhançada porosidade,tambémquantificao espaçoporoso do solo, sendodefinidocomoa razãoentreo volumedosporos Vp e o volumedossólidos V;.daamostra: V e=-p. Vs Verifica-sefacilmenteapartirdasequações(7) e (10)que ea=-- l+e e ae=--.l-a PorosidadedeAeração(aj Esteéum índicequerevelaquantodo volumedaamostraéocupadopor ar,ou seja: aa = VaI" -7 (m3m-3). V Em porcentagem: aa(%)=(; )00. (11) (12) (13) (14) A porosidadede aeração,tambémchamadaporosidadelivredeágua,é muitoutilizadaem estudosde drenagemde solos. Nestes estudos,é denominadade porosidadedrenávele definida como o volume de água que é drenado livrementepor unidade de volume do solo, pelo rebaixamentodo lençol freático(Cruciani, 1980);a porosidadedrenávelé a porosidadede aeração dacamadadesolo recémdrenada. Exemplollustrativo Qual o valor daporosidadee darazãodevaziodeumaamostrade solo paraa qualp =1400 kg m,3e ps =2660kg m'3? Solução: A partirdaequação(9): a% =(1- 1400)100=4737%.2660 ' A partirdaequação(12): 0,4737 =0,9. e=1-0,4737 2.1 Conteúdodeáguanosolo oconteúdodeáguanosoloé o índicemaisbásicoquantificadordaáguanumadadaamostra desoloe, tradicionalmente,temsidoexpressodeduasmaneiras: a) à basedemassa(U) Razão entrea massade águaexistentenumaamostradesolo numdadoinstantee a massade sólidosdaamostra,istoé, (15) ou,emporcentagem: (16) b) à basedevolume(8) Fraçãodo volumede umaamostradeso)oocupadapelaágua,num detenninadoinstante,ou seja, (17) ou sendoquepa representaadensidadedaáguaou soluçãono solo. Em porcentagem,reescrevem-seasequações(17)e (18)como: 8% =(r;;)too, ou 8%=(m-mSJI00.PaV Comparandoasexpressões(7), (13)e (17),verifica-sefacilmenteque (18) (19) (20) (21) isto é, a porosidadedo solo aé a somadaporosidadedeaeraçãoe o conteúdovolumétricode água no solo. Por estaexpressãovê-se claramenteque a) quando8=O, a=aa(numericamente),solo completamenteseco,e b) quando CXa =O,a=8., (numericamente),sendo 8.,=conteúdode águade saturação. De acordocomGardner(1986),quandosediz, por exemplo,queo conteúdodeáguano solo é 25%, semsereferirà basede massa,ou de volume,assume-seque sejaà basede massaporque, 50 • RetençãoeCálculodaAguanoSolo nonnalmente,a detenninaçãoenvolveinicialmenteo valor à basede massa,o qualé, então, posteriormenteconvertidoàbasedevolume,comoexplicadoaseguir. Sedividinnosaequação(17)pelaequação(15),verificamosfacilmenteque 9~(:}~P,U, (22) emquearazãop/ Pa é tradicionalmentechamadade"densidadeaparente"dosolo.Consideramos, porém,queo nomedensidaderelativadosolo(Pr) sejaumtennomaisadequado.Portanto,parase obtero valor do conteúdode águavolumétrico(8) a partirdo valor do conteúdode água gravimétrico(U) deumaamostra,bastamultiplicaro valordesteúltimopelovalordadensidade relativadaamostra. Expressandoosvaloresdadensidadeemg cm,Jeconsiderando,paranossospropósitos,que p,,=1gcm'J,pelaequação(22)8=pU (numericamente),ouseja,emtennospráticos,paraseobter eapartirdeUbastaapenasmultiplicarovalordeUpelovalordep, expressoemg cm'3. Um trabalhocompleto,mostrandoos diversosmétodosdemedidadaáguano solo,suas vantagense desvantagens,é o de Gardner (1986), cuja leitura recomendamosàqueles interessadosno detalhamentodesteassunto.Recomendamos,igualmente,o trabalhodeErbach (1987)quetambémfazumaboarevisãosobreo tema.De qualquermodo,dosdiversosmétodos existentes,podemosdizerquetrêsse revestemde importânciaatéa presentedata:o método gravimétrico,o métododamoderaçãodenêutronse o métododaatenuaçãoderaiosgama.No métodogravimétrico,queé o maisbásico,remove-sea amostradocampoedeterminam-sems e ma. Para se obtero conteúdode águaà basede volumepor estemétodo,é necessário, evidentemente,conheceradensidaderelativadaamostra.O métododamoderaçãodenêutronsé decampoesuagrandevantagememrelaçãoaogravimétricoéo fatodenãoserdestrutivoemedir diretamenteo conteúdodeáguaàbasedevolume.Entretanto,o equipamentodemedidaécaro, possuiparteseletrônicasdelicadas,àsvezesdedifícil manutenção,necessitadeum manuseio mais cuidadoso,devidoà fontede nêutrons,e cadaunidadetemque ser convenientemente calibradaparacadacamadadesolo.O princípiodefuncionamentodométodoé,resumidamente, o seguinte:nêutronsrápidos(10keV a20MeV) emitidosdeumafonte(nonnalmenteamerício- berílio)sãotennalizados,istoé,desaceleradosoutomadosnêutronslentos(0,0I a0,3eV) pelos átomosdehidrogênionosolo,detectados(contadorproporcionaldeBFJ, contadorproporcional de 3He,cristalde cintilação)no interiordo solo e registradosnum"scaler"à suasuperfície. POIianto,quantomais átomosde hidrogênio(maiorconteúdode águano solo), maior a contagemdenêutronsnoregistrador.Destemodo,comesteequipamento,apósa elaboraçãode uma curva de calibraçãoda contagemversus o conteúdode água no solo, mede-se instantaneamenteesseconteúdoemqualquerprofundidadenocampo,demaneiranãodestrutiva. Detalhessobrea teoria,a prática,a calibração,a proteçãoradiológicaetc.destesmedidoresde conteúdodeáguapodemservistosemIAEA - TechnicalReportSeries- n. 112(1970)eno livro editadoporGreacen(1981).O métododaatenuaçãodaradiaçãogamaparamedidadoconteúdo deáguanosolobaseia-senaconhecidainteraçãodaradiaçãogamacomamatéria.Assim,seum feixecolimadode raiosgamaé colocadoa atravessarum determinadomaterial,algunsraios passamsemsofrerqualquerinteração,enquantoqueoutrosinterageme sãoespalhados,istoé, desviadosdesuarotaoriginal.Comoestainteraçãose dácomos elétronsorbitaisdosátomo (efeitosComptone fotoelétrico),a quantidadequeseespalhadependedadensidadedeelétrons domaterialque,nocasodosolo,édeterminadapelasuadensidadeeoconteúdodeágua;assim, quantomaior a densidadedo solo e quantomaior o conteúdode águano solo, maior o Dinâmica daAgua noSolo • 51 numa configuração fonte gama-amostra-detectoradequada, em condições de laboratório e tambémde campo.A grandevantagemdestemétodoé tambéma não destruiçãoda amostrae a possibilidadede medir o conteúdode águano solo, bem como a densidadedo solo ao longo de m dado comprimento,a distânciastãopequenascomo 0,01m. Maiores infonnações sobreesta metodologiapodem ser encontradasem Davidson etai. (1963), Vose (1980) e Ferraz (1983), entreoutros. 2.2 Saturaçãorelativa,conteúdodeáguaefetivoesaturaçãorelativaefetiva. Tomandocomobaseo volumedosporosdeumaamostradesolo, o índicequemedea fração cheiadeáguadestevolumerecebeo nomedesaturaçãorelativaSI': Em porcentagem: 81'(%)=( Va J100.V-Vs (23) (24) (25) (26) Observeque,tendoemvistaasdefinições(17)e (7) e lembrandoque,numericamente,a=8., =conteúdodeáguadesaturação,asequações(23)e (24)setomam,respectivamente, SI' =!!..--7 (m3m'3)ou Sr =.!!- -7 (numericamente) a ~ . e S,(%)~(:, }oo A vantagemdeutilizar esteíndiceé quesuaamplitudedevariaçãoé deOa 100%,istoé, solo saturado:SI' =100%;solo completamenteseco:SI' =0%. A saturaçãorelativaé tambémconhecidapelonomedegrau desaturação. O conteúdode águanuma amostrade solo muito seca (por exemplo,o conteúdode água numaamostrasecaao ar) é denominadodeconteúdodeáguaresidual er.Com basenisso,define-se o conteúdodeágua efetivo(ee)comosendoa diferençaentreum dadoconteúdodeáguamedidoe o conteúdodeáguaresidual,istoé, (27) (29) Conseqüentemente,a saturaçãorelativa efetiva(Se)é definidacomo a razão entreo conteúdode águaefetivo(e- er)e o conteúdodeáguadesaturaçãoefetivo(es - er),ou seja, S =e-er (28) e e -e 's r ou, emporcentagem, 8e % =( 8- 81' J 100.8s -81' Observequeo ÍndiceSe,tambémchamadodegrau desaturaçãoefetivaou simplesmentesaturação efetiva,tambémvariadeOa 1ou de0% a 100%comoo Sr'Note no entantoque,quandoSevariade O aI, o conteúdodeáguavariade er a esenãode O a es' 52 • Retençãoe Cálculo daAgua no Solo Exemplosllustrativos 1. Coletou-seuma amostrade solo com um anelvolumétricode 2.10-4m3a uma profundidadede 0,1m. Obteve-se:m =0,332kg e ms =0,281kg. Após a coleta,fez-seum testede compactação do solo, passandosobreeleum rolo compressor.Nova amostracoletadacom o mesmoanele à mesmaprofundidadeapresentoum =0,359kg e ms =0,304kg. Sabendo-sequea densidadedos sólidos é 2700kg m3, detennine,antese depoisda compactaçãop, U e e. Ao fazeros cálculos, vocêvai verificarque U é a mesmaparaos dois casos,masque eaumentacoma compactação. Por quê?E comrelaçãoàporosidade,o queaconteceu? Solução: A partirdasequações(6), (15)e(18), istoé, ms U m- ms Ll m- msp=-, =--- e 0=--- V ms pX respectivamente,tem-se: Antesda compactação = 0,281 =1405k m·J p 00002 g, U=0,332-0,281=0181k k,l 0281 ' g g, e= 0,332-0,281 1000xO,0002=0,255mJ m'J Depoisda compactação = 0,304 =1520k m'J p 00002 g, U =0,359-0,304 =0,181k k ,I 0304 g g, e= 0,359-0,304 =0,275mJ m'J. 1000xO,0002 Ao secoletaro mesmovolumedesolo obtém-se,no casodo solo compactado,umaquantiamaiorde sólidos.Como não seeliminaáguado sistemanesteprocessodecompactação,obtém-se,na coleta, tambémumaquantiaproporcionalmentemaiordeáguano solo compactado;daí U serigual antese depoisdacompactação.Porém,como V é o mesmoe mamaiorno solo compactado,entãoeé maior depoisdacompactação. Com relaçãoàporosidade,tem-se,apartirdasequações(6) e (9),que a=(l- ms )100.PsV Com relaçãoà porosidadedeaeração,tem-se,apartirdaequação(21)que aa=a-e. Portanto: Antesda compactação a=(I - 0,281 ) 100=48%27000x 0,0002 aa =48,0- 25,5=22,5% Depoisda compactação a =(1- 0,304 )100 =43,7%2700x 0,0002 aa = 43,7- 27,5=16,2% S = 8-8,. e 8s -8,. Dinâmicada/Ígua noSolo • S3 Como ms émaiorno solo compactadoe Vo mesmonosdoiscasos,é claro,pelaequaçãoacima,que atemquesermenorno solo compactado.Ou seja,logo depoisquesecompactaum solo, aumenta- se seuconteúdode águavolumétricomasdiminui-sesuaporosidadee suaaeração,a aeraçãocom muitomais intensidade.No presenteexemplo,a compactaçãodiminuiu a porosidadeem ==9% e a porosidadedeaeraçãoem28%. 2. Coletou-seuma amostrade solo não saturadocom estruturaindeformadanumanelvolumétrico de 5 x 10-2m de diâmetropor 5 x 10-2m de altura.Logo em seguidaa amostrafoi pesadae o valor da sua massafoi de 0,148 kg. A seguir a amostrafoi desestruturadae deixadasecarà sombrapor algunsdias.Pesadanovamente,forneceuo valor de 0,122kg. Depois, foi levadaa uma estufaa 378K por um período de 24 horas, após o que permaneceucom uma massa constantede 0,120 kg. Qual o valor da saturaçãorelativa,do conteúdode água efetivo e da saturaçãorelativaefetivadestaamostra,sabendo-sequeo valor da densidadedos seussólidos é de2650kg m-3ea densidadedaágua1000kg m-3? Solução: A partirdasequações(25), (27)e(28),tem-seque 8 S,.=-, 8e =8-8,. ea Há necessidade,portanto,deparacalcularestesÍndicesconhecer8,a(ou 8.,)e ~.. A partirdaequação(18): 0,148- 0,120 1000x 3,14x(5.1O-2)2x5.1O-2 4 e A partirdasequações(5) e (9): a=l-....5:....=l- 0,120 5 -0,538m3m-3. Ps V 2650x 9,8.10- Portanto: S = 0,286=°531ou53 1% r 0,538' , 8e =0,286- 0,02= 0,266m3m-3 Se = 0,286- 0,02 =0,513ou 51,3%. 0,538-0,02 2.3 Armazenagemdeágua Parabementendermoso conceitodeannazenagemdeágua,imaginemosquepossamosretirar todaa águaexistenteno volumedesolo V =XYZ (Figura3.2)e colocá-Iasobresuafacecoincidente coma superficiedo solo, conformea Figura 3.3. 54 • Retençãoe Cálculo daAgua no Solo ovolumede águaretirado,Va, será: Va =XY h, sendoh a alturade águaeXY a áreadasuperficiede solo,queé idênticaà áreada superficiedeágua (Figura3.3).Portanto: h = Va X Y (áreadeágua\ -7Vn deágua) ou v [m 3 deágua, Jh = (a ) -7 2 - m de agua, numericamenteXY área desolo m desolo h sólidos + z ar Figura 3.3 Separaçãoda águaexistenteemumvolumedesolo dedimensõesX; Y,z. Lembrandodadefiniçãode e(equação17): e _ Va _ XYh _ h------ V XYZ Z e,portanto: h =ez -7 [m3 deágua Jm2 desolo . (30) ExemploIlustrativo Que alturade água(Pa =1000kg m-3) contémum solo atéa profmldidadede 1,8m, seo valor do conteúdode águaem todo o perfil é de 0,2 kglkg e os valoresda densidadedo solo dascamadas 0- 0,9III e 0,9- 1,8m são 1500kg m-3e 1300kg m-3,respectivamente? Dinâmica daAgua 110 Solo • 55 Solução: Substituindoa equação(22)naequação(30)obtém-se: h=..E-uZ. Pu Portanto,nacamadaO- 0,9m deprofundidade, 1500 ho 09 =--xO,2xO,9 =0,270m=270mm - , 1000 e,nacamada0,9- 1,8m deprofundidade, 1300 ho 9-1 8 =--xO,2xO,9 =0,234m=234mm. .. 1000 Conseqüentemente,nacamadaO- 1,8m tem-se hO_I,8 =hO-O•9 +hO,9-1,8 =0,270+0,234=0,504m =504mm. Assim, esseperfil de solo no momentoem que U =0,2 kg kg'l desdea suasuperficieatéa profundidadede 1,8m contém504mm de águaou 5040m3 ha'!,umavez que 1 111111=10m3 ha,l. Isto é, se fossepossívelretirartodaa águade 1 ha desteperfil desolo (O- 1,8m), no momentoem queU =20%,obteríamosumvolumede~040m3deágua. Para o cálculo da alturade águapor meio da expressão(30), consideramoso conteúdode água no solo 8 constantecom a profundidade;porém,em situaçõesreais, isto normalmentenão acontece.Neste caso, simplesmentedividimos o perfil de solo em incrementosde profundidadee detenninamosO conteúdodeáguaemcadaincremento,detalmaneiraquea alturadeáguaexistente no perfil fica, então,sendodadapelosomatório ou (31) em que8ié o conteúdodeáguaexistentenacamadadesolo "i", .12;a espessurada camadade solo "i" en o númerodecamadasdesolo. Como sepodenotar,o somatóriodaequação(31)representaa áreaaproximada(daí o sinal == naequação)soba curva8em funçãodeZ, conhecidacomopeifil deconteúdodeágua (Figura3.4). 56 • Retençãoe Cálculo daAgua no Solo superfíciedosolo ~I z,,=L~lI~e" Z (m) e(niIni ) Figura
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